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UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CURSO: SERVIÇO SOCIAL DISCIPLINA: FAMÍLIA E SOCIEDADE; SERVIÇO SOCIAL CONTEMPORÂNEO; TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO; LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO; DESENVOLVIMENTO PESSOAL E PROFISSIONAL TUTORA A DISTÂNCIA DATA: 01/05/2017 DESAFIO PROFISSIONAL Um assistente social (você) de uma prefeitura se encontra em uma situação adversa no cotidiano profissional. Veja abaixo: Obs.: A situação a seguir é hipotética e os nomes fictícios, portanto qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Você é o único assistente social na Prefeitura de Mufuruca do Sul, no Rio Grande do Sul, uma cidadezinha com seis mil habitantes, segundo o censo demográfico. O atual prefeito da cidade lhe convocou para uma reunião e lhe solicitou que não faça mais cadastros para famílias receberem benefícios sócios assistenciais, uma vez que é necessário “ensinar a pescar ao invés de dar o peixe”, e enfatizou que você não deve liberar, em nenhuma hipótese, benefícios para famílias com casais homo afetivos, sugerindo que este tipo de arranjo familiar não deve ser considerado. Com a redução de cadastros para fornecimento de benefícios, ele imagina que irá “ganhar pontos” com o Governo Federal, uma vez que dará menos despesa nesse sentido. Durante a reunião, ele foi interrompido por uma ligação, que o fez sair da sala imediatamente, sem retornar. Não tendo como argumentar com ele neste dia, no dia posterior você solicitou à secretária do prefeito que agendasse uma nova reunião com ele sobre esse assunto. Como ele não tinha agenda para a mesma semana, você preferiu redigir um relatório a ele, dissertando sobre seu posicionamento profissional frente à situação exposta no dia anterior. Pontos a considerar: O prefeito se chama Cremildo Afonso Cremencio e respeita muito seu posicionamento profissional, dessa forma, você não tem nenhum receio de expô-lo. PASSO 1 Redigir um texto objetivo sobre a concepção atual de família e os novos arranjos familiares. A família é um processo de articulação de diferentes trajetórias de vida, que possuem um caminhar conjunto e a vivência de relações íntimas, um processo que se constrói a partir de várias relações, como classe, gênero, etnia e idade. Em especial a família é como instituição socializadora de seus membros é o espaço de proteção e cuidado onde as pessoas se unem pelo afeto ou por laços de parentesco, independente do arranjo familiar em que se organize. Diante dessas concepções de família far-se-á um breve resgate histórico sobre a origem da família, buscando destacar os papéis delegados historicamente ao homem e a mulher, bem como o surgimento dos novos arranjos familiares que impossibilitam considerar a família como um modelo único a ser seguido. Segundo Schawartman (1980) a família é uma das instituições mais antigas existentes na sociedade. Ao mesmo tempo em que ela garante a ordem ela também assegura os vínculos e propicia as redes de solidariedade. Para alguns autores, a família é definida como uma comunidade constituída pelo casamento indissolúvel com o fim essencial de gerar, criar e educar a descendência. Contudo a família possibilita a coesão dos membros, e exerce poder dentro e fora da mesma através de mecanismos de vinculação dos membros entre si. Em tempos remotos, o principal objetivo da família era preservar o patrimônio, ampliar a espécie, e legitimar determinados interesses, condutas, desejos e aspirações do grupo. Essa instituição funcionava como um bloco sólido voltado para o clã, ela não formava cidadãos, e sim parentes que tinha sua participação na sociedade estritamente em defesa do grupo, encontravam no limite da casa as fronteiras do mundo. (COSTA, 2004). Sabe-se que no Brasil, há indícios de famílias constituídas, mas que não foram reconhecidas socialmente porque não se originaram do casamento católico nem do civil. São índios, escravos, imigrantes, e demais formas de relacionamentos decorrentes de relações até tidas como ilícita se ilegítimas. Legalmente falando, tem-se a vinda das famílias portuguesas, de seus agregados, e a família que se constituiu originariamente no Brasil, intitulada como família rural. Trata-se de uma família burguesa, latifundiária, que foi tomada como protótipo para a família colonial, devido a sua organização patriarcal, senhorial e hierárquica. Patriarcal porque a base da família era o pai, o mesmo era considerado chefe e autoridade da casa, senhoril no sentido de detenção do poder, pois era considerado imponente e todos lhe deviam obediência e hierarquizada, pois a família era divida em ordens de importância, por exemplo, o pai era a autoridade maior em falta dele a mãe exercia esse papel e assim por diante. Naquele período, havia certa oposição do Estado à família latifundiária, que tinha no pai, o chefe do clã, o controle e o domínio universal, espaço