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Os Tratados iniciais 
 
Bases jurídicas 
• O Tratado que institui a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), ou 
Tratado de Paris, foi assinado em 18 de abril de 1951 e entrou em vigor em 25 de 
julho de 1952. Foi a primeira vez em que seis Estados europeus aceitaram 
empenhar-se na via da integração. Este Tratado permitiu lançar as bases da 
Comunidade, criando nomeadamente um órgão executivo designado «Alta 
Autoridade, uma Assembleia Parlamentar, um Conselho de Ministros, um 
Tribunal de Justiça e um Comité Consultivo. O Tratado CECA viria a expirar em 
23 de julho de 2002, no final da sua vigência de 50 anos que tinha sido fixada no 
artigo 97.º. Nos termos do Protocolo n.º 37 anexo aos Tratados (Tratado da União 
Europeia e Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia), o ativo líquido do 
Tratado CECA, aquando da sua dissolução, seria afetado à investigação em 
setores relacionados com a indústria do carvão e do aço através de um fundo e de 
um programa de investigação do carvão e do aço 
• 
• Os Tratados que instituem a Comunidade Económica Europeia (CEE) e a 
Comunidade Europeia da Energia Atómica (CEEA), igualmente denominados 
Tratados de Roma, foram assinados em 25 de março de 1957 e entraram em vigor 
em 1 de janeiro de 1958. Ao contrário do Tratado CECA, os Tratados de Roma 
têm «uma vigência ilimitada» (artigo 240.º do Tratado CEE e artigo 208.º do 
Tratado CEEA), o que lhes conferiu um caráter quase constitucional. 
• Os seis países fundadores foram a Bélgica, a França, a Alemanha, a Itália, o 
Luxemburgo e os Países Baixos. 
Objetivos 
• Os fundadores do Tratado CECA não deixaram dúvidas quanto às suas intenções 
para o Tratado, nomeadamente de que constituiria apenas um primeiro passo no 
sentido de uma Federação Europeia. O mercado comum do carvão e do aço seria 
uma experiência que poderia ser gradualmente alargada a outros domínios 
económicos culminando numa Europa política. 
• A Comunidade Económica Europeia tinha por objetivo a criação de um mercado 
comum assente nas quatro liberdades de circulação (de mercadorias, de pessoas, 
de capitais e de serviços). 
• O Tratado Euratom, por sua vez, tinha por objetivo coordenar o fornecimento de 
materiais cindíveis e os programas de investigação dos Estados-Membros, tanto 
os que já estavam em curso como os que estavam a ser preparados, na pespectiva 
de uma utilização pacífica da energia nuclear. 
• Os preâmbulos dos três Tratados refletem uma unidade ao nível dos objetivos 
subjacentes à criação das Comunidades, nomeadamente a convicção de que tem 
de haver um empenho conjunto por parte dos Estados europeus no sentido da 
construção de um futuro comum, na medida em que esta é a única forma de 
poderem determinar o seu destino. 
Princípios fundamentais 
As Comunidades Europeias (CECA, CEE e Euratom) são o fruto do desejo de uma 
Europa unida, uma ideia que gradualmente tomou forma como resposta direta aos 
acontecimentos que tinham abalado o continente. Após a Segunda Guerra Mundial, as 
indústrias estratégicas, em particular a indústria siderúrgica, necessitavam de ser 
reorganizadas. O futuro da Europa, ameaçado pelo confronto Leste-Oeste, passava por 
uma reconciliação franco-alemã. 
1. Pode-se considerar que o apelo lançado em 9 de maio de 1950 por Robert Schuman, 
Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, foi a pedra de toque da integração europeia. 
Nessa época, a escolha do carvão e do aço tinha um grande significado simbólico: com 
efeito, no início da década de 1950, a indústria do carvão e a indústria siderúrgica 
desempenhavam um papel fundamental na medida em que constituíam a base do poder 
económico de um país. Para além de um interesse económico patente, a congregação dos 
recursos da França e da Alemanha assinalou o fim do antagonismo entre estes dois países. 
Em 9 de maio de 1950, Robert Schuman declarava o seguinte: Não é possível construir a 
Europa de uma assentada e tampouco segundo um único plano. A Europa tem de ser 
construída através de realizações concretas que, antes de mais, contribuirão para criar 
