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HIstória da Arquivologia no Brasil

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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE
PÓS GRADUAÇÃO EM ARQUIVOLOGIA
CAROLINA MARTINS SAPORETTI
 A TRAJETÓRIA DA ARQUIVOLOGIA E DOS CENTROS DE DOCUMENTAÇÃO E MEMÓRIA NO BRASIL: UM ESTUDO DE CASO DO CENTRO DE CONSERVAÇÃO DA MEMÓRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA 
JUIZ DE FORA
 2020
 A TRAJETÓRIA DA ARQUIVOLOGIA E DOS CENTROS DE DOCUMENTAÇÃO E MEMÓRIA NO BRASIL: UM ESTUDO DE CAMPO DO CENTRO DE CONSERVAÇÃO DA MEMÓRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA 
Carolina Martins Saporetti
,
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). 
RESUMO- Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dissertará sobre a trajetória da Arquivologia e dos centros de documentação no Brasil. Terá como estudo de caso a criação do Centro de Conservação da Memória da Universidade Federal de Juiz de Fora (CECOM-UFJF). O objetivo é mostrar a realidade do trabalho com a guarda, preservação e conservação de documentos arquivísticos em órgãos pequenos, com pouco recursos. Sendo assim, será realizada uma análise das atividades desenvolvidas por este setor, sendo destacada a preservação do seu acervo arquivístico. Dessa forma, se utilizará da metodologia da pesquisa participante, visto que a autora desse artigo é funcionária deste setor.Este trabalho será desenvolvido a partir de discussões bibliográficas e a análise do trabalho desenvolvido no CECOM-UFJF.
PALAVRAS-CHAVE: Arquivologia. CECOM-UFJF. Acervo arquivístico. Preservação. Conservação.
1 INTRODUÇÃO 
Este trabalho descreve uma breve trajetória do desenvolvimento da Arquivologia no Brasil e como isso resultou na criação de centros de documentação e memória, principalmente nas universidades públicas. Assim, o recorte desse artigo é a partir da criação do Arquivo Público do Império (atual Arquivo Nacional), em 1838, até os dias atuais. Ademais, será realizada uma análise do trabalho de preservação dos acervos arquivísticos do CECOM-UFJF. Para isso, foi desempenhado um exercício de campo neste setor.
Tendo em vista o que foi exposto acima, procura-se analisar as atividades voltadas para guarda e preservação de documentos desse setor. Realizando um parâmetro da adequação dessas ações a situação tangível do lugar, levando em consideração os recursos materiais, financeiros e humanos disponíveis.
Com base nos conhecimentos adquiridos com a experiência de trabalhar no setor estudado e com o curso de Pós Graduação em Arquivologia procura-se melhorar/adequar as condições de acondicionamento, preservação e organização dos documentos desse órgão.
O objetivo geral deste TCC é fazer uma curta descrição sobre a Arquivologia no país, com enfoque na construção dos centros de documentação e memória. Como objetivo específico será examinado as atividades desenvolvidas no CECOM-UFJF.
Este trabalho se faz pertinente, visto que não há estudos sobre o setor estudado. Este TCC será uma forma de analisar criticamente o trabalho desenvolvido e propor soluções, além da possiblidade de divulgação das atividades do CECOM-UFJF.
Este trabalho foi construído a partir de uma análise bibliográfica sobre a História da Arquivologia no Brasil e um trabalho de campo em um centro de conservação. Assim, buscou-se descrever principalmente sobre a criação desses centros no país e realizar uma pesquisa participante no CECOM-UFJF. Como funcionária do setor procuro através desse trabalho propor melhorias nas ações de preservação dos acervos arquivísticos custodiados neste setor.
2 DESENVOLVIMENTO 
2.1 A trajetória da Arquivologia no Brasil e a construção de centros de documentação e memória nas universidades
Um marco inicial na história da guarda do patrimônio documental no Brasil é a criação do Arquivo Público do Império (API), em 1838. Este órgão teve sua construção prevista na Constituição de 1824, e sua função era recolher os arquivos administrativos do governo e auxiliar na elaboração da história do novo “Estado Independente” (CRIVELLI & BIZELLO, 2012, p. 47).