físico, político e espiritual do seu grupo, prejudicando assim, os interesses do Estado. No entanto o Estado moderno utilizou-se da organização familiar, seus valores e regras e segundo Costa (2004) o Estado moderno, voltado para o desenvolvimento industrial, precisava ter o controle demográfico e político da população. O controle era desempenhado juntamente com as famílias buscando disciplinar a prática anárquica da concepção dos filhos e dos cuidados físicos com os mesmos. A família passou, então, a se comprometer com a ordem e o desenvolvimento do Estado, utilizando da organização familiar para construção do mesmo. Essa estratégia utilizada pelo Estado possibilitou o alcance de seus objetivos de manutenção da ordem e progresso deste. O modelo de família nuclear, disseminado e defendido pelas elites portuguesas e brasileiras como sendo o “ideal de família”, era o aceito tanto pelo Estado quanto pela igreja, que considerava família como a união heterossexual com fins de reprodução. Luna (2010) enfatiza que: com a expansão da doutrina cristã, mormente dos dogmas da igreja católica, a família passou a ser vista como aquela constituída através dos laços do casamento. O matrimônio ganhou status de sacramento por meio do qual homem e mulher relacionavam sexualmente a fim de gerar filhos. Para a Igreja Católica, em especial, a manutenção da família era e é de suma importância, pois de acordo com Vilhena (1992), defender e conservar a estabilidade da família contra todos os instrumentos desagregadores significa garantir a paz e a harmonia da sociedade enquanto família e manter a sobrevivência da igreja enquanto instituição dentro do organismo social. Além disso, também se preocupava em manter a organização familiar, pois com a coesão e a estabilidade que a família detinha, a igreja conseguia sustentar sua influência e poder sobre os indivíduos, pois sua desestabilização provocaria um caos para sociedade e a igreja perderia o controle. Para Costa (2004, p. 148) destaca que “a família, a pátria e a igreja não apresentam grupamentos distintos, porém graus diversos da mais vasta e complexa existência coletiva – a humanidade, a qual todos estão unidos por laços indestrutíveis”. Com o tempo, esse modelo de família nuclear foi se dissolvendo, devido às mudanças ocorridas na organização familiar e no mundo contemporâneo relacionados com a perda da tradição, os papeis que antes eram pré estabelecidos perdem seu valor e passam a ser determinados e concebidos a partir de projetos em que o individualismo conta decisivamente e adquire maior importância social. Isso ocorre a partir dos movimentos feministas e com a entrada da mulher no mercado de trabalho, pois ela adquireindependência e passa a assumir um novo papel na sociedade, mudando o perfil da família padrão. Em virtude da independência das mulheres, estas começam a formar famílias sem a presença dos homens, pois percebem que não precisam mais do casamento para sobreviver (LUNA, 2010). A Constituição de 1988 propõe um novo conceito de família, cujo conteúdo deve implicar a inclusão de novos arranjos familiares, ao reconhecer o pluralismo fático em que estes se desenvolvem. Como os direitos sociais assegurados na Constituição Brasileira decorreram de muita reivindicação e pressão dos movimentos sociais tem-se a família, enfaticamente, como referência de proteção social e como célula base da sociedade. Contudo, o entendimento vindouro não é de um tipo de família em especial, mas de famílias, no plural, sinalizando a sua multiplicidade de arranjos, de fundamentos, de constituição e função. Na Constituição Federal de 1988, ocorreu uma grande transformação no Direito de Família. Inseriu-se no texto constitucional a expressão entidade familiar analisada como aquela legitimada não só pelo casamento, mas também por outros vínculos afetivos, como a união estável entre homem e mulher, e a formação das famílias monoparentais que é constituída por um dos pais e seus descendentes. A partir desse novo conceito de família Dias (2001) argumenta: alargou-se o conceito de família, que, além da relação matrimonio lizada, passou a albergar tanto a união estável entre um homem e uma mulher como o vínculo de um dos pais com seus filhos. Para configuração de uma entidade familiar, não mais é exigida, como elemento constitutivo, a existência de um casal heterossexual, com capacidade reprodutiva, pois dessas características não dispõe a família monoparental. A partir desse processo de reconhecimento das famílias em sua diversidade de constituição estima-se a previsão de direitos dos membros que a constitui. Trata-se do direito personalíssimo incorporado ao Direito Civil Brasileiro e que, nesses novos tempos, aponta a sua necessidade de adequação, atualização e de incorporação de direitos e demais demandas das pessoas que hoje sentem a necessidade e o desejo de legitimar a sua união homo afetiva. Os valores culturais são determinados de acordo