uma solidariedade de facto. Foi com base neste princípio que a França, a Itália, a 
Alemanha e os países do Benelux (Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo) assinaram o 
Tratado de Paris que, fundamentalmente, garantia o seguinte: 
• a livre circulação de mercadorias e o livre acesso às fontes de produção; 
• um controlo permanente do mercado para evitar distorções suscetíveis de 
conduzirem à criação de quotas de produção; 
• o respeito das regras em matéria de concorrência e de transparência dos preços; 
• apoios à modernização e à reconversão dos setores do carvão e do aço. 
2. Após a assinatura do Tratado de Paris e, embora a França se opusesse à reconstituição 
de uma força militar nacional alemã, René Pleven avançou com a ideia de se criar um 
exército europeu. A Comunidade Europeia de Defesa (CED), negociada em 1952, seria 
acompanhada por uma Comunidade de natureza política (CEP). Depois de a Assembleia 
Nacional francesa se ter recusado, em 30 de agosto de 1954, a ratificar o Tratado, ambos 
os projetos foram abandonados. 
3. Na sequência do malogro da CED, os esforços no sentido de um relançamento do 
processo de integração europeia viriam a assumir a forma de propostas específicas no que 
respeita a uma união aduaneira e à energia atómica na Conferência de Messina, realizada 
em de junho de 1955. Estes esforços viriam a culminar na assinatura do Tratado CEE e 
do Tratado CEEA. 
a. As disposições do Tratado CEE (Tratado de Roma)[2] incluíam, nomeadamente, o 
seguinte: 
• a supressão dos direitos aduaneiros entre os Estados-Membros; 
• a criação de uma pauta aduaneira externa comum; 
• a introdução de uma política comum no domínio da agricultura e dos transportes; 
• a criação de um Fundo Social Europeu; 
• a criação de um Banco Europeu de Investimento; 
• o aprofundamento das relações entre os Estados-Membros. 
Para alcançar estes objetivos, o Tratado CEE definiu os princípios orientadores e o 
quadro para as atividades legislativas das instituições comunitárias. Estes incluíam as 
seguintes políticas comuns: a política agrícola comum (artigos 38.º a 43.º), a política dos 
transportes (artigos 74.º e 75.º) e a política comercial comum (artigos 110.º a 113.º). 
O mercado comum garantiria a livre circulação de mercadorias e a mobilidade dos fatores 
de produção (a livre circulação dos trabalhadores e das empresas, a liberdade de 
prestação de serviços e a livre circulação de capitais). 
b. O Tratado Euratom previa objetivos muito ambiciosos, nomeadamente, a formação e o 
crescimento rápido das indústrias nucleares». Contudo, o caráter complexo e sensível do 
setor nuclear, que afeta interesses fundamentais dos Estados-Membros (a defesa e a 
soberania nacional), fizeram com que as ambições do Tratado Euratom tivessem de ser 
revistas em baixa. 
4. A Convenção relativa a certas instituições comuns às Comunidades Europeias, que foi 
assinada e que entrou em vigor ao mesmo tempo que os Tratados de Roma, previa que a 
Assembleia Parlamentar e o Tribunal de Justiça seriam instituições comuns. 
Esta Convenção caducou em 1 de maio de 1999. Só restava fundir os executivos; o 
Tratado que institui um Conselho único e uma Comissão única das Comunidades 
Europeias, de 8 de abril de 1965, conhecido por Tratado de Fusão concluiu devidamente 
o processo de unificação das instituições. 
Desde então, a CEE tem proeminência em relação às comunidades setoriais da CECA e 
da CEEA. Isto representou a vitória do sistema de caráter geral da CEE sobre a 
coexistência de duas organizações com competências setoriais assim como a criação das 
suas instituições. 
Desenvolvimentos que conduziram ao Ato Único Europeu 
Desenvolvimentos que conduziram ao Ato Único Europeu 
Os principais desenvolvimentos dos primeiros Tratados estão 
relacionados com a criação de recursos próprios da Comunidade, o 
reforço dos poderes do Parlamento em matéria orçamental, a 
eleição dos deputados europeuspor sufrágio universal direto e a 
criação do Sistema Monetário Europeu. A entrada em vigor do Ato 
Único Europeu em 1986, que veio alterar consideravelmente o 
Tratado de Roma, reforçou a ideia da integração através da criação 
de um grande mercado interno. 
 