O API exercia funções semelhantes aos arquivos nacionais europeus no que se refere a contribuição na estruturação do Estado e na manutenção deste. Assim, estas instituições transitavam entre as funções administrativas e históricas. Os arquivos nacionais foram norteados pelos Archives Nationales franceses que forneciam o suporte administrativo ao governo através do recolhimento dos documentos produzidos durante as atividades administrativas e atuavam diretamente na construção da história nacional, “ao recolher, organizar, preservar e dar acesso aos documentos que diziam respeito ao país” (CRIVELLI & BIZELLO, 2012, p. 46).
No mesmo ano foi fundado o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) com dois objetivos principais: “localizar, reunir e publicar documentos, dispersos pelas províncias brasileiras ou nos arquivos e bibliotecas da Europa”, que fossem importantes para a história e a geografia do Império do Brasil; e estimular os estudos de natureza histórica, no ensino público (CAMARGO, 1999, p. 81).
O IHGB, nesse período, teve mais destaque do que o API, pois possuía melhores condições para realizar suas atividades. O IHGB contava com profissionais dedicados a viajar por todo o território brasileiro em busca de encontrar e recolher documentos relevantes para a história do país, a fim de que estes integrassem o acervo do instituto. Isto também acontecia em viagens a outros países, especialmente na Europa, onde era desenvolvido o mesmo trabalho. O IHGB dispunha de sede própria e corpo profissional exclusivo. O API não recebia nem verba básica (CRIVELLI & BIZELLO, 2012, p. 47).
Em 1870, o API ganha mais visibilidade após ter implantado prazos para o envio de documentos das secretarias e órgãos do governo para o mesmo, além de promover uma estratégia de ação na atividade histórica do arquivo, com projeto de captação de documentos sobre a história e a geografia brasileiras. 
Em 1886, o API teve sua primeira publicação onde expunha essas ideias: “Catálogo das cartas régias, provisões, alvarás, avisos, portarias, de 1662 a 1821, existentes no Arquivo Nacional e dirigidas, salvo expressa indicação em contrário, ao governador do Rio de Janeiro, e, depois de 1763, ao vice-rei do Brasil.” (CRIVELLI & BIZELLO, 2012, p. 47 e 48).
Em 1889, houve a implantação da república no Brasil. Período pelo qual o API passou por duas reestruturações: a primeira foi em 1893, quando o regimento da instituição foi revisto e passou a ser denominado Arquivo Público Nacional (APN), em acordo com o conceito de liberdade ao acesso à informação do governo por qualquer cidadão da república.
Em 1911 ocorreu uma nova reorganização e foi intitulado Arquivo Nacional (AN). Neste ano foi criado o Curso de Tratamento de Arquivos para o Serviço Público, elaborado pelo AN para acolher um carecimento decorrente da estrutura social do sistema republicano. Este curso objetivava qualificar funcionários do sistema público, com intuito de aperfeiçoar as atividades administrativas públicas. Sendo considerado a primeira iniciativa nacional de organização de um pensamento arquivístico, e serviu de instrução para novos cursos (CRIVELLI & BIZELLO, 2012, p. 48).
Em 13 janeiro de 1937 foi criado o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), “com a finalidade de promover, em todo o País e de modo permanente, o tombamento, a conservação, o enriquecimento eo conhecimento do patrimônio histórico e artístico nacional” (Art. 46º §3º lei nº378 de 13 de janeiro de 1937).
Em 30 de novembro do mesmo ano, o SPHAN teve sua ação de proteção regulamentada pelo decreto-lei nº 25. Assim, foi discriminado o que deveria constituir o patrimônio histórico e artístico no Brasil. Esse decreto teve a função de organizar a proteção do patrimônio no país (decreto lei nº25 de 30 de novembro de 1937).
No Brasil, a ideia de preservação do patrimônio veio atribuída à importância de resguardar a história e a cultura nacional. Sendo assim, com a criação do SPHAN e a institucionalização dessa preservação, primeiramente, se teve a preocupação em proteger monumentos e obras ligadas a história nacional. Observa-se que inicialmente a maioria dos bens preservados eram imóveis (CHUVA, 2009).
