Buscar

DIREITO PENAL AULA HOMICÍDIO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 62 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 62 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 62 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 1 
 
AULA - HOMICÍDIO 
 
I. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PARTE ESPECIAL1 
 
Os dispositivos contidos na Parte Especial do Código Penal dividem-se em três espécies: 
 
1) Normas Penais Incriminadoras: são aquelas que definem as infrações e fixam as respectivas 
penas. 
 
Ex. art. 121, do Código Penal. 
 
Art. 121 - Matar Alguém (preceito primário da norma penal incriminadora) 
 
Pena – reclusão, de seis a vinte anos (preceito secundário) 
 
2) Normas Penais Permissivas: são as que preveem a licitude ou a impunidade de determinados 
comportamentos, apesar de se enquadrarem na descrição típica. 
 
Ex.: art. 128 do Código Penal 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
 
Aborto necessário 
 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando 
incapaz, de seu representante legal. 
 
3) Normas Penais Complementares ou Explicativas: são as que esclarecem outras normas ou 
limitam o âmbito de sua aplicação. 
 
Ex.: Art. 327 do Código Penal. 
 
Funcionário público 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente 
ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade 
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução 
de atividade típica da Administração Pública. 
 
 
1 Material preparado com base na obra: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Especial, volume II: introdução à teoria 
geral da parte especial: crimes contra a pessoa. 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 2 
 
A Parte Especial do Código penal possui 11 títulos, que por sua vez, foram subdivididos em 
capítulos, individualizando pormenorizadamente os bens juridicamente protegidos pelos tipos penais 
incriminadores: 
 
- TÍTULO I – CRIMES CONTRA A PESSOA; 
- TÍTULO II - CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO; 
- TÍTULO III – CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL; 
- TÍTULO IV – CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO; 
- TÍTULO V – CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS 
MORTOS; 
- TÍTULO VI – CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL; 
- TÍTULO VII – CRIMES CONTRA A FAMÍLIA; 
- TÍTULO VIII – CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA; 
- TÍTULO IX – CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA; 
- TÍTULO X – CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA; 
- TÍTULO XI – CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 
 
A Parte Especial do Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940) foi 
publicada no Diário Oficial da União em 31 de dezembro de 1940, já tendo se passado, portanto, mais 
de sete décadas desde então, motivo suficiente para que seja estudada com olhos críticos, visto que 
a sociedade, decorridos aproximadamente setenta anos, mudou radicalmente. 
 
Rogério Greco nos chama a atenção para o fato de que bens que à época da promulgação do 
código eram tidos como de extrema importância, hoje já perderam o seu valor, razão pela qual ressalta 
a importância da análise dos princípios penais fundamentais, que terão por finalidade apontar as 
debilidades daquelas infrações penais que já não se fazem mais necessárias. 
 
Importante salientar ainda que a Parte Especial do Código Penal foi ao longo dos anos modificada 
por meio de reformas pontuais. 
Novos artigos foram criados, outros modificados, enfim, embora antiga, a parte especial do Código 
Penal sofreu profundas modificações que tiveram o condão de, em algumas situações, fornecer-lhe uma 
aparência jovial, cuidando de temas que não mereceram a atenção do legislador original, a exemplo da 
inserção do capítulo correspondente aos crimes contra as finanças públicas, inserido no Título XI, 
relativo aos crimes contra a Administração Pública, feita pela Lei nº 10.028, de 19 de outubro de 
2000; ou, ainda, a modificação do art. 149, por intermédio da Lei nº 10.803, de 11 de dezembro de 
2003, que prevê o delito de redução à condição análoga à de escravo; sem falar na Lei nº 10.886, de 
17 de junho de 2004, que criou o delito de violência doméstica, inserindo dois parágrafos (9º e 10º) 
ao art. 129 do Código Penal, além de muitas outras modificações. 
 
Do exposto, conclui-se que é de suma importância a reinterpretação dos tipos penais da Parte 
Especial do Código Penal que foram recepcionados pelo texto de nossa Lei Maior, permitindo, com isso, 
uma visão garantista, protetora dos direitos de liberdade de todos os cidadãos, merecendo sempre ser 
lembrada a máxima de von Liszt quando dizia ser o Código Penal a “Carta Magna do delinquente.” 
 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 3 
 
Interpretar os tipos penais incriminadores requer, portanto, uma visão libertária, 
entendendo-se o tipo penal como garantia, e não como carrasco do cidadão. 
 
Sobre a atualizações da Parte Especial do Código Penal é muito interessante a seguinte 
observação de Rogério Greco: 
Merece ser destacado o fato de que, ao longo de todos esses anos de vigência da Parte 
Especial do Código Penal, várias modificações foram sendo realizadas, como dissemos, por meio 
de reformas pontuais. Percebeu-se, a exemplo daquilo que aconteceu com o Código Civil, hoje em 
vigor, e com o projeto de Código de Processo Penal, que ainda se encontra “guardado” no 
Congresso Nacional por algum parlamentar, que introduzir no ordenamento jurídico um novo 
Código seria missão quase impossível, uma vez que, dada a sua particularidade, ou seja, ao fato 
de possuir centenas de artigos, caso um congressista não viesse a concordar com a redação de 
tão somente um deles, pediria vista para sua análise e, consequentemente, comprometeria a 
discussão de todo o projeto. 
O recurso às reformas pontuais, portanto, foi visto como uma alternativa que teria o condão 
de atualizar a legislação em vigor, inserindo novos tipos penais, ou mesmo retirando aqueles que 
fugissem à nossa realidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
II. PARTE ESPECIAL – TÍTULO I – CRIMES CONTRA A PESSOA 
 
A divisão da Parte Especial do Código Penal tem como critério o bem juridicamente protegido. 
 
Foi somente a partir do Código Penal de 1940 que a Parte Especial teve início com os chamados 
Crimes contra a Pessoa, ressaltando-se, dessa forma, sua importância. 
 
Os Códigos que o antecederam, vale dizer, o Código Criminal do Império do Brasil (1830) e o 
primeiro Código Penal publicado durante o período republicano, denominado Código Penal dos Estados 
Unidos do Brasil (1890), iniciavam sua Parte Especial com os crimes contra a existência política do 
Império e os crimes contra a existência política da República, demonstrando, com isso, a 
preponderância do Estado sobre o cidadão. 
 
O Título I da Parte Especial do Código Penal cuida somente dos CRIMES CONTRA A PESSOA 
e está divido em 6 (seis) capítulos: 
 
a) Capítulo I - “Dos crimes contra a vida”; 
Composto pelos artigos121 à 128, os quais trazem 4 tipos penais com seus desdobramentos: 
- Homicídio; 
- Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio; 
- Infanticídio; 
- Aborto. 
 
b) Capítulo II - “Das lesões corporais”; 
Composto pelo artigo 129, o qual tipifica o crime de lesão corporal e seus desdobramentos. 
 
c) Capítulo III - “Da periclitação da vida e da saúde”; 
Composto pelos artigos 130 à 136, os quais trazem 8 tipos penais com seus desdobramentos: 
- Perigo de contágio venéreo; 
- Perigo de contágio de moléstia grave; 
- Perigo para a vida ou saúde de outrem; 
- Abandono de incapaz; 
- Exposição ou abandono de recém-nascido; 
- Omissão de socorro; 
- Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial; 
- Maus-tratos. 
 
d) Capítulo IV - “Da rixa”; 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 5 
 
Composto somente pelo artigo 137 que tipifica o crime de rixa. 
 
e) Capítulo V - “Dos crimes contra a honra”; 
Composto pelos artigos 138 ao 145, os quais trazem 3 tipos penais com seus desdobramentos: 
- Calúnia; 
- Difamação; 
- Injúria. 
 
f) Capítulo VI - “Dos crimes contra a liberdade individual”. 
Composto pelos artigos 146 ao 154-B, sendo o capítulo mais longo do Título I, subdivide-se em três 
seções: 
- Seção I – Crimes contra a liberdade individual: 
 Constrangimento ilegal; 
 Ameaça; 
 Sequestro e cárcere privado; 
 Redução à condição análoga à de escravo; 
 Tráfico de pessoas. 
- Seção II – Crimes contra a inviolabilidade do domicílio; 
- Seção III – Crimes contra a inviolabilidade de correspondência: 
 Violação de correspondência; 
 Correspondência comercial. 
- Seção IV – Crimes contra a inviolabilidade dos segredos: 
 Divulgação de segredo; 
 Violação do segredo profissional; 
 Invasão de dispositivo informático; 
 Ação penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. CRIMES CONTRA A VIDA: art. 121 à 128 
FERNANDO CAPEZ cita a seguinte lição de Nelson Hungria: 
“A pessoa humana, sob duplo ponto de vista material e moral, é um dos mais relevantes objetos da 
tutela penal. Não a protege o Estado apenas por obséquio ao indivíduo, mas, principalmente, por exigência 
de indeclinável interesse público ou atinente a elementares condições da vida em sociedade. Pode-se dizer 
que, à parte os que ofendem ou fazem periclitar os interesses específicos do Estado, todos os crimes 
constituem, em última análise, lesão ou perigo de lesão contra a pessoa”. 
 
