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ENZIMAS • A partir de 1700: degradação do amido em açucares pela saliva – início das pesquisas de catálise enzimática • Em 1850: degradação de açucares em álcool por leveduras é catalisada por “fermentos” • Em 1930: todas as enzimas são proteínas (exceto por um pequeno grupo de RNA catalítico) Conceitos Gerais: •Enzimas são proteínas com atividade catalítica. Praticamente todas as reações que caracterizam o metabolismo celular são catalisadas por enzimas; •Reações espontâneas mas muito lentas são aceleradas na catálise enzimática, exemplo a oxidação de sacarose a CO2 e H2O (reação exergônica). •As enzimas aceleram a velocidade de uma reação, sem no entanto participar dela como reagente ou produto; • São os catalisadores mais eficientes aumentando a velocidade de reação em até 1014 vezes; •São extremamente específicas chegando ao ponto de distinguir esterioisômeros. A atividade catalítica de uma enzima depende de sua conformação nativa. A desnaturação ou a dissociação das subunidades geralmente torna a enzima inativa. A sua degradação em seus aminoácidos é sempre destrutiva Assim as estruturas primária, secundária, terciária e quaternária são essenciais à atividade enzimática COFATORES ENZIMÁTICOS E COENZIMAS Cofatores são pequenas moléculas orgânicas ou inorgânicas que podem ser necessárias para a função de uma enzima. Estes cofatores não estão ligados permanentemente à molécula da enzima mas, na ausência deles, a enzima é inativa. Duas classes importantes: íons metálicos e coenzimas A fração protéica de uma enzima, na ausência do seu cofator, é chamada de apoenzima. Enzima + Cofator, chamamos de holoenzima. Coenzimas são compostos orgânicos, quase sempre derivados de vitaminas, que atuam em conjunto com as enzimas. Podem atuar segundo 3 modelos: • Ligando-se à enzima com afinidade semelhante à do substrato. • Ligando-se covalentemente em local próximo ou no próprio sítio catalítico da apoenzima. • Atuando de maneira intermediária aos dois extremos acima citados. Nomenclatura Sufixo “ASE” adicionado ao nome do substrato ou a atividade Ex: DNA-polimerase = polimerização de nucleotídeos para formar DNA Urease = hidrólise de uréia Pepsina - pepsis = digestão Lisozima – lisar= degradar parede de bactérias Comitê Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular – numeração e nome sistemático: ATP: GLICOSE-FOSFOTRANSFERASE = transfere um grupo fosforil do ATP para a glicose Numeração 2.7.1.1 Classe Transferase Subclasse Fosfotransferase Grupo aceptor (OH-) Grupo aceptor do fosforil (glicose) Classificação das Enzimas: 1. Oxidorredutases: São enzimas que catalisam reações de transferência de elétrons, ou seja: reações de oxi-redução. São as Desidrogenases e as Oxidases 2. Transferases: Enzimas que catalisam reações de transferência de grupamentos funcionais como grupos amina, fosfato, acil, carboxil, etc. Como exemplo temos as Quinases e as Transaminases 3. Hidrolases: Catalisam reações de hidrólise de ligação covalente. Ex: As peptidades 4. Liases: Catalisam a quebra de ligações covalentes e a remoção de moléculas de água, amônia e gás carbônico. As Dehidratases e as Descarboxilases são bons exemplos 5. Isomerases: Catalisam reações de interconversão entre isômeros ópticos ou geométricos. As Epimerases são exemplos. 