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ESCRAVIDÃO

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ESCRAVIDÃO
FUGA E RESISTÊNCIA
FUGAS REIVINDICATIVAS DE ESCRAVOS NA COLÔNIA
Apesar de a escravidão ter ocupado cerca de quatro quintos do que se convencionou chamar de história do Brasil, a abordagem das várias formas de resistência, luta e cotidiano dos trabalhadores escravizados no Brasil ainda não se dá de forma satisfatória. A resistência escrava é tratada como fato esporádico no processo escravista colonial e imperial do Brasil. O texto que é aqui apresentado é uma pequena reflexão, e sugestão de uso de uma fonte histórica, através da qual o professor pode trabalhar com os alunos em sala de aula um tema pouco explorado: as fugas reivindicativas realizadas pelos escravos.
A fonte histórica proposta para o trabalho em sala de aula é denominada de Tratado proposto a Manuel da Silva Ferreira pelos seus escravos durante o tempo em que se rebelaram (elaborada por volta de 1789). Presente em um livro de João José Reis e Eduardo Silva [1], esta fonte histórica está reproduzida em uma publicação do Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (CEAO-UFBA) [2]. Abaixo segue a fonte histórica na íntegra para a análise do leitor.
Meu senhor, nós queremos paz e não queremos guerra; se meu senhor também quiser nossa paz há de ser nessa conformidade, se quiser estar pelo que nós quisermos saber.
Em cada semana nos há de dar os dias de sexta-feira e de sábado para trabalharmos para nós não tirando um destes dias por causa de dia santo.
Para podermos viver nos há de dar rede, tarrafa e canoas.
Não nos há de obrigar a fazer camboas, nem a mariscar, e quando quiser fazer camboas e mariscar mandes os seus pretos Minas.
Para o seu sustento tenha lancha de pescaria ou canoas do alto, e quando quiser comer mariscos mande os seus pretos Minas.
Faça uma barca grande para quando for para Bahia nós metermos as nossas cargas para não pegarmos fretes.
Na planta de mandioca, os homens queremos que só tenham tarefas de duas mãos e meia e as mulheres de duas mãos.
A tarefa de farinha há de ser de cinco alqueires rasos, pondo arrancadores bastantes para estes servirem de pendurarem os tapetes.
A tarefa de cana há de ser de cinco mãos, e não de seis, a dez canas em cada feixe.
No barco há de pôr quatro varas, e um para o leme, e no leme puxa muito por nós.
A madeira que se serrar com serra de mão embaixo hão de serrar três, e um em cima.
A medida de lenha há de ser como aqui se praticava, para cada medida um cortador, e uma mulher para carregadeira.
Os atuais feitores não os queremos, faça eleição de outros com nossa aprovação.
Nas moendas há de pôr quatro moedeiras, e duas guindas e uma carcanha.
Em cada uma caldeira há de haver botador de fogo, e em cada terno de faixas o mesmo, e no dia de sábado há de haver remediavelmente peija no Engenho.
Os marinheiros que andam na lancha além de camisa de baeta que se lhe dá, hão de ter gibão de baeta, e todo vestuário necessário.
O canavial de Jabirú o iremos aproveitar por esta vez, e depois há de ficar para pasto porque não podemos andar tirando canas por entre mangues.
Poderemos plantar nosso arroz onde quisermos, e em qualquer brejo, sem que para isso peçamos licença, e poderemos cada um tirar jacarandás ou qualquer pau sem darmos parte para isso.
A estar por todos artigos acima, e conceder-nos estar sempre de posse da ferramenta, estamos prontos para o servimos como dantes, porque não queremos seguir os maus costumes dos mais Engenhos.
Poderemos brincar, folgar, e cantar em todos os tempos que quisermos sem que nos empeça e nem seja preciso licença.
A apresentação dessas reivindicações foi realizada por escravos crioulos que haviam parado o trabalho, matado o feitor e adentrado nas matas da região com as ferramentas do Engenho Santana, em Ilhéus na Bahia. Segundo os historiadores Manolo Florentino e Márcia Amantino, as prudentemente chamadas fugas reivindicativas, ou escapadelas, tinham muitas vezes por objetivo final obter pequenas conquistas que incidiram em uma maior autonomia do escravo em seu trabalho, sendo uma melhoria das condições de labor na escravidão [3]. Tal situação seria distinta das fugas-ruptura, em que o objetivo principal seria conseguir a liberdade, geralmente nos quilombos. As fugas reivindicativas representariam uma forma de resistência cotidiana dos escravos.
