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4 Administração Pública Europeia

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Susana Figueiredo Administração Publica Europeia 
Da II Guerra Mundial à CECA 
Após as duas Grandes Guerras Mundiais, perante a perda da sua importância relativa a nível mundial e 
face à emergência de novas orientações políticas e ideológicas das sociedades, os Estados europeus 
ocidentais organizaram-se para se reconstruirem e reerguer económica, política, social e 
militarmente, bem como defender-se do ataque dos inimigos. 
A necessidade e a influência de uma atmosfera de refundação das estruturas políticas europeias, levaram 
Robert Schuman, ministro dos negócios estrangeiros francês, a emitir, em 9 de maio de 1950, a 
declaração Schuman em que convida a RFA a constituir com a França uma organização com importantes 
poderes no domínio do carvão e do aço (matérias-primas utilizadas durante a guerra). 
“A comunitarização das produções de carvão e de aço assegura imediatamente o estabelecimento de 
bases comuns de desenvolvimento económico ...” 
“O estabelecimento desta poderosa unidade de produção aberta a todos os países que a compõem 
dos elementos fundamentais da produção industrial em idênticas condições, lançará os fundamentos 
reais da sua unificação economia”. 
“Esta produção será oferecida a todos os países do mundo sem distinção nem exclusão, a fim de 
participar na melhoria do nível de vida e no desenvolvimento das obras de paz” 
“A circulação do carvão e do aço entre países aderentes será imediatamente isenta de qualquer direito 
aduaneiro e não poderá ser afeta por tarifas de transportes distintas.” 
• Marcou o modelo da construção europeia. 
Da CECA às Comunidades de Roma 
A Comunidade Europeia do Carvão e do Aço apresentava vários elementos de índole supranacional. 
• Pelos seus objetivos, assumiu-se como um instrumento fundamental para superar a afirmação estrita 
de interesses pessoais, permitindo criar mecanismos de solidariedade entre os povos, de forma a 
superar o antagonismo franco-alemão e criar uma identidade europeia. 
 
• Também a sua estrutura institucional refletia isso mesmo. A Alta Autoridade, composta de 
personalidades independentes, exercia funções com carácter supranacional, não contendo 
elementos nacionais de todos os estados membros. O órgão compostos pelos estados – Conselho - 
assumia-se como um órgão consultivo que apenas intervinha em casos especiais. O tribunal 
comunitário tinha competência exclusiva para o controlo de legalidade de atos comunitários. + 
Assembleia (deputados que representam os Parlamentos Nacionais). 
Esta Comunidade era financiada através de recursos próprios, isto é, através de imposições pagas 
pelas empresas do setor proporcional ao seu volume de negócios. 
Também do processo decisório e de controlo se retiravam elementos de carater supranacional. 
A aceitação da dimensão supranacional da CECA desencadeou tentativas de constituição de outras 
organizações internacionais, como a Comunidade Europeia de Defesa, em 1951, que passava pelo 
estabelecimento de um exército europeu integrado sobre o comando da OTAN, e a Comunidade (Política) 
Europeia, que absorveria a CED e a CECA. 
Em 1955 iniciaram-se as negociações com vista à criação de um mercado comum, o que culminou com 
a celebração em Roma (1957) dos tratados que instituíram a Comunidade Económica Europeia e a 
Comunidade Europeia da Energia Atómica. 
Nestas novas comunidades são aproveitados a Assembleia e o Tribunal de Justiça, contudo os 
restantes órgãos sofrem alterações. O Conselho, onde se encontravam representados os governos dos 
estados membros, passa a ser o mais importante órgão de decisão, enquanto a Alta Autoridade foi 
transformada numa Comissão com diferentes funções. Aos órgãos é conferida uma importante tarefa 
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de criação normativa das múltiplas medidas necessárias à realização dos objetivos comunitários 
(artigo 3 TEU) – ampla liberdade de atuação. 
Os objetivos desta nova Comunidade mostram-se bem mais ambiciosos, passando essencialmente por 
um modelo de integração económica – mercado comum -, o que pressupunha a adoção das 4 
liberdades de circulação de fatores de produção – mercadorias, serviços e capitais – e algumas 
políticas comuns, como a agrícola. 
A evolução da integração europeia pode ser dividida e descrita em 3 fases: A fase das comunidades (até 
ao tratado de Maastricht), a fase de transformação (da criação da EU até ao tratado de Lisboa) e a fase 
da União (que se estende até hoje). 
Critério formal: 6 períodos correspondentes aos tratados. 
Da CEE ao Ato Único Europeu - a rutura fundamental de 1976/79 
A primeira fase correspondeu à realização dos propósitos iniciais do Tratado de Roma, que instituiu a 
CEE – União Aduaneira e mercado comum, e estende-se até ao final dos anos 60. 
Também nesta fase se verificam tentativas de criação de formas de cooperação política no espaço 
comunitário. 
Internamente, o Tratado de Bruxelas de 65 consagra a fusão dos órgãos de decisão e direção das 
Comunidades Europeias, passando a haver apenas 1 Conselho e uma Comissão para o conj. das 3 
comunidades, e institui um orçamento único. 
No Acordo do Luxemburgo os Estados membros concordaram que, quando esteja em causa interesses 
muito importantes de um Estado membro, se deverá procurar um consenso expresso através de voto 
unanimitário. 
“Quando assuntos de grande importância para um ou mais países membros estejam em causa, os 
membros do Conselho tentarão, dentro de um período de tempo razoável, encontrar soluções que possam 
ser adotadas por todos os membros do Conselho, respeitando os interesses mútuos e os da Comunidade, 
de acordo com o artigo 2.º do Tratado.” 
“A delegação francesa considera que, quando estão em causa assuntos de grande importância, o debate 
deve prosseguir até à obtenção de um acordo unânime” 
Este compromisso, fugindo um pouco dos procedimentos de decisão consagrados nos tratados, atenuou 
a dimensão integradora e supranacional. 
Praticamente completa a fase de implantação da CEE, na Cimeira de Haia de 1969 ficaram definidos 3 
objetivos primordiais: alargamento, aprofundamento e acabamento. 
Assim, as Comunidades Europeias permitem a integração de outros Estados Europeus, concretizando 
o espírito da declaração de Schuman, passando, em 1986, dos 6 estados fundadores para 12 membros. 
O acabamento, nomeadamente da política agrícola comum, é impulsionado, e assume-se um 
compromisso de aprofundamento da integração europeia, quer através do mecanismo presente no 
artigo 352° do TFUE, pelo reforço da cooperação política, e, mais tarde, pela institucionalização 
política do Conselho Europeu (Cimeira de Paris, 1974). 
A década de 70 assumiu uma grande importância no que diz respeito à configuração financeira e 
orçamental das comunidades, sendo efetuadas inúmeras alterações aos tratados. Assim, a CEE foi pela 
primeira vez dotada com recursos próprios (70), sendo, consequentemente, reforçados os poderes 
orçamentais do Parlamento Europeu. Até então, o orçamento comunitário era financiado por 
contribuições financeiras dos estados membros. 
É ainda criado formalmente o Tribunal de Contas (75). 
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A fonte de legitimidade democrática do Parlamento Europeu sofreu também alterações, passando a sua 
eleição a realizar-se por sufrágio direto e universal (Ato de setembro de 76). 
Autonomização Financeira + Aprofundamento da integração Europeia + Reforço de Competências 
do Parlamento + Criação de uma nova instância Politica → Conclusão da fase de alargamento das 
Comunidades 
O Ato Único Europeu (1986) 
O Ato Único Europeu visava rever os Tratados de Roma que instituíram a Comunidade Económica 
Europeia e a Comunidade Europeia da Energia Atómica. Entrou em vigor em 1 de julho de 1987. 
O objetivo era relançar a integração europeia e realizar o mercado interno (um espaço sem fronteiras 
internas, em que existe livre circulação de mercadorias, pessoas, serviços e capitais) até 1de janeiro de 
1993. 
“Fusão dos mercados nacionais num mercado único que funcione como se fosse um mercado interno” 
O AUE alterou as regras de funcionamento das instituições europeias e alargou as competências 
da Comunidade Europeia em vários domínios políticos, preparando o terreno para o reforço da 
integração política e para a União Económica e Monetária, que seriam posteriormente instituídas pelo 
Tratado da União Europeia (Tratado de Maastricht), aproveitando apenas as estruturas já existentes. 
Alterações institucionais 
O AUE instituiu o Conselho Europeu, responsável por oficializar as conferências ou cimeiras dos 
Chefes de Estado ou de Governo, embora as competências deste órgão apenas tenham sido 
especificadas posteriormente no artigo 15.o do Tratado da União Europeia (TUE). 
→ Órgão de cooperação política, não sujeito aos constrangimentos e procedimentos dos órgãos das 
comunidades. Compostos pelos Chefes de Estado ou de Governo dos Estados Membros. 
Para permitir a criação do mercado único até 1993, o AUE introduziu um aumento do número de casos 
em que o Conselho pode deliberar por maioria qualificada e não por unanimidade. Esta medida 
simplificou a tomada de decisões e permitiu evitar os frequentes atrasos inerentes à procura de 
obtenção de um acordo unânime por parte dos então 12 países membros. 
Os poderes do Parlamento foram reforçados mediante a exigência de um parecer favorável da sua 
parte aquando da conclusão de acordos de alargamento e de associação. 
O AUE introduziu o procedimento de cooperação, que reforçou a posição do Parlamento no diálogo 
interinstitucional e conferiu-lhe a possibilidade de uma segunda leitura da legislação proposta— abrindo 
assim caminho para o futuro papel do Parlamento de colegislador com o Conselho. 
➔ Capacidade de influenciar os poderes deliberativos do Conselho 
O AUE clarificou determinadas regras relativas às competências de execução. O artigo 10.o veio permitir, 
como regra geral, que o Conselho atribua à Comissão as competências de execução das regras 
estabelecidas pelo Conselho. Só em casos específicos o Conselho poderia reservar-se o direito de 
exercer diretamente as competências de execução. 
O AUE estabeleceu também as bases que tornaram possível a criação do Tribunal de Primeira Instância 
(TPI) — atualmente Tribunal Geral – que colabora com o Tribunal de Justiça no controlo da aplicação e 
respeito pelo direito comunitário. 
Domínios de ação 
Ao abrigo do AUE, o voto por maioria qualificada passou a ser a nova norma em quatro dos atuais 
domínios abrangidos pelos Tratados: 
• pauta aduaneira comum; 
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• livre circulação de capitais; 
• livre circulação de serviços; e 
• transporte marítimo e aéreo. 
O AUE introduziu um conjunto de novos domínios políticos relativamente aos quais as deliberações 
seriam efetuadas por maioria qualificada. Estes incluíam: 
• o mercado interno; 
• a coesão económica e social — a fim de contrabalançar os efeitos da realização do mercado 
interno nas regiões menos desenvolvidas; 
• a política social — foram introduzidos dois novos elementos desta política, a saúde e segurança no 
trabalho e o diálogo social entre sindicatos e empregadores; 
• a investigação e desenvolvimento; 
• o ambiente — introduzindo o princípio da subsidiariedade (ou seja, a adoção de medidas de âmbito 
europeu é limitada aos casos em que estas sejam mais eficazes do que se adotadas no contexto de 
cada país); 
• a política externa comum — com a presidência do Conselho a ser responsável por tomar iniciativas 
e coordenar as posições dos países membros. 
Tratado da União Europeia ou de Maastricht (1992) 
No final dos anos 80 assistiu-se a uma série de alterações políticas que redefiniram a geopolítica 
europeia e mundial, em particular o colapso dos regimes políticos dominantes nos países da Europa 
Central e Oriental, cuja manifestação simbólica mais significativa foi a queda do muro de Berlim (9 de 
novembro de 1989) – reunificação da Alemanha. 
Os Estados Europeus do centro e leste desde logo manifestaram interesse pelo modelo comunitário: os 
primeiros foram os países da AECL, através da realização do chamado Espaço Económico Europeu, 
solicitando depois a adesão às comunidades europeias. Aderiram ainda a Suécia, Áustria e Finlândia. 
Com a aproximação da data de realização do mercado interno, foram convocadas 2 conferências 
intergovernamentais, que se ocuparam da união económica e monetária e da união política, e que 
resultaram na assinatura do Tratado de Maastricht. 
O tratado foi assinado em 7 de fevereiro de 1992 e entrou em vigor em 1 de novembro de 1993. 
Oficialmente designado Tratado da União Europeia, o Tratado de Maastricht assinalou o início de «uma 
nova etapa no processo de criação de uma união cada vez mais estreita entre os povos da Europa», 
atribuindo uma dimensão política às comunidades anteriores. 
Este constitui um programa ambicioso e marca uma alteração radical no quadro institucional, político 
e jurídico da integração europeia. 
A primeira novidade foi então a criação da União Europeia. Esta união não substituiu ou absorveu as 
Comunidades Europeias, coexistindo com elas (ainda que numa posição indefinida, que resulta da 
recusa dos Estados membros em conferir-lhe personalidade jurídica de direito internacional). 
O tratado de Maastricht seguiu o mesmo esquema que o AUE, criando a União como estrutura externa 
paralela às comunidades, não aproveitando sequer as estruturas e virtualidades institucionais e jurídicas 
das mesmas. 
A UE estava assente em 3 pilares: 
• as Comunidades Europeias; engloba os domínios em que os Estados-Membros agem 
através das instituições comunitárias 
• uma política externa e de segurança comum; prevê que os Estados-Membros possam 
empreender ações comuns em matéria de política externa. Este pilar implica um processo de 
decisão intergovernamental. 
http://eur-lex.europa.eu/summary/glossary/foreign_security_policy.html
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• a cooperação entre os governos da UE nos domínios da justiça e dos assuntos internos; 
permite à União levar a cabo uma ação conjunta para proporcionar aos cidadãos um nível elevado 
de proteção num Espaço de Liberdade, Segurança e Justiça. O processo de decisão é 
igualmente intergovernamental. 
O respeito e proteção de valores como o respeito pela identidade nacional dos EM e pelos direitos 
fundamentais da pessoa humana, assegurados pela Convenção Europeia dos Direitos do Homem, 
constituíam propósitos da União, que atuava como guarda-chuva de toda a construção europeia. 
Alterações ao Tratado de Roma da CEE: 
Passa a chamar-se Comunidade Europeia, retirando-lhe a sua índole económica. 
A razão desta alteração está ligada à abertura aos domínios da cidadania e dos direitos inerentes a este 
estatuto, à previsão de políticas de dimensão económica desprezível ou ao reforço do sistema orgânico 
comunitário. 
Alterações institucionais 
A União dispunha de um quadro institucional único, composto pelo Conselho Europeu, o Parlamento 
Europeu, a Comissão Europeia, o Tribunal de Justiça e o Tribunal de Contas, que, em sentido estrito, 
constituíam, nessa altura, as únicas «instituições» da União e exerciam os seus poderes em conformidade 
com as disposições dos Tratados. 
• Os poderes legislativo e de controlo do PE reforçam-se com a introdução do processo de co-
decisão (permite ao PE adotar atos juntamente com o Conselho) e com o alargamento a novos 
domínios do processo de cooperação. (Art.251 CE). 
 
