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23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 1/31 Professora DIREITO PENAL Visualizar meu perfil completo Arquivo do blog ▼ 2009 (23) ► Outubro (4) ► Setembro (3) ▼ Junho (5) Responsabilidade penal objetiva DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE DE OUTREM CRIMES... LESÃO CORPORAL ► Maio (4) ► Abril (2) ► Março (5) Seguidores Participar deste site Google Friend Connect Membros (71) Mais » Já é um membro? Fazer login TERÇAFEIRA, 9 DE JUNHO DE 2009 LESÃO CORPORAL Art. 129 Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem Por exclusão, o caput apresenta a lesão corporal de natureza simples. Pena detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Ação penal pública condicionada à representação. Aplicase a lei 9.099/95, caso o fato não esteja relacionado a umas das hipóteses de violência doméstica. Lesão corporal de natureza grave § 1º Se resulta: I incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias; II perigo de vida; III debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV aceleração de parto: Pena reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos. Lesão corporal de natureza gravíssima § 2º Se resulta: I incapacidade permanente para o trabalho; II enfermidade incurável; III perda ou inutilização de membro, sentido ou função; IV deformidade permanente; V aborto: Pena reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos. Lesão corporal seguida de morte § 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzilo: Pena reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. Diminuição de pena: Lesão corporal privilegiada § 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Substituição da pena § 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a 2 mais Próximo blog» Criar um blog Login Direito Penal II Blog com material de estudo da disciplina Direito Penal II da Faculdade JK Anhanguera Educacional Mostrando postagens classificadas por relevância para a consulta lesão corporal. Classificar por data Mostrar todas as postagens http://direitopenalanhanguera.blogspot.com/ http://direitopenalanhanguera.blogspot.com/search?q=les%C3%A3o+corporal&max-results=20&by-date=true http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009/06/periclitacao-da-vida-e-da-saude-de.html javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) http://direitopenalanhanguera.blogspot.com/search?q=les%C3%A3o+corporal&max-results=20&by-date=true javascript:void(0) http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009_05_01_archive.html https://www.blogger.com/profile/01596963295598714001 javascript:void(0) http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009_04_01_archive.html javascript:void(0) https://www.blogger.com/profile/01596963295598714001 javascript:void(0) http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009_03_01_archive.html http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/ http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?updated-min=2009-01-01T00:00:00-08:00&updated-max=2010-01-01T00:00:00-08:00&max-results=23 http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009/06/lesao-corporal.html http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009_10_01_archive.html https://www.blogger.com/profile/01596963295598714001 http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009_09_01_archive.html http://direitopenalanhanguera.blogspot.com/ http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009/06/responsabilidade-penal-objetiva.html http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009/06/blog-post.html http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009_06_01_archive.html http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009/06/dos-crimes-contra-liberdade-individual.html http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009/06/lesao-corporal.html 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 2/31 pena de detenção pela de multa: I se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; II se as lesões são recíprocas. Lesão corporal culposa § 6º Se a lesão é culposa: Pena detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano. Aumento de pena § 7º Aumentase a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º § 8º Aplicase à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. Violência Doméstica § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendose o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Pena detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. § 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo, aumentase a pena em 1/3 (um terço). § 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. Conceito O bem jurídico penalmente protegido é a integridade corporal e a saúde da pessoa humana, isto é, a incolumidade do indivíduo. A proteção legal abrange não só a integridade anatômica como também a normalidade fisiológica e psíquica. Esse bem jurídico protegido é de natureza individual, devendo preponderar assim, pelo menos teoricamente, o interesse particular perante o interesse do Estado. Ressalta Antolisie, que a lesão pode ser cometida por mecanismos não violentos, como o caso do agente que ameaça a vítima provocandolhe uma seria perturbação mental, ou transmitelhe, deliberadamente, uma doença através de um contato sexual consentido (Manuale di direitto penale. Parte especiale 1, p 76). Podem ser observadas cinco figuras no art. 129: Lesão dolosa simples (caput do artigo); Lesão dolosa qualificada pelo resultado mais grave (§§ 1º, 2º e 3º); Lesão dolosa privilegiada (É possível nos §§ 1º, 2º e 3º,); Lesão culposa (§ 6º); Lesão culposa e dolosa com aumento de pena (§ 7º); o ultimo parágrafo (§ 8º) referese à especial hipótese de perdão judicial, somente aplicável as lesões culposas; Violência domestica (§ 9º); Aumento de pena (§§ 10º e 11º). Autolesão: Não é punida no direito brasileiro, embora seja considerada ilícita, salvo se estiver vinculada à violação de outro bem ou interesse juridicamente protegido, como ocorre quando o agente, pretendendo obter indenização ou valor de seguro, fere o próprio corpo, mutilandose. Autolesão e estelionato: Nessa hipótese, aplicase o disposto no art. 171, § 2º, inciso V do CP, em virtude de constituir elementar 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 3/31 de uma das figuras do crime, tendo em vista a proteção dos crimes contra o patrimônio no caso da emprese seguradora e não contra a pessoa. Autolesão e crime militar: ocorrendo autolesão para incapacitar fisicamente objetivando inabilidade para o serviço militar, deve responder pelo crime do art. 184 do CPM., punindose o meio fraudulento não a autolesão. Análise do núcleo do tipo: Ofender significa ou fazer mal a alguém ou a alguma coisa. O objeto da conduta é a integridade corporal (inteireza do corpo humano) ou a saúde (normalidade das funções orgânicas, físicas e mentais do ser humano). Objeto Jurídico O primeiro é a pessoa que sofre a lesão; o segundo é o bem jurídico protegido, que á a incolumidade física. É a integridade corporal e a saúde, para a configuração do tipo épreciso que a vítima sofra algum dano ao se corpo, alterandose interna ou externamente, podendo, ainda, abranger qualquer modificação prejudicial a saúde, transfigurandose qualquer função orgânica ou abalos psíquicos comprometedores. Sujeito Ativo Pode ser qualquer pessoa, não requerendo nenhuma condição especial, particular, salvo em algumas figuras qualificadas, pois se trata de criem comum, e o tipo penal não faz qualquer referência relativa ao sujeito ativo. Ex: de sujeito passivo qualificado ou especial: mulher grávida, no caso de aceleração de parto (§ 1º, IV) ou de aborto (§ 2º, V). Sujeito Passivo Nos termos da lei outrem, ou seja, qualquer pessoa humana que não o agente. Referese a lei a homem vivo, a partir do início do parto. Existe o crime ainda quando haja o consentimento da vítima, pos a integridade fisiopsíquica constitui bem indispensável. O Estado pode consentir na lesão de um bem por ele tutelado sempre que não destrua as condições de convívio social. Por essa razão permite os atos de disposição da integridade física “no tratamento médicocirúrgico, nas lutas corporais, de competição esportivas (boxe, a luta livre), na intervenções para tratamento (transfusão de sangue). Nos termos do Código Civil, instituído pela Lei 10.406, de 10.01.2002, proibi expressamente a exposição do próprio corpo em vida, salvo por exigência médica ou para fins de transplante na forma da lei, “quando importar diminuição permanente da integridade física ou contrariar os bons costumes” (art. 13). Tipo Objetivo A conduta típica do crime de lesão corporal consiste em seu núcleo ofender, isto é, lesar, ferir a integridade corporal ou a saúde de outrem. Ofensa à integridade corporal, compreende a alteração, anatômica ou funcional, interna ou externa, do corpo humano, como, por exemplo, equimoses, luxações, mutilações, flavio Realce 