A fonte histórica aqui proposta permite ao professor trabalhar com seus alunos um exemplo de resistência cotidiana, em que os escravos apresentaram ao seu senhor uma série de medidas a serem adotadas nos processos de trabalho para poderem voltar à lida. A diminuição no ritmo de trabalho, a não execução de algumas atividades pelos escravos crioulos, a adoção de dias livres e a liberdade para “brincar, folgar e cantar” são alguns dos anseios dos trabalhadores escravizados.
Há ainda na fonte histórica a tentativa de influir na decisão de nomeação dos feitores, na busca para poder comercializar com custo menor parte da produção que era dos escravos (o que poderia ser acumulado e garantir a alforria) e a liberdade de escolher as áreas de plantios para suas próprias roças. Essa situação permite ao professor apresentar uma perspectiva distinta sobre a escravidão no Brasil, que geralmente não é tratada nos livros didáticos.
Para complementar as informações subsequentes a essa apresentação das reivindicações, é necessário dizer que os escravos foram ludibriados pelo senhor. Este disse que aceitaria as reivindicações caso os escravos voltassem ao trabalho. O que não ocorreu, pois em vez de atender as exigências o senhor prendeu os líderes e encerrou o movimento.
Este não foi o único momento de resistência dos escravos no Engenho Santana. Trinta anos depois da apresentação dessa reivindicação, os escravos ocuparam o engenho entre 1821 e 1824, formando neste último ano um quilombo na propriedade, que seria destruído em 1828.
Tráfico de escravos pelo Atlântico
Sobreviver foi uma tarefa difícil. As mortes eram constantes e a taxa de natalidade muito baixa, por conta disso e pela pouca importância dada à reprodução, houve necessidade constante de importar mão-de-obra, sustentando o tráfico atlântico. Este figurou como atividade lucrativa para um grupo bastante influente de traficantes.
Interior de um navio negreiro, pintura do artista alemão Johann Moritz Rugendas. (aprox. 1830).
É com a chegada dos portugueses na costa atlântica ao sul do Saara, no século XV que as formas de comércio se modificam e o uso da violência passou a ser comum. Cerca de 4,9 milhões de africanos vieram para o Brasil. As plantations e os monopólios eram a base da agricultura escravista e garantiram a escravidão como um negócio lucrativo.
O processo de escravização começava no continente africano. O primeiro movimento era o apresamento pelos traficantes, seguido de uma longa viagem pelo interior da África até a chegada na costa atlântica. Esta viagem obrigava os cativos a percorrerem um longo caminho até a chegada nos portos. Muitos deles não resistiam às doenças ou mesmo ao esforço físico. Os que chegavam aos portos chegavam a esperar um longo tempo até que os navios negreiros tivessem “carga” suficientemente lucrativa para fazer a travessia do atlântico.
A travessia nos navios negreiros era marcada pela violência e pelas condições insalubres. Antes de embarcar os homens e mulheres cativos eram marcados com ferro – ou nas costas ou no peito – como forma de identificação do traficante a quem pertenciam. Um único navio carregava cativos de diversos traficantes e locais de origem. E assim os senhores os preferiam: trabalhadores de etnias e culturas diferentes pois dificultava a comunicação e prevenia a formação de rebeliões e motins.
Entre os séculos XVI e XVIII as caravelas portuguesas tinham capacidade de transportar aproximadamente 500 cativos por viagem. Já os navios a vapor faziam o transporte de aproximadamente 350 escravos, já no século XIX, quando, aos poucos, a escravidão foi sendo abolida em diversas nações do mundo, num processo iniciado pela Inglaterra.
A viagem nos navios tinha como dieta básica o azeitee o milho e, por conta desta alimentação pobre em vitaminas, especialmente a vitamina C, muitos escravizados chegavam com escorbuto, doença bastante comum neste contexto. O fim da travessia se dava com a chegada aos portos brasileiros como os de Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Fortaleza, São Luís e Belém. Os principais portos à época eram os de Salvador e Recife, mas, após a descoberta do ouro na região das Minas Gerais o porto do Rio de Janeiro ganha destaque e passa a receber um número cada vez maior de cativos.
Chegada ao Brasil
A chegada era marcada, inicialmente, pela burocracia. Classificados por sexo e idade posteriormente eram enviados para o local onde se faziam os leilões de escravos, que poderia ser já na alfândega ou nos armazéns próximos à região portuária.
Como chegavam bastante debilitados: doenças, feridas na pele, com vermes e escorbuto e com pouco peso era preciso valorizar a “mercadoria” e para venda os cativos eram limpos, tinham os cabelos e barbas cortados, e passavam óleo na sua pele. Neste momento recebiam uma alimentação mais cuidadosa para melhorar o aspecto. Já para esconder a aparência depressiva – chamada de banzo - causada pela exploração e imigração forçada os cativos recebiam produtos estimulantes como tabaco.