• Ao abrigo do novo Tratado, o Parlamento Europeu tem o direito de convidar a Comissão a 
apresentar propostas legislativas em matérias que, em seu entender, requeiram nova legislação 
comunitária. (Art.225 TFUE). 
“O Parlamento Europeu pode, por maioria dos membros que o compõem, solicitar à Comissão que 
submeta à sua apreciação todas as propostas adequadas sobre as questões que se lheafigure requererem 
a elaboração de atos da União para efeitos de aplicação dos Tratados. Caso não apresente uma proposta, 
a Comissão informa o Parlamento Europeu dos motivos para tal.” 
• A Comissão, no seu todo, tem agora de ser aprovada pelo PE (Art.214 CE), que nomeia o 
Provedor de Justiça Europeu (Art.228, n1 TFUE). 
• Alargamento das votações por maioria qualificada na adoção de atos legislativos por parte 
dos governos da EU (Conselho Europeu). 
• O Tribunal de Contas passa a ser visto como um órgão de base da CE 
• Criação de um Comité das Regiões – órgão consultivo: 
• a aplicação do princípio da subsidiariedade, segundo o qual a UE só deve atuar quando a sua 
ação seja mais eficaz do que uma ação desenvolvida a nível nacional. 
Alterações nas atribuições da CE 
• Abertura à integração diferenciada, segundo o qual a concretização de objetivos comuns está a 
cargo de um grupo constituído pelos países da União Europeia dotados de capacidade e de vontade 
de progredir, pressupondo-se que os restantes países membros seguirão, posteriormente, a via 
traçada. 
 
• Estabelecimento das bases para uma união económica e monetária, a moeda única (o euro) e os 
critérios para a sua utilização; 
http://eur-lex.europa.eu/summary/glossary/committee_regions.html
http://eur-lex.europa.eu/summary/glossary/subsidiarity.html
http://eur-lex.europa.eu/summary/glossary/economic_monetary_union.html
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− Subordinação e coordenação das políticas económicas dos Estados membros em 
relação às orientações gerais da CE 
− Reforço do modelo económico liberal, através da inclusão do princípio da economia de 
mercado e de livre concorrência como ideia de todas as políticas comunitárias de dimensão 
económica. 
− Liberalização dos movimentos de capitais 
• Fornecimento de uma base legal para políticas comuns da UE em 6 novos domínios: educação, 
cultura, cooperação no desenvolvimento, saúde pública, defesa dos consumidores, coesão (redes 
transeuropeias). 
 
• Introdução do conceito de cidadania europeia, que confere a qualquer cidadão de um país da UE o 
direito de: 
• livre circulação e residência no território da UE; 
• voto e elegibilidade nas eleições europeias e locais no seu país de residência; 
• assistência e proteção diplomáticas das embaixadas ou consulados de outros países da UE; 
• petição ao Parlamento Europeu e apresentação de queixas relativas a casos de má 
administração comunitária junto do Provedor de Justiça Europeu. 
Tratado de Amesterdão (1997) 
Conferência Intergovernamental 1996 teve como objetivo a reforma dos pilares cooperativos, visando 
a comunitarização da cooperação nos domínios da justiça e dos assuntos internos. 
Também a reconstrução do modelo comunitário, necessário para o alargamento aos países de leste, 
foi discutida, bem como a hierarquia dos atos comunitários e a consolidação de políticas 
comunitárias anunciadas, mas não consolidadas (energia, turismo, proteção civil). A simplificação 
dos Tratados também se assumiu como um objetivo. 
O Tratado de Amesterdão, que modificou o Tratado da União Europeia e os Tratados que instituem as 
Comunidades Europeias e certos atos afins, foi assinado em Amesterdão, em 2 de outubro de 1997, e 
entrou em vigor em 1 de maio de 1999. 
→ Natureza e função transitória 
• A União continua desprovida de personalidade jurídica. 
 