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 4/31 fratura etc. Pode ser praticado por qualquer meio (crime de forma livre), sendo delito comissivo e omissivo. O dano a integridade física ou a saúde do ofendido, deve ser, juridicamente, apreciável. Alguns destaques: Dor: a dor física só, sem dano anatômico ou funcional, não constitui lesão corporal; Eritema: não é lesão corporal, pois se trata de mero rubor que pode ser causado até por simples emoção, não comprometendo anatômica, fisiológica ou mentalmente o corpo humano. Equimose: a simples equimose já configura lesão corporal leve. Hematoma: configura lesão corporal. Tipo Subjetivo O elemento subjetivo do crime de lesões corporais é representado pelo dolo que consiste na vontade livre e consciente de ofender a integridade física ou a saúde de outrem. É insuficiente que ação causal seja voluntária, pois no próprio crime culposo, em regra, a ação também é voluntária. É necessário, com efeito, o animus laedendi, que diferencia o delito de lesão corporal da tentativa de homicídio em que existe a vontade de matar animus necandi. Em certas figuras qualificadas há o preterdolo: a ofensa à integridade física é punida a título de dolo, e o resultado qualificador, a título de culpa. Conforme Mirabete citando Magalhães Noronha: “Inexistindo dolo (ou culpa em sentido estrito), não há crime na ação daquele que dá forte abraço no amigo, ignorando que ele tenha uma ferida nas costas e agravandoa”. Abrangência do dolo: o dolo deve abranger o fim proposto, os meios escolhidos e, inclusive os efeitos colaterais necessários. Os elementos volitivos e intelectivos do dolo devem abarcar a ação (conduta), o resultado e o nexo causal, sob pena de o agente incorrer em erro de tipo. Dolo eventual e preterdolo: indiscutivelmente, o dolo pode ser direto ou eventual; particularmente, esta modalidade de infração penal é uma das poucas que admitem a possibilidade da terceira modalidade, qual seja o preterdolo, em determinadas figuras qualificadas: a ofensa à integridade física é punida a título de dolo, e o resultado qualificador, a título de culpa. Consumação e Tentativa. Consumase com a lesão efetiva a integridade ou a saúde de outrem; consumase no exato momento em que produz o dano resultante da conduta ativa ou omissiva, ou seja, quando o delito quando resulta lesão à integridade física ou psíquica da vítima. Em tese, admitese quando o sujeito, embora empregando meio executivo, ou pretendendo causar um ferimento ou dano à saúde, à incolumidade corporal da vítima, não consegue por circunstancias alheias à sua vontade não consegue a consecução de seu fim. flavio Nota vermelhidão / alteração na pigmentação da pele flavio Nota intenção de ferir flavio Nota intenção de matar flavio Realce flavio Nota extravasamento de sangue / rompimento de vasos capilares 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 5/31 A pluralidade de lesões infligidas num único processo de atividade não altera a unidade do crime, que continua único. Como crime material que é, a tentativa é tecnicamente admissível, com exceção das forma culposas e preterdolosa, cuja impossibilidade decorre da natureza de ambas, aliás, dogmaticamente explicadas. Lesão corporal leve O conceito de lesão corporal leve é dado por exclusão, ou seja quando não ocorre nenhum dos resultados previstos nos demais parágrafos do art. 129. Prevendo ao art. 129 nos §§ 1º, 2º e 3º, os crimes de lesões graves, gravíssimas e seguidas de morte, configuram o tipo básico, no caput, as lesões que não causarem qualquer dos resultados mencionados nos citados parágrafos. Nesse caso, a pena é de três meses a um ano de detenção. Tratandose, porém, de lesão corpora leve decorrente de violência domestica, o crime é qualificado nos termos do § 9º, acrescido pela Lei 10.886, de 17.06.2004, e modificado pela Lei 11.340, de 07.08.2006. Lesão corporal e o principio da insignificância É viável não considerar fato típico a lesão ínfima causada à vítima, pois o direito penal não deve ocuparse de banalidades, dependendo, naturalmente, do caso concreto. Assim, exemplificado, pequenas lesões causadas culposamente em acidente de trânsito podem ser consideradas atípicas. A lesão à integridade física ou à saúde deve ser, juridicamente, relevante. É indispensável que o dano á integridade física ou à saúde não seja insignificante. Pequenas contusões que deixam vestígios externos no corpo da vítima, provocando apenas dor momentânea, não possuem dignidade penal, e estão aquém do mínimo legal. Lesão corporal simples (dolosa) Pode ser simples também chamada de lesão leve (caput do art. 129). Tipo subjetivo: Nessa figura é o dolo (vontade livre e consciente de ofender a integridade corporal ou a saúde) Na doutrina tradicional é o dolo genérico. Em certos tipos de figura qualificada há o preterdolo, ou seja, a ofensa é punida a título de dolo e o resultado que a qualifica a titulo de culpa. Tentativa: É tecnicamente admissível, salvo em algumas figuras qualificadas pelo preterdolo dolo no delito antecedente +culpa no delito consequente (ex: § 1º, IV; § 2º, V; § 3º). Concurso de Pessoas: pode haver. Confronto: Se o dolo não é de dano, mas de perigo, a conduta pode tipificar o delito de perigo para a vida de outrem (art. 132 do CP.). Se não ocorrer efetivamente lesão corporal (dano), pode ficar configurada a contravenção de vias de fato (art. 21 da LCP).Configurase, também hipótese de injuria real (art. 140, § 2º do CP). Se não há lesão corporal, mas sofrimento físico ou mental, vide art.1º da Lei 9.455/97, que define crime de tortura. Art. 129 § 1º do Código Penal, DA LESÃO CORPORAL GRAVE. Conceito: Sob a mesma rubrica o, legislador tipificou dois flavio Realce flavio Realce 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 6/31 modelos distintos de lesão corporal: a grave a gravíssima. Enquanto no § 1º encontramse os casos de corporal grave, no § 2º estão os casos de lesão corporal gravíssima. A diferença entre ambas as denominações emerge cristalina a partir da anáise da pena cominada: reclusão de 1 a 5 anos para a hipótese grave e reclusão 2 a 8 anos para a gravíssima. Assim, a lesão corporal grave (ou mesmo a gravíssima) é uma ofensa a integridade física ou a saúde da pessoa humana, considerada muito mais séria e importante do que a lesão simples ou leve. Ontologicamente, inexiste diferença entre quaisquer do tipo de lesão corporal dolosa, embora, para efeito de punição, levese em consideração a espécie de dano causado à vítima. O § 1º relaciona quatro hipóteses que, digamos, qualificam a lesão corporal, pois lhe atribui novos parâmetros, máximo e mínimo, de pena, que são de um a cinco anos de reclusão: Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias: A incapacidade referida neste dispositivo relacionase ao aspecto funcional e puramente econômico. Tratase da efetiva impossibilidade de realização de sua atividade ocupacional, tradicional, regular, de natureza lícita. As ocupações habituais a que se refere o art. 129, § 1º, I do CP não tem o sentido de trabalho diário, mas de ocupação do quotidiano do indivíduo, como, por exemplo, trabalho, laser, recreação etc. Por elas não se devem entender somente as ocupações de natureza lucrativa. Obs: Atividade habitual, menores e crianças: A lei tem em vista a atividade habitual do indivíduo in concreto; é indiferente que não seja economicamente apreciável. Esse destaque é relevante na medida em que crianças, menores ou bebês também podem ser sujeitos dessas espécies de lesões corporais. Necessidade de comprovação pericial. Ocupação habitual pessoas idosas: O mesmo ocorre com as pessoas idosas, que, embora não tenham mais atividade laboral, podem ficar privadas de suas caminhadas, ginástica etc. Essa incapacidade, especialmente para crianças e idosos, pode ser causada por meios físicos, psíquicos ou mentais. Perigo de Vida: Não se trata de mera possibilidade, mas de probabilidade concreta e efetiva de morte, quer como conseqüência da própria lesão, quer como resultado do processo patológico que esta originou. Os peritos devem diagnosticar e não simplesmente fazer prognótico, uma vez que não trata de perigo presumido, mas concreto, efetivo, real. Obs: Necessidade comprovação pericial: O perigo deve ser pericialmente comprovado. O resultado morte deve ser provável e não meramente possível. Não basta a resposta laconicamente afirmativa da existência de perigo de vida; o laudo deve descrever objetivamente e fundamentadamente em que consiste o perigo de vida. Efetividade do perigo de vida: não é suficiente a idoneidade para criar a situação de perigo, mas é necessário que esta realmente se tenha verificado. A simples sede das lesões não justifica a presunção de perigo, que deve ser demonstrada, embora não se possa negar que o 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 7/31 simples fato de a vítima apresenta traumatismo craniano e comoção cerebral seja suficiente para o reconhecimento do perigo de vida. Ausência de dolo de perigo de vida: A probabilidade de morte