Analisando o trabalho da pesquisadora Célia Reis Camargo (1999, p. 129), observa-se que na Constituição de 1946 foi a primeira vez em que apareceu a palavra documento no contexto de preservação. No artigo 175 diz:
As obras, monumentos e documentos de valor histórico e artístico, bem como os monumentos naturais, as paisagens e os locais dotados de particular beleza ficam sobre a proteção do poder público (Art. 175º da Constituição Federal de 18 de setembro de 1946).
A Constituição de 1967 também relata sobre a preservação de documentos. O artigo 172 especifica:
O amparo à cultura é dever do Estado.
Parágrafo único. Ficam sob a proteção especial do Poder Público os documentos, as obras e os locais de valor histórico ou artístico, os monumentos e as paisagens naturais notáveis, bem como as jazidas arqueológicas (Art. 172º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1967).
Dessa forma, a partir da década de 1950, a Arquivologia e a preservação documental começaram a se tornar mais consistentes no Brasil. O AN se aproximou de instituições estrangeiras, a fim de realizar cursos de capacitação na instituição.
Na década de 1960 iniciou-se um período de descentralização da preservação do patrimônio que se intensificou na década de 1970. Foram criados alguns arquivos estaduais e municipais.
Além disso, na década de 1970, começa a ter capacitação em Arquivologia em universidades. O primeiro curso superior em Arquivologia foi criado em 1973, pela Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO).
Janete Leiko Tanno (2018, p. 93) ao dissertar sobre os acervos de papel e seus lugares de guarda, ressalta que importantes mudanças ocorreram no conceito de bens culturais a partir da década de 1970, uma vez que surgiram “novas demandas sociais de sujeitos que buscaram protagonismo de seus grupos e suas memórias”.
Dessa forma, segundo a autora criaram novos lugares de memória, como o Arquivo Edgard Leuenroth, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e o Museu Afro Brasil, pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. Tanno observa que os tradicionais lugares da memória nacional como o Arquivo Nacional, a Biblioteca Nacional e os arquivos públicos dos estados procuraram obter uma maior aproximação com a sociedade, por meio da criação de revistas impressas e eletrônicas, da organização de eventos, da realização de concursos e de cursos na área de gestão documental e de educação patrimonial (2018, p. 94).
A partir desse movimento que os centros de documentação, como espaços de guarda, preservação e acesso de documentos, foram sendo criados pelas universidades para possibilitar pesquisas sobre a história do país e para permitir o direito de acesso aos cidadãos a informação de que necessitem (TANNO, 2018, p. 94).
Ao dissertar sobre centros de documentação instalados em universidades é necessário ressaltar a importância desses lugares para o ensino e para a pesquisa em diversas áreas do conhecimento, como escreve Camargo:
No que se refere a pesquisa e ao ensino, a manutenção de órgãos especializados de apoio informativo e de espaços voltados para a reflexão e a produção de estudos interdisciplinares e requisito para a renovação e o aprimoramento institucional e para o avanço da produção intelectual. As novas feições assumidas pela construção do conhecimento cientifico, particularmente no que diz respeito aos métodos de trabalho, geram a necessidade de criar bases solidas de informação, que se impõem como condição indispensável ao desenvolvimento institucional, cientifico e cultural, sob pena de comprometer a produção acadêmica no que se refere a sua inserção num circuito informacional
mais amplo, nacional e internacional (CAMARGO, 2003, p. 26).
A fim de tornar os documentos de pesquisa acessíveis aos pesquisadores, as universidades assumiram a responsabilidade e criaram centros especializados na preservação e organização dessas fontes. Deste modo, as universidades assumiram a tarefa de preservar a memória nacional, regional ou local, de acordo com seu acervo (CAMARGO, 1999, p. 57).
Houve também, incentivos do governo para a criação desses centros, como por exemplo o Plano Nacional de Cultura (PNC), que definia como função das universidades a organização e preservação dos acervos documentais brasileiros. Além disso, incentivava as universidades a elaborarem programas de preservação da memória, principalmente da memória regional (CAMARGO, 1999, p. 58 e 59).
Ademais, os centros de documentação e memória também produzem documentos de valores históricos. Segundo Camargo (1999, p.60), estes centros têm desenvolvidos programas para recolhimento de depoimentos orais, relacionados a linha do acervo documental destes.