• O art.6 passa a enunciar os princípios fundamentais da UE; 
 
“A União assenta nos princípios da liberdade, da democracia, do respeito pelos direitos do Homem 
e pelas liberdades fundamentais, bem como do Estado de Direito, princípios que são comuns nos 
Estados Membros”. 
Os governos da UE podem retirar a um país membro alguns dos direitos decorrentes da aplicação do 
tratado, incluindo o direito de voto nos projetos legislativos, caso se considere que o país em questão 
cometeu uma «violação grave e persistente» dos princípios básicos da UE. 
Tal vinculação aplicava-se também aos órgãos das Comunidades, sendo o Tribunal de Justiça 
responsável por fiscalizar o respeito das instituições pelos DF assegurados pela Convenção dos 
Direitos do Homem. 
O aumento do número de Estados-membros tem como consequência uma maior diversidade no seio 
da União Europeia no plano dos objetivos, das sensibilidades e das prioridades que caracterizam cada 
Estado-membro. Se, por um lado, esta diversidade constitui a riqueza da União Europeia, ela pode, por 
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=legissum:l25068
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=LEGISSUM:a12000
http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=LEGISSUM:l33152
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=LEGISSUM:l23025
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=LEGISSUM:l23026
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=LEGISSUM:230505_1
http://eur-lex.europa.eu/summary/glossary/ombudsman.html
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outro lado, constituir um obstáculo, uma vez que o ritmo da construção europeia é condicionado pelos 
Estados-membros menos rápidos. 
Neste contexto, o Tratado de Amsterdão constitui uma reforma sem precedentes ao introduzir no Tratado 
da União Europeia o conceito de integração diferenciada (artigos 43º a 45º). que permite aos Estados-
membros que se propõem estabelecer entre si uma cooperação reforçada e recorrer às Instituições 
e aos procedimentos e mecanismos previstos pelo TUE e pelo TCE, deixando a porta aberta aos outros 
Estados-membros que venham a participar ulteriormente. 
Assim, os governos da UE que pretendam trabalhar mais de perto entre si em determinados domínios de 
intervenção podem fazê-lo, desde que essa cooperação cumpra determinados requisitos, como servir os 
objetivos e os interesses da UE e respeitar os seus princípios; 
Os domínios suscetíveis de ser objeto de uma cooperação reforçada eram os do terceiro pilar (justiça e 
assuntos internos) e, em condições particularmente restritivas, as matérias que não dependessem da 
competência exclusiva da Comunidade. As condições necessárias a toda e qualquer cooperação 
reforçada, bem como os mecanismos de decisão previstos, foram concebidos por forma a garantir que 
esta nova modalidade do processo de integração fosse uma solução de exceção e que, em qualquer caso, 
só pudesse ser utilizada com o intuito de realizar progressos no processo de integração, e não 
provocar qualquer retrocesso. 
As áreas de cooperação foram desigualmente afetadas pelo tratado de Amesterdão. 
• Relativamente à PESC, dá-se o reforço da sua dimensão europeia, através de estratégias comuns, 
ações comuns, posições comuns e uma cooperação mais sistemática entre países da EU. 
Conselho Europeu fica responsável por definir os princípios e orientações gerais da PESC. 
Conselho da União Europeia define e executa a PESC. 
É ainda criado o cargo de Alto Representante para a política externa e de segurança comum — um 
papel atribuído ao Secretário-Geral do Conselho UE. 
• Abriu-se a possibilidade de a EU tomar decisões que não envolvessem adesão, concordância e 
colaboração expressa de todos os membros, como forma de agilizar a atuação da União - 
abstenção construtiva e a votação por maioria qualificada. 
 
• A cooperação intergovernamental nos domínios da justiça e dos assuntos internos sofreu uma 
profunda alteração com a criação do espaço de liberdade, segurança e justiça. 
Apenas a Cooperação Policial e a judiciária em matéria penal se mantiveram como matérias de 
cooperação intergovernamental a desenvolver pela UE. 
Foi incluída neste pilar a proteção de situações-limite de violação de direitos fundamentais da pessoa 
humana, como o combate à criminalidade, prevendo-se a aproximação a um standard mínimo das 
disposições de direito penal dos EM. 
• Novos mecanismos de produção normativa e de garantia jurisdicional: decisões-quadro e 
decisões. 
No âmbito da cooperação reforçada, aplicação da cooperação policial e judicial emmatéria penal foi 
sujeita a disposições. 
- Previa a consulta da Comissão e do Parlamento Europeu 
- A decisão dependia do Conselho, que gozava de autonomia decisional. Contudo, se a decisão fosse 
negativa, o Tribunal de Justiça poderia ser chamado a pronunciar-se sobre a sua legalidade. 
Alterações no Tratado da União Europeia 
• Alterações no quadro orgânico-institucional e funcional 
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• Definição de atribuições e políticas a executar pela CE 
 
• Introdução formal do princípio da integração diferenciada, expresso na previsão da 
cooperação reforçada 
• Competência do Tribunal de Justiça para assegurar o respeito pelos direitos fundamentais por 
parte dos órgãos comunitários. 
• Inclusão de um princípio da igualdade 
• Reforço dos direitos sociais fundamentais – Carta Social Europeia de 61 e Carta Comunitária dos 
Direitos Sociais Fundamentais dos Trabalhadores. 
• O método comunitário passou a aplicar-se a importantes domínios que até então se integravam no 
«terceiro pilar», tais como o asilo, a imigração, a passagem das fronteiras externas, a luta contra a 
fraude, a cooperação aduaneira e a cooperação judiciária em matéria civil, bem como a uma parte da 
cooperação «Schengen», cujo acervo completo foi assumido pela União e pelas Comunidades. 
• Criação de uma política de emprego e de cooperação aduaneira 
• Reforço da dimensão horizontal ou transversal de algumas políticas, como a do ambiente ou da nova 
política de emprego 
Reforma Institucional 
• Progressiva perda de centralidade dos órgãos de representação direta dos Estados, com a 
afirmação de componentes comunitárias 
O Tratado de Amesterdão fixou o número máximo de deputados ao Parlamento Europeu, conforme 
solicitado por este, em 700 (artigo 189.º). 
No âmbito do processo de codecisão, que passou a abranger também 15 bases jurídicas já existentes 
no Tratado CE, o Parlamento Europeu e o Conselho tornaram-se colegisladores praticamente em pé 
de igualdade. Com exceção da política agrícola e da política da concorrência, o processo de codecisão 
aplicava-se a todos os domínios nos quais o Conselho estava habilitado a deliberar por maioria qualificada. 
O modo de designação da Comissão também foi alterado. Além de aprovar a Comissão enquanto 
colégio, o Parlamento Europeu procedia, igualmente, a um voto prévio de aprovação do presidente 
designado da futura Comissão (artigo 214.º). Os restantes membros seriam escolhidos pelo presidente. 
➔ Supremacia do Presidente face à maioria política do PE. 
Outras Alterações: 
• Regras relativas aos acordos internacionais da CE 
• Direito de acesso aos documentos do Conselho, da Comissão ou do Parlamento 
• Normas sobre a elaboração de estatísticas das atividades da comunidade e da aplicação aos 
órgãos de atos comunitários sobre proteção de dados pessoais 
• Os EM assumem obrigações de cooperação com a Comissão no sentido de assegurar a boa 
gestão financeira do orçamento e contribuir para o combate contra as fraudes lesivas de interesses 
financeiros da Comunidade. 
O tratado simplifica os vários tratados da UE alterando ou suprimindo mais de 50 artigos obsoletos e 
renumerando os restantes, de forma a torná-los mais legíveis. Previa, igualmente, uma nova numeração 
dos Tratados. 
Tratado de Nice (2001) 
• Críticas aos resultados do Tratado de Amesterdão e necessidade de preparar o alargamento 
Nas conferências intergovernamentais (CIG) de Maastricht e Amesterdão haviam sido discutidas várias 
questões institucionais, que não foram, porém, resolvidas de forma satisfatória. Estas diziam 
nomeadamente respeito ao tamanho e à composição da Comissão, à ponderação dos votos no 
Conselho e à extensão das deliberações por maioria qualificada. No final de 1999, o Conselho 
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Europeu de Helsínquia decidiu que as questões não resolvidas, bem como todas as demais modificações 
necessárias à preparação para o alargamento, deveriam ser resolvidas no âmbito de uma CIG. 
A CIG/2000 teve início em 14 de fevereiro de 2000 e concluiu os seus trabalhos em 10 de dezembro do 
mesmo ano, em Nice, onde foi alcançado um acordo sobre as questões institucionais atrás referidas e 
uma série de outros pontos, nomeadamente, uma nova distribuição de lugares no Parlamento 
Europeu, o aumento da flexibilidade em matéria de cooperação reforçada, o controlo do respeito 
dos direitos e valores fundamentais no seio da UE e ainda o reforço do sistema judicial da UE. 
O Tratado foi assinado em 26 de fevereiro de 2001 e entrou em vigor em 1 de fevereiro de 2003. 
Visava aumentar a eficiência e a legitimidade das instituições da UE e preparar a UE para o seu 
próximo grande alargamento. 
• Fixação da sede do Conselho Europeu em Bruxelas 
• O Jornal Oficial das CE passa a chamar-se Jornal Oficial da UE 
Reformas Institucionais 
• Recomposição da Comissão – reforço da legitimidade democrática 
Desde 2005, a Comissão tem um comissário por Estado-Membro, adquirindo, em contrapartida, maior 
peso nas deliberações a adotar pelo Conselho por maioria qualificada. 
Passam a ter um maior número de votos em relação aos EM de pequena e media dimensão e os 3 maiores 
estados continuam a poder bloquear qualquer deliberação por maioria qualificada. 
O Conselho continua apenas poder alterar as propostas da Comissão por unanimidade. 
Os poderes do Presidente da Comissão foram reforçados – poder de demissão de um comissário, 
nomeação de vice-presidentes → fala-se numa governamentalização da Comissão. 
Estabeleceu-se que o Conselho nomeia a Comissão por maioria qualificada. 
• O PE viu reforçados os seus direitos processuais junto do Tribunal de Justiça da UE e passou a ter 
de ser também consultado nos casos em que o Conselho se pronuncie sobre o risco de grave 
violação de direitos fundamentais num Estado-Membro. 
 