da vítima não deve ser objeto de dolo do agente, caso contrário deveria responder por tentativa de homicídio e não por lesão corporal grave com risco de vida. Debilidade de membro, sentido ou função: Debilidade é a redução ou enfraquecimento da capacidade funcional da vítima. Permanente, por sua vez, é a debilidade de duração imprevisível, que não desaparece com o correr do tempo. Apesar do sentido etimológico do permanente, temse admitido que não é necessário que seja definitivo. Permanente (não é perpetua): para o reconhecimento da gravidade da lesão por resultado debilidade permanente, não é necessário que seja perpétua e impassível de tratamento reeducativo ou ortopédico. Essa recuperação artificial já é por si só, caracterizadora do estado permanente da debilidade acarretada pela lesão, é mais que suficiente para atestar a gravidade da lesão. Membro, sentido ou função: Membros são partes do corpo que se prendem ao tronco, que podem ser superiores e inferiores: braços, mãos, pernas e pés; sentido é o a faculdade de percepção, de constatação e, por extensão, de comunicação: visão, audição, olfato, paladar e tato; função é atividade especifica de cada órgão do corpo humano (ex.: respiratória, circulatória, digestiva, secretora, locomotora, reprodutora e sensitiva). Aceleração de parto: Aceleração de parto é a antecipação do nascimento do feto, com vida. A terminologia legal “aceleração de parto”, deve ser entendida como antecipação de parto, pois somente se pode acelerar aquilo esta em andamento Obs: Necessidade de nascer vivo: É indispensável que o feto esteja vivo, nasça com vida e continue a viver; caso contrário, se morrer, no útero ou fora dele, configurase aborto, e a lesão corporal será qualificada como gravíssima (§ 2º, V, art. 129 do CP). Consciência da gravidez da vítima: O agente deve ter consciência da gravidez da vítima, sob pena de se considerar responsabilidade objetiva. Consciente da gravidez, a aceleração do parto pode ser produto de culpa, uma vez que esta será no mínimo consciente. O desconhecimento da gravidez determina a desclassificação para lesões leves. Natureza objetiva das qualificadoras: Todas as qualificadoras contidas no § 1º são de natureza objetiva. Significa dizer que, em havendo concurso de pessoas, elas se comunicam desde que, logicamente, tenham sido abrangidas, pelo dolo do participante. Art. 129 § 2º do Código Penal, DA LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA. Conceito: O Código Penal não utiliza o nomen iuris lesão corporal gravíssima, mas a doutrina e a jurisprudência o consagraram, para distinguila da lesão corporal grave, disciplinada no parágrafo primeiro. Nas lesões gravíssimas, a dimensão das conseqüências do crime são consideravelmente mais grave. Os efeitos da lesão em regra, são irreparáveis. Incapacidade permanente para o trabalho: Incapacidade permanente para o trabalho não se confunde com incapacidade para as ocupações habituais, do parágrafo primeiro: naquela, a flavio Realce flavio Realce flavio Realce flavio Realce 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 8/31 incapacidade é temporária para ocupações habituais da vítima; nesta, a incapacidade é permanente e para o trabalho em geral, e não somente para a atividade especifica que a vítima estava exercendo. Obs: Extensão da incapacidade: A incapacidade, nessa espécie de lesões, não é para “as ocupações habituais da vítima’ mas somente para o trabalho, isto é, para o desempenho de uma atividade laboral, profissional, lucrativa (art. 129, § 2º, I), ao contrario do que ocorre com as lesões graves (art. 129, § 1º). Essa impossibilidade pode ser física ou psíquica. Desclassificação da incapacidade: Se ficar incapacitada para determinada atividade especifica, mas puder exerceroutra atividade laboral, não se configura a lesão gravíssima, ainda que a incapacidade especifica seja permanente. Desclassificase a infração penal para lesão corporal grave. Incapacidade irreversível: A incapacidade também não é temporária, mas definitiva. No entanto não se exige que seja perpétua, bastando um prognostico de incapacidade irreversível. A “incapacidade permanente” deve ser de duração incalculada. Com efeito, “permanente”, na linguagem do Código, tem o sentido não “transitório” ou “temporário”, isto é, significa durável e não definitivo. Vítima curada: irrelevância: É irrelevante que a vítima se apresente clinicamente curada: se a incapacidade a despeito disso, restou comprovada, a lesão sofrida é qualificada como gravíssima. Enfermidade incurável: Enfermidade, segundo os especialistas é um processo patológico em curso. Enfermidade Incurável é a doença cuja cura não é conseguida no atual estagio da medicina, pressupondo o processo patológico que afeta a saúde em geral. Debilidade/ enfermidade: Debilidade permanente é o estado consecutivo a uma lesão traumática, que limita duradouramente o uso, a extensão e a energia de uma função, sem comprometer o estado geral do organismo. A enfermidade, ao contrário, deve ser entendida como um estado que duradouramente altera e progressivamente agrava o teor de um organismo. Essa distinção a nosso juízo é a que melhor define as duas hipóteses e encerram a solução mais justa para cada caso concreto. Perda ou inutilização de membro, sentido ou função: A semelhança desse dispositivo, que considera “perda ou inutilização”, com aquele do parágrafo anterior, que disciplina a debilidade permanente de membro sentido ou função, é manifesta, recomendandose redobrada cautela no seu exame. A debilidade permanente (§1º, III, art. 12 do CP) caracteriza lesão grave, e a perda ou inutilização (§ 2º, III, art. 129 do CP), por sua vez, configura lesão gravíssima. Definição de perda: Há perda quando cessa o sentido ou função, ou quando o membro ou o órgão é extraído ou amputado. Perda é a extirpação ou eliminação de órgão (membro, sentido ou função). A perda pode operarse por meio de mutilação ou amputação: a primeira ocorre no momento da ação delituosa, seccionando o órgão; a segunda decorre de intervenção cirúrgica, com a finalidade de minorar as conseqüências. Definição de inutilização: Há inutilização quando cessa ou se interrompe definitivamente a atividade do membro, sentido ou função na inutilização não há exclusão, mas a subsistência, embora inoperante. Inutilização de membro sentido ou função não é a outra coisa que a sua perda funcional; e perda é o perecimento permanece ligado ao corpo mas inoperante em sua atividade. Debilidade e perda ou inutilização: distinção: Nem sempre é flavio Realce flavio Realce flavio Realce flavio Realce 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 9/31 fácil distinguir debilidade permanente e perda ou inutilização. A perda de um olho (debilidade) não se confunde com a perda da visão (perda de sentido). Sobre as definições de membro, sentido ou função vide anotação anterior. Deformidade Permanente: A deformidade para caracterizar esta qualificadora precisa representar lesão estética de certa monta, capaz de produzir desgosto, desconforto a quem vê a vexame ou humilhação ao portador. Não é, por conseguinte, qualquer dano estético ou físico capaz de configurar a qualificadora. Influência do sexo da vítima: Evidentemente que o sexo da vitima também contribui para o grau de exigência da deformidade, pois, inegavelmente, uma cicatriz na face de uma jovem mulher causalhe prejuízo superior, talvez intolerável, ao que sofreria, nas mesmas circunstancias, um jovem varão. Diversidade da sede da lesão: A deformidade não se limita ao rosto da vitima, mas a qualquer outra parte do corpo cujo defeito seja visível, como, por exemplo, lesão óssea em membros inferiores, que obriga a vitima a coxear, ou na coluna vertebral, tornandoa gibosa etc. Dano físicoestético: Deformidade permanente implica a existência de dano estético considerável, decorrente de defeito físico permanente. É necessário que haja comprometimento permanente, definitivo, irrecuperável do aspecto físicoestético. A deformidade não perde o caráter de permanente quando pode ser dissimulada por meios artificiais, como, por exemplo, cirurgia plástica. Necessidade de a decisão judicial optar: A decisão judicial precisa optar, reconhecendo expressamente se houve debilidade (§ 1º, III) ou deformidade permanente (§ 2º, IV). A deformidade que somente pode ser eliminada ou removida mediante cirurgia plástica constitui, comprovadamente, a qualificadora. Extração de órgãos genitais: atipicidade: Não caracteriza a “perda de membro, sentido ou função” a cirurgia que extrai órgãos genitais externos de transexual, com a finalidade de curálo ou de reduzir seu sofrimento físico ou mental. Aliás, essa conduta é atípica. Faltalhe o dolo de ofender a integridade física ou saúde de outrem. Aborto: Tratase de crime preterdoloso, ou seja, há dolo em relação à lesão corporal e culpa em relação ao aborto; este é provocado involuntariamente: o agente não o quer nem assume o risco de provocálo. Para que possa caracterizar as qualificadora da