A distinção classificadora (crimes contra a pessoa) justifica-se apenas porque tais crimes são 
os que mais imediatamente afetam a pessoa. 
 
ROGÉRIO SANCHES CUNHA destaca que: 
“dos crimes contra a pessoa, destacam-se aqueles que eliminam a vida humana, considerada o bem 
jurídico mais importante do homem, razão de ser de todos os demais interesses tutelados, merecendo 
inaugurar a Parte Especial do nosso Código. É evidente que essa colocação não implica o 
estabelecimento de hierarquia entre as normas incriminadoras, mas serve para extrair a importância”. 
 
Como visto acima, são 4 (quatro) os crimes contra a VIDA: 
 
- HOMICÍDIO (artigo 121, caput, e §§ 1° a 7°); 
 
- AUXÍLIO, INDUZIMENTO OU INSTIGAÇÃO AO SUICÍDIO (artigo 122); 
 
- INFANTICÍDIO (artigo 123); 
 
- ABORTO (artigo 124 a 128) 
 
ATENÇÃO: CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA – SÃO JULGADOS PELO TRIBUNAL DO JÚRI 
(ART. 5º, XXXVIII, “d”, da CF). 
 
Obs.: Todos os crimes contra a vida são julgados pelo Tribunal do Júri, menos o HOMICÍDIO 
CULPOSO (ART. 121, §3º, CP) 
 
 1.1 HOMICÍDIO 
O Código Penal traz a seguinte sistemática: 
 
1) Homicídio doloso simples (Art. 121, caput, do CP); 
 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 7 
 
2) Homicídio doloso privilegiado (Art. 121, §1º, do CP); 
 
3) Homicídio doloso qualificado (Art. 121, §2º, I, II, III, IV, V, VI e VII do CP); 
 
Obs.: artigo 121, §2°-A, do CP, explica nos incisos I e II o que se entende por “razões de 
condição de sexo feminino”, a fim de caracterizar FEMINICÍDIO); 
 
4. Homicídio culposo (Art. 121, §3º, do CP); 
 
5. Homicídio culposo majorado (Art. 121, §4º, primeira parte, do CP); 
 
6. Homicídio doloso majorado (Art. 121, §4º, segunda parte, do CP); 
 
7. Perdão Judicial no homicídio culposo (Art. 121, §5º, do CP); 
 
8. Causa de aumento de pena se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de 
prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio (Art. 121, §6°, do CP); 
 
9. Causas de aumento de pena nos casos de feminicídio (Art. 121, §7°, do CP). 
 
 Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
 
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos. 
 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena 
de um sexto a um terço. 
 
Homicídio qualificado 
§ 2º Se o homicídio é cometido: 
 
I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
 
II – por motivo fútil; 
 
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 
que possa resultar perigo comum; 
 
IV – à traição, de emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido; 
 
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
 
Feminicídio 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 8 
 
VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino; 
 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes 
do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência 
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição: 
 
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 
 
§ 2º-A. Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
 
I – violência doméstica e familiar; 
 
II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
 
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 
Aumento de pena 
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância 
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não 
procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar a prisão em flagrante. Sendo doloso o 
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
 
§ 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências 
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
 
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, 
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3(um terço) até a metade se o crime for praticado: 
 
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
 
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; 
 
III – na presença de descendente ou de ascendente da vítima. 
 
O PRIMEIRO HOMICÍDIO 
Conforme no lembra Rogério Greco, a Bíblia relata a história do primeiro homicídio, cometido 
por Caim, contra seu irmão Abel, em Gênesis, Capítulo 4, versículo 8. 
 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 9 
 
Caim agiu impelido por um sentimento de inveja, pois Deus havia se agradado da oferta trazida pelo 
seu irmão Abel e rejeitado a dele. Dessa forma, Caim chamou Abel para com ele ir ao campo e, lá, o matou. 
Pelo fato de ter causado a morte de seu irmão, Deus puniu Caim, amaldiçoando-o, fazendo com que 
passasse a ser um fugitivo e errante pela Terra. Caim, prevendo que também seria morto como vingança 
pelo crime por ele praticado, disse a Deus, em Gênesis 4, versículos 13 a 16: 
“É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo. Eis que hoje me lanças da face da 
Terra, e da tua presença hei de esconder-me; serei fugitivo e errante pela Terra; quem comigo se 
encontrar me matará. O SENHOR, porém, lhe disse: Assim qualquer que matar Caim será vingado 
sete vezes. E pôs o SENHOR um sinal em Caim para que o não ferisse de morte quem quer que o 
encontrasse. Retirou-se Caim da presença do SENHOR e habitou na terra de Node, ao oriente do 
Éden.” 
 
Como regra, no instante imediatamente seguinte ao do crime praticado, o homicida percebe as 
consequências de seu ato. É tomado, então, por um sentimento de medo, incerteza, insegurança, 
fragilidade... A partir daquele instante, ele se tornará um fugitivo de si mesmo. 
 
A Bíblia ainda faz a distinção entre o homicídio doloso e aquele praticado culposamente. 
Para este último, foram criadas as cidades de refúgio, destinadas a acolher o agente que, de maneira 
culposa, causou a morte de alguém, a fim de não ser morto, também, pelo vingador de sangue. Aquele que 
passasse a viver nessas cidades de refúgio estaria a salvo da vingança privada. 
Se, entretanto, o homicídio fosse doloso, não importando o lugar onde estivesse o agente, ele seria 
entregue nas mãos do mencionado vingador para que morresse. 
 
Há, também, criminosos frios, que sentem prazer ao ver o sofrimento da vítima, que praticam 
atrocidades inomináveis, como temos presenciado nos meios de comunicação. Valores são deixados de 
lado, para darem lugar a sentimentos desprezíveis. Filhos causando a morte de seus pais, com a finalidade 
de herdar-lhes os bens, maridos matando suas esposas para ficarem com suas amantes, enfim, o delito de 
homicídio, dentre todas as infrações penais, é aquele que requer estudo mais detalhado, dada a sua 
complexidade. 
 
HOMICÍDIO SIMPLES, PRIVILEGIADO E QUALIFICADO 
O HOMICÍDIO SIMPLES, previsto no caput do art. 121 do Código Penal, cuja pena de reclusão varia 
de 6 (seis) a 20 (vinte) anos, possui a redação mais compacta de todos os tipos penais incriminadores, 
que diz: matar alguém. 
 
É composto, portanto, pelo NÚCLEO MATAR e pelo ELEMENTO OBJETIVO ALGUÉM. 
 
Matar tem o significado de tirar a vida. 
Alguém, a seu turno, diz respeito ao ser vivo, nascido de mulher. Somente o ser humano vivo 
pode ser vítima do delito de homicídio. 
 
Assim, o ato de matar alguém tem o sentido de ocisão da vida de um homem por outro homem. 
 
Dessa forma, podemos identificar, com clareza, nesse tipo penal, o seu núcleo, o sujeito ativo, o 
sujeito passivo, o objeto material, bem como o bem juridicamente protegido. 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 10 
 
 
O HOMICÍDIO PRIVILEGIADO está previsto no § 1º do art. 121 do Código Penal. 
O homicídio privilegiado é uma causa especial de redução de pena, a qual incide no terceiro 
momento da sua aplicação. 
 
O HOMICÍDIO QUALIFICADO sujeita à pena de reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos, para 
quem mata alguém: 
I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
 
II – por motivo fútil; 
 
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, 
ou de que possa resultar perigo comum; 
 
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou 
torne impossível a defesa do ofendido; 
 
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; 
 
VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (inserido pela Lei nº 13.104, de 
9 de março de 2015); e 
 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função 
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro 
grau, em razão dessa condição (inserido pela Lei nº 13.142, de 6 de julho de 2015). 
 
Por ser qualificado, o homicídio previsto no § 2º do art. 121 possui parâmetro de pena próprio, qual 
seja, de 12 a 30 anos. 
 
As qualificadoras serão analisadas detidamente no momento oportuno. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
Crime comum, tanto no que diz respeito ao sujeito ativo, quanto ao sujeito passivo; simples; de 
forma livre (como regra, pois existem modalidades qualificadas que indicam os meios e modos para a 
prática do delito, como ocorre nas hipóteses dos incisos III e IV), podendo ser cometido dolosa ou 
culposamente, comissiva ou omissivamente (nos casos de omissão imprópria, quando o agente possuir 
status de garantidor); de dano; material; instantâneo de efeitos permanentes; não transeunte; 
monossubjetivo ou de concurso enventual; plurissubsistente (vários atos que fazem parte de uma única 
conduta); podendo figurar, também, a hipótese de crime de ímpeto (como no caso da violenta emoção, 
logo em seguida à injusta provocação da vítima). 
 
SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 11 
 
Sujeito ativo do delito de homicídio pode ser qualquer pessoa, haja vista tratar-se de um delito 
comum, uma vez que o tipo penal não delimita sua prática por determinado grupo de pessoas que possua 
alguma qualidade especial. 
 
Sujeito passivo, da mesma forma, também pode ser qualquer pessoa, em face da ausência de 
qualquer especificidade constante do tipo penal. É, portanto, o ser vivo, nascido de mulher. 
 
Também somente haverá homicídio se, ao tempo da ação ou da omissão, a vítima se encontrava 
com vida, pois, caso contrário, estaremos diante da hipótese de crime impossível, em razão da absoluta 
impropriedade do objeto. 
 
IRMÃOS SIAMESES OU XIFÓPAGOS 
Rogério Greco nos traz situação que merece análise mais aprofundada, mesmo que incomum: o 
homicídio praticado por xifópagos, ou irmãos siameses. 
1. Se ambos, de comum acordo, resolverem matar alguém, serão condenados pelo delito de 
homicídio, se não houver qualquer causa que exclua a ilicitude ou afaste a culpabilidade, 
devendo, portanto, se for o caso, cumprir as penas a eles aplicadas. 
 
2. A partir do momento do início do cumprimento da pena, ou no caso em que não agiam unidos 
pelo vínculo psicológico, na hipótese em que um deles não queria causar a morte da vítima, 
o raciocínio se torna mais interessante, mesmo que tão somente acadêmico,pois, até o momento, 
nunca ouvimos falar de “xifópagos homicidas.” 
 
Contudo, as soluções seriam as seguintes: 
1. como os irmãos siameses possuem, cada qual, sua personalidade distinta da do outro, no 
momento de fixação da pena, levando em consideração, principalmente, o art. 59 do Código 
Penal, podem receber, ao final do cálculo relativo ao critério trifásico previsto pelo art. 68 do 
Código Penal, penas diferentes, sendo um deles, por exemplo, punido mais severamente 
do que o outro. O que fazer na hipótese, quase que inimaginável, de um dos irmãos 
siameses já ter conquistado o tempo para que possa ser colocado em liberdade, enquanto 
o outro, não? Nesse caso, sendo impossível a separação cirúrgica, ambos devem ser colocados 
em liberdade, sob pena de se tornar ilegal a prisão daquele que havia alcançado esse direito. 
 
2. Como segunda hipótese, colocamos o caso de homicídio praticado por um dos xifópagos, sem 
que tenha havido o acordo de vontade do outro, ou seja, sem que se possa falar em concurso 
de pessoas. 
Nesse caso, como professa Bento de Faria, “a decisão deve ser proferida em favor da 
liberdade,” razão pela qual o irmão siamês que não desejava o resultado morte não poderá ser 
punido, reflexamente, em virtude do comportamento do outro irmão, sendo que a solução será a 
impunidade do fato. 
 
3. Podem os siameses, contudo, ser vítimas, também, do delito de homicídio. Se o agente 
queria a morte de ambos, a questão é relativamente simples, devendo responder por dois crimes 
de homicídio, em concurso formal impróprio, uma vez que, por exemplo, ao atirar contra os 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 12 
 
xifópagos, agia com desígnios autônomos, almejando a morte de ambos, devendo, outrossim, de 
acordo com a parte final do art. 70 do Código Penal, ser aplicadas cumulativamente as penas. 
 
4. O que fazer, entretanto, na hipótese em que o agente era, por exemplo, amigo de A e 
inimigo de B, e queria tão somente causar a morte deste último, mesmo sabendo que eram 
siameses inseparáveis cirurgicamente? 
 Hungria, com o auxílio de Manzini, responde a essa indagação dizendo: 
“No caso dos indivíduos duplos ou xifópagos, ter-se-á sempre um duplo homicídio doloso, ainda 
que a ação imediata do criminoso tenha atingido um só dos seres unidos. É o que observa Manzini: ‘se o 
criminoso queria matar ambos os irmãos siameses, é claro que responde por dois homicídios dolosos, em 
concurso material; se sua ação era determinada pelo propósito de matar um só, implicava, por necessidade 
lógica e biológica, a vontade de matar ambos, de vez que a morte de um determina, normalmente, também 
a morte do outro, e, assim, quanto a esta, subsiste o dolo eventual’. No caso excepcionalíssimo, em que 
uma pronta e eficaz intervenção cirúrgica logre salvar a vida de um deles, o réu responderá por homicídio 
consumado e tentativa de homicídio.” 
 
Rogério Greco discorda sobre a conclusão relativa ao elemento subjetivo do agente que dirige sua 
conduta contra um dos irmãos siameses. Se o resultado com relação a ambos seria certo, mesmo que o 
agente quisesse a morte somente de um deles, atuaria com dolo direto de primeiro grau com relação à 
vítima cuja morte queria causar, e dolo direto de segundo grau com relação ao siamês, cujo resultado 
não pretendia inicialmente, mas que, em razão da situação, seria certo de acontecer, visto que são 
inseparáveis. 
Se, por um milagre, o irmão siamês sobreviver, agora sim, inevitavelmente, deverá responder pelo 
homicídio consumado, em concurso com a tentativa de homicídio, uma vez que, tratando-se de dolo 
eventual, não admitimos tal possibilidade (esta é uma grande celeuma na doutrina, qual seja, a 
compatibilidade ou não da tentativa com o dolo eventual; prevalece na doutrina a compatibilidade dos 
institutos). 
 
Dessa forma, será tão somente admitida a tentativa nas hipóteses de dolo direto, sendo ele de 
primeiro ou segundo grau, não se admitindo tal possibilidade quando o dolo for eventual, conforme já 
discorremos no estudo correspondente à parte geral do Código Penal, para onde remetemos o leitor. 
 
Importante: 
A Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83) especializou o homicídio no que diz respeito ao 
seu sujeito passivo, cominando pena de reclusão, de 15 (quinze) a 30 (trinta) anos, nas hipóteses de 
serem vítimas de homicídio: 
- Presidente da República; 
- Presidente do Senado Federal; 
- Presidente da Câmara dos Deputados; 
- Presidente Supremo Tribunal Federal, conforme se verifica da leitura de seu art. 29. 
 
OBJETO MATERIAL E BEM JURIDICAMENTE PROTEGIDO 
Objeto material do delito é a pessoa contra a qual recai a conduta praticada pelo agente. 
 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 13 
 
Bem juridicamente protegido é a vida e, num sentido mais amplo, a pessoa, haja vista que o delito 
de homicídio encontra-se inserido no capítulo correspondente aos crimes contra a vida, no Título I do Código 
Penal, que prevê os crimes contra a pessoa. 
 
O caput do art. 5º de nossa Constituição Federal assevera que todos são iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País 
a inviolabilidade do direito à vida [...]. 
 
Embora a Lei Maior nos tenha assegurado esse direito, a vida pode ser considerada como um 
direito absoluto do cidadão? 
A resposta a essa indagação só pode ser negativa. Isso porque, mesmo sendo o mais importante 
de todos, o direito à vida não é absoluto, pois a Constituição da República, mesmo que excepcionalmente, 
permitiu a pena de morte, nos casos de guerra declarada, nos termos do seu art. 84, XIX. 
 
Outras exceções são o estado de necessidade e a legítima defesa. 
 
Início da proteção à vida: a proteção da vida, por intermédio do art. 121 do Código Penal, começa 
a partir do início do parto, encerrando-se com a morte da vítima. 
 
Rogério Greco anota que o trabalho de parto inicia-se com a dilatação do colo do útero ou 
com o rompimento da membrana amniótica, sendo o parto normal, ou a partir das incisões das 
camadas abdominais, no parto cesariana. 
 
Mesmo que haja vida intrauterina, poderá ocorrer o delito em estudo. 
 
A prova da vida, portanto, é indispensável à caracterização do homicídio. 
Hungria afirma: 
“Somente pode ser sujeito passivo do homicídio o ser humano com vida. Mas o que é vida? 
Ou, mais precisamente: como ou quando começa a vida? Dizia Gasper: ‘viver é respirar; não ter 
respirado é não ter vivido’. Formulado assim irrestritamente, não é exato o conceito, ainda mesmo 
que se considerasse vida somente a que se apresenta de modo autônomo, per se stante, já 
inteiramente destacado o feto do útero materno. A respiração é uma prova, ou melhor, a infalível 
prova da vida; mas não é a imprescindível condição desta, nem a sua única prova. O neonato apneico 
ou asfíxico não deixa de estar vivo pelo fato de não respirar. Mesmo sem respiração, a vida pode 
manifestar-se por outros sinais, como sejam o movimento circulatório, as pulsações do coração etc. 
É de notar-se, além disso, que a própria destruição da vida biológica do feto, no início do parto (com 
o rompimento do saco amniótico), já constitui homicídio, embora eventualmente assuma o título de 
infanticídio.” 
 
