Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO /SP PROCESSO Nº 999999999 Marcos Bebiano da Silva EIRELI, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n° 99.888.777.555/0001, com sede à Av. Angélica 1345, Higienópolis, São Paulo, CEP 00123-66, telefone (11) 33221100, endereço eletrônico mbse@gmail.com e Marcos Bebiano,empresário, casado, inscrito no CPF sob o nº 123.456.789-12, residente e domiciliado à Av. Angélica 1345/603, Higienópolis, São Paulo, CEP 00122-66, endereço eletrônico mberi@ hotmail.com, já devidamente qualificados nos autos da AÇÃO MONITÓRIA sob o número em epígrafe, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por meio de seus advogados infra assinados, com endereço profissional à Rua da Justiça, nº 10, Bairro do Direito, Cidade Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, CEP 317440-620, e-mail gomes.macedoadv@g-mail.com, tempestivamente opor EMBARGOS À AÇÃO MONITÓRIA E RECONVENÇÃO em face da ação de movida por TVX Soluções em Informática LTDA,pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 11.222.333/0001, com sede na Rua Afonso Brás 542, CEP 01312-300, telefone (11) 2522-6342 , endereço eletrônico tvxinfo@info.com.br, neste ato representada por seu DOUGLAS SAMPAIO COSTA, administrador, inscrito no RG sob o nº 11.222.333.4 e no CPF sob o nº 321.321.321.32, residente e domiciliado à Rua da Glória 231/20, Liberdade, São Paulo, capital, tel: (11) 999999999, endereço eletrônico dsampa@info.com.br, também já qualificados nos autos. I. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA O embargante se encontra em situação financeira difícil , e portanto não dispõe de condições financeiras para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do sustento próprio e sua família. Nesse sentido, junta sua carteira de identidade, CPF, comprovante de endereço, cópia de vídeos em que demonstra que aos finais de semana a EIRELI funciona em sua residência, declaração de sua hipossuficiência para arcar com os custos do processo. Por tais razões, pleiteia-se desde logo a concessão da Justiça Gratuita assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (CPC), art. 98 e seguintes. II. DOS FATOS O embargado propôs Ação Monitória em face do embargante, aduzindo que este, na qualidade de cliente, em 01 de outubro de 2019, teria assinado contrato de prestação de serviços no valor de R$10.000,00, referentes à venda de 5 (cinco) computadores da marca Acer, no valor de R$2.000,00 (dois mil reais) cada para Marcos Bebiano EIRELI, CNPJ 9.888.777.555/0001. No contrato, consta que os computadores deveriam ser entregues em 15 de outubro do mesmo ano e que o pagamento por eles, deveria ocorrer em 21 de outubro de 2019, data estabelecida no contrato de prestação de serviços, assinado sem testemunhas. Afirma o embargado que teria cumprido com sua obrigação quanto à entrega dos computadores, conforme comprovante juntado na exordial e que, o embargante por sua vez não cumpriu com sua obrigação, que consistia no pagamento integral da mercadoria (microcomputadores), em 21 de outubro de 2019. Afirma ainda a inicial, que a sociedade empresarial Marcos Bebiano da Silva EIRELI estaria em crise financeira e não teria pago seus fornecedores, sendo que todas as mensalidades de condomínio da residência pessoal de Marcos Bebiano, instituidor da EIRELI, teriam sido pagas mediante transferência bancária da conta da EIRELI para a conta do Condomínio Edifício Flor de Liz em São Paulo ,capital. Afirma ainda nos autos que tal informação foi obtida por Douglas Sampaio Costa, representante legal da TVX Soluções em Informática LTDA, que é síndico e vizinho pessoal de Marcos Bebiano. O embargado, em sua peça inaugural alega que estaria ocorrendo “confusão patrimonial” entre a contas da EIRELI e as pessoais de seu instituidor pessoa física, Marcos Bebiano, e propõe ação diretamente contra a pessoa física do embargante, a quem afirma ser detentor de vasto patrimônio pessoal. Por fim, o embargado afirma seu interesse de agir quanto à propositura da referida ação, pois teria buscado o adimplemento junto ao embargante, mas sem êxito, conforme notificação e mensagens juntadas à exordial. III. MÉRITO DO EMBARGO O Embargante impugna todos os fatos articulados na inicial o que se contrapõe com os termos deste Embargo à Ação Monitória, esperando a improcedência da ação proposta, estando o Embargante amparado pelo Direito, como se passa a demonstrar. IV. DO DIREITO 1. DA AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS A ausência de pressupostos processuais de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo, vem previsto no CPC 15 em seu artigo 485, como motivo de extinção do processo sem julgamento do mérito assim previsto. Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: [...] IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; [...] Ou seja, a falta de apresentação de prova de que a sociedade empresarial Marcos Bebiano da Silva EIRELI está em crise financeira e não tem pago seus fornecedores é pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo pois impede a plena formação do convencimento do julgador além de inviabilizar a ampla defesa. Desta forma a extinção sem julgamento do mérito é medida que se impõe conforme destaca a doutrina. “Os requisitos processuais devem ser identificados não apenas à partir do artigo 485 do CPC/2015, mas à luz de outras disposições existentes no código que se referem a requisitos do processo ou de atos processuais, bem como as consequências da ausência de elementos que demonstrem a insolvência ou a dificuldade financeira da sociedade empresarial supracitada. No presente caso concreto , a simples ausência de indicar de forma cabal a condição de inadimplência ou insolvência macula a ampla defesa processual e impede o reconhecimento do direito pleiteado de forma que fica configurada ausência de requisitos mínimos à constituição do direito conforme precedentes : APELAÇÃO CÍVEL NOS AUTOS DA AÇÃO MONITÓRIA. CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA-CORRENTE. DOCUMENTAÇÃO INCOMPLETA. EXTINÇÃO DO PROCESSO POR FALTA DE PRESSUPOSTO PROCESSUAL. Para embasar a ação monitória, deve o credor anexar, além do contrato de abertura de crédito em conta-corrente e da planilha de cálculo, que demonstrem os encargos cobrados, os extratos bancários de evolução da dívida, desde a origem do contrato entabulado, de modo a demonstrar a existência e o efetivo valor do débito pleiteado (Inteligência da Súmula 247 do STJ). A apresentação incompleta da documentação pela Instituição Financeira enseja a extinção do processo, pela ausência de pressuposto de constituição e de desenvolvimento válido e regular, nos termos do artigo 485, inciso IV, do Código de Processo Civil. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA. (TJ-GO – Apelação Cível (CPC): 00092059220128090006, Relator: ORLOFF NEVES ROCHA, Data de Julgamento: 20/09/2019, 1ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ de 20/09/2019) APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO FISCAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO POR FALTA DE PRESSUPOSTO PROCESSUAL. ART. 267, IV DO CPC. INÉRCIA DO AUTOR NÃO CONFIGURADA. INTIMAÇÃO PESSOAL. IMPRESCINDIBILIDADE. ADVERTÊNCIA QUANTO À PENA DE EXTINÇÃO. ART. 167, § 1º DO CPC. ANULAÇÃO DA SENTENÇA. 1.Não resta configurado o elemento subjetivo inerente ao abandono da causa se não constou despacho determinando a intimação pessoal do autor para dar andamento ao feito, com a advertência quanto à pena de extinção prevista no § 1º do art. 267 do CPC. 2. Provimento do recurso para anular a sentença, com retorno dos autos à instância de origem para o regular prosseguimento do feito.RECURSO PROVIDO. (Classe: Apelação,Número do Processo:0792395-64.2014.8.05.0001, Relator (a): Maurício Kertzman Szporer, Segunda Câmara Cível, Publicado em: 21/05/2016 ) (TJ-BA - APL: 07923956420148050001, Relator: Maurício Kertzman Szporer, Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: 21/05/2016) 2. DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA Os limites patrimoniais da personalidade jurídica são previstos em lei e, tem como finalidade promover o empreendedorismo, conforme dispõe o Código Civil artigo 49-A .A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados e instituidores ou administradores. Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação dos riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos para geração de empregos, de tributos, renda e inovação em benefício de todos. Alteração legislativa, que acrescentou o artigo 980-A ao Código Civil de 2002, permitiu a criação de empresas individuais nas quais a responsabilidade do instituidor se limita ao patrimônio afetado àquela pessoa jurídica. Nesse diapasão, a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI), novo instituto jurídico incrustado no ordenamento pátrio pela Lei 12.441, que modificou o Código Civil, acrescentando-lhe o artigo 980-A, teve como escopo limitar a responsabilidade do empresário individual. Desde o seu advento, foi dada a faculdade às pessoas naturais de exercerem a atividade empresarial sem precisar se juntar a um sócio ou arriscar todo seu patrimônio pessoal, fato comprovado pelo Embargante em documento Contrato Social de Constituição de EIRELLI, Marcos Bebiano da Silva EIRELI, acostado à presente peça processual. Em outras palavras, a EIRELI proporcionou ao empresário individual a possibilidade de resguardar seus bens. Para tanto, o Embargante preencheu diversos requisitos, além de optar pela instituição de uma EIRELI, ao invés de uma firma individual. A EIRELI não tem natureza jurídica de sociedade empresária, ao contrário do que muitos ainda defendem, mas trata-se de uma nova categoria de pessoa jurídica de direito privado, que também se destina ao exercício da empresa. Tanto que a Lei n. 12.441/2011 incluiu “as empresas individuais de responsabilidade limitada” no rol de pessoas jurídicas de direito privado do art. 44 do Código Civil (inc. VI). A jurisprudência pátria adota o entendimento de que a EIRELI é uma espécie nova e distinta das demais, do gênero empresa. Salienta-se que, independentemente do grupo em que seja alocada, a EIRELI se sujeitará as regras aplicáveis às sociedades limitadas, caso não haja determinação específica na lei que a instituiu. Destarte, através da EIRELI, a pessoa natural que desejar exercer atividade empresária, desde que atenda aos pressupostos legais, não mais precisará colocar em risco seu patrimônio individual. Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de responsabilidade limitada, não se confundindo em qualquer situação com o patrimônio da pessoa natural que a constitui, conforme descrito em sua declaração anual de bens entregue ao órgão competente. Deveras, antes do nascimento da mencionada norma, o empresário individual, embora gozasse de um CNPJ para exercer sua mercancia, sofria com a insegurança jurídica de ver seu patrimônio na mira de seus credores, haja vista não existir qualquer distinção entre os patrimônios das pessoas física e jurídica. Assim, caso a empresa figurasse como sujeito passivo de uma obrigação, o seu representante também responderia, independentemente de qualquer previsão na legislação. Logo se vê que a EIRELI um grande passo para a evolução da legislação nacional, mormente no que diz respeito ao direito empresarial. É claro que toda evolução traz consigo mudanças. Este caso não difere dos demais, tendo a EIRELI proporcionado às pessoas naturais a possibilidade de exercer atividade empresária sem a necessidade da presença de sócios e sem precisar arriscar o patrimônio pessoal. Por fim, é de se notar que a EIRELI foi um incentivo ao empreendedorismo, pois, ao resguardar o patrimônio pessoal do instituidor, ela deu a ele mais segurança para investir. Em suma , conforme redação do artigo 980-A do referido Código, artigo 980-A (...) § 7° Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de responsabilidade limitada, hipótese em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do titular que a constitui, ressalvados os casos de fraude. Portanto, totalmente descabido o pedido de desconsideração da personalidade jurídica, quando ausentes os requisitos legais para seu deferimento, senão vejamos. O presente não tem amparo legal diante do não atendimento aos requisitos do artigo 50, com a redação dada pela lei n° 13.874/19, do Código Civil, que dispõe o artigo 50. Em caso de abuso de personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir a requerimento da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica § 1°. Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para prática de atos ilícitos de qualquer natureza; § 2° Entende-se por confusão patrimonial, a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por : I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; II - transferência de ativos e de passivos em as efetivas contraprestações , exceto os de valor proporcionalmente insignificantes; III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial; Ocorre que o autor não trouxe nenhuma evidência sobre qualquer um dos requisitos acima mencionados, não podendo se presumir o dolo ou desvio de finalidade. A lei prevê expressamente a existência do DOLO na conduta da empresa para lesar credores, o que não ficou evidenciado em qualquer elemento trazido pelo autor. Ademais, por expressa previsão do Código Civil, a simples existência de grupo econômico ou alteração de finalidade original não amparam o pedido, in verbis : artigo 50 (...) § 4° A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que se trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. Portanto deve ser, de plano, indeferido o pedido, uma vez que não restou demonstrados os requisitos legais acima referidos, bem como a desconsideração da personalidade jurídica, trata-se de exceção admitida somente extremos conforme assevera a doutrina. Afinal não ocorrendo os presentes os requisitos não há que se falar na desconsideração da personalidade jurídica sobre pena de grave afronta à legalidade conforme precedentes sobre o tema. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE. EMPRESA INATIVA. INEXISTÊNCIA DE REQUISITOS. INDEFERIMENTO. MANUTENÇÃO DA DECISÃO. Deve ser negado provimento a recurso contra decisão que indefere pedido de desconsideração de personalidade jurídica porque é medida excepcional, cabível mediante prova de desvio de finalidade ou confusão patrimonial entre os bens da sociedade e os sócios, e não porque está inativa. (TJMG, 11ª Câm. Cív., AI n. 1.0024.99.097725-8/001, rel. Des. Afrânio Vilela, j. 26/11/2008). No mesmo sentido: AGRAVO INTERNO - RECONSIDERAÇÃO DENEGADA - PREQUESTIONAMENTO AUSENTE - INTERPRETAÇÃO DO ART. 139, INCISO IV, DO CPC - INCLUSÃO DE PLANO DO SÓCIO NO POLO PASSIVO - PRESUNÇÃO DE ATOS FRAUDULENTOS - RECURSO NÃO PROVIDO. (TJSP; Agravo Regimental 2250266-17.2016.8.26.0000; Relator (a): Carlos Abrão; Órgão Julgador:14ª Câmara de Direito Privado; Foro de São José do Rio Preto - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 23/02/2017; Data de Registro: 23/02/2017)”; "[...] DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA – Pretensão a responsabilização da sócia minoritária da empresa executada – Inadmissibilidade – Executados que sequer foram citados – Existência de bens em nome da empresa executada passíveis de penhora – Ausência de prova de dolo ou fraude a justificar a medida – Exclusão da sócia do polo passivo da ação, determinada – Revogação do termo de arresto do imóvel da agravante – Recurso provido para tal fim. (TJSP; Agravo de Instrumento 2074645-69.2017.8.26.0000; Relator (a): Heraldo de Oliveira; Órgão Julgador: 13ª Câmara de Direito Privado; Foro de Sorocaba - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 28/06/2017; Data de Registro: 28/06/2017)". Não resta dúvida de que em nosso ordenamento jurídico a regra é a da autonomia patrimonial e, apenas excepcionalmente, tal responsabilidade poderá ser transferida aos sócios. Excepcionalidade que não é o caso destes autos. Dessa forma, os sócios somente podem figurar no polo passivo, com sua responsabilidade estendida, se e quando a lei lhes impuser tal responsabilidade, vez que a pessoa jurídica tem existência distinta da de seus membros. Sendo certo que esses não se confundem com aquela e nem se responsabilizam por atos daquela, salvo em casos excepcionais, em que se tenha verificado prática de ilícito. No caso concreto não se vislumbra qualquer ilicitude praticada pelo defendente quanto à obrigação pleiteada. Considerando que não restou comprovada pelo embargado qualquer ilicitude praticada pela requerida nestes autos, tendo em vista que o próprio Embargado afirma que que não houve fraude pois a EIRELI funcionava aos finais de semana no prédio cujas contas de condomínio são questionadas, não resta outra alternativa senão o indeferimento, de plano, do pedido de despersonalização da defendente, a fim de que como empresa legalmente constituída promova a sua defesa nos presentes autos, por ser medida de direito e de justiça. 