Principais realizações na fase inicial de integração 
 
O artigo 8.º do Tratado de Roma que institui a Comunidade Económica Europeia (CEE), 
também conhecido por “Tratado de Roma, previa a realização de um mercado comum ao 
longo de um período transitório de 12 anos, dividido em três fases, cuja conclusão estava 
prevista para 31 de dezembro de 1969. O seu primeiro objetivo, a união aduaneira, 
concretizou-se mais cedo do que previsto. O período transitório previsto para o alargamento 
dos contingentes e a supressão progressiva das alfândegas internas acabaria em 1 de julho 
de 1968. Porém, no final do período transitório, subsistiam ainda grandes obstáculos à livre 
circulação. Nessa altura, a Europa adotou uma pauta externa comum que se aplicaria às 
trocas comerciais com países terceiros. 
A criação de uma «Europa verde» constituía outro grande projeto da integração europeia. 
Assim, viriam a adotar-se os primeiros regulamentos sobre a Política Agrícola Comum 
(PAC) e, em 1962, viria a criar-se o Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola 
(FEOGA). 
Primeiras alterações aos Tratados 
 
A. Melhorias institucionais 
A primeira modificação institucional foi introduzida pelo Tratado de Fusão de 8 de abril de 
1965, que fusionou os órgãos executivos. Esta fusão entrou em vigor em 1967 com a 
criação de um Conselho e uma Comissão únicos para as Comunidades Europeias (CECA, 
CEE, CEEA) e a introdução do princípio da unidade orçamental. 
B. Recursos próprios e poderes orçamentais 
 
A Decisão do Conselho, de 21 de abril de 1970, criou um sistema de recursos próprios da 
Comunidade, em substituição das contribuições financeiras pelos Estados-Membros (vide O 
Tratado do Luxemburgo, de 22 de abril de 1970, conferiu ao Parlamento certos poderes em 
matéria orçamental 
• O Tratado de Bruxelas, de 22 de julho de 1975, conferiu ao Parlamento o direito de 
rejeitar o orçamento e de conceder quitação à Comissão pela execução do 
orçamento. Este mesmo Tratado instituiu o Tribunal de Contas, organismo 
responsável pela fiscalização das contas e pela gestão financeira da Comunidade 
C. Eleições 
 
O Ato de 20 de setembro de 1976 conferiu uma nova legitimidade e uma nova autoridade ao 
Parlamento, nomeadamente introduzindo a sua eleição por sufrágio universal direto. O Ato 
foi revisto em 2002, tendo-se introduzido o princípio geral da representação proporcional e 
outras disposições-quadro que regiam as eleições europeias nas legislações nacionais. 
D. Alargamentos 
 
O Reino Unido aderiu em 1 de janeiro de 1973, ao mesmo tempo que a Dinamarca e a 
Irlanda; o povo norueguês votou contra a adesão no âmbito de um referendo. A Grécia 
tornou-se membro em 1981; Portugal e Espanha aderiram em 1986. 
E. Orçamento da UE 
 
Após a primeira série de alargamentos surgiram apelos no sentido de um maior rigor 
orçamental e de uma reforma da PAC. Em 1979, o Conselho Europeu chegou a acordo 
sobre uma série de medidas adicionais. Os acordos de Fontainebleau, de 1984, previam 
uma solução sustentável com base no princípio de que é possível efetuar ajustamentos para 
ajudar um Estado-Membro com um encargo financeiro excessivo em termos da sua 
prosperidade relativa. 
Planos para uma maior integração 
Propiciado pelos primeiros êxitos da comunidade económica, o objetivo de também criar 
uma união política entre os Estados-Membros voltou a surgir no início da década de 1960, 
não obstante o malogro da Comunidade Europeia de Defesa (CED) em agosto de 1954. 
A. Fracasso da tentativa para alcançar uma união política 
 