Como se pode perceber pelas lições de Hungria, iniciado o parto (normal ou cesárea), comprovada 
a vitalidade do nascente, ou seja, aquele que está nascendo, ou do neonato, isto é, o que acabou de nascer, 
já podemos pensar, em termos de crimes contra a vida, nodelito de homicídio, ou, caso tenha sido praticado 
pela gestante, sob a influência do estado puerperal, no crime de infanticídio. 
 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 14 
 
Quanto à possibilidade de ocorrência do delito de homicídio, ainda havendo vida intrauterina, 
mesmo depois de já ter sido iniciado o parto, há divergência em nossa doutrina. 
 
Cezar Roberto Bitencourt, com precisão, esclarece: 
“A vida começa com o início do parto, com o rompimento do saco amniótico; é suficiente a 
vida, sendo indiferente a capacidade de viver. Antes do início do parto, o crime será de aborto. Assim, 
a simples destruição da vida biológica do feto, no início do parto, já constitui o crime de homicídio.” 
 
Em sentido contrário, Ney Moura Teles afirma que “homicídio é a destruição da vida humana 
extrauterina, praticada por outro ser humano.” 
 
Acreditamos não haver necessidade de vida extrauterina para que se possa falar em 
homicídio. 
O início do parto encerra, na verdade, a possibilidade de prática do delito de aborto e dá início 
ao raciocínio dos crimes de homicídio e infanticídio. 
 
IMPORTANTE: a inviabilidade de o feto permanecer vivo depois do rompimento do cordão 
umbilical não afasta a ocorrência do delito de homicídio. 
 
Ex.: feto anencéfalo. 
 
Fim da vida: com a morte encerra-se a proteção pelo art. 121 do Código Penal. 
 
A Lei nº 9.434/97, que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano 
para fins de transplante e tratamento, especificando o momento em que se considera extinta a vida, 
diz em seu art. 3º: 
 
Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a 
transplante ou tratamento deverá ser precedida de DIAGNÓSTICO DE MORTE ENCEFÁLICA, constatada 
e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a 
utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina. 
 
EXAME DE CORPO DE DELITO 
Tratando-se de crime material, infração penal que deixa vestígios, o homicídio, para que possa ser 
atribuído a alguém, exige a confecção do indispensável exame de corpo de delito, direto ou indireto, 
conforme determinam os arts. 158 e 167 do Código de Processo Penal, verbis: 
 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto 
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
 
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a 
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
 
Conforme esclarece Eugênio Pacelli de Oliveira: 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 15 
 
“Deixando vestígios a infração, a materialidade do delito e/ou a extensão de suas 
consequências deverão ser objeto de prova pericial, a ser realizada diretamente sobre o objeto 
material do crime, o corpo de delito, ou, não mais podendo sê-lo, pelo desaparecimento inevitável 
do vestígio, de modo indireto. 
O exame indireto será feito também por meio de peritos, só que a partir de informações 
prestadas por testemunhas ou pelo exame de documentos relativos aos fatos cuja existência se 
quiser provar, quando então se exercerá e se obterá apenas um conhecimento técnico por dedução.” 
 
Somente na ausência completa de possibilidade de realização do exame de corpo de delito, 
seja ele direto, seja indireto, é que a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta, nos termos 
preconizados pelo art. 167 do Código de Processo Penal. 
 
Estamos com Cezar Roberto Bitencourt quando preleciona: 
“Uma coisa é afirmarem as testemunhas que viram tais ou quais aspectos ou vestígios, e outra 
é os peritos concluírem através da análise realizada pela existência da materialidade do crime. Todos 
recordam a fatídica perda do saudoso Ulysses Guimarães, em 1992, com a queda do helicóptero no 
mar. Aquela situação poderia dar lugar ao exame indireto do corpo de delito ou, dependendo das 
circunstâncias, ser este suprido pela prova testemunhal. Se tivessem sido encontrados no fundo do 
mar vestígios da queda do helicóptero, com pertences da vítima, destroços com peças de seu 
vestuário ou até partes de seu organismo, caberia o exame indireto de corpo de delito, a ser realizado 
pelos peritos. Contudo, se nada disso fosse encontrado, o exame indireto seria impossível, mas 
poderia ser suprido pela prova testemunhal, inquirindo-se alguém que tivesse presenciado o 
embarque na aeronave, o sobrevoo do mar com dificuldades de sustentação e a própria queda no 
mar; estar-se-ia diante da hipótese do art. 167 do CPP.” 
 
ELEMENTO SUBJETIVO 
O elemento subjetivo constante do caput do art. 121 do Código Penal é o dolo, ou seja, a vontade 
livre e consciente de matar alguém. 
O agente atua com o chamado animus necandi ou animus occidendi. A conduta do agente, 
portanto, é dirigida finalisticamente a causar a morte de um ser humano 
 
Admite-se que o delito seja cometido a título de dolo direto quando o agente quer, efetivamente, a 
produção do resultado morte, ou quando assume o risco de produzi-lo, atuando, outrossim, com dolo 
eventual. 
 
Pode ocorrer, portanto, o homicídio, tanto a título de dolo direto, seja ele de primeiro ou de 
segundo grau, como eventual. 
 
MODALIDADES COMISSIVA E OMISSIVA 
Comissivo: agente dirige sua conduta com o fim de causar a morte da vítima. 
 
Omissivo: agente deixa de fazer o que estava obrigado em virtude da sua qualidade de garantidor 
(crime omissivo impróprio), conforme preconizado pelo art. 13, § 2º, alíneas a, b, e c, do Código Penal. 
 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 16 
 
Exemplo de crime omissivo impróprio: mãe que, na qualidade de garantidora de seu filho recém-
nascido, almejando a sua morte, não lhe fornece a alimentação necessária à sua sobrevivência. 
 
A redação contida no art. 121 do Código Penal, portanto, prevê um comportamento comissivo, que 
poderá, entretanto, ser praticado via omissão, em virtude da posição de garante ocupada pelo agente. 
 
MEIOS DE EXECUÇÃO 
 Delito de forma livre, o homicídio pode ser praticado mediante diversos meios, que podem ser 
subdivididos em: 
a) diretos: disparo de arma de fogo, esganadura etc. 
b) indiretos: ataque de animais açulados pelo dono, loucos estimulados etc. 
c) materiais: meios mecânicos, químicos, patológicos etc. 
d) morais: susto, medo, emoção violenta etc. 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
A consumação do delito de homicídio ocorre com o resultado morte, já mencionado, sendo, in casu, 
perfeitamente admissível a tentativa, tendo em vista tratar-se de crime material e plurissubsistente, sendo 
possível a hipótese de fracionamento do iter criminis. 
 
Mesmo que o resultado morte ocorra dias, ou meses após a prática da conduta levada a efeito pelo 
agente, para fins de aplicação da lei penal, considera-se praticado o crime, nos termos do art. 4º do Código 
Penal, no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
 
Mas atenção: O termo inicial da prescrição, conforme determinam os incisos I e II do art. 111 do 
Código Penal, levará em consideração: 
 
I – o dia em que o crime se consumou; vale dizer, no caso do delito de homicídio, quando ocorrer, 
efetivamente, a morte da vítima; 
 
II – no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa.HOMICÍDIO PRIVILEGIADO 
O § 1º do art. 121 do Código Penal cuida do chamado homicídio privilegiado. 
 
Trata-se de uma causa especial de diminuição de pena. 
 
O mencionado parágrafo cuida de duas situações DISTINTAS: 
 
a) Na sua primeira parte, a minorante será aplicada quando o agente comete o crime impelido por 
motivo de relevante valor social ou moral. 
 
b) Na segunda parte, leva-se em conta o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta 
provocação da vítima. 
 
Na qualidade de minorante ou causa de diminuição de pena, deverá ser aplicada a redução de um 
sexto a um terço no terceiro momento previsto pelo art. 68 do Código Penal. 
 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 17 
 
Embora a lei diga que o juiz pode reduzir a pena, não se trata de faculdade do julgador, senão 
direito subjetivo do agente em ver diminuída sua pena, quando seu comportamento se amoldar a 
qualquer uma das duas situações elencadas pelo parágrafo. 
 
Luiz Regis Prado, analisando o dispositivo em questão, esclarece: 
“A redução de pena expressamente consignada no citado dispositivo seria obrigatória ou meramente 
facultativa? Trata-se de questão assaz conflitiva, cuja solução não é unitária. Parte da doutrina divisa que a 
diminuição da sanção penal imposta é facultativa, já que a própria Exposição de Motivos (Decreto--lei nº 
2.848/40) se pronunciava nesse sentido. De outro lado, defende-se a obrigatoriedade da atenuação da pena, 
com lastro na soberania do júri, constitucionalmente reconhecida (art. 5º, XXXVIII, CF). Com efeito, sendo o 
homicídio delito de competência do Tribunal do Júri, ter-se-ia manifesta violação da soberania dos veredictos 
na hipótese de não realização pelo juiz da atenuação prevista, se reconhecido o privilégio ínsito no § 1º do 
art. 121. O entendimento mais acertado é o de que a redução é imperativa.” 
 