3. DA RECONVENÇÃO Conforme disposição expressa do artigo 343 do CPC, pode o embargante em sede de contestação arguir a reconvenção, o que faz pelos fatos e direito a seguir. O direito do embargante, ora reconvinte vem primordialmente amparado na lei n° 10.406, de 10 de Janeiro de 2002, Código Civil, onde é claro e cristalino o notório dano moral, decorrente de ato ilícito puro (artigos 186 e 927), in verbis : [...] Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito; [...] Art. 927. Aquele que, por ato ilícito ( arts. 186 e 1N7 ), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo; [...] Destarte, diante do fato incontroverso da menção realizada nos autos, que são públicos, pelo embargado, Douglas Sampaio Costa, representante legal da TVX Soluções em Informática LTDA com relação à saúde financeira da sociedade comercial de propriedade do reconvinte, em incontestável má fé, sem apresentar qualquer evidência plausível dessa inconveniente situação, como já destacado anteriormente, o reconvinte tem direito à indenização por dano moral, não pelo só sofrimento íntimo e psíquico em ver publicamente a imagem de sua empresa, de onde tira seu sustento e de sua família, ser abalada moral e comercialmente mas também pelos prejuízo financeiros que a falsa e irresponsável afirmativa poderá causar junto a seus colaboradores, fornecedores , clientes e frente à comunidade, como um todo. A questão da prova do dano moral traz polêmicas, entretanto é nítida a tendência, na doutrina e na jurisprudência, de se mitigar o ônus da prova da lesão, admitindo-se que o dano moral decorre da própria conduta ofensiva. Sérgio Cavalieri (2001), sustenta que o dano moral existe in re ipsa: “Neste ponto, a razão se coloca ao lado daqueles que entendem que o dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica a concessão de uma satisfação de ordem pecuniária ao lesado. Em outras palavras, o dano moral existe in re ipsa; deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de uma presunção natural, uma presunção hominis ou facti, que decorre das regras da experiência comum. Assim, por exemplo, provada a perda de um filho, do cônjuge, ou de outro ente querido, não há que se exigir a prova do sofrimento, porque isso decorre do próprio fato de acordo com as regras de experiência comum; provado que a vítima teve o seu nome aviltado, ou sua imagem vilipendiada, nada mais ser-lhe-á exigido provar, por isso que o dano moral está in re ipsa; decorre inexoravelmente da gravidade do próprio fato ofensivo, de sorte que, provado o fato, provado está o dano moral” (CAVALIERE, 2001, p. 80) Conforme precedentes sobre o tema : AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. DUPLICATA SEM CAUSA. PROTESTO INDEVIDO DE DUPLICATA. RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. RISCO DA ATIVIDADE. DANOS MORAIS. I - A jurisprudência desta Corte é no sentido de que, tratando-se de duplicata desprovida de causa, não aceita ou irregular, deverá a instituição financeira responder juntamente com o endossante, por eventuais danos que tenha causado ao sacado. II - O protesto indevido de duplicata enseja indenização por danos morais, sendo dispensável a prova do prejuízo. (REsp 389.879/MG, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo, DJ 02/09/02). Agravo Regimental improvido. (STJ - AgRg no Ag: 1281078 SP 2010/0033246-7, Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data de Julgamento: 25/05/2010, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 21/06/2010) AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. TELEFONIA. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. QUANTUM FIXADO EM R$ 20.000,00 (VINTE MIL REAIS) PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. RAZOABILIDADE. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA NOS MOLDES LEGAIS. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Somente em hipóteses excepcionais, quando estiver evidente que os danos morais foram fixados em montante irrisório ou exorbitante, é possível a esta Corte rever o valor arbitrado pelas instâncias ordinárias com esteio nos deslindes fáticos da controvérsia. In casu, os danos morais, decorrentes da inscrição indevida nos órgãos de proteção ao crédito, foram fixados em R$ 20.000,00 pelo Tribunal de origem; valor que não extrapola os limites da razoabilidade. 2. A interposição do Recurso Especial pela alínea c do permissivo constitucional, exige a comprovação, entre os acórdãos apontados como paradigma e o aresto impugnado, da similitude fática, nos termos do art. 541, parágrafo único do CPC, e do art. 255, § 3o. RISTJ, situação inexistente no caso dos autos. 3. Agravo Regimental da EMBRATEL desprovido (AgRg no AREsp. 432.872/SC, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe 8.4.2014). 12. No tocante ao recurso interposto pela alínea c, além do sugerido dissídio jurisprudencial não ter sido analiticamente demonstrado de acordo com os arts. 255, § 2o. do RISTJ e 541, parág. único do CPC, estando a decisão fundada na prova dos autos, impossível se torna o confronto entre paradigmas e o acórdão recorrido, pois a comprovação do pretendido dissenso reclama consideração sobre a situação fática própria de cada julgamento. Nesse sentido: DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. ALÍNEA C. NÃO DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. REDUÇÃO DO QUANTUM FIXADO A TÍTULO INDENIZATÓRIO POR DANO MORAL. REEXAME FÁTICO- PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. 1. Com relação ao dissídio jurisprudencial, a divergência deve ser comprovada, cabendo a quem recorre demonstrar as circunstâncias que identificam ou assemelham oscasos confrontados, com indicação da similitude fática e jurídica entre eles. (...). 3. Ressalta-se ainda que o óbice da Súmula 7/STJ é aplicável também ao Recurso Especial interposto com fundamento na alínea c do inciso III do artigo 105 da Constituição da República. 4. Agravo Regimental não provido (AgRg no AREsp. 580.692/PR, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe 30.3.2015). 13. Diante do exposto, nega-se provimento ao Agravo em Recurso Especial da TIM CELULAR S.A. 14. Publique-se. Intimações necessárias. Brasília/DF, 23 de fevereiro de 2017. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR (STJ - AREsp: 1034358 SP 2016/0320432-5, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de Publicação: DJ 08/03/2017) Portanto, outro não poderia ser o entendimento se não o necessário provimento do presente contrapedido, seja acolhida a presente reconvenção com total procedência, determinando, o final, que o reconvindo efetue o pagamento da indenização por danos morais oriundos do ilícito cometido contra o reconvinte, a serem fixados por este juízo, sugerindo-se, desde já, o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). V. DAS PROVAS Pugna provar o alegado por meio Contrato Social de Constituição de EIRELLI anexado à esta peça defensiva, pela gravação juntada a esta peça, provando a utilização pela empresa requerida de espaço na residência do embargante para atividades empresárias aos finais de semana, pelo depoimento pessoal das partes, pela apresentação de documentos do embargante, oitiva de testemunhas e demais meios que se fizerem necessários. VI. DOS PEDIDOS a. A concessão dos benefícios da justiça gratuita nos termos da Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e da Lei 13.105/2015 (CPC), art. 98 e seguintes; b. Pedido de extinção do processo sem resolução do mérito com o acolhimento das preliminares arguidas com a imediata extinção do processo sem resolução do mérito nos termos do artigo 354 e 485 do CPC. c. Pedido o acolhimento da presente reconvenção com total procedência, determinando, o