lesão corporal gravíssima não pode ter sido objeto de dolo do agente, pois, nesse caso, terá de responder pelos dois crimes, lesão corporal e aborto, em concurso formal impróprio, ou, ainda, por aborto qualificado, se a lesão em si mesma for grave. Consciência da gravidez e erro de tipo: É necessário que o agente tenha conhecimento da gravidez, sem, contudo, querer o aborto. Se a ação do agente visar o aborto, o crime será o do art.125. O desconhecimento da gravidez, porem, afasta a qualificadora, constituindo erro de tipo. Se alguém agride grávida, querendo apenas lesionála, mas, culposamente, provocalhe um aborto responderá por crime de lesão corporal gravíssima(art. 129, d 2º V do CP). O aborto funciona como causa agravadora do delito de lesões corporais. Mesmo que a morte do feto não seja seguida de expulsão do feto, mesmo assim se caracteriza o aborto. Também flavio Realce flavio Realce flavio Realce flavio Realce flavio Realce 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 10/31 não bastará o consentimento para caracterizar o aborto consumado, exigindo se a produção do resultado, até por ser crime material e de dano que é a efetiva morte do feto. Lesão ou aborto: “animus agendi”: Não se deve confundir as figuras dos arts. 127, 1ª parte, e 129, § 2º, V, pois há uma inversão de situações: na primeira a lesão é querida, e o aborto não; na segunda, o que é o resultado desejado, enquanto a lesão não, nem mesmo eventualmente. Art. 129 § 3º do Código Penal, DA LESÃO SEGUIDA DE MORTE. Conceito: Também é conhecido como homicídio preterdoloso: dolo nas lesões, culpa na morte. Se o resultado morte for imprevisível ou decorrente de caso fortuito, o sujeito responderá somente pelas lesões corporais. Se houver dolo eventual quanto ao resultado mais grave, crime será de homicídio. Elemento subjetivo: Preterdolo: dolo no antecedente e culpa no conseqüente. Se o resultado não foi objeto do querer do agente, mas situandose na esfera da previsibilidade, o crime é preterdolo (art.129, § 3º) e não homicídio. Se a ação não foi orientada pelo ânimo de lesar, mas executada com imprudência,configurase homicídio culposo. Competência : Apesar de evento morte, competência é do juiz singular. Notese que a figura típica não se encontra no capítulo “dos crimes contra a vida”, que são da competência do Tribunal do Júri, mas está localizada no capítulo das lesões corporais. Art. 129, §§ 4º e 5º do Código Penal, FIGURAS PRIVILEGIADAS. As formas privilegiadas são as seguintes: Diminuição de pena (§ 4º) Impelido por motivo de relevante valor social; Impelido por motivo de relevante valor moral; Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima: a intensidade da emoção tem deve ser de tal ordem que o sujeito dominado por ela; a reação tem que ser imediata, e a provocação tem que ser injusta. Se a emoção for menor, apenas influenciado a prática do crime, ou não for logo em seguida, não constituirá a privilegiadora, mas a atenuante do art. 65, III, “c”, ultima parte do CP. Presente qualquer das condições privilegiadoras, que na verdade, são minorantes, a pena pode ser reduzida de um sexto a um terço. Substituição de pena (§ 5º): Presente qualquer das minorantes relacionadas no § 4º, ou Se as lesões forem recíprocas, a pena de detenção poderá ser substituída por multa. LESÃO CORPORAL CULPOSA A lesão corporal será culposa, desde que presentes os requisitos: Comportamento humano voluntário; Descumprimento do dever de cuidado objetivo; Previsibilidade objetiva do resultado; lLsão corporal involuntária. Graduação da culpa: O Código Penal, ao contrario do Código flavio Realce flavio Nota é lesao corporal se o resultado morte por caso fortuito ou imprevisivel se houver dolo eventual sera crime homicidio. se for preterdoloso nao é homicidio se a ação nao foi orientada pelo animo de lesar, mas executada com imprudência é homicidio culposo 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 11/31 Civil, não faz a graduação da culpa. A lesão culposa não recebe, consequentemente, a qualificação de grave e gravíssima, como a lesão dolosa. A graduação da culpa deverá ser objeto da dosimetria da pena. Conseqüência do crime e lesão culposa: Não havendo a tipificação da lesão culposa, em modalidades grave e gravíssima, as conseqüências do crime devem ser valoradas na análise das circunstâncias judiciais do Art. 59 do CP, no momento da dosagem da pena. Não há nenhuma previsão legal que afaste essa possibilidade. Consideração das conseqüências do crime: Apesar de ser crime culposo, o desvalor do resultado é muito maior em uma lesão ou gravíssima do que em uma lesão leve. Não se pode ignorar que tanto uma lesão corporal leve quanto uma lesão corporal com resultados grave ou gravíssimos, na modalidade culposa, sofrerá a mesma tipificação e receberá exatamente a mesma sanção. Conseqüências do crime culposo: Quem, culposamente, provoca lesões leve escoriações em alguém está sujeito às mesmas penas de quem, nas mesmas circunstâncias, deixa a vítima tetraplégica; por isso, é completamente equivocado sustentar que as “conseqüências do crime” são irrelevantes, além da inexistência de amparo legal para esse entendimento. Concurso de Crimes Quando praticada contra vítima de estupro ou atentado violento ao pudor, se a lesão é leve, e é considerada elemento da violência caracterizadora do crime sexual, não será infração autônoma, mas um meio para se chegar à finalidade de estuprar. AUMENTO DE PENA Aumentase a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, §4º. (Redação dada pela Lei 8.069 de 13.07.1990). Lesão Corporal culposa qualificada: ocorre quando o crime resulta da inobservância de regra técnica de profissão, arte ou oficio, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências de seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. “A inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, que importa agravação especial, não se configura com a imperícia, que é uma das modalidades de culpa. Na imperícia, o agente não tem conhecimentos técnicos; na agravante, ao contrário, o agente tem esses conhecimentos técnicos; mas deixa de empregálos, por indiferença ou leviandade” (TACrim, JTACrim, 69/250). “Ao agente do crime culposo incumbe a obrigação legal de prestar assistência à vítima, sob pena de responder pela forma qualificada do delito. Somente se exime desse dever se mostrar causa legal de sua exclusão, como motivo de forçar maior justo temor ante a reação de circunstantes, que põe em risco sua integridade pessoal, ou mesmo a vida” (TACrim, RT 425/342). Isenção de Pena ou Perdão Judicial (§ 8º) Aplicase à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121 (Parágrafo acrescentado pela Lei 6.416, de 24.05.1977, e alterada pela Lei nº 8.069, de 13.07.1990). 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 12/31 Perdão judicial, admitese o perdão judicial nos crimes de lesão culposa (§ 8º), quando o juiz deixa de aplicar a pena por terem as conseqüências do crime atingido o agente de forma tão grave que a sanção penal se torna desnecessária (vide comentários ao art. 120 do CP). “Duramente atingido pelas conseqüências do acidente de transito que provocou, nele falecendo a esposa e o filho, além da cunhada e passageiros de outros veículos, é indubitável que foi atingido de forma tão grave que a sanção penal se torna desnecessária” (TACrim, RT, 550/332). “O perdão judicial não é beneficio para ser concedido indiscriminadamente, em todo caso de criem culposo em que a vítima seja parente próximo do agente. Imprescindível, para essa concessão, a existência de prova, ainda que ligeira, dos requisitos constantes daquele dispositivo legal” (TACrim, JTRACrim, 66/354). Ainda: RT 547/335 e 548/338. Aplicase aqui tudo o que afirmamos sobre o perdão judicial na hipótese de homicídio culposo. VIOLÊNCIA DOMESTICA (§ 9º) Tipo especial criado por força da Lei nº 10.886 de 17.06.2004, que acrescentou o § 9º ao art. 129 do CP, ora modificado por força da Lei 11.340 de 07.08.2006, que visa coibir a lesão praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendose o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. Figura típica qualificada: tratamse, em verdade, de figura típica qualificada do crime de lesão corporal dolosa, em que as relações de parentesco, maritais, de convivência e domestica, de coabitação ou de hospitalidade são fatores determinantes do agravamento da sanção. Juizado especial criminal: por determinação expressa do art. 41 da Lei 11.340/2006, aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099/95. Portanto, nesses casos, descabem os institutos da transação (art. 72 da Lei 9.099/95) e da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95). Prisão em flagrante: em casos de violência domestica não se aplicam as condições da Lei nº 9.099/95, conforme assinalado no item acima; assim, é perfeitamente possível a prisão em flagrante do agressor, nos termos dos arts. 301 e seguintes do CPP. Medidas protetivas de urgência: são previstas nos arts. 18 e seguintes da Lei 11.340/2006, e aplicáveis à mulher que vier a ser vítima de violência domestica e também ao agressor. Cestas Básicas e multa: é vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, segundo dispões o art. 17 da Lei nº 11.340/2006, de penasde cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. Assistência judiciária: em todos os atos processuais, civis e criminais, a mulher em situação de violência domestica e familiar deverá, segundo o disposto no art. 27 da Lei nº 11.340/2006, estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei, sendolhe garantido o acesso aos de Defensoria Pública e assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judiciária, mediante atendimento especifico e humanizado. 