Além da venda in loco os homens e mulheres escravizados eram anunciados nos jornais. Ao buscar os periódicos do período este tipo de anúncio é facilmente encontrado. Postos à venda a partir do seu sexo, idade e etnia a preferência se dava por homens adultos – os mais caros. A venda envolvia garantias: caso o cativo apresentasse alguma doença ou debilidade física nos quinze dias sequentes à venda podia ser devolvido.
Locais de aplicação da mão de obra escrava
Aqui os escravizados foram destinados ao trabalho nos latifúndios de cana de açúcar, nas minas de ouro e diamantes, nas fazendas de café ou mesmo no trabalho doméstico ao longo dos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX. O comércio de homens e mulheres africanos ocasionou na morte e no sofrimento de milhões de pessoas.
Havia distinção entre os cativos domésticos e os do campo. Os destinados às casas-grandes viviam uma vida mais próxima dos senhores, e conheciam a fundo seu cotidiano. Por isso mesmo houve uma delimitação bastante evidente nas casas entre as áreas sociais e de serviço, presentes até hoje nos elevadores de edifícios separados entre social e de serviço, que servem para demarcar os lugares sociais de patrões e empregados. Já os escravizados destinados ao trabalho no campo levavam uma vida mais sacrificada embora ambas as formas de trabalho fossem forçadas e de exploração.
Escravo sendo açoitado em público. Pintura de Johann Moriz Rugendas.
A escravidão foi um processo de extrema violência. A monocultura necessitava um grande número de trabalhadores que eram submetidos a uma rotina de trabalho difícil, pesada, sem lucros para os cativos, força de trabalho da produção latifundiária. O trabalho era intenso e o próprio cotidiano nos engenhos, nas fazendas ou nas minas, já representava uma violência impactante.
Os escravizados eram assombrados pela presença dos castigos físicos e das punições públicas. Várias foram as formas de humilhação. O tronco, o açoite, as humilhações, o uso de ganchos no pescoço ou as correntes presas ao chão representavam a violência a que eram submetidos os cativos. A escravidão é um sistema que só funciona com a presença da violência.
Ainda assim é preciso destacar o papel importante das revoltas e das rebeliões, formas de resistência à exploração imposta, como a experiência dos quilombos – como o de Palmares - e as diversas táticas praticadas para fugir da violência injusta. Homens e mulheres cativos não foram passivos ao sistema a que foram submetidos reagindo das mais variadas formas. Durante a primeira metade do século XIX as rebeliões escravas estavam tirando o sono dos latifundiários, já que a ameaça apresentada pelo exemplo da independência do Haiti ainda era recente e havia indícios de que os africanos escravizados sabiam do processo de abolição e independência haitiana.
Só na Bahia foram mais de 30 revoltas até 1835, sendo a mais conhecida a Revolta dos Malês. Em Minas Gerais também ficou conhecida a rebelião de Carrancas, ocorrida em 1833, no contexto da instabilidade política do Período Regencial. Em 1838, houve, no Rio de Janeiro, a revolta de Manoel Congo, ocorrida no município de Vassouras. Entre 1839 e 1842, a Balaiada no Maranhão também levou preocupação à elite, principalmente pelo grupo de escravos liderados por Cosme Bento das Chagas, que se juntou aos balaios, mas que acabou derrotado e executado.
Todas essas ocorrências servem para que possamos refletir sobre o processo de abolição da escravidão no Brasil. A Abolição da escravidão foi fruto apenas das pressões internacionais, como da Inglaterra, e do movimento abolicionista a partir da década de 1870, composto em sua maioria por pessoas brancas e livres, ou seria a abolição decorrente da luta dos próprios africanos e seus descendentes contra a escravidão?
Estudos historiográficos das últimas décadas do século XX e de início do XXI apontam a existência de um forte movimento de luta contra a escravidão realizada pelos próprios escravos, a força de trabalho que durante quatro séculos criou as riquezas no Brasil.
Apesar de terem sido intensas na primeira metade do século XIX, rebeliões de grande monta se tornaram mais raras na segunda metade do século. Mas em seu lugar as fugas, a formação de quilombos e a resistência cotidiana no trabalho contribuíram para pressionar o Estado a colocar fim à escravidão.
Essas três formas de luta intensificaram-se após o fim do tráfico negreiro em 1850, resultando na formação de quilombos próximos às cidades, na intensificação de ações de resistência e de reprodução das comunidades, como furtos e saques, além de ações contra os senhores e prepostos, que muitas vezes resultavam em mortes.
Esse movimento de resistência foi anterior ao movimento abolicionista e foi por sua virulência, além de ser uma ação autônoma da classe trabalhadora escrava, que houve a pressão que resultou no surgimento da legislação abolicionista.