final, que o reconvindo efetue o pagamento da indenização por danos morais oriundos do ilícito cometido contra o reconvinte, a serem fixados por este juízo, sugerindo-se, desde já, o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). d. Pedido de acolhimento das contra provas e o acolhimento das contraposições às provas e argumentos trazidos e consequência declaração de improcedência da demanda. e. A total procedência da presente demanda, com condenação do embargado ao pagamento de honorários advocatícios nos parâmetros previstos no artigo 85 § 4° do CPC f. Seja requisitada às Repartições Públicas a emissão da certidão necessária à comprovação da solvência da sociedade empresarial do Embargante pleiteado nos termos do artigo 438 do CPC. g. Requer que as intimações exclusivamente em nome do advogado infra indicado. h. Seja o Embargado condenado em custas processuais e honorários advocatícios, estes últimos no percentual de 20% (vinte por cento) do valor da causa; i. A intimação do Embargado , para querendo, apresentar defesa dentro do prazo legal; j. A condenação do Embargado ao ônus da sucumbência; k. A inversão do ônus de prova (artigo 6º, inciso VIII, CDC), ante a reconhecida vulnerabilidade (artigo 4º, inciso I, CDC) do Embargante; l. A condenação do Embargado em quantia proporcional à sua sucumbência, no percentual de 20% (vinte por cento) do valor (atualizado) do que pretendeu receber; Por fim, manifesta o interesse na audiência de conciliação nos termos do artigo 319, inc. VII do CPC no presente feito, embargos e reconvenção. Do valor da causa à Reconvenção, conforme supramencionado: R$10.000,00 (dez mil reais). Nestes termos, pede e espera deferimento. São Paulo 25 de Fevereiro de 2020. ROL DE DOCUMENTOS: 1. Procuração 2. Declaração de Hipossuficiência 3. CPF 4. Carteira de Identidade 5. Contrato Social de Constituição de EIRELLI 6. Comprovante de Residência 7. Cópias de vídeos ROL DE TESTEMUNHAS 1. MARIA APARECIDA DOS REIS VALENTE, brasileira, solteira, servidora pública, RG. 0002301-PC/MG, CPF 111.555.666-99, residente à Av. Central, 1215, Bairro Liberdade, Belo Horizonte – MG; 2. CARLOS DOS REIS XAVIER, brasileiro, solteiro, eletricista, RG. 0002323- PC/MG, C PF 111.555.666-99, residente à Av. Central, 1300, Bairro Liberdade, Belo Horizonte – MG; 3. JOAQUIM SILVÉRIO DOS REIS, brasileiro, casado, mecânico, RG. 000339955- PC/MG, CPF 111.555.666-99, residente à Av. Central, 1300, Bairro Liberdade, Belo Horizonte – MG; PROCURAÇÃO AD JUDICIA ET EXTRA OUTORGANTE : MARCOS BEBIANO DA SILVA EIRELI, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n° 99.888.777.555/0001, com sede à Av. Angélica 1345, Higienópolis, São Paulo, CEP 00123-66, telefone (11) 33221100, endereço eletrônico mbse@gmail.com e Marcos Bebiano,empresário, casado, inscrito no CPF sob o nº 123.456.789-12, residente e domiciliado à Av. Angélica 1345/603, Higienópolis, São Paulo, CEP 00122-66, endereço eletrônico mberi@ hotmail.com OUTORGADOS : Drs. IRAN DA SILVA GOMES, brasileiro, divorciado, advogado, inscrito na OAB/MG sob o n°1010 e ALVARO MACEDO FILHO, brasileiro, advogado, OAB/MG 2020, com escritório à com escritório profissional sito à Rua da Justiça, nº 10, Bairro do Direito, Cidade Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, CEP 317440-620, e- mail gomes.macedoadv@g-mail.com. Por este instrumento particular de procuração, o OUTORGANTE nomeia e constitui seus bastante procuradores os OUTORGADOS perante as varas cíveis da comarca de Belo Horizonte , quem confere amplos poderes para o foro em geral à defesa de seus direitos e interesses, com as cláusula ad judicia e et extra, em qualquer Esfera, Juízo, Instância ou Tribunal, podendo propor contra quem de direito as ações competentes e defendê-la nas contrárias, seguindo umas e outras, até final decisão, usando os recursos legais e acompanhando-os, conferindo-lhe, ainda, poderes especiais para transigir, firmar compromissos ou acordos, receber e dar quitação, desistir, agindo em conjunto ou separadamente, podendo ainda substabelecer esta em outrem, com ou sem reservas de iguais poderes, dando tudo por bom, firme