Na Cimeira de Bona, de 1961, os Chefes de Estado e de Governo dos seis Estados-
Membros fundadores da Comunidade Europeia encarregaram uma comissão 
intergovernamental presidida pelo Embaixador francês Christian Fouchet de apresentar 
propostas sobre o estatuto político de uma união dos povos da Europa. Entre 1960 e 1962, 
essa comissão de estudo tentou, em vão, por duas vezes, submeter aos Estados-Membros 
um projeto de Tratado que fosse aceitável para todos, embora o Plano Fouchet se baseasse 
no respeito estrito pela identidade de cada Estado-Membro, recusando assim uma solução 
federal. 
Na ausência de uma comunidade política, criou-se, em substituição, a Cooperação Política 
Europeia, ou CPE. Na Conferência da Cimeira de Haia, de dezembro de 1969, os Chefes de 
Estado e de Governo decidiram estudar a melhor forma de alcançar progressos no domínio 
da união política. O Relatório Davignon, aprovado pelos Ministros dos Negócios 
Estrangeiros em outubro de 1970 e ampliado posteriormente por outros relatórios, constituiu 
a base da CPE até à entrada em vigor do Ato Único Europeu. 
B. Crise de 1966 
Na terceira fase do período de transição, o projeto que visava alterar as modalidades de 
votação no Conselho para substituir a regra da unanimidade em determinados domínios 
pela da votação por maioria qualificada provocou uma crise grave. A França, que não 
concordava com algumas das propostas da Comissão, que incluíam medidas para financiar 
a Política Agrícola Comum, deixou de participar nas principais reuniões comunitárias (a 
chamada política da cadeira vazia). Chegou-se finalmente a um acordo com o chamado 
Compromisso do Luxemburgo (vide ficha, nos termos do qual, sempre que estivessem em 
jogo interesses muito importantes de um ou vários países, os membros do Conselho 
deveriam envidar esforços para encontrar soluções que pudessem ser adotadas por todos, 
sem que tal prejudicasse os respetivos interesses. 
C. Importância crescente das cimeiras europeias 
Ainda que fora do quadro institucional das Comunidades, as Conferências dos Chefes de 
Estado e de Governo dos Estados-Membros começaram a nortear a ação política e a 
resolver problemas que o Conselho de Ministros não lograva solucionar. Após as primeiras 
reuniões de 1961 e 1967, estas conferências ganharam mais relevo com a Cimeira da Haia, 
de 1 e 2 de dezembro de 1969, que conduziu à abertura das negociações sobre o 
alargamento da Comunidade e permitiu um acordo sobre o regime financeiro da 
Comunidade, e com a Cimeira de Fontainebleau (em dezembro de 1974), durante a qual 
foram tomadas importantes decisões políticas sobre a eleição direta do Parlamento Europeu 
e o processo de decisão do Conselho. Nessa cimeira, os Chefes de Estado e de Governo 
também decidiram reunir-se três vezes por ano enquanto Conselho Europeu para debater 
assuntos comunitários e a cooperação política 
D. Reforma institucional e política monetária 
O final da década de setenta foi marcado por várias iniciativas dos Estados-Membros para 
alinharem as suas políticas económicas e orçamentais. Para resolver o problema da 
instabilidade monetária e dos seus efeitos adversos na Política Agrícola Comum e na 
coesão entre os Estados-Membros, os Conselhos Europeus de Bremen e de Bruxelas 
criaram, em 1978, o Sistema Monetário Europeu (SME). Estabelecido numa base voluntária 
e diferenciada, o Reino Unido decidiu não participar no mecanismo de taxas de câmbio, o 
SME assentava numa unidade de conta comum, o ECU. 
No Conselho Europeu de Londres, de 1981, os Ministros dos Negócios Estrangeiros da 
Alemanha e da Itália, Hans-Dietrich Genscher e Emilio Colombo, apresentaram uma 
proposta de «Ato Europeu» abrangendo os seguintes domínios: cooperação política, cultura, 
direitos fundamentais, harmonização das legislações não abrangidas pelos Tratados 
comunitários e combate à violência, ao terrorismo e à criminalidade. Este ato nunca chegou 
a ser adotado enquanto tal, mas alguns dos seus elementos foram integrados na 
Declaração Solene sobre a União Europeia», adotada em Estugarda, em 19 de junho de 
1983. 
E. Projeto Spinelli 
 
