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RESENHAS LITERATURA PORTUGUESA

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RESENHA DOS TEXTOS:
“IDADE MÉDIA”
	A literatura vernácula da Idade Média é marcada pela falta de consciência crítica e indecisão o que atrasa seu desenvolvimento, entretanto, é na Itália com Dante que a língua vernácula juntamente com uma maior amplitude da literatura passam a ter maiores possibilidades de disseminação e enriquecimento. 
	Na Idade Média o saber medieval os teólogos e filósofos ocupam lugar de destaque, pois a teologia ocupa lugar principal no sistema cultural com uma visão teocêntrica, na qual o mundo divino abarcava todo humano, enquanto a filosofia era racional , sistematizada para organizar o conhecimento dos mistérios divinos, da Revelação da Ciência da Deus. 
	Em relação aos políticos e sociais, as classes cultas e os clérigos adotavam o latim, naturalmente, não só por a língua da Igreja Romana e do Império, mas para estimular o uso de uma língua perfeita.
	Em relação aos literários e pedagógicos, o programa grego resumia–sem a qual, os gregos não possuíam livros sagrados, nem revelação religiosa apenas seguiam os ensinos de Homero, o heroísmo dos deuses e heróis que foi adotado como finalidade pedagógica de formação integral do homem. O mesmo foi seguido pelos romanos seguiram a tradução da Odisseia feita por Lívio Andronico para uso nas escolas antes de Virgílio. Sendo assim, a Idade média atribuir caráter pedagógico à epopeia, promovendo poemas e assunto bíblicos a partir de traduções da bíblia. 
	As artes liberais tiveram ensejo com o filósofo Sócrates defendeu, primeiramente, a poesia épica, a retórica e as disciplinas matemáticas com Pitágoras. Em relação ao programa medieval o número de artes liberais só começou a ser sistematizado no século VI, no entanto, a filosofia e a teologia como outros ramos da Universidade começaram a se fundir no final so século XII.
	Dessa forma, afirma-se que na baixa Idade Média eram veiculados os processos latinos para a língua vernácula. 
	 As características da literatura da Idade Média se dá pela subordinação à filosofia e a teologia que acabou-se por confundir poesia com sabedoria. A filosofia na baixa Antiguidade também se confundia com gêneros do conhecimento como a gramática. Filósofos e sábios que tinham ensino os egípcios, os fenícios e os gregos passaram a considerado cristianismo como a verdadeira filosofia da vida. A tendência de muitos autores na Idade Média foi a de considerar os poetas como se fossem teólogos videntes para mostrar que a bíblia continha poesia. 
	O atraso da língua vernácula se dá devido ao defeito de consciência estética, defeito de subjetividade, excesso de utilitarismo didático, falta de sentido histórico, falta de consciência humanística. A falta de consciência humanística agravou o atraso dos meios linguísticos de expressão, pois a poesia, a literatura, a retórica e a gramática se misturavam nos conceitos e finalidades e o desenvolvimento de todas eram tido apenas com finalidade poética. 
“TROVADORISMO: 1198- 1418”
	As primeiras décadas desta época foram marcadas pela reconquista do solo português, na qual a atividade literária foi beneficiada por condições propícias. No pós- guerra, a poesia medieval portuguesa atinge seu ponto alto, na qual se explicita quatro teses fundamentais para explicá-la: tese arábica, tese folclórica, tese médio- latinista e tese litúrgica. Considerando que nenhuma delas é suficiente para explicar a origem da poesia medieval, é preciso considerar todas para melhor compreensão. 
	O trovadorismo em terras portuguesas teve sua origem em decorrência da junção das correntes provençal e popular. 
	A Poesia Trovadoresca na Provença designou o poeta como troubadour, derivando os termos trovadorismo, trovadoresco, trovadorescamente. Na França, o poeta recebeu o nome de trouver: que significa achar, , ou seja, o poeta deveria achar sua canção , sua cantiga ou cantar e o termo poema designava o canto e o acompanhamento musical. 
	As poesias trovadorescas se desenvolveram em lírico-amorosa e satírica. A poesia lírico-amorosa se subdividia em cantiga de amor e cantiga de amigo, enquanto a satírica se subdividia em cantiga de escárnio e de maldizer. 