• Os poderes do Tribunal de Primeira Instância foram aumentados de forma a incluir determinadas 
categorias de decisões prejudiciais, com a possibilidade de criação de câmaras jurisdicionais por 
deliberação unânime do Conselho. 
Tratado de Lisboa 
• Projeto da Constituição Europeia 
• Alargamento a mais 12 países 
• Cessação da vigência do tratado da CECA 
Para a preparação da CIG/2004, o Conselho Europeu convocou uma Convenção com os representantes 
dos órgãos comunitários, dos EM e dos países candidatos. A Convenção apresentou ao Conselho Europeu 
um projeto de “Tratado que institui a Constituição” – revolução no enquadramento jurídico e político da 
integração europeia. 
• Intenção de criar formalmente uma relação hierárquica face ao direito dos Estados Membros – 
Supremacia do Direito Comunitário sobre o direito dos EM; constitui uma exigência do próprio 
ordenamento jurídico comunitário, mas não tinha ainda sido acolhido num tratado. 
Foi lhe, finalmente, conferida personalidade jurídica e foram-lhe reconhecidos símbolos próprios, como 
a bandeira, o hino, o lema, a moeda e um dia de festa. 
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Apesar da Constituição que emancipava as Instituições Europeias, o poder constituinte continuava a 
residir nos EM. 
Esta estava dividida em 4 partes: Normas fundamentais de organização e repartição ou delimitação de 
poderes, Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, Políticas e Funcionamento da União e 
Disposições Gerais e Finais. 
Na 1ª parte, propunha-se uma repartição das atribuições entre os EM e a União, distinguindo-se 
competências exclusivas da União, competências partilhadas e competências de “apoio, coordenação e 
complemento”. A par do princípio da igualdade dos EM, foi densificado o conceito de “identidade nacional”. 
O PE assumia-se plenamente como órgão legislador e titular da iniciativa constituinte. Foi ainda 
modificado o modelo de determinação das maiorias qualificadas no Conselho, reconformada a estrutura 
jurisdicional da União e criadas novas figuras institucionais,como o Presidente do Conselho Europeu 
ou o Ministro dos Negócios Estrangeiros da União. O primeiro seria escolhido pelo Conselho Europeu, 
bem como o segundo. 
Assistiu-se ainda a uma completa revolução das fontes de direito interno da União, em relação à UE e 
CE. Eram previstas Leis e Leis-Quadro e foi desenhada pela 1ª vez uma hierarquia de atos 
comunitários, pela separação de atos com natureza legislativa e atos com natureza administrativa, 
desaparecendo a figura da diretiva. 
Previa-se a possibilidade de o Conselho Europeu adotar decisões europeias. O exercício das 
competências de execução de atos do Conselho e do PE e da Comissão foi limitado. 
Eram proclamados os princípios da democracia representativa e da democracia participativa e 
reforçado o papel dos Parlamentos nacionais. 
Foi introduzido um título denominado “União e os Estados vizinhos” e previa-se a intervenção dos 
Parlamentos Nacionais e aprovação do Parlamento Europeu em vez do parecer favorável nos 
procedimentos de adesão. Foi introduzida ainda uma norma sobre o direito de saída. 
A 2ª parte dedicava-se integralmente à CDFUE. 
A parte 3 constituía a parte operativa da União, contendo as suas políticas de funcionamento. 
A 4ª parte, que continha as disposições gerais e finais, revogava os Tratados da CE e da EU, assim como 
todos os tratados que os alteraram ou completaram. O artigo IV assegurava a continuidade das instituições 
europeias e dos atos adotados na nova União Europeia. 
Este projeto acabou por não ser ratificado por todos os EM – resultados negativos nos referendos, 
adiamento dos procedimentos de ratificação. 
Depois de um período de reflexão, os EM afirmam a intenção de concluir a reforma da EU, nascendo 
assim o Tratado de Lisboa. 
Dado o consenso entre os EM sobre a necessidade de recuperar o “Tratado Constitucional”, a 
CIG/2007, preparada pela Presidência Alemã e conduzida pela Presidência Portuguesa teve sucesso. É 
neste contexto que se enquadra o Tratado de Lisboa. 
Este não revogava os Tratados anteriores, assentando, pelo contrário, toda a nova arquitetura institucional 
no Tratado da UE. O Tratado de Roma, que institui a CEE e mais tarde a CE, passa a designar-se tratado 
sobre o Funcionamento da União Europeia. 
O Tratado de Maastricht e o Tratado de Roma têm o mesmo valor e peso jurídico. 
É antes resultado de um procedimento de revisão ordinária dos tratados, fruto da CIG e do acordo político 
obtido (é um tratado de revisão, não tendo como objetivo criar uma nova UE), e não pretende estabelecer 
explicitamente uma constituição. 
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Assim, exclui as referências aos símbolos da identidade política da EU, apenas permanecendo a moeda 
única e evita a discussão provocada pelo artigo do primado do direito da EU, omitindo qualquer artigo 
com tal teor. 
A CDFUE é excluída por extenso do tratado, considerando apenas que a “União reconhece os direitos, 
liberdades e os princípios enunciados na CDFUE, de 7 de dezembro de 2000, com as adaptações que lhe 
foram introduzidas em 12 de dezembro de 2007, e que tem o mesmo valor jurídico que os tratados.” 
• Apesar das diferenças, o processo de revisão que conduziu ao Tratado de Lisboa constitui um 
sucedâneo do projeto anterior. Trata-se de retomas puras e simples do texto do Tratado 
Constitucional, pelo que este Tratado é um tratado de continuidade em relação à Constituição, em 
relação aos tratados anteriores e em relação ao seu processo de formação. 
Na linha da Constituição, introduz importantes alterações aos tratados anteriores, ainda que 
essencialmente com o intuito de recuperar as soluções do tratado const. Art.48 Fala do processo de 
revisão dos tratados. 
O Tratado de Lisboa começa por afirmar que a União é instituída pelos Estados, mediante um tratado 
de direito internacional público. 
Os EM atribuem competências à União (Art.1) para atingir os seus objetivos comuns (Art.3 e 2) – “promover 
a paz, os seus valores- espaço de liberdade, segurança e justiça, mercado interno, pleno emprego, a 
qualidade do ambiente, combater a exclusão social e as discriminações, respeitar a riqueza.” 
O art.4 diz-nos que, nos termos do art.5, as competências que não sejam atribuídas à União, pertencem 
aos Estados. O que não quer dizer que não há competências exclusivas dos Estados. 
O número 3 do mesmo artigo, estabelece o princípio da cooperação leal, que é aplicado na União 
Europeia, como não tinha sido antes. 
A União respeita a entidade nacional dos estados e a sua igualdade perante os tratados. 
O art.19 diz que o tribunal garante o respeito pelo direito na interpretação dos tratados. 
Impacto institucional 
• A UE e a absorção da CE 
• Equilíbrio interinstitucional na nova UE 
• Alterações intraorgânicas 
Unificação da UE com a CE – Tratado da CE passa a TFUE 
A União sucede à Comunidade Europeia – nos direitos, nas obrigações e nas características (A UE 
passa a ter as características da EU). Em Maastricht tínhamos assistido a uma divisão dos vários domínios, 
sendo marcado pela Intergovernamentalidade. 
Os EM apagaram da construção europeia a ideia de comunidade e consolidaram o conceito de UE, 
contudo estava longe de se poder considerar que a UE e a CE eram uma e a mesma entidade, apesar de 
serem interdependentes: 
− O papel dos órgãos quando atuavam no âmbito da União ou da Comunidade era diferente 
 
− Na união prevaleciam órgãos de composição estadual – Conselho - e na Comunidade órgãos 
de legitimidade comunitária – Comissão e Parlamento 
 
− Na União a decisão era do Conselho por unanimidade, tendo os EM a possibilidade de obstar, 
e na Comunidade a decisão era iniciativa da Comissão e os atos legislativos adotados em 
conj. pelo Conselho e Parlamento, que deliberavam por maioria 
 
− As fontes de direito eram diferentes 
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− Alguns órgãos tinham competências limitadas numa das org. 
 
− O Tratado da União consagrava princípios constitucionais comuns 
 
− Nem todos os princípios de direito que caracterizavam a união eram vigentes na EU 
 