Assim, presentes todos os elementos constantes do § 1º do art. 121 do Código Penal, reconhecida 
a causa de diminuição pelo Tribunal do Júri, importa ao julgador tão somente a fixação do quantum da 
redução, não podendo levar a efeito qualquer juízo sobre a possibilidade ou não de sua aplicação. 
 
Motivo de relevante valor social ou moral 
Os elementos que integram a primeira parte do § 1º do art. 121 do Código Penal são os seguintes: 
motivo de relevante valor social e motivo de relevante valor moral. 
 
O motivo que impeliu o agente a praticar o homicídio deve ser relevante. 
O primeiro raciocínio a ser feito, portanto, diz respeito à comprovação da relevância. Caso não seja 
relevante, isto é, não goze de certa importância, coletiva ou individual, mesmo que tenha valor social ou 
moral, não poderá servir como causa de diminuição de pena. 
 
Preceitua Rogério Greco que relevante valor social é aquele motivo que atende aos interesses 
da coletividade. Não interessa tão somente ao agente, mas, sim, ao corpo social. 
A morte de um traidor da pátria, no exemplo clássico da doutrina, atenderia à coletividade, 
encaixando-se no conceito de valor social. 
Podemos traçar um paralelo com a morte de um político corrupto por um agente revoltado com a 
situação de impunidade no país, em que o Direito Penal, de acordo com sua característica de seletividade, 
escolhe somente a classe mais baixa, miserável, a fim de fazer valer a sua força. 
 
Relevante valor moral é aquele que, embora importante, é considerado levando-se em conta 
os interesses do agente. 
Seria, por assim dizer, um motivo egoisticamente considerado, a exemplo do pai que mata o 
estuprador de sua filha. 
As hipóteses de eutanásia também se amoldam à primeira parte do § 1º do art. 121 do Código Penal. 
 
Nas precisas lições de Fernando Capez, eutanásia: 
“Significa boa morte. É o antônimo de distanásia. Consiste em pôr fim à vida de alguém, cuja 
recuperação é de dificílimo prognóstico, mediante o seu consentimento expresso ou presumido, com a 
finalidade de abreviar-lhe o sofrimento. Troca-se, a pedido do ofendido, um doloroso prolongamento de sua 
existência por uma cessação imediata da vida, encurtando sua aflição física. Pode ser praticada mediante 
um comportamento comissivo (eutanásia ativa) 
ou omissivo (forma passiva).” 
 
Quando o agente causa a morte do paciente já em estado terminal, que não suporta mais as dores 
impostas pela doença da qual está acometido, impelido por esse sentimento de compaixão, deve ser 
considerado um motivo de relevante valor moral, impondo-se a redução obrigatória da pena. 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 18 
 
 
Merece ressaltar que, em ambas as hipóteses, a diminuição deve ser aplicada, em decorrência do 
menor juízo de censura que recai sobre a conduta do agente que atua amparado por uma dessas 
motivações. 
 
Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima 
 
São vários os elementos que devem se fazer presentes para que o agente possa ter o direito subjetivo 
de ver diminuída sua pena, a saber: 
a) sob o domínio; b) violenta emoção; c) logo em seguida; d) injusta provocação da vítima. 
 
a) Quando a lei penal usa a expressão sob o domínio, isso significa que o agente deve estar 
completamente dominado pela situação. 
Caso contrário, se somente agiu influenciado, a hipótese não será de redução de pena em virtude 
da aplicação da minorante, mas tão somente de atenuação, em face da existência da circunstância prevista 
na alínea c do inciso III do art. 65 do Código Penal (sob a influência de violenta emoção, provocada 
por ato injusto da vítima). 
Isso significa que a injusta provocação levada a efeito pela vítima fez com que o agente perdesse a 
sua capacidade de autocontrole, levando-o a praticar o ato extremo. 
 
b) Emoção, na lição de Hungria: 
“É um estado de ânimo ou de consciência caracterizado por uma viva excitação do sentimento. 
É uma forte e transitória perturbação da efetividade, a que estão ligadas certas variações somáticas ou 
modificações particulares das funções da vida orgânica (pulsar precipite do coração, alterações térmicas, 
aumento da irrigação cerebral, aceleração do ritmo respiratório, alterações vasimotoras, intensa palidez ou 
intenso rubor, tremores, fenômenos musculares, alteração das secreções, suor, lágrimas etc.).” 
 
A punição daquele que atua sob o domínio de violenta emoção se compatibiliza com a regra 
contida no inciso I do art. 28 do Código Penal, que diz não excluir a imputabilidade penal a emoção 
ou a paixão. 
 
c) A expressão logo em seguida denota relação de imediatidade, de proximidade com a provocação 
injusta a que foi submetido o agente. Isso não significa, contudo, que logo em seguida não permita 
qualquer espaço de tempo. 
O que a lei busca evitar, com a utilização dessa expressão, é que o agente que, provocado 
injustamente, possa ficar “ruminando” a sua vingança, sendo, ainda assim, beneficiado com a diminuição da 
pena. 
Devemos entender a expressão logo em seguida utilizando um critério de razoabilidade. 
 
Guilherme de Souza Nucci, analisando a expressão em estudo, preleciona: 
“O aspecto temporal – logo em seguida – deve ser analisado com critério e objetividade, constituindo 
algo imediato, instantâneo. Embora se admita o decurso de alguns minutos, não se pode estender o conceito 
para horas, quiçá dias. Um maior espaço de tempo entre a injusta provocação e a reação do agente deve 
ser encaixado na hipótese da atenuante, mas jamais do privilégio.” 
 
d) Finalmente, merece destaque, também, a locução injusta provocação. 
 
INJUSTA PROVOCAÇÃO X INJUSTA AGRESSÃO 
 
Não se deve confundir injusta provocação (que permite a redução de pena),com injusta 
agressão (a qual permite legítima defesa). 
 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 19 
 
No escólio de Assis Toledo, é preciso: 
“Não confundir, como se tem feito por vezes, ‘provocação’ não intencional com ‘agressão’. Embora 
a agressão possa ser uma provocação (um tapa, um empurrão) nem toda provocação constitui verdadeira 
agressão (pilhérias, desafios, insultos). Nesta última hipótese é que não se deve supervalorizar a provocação 
para permitir-se, a despeito dela, a legítima defesa quando o revide do provocado ultrapassar o mesmo nível 
e grau da primeira. Em outras palavras: uma provocação verbal pode ser razoavelmente repelida com 
expressões verbais, não com um tiro, uma facada ou coisa parecida. Se o provocado chega a estes 
extremos, não há como negar ao provocador a possibilidade de defesa, com as ressalvas inicialmente 
feitas.” 
 
Contudo, o que para alguns poderá ser considerado mera provocação, para outros terá o cunho de 
agressão. A distinção é extremamente subjetiva em algumas situações. 
 
Exemplo de Rogério Greco: 
Imaginemos que determinado agente, sensível a qualquer tipo de brincadeira que atinja os seus 
brios, esteja caminhando em direção à sua residência quando, de repente, percebe que um de seus vizinhos, 
sabendo dos seus limites, começa a enviar-lhe beijos jocosos. O agente, não suportando aquela situação e 
entendendo que sua honra estava sendo agredida, vai ao encontro daquele que, segundo o seu 
entendimento, o atingia moralmente e o agride, querendo, com isso, fazer cessar a suposta agressão contra 
a sua honra. 
 
Do exemplo fornecido podem surgir duas consequências: 
a) o ato de enviar beijos pode ser considerado mera provocação e, como tanto, não permite 
ao agente atuar em legítima defesa, servindo, tão somente, como circunstância atenuante (art. 65, III, 
c), em caso de ser ele condenado por ter praticado o delito tipificado no art. 129 do Código Penal, pois o 
fato pode ser considerado típico, antijurídico e culpável; 
 
b) se considerarmos que os beijos enviados ao agente consistiam numa agressão à sua honra 
subjetiva, terá ele atuado em legítima defesa e, assim, a sua conduta, embora típica, não poderá ser 
considerada ilícita, devendo ser absolvido por não ter cometido infração penal alguma. 
 
O próprio Código Penal faz menção, mesmo que implicitamente, à provocação, distinguindo-a da 
agressão, a exemplo dos arts. 59 (comportamento da vítima), 65, III, c (sob a influência de violenta emoção, 
provocada por ato injusto da vítima), e 121, § 1º (logo em seguida à injusta provocação da vítima). 
 
Nos serve de reflexão o § 1º do art. 121 do Código Penal, que prevê o crime de homicídio 
privilegiado: 
A segunda parte do § 1º diz que se o agente comete o crime sob o domínio de violenta emoção, logo 
em seguida à injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Ora, se o que ocorre é mera causa de redução de pena, é sinal de que se o agente reage a uma 
injusta provocação e causa a morte do provocador, pratica uma conduta típica, antijurídica e 
culpável. 
Fica claro que não se trata de injusta agressão, a qual daria ensejo à legítima defesa (excludente de 
ilicitude) e não apenas à minorante. 
 