	A cantiga de amor consistia em apelos amorosos de incorrespondidos sentimentos, impulsos eróticos, confissões passionais e dolorosas, que chega a atingir um plano de espiritualidade, uma verdadeira contemplação platônica referente a uma dama inacessível pelo próprio trovador, ocorrendo a coita que significa sofrimento de um amor que se confessa. O trovador refere-se à dama na maioria das vezes, como Mia senhor ou mia dona, ou seja, minha senhora, termos esses herdados do amor cortês da Provença, na qual impunha que o trovador deveria ocultar o nome da amada ou utilizar-se de um pseudônimo designado como senhal para presta-lhe a vassalagem. Em relação à estrutura da cantiga de amor o estribilho se apresenta como sendo um recurso típico da poesia popular, o chamado refrão e quando não há refrão a cantiga é chamada de maestria. 
	A cantiga de amigo escrita também por um trovador focaliza o outro lado da relação amorosa, ou seja, retrata o sofrimento da amoroso da mulher, geralmente, pertencentes às camadas populares como camponesas pastoras e mulheres humildes de uma zona ribeirinha retratando o desgosto de amar e ser abandonada em razão da guerra ou por causa de outra mulher. O assunto da cantiga é o drama da mulher, porém, quem compõe é trovador. A voz da cantiga é sempre da mulher dirigindo-se em confissão à mãe, às amigas, aos pássaros, aos arvoredos, às fontes aos riachos sempre numa entrega de corpo e alma. Neste sentido, a palavra amigo pode significar namorado e amante, dando a cantiga de amigo um caráter mais narrativo e descritivo. 
	A cantiga de escárnio trata–se da cantiga satírica que se constrói indiretamente, por meio de ironia e do sarcasmo. Na cantiga de maldizer, a sátira é feita diretamente com agressividade. A linguagem utilizada, normalmente era uma linguagem de baixo – calão, poesia maldita voltada para a pornografia ou o mau-gosto com escasso valor estético. 
	As cantigas uniam poesia, música, canto e dança e eram acompanhadas por instrumentos de sopro, corda e percussão, na qual o próprio trovador tocava o instrumento.
	Em relação aos cancioneiros, podia-se considera-los como coletâneas de canções, afim de que não desaparecem, pois as cantigas por serem apenas transmitidas oralmente, precisavam ser registras para guardas e serem lembradas. Haviam três tipos de cancioneiros: Cancioneiro de ajuda, Cancioneiro da biblioteca nacional e Cancioneiro da Vaticana. 
	Os principais trovadores foram: João Soares de Paiva, D. Dinis e João Garcia de Guilhade, Martim de Codax.
	Quanto à terminologia poética na poesia medieval eram utilizados requintados recursos formais sempre acompanhadas por música. O verso era chamado de palavra e quando fosse branco sem rima denominava-se palavra-perdurada. Cobras singulares eram estrofes com rimas próprias, enquanto finda era uma estrofe de estrutura própria, mas ligada por rimas ao resto da cantiga. Atafinda era o que recebe o nome de encadeamento ou enjambement, enquanto o dobre e o mordobre designava a repetição de uma palavra ou mais dentro da mesma estrofe e leixa - pren, ou seja, deixa-prende é o recurso formal é utilizar o ultimo verso da estrofe e iniciar a seguinte. Tenção é o termo que designa a cantiga dialogada, enquanto cantiga de atafinda eram as estrofes ligadas sintaticamente. Jogral era designação que se podia referir a saltimbancos, o truão, o ator mímico, o músico, a até quem compunha as melodias. 
	O valor da poesia trovadoresca se dá em exigir do leitor dos tempos atuais a adaptar-se e adquirir conhecimentos referentes às condições históricos - sociais da época, considerando-a um patrimônio lírico da Língua Portuguesa. 
	 No que se diz respeito às novelas de cavalaria na época do trovadorismo pode-se dizer que nasceram da prosificação e metamorfose das canções de gesta que designava as poesias com temas de guerreiros, na qual deixavam de ser cantadas por meio deversos e passavam ser em prosa. As Novelas de Cavalaria surgiram em Portugal no século XIII, durante o reinado de Afonso III, e circulava em meio a fidalguia e a realeza. 