Assim, além de complementar os acervos sob sua custódia, esses programas possibilitam a criação de informações, que muitas vezes, não seriam encontradas em nenhum outro documento. Dessa forma, incentiva-se a produção de trabalhos sobre a história do tempo presente (CAMARGO, 1999, p. 60).
Portanto, vem se tornando cada vez mais comum a criação de centros de documentação e memória nas universidades. Além de auxiliar pesquisadores e alunos dessas instituições, auxilia o governo e instituições privadas na guarda, preservação e divulgação de documentos arquivísticos.
2.2 A criação do Centro de Conservação da Memória da Universidade Federal de Juiz de Fora: desafios da preservação do patrimônio documental
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi criada através da Lei 3.858, de 23 de dezembro de 1960, no governo do Presidente Juscelino Kubtischeck. O primeiro vestibular ocorreu em 1964. 
Segundo o Prof. Galba Di Mambro
 (2011, p. 2), o Arquivo Histórico da UFJF surgiu a partir de esforços do Departamento de História da instituição, iniciados na década de 1970, para contribuir com a pesquisa histórica. No final da década, como produto do trabalho do Prof. José Eustáquio Romão, criou-se o Centro de Documentação e Pesquisa Histórica, que não durou muito tempo. Então, empenharam-se para inserir as atividades de pesquisa histórica no Centro de Pesquisas Sociais, órgão suplementar pertencente a Universidade desde sua criação, mas não ativado. Esta possibilidade também não gerou resultados.
Neste momento, simultaneamente a esta última tentativa, houve a criação do Arquivo Histórico da UFJF, que iniciou suas atividades em 15 de março de 1985. Com o objetivo de guardar, organizar, preservar e divulgar as fontes primárias regionais que iria recolher (DI MAMBRO, 2011, p. 2).
O Arquivo Histórico foi institucionalizado apenas em 24 de julho de 1993, na qualidade de Órgão Suplementar, por Resolução do Conselho Universitário. Este arquivo possuía caráter acadêmico, portanto, ficou vinculado à Pró Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Tratava-se de um centro de documentação e memória social, e não do setor de arquivos permanentes da UFJF.
Em 2007, foi apresentado ao então Reitor recém-eleito Henrique Duque, o projeto verbal de criação de um sistema de arquivos da universidade, e este foi aprovado. Então, o Arquivo Histórico trabalhou intensamente na preparação da proposta escrita de criação do Sistema de Arquivos da UFJF (SIARQ-UFJF). No ano seguinte, iniciou-se o trabalho de tratamento da massa acumuladaexistente em um galpão no campus, que continha documentos da administração central, gerados desde 1964 (DI MAMBRO, 2011, p. 4).
No final de 2008 e início de 2009, a UFJF recebeu seus três primeiros Arquivistas concursados que foram alocados no Arquivo Histórico. No final de 2010 recebeu mais duas Técnicas em Arquivos. Todos trabalhavam em prol do Arquivo Histórico. Neste momento, essas pessoas começaram o trabalho de gestão documental, centradas na Pró Reitoria de Recursos Humanos.
O projeto de criação do SIARQ-UFJF, após várias revisões, foi apresentado ao Reitor, em maio de 2011, e encaminhada ao Conselho Universitário que a aprovou por unanimidade.
O Sistema de Arquivos da UFJF tem como objetivos principais: 
I – desenvolver a política de gestão arquivística de documentos da UFJF; 
II – racionalizar a produção dos documentos arquivísticos da UFJF; 
III – racionalizar e reduzir os custos operacionais e de armazenagem da documentação arquivística da UFJF; 
IV – garantir, de forma ágil e segura, o acesso aos documentos de arquivo da UFJF e às informações neles contidas, resguardados os aspectos de sigilo e as restrições administrativas ou legais; bem como a agilidade no acesso à informação arquivística, eficiência e transparência administrativa. 
V – assegurar condições de preservação, proteção e acesso ao patrimônio arquivístico da UFJF, tendo em vista seus valores administrativo e histórico, os interesses da comunidade e seu valor como fonte para a pesquisa e a produção de conhecimentos; 
VI – articular-se com os demais sistemas que atuem direta ou indiretamente na gestão da informação pública federal (DI MAMBRO, 2011, p. 6).