a cada época, e tudo que não está dentro do padrão estabelecido pela sociedade vigente é considerado como “anormal”, como desvio. Tais situações provocam atos de preconceito, de discriminação a desigualdade e a exclusão latente em todas as sociedades. Para Motta (2010) enfatiza que as uniões envolvendo pessoas do mesmo sexo ainda são bastante estigmatizadas, compreende-se então, como a visão etnocêntrica exerce o poder sobre a imagem e o conceito que a sociedade tem a respeito da homo afetividade. Considerando que o etnocentrismo é um modo de pensar o mundo de forma preconceituosa, sem aceitar as diferenças e olhando pra o grupo do outro como sendo inferior, segundo nossos valores e modelos. A sociedade muitas vezes devido a esse julgamento da cultura do outro, especificamente com relação à orientação sexual, comporta-se com preconceito e “rotulamos e aplicamos estereótipos através dos quais nos guiamos para o confronto cotidiano com a diferença” (ROCHA, 2000, p. 18). PASSO 2 Redigir um texto sobre a importância dos benefícios sociais com relação à situação de vulnerabilidade. É relevante enfatizar que um dos maiores problemas que afligiam os brasileiros, há menos de duas décadas era a questão da miséria, ou seja, da pobreza absoluta. Problema este que inquietou a nação pela vergonha de sua existência, foi notícia anos a fio na mídia internacional e serviu sempre de trava para o país não avançar rumo ao patamar de desenvolvido, visto que sempre serviu de “mancha” para o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do país. E isto inquietou a nação (como disse anteriormente) e suscitou nela o desejo de resolver, ou ao menos tentar resolver esta mazela, a qual atingia muitos de nossos irmãos brasileiros. Eles nem ocupavam espaço na “Pirâmide Social, simplesmente porque estavam abaixo da linha da pobreza”. De acordo com o sociólogo Hérbet de Souza, mesmo abatido e enormemente debilitado pela AIDS, saiu Brasil afora sensibilizando as pessoas por meio de palestras sobre a situação de pobreza do nosso país, e aonde chegava, ele encontrava adesões às suas ideias e ali, com as pessoas convencidas e já imbuídas de seus propósitos, formava “Comitês que tinha como principal meta pensar a sociedade do ponto de vista ético”. Pode-se afirmar que Herbeth de Souza, o Betinho, “gritou aos quatro cantos do Brasil que as pessoas precisavam formar uma corrente contra a fome, “porque não temos mais tempo, estamos correndo contra o tempo, contra esta tragédia que se estabeleceu no país”, dizia Betinho”. O Brasil não pode mais aumentar a sua taxa de indigentes. Não falamos mais de pobreza e sim de indigência – o estado extremo da miséria. Foi, assim, que os Programas Sociais foram, paulatinamente, aparecendo Primeiro, criou-se o Bolsa Escola e Bolsa Alimentação, embora os primeiros programas federais tenham sido criados em 1996 – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e Benefício de Prestação Continuada – BPC. Em 2003, o Governo Federal criou o Programa Bolsa Família com o intuito de unificar os diversos programas de transferência de renda, de modo que no ano de 2006, o Bolsa Família já estava sendo, implementado em todos os 5.563 municípios brasileiros e no Distrito Federal, atingindo mais de onze milhões de pobres. Este projeto partiu da necessidade de ser saber se o Programa “Bolsa Família” estar atingindo, atualmente, o número desejado de famílias; se as pessoas beneficiadas estão sendo monitoradas por órgãos do governo para não desviar os recursos do seu objetivo original; se estes recursos estão resolvendo, momentaneamente, a questão da fome dando condições aos atingidos de procurar meios de sobrevivência a fim de não depender, sempre, de doações do governo. Perceber a pobreza como fenômeno estrutural decorrente da dinâmica histórica no desenvolvimento do capitalismo, enquanto fenômeno complexo, multidimensional e relativo, permite desconsiderar seu entendimento como decorrente apenas da insuficiência de renda e os pobres como apenas um grupo homogêneo com fronteiras bem delimitadas. Permite também desvelar os valores e concepções inspiradoras das políticas de intervenção nas situações de pobreza e suas possibilidades e impossibilidades para sua redução, superação ou apenas regulação. Para tanto, os Programas de Transferência de Renda passam a serem considerados importantes mecanismos para o enfrentamento da pobreza e como possibilidade de dinamização da economia, principalmente em pequenos municípios encontrados em todo o Brasil, tendo em vista que, num ambiente econômico em que prevalece o capitalismo, a intervenção governamental através de políticas redistributivas de renda se faz necessária para garantir o essencial à sobrevivência humana e promover a integração social, reestruturando os estratos da sociedade. Entende-se por Políticas Sociais a intervenção do Estado nas questões sociais existentes, para compensar as distorções decorrentes do processo de