Desafio do Tratado de Lisboa: unificar 2 org. que foram construídas pelos mesmos sujeitos para 
funcionarem com objetivos e atribuições diversas e de acordo com modelos organizacionais que se 
revelam diferenciados – a CE como instancia de integração económica e a UE como instancia de 
cooperação e coordenação políticas. 
“A união funda-se no presente Tratado e no TFUE… Estes 2 tratados têm o mesmo valor jurídico. A união 
substitui-se e sucede à CE” → A CE é absorvida pela EU. 
A CE passa a ser parte da EU, deixando de fazer sentido falar em duas organizações. 
Do ponto de vista jurídico, esta absorção é visível no facto de normas fundamentais da conceção e 
arquitetura da EU terem passado do TCE para o TUE ou sido introduzidas no TUE, em forma próxima 
da que tinham na Constituição Europeia. 
• A norma sobre a personalidade jurídica da União, que anteriormente se encontrava apenas no 
TCE, passou a constar do TUE – artigo 47. 
• As normas sobre a delimitação de competências também passaram a constar no artigo 5 do 
TUE. 
• A norma que define o conceito de cidadão da união passou para o artigo 9 do TUE. 
• As normas relativas aos órgãos únicos 
− Parlamento – artigo 14 
− Conselho – Artigo 15 
− Comissão – artigo 17 
− Tribunal de justiça – artigo 19 
Das normas transitadas do projeto de Constituição Europeia destacam-se as relativas aos princípios 
democráticos – democracia representativa, democracia nacional -, bem como as relativas ao serviço 
europeu para a ação externa, entre outras. 
Põe-se a questão de saber se se pode concluir que a lógica comunitária prevaleceu sobre a da União. 
No que toca à ação externa da União, a definição de interesses e objetivos estratégicos continua a 
pertencer ao Conselho Europeu, deliberando por unanimidade, relevando que não é aqui que os EM 
cederam ao modelo comunitário. 
Relativamenteà PESC, que cobre agora todos os domínios da política externa, a sua definição e execução 
fica a cargo do Conselho Europeu e do Conselho, que deliberam segundo o modelo unanimitário, 
partilhando a função executiva com o Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de 
Segurança e os EM. 
O Tribunal de Justiça da União Europeia é excluído como instância de garantia do respeito pelo direito 
da União no domínio da PESC, vigorando ainda a lógica de intergovernamentalidade. 
Isto mostra que a UE preserva o equilibro entre o que se mantém sob o controlo do pilar 
intergovernamental e aquilo que se submete ao pilar comunitário, ou agora da União. Podemos 
assim afirmar que o Tratado de Lisboa não suprimiu inteiramente a lógica de pilares. 
No que respeita à cooperação policial e judiciária em matéria penal há sinais de uma maior 
aproximação jurídica ao pilar comunitário. Os tratados preveem agora a adoção de medidas de 
acordo com o processo legislativo ordinário em conjunto pelo PE e Conselho, a uniformização da 
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tipologia de fontes (regulamentos e diretivas) e a abolição de quaisquer especificidades quanto ao 
valor jurídico dos atos da união. 
Previsão de mecanismos de controlo estadual. “…Dada a prevalência do direito comunitário sobre o 
direito nacional o legislador não poderá qualificar como penalmente ilícitas condutas exigidas ou 
autorizadas pelo direito comunitário”. 
• A fusão entre a EU e a CE, com a incorporação desta naquela, é complementada com alguns passos 
no sentido da absorção de áreas materiais de intervenção da União pela lógica de funcionamento da 
CE. 
O tratado de Lisboa reconhece formalmente uma dupla legitimidade ao edifício institucional europeu – 
artigo 10, TUE 
“O funcionamento da União baseia-se na democracia representativa. 
Os cidadãos estão diretamente representados, ao nível da união, no parlamento europeu. 
Os estados membros estão representados no conselho europeu pelo respetivo chefe de estado ou de 
governo e no conselho pelos respetivos Governos, eles próprios democraticamente responsáveis, quer 
perante os respetivos parlamentos nacionais, quer perante os seus cidadãos.” 
• Demonstra autonomia na sua constituição e funcionamento. 
O Parlamento Europeu continua, assim, a ser a primeira instituição. Passa a exercer funções 
legislativas em igualdade com o Conselho em praticamente todos os domínios da EU, exceto a 
PESC ou a cooperação policial e judicial em matéria penal. 
Assume-se assim como co-legislador ordinário através do processo legislativo ordinário – art.289, TFUE. 
“…adoção de um regulamento, de uma diretiva ou de uma decisão conjuntamente pelo PE e pelo 
Conselho, sob proposta da Comissão...” 
Art.14, n1: “O PE exerce, juntamento com o Conselho, a função legislativa e a função orçamental. O 
PE exerce funções de controlo político e funções consultivas em conformidade com as condições 
estabelecidas nos Tratados. Compete-lhe eleger o Presidente da Comissão”. 
Controlo político em relação ao Conselho Europeu e ao Conselho, e em relação à Comissão 
• A adoção de atos jurídicos pelo Conselho Europeu (responsável pela definição das orientações e as 
prioridades políticas da união) passa agora a depender também da codecisão legislativa do PE, 
passando este a desempenhar um papel ainda mais determinante no funcionamento estratégico da 
união. 
 
• “A Comissão enquanto colégio é responsável perante o PE” – artigo 17, n°8- na medida em que o 
Presidente da Comissão é eleito pela maioria dos deputados do PE, sob proposta do Conselho 
Europeu; Coincidencia do mandato do PE com o da Comissão. 
 