Dois motivos contribuíram para essa situação: a intensificação do tráfico interprovincial e a chamada crioulização da escravatura, com a maior utilização de escravos nascidos no Brasil.
Com o fim do tráfico internacional de escravos, os cativos passaram a ser comercializados das províncias do Norte e do Sul para as do Sudeste, em ascensão econômica com a produção de café. Muitos desses escravos eram nascidos no Brasil, sendo ainda considerados escravos “indisciplinados”, carregando com eles uma noção de “cativeiro justo”, ao qual impunham parâmetros de formas de organização, bem como de intensidade e métodos de trabalho aos seus senhores.
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A “indisciplina” gerava constantes conflitos com os senhores e feitores, resultando em fugas e, muitas vezes, em mortes. Nesse sentido, as ações realizadas pelos escravos pressionaram o Estado brasileiro, somadas à pressão internacional, a criar uma legislação que garantisse gradualmente a abolição. Gradualmente, pois se temia que uma abolição abrupta levasse o país ao caos econômico, bem como ao estímulo uma revolução.
Os debates para a criação das leis tinham como argumentos os aumentos de rebeliões escravas nas décadas de 1850 e 1860, demonstrando o temor das elites com a resistência à escravidão e também com o perigo de eclodir uma revolução escrava no Brasil. O medo do exemplo do Haiti ainda era presente.
A criação de uma legislação colocava ainda o Estado no meio da relação social existente entre senhor e escravo, situação que não ocorria anteriormente, já que o escravizado era uma propriedade do senhor, livre para dela utilizar como bem queria. Nesse contexto, os escravos souberam utilizar as leis nos tribunais para pressionar seus senhores e, em muitos casos, conseguir a liberdade. Houve um grande aumento de ações judiciais para que fosse possível colocar em prática alegislação que não era aceita pelos senhores, como a que garantia que o escravo podia comprar sua alforria, mesmo contra a vontade do senhor.
Uma senhora e seus escravos na província de São Paulo, fotografia de autor desconhecido
A Lei do Ventre Livre, por exemplo, foi decorrente da preocupação das elites com a mudança da estrutura escrava no Brasil, com um maior número de escravos nascidos no país, o que teria resultado em maiores rebeliões. Libertar as crianças filhas de mães escravas era uma forma de impedir as rebeliões e insatisfações. A imposição do fim do tráfico interprovincial, em 1881, era também uma lei que tinha como preocupação o surgimento de uma guerra civil no Brasil, semelhante à ocorrida nos EUA entre 1861 e 1865.
Por outro lado, houve a concentração de escravos nas mãos de poucos senhores, após o fim do tráfico internacional, em razão da dificuldade de obtê-los e do aumento dos preços. Com isso, o escravismo deixava de ser uma instituição disseminada na sociedade brasileira, o que aos poucos contribuiu para a criação do sentimento abolicionista. Além disso, a liberação de capitais com o fim do tráfico internacional possibilitou o surgimento de setores sociais não comprometidos com o escravismo. Essas circunstâncias explicariam o surgimento dos movimentos abolicionistas a partir de 1870.
Entretanto, ao contrário do que afirmou a historiografia mais tradicional do Brasil, o motor do abolicionismo foram as ações dos escravos, como as fugas e a formação dos quilombos, as rebeliões, a ocupação de terras livres pelos fugidos, a insubmissão das regras de trabalho nas fazendas, demonstrando o protagonismo dos africanos escravizados em seu processo de libertação.
E MESMO DEPOIS DA ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO OS NEGROS SOFRERAM COM O DESCASO DAS AUTORIDADES, PRIVADOS DE DIGNIDADE, PRIVADOS DE UMA VIDA EM SOCIEDADE, NENHUM PROJETO FOI CRIADO PARA O PÓS-ABOLIÇÃO O QUE TORNA, DE CERTA FORMA OS NEGROS CATIVOS ATÉ HJ, ANTES ERAM ESCRAVOS DOS SENHORES, HOJE SÃO ESCRAVO DO PRECONCEITO DE UMA SOCIEDADE MAU DISTRIBUIDA EM QUANTITATIVO DE RENDA E QUE EM MOMENTO NENHUM FOI PENSADA PARA ACOMODAR E BENEFICIAR ESSE POVO QUE FOI TRAZIDO DE TERRAS LONGIQUAS DE ALÉM MAR, ARRASTADOS DE SUAS TRIBOS SACRIFICADOS EM SEUS PROPRIOS DEGETOS.
Bibliografia:Brasil escola,mundo da educação,artigo veja,alunos estudo ,tudo online.

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