Prévia do material em texto
ADOLESCÊNCIA Judiciário e Sociedade Adolescência Nesse período ocorre o pensamento “mágico” (fantasia do poder absoluto, onipotência), quando o adolescente se engaja no principal desejo de reconhecimento social. Ocorrem atuações sociais, podendo chegar a transgressões que desencadeiam dificuldades e problemas como o abuso de drogas, a gravidez prematura, a contaminação pelas DSTs, chegando até a prática de atos infracionais. JUSTIÇA, JUVENTUDE E DEMOCRACIA Apesar do seu caráter quantitativo reduzido, a questão do adolescente infrator possui um induvidável efeito contaminante negativo sobre o conjunto das políticas sociais. Quem não resolve este problema compromete todas as políticas sociais para a infância em geral e os direitos humanos dos adolescentes em particular. A questão do adolescente infrator é um extraordinário termômetro da democracia. Emilio Garcia Mendez • Vários fatores sociais levam ao envolvimento de jovens no mundo da criminalidade. • A ausência de perspectivas educacionais, inserção no mundo do trabalho, a extrema carência afetiva e material são algumas variáveis. • Um dos princípios que rege toda a interpretação do ECA é considerar o adolescente como pessoa em desenvolvimento, o que remete à ideia de que não se trata de um ser humano completo, que se encontra em formação. Adolescentes em conflito com a lei • Com referencia aos jovens em conflito com a lei, caracterizam-se como um grupo particular de adolescentes que dão entrada no Sistema de Justiça e nas instituições públicas de atendimento social e estariam inseridos no mundo da delinquência juvenil. O ato infracional não pode ser entendido exclusivamente como resultado de uma ação individual ou problema do adolescente. Quanto mais a sociedade se organiza de forma violenta e repressiva, mais provável será a produção de respostas sociais e individuais de caráter violento. Quanto mais se cria espaço de diálogo para resolução de conflitos, menos chances haverá de eclosão de situações violentas. Doutrina da situação irregular Antes do ECA • Crianças e adolescentes são vistos como objetos de intervenção por parte dos adultos. • Caracterizada por práticas assistencialistas, institucionalizantes e autoritárias de atendimento a crianças e adolescentes, considerados como pessoas em situação irregular • Prevê o mesmo tratamento para crianças e adolescentes vítimas de violência e autores de delitos. Vigora até o final da década de 1980, quando é adotada a Convenção sobre os Direitos da Criança. Doutrina de Proteção Integral • Reconhece crianças e adolescentes como sujeitos plenos de direitos, que devem ser ouvidos e participar ativamente de todos os procedimentos que lhes digam respeito. • Estabelece um sistema de responsabilização dos adolescentes que cometem atos infracional, assegurando-lhes todos os direitos e garantias de um processo justo. • Todas as ações e políticas voltadas a essa parcela da população devem visar a promoção de um desenvolvimento integral, pautada na proteção de direitos. Doutrina de Proteção Integral – Direitos fundamentais • O Direito à Sobrevivência (vida, saúde, alimentação); • O Direito ao Desenvolvimento Pessoal e Social (educação, cultura, lazer e profissionalização); • O Direito à Integridade Física, Psicológica e Moral (dignidade, respeito, liberdade e convivência familiar e comunitária). Doutrina de Proteção Integral (i) São direitos universais, pois referem-se a todas as crianças e adolescentes, sem exceção alguma. (ii) São direitos indivisíveis, pois não podem ser aplicados de forma parcial. Constituição Federal de 1988 e os Direitos do adolescente autor de ato infracional • A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, prevê um rol de garantias e princípios a serem observados no curso do processo, que devem também ser garantidos aos adolescentes autores de ato infracional. Dentre eles: a garantia do acesso à justiça, o contraditório e a ampla defesa e os princípios da reserva legal e da presunção de inocência. Constituição Federal de 1988 e os Direitos do adolescente autor de ato infracional • O art. 227 prevê que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Aplicação da Doutrina de Proteção Integral • Políticas Sociais Básicas, direitos de todos e dever do Estado, como educação e saúde; • Políticas de Assistência Social, para quem se encontra em estado de necessidade temporária ou permanente, como os programas de renda familiar mínima; Aplicação da Doutrina de Proteção Integral • Políticas de Proteção Especial, para quem se encontra violado ou ameaçado de violação em sua integridade física, psicológica e moral, como os programas de abrigo; • Políticas de Garantia de Direitos, para quem precisa pôr para funcionar em seu favor as conquistas do estado democrático de direito, como, por exemplo, uma ação do Ministério Público ou de um centro de defesa de direitos. • Quando uma criança ou adolescente está atendido adequadamente por sua família e pelas políticas sociais básicas, podemos afirmar que seu direito à proteção integral está assegurado. • Quando uma criança ou adolescente se encontra em estado de necessidade temporário ou permanente, ele passa a ser credor de atendimento pela política de assistência social. • Quando uma criança ou adolescente se encontra diante de uma situação que ameaça ou viola sua integridade, ele precisa com urgência de proteção especial. • Quando uma criança ou adolescente se encontra envolvido num conflito de natureza jurídica, sua proteção integral requer o acionamento das políticas de garantia de