	As novelas cavalarescas dividiram-se em três ciclos: ciclo de bretão ou arturiano, ciclo carolíngio e ciclo clássico. Na biblioteca de D. Duarte existiam exemplares de novelas como: Tristão, o Livro de Galaaz, o Mago Merlim e de todas as novelas de cavalaria que circularam só permaneceram: Historia de Merlim, José de Arimatéia e A demanda do Santo Graal. 
	Os cronicões e livros de linhagens tratavam-se de Hagiografias ou Nobiliários, ou seja, vida de santos escritas em latim com menos significado literário. Os livros de linhagens eram relações de nomes especialmente de fidalgos estabelecendo graus de parentesco que serviam para esclarecer duvidas em relação a heranças , filiação , casamento em pecado e etc. 
 “HUMANISMO: 1418 – 1527”
	A época do Humanismo inicia-se quando Fernão Lopes é nomeado Guarda – mor da Torre do Tombo por D. Duarte em 1418 quando se inaugura a dinastia de Avis que se prolongou ate 1580 e mais tarde torna-se D. João I. Época muito importante para a história de Portugal, na qual ocorre uma renovação da cultura portuguesa e um grande desenvolvimento das Letras. 
	Fernão Lopes culmina a tal renovação e Portugal entra num processo de humanização cultural, na qual se concentra a concepção teocêntrica de vida, onde tudo se centra no homem, com a tomada de Ceuta em 1415. 
	A cultura torna-se laica em relação à educação do homem constituindo o objetivo da literatura moralista escrita por Fernão Lopes atingindo as camadas populares. Tais transformações históricas efetivam-se por conta das crônicas, a poesia e, em especial pelo teatro vicentino, na qual a temática sempre voltada para o homem enquanto homem e não para o homem concebido a imagem e semelhança de Deus. 
	Nos dois primeiros séculos da Literatura Portuguesa a atividade historiográfica evoluiu com o auxílio literário e histórico de Fernão Lopes, considerado “Pai da História” em Portugal. Tem concepção da historia regiocêntrica e enquadra-se nas estruturas culturais da Idade Média. Fernão Lopes oferecia ao leitor sempre uma visão da realidade e atual dos acontecimentos nos retratos psicológicos das personagens, na cronologia, nos diálogos e nas soluções estruturais. 	
	Fernão Lopes exerceu cargos de confiança na corte, homem com profundo sentido de justiça, foi um revolucionário por virtudes e princípios com espírito medieval de justiça. Participou da política conhecendo de perto a revolução popular que apoiou o regente D. Pedro contra o partido de D. Leonor. 
	Todas as obras de Fernão Lopes continham um patriotismo autêntico e uma genuinidade de sentido épico que talvez nem os Lusíadas tivesse. Ele foi o despertar da consciência crítica na historiografia portuguesa. A estrutura novelesca da historiografia de Fernão Lopes se dá pelo desenrolar da ação e pelo emprego sistemático do diálogo, considerando a prosa de ficção, o dramatismo da cena, a evolução do diálogo e a descrição psicológica do herói novelesco. Fernão Lopes utiliza para da animo aos leitores uma economia sintática. 
	 Gomes Eanes de Azuarara sucedeu Fernão Lopes em 1454 com intuito de continuar a escrever crônicas de todos os reis. Acrescentou a 3ª parte à crônica de D. João I, ou seja, Crônica da Tomada de Ceuta, escreveu ainda: Crônica do Infante D. Henrique ou Livros dos feitos do Infante, Crônica dos feitos de Guiné, Crônica de D. Fernando Conde de Vila-Real. Suas características diferenciais de Fernão Lopes é que se preocupa com as pessoas e seu individualismo e não com grupos sociais, valendo-se mais da ação do cavaleiro do que a ação da massa popular o que tornou suas crônicas um tanto monótonas por serem muito descritivas. O trabalho de Azuarara durou cerca de vinte anos e foi Vasco Fernandes de Lucena seu sucessor. 