6. Ligases: Catalisam reações de formação e novas moléculas a partir da ligação entre duas já existentes, sempre às custas de energia (ATP). São as Sintetases. Complexo enzima-substrato SÍTIO ATIVO – É a região na superfície da enzima onde ocorre a catálise. O SUBSTRATO liga-se ao sítio ativo por ligações não-covalentes (interações eletrostáticas, pontes hidrogênio, interações de Van der Waals e interações hidrofóbicas.) Uma das explicações para a elevada especificidade das enzimas é que suas estruturas tridimensionais permitem um perfeito encaixe com o substrato. Dois modelos foram propostos para explicar a especificidade enzimática, o modelo chave-fechadura e o modelo encaixe- induzido. substrato sítio ativo enzima Modelo chave-fechadura : Assume um alto grau de similaridade entre a forma do substrato e o sítio da enzima Modelo encaixe-induzido : Neste modelo os sítios ativos da enzima não estão completamente pré-formados e a interação inicial do substrato com a enzima induz uma interação conformacional na enzima. Porque o modelo do ENCAIXE INDUZIDO é termodinamicamente mais correto?? Do que depende a atividade de uma enzima? As enzimas alteram a velocidade da reação sem alterar o equilíbrio Reação enzimática: S = Substrato E = Enzima P = Produto ES e EP = complexos transitórios A reação pode ser descrita por um diagrama de coordenadas que é a variação da Energia Livre com o progresso da reação • As moléculas devem suplantar a barreira energética • O topo da curva é o ponto onde há a mesma probabilidade de progressão ou retrocesso – ESTADO DE TRANSIÇÃO • Eestado fundamental – Eestado de transição = ENERGIA DE ATIVAÇÃO Como esta barreira energética que é a Energia de Ativação de um sistema pode ser suplantada? Conversão de Sacarose em CO2 e água – na célula ocorre rapidamente em sucessivas etapas Reações com várias etapas tem vários INTERMEDIÁRIOS DA REAÇÃO E + S ↔ ES ↔ EP ↔ E + P INTERMEDIÁRIOS DA REAÇÃO A etapa com maior Eativação é a etapa mais lenta e a ETAPA LIMITANTE DA VELOCIDADE Catalisadores aumentam a velocidade da reação, diminuindo a Eativação Determinação da velocidade de uma reação TEORIA DO ESTADO DE TRANSIÇÃO Onde k é a constante de Boltzmann e h é a constante de Planck A relação mostra que a constante de velocidade k é exponencial e inversamente proporcional à ∆G‡ ,isto é, Menor ∆G‡ maior a velocidade da reação Aumento da temperatura aumenta a velocidade da reação, mas a partir de um máximo inicia-se a desnaturação - perda atividade enzimática Como ocorre a catálise enzimática? Reações químicas entre o substrato e os grupos funcionais da enzima: • Ligações covalentes transitórias • Transferência de grupos químicos entre a enzima e o substrato • Interações fracas: ligações hidrogênio, interações hidrofóbicas e interações iônicas Principais forças de estabilização Na formação do complexo ES há liberação de energia na formação das INTERAÇÕES FRACAS A ENERGIA DE LIGAÇÃO é a principal energia livre na redução da ∆G‡ INTERAÇÕES FRACAS são otimizadas no ESTADO DE TRANSIÇÃO, principalmente no sítio ativo da enzima O “perfeito encaixe” só ocorre no estado de transição, porque tanto a E quanto o S tem sua conformação alterada pelas interações fracas necessárias para suplantar a ∆G‡ Quais forças estabilizam o complexo enzima-substrato? Qual a “fonte” de energia na catálise enzimática capaz de suplantar a barreira energética do estado de transição? Interações fracas formadas no estado de transição no complexo ES fornecem uma força propulsora substancial para a catálise enzimática Para acelerar com um fator de 10, uma reação de primeira ordem na célula deve ter a ∆G‡ reduzido em 5,7 kJ/mol As interações fracas tem 4- 30 kJ/mol sendo suficientes para acelerar a reação com elevados fatores Fatores termodinâmicos e físicos que contribuem com a ∆G‡: • Entropia das moléculas em solução • Camada de solvatação • Distorção do substrato • Necessidade de alinhamento dos grupos funcionais A ENERGIA DE LIGAÇÃO suplanta todas estas barreiras – principalmente as várias interações fracas formada no complexo ES localizadas no sítio ativo ESPECIFICIDADE A especificidade deriva de muitas interações fracas entre o substrato e a enzima Ex: Se um substrato tem um grupo OH- que forma ligação hidrogênio com um resíduo de glutamina de uma enzima, outro composto que não tiver o OH-na mesma posição é um S “pobre” Alguns mecanismos catalíticos envolvem interações transitórias COVALENTES e DOAÇÃO DE GRUPOS: Catálise ácido-base – grupos doadores ou aceptores de prótons em sítios ativos enzimáticos Catálise covalente – cadeias laterais R de AA ou cofatores são nucleófilos na formação da ligação covalente Catálise por íons metálicos – interações iônicas CINÉTICA ENZIMÁTICA Determinação da velocidade da reação enzimática e como ela se modifica em resposta a mudanças nos parâmetros experimentais O modelo de Michaelis-Menten é útil para explicar a cinética das reações catalisadas por enzimas. Aqui, serão mostradas as etapas necessárias para se chegar à equação de Michaelis-Menten e para ver como são determinadas as constantes cinéticas de uma enzima. A concentração de substrato [S] altera a velocidade da reação Como há modificação da conformação do substrato ao longo da reação a V0 (velocidade inicial) é um parâmetro mais mensurável Como E << S, nos primeiros segundos da reação [S] é constante, então V0 é medido O modelo de Michaelis-Menten considera que uma reação enzimática ocorre em dois passos: ETAPA 1. Ligação de um substrato (S) a uma enzima (E), formando um complexo intermediário (ES) ETAPA 2.Formação do produto (P) a partir do complexo ES, com recuperação da forma livre da enzima (E) Etapa lenta – a velocidade depende de ES A reação do slide anterior está representada no equilíbrio: onde k1, k2, k3 e k4 são as constantes de velocidade de cada etapa. ou seja, a velocidade de formação do produto será: eq.1 Porém, no estado inicial, podemos simplificar a reação: A reação 4 (k4) não ocorre nessa situação porque a quantidade de P é ainda muito pequena para estabelecer o equilíbrio. A velocidade inicial de reação neste caso é dada por: ATENÇÃO: Como estão duas reações acopladas (o produto da primeira é substrato da segunda), na maioria das vezes, estas reações ocorrem fora do equilíbrio mesmo na Etapa 1 apesar das duas reações (de constantes k1 e k2) estarem acontecendo. Por isso, definimos o ESTADO ESTACIONÁRIO (a seguir). eq.2 Na análise cinética da reação catalisada por uma enzima, consideramos apenas o ESTADO ESTACIONÁRIO, que é aquele em que, apesar de estarem mudando as concentrações de S (diminuindo) e de P (aumentando), não há variação da concentração dos intermediários da reação. Velocidade de formação de ES =Velocidade de decomposição de ES o intermediário é o complexo ES, e no estado estacionário temos: eq.3 A equação 3 pode ser re-arranjada em: Para simplificar a equação 4, foi definida uma constante, Km, conhecida como Constante de Michaelis: O Km é uma relação de constantes de velocidade e, portanto, é uma constante. Se você fizer o raciocínio considerando concentrações, Km nunca seria constante! eq.5 eq.4 No numerador, temos duas constantes de velocidade de reações de DECOMPOSIÇÃO de ES e no denominador, a constante de velocidade da FORMAÇÃO de ES. Dessa forma, Km pode ser uma medida da AFINIDADE da enzima pelo substrato, quando k3 < < k2 Entretanto quando k3 > > k2 ou k3 ~ k2, Km é uma função mais complexa de três velocidades. Substituindo a eq. 5 na eq. 4, teremos: Como toda a enzima que estiver na solução de reação (ETOTAL) corresponde à soma das espécies E (enzimas livres) e ES (enzimas no complexo com substrato), Substituindo a eq. 7 em 6, temos: Que pode ser transformada em ... Podemos substituir esta equação na da velocidade inicial da reação V0= k3.