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 13/31 Juizados de Violência domiciliar e Familiar contra a Mulher: foram instituídos pela Lei 11.340/2006 (violência contra a mulher). Causa de aumento de pena (§ 10 do art.129): segundo esse dispositivo, a pena das lesões corporais previstas nos §§ 1º a 3º são aumentadas de um terço se praticadas nas circunstâncias indicadas no § 9º, ou seja, contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendose o agente das relações domesticas, de coabitação ou de hospitalidade. Causa de aumento de pena (§ 11 do art.129): segundo esse dispositivo acrescentado pela Lei 11.340/2006, nos casos de violência domestica tendo como vítima pessoa portadora de deficiência (física ou mental), a pena das lesões corporais é aumentada de um terço. Pena e ação penal Na lesão leve a pena é de detenção, de três meses a um ano; na grave, reclusão de um a cinco anos; na gravíssima, reclusão, de dois a oito anos; na seguida de morte, reclusão, de quatro a doze anos. Na forma culposa, a pena será de detenção, de dois meses a um ano. Há ainda a possibilidade de aplicação de minorantes (§§ 4º e 5º) e majorantes (§ 7º). Os crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa, com o advento do art. 88 da Lei 9.099/99, são de ação penal pública condicionada. A lei nova é mais benéfica, uma vez que subordina o exercício da pretensão punitiva do Estado à representação do ofendido. Deve, pois retroagir, pouco importando esteja ou não o processo com a instrução criminal iniciada. Para as demais espécies de lesões corporais, a ação penal continua sendo incondicionada. QUESTÃO ESPECIAL Confronto com outras figuras típicas: Se não ocorrer a efetiva lesão corporal (dano), pode configurar se a contravenção de vias de fato (art. 21 da LCP). PREVISÃO DO ECA A Lei 8.069/90 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ECA) criou uma majorante para o homicídio nas hipóteses dos §§ 4º do art. 121 e 7º do art. 129. As causas de aumento (§ 7º) devem constar, implícita ou explicitamente, da denúncia. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO: O MESMO INSERIDO NO BLOG. Postado por Direito Penal às 05:52 Nenhum comentário: TERÇAFEIRA, 13 DE OUTUBRO DE 2009 RIXA SIMPLES E RIXA QUALIFICADA Art. 137, caput, trata da rixa simples – “participar de rixa, salvo para separar os contendores” – cuja pena é de detenção de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa. A rixa é uma luta envolvendo pelo menos 3 pessoas e que se caracteriza pelo tumulto, pela confusão, de tal forma que não se consegue distinguir a conduta de cada participante. Cada envolvido visa atingir qualquer um dos demais e todos agem ao mesmo tempo, por isso, são todos autores e vítimas do mesmo crime. https://www.blogger.com/profile/01596963295598714001 http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009/10/rixa-simples-e-rixa-qualificada.html http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009/06/lesao-corporal.html http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009/06/lesao-corporal.html#comment-form flavio Realce flavio Realce 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 14/31 É um crime de concurso necessário, de condutas contrapostas. Os crimes de concurso necessário podem ser de condutas paralelas (quadrilha ou bando), convergentes (adultério) ou contrapostas (rixa). Para se computar o número mínimo de 3 contendores, levase em conta a participação dos inimputáveis na luta. Núcleo do tipo: Participar é tomar parte efetiva na troca de agressões. Aquele que toma parte na troca de agressões é chamado de partícipe material ou partícipe da rixa. Partícipe moral é aquele que não pratica a conduta, não toma parte na luta, mas estimula o crime, também chamado de partícipe do crime de rixa. O partícipe moral não entra para o cômputo de número mínimo de 3 rixadores. Consumação: O crime se consuma quando 3 pessoas, ou mais, começam a lutar. A doutrina entende que não há tentativa, trata o delito como instantâneo: ou a briga se inicia e consuma a rixa, ou há indiferente penal. O Prof. Damásio, entretanto, tem uma opinião divergente, entendendo necessária a classificação da rixa: · rixa ex improviso: quando surge de repente e para a qual não haveria possibilidade de tentativa; · rixa ex proposito: há uma combinação de hora e local por parte dos envolvidos, hipótese em que seria possível a tentativa, no caso de a polícia impedir o início da briga. P.: Os lutadores podem alegar legítima defesa? R.: Se a pessoa entrou intencionalmente na rixa, está praticando uma ação ilícita, portanto, não pode alegar a legítima defesa (pois não há agressão injusta). Não é necessário falar em legítima defesa para aquele que entra na luta querendo separar os demais, pois o próprio art. 137 do Código Penal exclui o delito nesse caso. É possível alegar a legítima defesa para crime mais grave que possa ocorrer durante a rixa, mas quanto ao crime de rixa, esse já estará consumado. Exemplo: os rixadores lutam sem arma; no meio da confusão, um deles saca uma faca em legítima defesa e um outro utiliza um revólver para contê lo; esse último não responderá pelo homicídio ou pelas lesões que causar (porque acobertado pela justificante), porém será responsabilizado por rixa qualificada, assim como os demais contendores. Se, durante a rixa, ocorrem lesões leves, essas são absorvidas. A rixa é um crime de perigo e se caracteriza ainda que ninguém sofra lesões. Rixa Qualificada Para os participantes de rixa que resultar em lesão grave ou morte, o parágrafo único fixa pena de detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. A pena é igual, tanto para lesão grave como para morte. A rixa é qualificada para todos, até mesmo para quem não tenha dado causa ao resultado lesão grave ou morte. Basta participar da rixa que resulte em morte ou lesão corporal grave para responder pela forma qualificada. É uma hipótese de responsabilidade objetiva. A própria vítima das lesões graves responde por rixa qualificada. Se for identificado o causador direto da morte ou da lesão, os participantes da rixa respondem por rixa qualificada e o causador da morte ou lesão responde por homicídio ou lesão corporal (dolosa ou culposa) em concurso material 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 15/31 com o crime de rixa qualificada. Ver exposição de motivos do CP para o crime de rixa. A ocorrência de mais de uma morte não altera a característica: tratase de uma única rixa qualificada. Mesmo a pessoa que entra na rixa e dela se afasta antes do resultado agravador, responde por rixa qualificada, pois com seu comportamento anterior estimulou a troca de lesões que acabou levando à morte ou lesão corporal grave. Responde por rixa simples a pessoa que entra na rixaapós a consumação da morte ou da lesão grave. Postado por Direito Penal às 09:20 3 comentários: TERÇAFEIRA, 9 DE JUNHO DE 2009 PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE DE OUTREM CRIMES DE PERIGO Neste capitulo são tratadas condutas que colocam a vida ou a saúde em perigo. Tratase de crimes de perigo. Não há necessidade de um dano efetivo. Basta o perigo. 1. Para que haja crime, precisa se de um fato típico antijurídico. 2. Fato típico é a ação/omissão que leva a um resultado (típico) 3. Este resultado pode ser de dano ou de perigo 4. O perigo pode ser abstrato ou concreto. 5. a ação/ omissão deve ser doloso (ou culposo se a lei assim previr). Perigo Concreto: O perigo necessita ser comprovado pelo Órgão acusador. Ex. dar um tiro na direção de alguém: Expor a vida ou a saúde de uma pessoa a um perigo direto e iminente (devese provar a situação fática); além de ter que se demonstrar que o tiro passou perto da pessoa, ou seja, devese provar o perigo. Perigo abstrato: Número indeterminado de pessoas. São os crimes de perigo coletivo. Perigo Coletivo: Incolumidade Pública – Art. 250º, CP . O perigo é presumido pela lei e independe de prova pelo Órgão acusador, porque o legislador, baseandose em fatos reais, extraiu a conclusão de que determinada conduta leva a perigo. Ex. tráfico de entorpecentes. Perigo individual: Uma só pessoal ou um número determinado de pessoas. Perigo coletivo: incolumidade pública. Art. 130 Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009/06/periclitacao-da-vida-e-da-saude-de.html http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009/10/rixa-simples-e-rixa-qualificada.html http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009/10/rixa-simples-e-rixa-qualificada.html#comment-form https://www.blogger.com/profile/01596963295598714001 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 16/31 Perigo de contágio venéreo: (venéreo= sexual, genital): 1) Basta a exposição ao perigo, não é necessário que haja contágio. 