O SIARQ-UFJF tem a seguinte estrutura: 
• Órgão central: Arquivo Central 
• Órgãos setoriais: - as unidades acumuladoras, produtoras e receptoras de documentos; - os setores com atribuições de protocolo e de arquivo corrente. 
• Órgãos especiais - Comissão Permanente de Avaliação de Documentos de Arquivo (CPAD); - Comissão Permanente de Avaliação de Documentos Sigilosos (CPADS); - Comissão Permanente de Avaliação de Documentos de Saúde (CPADSa) (DI MAMBRO, 2011, p. 6).
Nota-se que desde os primórdios da UFJF houve interesse na preservação dos arquivos históricos regionais e dos arquivos administrativos da instituição. Ao longo dos anos, as medidas preservacionistas foram sendo institucionalizadas e foram criados órgãos responsáveis pela guarda, organização e preservação destes acervos.
O Centro de Conservação da Memória da UFJF (CECOM-UFJF) foi idealizado pela prof. Ms. Mônica Olender, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFJF. A partir de diálogos com outros professores, entre eles: Ms. Galba Di Mambro, Dr. Marcos Olender, Dra. Christina Musse, entre outros; foi possível concretizar o projeto de criação do CECOM.
O CECOM-UFJF foi criado pela resolução nº 12/2014, com a natureza de órgão suplementar da UFJF, com característica interdisciplinar, com os seguintes objetivos:
Art. 2º. O CECOM tem por objetivos: 
I. promover, a partir de ações de caráter multidisciplinar, a preservação da memória social (traduzida em bens possuidores de valor histórico-cultural) através da realização de oficinas, canteiros-escola e cursos de extensão que auxiliem na formação e capacitação de mão-de-obra e que possa, nesse sentido, atuar tanto em Juiz de Fora quanto em qualquer outra cidade do Brasil e, mesmo, do exterior;
II. promover estudos e pesquisas sobre conservação da memória; 
III. promover eventos acadêmicos na área de conservação da memória;
IV. coletar e custodiar documentos de qualquer natureza que possam contribuir para a preservação da
memória da sociedade local, regional ou nacional;
V. promover a organização, conservação e divulgação de seu acervo;
VI. colaborar com outros órgãos da UFJF em atividades ligadas à conservação da memória;
VII.colaborar nos programas de pesquisa e extensão da UFJF afins ou nas áreas de seus objetivos;
VIII. prestar consultoria ou assessoria a projetos ligados à conservação da memória e do patrimônio
sócio-cultural;
IX.ofertar espaço-físico e infra-estrutura qualificados para atendimento de demandas da comunidade
juizforana, bem como de outras cidades brasileiras (especialmente do estado de Minas Gerais), através
da atuação de docentes (orientadores) e de discentes (bolsistas e voluntários) em projetos de pesquisa e,
principalmente, extensão, voltados para a preservação da memória traduzida em bens histórico-culturais
materiais e imateriais;
X. desenvolver programas de publicações de caráter científico, bem como de resultados dos projetos
desenvolvidos pelo CECOM;
XI. estabelecer intercâmbio com entidades similares ou congêneres;
XII. definir e desenvolver uma política de recolhimento de acervos de interesse para a memória da
sociedade, gerados fora do contexto institucional da UFJF;
XIII. coletar e custodiar documentos de qualquer natureza que possam contribuir para a preservação da
memória da sociedade local, regional ou nacional;
XIV. promover a organização, conservação e divulgação de seu acervo (Resolução Nº 12/2014).
Desde 2016, o CECOM-UFJF é sediado no prédio localizado na esquina da Av. Getúlio Vargas com a rua Floriano Peixoto, na cidade de Juiz de Fora. Este é um prédio que faz parte da história da cidade. Foi inaugurado em 1884 como Diretoria de Higiene, fechou-se em 1920 e reabriu uma década mais tarde, como apêndice da Escola de Engenharia e, posteriormente, passou a ser sede do Diretório Central dos Estudantes da UFJF.
Foto 1 – Sede do DCE na década de 1980, atual CECOM-UFJF
Fonte: CECOM-UFJF
O atual diretor deste órgão é o prof. Dr. Marcos Olender e o coordenador do setor de acervos é o prof. Dr. Rodrigo Christofoletti. Além destes, o setor conta com uma equipe composta por três técnicos administrativos, três funcionárias terceirizadas e alguns bolsistas e estagiários.