desenvolvimento capitalista, que discrimina e faz com que a distância entre ricos e pobres seja cada vez maior. As famílias na sociedade capitalista não dispõem de igualdade de condições sendo que os mais pobres tendem a reproduzir continuamente o ciclo da pobreza: baixo nível educacional, má alimentação e saúde, instabilidade no emprego e baixa renda. Na realidade, Educação, Saúde e Trabalho são direitos universais garantidos pela Declaração Internacional dos Direitos do Homem e pela constituição de diversos países. Entretanto, muito mais do que garantir direitos, a atuação do Estado nesses campos garante, teoricamente, a igualoportunidade de ação dos indivíduos na sociedade. Mais recentemente, em 1993, o direito à alimentação foi equiparado aos demais direitos do homem estabelecidos na Carta dos Direitos Humanos de 1948. Essa mudança fundamental na forma de encarar o acesso à alimentação coloca. Estado na posição de provedor de um direito ao cidadão. Portanto, muito mais que o atendimento ao indivíduo, o Estado estaria cumprindo uma função constitucional a ele atribuída: garantir a segurança alimentar de sua população. Em relação à saúde, existem hospitais e postos distribuídos em cada cidade para atender a população. Mas, não se pode esquecer que o Brasil é um país subdesenvolvido, onde as carências são enormes e os Estados não tem condições de atender a todos os direitos básicos ao mesmo tempo. É importante analisar que as políticas sociais são voltadas para um público em situação mais critica, onde a idéia de focalização abrange os direitos sociais e assume que os recursos não são suficientes para atender a todos. Trata-se de uma política com elevado custo para o Estado, principalmente porque se fala em transferir recursos, como é proposto nos programas de transferências de renda mínima. Se tratando do caso brasileiro, este custo é bem elevado, pois a parcela maior da população que é considerada pobre é a que recebe assistência destes programas. As políticas sociais no Brasil têm como proposta em discutir o trabalho pelo Serviço Social brasileiro, que são as políticas sociais. E tem como base de analisar as políticas sociais, bem como suas características, organização e gestão no desenvolvimento do capitalismo e das lutas profissionais e sociais. O Serviço Social, como profissão inserida na divisão sociotécnica do trabalho, deve ser entendido a partir das configurações expressas pelas relações de classe estabelecidas pelo modelo societário, o capitalismo. Dessa forma, o Serviço Social como uma das profissões responsáveis pela mediação entre Estado, burguesia e classe trabalhadora na implantação e implementação das políticas sociais destinadas a enfrentar a “questão social”, que emergiu na primeira metade do século XIX, com o surgimento do pauperismo, na Europa Ocidental (Pastorini, 2007, p.16), é que ganha hoje, novos contornos a partir do complexo cenário formado pelos monopólios e pelo ideário neoliberal. O estudo das políticas sociais, na área de Serviço Social, vem ampliando sua relevância na medida em que estas se têm constituído como estratégias fundamentais de enfrentamento das manifestações da questão social na sociedade capitalista atual. Historicamente, o estudo das políticas sociais deve ser marcado pela necessidade de pensar as políticas sociais como “concessões ou conquistas”, na perspectiva marxista (Pastorini, 2007, p.85), a partir de uma ótica da totalidade. Dessa forma, as políticas sociais são entendidas como fruto da dinâmica social, da inter-relação entre os diversos atores, em seus diferentes espaços e a partir dos diversos interesses e relações de força. Surgem como “[…] instrumentos de legitimação e consolidação hegemônica que, contraditoriamente, são permeadas por conquistas da classe trabalhadora” (Montaño, 2007, p.39). A política social surge no capitalismo com as mobilizações operárias e a partir do século XIX com o surgimento desses movimentos populares, é que ela é compreendida como estratégia governamental. A expressão “política social” teve origem entre pensadores alemães de meados do século XIX que criaram, em 1873, uma associação para seu estudo. A partir daí, a expressão passou a ser amplamente utilizada, muitas vezes sem uma clareza conceitual. PASSO 3 Pesquisar no site do Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário sobre os benefícios de transferência de renda disponíveis e a quem se destina. Políticas públicas são diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público; regras e procedimentos para as relações entre poder público e sociedade, mediações entre atores da sociedade e do Estado. São, nesse caso, políticas explicitadas, sistematizadas ou formuladas em documentos (leis, programas, linhas de financiamentos) que orientam ações que normalmente envolvem aplicações de recursos públicos. As políticas públicas traduzem, no seu processo de elaboração e implantação e, sobretudo, em seus resultados, formas