2) A moléstia tem que ser venérea (genital sexual). Apesar disso não é levado muito em serio pela Jurisprudência. Tanto AIDS como sífilis não são moléstias venéreas, pois podem ser transmitidos de diversas formas não sexuais. Mesmo assim, a jurisprudência entende que tanto AIDS, e também HIV, como sífilis, para fins penais, são moléstias venéreas. Evidentemente isso é aplicação de analogia proibida, mas tem sempre a lógica prevalece diante do bom senso. 3) O autor do crime tem que saber que é infectado, ou ao menos deve saber (dolo eventual). Se não sabe, e não tem por que deveria saber, não é crime, por ausência de dolo. 4) O consentimento da vitima é irrelevante no que concerne à tipicidade, por causa da indisponibilidade do bem jurídico tutelado, porém como a ação é publica condicionada, depende da representação. Assim, se a vitima consentiu, possível, embora não garantido, que não represente. Porém, nada impede, que mude de idéia, ou seja, consentiu na relação, se arrepende, e representa. 5) Enquanto AIDS era mortal a doutrina e Jurisprudência entendeu, que a transmissão intencional de AIDS mediante relação sexual era crime de homicídio (tentado, ou consumado, se a vitima morreu). Hoje, não me parece mais adequado esta tipificação, já que AIDS e mais ainda HIV tem cura. Portanto, transmissão de HIV configura este artigo. Pena detenção, de três meses a um ano, ou multa. § 1º Se é intenção do agente transmitir a moléstia: É dolo direto, mas não precisa transmitir a moléstia, basta ter a intenção de fazêlo. Pena reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 2º Somente se procede mediante representação. Art. 131 Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: Perigo de contágio de moléstia grave: Pena reclusão, de um a quatro anos, e multa. A diferença é que neste artigo a moléstia não é venérea, e a intenção deve ser a de transmitir a doença, no caso, a moléstica grave. A forma de transmissão pode ser qualquer uma, inclusive o ato sexual, desde que a moléstia não seja venérea. 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 17/31 Assim, se entendermos, que HIV não é moléstia venérea, a transmissão intencional de HIV pelo ato sexual ainda seria abrangido por este artigo. Porém não tutela este artigo a prática de atos que possibilitam a transmissão, se não há intenção de transmissão da moléstia. Ou seja, se HIV não é considerado moléstia venérea, a simples relação sexual sem proteção, porém praticada sem intenção de transmitir a doença não seria crime. Assim, no caso concreto, se o portador de Tuberculose tosse na face de outra pessoa transmitindo lhe Tuberculose, sem ter à intenção de fazêlo, não responde por este ato. Porém, se sua intenção é a transmissão, o tipo se configura. Art. 132 Expor a vida ou a saúde de outrem (pessoa certa) a perigo direto e iminente: Perigo para a vida ou saúde de outrem: O perigo deve ser concreto, não basta a simples possibilidade. Pena detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Crime subsidiário, se configura outro crime não se aplica o tipo. Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. ( Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) Abandono de incapaz: Art. 133 Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defenderse dos riscos resultantes do abandono: Crime próprio, só pode ser autor, quem tiver obrigação de zelar pelo incapaz. Não abandona, quem vigia escondido. Ou seja, a mulher que coloca seu filho recém nascido em frente da casa de outros, observando escondido, se alguém o pega, não abandonou o filho. Só abandona, se for embora, antes que alguém resgate a criança. Pena detenção, de seis meses a três anos. § 1º Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Pena reclusão, de um a cinco anos. § 2º Se resulta a morte: Pena reclusão, de quatro a doze anos. Aumento de pena http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9777.htm#art132p 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 18/31 § 3º As penas cominadas neste artigo aumentamse de um terço: I se o abandono ocorre em lugar ermo; II se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. III se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) Exposição ou abandono de recémnascido Art. 134 Expor ou abandonar recémnascido, para ocultar desonra própria: Privilegia o crime anterior, pelo motivo. Normalmente se aplica a mãe solteira ou adultera, mas também o pai incestuoso, ou adultero pode se beneficiar da privilegiadora, desde que a intenção é a ocultação da desonra própria. A Jurisprudência entende, que se a mulher não tem honra a proteger, como prostituto, ou mãe solteira, que já é conhecida como mãe solteira, ou adúltera conhecida, não se aplica a privilegiadora. Isso é questionável, já que a honra é subjetiva, e pode ser que uma mulher se orgulhe de serprostituta, prestando um serviço relevante à sociedade, porém se sente desonrada ao ter um filho, fruto de um estupro. Não querendo abortar, resolve abandonar o recém nascido. Embora crime, não se vê motivo para não aplicar a privilegiadora. Pena detenção, de seis meses a dois anos. § 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena detenção, de um a três anos. § 2º Se resulta a morte: Pena detenção, de dois a seis anos. Omissão de socorro: Art. 135 Deixar de prestar assistência, quando possível fazêlo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena detenção, de um a seis meses, ou multa. Se alguém tiver medo de se contaminar, ou de ser vitima de um assalto, e por isso não ajuda em caso de acidente, tem a obrigação de chamar a autoridade competente. A omissão de chamar socorro é inescusável. Ninguém tem obrigação de tocar uma vitima sangrenta, ou parar em lugar ermo, para socorrer, porque isso pode colocar sua vida em perigo, todavia, não exime o agente de chamar socorro. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art133%C2%A73iii 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 19/31 Parágrafo único A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Maustratos: Art. 136 Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privandoa de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitandoa a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Leves tapas educacionais, não expõem a saúde ou a vida a perigo, portanto são permitidos, mas qualquer castigo, além disso, configura o crime. Se a intenção é satisfazer tendências sadistas, o crime é de tortura. Pena detenção, de dois meses a um ano, ou multa. § 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena reclusão, de um a quatro anos. § 2º Se resulta a morte: Pena reclusão, de quatro a doze anos. § 3º Aumentase a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990). Postado por Direito Penal às 06:23 2 comentários: SÁBADO, 7 DE MARÇO DE 2009 1ª AULA AÇÃO PENAL AÇÃO: Do latim actio, onis, de agere: agir. O emprego do verbo agere, no sentido de agir, devese ao fato de que, no direito romano arcaico, o procedimento judicial exigia a reprodução mímica dos fatos (legis actio). Previsão Legal: Artigos 100 a 106 do CPB; e Art. 24 e seguintes, do CPP. AUTOTUTELA A vingança privada constituiu o principal instrumento de composição de conflitos dos povos antigos. Antes de existir um Estado organizado, com o monopólio da jurisdição, o poder punitivo se encontrava difundido entre os particulares, que exerciam a justiça com as próprias mãos. Não havia um poder que centralizasse o direito/dever de punir. O ofensor não era o único a ser punido. Sua família, seus amigos, outros membros de seu clã, enfim, todas as pessoas de seu círculo de convivência poderiam acabar sendo alvo da vingança privada. Não havia limites para a vingança privada. Em um segundo momento, a vingança privada passou a atingir apenas o infrator, na proporção da conduta por ele perpetrada. O individuo que furtava, por exemplo, poderia ter suas mãos decepadas. A pena para o assassinato era a morte. Em virtude disso, o Direito Penal da época caracterizava pelo bordão "olho por olho, dente por dente". Em segundo momento, as partes (ofendido/ofensor) passaram a realizar a autocomposição; espécie de acordo realizado sem a presença do Estado em https://www.blogger.com/profile/01596963295598714001 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art136%C2%A73 http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009/06/periclitacao-da-vida-e-da-saude-de.html http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009/03/1-aula-acao-penal.html