• Relativamente à PESC, o seu papel continua a ser limitado, mas não está despojado de qualquer 
direito de controlo desta política – exigência de informação → visa assegurar que o PE possa exercer 
uma fiscalização democrática sobre a ação exterior da União, verificando se a escolha da base jurídica 
de uma decisão relativa à celebração de um acordo tenha sido efetuada no respeito pelas suas 
atribuições. 
O Conselho Europeu passa a constar da lista das instituições da união e ganha até um espaço 
próprio no TFUE. Como órgão de direção política da União, não exerce funções legislativas -art.15, 1. 
Os seus atos destinados a produzir efeitos jurídicos em relação a 3os podem ser sujeitos a fiscalização 
da legalidade (art.263) 
É criada a função de Presidente do Conselho Europeu. 
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O Conselho da UE permanece um órgão central no exercício dos poderes legislativo e executivo na 
união. O seu papel de legislador passa a ser partilhado com o parlamento em praticamente todas as 
áreas de atuação. Passa a deliberar por maioria qualificada. 
A Comissão Europeia encontra as suas competências descritas no artigo 17 do TUE. 
• Guardiã dos tratados 
• Órgão de competência executiva 
• Órgão de representação 
• Essencial no processo legislativo – monopólio do direito de iniciativa legislativa. 
O Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política Externa, comissário responsável 
pelas relações externas, passa a ter um processo autónomo de designação, responsabilidades políticas 
e jurídicas especificas, entre outros. 
O Presidente da Comissão Europeia continua a ser designado autonomamente, a designar os restantes 
comissários e a definir a organização e dispensa da ação da Comissão Europeia. 
O Tribunal de Justiça da União sofre alterações no âmbito da designação dos órgãos judiciais que 
integram a estrutura jurisdicional especifica da união: o tribunal de primeira instância passa a chamar-se 
Tribunal Geral e as camaras jurisdicionais passaram a designar-se Tribunais Especializados. 
O Banco Central Europeu é elevado à categoria de instituição. 
Aula 3 
Competências da União Europeia 
A União A União Europeia (UE) dispõe apenas das competências que lhe são atribuídas pelos 
Tratados (princípio de atribuição). Ao abrigo deste princípio, a UE só pode atuar dentro dos limites das 
competências que os países da União lhe tenham atribuído nos Tratados para alcançar os objetivos 
fixados por estes últimos. As competências que não sejam atribuídas à UE nos Tratados pertencem aos 
países da União. 
O Tratado de Lisboa clarifica a repartição de competências entre a União Europeia e os países da União. 
Estas competências estão divididas em três categorias principais: 
• competências exclusivas; 
• competências partilhadas; e 
• competências de apoio. 
Competências exclusivas da EU – art.3 do TFUE 
Domínios nos quais a UE é a única a poder legislar e adotar atos vinculativos. Os países da União só 
podem fazê-lo se habilitados pela UE para darem execução a esses atos. 
Há competência exclusiva da EU nos domínios em que exista uma presunção de que uma medida ao 
nível da EU é mais eficaz do que uma medida não coordenada de qualquer EM. 
Nas áreas especificas de atuação só a união pode legislar e aprovar atos jurídicos vinculativos. Os EM 
podem apenas intervir quando a EU lhes conferir poderes para tal ou para aplicar atos jurídicos – art.2, n1 
TFUE. 
N°2 Competências exclusivas internas e externas – resultado da Jurisprudência do tribunal de justiça, que 
foi construindo esta ideia de que a competência interna implica também a competência externa – princípio 
do paralelismo de competências 
Competências partilhadas entre a EU e os EM – art.4 TFUE 
Ambos podem atuar, à partida. Quando é exercida passa a ser só da União Europeia. 
http://eur-lex.europa.eu/summary/glossary/conferral.html
http://eur-lex.europa.eu/summary/glossary/competences.html
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A UE e os países da União estão habilitados a legislar e a adotar atos juridicamente vinculativos. 
Os países da UE exercem a sua competência na medida em que a União Europeia não tenha 
exercido a sua ou tenha decidido não o fazer. 
Quando a União legislar, os EM deixam de poderlegislar. O exercício da competência pela União europeia 
exclui a competência dos EM (art.2, n1 TFUE). 
Os EM exercem as suas competências na medida e desde que a EU não tenha exercido a sua, ou a tenha 
decidido deixar de exercer. 
Esta última situação verifica-se quando as instituições competentes da EU decidem revogar um ato 
legislativo, sobretudo para respeitarem os princípios de subsidiariedade e proporcionalidade. O conselho 
pode também, por iniciativa de um ou mais dos seus membros solicitar à comissão que apresente 
propostas para a revogação de um ato jurídico. 
Competências de apoio – art.6 TFUE 
A UE só pode intervir para apoiar, coordenar ou completar a ação dos países da União. Os atos 
juridicamente vinculativos da UE não devem exigir a harmonização das disposições legislativas ou 
regulamentares dos países da União. 
Os estados atuam a título principal. Quando a eu atua não substitui a competências dos estados nestes 
domínios 
Nos domínios da política económica e de emprego, os EM reconhecem expressamente que as suas 
medidas nacionais devem ser coordenadas no âmbito da EU. 
Para além destes poderes especiais de ação, os tratados da EU abrem também a possibilidade às 
instituições da EU de intervirem quando tal for indispensável para a realização e funcionamento do 
mercado interno e garantia de uma concorrência leal. 
Por último, as instituições da EU têm poderes para tomar medidas nos casos em que estas sejam 
necessárias ao exercício eficaz e ponderado dos poderes expressamente atribuídos. 
Sistema Político da União Europeia – artigo 13, n°1 TUE 
As comunidades e a união evoluíram no sentido da uniformização da sua estrutura orgânica. 
Desde o início que 2 órgãos se assumiram como comuns às 3 comunidades: Tribunal de Justiça e 
Assembleia (Parlamento). 
A criação da União pretendeu reforçar a unidade da estrutura orgânica. 
➔ Assenta na democracia representativa. 
Baseia-se em instituições criadas e desenvolvidas pelos estados nos Tratados. É a elas que os estados 
atribuições competências para realizar as finalidades da União Europeia - Art.13, n1 
Visam promover os seus valores, promover os seus objetivos e servir 3 tipos de interesses – os seus 
interesses (sobrevivência e desenvolvimento), os dos cidadãos da União e os dos EM. 
Princípio do equilíbrio institucional – n°2 
Cada instituição atua dentro dos limites que lhe são conferidos dentro dos tratados e mantêm entre si 
relações de cooperação. 
As instituições da União têm uma organização que corresponde a um sistema democrático – a sede do 
poder está nos Parlamentos. 
Conselho Europeu - Art.14, 15 e 16 TUE - 235 E 236 TFUE 
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Na versão originária dos tratados, não estava previsto a existência do Conselho Europeu, mas os Estados 
começaram a sentir a necessidade de concretizar as políticas nacionais com as políticas seguidas 
pela comunidade. Os chefes de Estado e de Governo começaram a reunir-se (os mais altos 
representantes do Estado), só que eram reuniões esporádicas, eram reuniões importantes, mas o seu 
funcionamento fugia ao quadro comunitário, em que se resolvia problemas comunitários. 
A sua criação deu-se fora do contexto das comunidades, sendo reconduzida à Cimeira de Paris de 74 
onde reuniram chefes de estado ou de governo da então CEE, onde ficou referido que passariam a reunir-
se como “Conselho da Comunidade a título de cooperação política”. 
O Ato Único Europeu institui o Conselho como instância informal de debate entre chefes de Estado 
ou de Governo. 
Apenas no Tratado de Maastricht o Conselho Europeu foi previsto no quadro da União, sendo lhe 
conferido um estatuto formal, sendo até então visto como externo às organizações comunitárias. Com a 
absorção da CE pela EU o Conselho Europeu confirma-se como instituição de pleno direito da EU, 
com Presidente Próprio. 
• Função de direção política e natureza essencialmente governamental 
• Cabe-lhe definir as orientações e prioridades políticas gerais da união – Agenda política; 
questões cadentes e medidas a tomar 
• Quem tem legitimidade democrática no Conselho Europeu são os chefes de estado ou de governo. 
O Conselho Europeu reúne os Chefes de Estado e de Governo dos Estados-Membros para definir a 
agenda política da UE. Representa o nível mais elevado de cooperação política entre os países da 
UE. 
O Conselho Europeu, que é uma das sete instituições oficiais da UE, reveste a forma de cimeiras dos 
dirigentes da UE (geralmente trimestrais), que são presididas por um presidente permanente. 
Tem a sua sede em Bruxelas desde 2004 (deliberação de Nice). 
Composição: 
O Conselho Europeu é composto pelos Chefes de Estado ou de Governo de todos os países da UE, 
pelo Presidente do Conselho Europeu e pelo Presidente da Comissão Europeia – composição fixa. 
Quando são discutidas questões respeitantes aos negócios estrangeiros, também o Alto Representante 
para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança participa nas reuniões. 
Até ao Tratado de Lisboa, o TUE-M dizia que os Chefes de Estado ou Governo e o Presidente da Comissão 
eram assistidos pelos Ministros dos Negócios Estrangeiros e por outro membro da Comissão (artigo 4º 
UE-M). Hoje, apenas o Alto Representante “participa nos seus trabalhos” sem ser membro de pleno direito 
(artigo 15º, nº 2, TUE), parecendo caber individualmente aos «membros do Conselho Europeu» 
decidir se, em razão da ordem de trabalhos, pretendem ser assistidos por um ministro ou por um 
comissário. 
O Presidente do Conselho Europeu, eleito pelo próprio Conselho Europeu com um mandato renovável 
de dois anos e meio, convoca e preside às reuniões. Entre outras funções, o Presidente do Conselho 
Europeu representa a UE no exterior - não tem legitimidade democrática direta. 
Como funciona o Conselho Europeu? 
O Conselho reúne geralmente quatro vezes por ano – mas o Presidente pode convocar reuniões 
extraordinárias para discutir questões urgentes. 
As decisões são geralmente tomadas por consenso e, em certos casos específicos previstos nos 
Tratados, por unanimidade ou maioria qualificada. Só os Chefes de Estado ou de Governo têm direito 
de voto, pelo que o presidente do Conselho Europeu e o presidente da Comissão não participam nas 
eventuais votações. 
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Qual o papel do Conselho Europeu? – art. 15, n1 
Lugar no sistema institucional da EU 
Não exerce função legislativa -art.15, n1. Ainda assim tem um papel absolutamente central na vida da 
União Europeia; é o órgão principal da União Europeia. O Tratado de Lisboa reconhece ao Conselho 
Europeu competência para a adoção de atos jurídicos, incluindo até a alteração formal do tratado, em 
determinadas situações. 
Ao abrigo do artigo 13.º do TUE, o Conselho Europeu faz parte do «quadro institucional único» da União. 
No entanto, o seu papel consiste mais em impulsionar a política geral do que propriamente em agir 
enquanto instância de decisão, na aceção jurídica do termo: só a título excecional é que toma decisões 
com consequências jurídicas para a União, mas adquiriu alguns poderes de decisão de natureza 
institucional. 
O Conselho Europeu está atualmente habilitado a adotar atos juridicamente vinculativos que podem 
ser contestados perante o Tribunal de Justiça, nomeadamente se o Conselho Europeu se abstiver de 
se pronunciar (artigo 265.º do TFUE). 
O Tratado da União Europeia (artigo 7.º, n.º 2) confere ao Conselho o poder de, após aprovação do 
Parlamento Europeu, acionar o processo de suspensão dos direitos de um Estado-Membro, ao 
verificar a existência de uma violação grave dos princípios da União. 
Relações com outras instituições 
O Conselho Europeu toma as suas decisões com total independência e, regra geral, estas decisões 
não requerem a iniciativa da Comissão nem a participação do Parlamento Europeu. 
O Tratado de Lisboa prevê, todavia, um vínculo orgânico à Comissão, uma vez que o seuPresidente é 
membro sem direito de voto do Conselho Europeu e que o Alto Representante da União para os Negócios 
Estrangeiros e a Política de Segurança participa nos debates. 
Além disso, o Conselho Europeu solicita com frequência à Comissão a apresentação de relatórios 
preparatórios para as suas reuniões. O artigo 15.º, n.º 6, alínea d), do TUE estipula que o Presidente do 
Conselho Europeu deve apresentar um relatório ao Parlamento Europeu após cada uma das reuniões do 
Conselho Europeu. 
Com o Tratado de Lisboa, o novo Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a 
Política de Segurança tornou-se um elemento adicional a propor e executar política externa em nome 
do Conselho Europeu. O Presidente do Conselho Europeu assegura a representação externa da União 
nas questões relacionadas com a política externa e de segurança comum, sem prejuízo das atribuições 
do Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança. 
Poderes 
1. No plano institucional 
O Conselho Europeu dá à UE os «impulsos necessários ao seu desenvolvimento» e «define as orientações 
e prioridades políticas gerais» (artigo 15.º, n.º 1, do TUE), mas não aprova legislação. 
Dispõe de importantes poderes em relação à configuração dos restantes órgãos e da própria união: 
• Delibera sobre as formações do Conselho e a presidência das mesmas 
• Determina o número de membros da comissão e designa a personalidade a eleger pelo parlamento 
para presidir a comissão, e ainda nomeia a comissão. 
• Nomeia o Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança. 
• Designa e nomeia candidatos a determinados altos cargos nas instituições da UE, como a 
presidência do BCE e da Comissão. 
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Apesar de no tratado aparecer depois do Parlamento Europeu, é o Conselho Europeu que determina a 
composição do Parlamento e o Presidente do PE é ouvido pelo Conselho Europeu sempre que este 
o convide. Já o Conselho Europeu só será ouvido pelo PE nos casos e condições previstos. 
2. Assuntos ligados à ação externa da União e política externa e de segurança 
No âmbito da ação externa, cabe-lhe identificar e decidir sobre “os interesses e objetivos estratégicos da 
união” art.22, n°1 – nos domínios da PESC e outros que se insiram na ação externa da União. 
O Alto Representante, no domínio da PESC, e a Comissão, nos restantes domínios da ação externa, 
apresentar propostas, podem apresentar propostas conjuntas ao Conselho. 
A PESC é definida e executada pelo Conselho Europeu e pelo Conselho, deliberando por unanimidade 
-art 24, n1, embora a competência de execução seja também deferida ao Alto Representante e aos 
Estados-Membros – art.26, n3. 
O Conselho Europeu define os princípios e as orientações gerais da política externa e de segurança 
comum (PESC) e decide sobre as estratégias comuns com vista à sua execução (artigo 26.º do TUE). 
Assume funções ainda no que toca ao espaço de liberdade de segurança e justiça, definindo as 
orientações estratégicas da programação legislativa, da política económica, da política de emprego ou na 
avaliação anual das ameaças terroristas. 
3. Cooperação policial e judiciária em matéria penal 
A pedido de um Estado-Membro do Conselho, o Conselho Europeu decide se deve ou não ser 
instituída uma cooperação reforçada numa área relacionada com este domínio (artigo 20.º do TUE). 
Desempenha ainda um papel enquanto órgão de resolução de litígios interinstitucionais e entre os estados 
membros e a EU – nas matérias de segurança social – art.48, 2 TFUE, cooperação judiciaria em matéria 
penal – art.82 e 83, cooperação com vista ao combate às infrações lesivas dos interesses financeiros da 
união -art 86, cooperação internacional em matéria policial – art.87. 
Em matéria constituinte, decide sobre a abertura de um processo de revisão, nos termos previstos no 
artigo 48º, em especial nº 3 e nº 6 TUE – Lisboa, dispondo ainda do poder de decidir da alterações de 
determinadas disposições específicas dos Tratados, através de processos de revisão simplificados (artigo 
48º, nº 7 TUE – Lisboa), ainda que dependentes da não oposição por qualquer dos parlamentos nacionais. 
Questão da representação externa da União 
Ao Presidente do Conselho Europeu compete representar externamente a União no domínio da PESC, 
sem prejuízo das atribuições do Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e Política de 
segurança. 
Ainda que a representação externa da União caiba à Comissão Europeia (com exceção da PESC e outras 
matérias previstas nos tratados). 
Assim, ao Alto Representante cabe contribuir com as suas propostas para a definição da PESC 
(artigo 18º, nº 2), mas é também a ele que compete a condução (artigo 18º) e a representação da União 
no âmbito da PESC (artigo 27º, nº 2). 
É neste contexto que o Tratado prevê que o Alto Representante assuma a representação externa da 
União, que o artigo 17º, nº 1 TUE – Lisboa afirma competir em geral à Comissão, pois é a ele que, como 
Vice-Presidente da Comissão, cabe assegurar «a coerência da ação externa da União» e «no âmbito 
da Comissão, as responsabilidades que incumbem a esta instituição no domínio das relações externas, 
bem como a coordenação dos demais aspetos da ação externa da União» (artigo 18º, nº 4 TUE – 
Lisboa). 
No título V, artigos 21 a 46, onde é desenvolvida a PESC, há apenas uma única referencia aos Presidente 
do Conselho Europeu. Assim, é ao Alto Representante e à Comissão Europeia que os Tratados cometem 
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as principais competências e reconhecem o maior grau de protagonismo na ação externa da união nos 
domínios da PESC ou a direção do serviço europeu para a ação externa. 
É ainda à Comissão que os tratados conferem os meios de ação, financeiros e operacionais, que 
permitem a atuação externa da União, fora do âmbito da PESC e até no próprio quadro da política externa 
de segurança e defesa. 
O Presidente do Conselho Europeu é assim visto como símbolo da unidade da cúpula política da 
União Europeia, expressa na composição do Conselho Europeu. 
Em suma, 
➔ A Comissão representa direta e explicitamente a União na sua ação externa em todas as áreas que 
excedem a PESC – art.17, 1 
➔ O Alto Representante para a União nas áreas da PESC é membro e Vice-Presidente da Comissão 
➔ É a Comissão que dispõe da estrutura e dos meios de implantação e operacionalização das 
estratégias e políticas com dimensão externa próprios da União Europeia, através do Serviço 
europeu para a ação externa 
Parlamento Europeu – 223 a 234 TFUE 
Evolução das suas competências ao longo dos tratados 
A sua origem remonta à Assembleia comum da CECA, passando depois a designar-se Parlamento 
Europeu. 
Tratado da CEE - o «Parlamento Europeu dispõe dos poderes de deliberação e controlo». 
Desde 1979, por decisão da Cimeira de Paris de 1974, os seus membros são eleitos diretamente. 
A substituição das contribuições financeiras dos Estados-Membros por recursos próprios da Comunidade 
conduziu a um primeiro aumento dos poderes orçamentais do Parlamento ao abrigo do Tratado do 
Luxemburgo. 
O Ato Único Europeu reforçou o papel do Parlamento em certos domínios legislativos (processo de 
cooperação) e submeteu os tratados de adesão e de associação ao seu parecer favorável. 
Ao introduzir o processo de codecisão para determinados domínios legislativos e alargar o processo 
de cooperação a outros, o Tratado de Maastricht marcou o início da transformação do Parlamento, que 
passou a assumir o papel de verdadeiro colegislador. O Parlamento passou a ter o poder de aprovar 
a composição definitiva da Comissão, o que representou um passo importante em termos de controlo 
político do Parlamento sobre o executivo da UE. 
O Tratado de Amesterdão alargou o processo de codecisão à maior parte dos domínios legislativos e 
reviu este processo, dando ao Parlamento o papel de colegislador,em pé de igualdade com o Conselho. 
A nomeação do Presidente da Comissão passou a estar condicionada à aprovação prévia do 
Parlamento, reforçando assim o seu controlo sobre o executivo. 
O Tratado de Nice tinha como objetivo reformar a estrutura institucional da União Europeia para poder 
enfrentar os desafios do futuro alargamento. Os poderes legislativos e de supervisão do Parlamento 
foram reforçados e a votação por maioria qualificada foi alargada a mais domínios no Conselho. 
O Tratado de Lisboa constituiu outra importante extensão da aplicação, quer da regra de votação por 
maioria qualificada no Conselho, quer do procedimento de codecisão. A codecisão, agora designado 
«processo legislativo ordinário», tornou-se o procedimento de decisão mais utilizado, abrangendo 
domínios de especial importância, como a política agrícola comum e as políticas de justiça e de segurança. 
O papel do Parlamento na preparação de futuras alterações ao Tratado também aumentou (artigo 48.º do 
TUE). 
O Parlamento Europeu é o órgão legislativo da UE. É diretamente eleito pelos cidadãos europeus de 
cinco em cinco anos. 
Susana Figueiredo Administração Publica Europeia 
A sua sede é em Estrasburgo. São realizadas 12 sessões plenárias. 
Delibera por maioria absoluta dos votos, salvo disposição em contrário. Contudo, o quorum constitutivo 
é fixado no regimento interno. 
Os seus trabalhos são refletidos numa Ata e publicação do Relato Integral no Jornal Oficial da União 
Europeia. 
Composição 
A composição do Parlamento deixou de constar dos Tratados para passar a ser definida por decisão do 
Conselho Europeu, tomada sob iniciativa do Parlamento Europeu e com a aprovação deste. 
É composto por representantes dos cidadãos da União. O seu número não pode ser superior a 750, 
mais o presidente – art. 14 TUE. 
O número de deputados por país é aproximadamente proporcional à população de cada país. Trata-se 
de uma proporcionalidade degressiva: nenhum país pode ter menos de 6 nem mais de 96 deputados e 
o número total de deputados não pode exceder 705 (704 mais o Presidente). 
A eleição direta só ocorreu após a adoção pelos governos dos EM do Ato de 76 relativo à eleição dos 
representantes ao Parlamento. Com a criação da cidadania da União, com o tratado de Maastricht, podem 
eleger e ser eleitos para o Parlamento Europeu tanto os nacionais do Estado membro como todos 
os nacionais de outros Estados membros que aí residam e aí pretendam exercer o seu direito de 
voto. 
Os deputados do Parlamento gozam de um estatuto de independência decorrente do seu modo de 
designação e do seu estatuto funcional. 
Organização interna 
Os eurodeputados estão agrupados por filiação política e não por nacionalidade – emergência de 
partidos políticos a nível europeu. Embora a organização interna dos grupos políticos no Parlamento 
Europeu não imponha o modelo partidário, é de realçar que os partidos políticos europeus constituem, 
com os seus deputados, grupos políticos no Parlamento Europeu. Contudo, nem todos os grupos 
políticos assentam num partido político europeu e, por outro lado, os deputados podem não querer 
inscrever-se num grupo político. 
• O Presidente do Parlamento é eleito de entre os seus membros para um mandato renovável de dois 
anos e meio. Dirige as atividades e órgãos do Parlamento europeu, bem como as sessões e 
representa o Parlamento junto das outras instituições europeias e no exterior e dá a aprovação 
final ao orçamento da UE. 
 