direitos. O Artigo 86 do ECA assim define a política de atendimento: • “A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.” Princípios da política de atendimento do ECA • Princípio da Descentralização: municipalização do atendimento; • Princípio da Participação: criação de Conselhos; • Princípio da Focalização: criação e manutenção de programas específicos; • Princípio da Sustentação: manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais; Sete regimes do ECA I – ORIENTAÇÃO E APOIO SÓCIO-FAMILIAR II – APOIO SÓCIO-EDUCATIVO EM MEIO ABERTO III – COLOCAÇÃO FAMILIAR IV – ABRIGO V – LIBERDADE ASSISTIDA VI – SEMILIBERDADE VII – A INTERNAÇÃO • As medidas socioeducativas podem ser compreendidas de acordo com SILVA, citado por HUTZ, 2002, como atividades que são impostas aos adolescentes pelas autoridades competentes, que pratiquem qualquer ato que configure uma infração penal. Essas medidas na prática correspondem a advertências, reparação do dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, regime de semiliberdade ou a perda da liberdade, ou seja, a internação em um estabelecimento tido como educacional. Processo socioeducativo • Os profissionais que atuam com adolescentes precisam conhecer as fases de desenvolvimento, compreender, avaliar e desenhar estratégias que promovam a organização da estrutura individual do jovem e sua família, de forma a assegurar a superação das dificuldades apresentadas, auxiliando-o no seu processo de amadurecimento e tendo presente que a adolescência é essencialmente construção social. Processo socioeducativo DEVE SER PAUTADO NOS SEGUINTES PRINCÍPIOS: - Incompletudeinstitucional - Protagonismo juvenil - Inclusão do adolescente e família como cidadãos sujeitos de direitos - Articulação da rede serviços Socioeducativo em MT Última pesquisa de 2003 • No Estado de Mato Grosso, a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos é a responsável pela execução das medidas socioeducativas. • O Centro Socioeducativo é a instituição responsável pelo atendimento de todos os adolescentes em conflito com a lei no Estado de Mato Grosso, tanto em meio aberto como fechado. • Também estão presentes no processo socioeducativo a Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego e Cidadania – SETEC, que em parceria com FURNAS e outras instituições oferecem cursos profissionalizantes; as Secretarias de Estado e Municipal de Saúde de Saúde, através do apoio às ações de saúde destinadas aos adolescentes e seus familiares; a Secretaria de Estado de Educação – SEDUC, responsável pela escolarização dos adolescentes inseridos no ensino fundamental ou médio; e a Fundação de Promoção Social – PROSOL, que assisti as famílias dos adolescentes atendidos. Cooperação com universidades • A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a Universidade de Cuiabá (UNIC) encaminha estudantes de diversos cursos para estágio no atendimento dos adolescentes em conflito com a Lei. Número de jovens em cada medida socioeducativa • Internação Masculina: 67 jovens; • Internação Feminina: 10 jovens; • Semiliberdade: ainda não foi implantada; e • Liberdade assistida e prestação de serviços à comunidade: 80 jovens Estabelecimentos de internação e semiliberdade existentes e número de vagas • No tocante à capacidade das unidades destinadas à medida de internação e o número de adolescentes inseridos em tal medida, os dados fornecidos pelo Centro Socioeducativo são os seguintes: • Internação Masculina: capacidade para 76 adolescentes; • Internação Feminina: capacidade para 16 adolescentes; e Prestação de Serviços à comunidade e liberdade assistida: 80 jovens. • A semiliberdade está sendo implantada, tendo futuramente capacidade para 15 adolescentes. Programa de atendimento a egressos • Segundo informações do Centro Socioeducativo, existem programas de atendimento a egressos executados pela mesma equipe da liberdade assistida. Diretrizes seguidas para a execução das medidas socioeducativas • O Plano Estadual das Medidas Socioeducativas estabelece as diretrizes • para a execução das medidas socioeducativas. Municipalização • O Centro Socioeducativo informou haver projetos destinados à municipalização das medidas em meio aberto; entretanto, tais programas ainda não foram implementados. SINASE Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo • Destinado a regulamentar a forma como o Poder Público, por seus mais diversos órgãos e agentes, deverá prestar o atendimento especializado ao qual adolescentes autores de ato infracional têm direito. O SINASE foi originalmente instituído pela Resolução nº 119/2006, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - CONANDA, e foi recentemente aprovado pela Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012, que trouxe uma série de inovações no que diz respeito à aplicação e execução de medidas socioeducativas a adolescentes autores de ato infracional, dispondo desde a parte conceitual até o financiamento do Sistema Socioeducativo, definindo papeis e responsabilidades, bem como procurando corrigir algumas distorções verificadas quando do atendimento dessa importante e complexa demanda. SINASE EXECUTIVO DESIGUALDADE NO DESEMPENHO: • REDE FISICA • DESCENTRALIZAÇÃO • INVESTIMENTO • TAXAS INTERNAÇÃO • LOCUS INSTITUCIONAL SISTEMA DE JUSTIÇA • DESALINHAMENTO CONCEITUAL E PRÁTICO • ESTRUTURAS INCOMPLETAS DESAFIOS DO SINASE DESAFIO: MUDANÇA CULTURAL DO MODELO PRISIONAL- PUNITIVO - AO SOCIOEDUCATIVO PROCESSO DE MUDANÇA: MODELO CONCEITUAL /CONCEITO ESTRUTURADO MODELO MENTAL /APRENDIZAGEM COGNITIVA MODELO INSTITUÍDO / PRÁTICA COTIDIANA