http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/2009/06/periclitacao-da-vida-e-da-saude-de.html#comment-form 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 20/31 que, o ofendido exigia a prestação obrigacional em virtude do prejuízo advindo com o crime. Ainda nessa fase, havia muitas injustiças porque aquele que detinha o poder (financeiro/político) sempre obtinha vantagem, o que não resolvia os conflitos. DIREITO DE AÇÃO/ INTERVENÇÃO DO ESTADO Como preleciona Luiz Régis Prado, o direito de Ação tem origem no momento em que o Estado tomou para si o monopólio do jus puniendi (direito de punir), como uma forma de resguardar a sociedade dela mesma, afastando a prática da justiça privada; hoje, tipificado como “exercício arbitrário das próprias razões” artigo 345 do Código Penal. Assim, o homem trocou o direito de vingarse pessoalmente e, com a tutela estatal, surge o direito de ação. O direito de ação pode ser definido como o direito subjetivo público do individuo de exigir do Estado a prestação jurisdicional. O exercício do direito de ação, que implica na prestação jurisdicional do Estado, se dá através do processo, que é o instrumento moderno de resolução de conflitos de interesses. Segundo Cezar Roberto Bittencourt, ação penal é o direito de invocar a prestação jurisdicional, ou seja, o direito de requerer em juízo a reparação de um direito violado. Mais do que um direito, o exercício do direito de ação assegura princípios constitucionais; esculpido também no ordenamento jurídico da maioria dos países democráticos modernos. Na Constituição Federal de 1998, o direito de ação encontra fundamentos no artigo 5°, inciso LIV: da Constituição Brasileira: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Observe que a Constituição Federal tutela o direito à ação em dois momentos distintos: quando há a lesão e, quando há a possibilidade de lesão, portanto, não se vincula à concretização de um dano ou a uma sentença que efetivamente confirme o dano. Esta característica é relevante para a compreensão das teorias que procuram explicar a natureza jurídica da ação. TEORIAS: Das teorias que procuraram definir a natureza jurídica da ação, destacam se: a) Teoria Civilista (ou Imanentista); b) Teoria Concreta da Ação; c) Teoria do Direito Potestativo de Agir; d) Teoria Abstrata da Ação; e) a Teoria Eclética: a) Teoria Civilista ou Imanentista[1]: proveniente do direito civil: a ação é inerente (o mesmo que imanentista) ao próprio direito material (aquele direito para o qual se busca proteção em juízo), ou seja, a ação é o instrumento pelo qual o direito material se manifesta em juízo. De sorte que, nesse raciocínio, a ação não é autônoma ao direito material, apesar de distinta. b) Teoria Concreta da Ação: Para esta teoria, diferentemente da civilista, a ação é autônoma do direito material, início do pensamento defendido por todas as teorias subseqüentes. Para esta, a ação é autônoma, porém, acessória ao direito material, ou seja, partindose do princípio de que o acessório segue o principal, a ação somente existe se existir o direito material. Para que haja ação, necessariamente há de se existir um direito que se busque proteger. Todavia, a existência do direito dependerá, necessariamente, de uma sentença favorável observada no caso concreto. c) Teoria do Direito Potestativo de Agir: Desenvolvidapor Chiovenda, reporta à idéia de que a ação só existe caso também exista o direito material, assim como na teoria concretista, portanto para que haja direito de ação deve haver uma sentença favorável. Esta teoria distinguiu o direito subjetivo do direito potestativo, como o é o direito de ação. No entanto, cabe neste momento compreender que, para tal teoria, ao direito de ação do ofendido corresponde uma submissão do ofensor. Para Chiovenda, a ação é algo ligado ao direito material e ao direito privado, o que não é aceitável ainda mais quando se diz que a ação é direito subjetivo público, como já anteriormente exposto. d) Teoria Abstrata da Ação: Defendida por Carnelluti, dentre outros doutrinadores, é oposta à teoria concreta; entende que o direito de ação é de http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2586959546644119688#_ftn1 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 21/31 todos – e não somente daquele que tem efetivamente o direito material , é um direito abstrato de se obter a prestação jurisdicional, mesmo que não exista o direito material. Nesse entendimento, Paulo Rangel afirma que a ação é o [...] direito que serve de instrumento para se exigir do Estado à prestação jurisdicional, independentemente da existência ou não do direito material que irá se discutir em juízo. [...]. e) Teoria Eclética dominante entre os juristas brasileiros, foi criada por Enrico Túlio Liebman. Derivada da teoria abstrata – seu fundamento é: o direito à ação existe ainda que não se tenha o direito material. Apesar disso, Liebman entende que o juiz deve analisar as condições da ação, que são requisitos de existência do direito de ação, e, somente com o preenchimento de todos os requisitos é que tal direito existe. Por exemplo: a existência do direito de ação está condicionada a presença de requisitos que o determinam, e em seqüência é que o juiz passa a analisar o direito material. Não preenchida qualquer das condições, o juiz não entra na discussão do direito material, e o processo é extinto sem julgamento do mérito; conforme artigo 267, , inciso VI, do Código de Processo Civi: “quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual, o processo será extinto. Para Liebman, a ação é o direito a um pronunciamento, seja ele favorável ou não, mas somente se efetivará se preencher requisitos determinados em lei, que revelam haver ou não legítimo exercício deste direito, caso contrário há carência de ação. Ensina Rogério Greco: “Para que o Estado possa conhecer e julgar a pretensão deduzida em juízo, será preciso que aquele que invoca o seu direito subjetivo à tutela jurisdicional preencha determinadas condições, sem as quais a ação se reconhecerá natimorta, ou seja, embora já exercitada, não conseguirá alcançar a sua finalidade, pois que perecerá logo após o seu exercício”. O inciso III do art. 43 do Código Penal diz que a denúncia ou queixa será rejeitada quando for manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar condição exigida pela lei para o exercício da ação penal. A priori, devese reportar à idéia de que, essencialmente, a ação tem natureza pública; tem natureza processual, uma vez que seu fim é o processo, e, consequentemente, a satisfação da prestação jurisdicional; é direito abstrato, porque se cuida de analisar questões ainda que se tenha ou não o direito material, que é a razão naquilo que se pleiteia; todavia, somente se efetiva mediante a legitimidade em seu exercício, conforme dito. PROCEDIMENTO CRIMINAL BRASILEIRO: O procedimento criminal brasileiro é dividido em duas fases; a esse conjunto dáse o nome de persecução penal. A primeira fase, a administrativa: inquérito policial; a segunda fase iniciase com a ação penal, que se desenvolve apenas em juízo. CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO PENAL: Dividese a ação penal em duas espécies: ação penal pública e ação penal privada. A ação penal pública se inicia por meio da denúncia. Da mesma forma que uma ação cível se inicia pela petição inicial. A denúncia é uma peça processual que contém a narração do fato criminoso, a qualificação do acusado, a classificação do crime e o rol de testemunhas. Tais requisitos são essenciais para que o acusado possa exercer seus direitos constitucionais à ampla defesa e ao contraditório. A falta da narração do fato criminoso, por exemplo, acarreta a inépcia da denúncia. O titular da ação penal pública é o Ministério Público. O MP é o órgão estatal que busca materializar a pretensão punitiva do Estado; além disso, mais que um simples veículo de acusação, o Ministério Público é um órgão que zela pela observância da lei durante todas as etapas do processo. O MP, no que tange à ação penal pública, é regido por alguns princípios. Pelo princípio da obrigatoriedade, temse que, existindo nos autos elementos que indiquem a ocorrência de um fato típico e ilícito, o parquet 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 22/31 deve mover a ação penal pública. Não existe discricionariedade nessa decisão. Ressaltese que, se o MP não ficar convencido da materialidade do crime, ou entender que não existem indícios suficientes de autoria, não existe a obrigação de denunciar. Podem ser requeridas, por exemplo, diligências complementares à autoridade policial, que visam formar o convencimento do parquet acerca da utilidade e necessidade de instauração de uma ação penal. Caso o Ministério Público conclua de forma definitiva pela ausência dos requisitos mencionados acima, requererá o arquivamento do inquérito policial. Se o juiz não concordar com o arquivamento, ele não poderá iniciar a ação penal pública, visto que não possui a titularidade da mesma. Logo, havendo