de exercício do poder político, envolvendo a distribuição e redistribuição de poder, o papel do conflito social nos processos de decisão, a repartição de custos e benefícios sociais. Como o poder é uma relação social que envolve vários atores com projetos e interesses diferenciados e até contraditórios, há necessidade de mediações sociais e institucionais, para que se possa obter um mínimo de consenso e, assim, as políticas públicas possam ser legitimadas e obter eficácia. A presença cada vez mais ativa da sociedade civil nas questões de interesse geral torna a publicização fundamental. As políticas públicas tratam de recursos públicos diretamente ou através de renúncia fiscal (isenções), ou de regular relação que envolve interesses públicos. Elas se realizam num campo extremamente contraditório onde se entrecruzam interesses e visões de mundo conflitantes e onde os limites entre público e privado são de difícil demarcação. Daí a necessidade do debate público, da transparência, da sua elaboração em espaços públicos e não nos gabinetes governamentais. As políticas públicas visam responder a demandas, principalmente dos setores marginalizados da sociedade, considerados como vulneráveis. Essas demandas são interpretadas por aqueles que ocupam o poder, mas influenciadas por uma agenda que se cria na sociedade civil através da pressão e mobilização social. Visam ampliar e efetivar direitos de cidadania, também gestados nas lutas sociais e que passam a ser reconhecidos institucionalmente. É necessário, em relação a cada tipo de política, verificar quais são as estratégicas em determinadas conjunturas. Normalmente, as políticas estratégicas estão sob controle total dos tecnocratas, sem espaços de participação da sociedade, como ocorre com a política econômica, tributária etc. Dessas políticas, que definem fontes de recursos, decorrem várias outras, o que exige sua democratização. A concepção das políticas públicas varia conforme a orientação política. A visão liberal opõe-se à universalidade dos benefícios de uma política social. Para ela, as desigualdades sociais são resultado de decisões individuais, cabendo à política social um papel residual no ajuste de seus efeitos. Na visão social-democrata, concebem-se os benefícios sociais como proteção aos mais fracos, como compensação aos desajustes da supremacia do capital, o que, ao mesmo tempo, garante sua reprodução e legitimação; as políticas públicas têm o papel regulador das relações econômico-sociais, são constituídos fundos públicos para serem utilizados em investimentos em áreas estratégicas para o desenvolvimento e em programas sociais. Essa concepção foi traduzida no sistema do chamado Estado de Bem Estar Social, cujo aparato cresceu muito, levando a uma relativa distribuição de renda e ao reconhecimento de uma série de direitos sociais, mas também a um controle políticos burocrático da vida dos cidadãos considerados como objetos, como meros consumidores de bens públicos. A partir dos anos 70, esse modelo entra em crise devido às mudanças no processo de acumulação, com novas tecnologias, novos padrões de relações de trabalho, provocando o esgotamento das possibilidades de atendimento às necessidades crescentes da população, o burocratismo, a ineficiência do aparelho governamental. A globalização torna o processo de formulação de políticas público mais complexo, por estarem em jogo, agora, em cada país, interesses internacionais representados por forças sociais com um forte poder deinterferência nas decisões quando essas não são diretamente ditadas por organismos multilaterais. As políticas públicas são um processo dinâmico, com negociações, pressões, mobilizações, alianças ou coalizões de interesses. Compreende a formação de uma agenda que pode refletir ou não os interesses dos setores majoritários da população, a depender do grau de mobilização da sociedade civil para se fazer ouvir e do grau de institucionalização de mecanismos que viabilizem sua participação. Com a Constituição de 88, os municípios adquirem a autonomia política, através da elaboração de sua própria lei orgânica e demais leis e da escolha direta de seus governantes. Ampliam sua competência em áreas importantes como a política urbana e transportes coletivos. Apesar do aumento de sua capacidade financeira, a participação dos municípios na receita tributária global não supera os 18 ou 20%. No entanto, eles assumem vários encargos e responsabilidades das outras esferas, o que os obriga a negociar recursos nos diversos programas federais ou estaduais. Com uma frágil base econômica, ao lado da ineficiência administrativa, os recursos próprios na maioria dos municípios não vão além dos 5% do total da receita. Dessa forma, a autonomia de realizar políticas próprias sem vinculação aos programas federais e estaduais é mínima. Os prefeitos, na maioria dos municípios com base político-eleitoral nas elites proprietárias, não assumem os riscos de