Numa de suas brilhantes passagens, dissertando sobre o homicídio privilegiado, mais 
especificamente sobre a injustiça da provocação, assim se posiciona Nélson Hungria: 
“A injustiça da provocação deve ser apreciada objetivamente, isto é, não segundo a opinião 
de quem reage, mas segundo a opinião geral, sem se perder de vista, entretanto, a qualidade ou 
condição das pessoas dos contendores, seu nível de educação, seus legítimos melindres. Uma 
palavra que pode ofender a um homem de bem já não terá o mesmo efeito quando dirigida a um 
desclassificado. Por outro lado, não justifica o estado de ira a hiperestesia sentimental dos alfenins e 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 20 
 
mimosos. Faltará a objetividade da provocação, se esta não é suscetível de provocar a indignação de uma 
pessoa normal e de boa-fé. 
É bem de ver que a provocação injusta deve ser tal que contra ela não haja necessidade de 
defesa, pois, de outro modo, se teria de identificar na reação a legítima defesa, que é causa 
excludente de crime.” 
 
HOMICÍDIO QUALIFICADO 
 
 
As qualificadoras estão divididas em quatro grupos, em razão dos quais a pena relativa ao crime 
de homicídio passa a ser a de reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos, a saber: 
 
a) MOTIVOS 
I (paga ou promessa de recompensa, ou por motivo torpe); 
 
II (motivo fútil); 
 
VI (contra a mulher por razões da condição de sexo feminino) e 
 
VII (contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função 
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro 
grau, em razão dessa condição). 
 
b) MEIOS 
No inciso III, diz a lei penal que qualifica o homicídio o emprego de veneno, fogo, explosivo, 
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum, apontando, 
assim, os meios utilizados na prática da infração penal. 
 
c) MODOS 
No inciso IV, o Código Penal arrolou, a título de qualificadoras, os modos como a infração penal é 
cometida, vale dizer, à traição, de emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte 
ou torne impossível a defesa do ofendido. 
 
 
d) FINS 
No inciso V, o homicídio é qualificado pelos fins quando for levado a efeito para assegurar a 
execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime. 
 
IMPORTANTE: o § 2º do art. 121 do Código Penal prevê uma modalidade de tipo derivado 
qualificado. 
Isso significa que todas as qualificadoras devem ser consideradas como circunstâncias, e não 
como elementares do tipo. 
Tal raciocínio se faz mister pelo fato de que o art. 30 do Código Penal determina: 
 
Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando 
elementares do crime. 
 
Dessa forma, embora duas pessoas possam, agindo em concurso, ter causado a morte de 
alguém, uma delas poderá ter praticado o delito impelida por um motivo fútil, não comunicável ao 
coparticipante, enquanto o outro poderá, por exemplo, responder pela infração penal com a redução 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 21 
 
de pena relativa ao § 1º do mencionado artigo, visto ter agido impelido por um motivo de relevante 
valor moral. 
 
RELEMBRANDO: As circunstâncias do crime podem ser: 
 
a) objetivas (materiais ou reais): se relacionam com os meios e modos de realização do crime, 
tempo, ocasião, lugar, objeto material e qualidades da vítima. 
 
b) subjetivas (ou pessoais): só dizem respeito à pessoa do participante, sem qualquer relação com 
a materialidade do delito, como os motivos determinantes, suas condições ou qualidades pessoais e 
relações com a vítima ou com outros concorrentes. 
 
Observando-se que a participação de cada concorrente ADERE À CONDUTA E NÃO À 
PESSOA dos outros participantes, devemos estabelecer as seguintes regras quanto às 
circunstâncias do homicídio, aplicáveis à coautoria: 
 
1ª) não se comunicam as circunstâncias de caráter pessoal (de natureza subjetiva); 
 
2ª) a circunstância objetiva não pode ser considerada no fato do partícipese não entrou na 
esfera de seu conhecimento. 
 
Rogério Greco ensina que toda vez que os tipos penais estiverem ligados entre si pelos seus 
parágrafos estaremos diante dos chamados tipos derivados, e não de delitos autônomos. 
 
ESTUDO DAS QUALIFICADORAS 
 
1. Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe. 
Ab initio, deve ser ressaltado que a lei penal, usando o recurso da interpretação analógica, aponta 
que tanto a paga quanto a promessa de recompensa são consideradas motivos torpes. 
 
Torpe é o motivo abjeto que causa repugnância, nojo, sensação de repulsa pelo fato praticado pelo 
agente. 
 
Aníbal Bruno, com precisão, afirma: 
“Torpe é o motivo que contrasta violentamente com o senso ético comum e faz do agente um 
ser à parte no mundo social-jurídico em que vivemos. Entram nessa categoria, por exemplo, a cobiça, 
o egoísmo inconsiderado, a depravação dos instintos. Assim, a ambição de lucro de quem pratica 
homicídio para receber um prêmio de seguro ou apressar a posse de uma herança, ou eliminar um 
coerdeiro, ou fazer desaparecer um credor inoportuno; o propósito de dar morte ao marido para abrir 
caminho aos amores com a esposa; o prazer de matar, a libido de sanguine, dos velhos práticos, 
essa rara e absurda satisfação que o agente encontra na destruição da vida de outrem e que vem 
muitas vezes associada a fatos de natureza sexual ou constitui expansão do sentimento monstruoso 
de ódio aos outros homens; o impulso mórbido de lascívia que conduz o agente a atos de necrofilia.” 
 
São exemplos de motivo torpe trazido pelo CP a paga e a promessa de recompensa: 
 
A paga é o valor ou qualquer outra vantagem, tenha ou não natureza patrimonial, recebida 
antecipadamente, para que o agente leve a efeito a empreitada criminosa. 
 
Promessa de recompensa, como a própria expressão está a demonstrar, o agente não recebe 
antecipadamente, mas, sim, existe uma promessa de pagamento futuro. 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 22 
 
O agente responderá por esse delito mesmo que não a receba após o cometimento do crime e ainda 
que o mandante não tivesse a intenção, desde o início, de cumpri-la. Isso porque o que qualifica o homicídio, 
nesse inciso I, é o motivo pelo qual o agente atuou. 
 
Rogério Greco ensina: 
Afirmamos que a paga e a promessa de recompensa não necessitam possuir natureza 
patrimonial, embora parte da doutrina se posicione contrariamente a esse entendimento, como veremos 
adiante. 
 
Tal ilação faz-se necessária considerando-se uma interpretação sistêmica do Código Penal. Os tipos 
penais devem ser analisados de acordo com os seus capítulos e títulos, buscando-se, outrossim, chegar a 
uma interpretação mais coerente com o sistema no qual está inserido. Assim, as qualificadoras da paga e 
da promessa de recompensa pertencem ao delito de homicídio, que, por sua vez, encontra-se inserido no 
capítulo correspondente aos crimes contra a vida, também contido no Título relativo aos crimes contra a 
pessoa. 
 
Não há, portanto, nenhuma limitação interpretativa a ele correspondente, como acontece com aquela 
que devemos levar a efeito quando do estudo do art. 159 do Código Penal, assim redigido: 
 
Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como 
condição ou preço do resgate: 
 
Que vantagem seria essa mencionada pelo art. 159 do Código Penal? Poderia ter qualquer 
natureza, ou somente aquela de natureza patrimonial? 
Interpretando sistemicamente o mencionado artigo, verificamos que ele está inserido no capítulo 
correspondente aos crimes de roubo e extorsão, que, por sua vez, encontram-se no Título II, concernente 
aos crimes contra o patrimônio. Aqui, portanto, de acordo com essa interpretação, a vantagem exigida pelo 
art. 159 do Código Penal só pode ser aquela de natureza patrimonial, ao contrário do art. 121, que não limita 
ao patrimônio o seu bem juridicamente protegido. 
 
Em sentido contrário, trazemos à colação as lições de Luiz Regis Prado: 
“Questiona-se se a recompensa visada limita-se à retribuição de ordem econômica ou se o 
legislador também albergou, no presente dispositivo, a contraprestação sem valor patrimonial. 
Sustenta-se, por um lado, que a qualificadora em análise engloba inclusive a recompensa destituída 
de valor econômico, isto é, considera-se que a expressão ‘promessa de recompensa’ comporta 
motivos outros que, embora não econômicos, possam ser equiparados a estes (v.g., promessa de 
casamento, promessa de obtenção de cargo político etc.). Todavia, predomina o entendimento 
segundo o qual a recompensa deve ter, para a configuração da qualificadora, conteúdo econômico. 
Embora não se negue que motivos não econômicos possam perfeitamente figurar como móvil do 
delito, não foram estes incluídos no âmbito da qualificadora. O fundamento de maior reprovabilidade 
reside na desvaloração do motivo, de forma que a admissão de motivos não econômicos implicaria 
a necessidade de determinação, em cada caso, da especial reprovabilidade dos mesmos, o que 
criaria grande insegurança jurídica. Deveria ser analisado, concretamente, se a promessa de um 
cargo público, de matrimônio ou de um favor sexual, por exemplo, configuraria ou não motivos 
torpes e, por isso, particularmente reprováveis. Por essa razão, acertada a posição dominante que 
considera que a paga ou a promessa de recompensa devam ter conteúdo econômico. Pode o juiz, 
porém, avaliar o motivo não econômico quando da fixação da pena-base (art. 59. CP).” 
 