discordância, o magistrado oficia e remete os autos ao chefe da Instituição. Caso esse último também entenda pelo arquivamento, o inquérito policial será arquivado. Uma vez proposta a ação, o MP não pode dela desistir. Tratase do princípio da indesistibilidade. Na ação penal pública incondicionada o Ministério Público não necessita de qualquer autorização ou manifestação de vontade, de quem quer que seja, para que a ação seja iniciada. Caracterizado em tese o crime, o MP já é livre para propor a ação penal. Assim, o fato da vítima porventura perdoar o seu ofensor é irrelevante. O MP prosseguirá com a ação penal à revelia da vontade da vítima. A ação penal pública incondicionada é a regra dentro da sistemática penal brasileira. Caso a norma silencie acerca da espécie de ação penal cabível para o delito, a ação será sempre pública incondicionada. As demais espécies de ação, pública ou privada, são exceções, devendo, portanto, vir sempre expressas na lei. Existem situações em que o Estado entende que os efeitos do delito são mais gravosos para o ofendido do que para a ordem social como um todo. Em tais situações, o Ministério Público continuará sendo o titular da ação penal. Todavia, para que tal ação seja iniciada, exigese uma condição de procedibilidade, sem a qual a demanda não poderá ser instaurada: a representação. Tratase, nesta situação, ainda de ação penal pública, todavia, condicionada à representação do ofendido. A representação é uma manifestação de vontade do ofendido, em que o mesmo demonstra seu interesse em ver processado o seu ofensor. Tal manifestação de vontade pode se dar por petição ou de forma oral, caso em que a mesma é reduzida a termo. A representaçãoé ato que admite retratação. Contudo, tal retratação só pode ocorrer até que haja o oferecimento da denúncia. Oferecida a denúncia, o Ministério Público promoverá a ação penal até o seu termo, independente da vontade da vítima, mesmo que essa venha a se arrepender posteriormente. A possibilidade de representação está submetida a um limite temporal. O ofendido possuí 06 (seis) meses a contar da data do conhecimento da autoria do fato, para representar em face do ofensor. A natureza de tal prazo é decadencial, sendo que após seu esgotamento extinguese a possibilidade de representação. Há uma outra hipótese de ação penal pública condicionada dentro do ordenamento jurídico brasileiro. Tratase da requisição do Ministro da Justiça, prevista para casos excepcionais, como os crimes praticados contra a honra do presidente e os crimes praticados por estrangeiros contra brasileiros fora do Brasil. A requisição do Ministro da Justiça constitui um verdadeiro juízo político. Analisando a ordem social, nacional e internacional, a gravidade do delito e o peso das conseqüências da ação penal, o Ministro decide ou não fazer a requisição; não há prazo decadencial para que seja feita a requisição. 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 23/31 Ação penal privada: O titular da ação penal privada é o próprio particular ofendido. Está prevista para os casos em que o interesse do particular em relação ao delito supera o interesse estatal. São basicamente duas situações em que isso acontece: o bem jurídico ofendido tem cunho essencialmente particular (ex: crimes contra a honra); ou as conseqüências de uma instrução criminal podem ser tão danosas para a vítima que a mesma prefere deixar de processar o ofensor (ex: estupro). A ação penal privada se inicia mediante queixa. A queixa está para a ação penal privada assim como a denúncia está para a ação penal pública. Assim, a queixa não se confunde com a notícia crime realizada na polícia, popularmente e equivocadamente conhecida como "queixa". O prazo para a que seja proposta a queixa é de 6 (seis) meses, sendo tal prazo decadencial. O próprio ofendido, e não o Ministério Público, é quem será parte no processo, cumprindo todas as diligências ordenadas pelo juiz. Para tanto, é necessário que a parte esteja representada por advogado. Ao contrário do que ocorre na ação penal pública, o particular pode renunciar ao direito de queixa. Essa renúncia ocorre antes de ser promovida a ação privada. Ação Penal Privada Subsidiária da Pública: Constitui uma situação excepcional, que se verifica a partir da inércia do Ministério Público. Escoado o prazo para oferecimento de denúncia, para réu preso ou solto, sem qualquer atividade ministerial, haverá a possibilidade do próprio ofendido propor a ação penal em hipóteses em que a ação penal seria a princípio pública. Daí falarse em ação penal privada subsidiária da pública. Ressaltese que a ação penal não perde sua natureza de pública em virtude da substituição. O querelante não poderá dispor da mesma, através da renúncia ou do perdão. A perempção também não poderá ser verificada, ao contrário do que ocorre na ação penal privada de iniciativa exclusiva da vítima. A inércia se verifica apenas quando, aberta a vista para o MP, o mesmo não denuncia, não requer diligências e nem pede o arquivamento do feito. Assim, o pedido de arquivamento do inquérito policial, por falta de indícios de autoria ou prova da materialidade do crime, não configura a inércia, não sendo possível a ação penal privada subsidiária da pública. O artigo 29 do CPP dispõe que, iniciada a ação penal privada subsidiária da pública, o parquet poderá aditar a queixa, repudiála, oferecer denúncia substitutiva, intervir no processo, retomar a ação como parte principal, etc. Ação Penal Personalíssima: A doutrina usualmente classificava dois delitos do Código Penal como sendo de ação penal privada personalíssima. Entretanto, após a revogação do crime de adultério, temse que apenas o delito de induzimento a erro essencial, previsto no artigo 236 do CP, é considerado de ação penal privada personalíssima. A doutrina entende que tal delito é de ação penal personalíssima em virtude da impossibilidade sucessória no pólo ativo da lide. LEITURA COMPLEMENTAR Lei da violência contra a mulher: renúncia e representação da vítima Luiz Flávio Gomes: Doutor em Direito Penal pela Faculdade de Direito da Universidade Complutense de Madri, mestre em Direito Penal pela USP, secretáriogeral do IPAN (Instituto Panamericano de Política Criminal), consultor e parecerista, fundador e presidente da Rede LFG Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes (1.ª Rede de Ensino Telepresencial do Brasil e da América Latina) Líder Mundial em Cursos Preparatórios Telepresenciais www.lfg.com.br Alice Bianchini: Doutora em Direito Penal pela PUCSP, mestre em Direito pela UFSC, diretora do IPAN Instituto Panamericano de Política Criminal, consultora e parecerista e coordenadora dos Cursos de Especialização 23/08/2015 Direito Penal II: Resultados da pesquisa lesão corporal http://direitopenalanhanguera.blogspot.com.br/search?q=les%C3%A3o+corporal 24/31 Telepresenciais e Virtuais da Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes. Nos termos do art. 16 da Lei 11.340/2006 (lei da violência contra a mulher), “nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público”. Muitas são as hipóteses de ação penal pública condicionada à representação (ameaça, crimes contra a honra, crimes sexuais quando a vítima for pobre etc.). Em todas essas situações, quando a vítima for a ofendida de que trata a Lei 11.340/2006 (mulher na ambiência doméstica, familiar ou íntima), sua renúncia à representação só pode ser admitida perante o juiz, em audiência especialmente designada para esse fim. Renúncia significa abdicação do direito de representar. Nosso CPP só prevê renúncia em relação ao direito de queixa (ação penal privada). Mas desde a lei dos juizados criminais (Lei 9.099/1995) já não se questiona que também pode haver renúncia em relação ao direito de representação. Renúncia é ato unilateral que ocorre antes do oferecimento da representação. Depois que esta já foi oferecida só cabe retratação. O art. 16, como se vê, só fez referência à renúncia. Logo, o intérprete não pode aí incluir a retratação, que é juridicamente possível até o oferecimento da denúncia (CPP, art. 25). Eventual analogia (para alcançar também a retratação) seria in malam partem (contra o réu). Considerandose os inequívocos reflexos penais (aliás, reflexos penais imediatos, não remotos) da retratação da representação (visto que ela pode conduzir à decadência desse direito, que é causa extintiva da punibilidade nos termos do art. 107, IV, do CP), não há como admitir referida analogia. As normas genuinamente processuais admitem amplamente analogia (CPP, art. 3.º), mas quando possuem reflexos penais imediatos (ou seja: quando estamos diante de normas processuais materiais), elas contam com a mesma natureza jurídica das normas penais. A renúncia pode ser expressa (renúncia por escrito) ou tácita (prática de ato incompatível com a vontade de processar CP, art. 104). Em se tratando de crime que tenha como vítima a mulher de que cuida a Lei 11.340/2006 (mulher em ambiência
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