O CECOM-UFJF além da guarda e preservação de acervos organiza outras atividades, como eventos culturais e acadêmicos, por exemplo, o MemoriArte (consiste em uma palestra e em uma apresentação cultural com diversas temáticas em torno de memória e resistência) e o curso de Introdução à metodologia do tratamento de arquivos lecionado pelo prof. Ms. Galba Di Mambro.
Neste trabalho, será dissertado mais especificamente sobre a preservação de acervos desenvolvida por este setor. O CECOM-UFJF possui dois fundos arquivísticos: Fundo DCE e Fundo Pantaleone Arcuri.
O acervo do DCE foi recolhido pelo Laboratório de Patrimônios Culturais (LAPA)
, em 2011, através do projeto “50 anos do Diretório Central dos Estudantes da UFJF: Organização do acervo histórico documental”, coordenado pelo prof. Dr. Marcos Olender e pela prof. Dra. Gislene Edwiges Lacerda.
Quando os documentos foram doados eram um conjunto de massa acumulada. Assim, através do trabalho e empenho de bolsistas, este acervo foi higienizado, organizado e mais recentemente catalogado. São diversos tipos de documentos, como: jornais, boletins da reitoria, pôsteres de eventos, fichas para carteirinhas de estudantes, fotos, notas fiscais, recibos, ofícios, cartas, dentre outros
Em 2012, este projeto foi ampliado: o acervo do DCE passou a fazer parte do projeto História da UFJF que tem como objetivo preservar a memória da UFJF, escrevendo a sua história.
Em relação à memória da UFJF, dá-se destaque à diversidade dos sujeitos que a compõe, valorizando assim todos os seus quadros (estudantes, docentes e funcionários) e suas unidades (pró-reitorias, institutos e faculdades). 
Assim, abriu-se espaço para o recolhimento de outros acervos (fotos do sr. Luis Carlos; fotos do ex-reitor René Mattos) e para o trabalho com História Oral, a partir da coleta de depoimentos e transcrição desses áudios.
Quando se estendeu o projeto, eu comecei a atuar como bolsista. Ajudei no trabalho de organização do acervo, na realização de entrevistas e na transcrição destas.
Em alguns momentos tínhamos uma média de seis bolsistas e as atividades fluíam bem. Porém, por corte de recursos, em outros momentos contamos com 2 bolsistas,o que prejudicava o andamento do projeto em sua totalidade. Também tivemos problemas com a falta de material, por exemplo, câmeras, gravadores e computadores.
Foto 2 – Acervo do DCE em 2012 Foto 3 – Acervo do DCE em 2020
 
Fonte: CECOM-UFJF Fonte: CECOM-UFJF
O acervo da Pantaleone Arcuri foi recolhido em 2013. Este foi doado por um membro da família, a prof. Ms. Alice Arcuri. O projeto Organização do Acervo da Pantaleone Arcuri consiste em higienizar e organizar e inventariar o acervo.
Devido a falta de recursos, este projeto por muito tempo contou apenas com uma bolsista. Quando transferido para o CECOM-UFJF, o trabalho foi ampliado, tendo mais bolsistas e funcionários atuando neste acervo. Neste caso, ainda está sendo realizado a higienização dos documentos, que consistem em documentos administrativos da construtora, como: fichas e pastas da trajetória de funcionários na empresa, livros de caixa, recibos, notas fiscais, entre outros documentos. Além destes documentos, foram doados posteriormente, algumas fotos do acervo pessoal da família, tendo fotos da turma da Escola de Engenharia da então Universidade de Minas Gerais, em 1937, quando Arthur Arcuri se formou e fotos com Getúlio Vargas.
A Companhia Pantaleone Arcuri foi fundada em 1895 por iniciativa de Pantaleone Arcuri e Pedro Timponi, com o nome de Pantaleone Arcuri e Timponi. Mais tarde, em 1898, Timponi desligou-se da firma dando lugar à Antônio Spinelli.