Alguns meses depois da primeira eleição direta em 1979, as relações doParlamento com o 
Conselho sofreram uma profunda crise com o orçamento para o ano de 1980. Por iniciativa 
do Deputado Altiero Spinelli, fundador do Movimento Federalista Europeu e ex-Comissário, 
um grupo de nove eurodeputados reuniu-se, em julho de 1980, para debater formas de 
revitalizar o funcionamento das instituições. Em julho de 1981, o Parlamento criou uma 
Comissão dos Assuntos Constitucionais, da qual Spinelli fazia parte como relator-
coordenador, que foi encarregada de elaborar um projeto de alteração dos Tratados 
existentes. Esta comissão decidiu elaborar um projeto que viria a tornar-se a constituição da 
União Europeia. O projeto de Tratado foi aprovado por larga maioria em 14 de fevereiro de 
1984. Este prevê que o poder legislativo será exercido por um sistema bicamerário muito 
semelhante ao de um Estado federal. Este sistema visava alcançar um equilíbrio entre o 
Parlamento e o Conselho, mas este não era aceitável para os Estados-Membros. 
Ato Único Europeu 
O Conselho Europeu, na sua reunião de Fontainebleau de junho de 1984, depois de ter 
resolvido o contencioso em matéria orçamental na Comunidade do início dos anos 1980, 
decidiu criar um comité ad hoc de representantes pessoais dos Chefes de Estado e de 
Governo, denominado Comité Dooge em homenagem ao seu presidente. Este comité foi 
incumbido de apresentar propostas para melhorar o funcionamento do sistema comunitário 
e da cooperação política. O Conselho Europeu de Milão, que teve lugar em junho de 1985, 
decidiu, por maioria (7 votos a favor e 3 votos contra), num procedimento excecional para 
esta instância, convocar uma Conferência Intergovernamental encarregada de estudar as 
competências das instituições, o alargamento dos domínios de atividade da Comunidade a 
novos domínios e a criação de um «verdadeiro» mercado interno. 
Em 17 de fevereiro de 1986, nove Estados-Membros procederam à assinatura do Ato Único 
Europeu (AUE), a que se seguiram, em 28 de fevereiro de 1986, a Dinamarca (na sequência 
do resultado favorável de um referendo), a Itália e a Grécia. O Ato foi ratificado pelos 
parlamentos dos Estados-Membros em 1986, mas, devido a um recurso interposto junto dos 
tribunais irlandeses por um particular, a sua entrada em vigor sofreu um atraso de seis 
meses e só se concretizou em 1 de julho de 1987. O AUE constituiu a primeira modificação 
substancial do Tratado de Roma. As suas principais disposições são as seguintes: 
A. Alargamento das competências da União 
1. Através da criação de um grande mercado interno 
O objetivo consistia em criar, até 1 de janeiro de 1993, um mercado interno totalmente 
operacional que retomasse e alargasse o objetivo do mercado comum criado em 1958 
2. Através da criação de novas competências nos seguintes domínios: 
• política monetária, 
• política social; 
• coesão económica e social; 
• investigação e desenvolvimento tecnológico; 
• ambiente; 
• cooperação no domínio da política externa. 
B. Melhoria da capacidade de decisão do Conselho de Ministros 
A votação por maioria qualificada substituiu a votação por unanimidade em quatro dos 
domínios de competência existentes da Comunidade (modificação da pauta aduaneira 
comum, liberdade de prestação de serviços, livre circulação de capitais e política comum 
dos transportes marítimos e aéreos). A votação por maioria qualificada também foi 
introduzida em várias novas áreas de competência, como o mercado interno, a política 
social, a coesão económica e social, a investigação e o desenvolvimento tecnológico, bem 
como a política ambiental. Por fim, a votação por maioria qualificada foi objeto de uma 
alteração do regulamento interno do Conselho tendo em vista adaptá-lo a uma declaração 
da Presidência anterior, segundo a qual, no futuro, o Conselho poderia ser chamado a votar 
não apenas por iniciativa do seu Presidente, mas também a pedido da Comissão ou de um 
Estado-Membro caso houvesse uma maioria simples dos membros do Conselho que se 
pronunciasse a favor. 
C. Reforço do papel do Parlamento Europeu 
Os seguintes aspetos contribuíram para reforçar os poderes do Parlamento: 
• a conclusão, pela Comunidade, de acordos de alargamento e de acordos de 
associação deve obter o parecer favorável do Parlamento; 
• a introdução de um processo de cooperação com o Conselho, que conferiu ao 
Parlamento verdadeiros poderes legislativos, se bem que limitados, que se aplicou, 
na altura, a cerca de uma dezena de bases jurídicas e que marcou um ponto de 
viragem decisivo para a transformação do Parlamento num verdadeiro órgão 
colegislador. 
 