uma política tributária mais realista. A política econômica neoliberal acentua os impactos sobre o emprego, a renda e as condições de vida nos municípios. Os municípios, até então alheios às questões econômicas, vêem-se pressionados a realizar programas de geração de renda e emprego. Nem assim, eles decidiram a qualquer iniciativa na questão agrícola ou rural, apesar de a maioria deles terem sua sustentação econômica nesse setor. Competências são responsabilidades e encargos atribuídos a cada esfera governamental para realizar sua gestão. São definidas na Constituição Federal e, no caso dos municípios, detalhadas nas Leis Orgânicas. Há competências privativas de cada esfera governamental e as comuns e concorrentes. O município tem ampla autonomia para definir suas políticas e aplicar seus recursos, no caso das competências privativas ou exclusivas. Elas são definidas no art. 30 da Constituição Federal: a) legislar sobre assuntos de interesse local, expressão bastante abrangente, detalhada na Lei Orgânica. b) instituir e arrecadar impostos sobre serviços, predial urbano, transmissão entrevi-vos de bens imóveis, varejo de combustíveis líquidos. O município pode, ainda, regular matérias conforme peculiaridades locais, ou, em caso de omissão de outra esfera, não sendo competência exclusiva, preencher a lacuna. Nas áreas tradicionalmente objeto de políticas públicas, como assistência social, meio ambiente, habitação, saneamento, produção agro-pecuária, abastecimento alimentar, educação, saúde, o município tem competência comum com a União e o Estado, a ser exercida com a cooperação dessas esferas de poder, pela transferência de recursos, ou pela cooperação técnica. Até hoje não regulamentadas, as fronteiras entre as esferas de poder permanecem indefinidas, resultando na superposição de atividades. Importante lembrar que o capítulo da Ordem Social da Constituição assegura, de forma clara, a participação da comunidade e a gestão democrática. Mesmo sem definição clara, o município possui, portanto, bastante competências. As receitas dos fundos de participação são distribuídas com critérios que concentram a renda tributária em poucos municípios, os de maior desenvolvimento econômico. As parcelas transferidas diminuem com a recessão que reduz os recursos e com as políticas de ajuste fiscal que repassam parte dos recursos para fundos como o de Estabilização Fiscal. A administração dos municípios fica ainda mais precária com o desmonte, nos últimos anos, de agências técnicas federais e estaduais que lhe prestavam assistência. Na política neoliberal, a descentralização é, principalmente, a transferência da responsabilidade da execução e custeio de políticas para a família e a sociedade. Em paralelo, mantém-se a transferência de subvenções sociais para entidades indicadas, com critérios político-eleitorais, por parlamentares ou outras instâncias do poder, pulverizando recursos sem priorizar as necessidades da população. Assim, propor, formular e participar da gestão de alternativas de políticas públicas é enorme desafio para a sociedade civil. E só é possível tratando da distribuição e alocação dos recursos públicos e da composição do poder público. A prática da descentralização em algumas áreas: avanços e desafios: Na área da saúde, ocorreu maior a descentralização, em uma política deliberada, resultado de um processo social dinâmico, partindo de experiências concretas, que propiciaram as diretrizes básicas para o modelo implantado em todo o país – o SUS. Apesar de todo o processo de participação, permanecem alguns elementos centralizadores: a aprovação e análise técnica de programas e projetos para repasse de recursos; fixação e centralização de fiscalização de tarifas no Ministério. Quanto à Educação, a descentralização não andou muito. Houve algum avanço, a exemplo da gestão da merenda escolar, mesmo que sem repasse automático de recursos, transferência da rede de escolas técnicas e algumas experiências de descentralização em municípios. Mas permanece a centralização institucional, os recursos centralizados no Fundo Nacional de Educação (FNDE) e na Fundação de Apoio ao Estudante (livro didático e transporte escolar) e utilizados ao sabor das conveniências político-eleitorais e da resistência dos burocratas. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) garante a instalação de Conselhos, além de assegurar ao cidadão e entidades representativas o direito de acionar, por negligência, a autoridade que não garantir o ensino obrigatório. Além do aspecto propriamente educacional, merecem atenção: a) efetivo cumprimento da vinculação constitucional de verbas; b) redistribuição de recursos do salário-educação; c) fixação de critérios para alocação de recursos para material escolar, alimentação e transporte; d) maior participação dos Conselhos na gestão e formulação de políticas; efetiva implementação do Plano de Valorização do Magistério, cujos recursos devem ser controlados por um Conselho específico. A esfera federal permanece alheia à habitação e questão urbana. Há algumas iniciativas localizadas. A Constituição Federal cria alguns instrumentos para viabilizar a definição explícita da competência municipal: a) obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades com população superior a 20 mil habitantes; b) exigência de adequada utilização e aproveitamento do solo urbano; c) concessão do uso de terrenos; d) usucapião urbano A maioria desses direitos não foi ainda regulamentada. Os municípios não podem investir em programas de maior alcance, por falta de recursos e de apoio técnico. Nos últimos anos, os movimentos em torno da questão urbana têm se fortalecido. A Constituição reconhece como direito a Seguridade Social, que inclui a Assistência Social, a Saúde e a Previdência Social, com iguais diretrizes de universalidade, equidade e gestão democrática. A formulação de Assistência Social conseguiu superar a tradição de benemerência e caridade, suportes do fisiologismo e de clientelismo, embora estas práticas ainda dominem. O grande salto foi conceber a Assistência como direito de cidadania, política pública, prevendo ações de combate à pobreza e promoção do bem estar social, articulada às outras políticas, inclusive a econômica. Na prática, este compromisso entre o Estado e a sociedade para a criação de condições dignas de vida não vem se efetivando e a cultura da elite que tutela o carenteainda se mantém. O entendimento constitucional é definido nas LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social, envolvendo ações destinadas à família, maternidade, infância, adolescência, velhice, portadores de deficiências, inserção no mercado de trabalho. Seus princípios são da universalização, respeito à cidadania, igualdade de acesso aos serviços, transparência, descentralização, participação de organizações da sociedade civil na formulação das políticas e no controle das ações e a primazia da responsabilidade do Estado na condução das políticas. Tudo isso esbarra na precariedade e indefinição de recursos. Os municípios recebem a responsabilidade pelas ações, mas dependem de negociações para liberação de recursos, apesar da previsão de Fundos especiais. Os recursos previstos são do orçamento da seguridade social, já muito comprometido com saúde e previdência, ambas deficitárias. A Previdência é uma política universal: estende-se a todos, indistintamente, desde que seus contribuintes. O governo tenta resolver a questão do déficit da Previdência, resultado de sonegação e fraudes, com o aumento do tempo de contribuição e revisão de aposentadorias. Na área rural, há dois problemas fundamentais: a) inexistência de uma regulamentação da forma de contribuição; b) crescente burocratização do processo de comprovação de atividade rural para fins de aposentadoria. O trabalhador excluído do seu direito de aposentadoria O amplia a necessidade da assistência social, já caótica. A lei de política agrícola (8.171 de 17.01.91), do ponto de vista formal, define os princípios fundamentais, objetivos e competências institucionais, prevê recursos, estabelece ações e instrumentos. A lei enfatiza a questão econômica (produtividade, incremento à produção, regularidade de abastecimento), enquanto a Constituição tem por referência a função social da propriedade. Equiparar estas duas dimensões, em nossa estrutura agrária, significa uma opção pelo produtivíssimo e pela tonificação, independente de seus impactos sociais e ambientais. A lei descentraliza a execução dos serviços de apoio ao setor rural, mas centraliza a elaboração da política de desenvolvimento rural, prevendo ações de abrangência ampla, como planejamento, crédito, mecanização ou infra-estrutura. Apesar da existência de um Conselho Nacional, as ações são da responsabilidade do Ministério, com diminuta interferência do Conselho. Quanto aos recursos, prevê- se um Fundo Nacional de Desenvolvimento Rural, sem nenhuma determinação de repasse a municípios ou controle do Conselho. Uma importante conquista foi o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que possibilita: · maior democratização do crédito rural para parte dos agricultores familiares; · recursos para infra-estrutura no município; · capacitação de técnicos e agricultores familiares; · recursos para assistência técnica e extensão rural de infra-estrutura. Apesar dos avanços, frutos da luta do trabalhador rural persistem obstáculos burocráticos, jurídicos, econômicos e políticos, inclusive constitucionais, à efetivação da reforma agrária. A Lei Agrária regulamentou dispositivos constitucionais. As pequenas e médias propriedades estão excluídas de desapropriação para esse fim, mas o trabalho escravo, ainda um realidade, não é punido com confisco de terra. A função social da propriedade é definida muito mais em termos econômicos - produtividade e eficiência, do que em termos sociais e ambientais, tratados de maneira