[ES]: para que V0= k3[E]TOTAL, é necessário que: A primeira idéia que vem à cabeça é que isso só será possível se Km for igual a ZERO. Mas Km não pode ser zero!!!!!!!! Então, devemos raciocinar em termos da relação entre Km e [S] na reação. Na verdade V0= k3[E]TOTAL quando [S] for MUITO MAIOR que o Km. Quando todas as enzimas estão na forma de complexo ES, atingimos a velocidade máxima de reação, ou seja, se [E]TOTAL= [ES], então a equação 10, pode ser representada por: Qual a principal consideração no estabelecimento de um estado estacionário na reação enzimática? O que a constante de Michaelis-Menten relaciona e o que ela pode medir? Ou seja, Km corresponde à concentração de S necessária para se atingir a metade da velocidade máxima! Se [S]<<<Km, então a eq. 12 fica: E se [S] >>>> Km, é a mesma situação que vimos antes, e ou Este gráfico mostra como varia a velocidade inicial de uma reação com o aumento da concentração de substrato: Ou seja, Vmáx e Km podem ser calculados quando V0 é medida em função de várias concentrações de substrato. A eq. 12: pode ser representada na forma inversa (eq. 13) que representa uma equação do tipo y =ax+ b (reta): A eq. 13 representa uma equação de reta, ou seja, uma equação do tipo y=ax+ b: a inclinação da reta corresponde a Km/Vmáx e o intercepto a 1/Vmáx. O gráfico dos duplos recíprocos (Linewear-Burk) permite a determinação precisa de Km e Vmáx já que na extrapolação dos dados experimentais, chegamos a uma situação em que 1/V0= 1/Vmáx quando 1/[S] = 0; ou seja, quando a concentração de substrato for muito alta!!!! Enzimas que catalisam 2 substratos Ex: hexocinase ATP + glicose → ADP + glicose-6-fosfato Há um Km para cada substrato Inibição Enzimática: Os inibidores enzimáticos são compostos que podem diminuir a atividade de uma enzima. A inibição enzimática pode ser reversível ou irreversível; Existem 2 tipos de inibição enzimática reversível:Competitiva e não-competitiva A inibição mista também ocorre – o inibidor pode ligar-se tanto ao sítio ativo da enzima quanto ao complexo ES Inibição Enzimática Reversível Competitiva: •Quando o inibidor se liga reversivelmente ao mesmo sítio de ligação do substrato; •O efeito é revertido aumentando-se a concentração de substrato •Este tipo de inibição depende das concentrações de substrato e de inibidor. Inibição Enzimática Reversível Não-Competitiva: •Quando o inibidor liga-se reversívelmente à enzima em um sítio próprio de ligação, podendo estar ligado à mesma ao mesmo tempo que o substrato; •Este tipo de inibição depende apenas da concentração do inibidor. Inibidor Não-competitivo Altera Vmax – reduzida pelo fator α Km diminui pois [s] necessária para atingir metade da Vmax diminue por um fator α INIBIÇÃO NÃO COMPETITIVA INIBIÇÃO MISTA Na inibição enzimática irreversível, há modificação covalente e definitiva no sítio de ligação ou no sítio catalítico da enzima. Inibição irreversível INATIVADORES SUICIDAS – Se ligam ao sítio ativo de forma irreversível Planejamento racional de drogas Agentes farmacêuticos Específico para determinada Enzima – só é ativo quando ligado à enzima Poucos efeitos colaterais Como é possível reverter a inibição competitiva? E a inibição não competitiva? A CINÉTICA É MELHOR ELUCIDADA QUANDO A VELOCIDADE DE CADA ETAPA DA REAÇÃO É MEDIDA E A QUANTIFICAÇÃO DASA MUDANÇAS ENERGÉTICAS EM CADA ETAPA É REALIZADA ESTADO PRÉ ESTACIONÁRIO – INÍCIO DA REAÇÃO PESQUISADORES TEM TRABALHADO ESTE ASSUNTO E OUTROS MECANISMOS DE REAÇÃO E CINÉTICAS, DIFERENTES DA PROPOSTA DE MICHAELIS-MENTEN, TEM SIDO ENCONTRADAS 1) Quais os parâmetros que afetam a velocidade da reação enzimática? Explique os mecanismos de ação, utilizando equações e gráficos. 2) Estime os valores de Vmax e de Km da reação catalisada por Enzima na qual foram obtidos os seguintes dados: 3) A equação de velocidade de uma enzima sujeita á inibição competitiva é : V0 = Vmax[S]/αKm + [S] onde α = 1 + ([I]/Ki) e Ki=[E] [I]/[EI] Iniciando com uma nova definição de enzima total: [Et] = [E] + [ES] + [EI] Deduza a equação da velocidade acima,Use a dedução de Michaelis-Menten como guia [S] (M) V0 (μM/min) 2,5 x 10-6 28 4,0 x 10-6 40 1 x 10-5 70 2 x 10-5 95 4 x 10-5 112 1 x 10-4 128 2 x 10-3 139 1 x 10-2 140
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