Deverá o mandante responder, também, pelo homicídio qualificado pelo simples fato de ter 
prometido vantagem para que alguém o praticasse? 
Entendemos que não. Isso porque, como já esclarecemos acima, todas as qualificadoras devem 
ser consideradas como circunstâncias. Aquele que recebe a paga ou aceita a promessa de recebimento da 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 23 
 
vantagem para que pratique o homicídio o faz por um motivo torpe. Pode ser, inclusive, que o mandante 
possuísse um motivo de relevante valor moral, que não se confundirá com aquele que motivou o executor a 
cometer o homicídio. 
 
Ex.: Imagine a hipótese na qual um pai de família, trabalhador, honesto, cumpridor de seus deveres, 
em virtude de sua situação econômica ruim, tenha de residir em um local no qual impera o tráfico de drogas. 
Sua filha, de apenas 15 anos de idade, foi estuprada pelo traficante que dominava aquela região. Quando 
soube da notícia, não tendo coragem de, por si mesmo, causar a morte do traficante, contratou um justiceiro, 
que “executou o serviço.” 
O mandante, isto é, o pai da menina estuprada, deverá responder pelo delito de homicídio simples, 
ainda com a diminuição de pena relativa ao motivo de relevante valor moral. 
Já o justiceiro, autor do homicídio mercenário, responderá pela modalidade qualificada. 
 
2. Motivo fútil. 
 
Fútil é o motivo insignificante, que faz com que o comportamento do agente seja desproporcional. 
Segundo Heleno Fragoso, “é aquele que se apresenta, como antecedente psicológico, 
desproporcionado com a gravidade da reação homicida, tendo-se em vista a sensibilidade moral 
média.” 
 
Ex.: o cliente que mata o garçom por entregar-lhe o troco errado, ou aquele que mata seu devedor 
que não havia quitado, no tempo prometido, sua dívida de R$ 1,00 (um real). 
 
Enfim, motivo fútil é aquele no qual há um abismo entre a motivação e o comportamento 
extremo levado a efeito pelo agente. 
 
ATENÇÃO: crime sem motivo x motivo fútil. 
 
Afirma Damásio de Jesus: 
“O motivo fútil não se confunde com a ausência de motivo. Assim,se o sujeito pratica o fato 
sem razão alguma, não incide a qualificadora, nada impedindo que responda por outra, como é o 
caso do motivo torpe.” 
 
Rogério Greco discorda: se o agente pratica o homicídio valendo-se de um motivo insignificante, 
qualifica-se o crime; se não tem qualquer motivo, ou seja, menos ainda que o motivo insignificante, o 
homicídio é simples. Não conseguimos, portanto, entender o tratamento diferenciado. 
 
Fernando Capez, também afirma que “matar alguém sem nenhum motivo é ainda pior que matar 
por mesquinharia, estando, portanto, incluído no conceito de fútil.” 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
A qualificadora do motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP) é compatível com o homicídio praticado 
com dolo eventual? 
A pessoa que cometeu homicídio com dolo eventual pode responder pela qualificadora de 
motivo fútil? 
1ª corrente: SIM. O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o resultado morte, aspecto 
caracterizador do dolo eventual, não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por motivo 
fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a 
conduta, mostrando-se, em princípio, compatíveis entre si. 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 24 
 
STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/03/2012. 
 
2ª corrente: NÃO. A qualificadora de motivo fútil é incompatível com o dolo eventual, tendo 
em vista a ausência do elemento volitivo. 
STJ. 6ª Turma. HC 307.617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis 
Júnior, julgado em 19/4/2016 (Info 583). 
 
Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP), na hipótese de homicídio 
supostamente praticado por agente que disputava "racha", quando o veículo por ele conduzido - em 
razão de choque com outro automóvel também participante do "racha" - tenha atingido o veículo da 
vítima, terceiro estranho à disputa automobilística. Motivo fútil corresponde a uma reação 
desproporcional do agente a uma ação ou omissão da vítima. No caso de "racha", tendo em conta 
que a vítima (acidente automobilístico) era um terceiro, estranho à disputa, não é possível considerar 
a presença da qualificadora de motivo fútil, tendo em vista que não houve uma reação do agente a 
uma ação ou omissão da vítima. 
STJ. 6ª Turma. HC 307.617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis 
Júnior, julgado em 19/4/2016 (Info 583). 
 
IMPORTANTE: Tratando-se de homicídio com duas ou mais qualificadoras, poderá qualquer uma 
delas servir para qualificar a infração penal, sendo que as demais serão utilizadas como circunstâncias 
agravantes, no segundo momento de aplicação da pena, determinado pelo art. 68 do Código Penal. 
 
As circunstâncias agravantes relativas aos motivos fútil e torpe estão previstas pela alínea a do 
inciso II do art. 61 do diploma repressivo. 
 
 
2. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, 
ou de que possa resultar perigo comum 
Assim, como no inciso I do § 2º, utilizou a lei penal o recurso da interpretação analógica, vale dizer, 
a uma fórmula casuística – veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura –, o legislador fez seguir uma fórmula 
genérica – ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum. 
 
A técnica de interpretação analógica tem por objetivo a efetividade do princípio da isonomia, no qual 
situações idênticas merecerão o mesmo tratamento pela lei penal. 
 
O item 38 da Exposição de Motivos do Código Penal traduz o que vem a ser meio insidioso ou 
cruel, dizendo ser aquele o meio dissimulado na sua eficiência maléfica, e este, ou seja, o cruel, o que 
aumenta inutilmente o sofrimento da vítima, ou revela uma brutalidade fora do comum ou em 
contraste com o mais elementar sentimento de piedade. A expressão perigo comum significa que o meio 
utilizado pelo agente, além de causar dano à vítima, traz perigo a outras pessoas. 
 
Insidioso, portanto, é o meio utilizado pelo agente sem que a vítima dele tome conhecimento. 
 
Cruel, a seu turno, é aquele que causa um sofrimento excessivo, desnecessário à vítima enquanto 
viva, obviamente, pois a crueldade praticada após a sua morte não qualifica o delito. 
Esquartejar uma pessoa ainda viva se configura em meio cruel à execução do homicídio; esquartejá-
la após a sua morte já não induz a ocorrência da qualificadora, mas atrai o crime de destruição de cadáver 
(art. 211 do CP). 
 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 25 
 
São exemplos de meios insidiosos ou cruéis trazidos pelo CP: 
 
Veneno, segundo os conceitos, respectivamente, de Almeida Júnior, Taylor e Fonzes Diacon, é: 
“a) toda substância que, atuando química ou bioquimicamente sobre o organismo, lesa a 
integridade corporal ou a saúde do indivíduo ou lhe produz a morte; b) toda substância, que, 
introduzida, por absorção, no sangue, é capaz de afetar seriamente a saúde ou destruir a vida; c) 
uma substância química definida que, introduzida no organismo, age, até a dose tóxica, 
proporcionalmente à massa e ocasiona desordens, podendo acarretar a morte.” 
 
Ex.: Imagine-se a hipótese em que o agente, querendo causar a morte da vítima, fazendo-a saber 
que trazia consigo certa quantidade de veneno, por ser fisicamente mais forte, a subjuga, abrindo-lhe a boca, 
para, logo em seguida, deitar-lhe o veneno “goela abaixo.” A vítima, no caso em exame, sabia que faria a 
ingestão do veneno letal. 
 
Pergunta-se: Deverá o autor do homicídio responder pelo delito com a qualificadora do 
emprego de veneno? 
Na segunda parte do aludido inciso, quando a lei faz menção à sua fórmula genérica, usa, 
inicialmente, a expressão meio insidioso, dando a entender que o veneno, para que qualifique o delito 
mediante esse meio, deverá ser ministrado insidiosamente, sem que a vítima perceba que faz a sua 
ingestão. 
Caso contrário, ou seja, caso a vítima venha a saber que morrerá pelo veneno, que é forçada a 
ingerir, o agente deverá responder pelo homicídio, agora qualificado pela fórmula genérica do meio 
cruel. 
 
Aníbal Bruno, com precisão, afirma: 
“O uso do veneno é um dos meios de dar morte com dissimulação, entregue a vítima indefesa 
à atuação do criminoso, porque inconsciente da manobra que vai tirar-lhe a vida. É pela insídia 
característica dessa maneira de matar, que dela se faz uma causa de qualificação do homicídio. Se a 
vítima sabe que se trata de substância venenosa e a ingere sob coação, a insídia é substituída pela 
crueldade e a qualificação persiste.” 
 