genérica. A questão do crédito fundiário para a agricultura familiar levou o Governo a lançar o banco da terra, que apresenta sérios problemas, como: · A proposta de substituir as desapropriações para reforma agrária pela compra; · O alto custo do financiamento; · A ausência da participação da sociedade na elaboração e gestão. PASSO 4 Discutir em seu grupo sobre o posicionamento e intervenção do prefeito na prática profissional e redigir um texto direcionado a ele, de forma ética e pautada no conhecimento profissional sobre a autonomia da profissão. Senhor Prefeito, Depois do chamado para participar da reunião onde o senhor solicitou que não fosse feito mais cadastros para famílias receberem benefícios socioaasistencias, bem como famílias que tem casais homo afetivos, sugerindo que este tipo de arranjo familiar não deve ser considerado achando que com esta redução de cadastros para fornecimento de benefícios o senhor iria ganhar ponto com o Governo Federal, uma vez que dará menos despesa nesse sentido. Analisando o seu pedido observou-se que o preconceito por parte do senhor para lidar com as pessoas pobres e a diversidade sexual fazendo com o segundo a homofobia seja um problema recorrente na família. Sabe o prefeito precisa ter contato com seu preconceito para poder melhor trabalhar com essa clientela. É necessário que o senhor vivencie tal situação, e o ideal é que juntamente com sua equipe social desenvolva trabalhos para que se coloque no lugar das famílias que sofrem a homofobia e veja como é agressivo ter que esconder o casal homo afetivo. Ao tratar sobre homofobia deve-se ter em mente que se trata de uma questão ligada aos Direitos Humanos, pois a pessoa como ser humano, deverá ser respeitado, independentemente de sua opção sexual. Observa-se que o senhor a todo tempo exclui tanto a pobreza como o homo afetividade. Atualmente com a afirmação das parcerias afetivo-sexuais no cenário contemporâneo, devido à diminuição do preconceito e da intolerância e esses novos conceitos de constituição familiar as pessoas e inclusive o prefeito comecem a enxergar essa relação a partir de uma visão relativista quando se compreende e respeita a cultura do outro nos seus próprios valores e não na forma como se acha correta. Para tanto se sabe que o programa “Bolsa Família”, o governo assegurou, ao menos, a retirada das pessoas das portas das casas, com uma mão estirada suplicando um de pão; um litro de feijão, de milho ou de arroz. Isto, nem de longe, pode ser aceito como a solução absoluta da fome no Brasil; nem o Estado assegura a alimentação à população prevista na Constituição com este programa. Ele foi e continua sendo uma solução paliativa. Este programa teve a propriedade, de matar a fome vergonhosa que assolava nosso país, pois assegurou a compra do alimento mínimo no dia dos brasileiros mais carentes. Educação, saúde e moradia são direitos sociais que devem se disponibilizar para todos. No caso do Brasil, todos os municípios possuem escola para educação infantil e fundamental, que garante a alfabetização das crianças, jovens e adultos. Fico triste em participar de uma reunião onde o preconceito predomina de tal forma que é importante enfatizar que tanto as famílias que recebem bolsa família e as famílias com homo afetividade necessitam do apoio social. Espero que o Senhor reveja as suas colocações com gestor municipal. É preciso muito diálogo e cuidado para não incentivar possíveis preconceitos. Nas ações diárias, nos diálogos familiares, jamais critique os homofônicos, se perceber qualquer atitude de algum preconceito, converse com a pessoa sobre o assunto. A homofobia, assim como qualquer racismo e antissemitismo, não pode ser tolerada. O melhor caminho é estabelecer o diálogo e orientar a cerca da diversidade sexual. Na verdade há muito a fazer, hoje as instituições sociais estão dando os primeiros passos acerca da homofobia. O importante é promover políticas públicas e ações inclusivas de orientação afetivo-sexual, com a integração da família comum todo, que levam o sujeito à sua existência plena de direitos e deveres em sociedade. REFERENCIA BIBLIOGRAFICA CARVALHO, Maria do Carmo Brant de. (Org.) A família contemporânea em debate. São Paulo: Cortez, 2003. http://www.mda.gov.br/sitemda/secretaria/saf-creditorural/sobre-o-programahttp://www.ifcursos.com.br/sistema/admin/arquivos/14-50-59-legislaca0agric0la.pdf ALMEIDA, N. L. T. ET al. Proposta básica para o projeto de formação profi ssional: novos subsídios para o debate. Cadernos Abess. N.7. São Paulo, p.15-57, 1996. AMARO, S. T. A. et al. Serviço social na escola: o encontro da realidade com a educação. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1997. ANDRADE, I. ET al. Serviço Social português e brasileiro: a relação com Lei de Diretrizes e Bases da Educação: Lei nº 9.394/96 – 24 de dez. 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1998. 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