 
 
 Os Tratados de Maastricht e de Amesterdão 
I. O Tratado de Maastricht 
 
O Tratado da União Europeu, assinado em Maastricht a 7 de fevereiro de 1992, entrou em 
vigor em 1 de novembro de 1993. 
A. Estruturas da União 
Ao instituir a União Europeia, o Tratado de Maastricht marcou uma nova etapa no processo, 
criando uma união cada vez mais estreita entre os povos europeus. A União Europeia foi 
instituída com base nas Comunidades Europeias e é apoiada pelas políticas e formas de 
cooperação instauradas pelo Tratado da União Europeia. A União dispunha de um quadro 
institucional único, composto pelo Conselho Europeu, o Parlamento Europeu, a Comissão 
Europeia, o Tribunal de Justiça e o Tribunal de Contas, que, em sentido estrito, constituíam, 
nessa altura, as únicas instituições da União e exerciam os seus poderes em conformidade 
com as disposições dos Tratados. O Tratado instituiu o Comité Económico e Social e o 
Comité das Regiões, que exercem funções consultivas. Nos termos do Tratado, foram 
instituídos o Sistema Europeu de Bancos Centrais e o Banco Central Europeu, além das 
instituições financeiras existentes no grupo BEI, nomeadamente o Banco Europeu de 
Investimento e o Fundo Europeu de Investimento. 
B. Competências da União 
A União criada pelo Tratado de Maastricht foi investida de determinadas competências, 
classificadas em três grandes grupos, habitualmente designados por pilares: o primeiro pilar 
era constituído pelas Comunidades Europeias e fornecia um quadro no âmbito do qual 
deveriam ser exercidas pelas instituições comunitárias as competências que eram objeto de 
transferência de soberania pelos Estados-Membros nos domínios visados pelo Tratado; o 
segundo pilar era constituído pela política externa e de segurança comum, regida pelas 
disposições do Título V do Tratado da União Europeia; o terceiro pilar era constituído pela 
cooperação nos domínios da justiça e dos assuntos internos, prevista no Título VI do 
Tratado. As disposições dos títulos V e VI estabeleciam uma cooperação de tipo 
intergovernamental que recorria a instituições comuns e se encontrava dotada de certos 
elementos supranacionais, nomeadamente a associação da Comissão Europeia e a 
consulta do Parlamento Europeu. 
1. A Comunidade Europeia (primeiro pilar) 
A Comunidade tinha por missão garantir o bom funcionamento do mercado único, um 
desenvolvimento harmonioso, equilibrado e sustentável das atividades económicas, um 
elevado nível de emprego e de proteção social e a igualdade entre mulheres e homens. 
Eram estes os objetivos a concretizar pela Comunidade, dentro dos limites dos poderes que 
lhe tinha sido confiados, através do estabelecimento de um mercado comum e de medidas 
afins, consignadas no artigo 3.º do Tratado CE, bem como da adoção de uma política 
económica e de uma moeda única, nos termos do artigo 4.º. A ação da Comunidade devia 
respeitar o princípio da proporcionalidade e, nos domínios que não fossem da sua 
competência exclusiva, o princípio da subsidiariedade (artigo 5.º do Tratado CE). 
2. A Política Externa e de Segurança Comum (PESC) (segundo pilar) 
A União tinha por missão definir e implementar, através de métodos intergovernamentais, 
uma política externa e de segurança comum. Os Estados-Membros deviam apoiar esta 
política ativamente e sem reservas, num espírito de lealdade e de solidariedade mútuas. 
Esta política tinha como objetivos: a salvaguardados valores comuns, dos interesses 
fundamentais, da independência e da integridade da União, de acordo com os princípios da 
Carta das Nações Unidas; o reforço da segurança da União sob todas as formas; o fomento 
da cooperação internacional; o desenvolvimento e o reforço da democracia e do Estado de 
direito, bem como o respeito dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais. 
3. A cooperação nos domínios da justiça e dos assuntos internos 
(terceiro pilar) 
Cabia à União desenvolver uma ação comum nestes domínios através de métodos 
intergovernamentais, a fim de proporcionar aos cidadãos um elevado nível de proteção num 
espaço de liberdade, segurança e justiça. Esta ação incidia sobre os seguintes domínios: 
• regras relativas à passagem das fronteiras externas da Comunidade e reforço dos 
controlos; 
• luta contra o terrorismo, a grande criminalidade, o tráfico de droga e a fraude 
internacional; 
• cooperação judiciária em matéria penal e civil; 
• criação de um Serviço Europeu de Polícia (Europol) dotado de um sistema de 
intercâmbio de informações entre as forças policiais nacionais; 
• luta contra a imigração clandestina; 
• política de asilo comum. 
II. O Tratado de Amesterdão 
O Tratado de Amesterdão, que modificou o Tratado da União Europeia e os Tratados que 
instituem as Comunidades Europeias e certos atos afins, foi assinado em Amesterdão, em 2 
de outubro de 1997, e entrou em vigor em 1 de maio de 1999. 
A. Aumento das competências da União 
 