	Um surto de humanização da cultura e do absolutismo ocorreu no reinado dos Avises originando o culto aos esportes, especialmente a caça, as virtudes morais são enaltecidas e a preocupação do equilíbrio entre saúde do corpo e do espírito se torna muito em voga o que origina a prosa doutrinária. Entre muitas obras moralistas do século XV, pode-se citar O livro da Montaria de D. João I, o Leal Conselheiro da Ensinança de bem Cavalgar Toda Sela, no qual faz apologia a vida. O Livro da Virtuosa Benfeitoria do Infante D. Pedro enfatizando a educação dos nobres, O Livro de Falcoaria de Pêro Menino no qual se ensinava a tratar de falcões. 
	A respeito da poesia do Cancioneiro geral mesmo após o declínio do trovadorismo no final do século XIV, a poesia continuou a ser cultivada, mas sobre a influencia cultural de D. João I , pois a poesia passa a separa-se da música e passa a ser criada para leitura solitária sem recursos instrumentais, o ritmo passa a surgir dos próprios recursos da palavra, o que torna a poesia moderna adquirindo seu próprio ritmo. Dessa forma, para equilibrar a decadência do lirismo os poetas quatrocentistas desenvolveram novas técnicas e estruturas poéticas como a esparsa, a trova e o vilancete. O Cancioneiro Geral introduziu o emprego do verso redondilho e ainda trazendo novidades temáticas. Ocorreram ainda nessa época, tentativas de criação de poesias épica antecedendo Camões.
	 Durante a Idade Média, surgiu um tipo de teatro que recebeu o nome de popular por conta de seus temas, linguagem e atores. Consistiam em encenação de quadros religiosos alusivos a cenas bíblicas e festividades como Natal e Páscoa. A localidade das encenações eram o interior das Igrejas e o altar. Com o passar dos tempos o povo começou a representar peças não mais de caráter religioso disseminando em feiras, mercados, castelos da Europa e foi pelas mãos de Gil Vicente que esse cenário teve início. 
	Em Portugal antes de Gil Vicente há indicio de teatro, porém, não há provas documentais, assim como a biografia de Gil Vicente também há dúvidas, pois talvez teria nascido em 1465 ou 1466 talvez em Guimarães e morrido entre 1536 a 1540. Gil Vicente dedicou-se a escrever e representar peças teatrais de vários temas, entretanto poucas foram publicadas. O teatro vicentino foi divido em três fases: Primeira fase teve influência de Juan del Encina, a segunda fase com obras como Quem tem farelos? e Auto das fadas, Trilogia das barcas, o Auto da alma, a Farsa de Inês Pereira, o Juiz da Beira e a terceira fase com: O Auto da feria e Floresta de Enganos. Nesta última fase Gil Vicente teve influência do classicismo renascentista. 
	A temática utilizada por Gil Vicente era dividida em: tradicional e atualidade, a tradicional era representação da postura medieval com peças de caráter litúrgico como o Auto da Fé e o Auto da Alma, ligada ao teatro religioso de Juan del Encina, , haviam ainda peças com temática bucólica como o Auto do Pastoril Português e Auto do Pastoril Castelhano e peças de assuntos relacionados as novelas de cavalaria como o Auto de Amadis de Gaula. O teatro da atualidade continha a representação satírica da sociedade do tempo como fidalguia, clero e plebe. 
	O caráter das peças de Gil Vicente era primitivo, rudimentar e popular mesmo tendo surgido no ambiente da Corte e para animar os reis, mesmo escrevendo para um publico de poder Gil Vicente não deixou de se impor com seus ideais e gosto. Suas características próprias eram o improviso, o roteiro básico, e a encenação verossímil e ainda, tendo a mimica com papel importante de entretenimento. 
	Gil Vicente demonstrou todo talento nos mais diverso viés como: matizes, líricos, satíricos, mitológicos, alegóricos e religiosos, contando também com suas peças de sátira social, combate, acusação e moralidade. Também com sátiras vicentinas sobre as feridas sociais da época, ideias de crítica social e anticlericalismo lembrando as ideias de Erasmo de Rotterdão, o que o tornou o autor mais importante da história da literatura portuguesa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MENDES, João.Literatura Portuguesa I. 2ª ed. Lisboa:Verbo, 1979.
MOISÉS, Massaud. A literatura Portuguesa através dos textos. 26ª ed. São Paulo: Cultrix, 1998.

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