Utilização de fogo também qualifica o homicídio, uma vez que se trata de meio extremamente cruel 
à sua execução. 
 
Explosivo é o meio utilizado pelo agente que traz perigo, também, a um número indeterminado de 
pessoas. 
Ex.: Matar a vítima arremessando contra ela uma granada qualifica o homicídio pelo uso de 
explosivo. 
 
Segundo Hungria: 
“Na sua decomposição brusca, o explosivo opera a violenta deslocação e destruição de 
matérias circunjacentes. Não há que distinguir entre substâncias e aparelhos ou engenhos 
explosivos. Entre os explosivos mais conhecidos, podem ser citados os derivados da nitroglicerina 
(dinamite), da nitrobenzina (belite), do nitrocresol (cresolite), da nitronaftalina (schneiderite, chedite), 
do nitrotolueno (trotilou tolite), do trinitofenol ou ácido pícrico (melinite, lidite), o algodãopólvora 
(explosivo mediante choque), os fulminatos, os explosivos com base de ar líquido etc.” 
 
Asfixia é a supressão da respiração. 
 
Conforme lições de Hungria: 
“O texto legalnão distingue entre asfixia mecânica e asfixia tóxica (produzida por gases 
deletérios, como o óxido de carbono, o gás de iluminação, o cloro, o bromo etc.). A asfixia mecânica 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 26 
 
pode ocorrer: a) por oclusão dos orifícios respiratórios (nariz e boca) ou sufocação direta; b) por 
oclusão das vias aéreas (glote, laringe, traqueia, brônquios); c) por compressão da caixa torácica 
(sufocação indireta); d) por supressão funcional do campo respiratório. Os processos de provocação 
da asfixia mecânica são o enforcamento, o imprensamento, o estrangulamento, o afogamento, a 
submersão, a esganadura.” 
 
Tortura, também, encontra-se no rol dos meios considerados cruéis que têm por finalidade qualificar 
o homicídio. 
Importa ressaltar que a tortura, qualificadora do homicídio, não se confunde com aquela prevista 
pela Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997. 
O art. 1º da mencionada lei define o crime de tortura, sendo que o seu § 3º comina uma pena de 
reclusão, que varia de 8 (oito) e 16 (dezesseis) anos, se da prática da tortura sobrevier a morte da vítima. 
 
Art. 1º 
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a 
dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. 
 
Qual é a diferença, portanto, entre a tortura prevista como qualificadora do delito de homicídio 
e a tortura com resultado morte prevista pela Lei nº 9.455/97? 
A diferença reside no fato de que a tortura, no art. 121, é tão somente um meio para o cometimento 
do homicídio. 
Já na Lei nº 9.455/97, a tortura é um fim em si mesmo. 
Se vier a ocorrer o resultado morte, este somente poderá qualificar a tortura a título de culpa. Isso 
significa que a tortura qualificada pelo resultado morte é um delito eminentemente preterdoloso. 
O agente não pode, dessa forma, para que se aplique a Lei de Tortura, pretender a morte do 
agente, pois, caso contrário, responderá pelo crime de homicídio tipificado pelo Código Penal. 
 
3. À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido 
O inciso IV do § 2º do art. 121 do Código Penal, também se vale do recurso da interpretação 
analógica. 
 
O gênero qualificador aqui é qualquer recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do 
ofendido. 
 
Os exemplos trazidos pelo CP são: 
Traição. Segundo as lições de Guilherme de Souza Nucci: 
“Trair significa enganar, ser infiel, de modo que, no contexto do homicídio, é a ação do agente 
que colhe a vítima por trás, desprevenida, sem ter esta qualquer visualização do ataque. O ataque 
súbito, pela frente, pode constituir surpresa, mas não traição.” 
 
Obs.: homicidium proditorium é o homicídio qualificado pela traição. 
 
Há diferença, para fins de identificação da traição, entre o golpe efetuado nas costas da vítima e 
aquele praticado pelas costas. 
Pelas costas configura-se à traição, quando o agente ataca a vítima por trás, sem que ela possa 
percebê-lo. 
Golpe nas costas identifica a região do corpo onde o golpe foi produzido. 
Muitas vezes, o golpe é aplicado nas costas, mas não se configura traição. Suponhamos que a vítima 
estivesse sendo subjugada pelo agente, fisicamente mais forte do que ela, e, com um punhal, lhe aplicasse 
o golpe nas costas. Não houve traição. Não conseguimos visualizar, aqui, o golpe pelas costas, mas tão 
somente nas costas da vítima, não qualificando, assim, o homicídio. 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 27 
 
 
Emboscada pode ser entendida como uma espécie de traição. Nela, contudo, o agente se coloca 
escondido, de tocaia, aguardando a vítima passar, para que o ataque tenha sucesso. 
 
Dissimular tem o significado de ocultar a intenção homicida, fazendo-se passar por amigo, 
conselheiro, enfim, dando falsas mostras de amizade, a fim de facilitar o cometimento do delito. 
 
4. Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime 
Quando estas qualificadoras forem aplicadas, o homicídio deverá ter relação com outro crime, 
havendo, outrossim, a chamada conexão. 
 
Júlio Fabbrini Mirabete, com precisão, assevera: 
“Essas circunstâncias, que configurariam a rigor motivo torpe, originam casos de conexão 
teleológica ou consequencial. A conexão teleológica ocorre quando o homicídio é perpetrado como 
meio para executar outro crime (homicídio para poder provocar um incêndio). A conexão 
consequencial ocorre quando é praticado ou para ocultar a prática de outro delito (homicídio contra 
o perito que vai apurar apropriação indébita do agente), ou para assegurar a impunidade dele 
(homicídio da testemunha que pode identificar o agente como autor de um roubo), ou para fugir à 
prisão em flagrante (RT 434/358), ou para garantir a vantagem do produto, preço ou proveito de crime 
(homicídio contra o coautor de roubo ou furto para apossar-se da res furtiva).” 
 
Exemplo de conexão teleológica: matar o vigilante da agência bancária no dia anterior à prática 
do crime de roubo. Ressalte-se que, neste caso, o homicídio é cometido para assegurar a execução de um 
crime futuro. 
 
Exemplo de conexão consequencial: marido que mata a única testemunha que o viu enterrar o 
corpo de sua mulher, também morta por ele. 
 
Com relação às qualificadoras contidas no inciso V em exame, devem ser ressaltadas as seguintes 
indagações: 
1) Se o agente comete o homicídio com o fim de assegurar a execução de outro crime que, 
por um motivo qualquer, não vem a ser praticado, ainda deve subsistir a qualificadora? 
Sim, haja vista a maior censurabilidade do comportamento daquele que atua motivado por essa 
finalidade. 
 
2) Se o agente comete o homicídio a fim de assegurar a ocultação ou a impunidade de um 
delito já prescrito, também subsiste a qualificadora? 
Sim, pelas mesmas razões apontadas acima. 
 
3) Se o agente pratica o homicídio para assegurar, em tese, a impunidade de um crime 
impossível, na hipótese, por exemplo, em que mata a testemunha que o viu apunhalar a suposta 
vítima, que já estava morta? 
Segundo Damásio, “a qualificadora subsiste, uma vez que o Código pune a maior culpabilidade do 
sujeito, revelada em sua conduta subjetiva.” 
 
4) E se o homicídio é cometido com o fim de assegurar a execução, a ocultação, a impunidade 
ou a vantagem de uma contravenção penal? 
Em virtude da proibição da analogia in malam partem, não se pode ampliar a qualificadora a fim 
de nela abranger, também, as contravenções penais, sob pena de ser violado o princípio da legalidade em 
sua vertente do nullum crimen nulla poena sine lege stricta, podendo o agente, entretanto, dependendo da 
hipótese, responder pelo homicídio qualificado pelo motivo torpe ou fútil. 
 
mailto:pfelipo@hotmail.com
DIREITO PENAL CRIMES CONTRA AS PESSOAS 
Prof.: Pablo Felipo, e-mail: pfelipo@hotmail.com 
Para a pessoa que tem compreensão, tudo é claro; tudo é fácil de entender para quem é bem-informado. Provérbios 9.10 28 
 
5. Contra mulher por razões da condição de sexo feminino (feminicídio) 
Gerardo Landrove Díaz, analisando especificamente as situações de infrações penais praticadas 
no interior dos lares, nos esclarece que: 
“Dentro das tipologias que levam em conta a relação prévia entre vítima e autor do delito 
(vítima conhecida ou desconhecida) temos que ressaltar a especial condição das vítimas 
pertencentes ao mesmo grupo familiar do infrator; tratam-se de hipóteses de vulnerabilidade 
convivencial ou doméstica. Os maus-tratos e as agressões sexuais produzidos nesse âmbito têm, 
fundamentalmente, como vítimas

Outros materiais