1. Comunidade Europeia 
A nível dos objetivos, foi dada particular atenção ao desenvolvimento equilibrado e 
sustentável e a um elevado nível de emprego. Foi criado um mecanismo de coordenação 
das políticas de emprego dos Estados-Membros, bem como a possibilidade de 
implementação de determinadas medidas comunitárias neste domínio. O acordo sobre a 
política social foi integrado no Tratado CE com alguns melhoramentos (supressão do opt 
out). O método comunitário passou a aplicar-se a importantes domínios que até então se 
integravam no «terceiro pilar», tais como o asilo, a imigração, a passagem das fronteiras 
externas, a luta contra a fraude, a cooperação aduaneira e a cooperação judiciária em 
matéria civil, bem como a uma parte da cooperação «Schengen», cujo acervo completo foi 
assumido pela União e pelas Comunidades. 
2. União Europeia 
 
A cooperação intergovernamental nos domínios da cooperação policial e judiciária em 
matéria penal foi reforçada com a definição de objetivos e tarefas específicas e com a 
criação de um novo instrumento jurídico análogo a uma diretiva. Os instrumentos da Política 
Externa e de Segurança Comum foram desenvolvidos posteriormente, em especial através 
da criação de um novo instrumento, a estratégia comum, cuja implementação deveria fazer-
se normalmente através de decisão por maioria, de um novo cargo, o de «Secretário-Geral 
do Conselho responsável pela PESC», e de uma nova estrutura, a «Unidade de 
Planeamento de Política e de Alerta Precoce». 
B. Reforço do papel do Parlamento Europeu 
 