e valioso, e em especial para propor a CONTESTAÇÃO À MONITÓRIA C/C RECONVENÇÃO em face da ação de movida por TVX Soluções em Informática LTDA, neste ato representada por seu DOUGLAS SAMPAIO COSTA Belo Horizonte , 25 de Fevereiro de 2020 DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA Eu Marcos Bebiano da Silva EIRELI, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n° 99.888.777.555/0001, com sede à Av. Angélica 1345, Higienópolis, São Paulo, CEP 00123-66, telefone (11) 33221100, endereço eletrônico mbse@gmail.com e Marcos Bebiano,empresário, casado, inscrito no CPF sob o nº 123.456.789-12, residente e domiciliado à Av. Angélica 1345/603, Higienópolis, São Paulo, CEP 00122-66, endereço eletrônico mberi@hotmail.com, declaro perante para a finalidade de concessão da JUSTIÇA GRATUITA sob as penalidades da lei, que: I - As declarações e informações prestadas no presente documento são verdadeiras ( Lei n.º 7.115/83 e artigo 99, § 3º, CPC/2015 - Lei n.º 13.105/2015); II - Não disponho de recursos suficientes que me permitam pagar as custas judiciais e os honorários advocatícios, taxas, emolumentos e demais isenções de lei, sem prejuízo de meu sustento próprio e de minha família (artigo 98 do CPC/2015 - Lei n.º 13.105/2015); Por ser expressão da verdade, assino a presente DECLARAÇÃO, para os devidos fins de direito. Belo Horizonte, 25 de fevereiro de 2020 .CONTRATO SOCIAL DE CONSTITUIÇÃO DE EIRELI Marcos Bebiano da Silva EIRELI Pelo presente Instrumento Particular de Contrato Social, os abaixo assinados Marcos Bebiano da Silva, empresário, casado, portador do RG nº 4.795.131-X – SSP-SP, inscrito no CPF sob o nº 123.456.789-12, residente e domiciliado à Av. Angélica 1345, Higienópolis, São Paulo, CEP 00122-66, endereço eletrônico mberi@ hotmail.com, resolve constituir uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, que regerá mediante as seguintes cláusulas: CLAUSULA PRIMEIRA A Empresa Individual de Responsabilidade Ltda girara sob o nome empresarial.: Marcos Bebiano da Silva EIRELI CLAUSULA SEGUNDA O Titular Marcos Bebiano da Silva declara não possuir nenhuma outra empresa na modalidade EIRELI CLAUSULA TERCEIRA O capital social é de R$ 15.100,00(quinze mil e cem reais), totalmente integralizado, neste ato, em moeda corrente nacional pelo titular. Paragrafo Único. A responsabilidade do titular é restrita ao valor do Capital Social. CLAUSULA QUARTA A empresa terá sede na Rua à Av. Angélica 1345/603, Higienópolis, São Paulo, CEP 00123-66, telefone (11) 33221100 CLAUSULA QUINTA A empresa terá como objeto social o compra , venda e manutenção de computadores CLAUSULA SEXTA O inicio das Atividades será a partir de 01/03/2000, considerando seu prazo de duração por tempo indeterminado. CLAUSULA SÉTIMA Ao término da cada exercício, em 31 de dezembro, o administrador prestará contas justificadas de sua administração, procedendo à elaboração do inventário, do balanço patrimonial e do balanço de resultado econômico, cabendo ao empresário, os lucros ou perdas apurados CLAUSULA OITAVA A Administração da empresa caberá a Marcos Bebiano da Silva, com poderes e atribuições de representar a empresa isoladamente, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente, perante todas as repartições e entidades públicas, municipais, estaduais e federais, inclusive autarquias, bancos, instituições financeiras e terceiros em geral, efetuando todos os negócios de interesse da empresa, autorizando o uso do nome empresarial. CLAUSULA NONA O Administrador poderá realizar a retirada Pró-Labore, considerando os interesses da empresa e as limitações da Legislação vigente. CLAUSULA DÉCIMA O Administrador declara, sob as penas da Lei, que não esta impedido de exercer a Administração da empresa, por Lei especial, ou em virtude de condenação criminal, ou por se encontrar sob os efeitos dela, a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos, ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra normas de defesa de concorrência, contra as relações de consumo, fé pública, ou a propriedade (art. 1.011, Lei 10.406 de 10/01/2.002) Local, 01 de Março de 2 000 ]
Compartilhar