Destacou-se por suas oficinas onde produzia-se carroças, telhas de amianto, janelas, ladrilho hidráulico entre outros. A sede da firma foi construída em 1923 sendo responsável pelo projeto o arquiteto Rafael Arcuri.
A Companhia Pantaleone Arcuri executou inúmeras obras em Juiz de Fora, como o Cine-Theatro Central, os edifícios da Associação Comercial, Escola Normal e Castelinho da Cemig. Sendo assim, importante para a história da cidade de Juiz de Fora.
Foto 4 – Prédio da Antiga Foto 5 – Acervo da Pantaleone Arcuri em 2013
Companhia Pantaleone Arcuri
 
 Fonte: site flickr
 Fonte: CECOM-UFJF
 Foto 6 – Parte do acervo da Pantaleone Arcuri 2020
 
 Fonte: CECOM-UFJF
Estes são os fundos arquivísticos do CECOM-UFJF. O acervo do DCE falta ser digitalizado, estamos esperando conseguir scanners e câmeras para realizar esta tarefa. E como dito anteriormente, o acervo da Pantaleone Arcuri está na fase de higienização.
Embora o CECOM-UFJF tenha uma sede desde 2016, apenas no final de 2018
, conseguiu funcionárias terceirizadas qualificadas para o trabalho de preservação de documentos arquivísticos. A partir deste momento, as atividades puderam ser intensificadas e houve uma grande evolução nas funções do setor.
3 CONCLUSÃO
No Brasil, apesar do desenvolvimento na preservação do patrimônio cultural, inclusive do patrimônio documental, observa-se que ainda há um longo caminho a ser percorrido. Apesar de existirem diversos instrumentos legais que certificam a guarda e a preservação dos documentos históricos, há um desarranjo entre a realidade e o que está previsto em lei.
Analisa-se que, de um lado, há uma procura por tudo preservar, seja por meio da criação de museus, centros de documentação e arquivos, públicos ou privados, do outro lado, encontra-se um descaso, tanto por parte de instituições públicas quanto particulares, com a guarda e preservação do patrimônio documental.
No caso estudado do CECOM-UFJF, observa-se que se busca fazer o melhor com os recursos e dificuldades existentes. Realizamos a higienização, o acondicionamento e organização dos documentos em caixas arquivos. Não temos todos os materiais adequados, como papéis específicos para realizar o acomodamento correto dos documentos e nem caixas arquivo de polionda branca; o ambiente não tem as condições de temperatura e luminosidade adequadas. Muitas vezes compramos materiais de segurança para uso dos funcionários e bolsistas, como máscaras, com recursos próprios.
Assim, com as leituras realizadas e todo o aprendizado adquirido com o curso de Pós Graduação em Arquivologia, acredito que conseguirei adequar melhor a realidade do setor a uma preservação mais eficiente dos acervos.
4 REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto-lei nº 25 de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. Disponível em: portal.iphan.gov.br/uploads/.../Decreto_no_25_de_30_de_novembro_de_1937.pdf. Data de acesso: 4 de abril de 2020 às 13horas e 45 minutos. 
BRASIL. Lei nº 378 de 13 de janeiro de 1937. Dá nova organização ao Ministério da educação e Saúde Pública. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1930-1939/lei-378-13-janeiro-1937-398059-publicacaooriginal-1-pl.html. Data de acesso: 4 de abril de 2020 às 14 horas. 
BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 18 de setembro de 1946. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao46.htm. Data de acesso: 13 de abril de 2020 às 18 horas e 50 minutos.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1967. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao67.htm. Data de acesso: 13 de abril de 2020 às 19 horas e 03 minutos.
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�	 carolinamartinssaporetti@gmail.com
�	 O Ms. Galba Di Mambro é professor aposentado do Departamento de História da UFJF e ex-diretor do Arquivo Histórico.
�	 O LAPA é um laboratório vinculado ao CECOM-UFJF. Portanto, a partir de 2016, os acervos do LAPA passaram a ser guardados no CECOM-UFJF, devido melhor infraestrutura.
�	 Eu fui contratada como funcionária terceirizada em janeiro de 2019. Atuei no projeto História da UFJF desde 2012, como bolsista, quando era estudante da graduação em História na UFJF. Durante o mestrado em História atuei como voluntária neste projeto.

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