No âmbito do processo de codecisão, que passou a abranger também 15 bases jurídicas já 
existentes no Tratado CE, o Parlamento Europeu e o Conselho tornaram-se colegisladores 
praticamente em pé de igualdade. Com exceção da política agrícola e da política da 
concorrência, o processo de codecisão aplicava-se a todos os domínios nos quais o 
Conselho estava habilitado a deliberar por maioria qualificada. Em quatro casos (os artigos 
18.º, 42.º e 47.º, bem como o artigo 151.º, sobre a política da cultura, que não sofreu 
alterações), o processo de codecisão era sempre conjugado com o requisito de uma 
decisão unânime do Conselho. Os restantes domínios legislativos que exigiam unanimidade 
não eram abrangidos pela codecisão. 
2. Poder de controlo 
Além de aprovar a Comissão enquanto colégio, o Parlamento Europeu procedia, 
igualmente, a um voto prévio de aprovação do presidente designado da futura Comissão 
(artigo 214.º). 
3. Eleição e estatuto dos deputados 
Quanto ao procedimento de eleição por sufrágio universal direto do Parlamento Europeu 
(artigo 190.º do Tratado CE), cabia agora à Comunidade o estabelecimento de princípios 
comuns, além da adoção de um procedimento uniforme. No mesmo artigo foi inserida uma 
base jurídica que permitia a adoção de um estatuto único dos deputados. Todavia, ainda 
não existia uma disposição que permitisse tomar medidas com vista ao desenvolvimento de 
partidos políticos a nível europeu (cf. artigo 191.º). 
C. Cooperação reforçada 
Pela primeira vez, os Tratados continham disposições gerais que possibilitavam, em 
determinadas condições, que um certo número de Estados-Membros recorresse às 
instituições comuns para organizar uma cooperação reforçada entre si. Esta faculdade veio 
juntar-se aos casos de cooperação reforçada regida por disposições específicas, como a 
União Económica e Monetária, a criação do espaço de liberdade, segurança e justiça e a 
integração do acervo de Schengen. Os domínios suscetíveis de ser objeto de uma 
cooperação reforçada eram os do terceiro pilar e, em condições particularmente restritivas, 
as matérias que não dependessem da competência exclusiva da Comunidade. As 
condições necessárias a toda e qualquer cooperação reforçada, bem como os mecanismos 
de decisão previstos, foram concebidos por forma a garantir que esta nova modalidade do 
processo de integração fosse uma solução de exceção e que, em qualquer caso, só 
pudesse ser utilizada com o intuito de realizar progressos no processo de integração, e não 
provocar qualquer retrocesso. 
D. Simplificação 
 
O Tratado de Amesterdão eliminou dos Tratados europeus todas as disposições que 
caducaram ou se tornaram obsoletas pela evolução dos tempos, evitando que os efeitos 
jurídicos delas decorrentes no passado fossem afetados por esta supressão. Previa, 
igualmente, uma nova numeração dos Tratados. Por motivos jurídico-políticos, o Tratado foi 
assinado e submetido a ratificação sob a forma de alterações aos Tratados em vigor. 
 
E. Reformas institucionais na pespectiva do alargamento 
A. O Tratado de Amesterdão fixou o número máximo de deputados 
ao Parlamento Europeu, conforme solicitado por este, em 700 
(artigo 189.º). 
 
B. A composição da Comissão e a questão da ponderação dos votos foram objeto de um 
protocolo relativo às Instituições» anexo ao Tratado. De acordo com as disposições deste 
último, numa União alargada a um máximo de 20 Estados-Membros, a Comissão seria 
composta por um nacional de cada Estado-Membro, desde que, nessa data, a ponderação 
dos votos no seio do Conselho tivesse sido modificada. Contudo, pelo menos um ano antes 
da adesão de um 21.º Estado-Membro, uma nova conferência intergovernamental deveria 
proceder a uma revisão completa das disposições institucionais dos Tratados. 
C. O recurso do Conselho à votação por maioria qualificada encontrava-se previsto num 
certo número de bases jurídicas recentemente criadas pelo Tratado de Amesterdão. No 
entanto, de entre as políticas comunitárias existentes, só no domínio da política de 
investigação são contemplados novos casos de votação por maioria qualificada e as 
outras políticas continuam a exigir a unanimidade. 
F. Outras questões 
O acervo da prática comunitária na aplicação do princípio de subsidiariedade foi retomado 
num protocolo sobre esta questão. A transparência foi melhorada por novas disposições que 
visam o acesso aos documentos (artigo 255.º) e a abertura dos trabalhos do Conselho no 
domínio legislativo (artigo 207.º, n.º 3). 
O papel do Parlamento Europeu 
O Parlamento Europeu era consultado antes da convocação de uma conferência 
intergovernamental, participando, além disso, nas conferências intergovernamentais numa 
base ad hoc. Nas últimas três conferências, foi representado, consoante o caso, pelo seu 
Presidente ou por dois dos seus membros.

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