• Aos vice-presidentes compete substituir o presidente se este não estiver presente ou pretender 
participar no debate parlamentar. 
 
 
• A mesa, composta pelo Presidente e pelo Vice-presidente, eleita pelos seus pares, fica encarregue de 
regulamentar a condução das sessões, autorizar reuniões noutros locais e nomear o secretário-
geral do PE. 
Existem ainda os questores, a Conferência dos Presidentes, a Conferencia dos Presidentes das 
Comissões e a Conferência dos Presidentes das Delegações – trabalho especializado em comissão. 
Dispõe ainda de 20 Comissões permanentes com importantes funções. 
Poderes do Parlamento Europeu 
«O Parlamento Europeu exerce, juntamente com o Conselho, a função legislativa e a função 
orçamental. O Parlamento Europeu exerce funções de controlo político e funções consultivas em 
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conformidade com as condições estabelecidas nos Tratados. Compete-lhe eleger o Presidente da 
Comissão». 
Enquanto instituição representativa dos cidadãos europeus, o Parlamento constitui o fundamento 
democrático da União Europeia. A fim de assegurar à UE a sua plena legitimidade democrática, o 
Parlamento deve estar inteiramente envolvido no processo legislativo europeu e exercer, em nome dos 
cidadãos, o controlo político sobre as demais instituições europeias. 
• Poderes legislativos 
 
➔ Surgem com o Tratado de Maastricht e o procedimento de codecisão 
Contrariamente ao que acontece nos parlamentos nacionais, o Parlamento não dispõe de iniciativa 
legislativa na EU, salvo nos caos previstos nos Tratados: processo decisório de definição da sua própria 
composição, do estatuto e modo de exercício das funções dos seus membros e do Provedor de Justiça ou 
do modo de exercício dos seus poderes de inquérito. 
Pode, contudo, solicitá-la junto da Comissão, tendo esta de informar o Parlamento das razoes pelas 
quais entende não exercer a sua iniciativa legislativa. 
Com o Tratado de Lisboa, o processo de codecisão passou a chamar-se processo legislativo ordinário 
e tornou-se o principal processo legislativo do sistema deliberativo. 
 
O processo legislativo ordinário confere o mesmo peso ao Parlamento Europeu e ao Conselho da 
União Europeia num vasto leque de domínios. A grande maioria das leis europeias é adotada 
conjuntamente pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho. 
• Adota legislação, juntamente com o Conselho da UE, com base em propostas da Comissão 
Europeia 
• Decide sobre os acordos internacionais 
• Decide sobre os alargamentos 
• Analisa o programa de trabalho da Comissão e convida-a a propor legislação 
Mesmo legislando em conjunto com o Conselho, através do processo legislativo ordinário, raramente 
legisla sozinho, através de um processo legislativo especial. 
• Poderes orçamentais 
Dispõe de funções orçamentais, desde pelo menos o tratado de Bruxelas de 1975, tendo sido esta a 1ª 
grande competência do PE. 
Definição das regras aplicáveis à elaboração e execução do orçamento, quer à preparação e 
aprovação, quer no controlo da sua execução, competindo-lhe dar quitação, isto é, aprova a forma 
como o orçamento da UE é gasto à sua execução pela Comissão. 
• Poderes de controlo político 
TCEE – competia à “Assembleia controlar a comissão, fiscalizando o modo como esta exercia as suas 
funções e, em casos-limites, demitindo-a” 
➔ Tripla dependência da Comissão face ao PE 
 
• Genética – o Parlamento elege o Presidente da Comissão e aprova a Comissão no seu todo; logo, a 
Comissão não pode ser nomeada pelo Conselho Europeu contra a vontade da maioria política do PE 
 
• Funcional – os tratados preveem uma constante e estreita relação entre o PE e a Comissão, sendo a 
Comissão, enquanto órgão colegial, responsável perante o PE -art.17, 8 TUE + funções de reporte da 
Comissão. 
 
Susana Figueiredo Administração Publica Europeia 
• Extintiva - só o PE pode votar uma moção de censura, obrigando a Comissão a demitir-se. 
Enquanto órgão de controlo, pode constituir comissões temporárias de inquérito para investigar 
alegações de infração ou de má administração na aplicação do direito da União (artigo 226º TFUE). 
«as regras de exercício do direito de inquérito são determinadas pelo Parlamento Europeu, por meio 
de regulamentos adotados por iniciativa própria de acordo com um processo legislativo especial, após 
aprovação do Conselho e da Comissão». 
A Comissão de inquérito temporária extingue-se com a apresentação do seu relatórioao PE, podendo 
este, com base no relatório, apresentar recomendações aos órgãos da União ou nacionais. 
Pode ainda exercer o controlo político através do Provedor de Justiça Europeu (art.228). Apesar de ser 
independente, é eleito pelo PE após cada eleição do PE, competindo ainda a este órgão definir o estatuto 
e condições de exercício das funções, apreciar o relatório anual que lhe é apresentado, e propor a sua 
demissão ao Tribunal de Justiça, em caso justificado. 
Qualquer deputado pode formular perguntas com pedido de resposta escrita ao Presidente do 
Conselho Europeu, ao Conselho, à Comissão e ao Vice-Presidente da Comissão/Alto 
Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança. 
 Nos termos do artigo 230.º do TFUE, a Comissão responde, oralmente ou por escrito, às questões 
que lhe sejam colocadas pelo Parlamento Europeu ou pelos seus membros, e o Conselho Europeu e o 
Conselho são ouvidos pelo Parlamento nas condições previstas no regulamento interno do Conselho 
Europeu e do Conselho. 
O Tratado reconhece aos cidadãos da União o direito de petição ao Parlamento Europeu, desde que 
«sobre qualquer questão que se integre nos domínios de atividade da União e lhe diga diretamente 
respeito» (artigo 227º TFUE). 
O Tribunal de Justiça considerou que todos os atos emanados do Parlamento Europeu e dotados de 
eficácia em relação a terceiros deveriam poder ser impugnados perante o Tribunal (artigo 263º). 
• Poderes consultivos 
No domínio da PESC, como antes, o Parlamento Europeu não dispõe de competências decisórias, 
legislativas ou sequer de competências efetivas de controlo político. 
«[o] Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança consulta 
regularmente o Parlamento Europeu sobre os principais aspetos e as opções fundamentais da política 
externa e de segurança comum e da política comum de segurança e defesa, e informa-o sobre a evolução 
destas políticas. 
O Parlamento Europeu pode dirigir perguntas ou apresentar recomendações ao Conselho e ao Alto 
Representante. Procederá duas vezes por ano a um debate sobre os progressos realizados na execução 
da política externa e de segurança comum, incluindo a política comum de segurança e defesa. 
Conselho da União Europeia– 237 A 243 TFUE 
O Conselho da UE é, juntamente com o Parlamento Europeu, o principal órgão de decisão da UE. 
A sua sede é em Bruxelas, embora algumas reuniões se realizem no Luxemburgo. 
Composição 
É uma das instituições originárias e comuns às Comunidades e União Europeias. Nele os ministros dos 
governos de cada país da UE reúnem-se para debater, alterar e aprovar legislação, bem como para 
coordenar políticas. 
A sua composição varia em função das matérias e até das conveniências políticas ao longo da história 
das organizações comunitárias. 
https://europa.eu/european-union/about-eu/institutions-bodies/european-parliament_pt
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Quem determina as formações do Conselho é o Conselho Europeu – redução dos poderes de auto-
organização. 
O Conselho não tem membros fixos, reunindo-se com 10 formações diferentes em função da área 
política agendada. Cada país envia um ministro de tutela da área em questão. 
Por exemplo, quando o Conselho se reúne para debater assuntos económicos e financeiros, é o Ministro 
das Finanças de cada país que estará presente. 
O Conselho dos Assuntos Gerais assegura a coerência dos trabalhos das diferentes formações do 
Conselho. Prepara as reuniões do Conselho Europeu e assegura o seu seguimento, em articulação 
com o Presidente do Conselho Europeu e com a Comissão. 
O Conselho dos Negócios Estrangeiros elabora a ação externa da União, de acordo com as linhas 
estratégicas fixadas pelo Conselho Europeu, e assegura a coerência da ação da União.» 
A formação-base é a dos Assuntos Gerais. Os Tratados atribuem-lhe funções de coordenação da 
atuação das diversas formações do Conselho e de acompanhamento da atividade do Conselho 
Europeu. 
O Conselho em que se reúnem os Ministros dos Negócios Estrangeiros é sempre presidido 
pelo Alto-Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança. Todas as outras 
reuniões do Conselho são presididas pelo ministro competente do país que exerce a presidência rotativa 
da UE. 
Também a Comissão pode participar nas reuniões do Conselho. 
As reuniões são convocadas a pedido do Presidente, por iniciativa do próprio conselho ou a pedido de um 
dos seus membros ou da Comissão, embora também possam ser convocadas pelo Alto Representante. 
O tratado prevê órgãos habilitados para discutir a técnica e diplomática das matérias a decidir e para 
a preparação logística e burocrática das próprias reuniões. 
A coerência dos trabalhos é garantida pelo Conselho Assuntos Gerais, que é apoiado pelo do comité 
dos representantes permanentes - COREPER, composto pelos Representantes Permanentes dos 
Estados-Membros junto da UE, que têm o estatuto de embaixadores.. 
Compete-lhe a preparação das reuniões do Conselho. É presidido pelo representante permanente do EM 
que exerce a presidência do Conselho dos assuntos gerais. 
As reuniões do Conselho dos Negócios Estrangeiros são preparadas por quatro categorias diferentes de 
instâncias preparatórias. 
O secretariado-geral é o responsável burocrático pela organização das reuniões e pela preparação do 
expediente, encabeçado por um secretário-geral a quem cabem importantes competências e funções. 
Funcionamento 
Consoante a matéria em causa, o Conselho delibera por maioria simples (basta que recolha mais votos 
a favor do que contra), por maioria qualificada ou por unanimidade. 
A regra passa a ser a de que o Conselho delibera por maioria qualificada, salvo disposição em contrário. 
Cada membro pode fazer-se representar por outro membro do Conselho, mas para efeitos de votação, 
cada membro do conselho apenas pode representar um outro estado membro – cada membro do 
Conselho dispõe de um voto. Alem disso, mais do que um membro do governo pode estar presente na 
mesma reunião se forem apresentadas questões sujeitas a departamentos governamentais diferentes do 
mesmo EM. 
http://www.consilium.europa.eu/pt/council-eu/configurations/
https://eeas.europa.eu/headquarters/headquarters-homepage/71427/node/71427_pt
http://www.consilium.europa.eu/pt/council-eu/presidency-council-eu/
http://www.consilium.europa.eu/pt/council-eu/presidency-council-eu/
http://europa.eu/whoiswho/public/index.cfm?fuseaction=idea.hierarchy&nodeid=3780&lang=pt
http://europa.eu/whoiswho/public/index.cfm?fuseaction=idea.hierarchy&nodeid=3780&lang=pt
Susana Figueiredo Administração Publica Europeia 
Hoje a maioria qualificada corresponde a 55% dos membros do conselho, salvo quando o conselho 
não delibera sob proposta da Comissão ou do Alto Representante, neste caso a maioria é de 72% e 
65%, respetivamente (regra de maioria qualificada reforçada). 
O Tratado de Lisboa aumentou o número de matérias em que o Conselho delibera por maioria 
qualificada. 
A votação por maioria qualificada é, na maioria dos casos, introduzida ou alargada para 68 bases jurídicas, 
conjuntamente com a introdução do processo legislativo ordinário. O Conselho Europeu passar a permitir 
decisões do Conselho por maioria qualificada através de um procedimento de revisão simplificado. 
A nomeação do Presidente e dos membros da Comissão, dos membros do Tribunal de Contas, do 
Comité Económico e Social Europeu e do Comité das Regiões processa-se igualmente por votação 
por maioria qualificada. 
Competências 
• Legislativas 
“o Conselho exerce, conjuntamente com o Parlamento Europeu, a função legislativa e a função 
orçamental. O Conselho exerce funções de definição das políticas e de coordenação em conformidade 
com as condições estabelecidas nos Tratados.” 
➔ Sempre foi um órgão legislativo por excelência. 
➔ Crescente partilha de poder legislativo com o PE 
Com base em propostas apresentadas pela

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