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03 PROCESSO DE CONHECIMENTO - petição inicial, citação e audiência de conciliação

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PROCESSO DE CONHECIMENTO: 
PROCEDIMENTO COMUM 
SUMÁRIO 
 DISPOSIÇÕES GERAIS: ........................................................................................................ 1 
 DA PETIÇÃO INICIAL (UM ATO DA FASE POSTULATÓRIA) ................................................. 4 
 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DA PETIÇÃO INICIAL ........................................................... 53 
 DA CITAÇÃO DO RÉU (BREVES CONSIDERAÇÕES) ........................................................... 75 
 DA AUDIÊNCIA PRELIMINAR DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO ................................ 85 
 
 DISPOSIÇÕES GERAIS: 
 
 No CPC/73 o processo de conhecimento 
seguia a seguinte divisão: 
 
 
No NCPC/2015, DESAPARECE o rito sumário, bem 
como a nomenclatura “rito ordinário”; 
MANTENDO-SE somente a nomenclatura 
“procedimento comum” e alguns procedimentos 
especiais tanto dentro quanto fora do código de 
processo civil. 
 
 Assim sendo, importa observar que o 
processo de conhecimento, ainda hoje se 
desenvolve através de diferentes “caminhos” ou 
de diferentes sequências de atos processuais: 
 
- Um destes procedimentos, estabelecido pelo 
NCPC/2015 como um procedimento padrão, recebe 
o nome de PROCEDIMENTO COMUM e deve ser 
usado como regra geral a teor do caput do art. 318, 
NCPC. 
 
Art. 318. Aplica-se a todas as causas o 
procedimento comum, salvo disposição em 
contrário deste Código ou de lei. 
 
O procedimento comum é, então, o modelo, o 
padrão, em outras palavras o standart dos 
procedimentos cognitivos. E, exatamente por conta 
disso, encontra-se minunciosamente regulado pela 
lei processual. 
 
- Por outro lado, existem ainda os chamados 
PROCEDIMENTOS ESPECIAIS, os quais são 
regulamentados apenas naquilo que possuem de 
diferente em relação ao procedimento comum e, 
por tal razão, o §único do já citado art. 318 é 
categórico ao dispor que: 
 
Parágrafo único. O procedimento comum 
aplica-se subsidiariamente aos demais 
procedimentos especiais e ao processo de 
execução. 
 
 Por tais razões de ser, o estudo do 
procedimento comum é medida que se impõe. 
 
 O CPC trata do 
procedimento comum a partir 
do art. 318, dividindo-o em 
QUATRO FASES: a 
postulatória, na qual o autor 
formula sua pretensão por meio da petição inicial e 
o réu apresenta a sua resposta; a ordinatória, em 
que o juiz saneia o processo e aprecia os 
requerimentos de provas formulados pelas partes; a 
instrutória, em que são produzidas as provas 
necessárias ao convencimento do juiz; e a decisória. 
 
OBS.: Isso não significa que, em cada uma das fases, sejam 
praticados apenas atos processuais do tipo que lhes dá o 
nome. A classificação leva em conta apenas o tipo de ato 
predominante. 
EX.: em qualquer das quatro fases, não apenas na última, o 
juiz proferirá decisões interlocutórias. Há possibilidade de 
atos instrutórios, como a juntada de documentos em 
qualquer fase. E o juiz, a quem cumpre fiscalizar o bom 
andamento do processo, poderá a todo tempo determinar 
atos de saneamento, de regularização de eventuais vícios ou 
deficiências. 
 
 DA PETIÇÃO INICIAL (UM ATO DA 
FASE POSTULATÓRIA) 
 Assim como 
acontece com todo e 
qualquer procedimento, o 
Procedimento Comum 
INICIA-SE com o 
ajuizamento de uma PETIÇÃO INICIAL (primeiro ato 
da chamada fase postulatória). 
 
Sendo a inércia uma característica da atividade 
jurisdicional, a petição inicial pode ser definida 
como o ato formal responsável por rompê-la 
através da apresentação, perante o judiciário, dos 
contornos, objetivos e subjetivos, que indicam a 
demanda que se pretende ver apreciada. Em outras 
palavras, a petição inicial é o ato formal 
responsável por instaurar o processo. 
 
 
 Como ato formal que é, alguns REQUISITOS 
se fazem de observância obrigatória: 
 
1º) FORMA: 
 
- Via de regra a petição inicial DEVE SER ESCRITA, 
admitindo-se sua postulação oral apenas em 
alguns casos previamente autorizados em lei, 
sendo que ainda assim deverá ser reduzida a termo 
escrito. 
 
Ex.: art. 14 da Lei n. 9.099/1999 (juizados Especiais 
Cíveis); art. 12, Lei 11.340/2006 (referente ao 
pedido de concessão de medidas protetivas de 
urgência em favor da mulher que se afirma vítima 
de violência doméstica ou familiar); e do art. 3°, § 
1°, Lei n. 5.478/1968 (que trata do procedimento 
especial da ação de alimentos). 
 
 
2º) INDICAÇÃO DO “JUÍZO A QUE É DIRIGIDA” A 
DEMANDA (ART. 319, I, NCPC/2015): 
- Como a petição contém um requerimento dirigido 
ao Poder Judiciário, e como este é composto por 
inúmeros órgãos, entre os quais é dividida a 
competência (ou seja, o limite dentro do qual um 
juízo pode exercer sua função jurisdicional), o autor 
deve indicar para quem a sua petição é dirigida. 
 
- Para que seja possível 
identificar corretamente o 
juízo para o qual a petição 
inicial dever ser dirigida, 
imperioso se faz a adoção 
dos chamados “CRITÉRIOS 
DE DETERMINAÇÃO DA 
COMPETÊNCIA” os quais, segundo disposição legal 
contida no art. 44 do NCPC, podem ser encontrados 
na Constituição Federal, em lei federal (especial no 
CPC), nas leis estaduais de organização jurídica e 
nas Constituições dos Estados. 
 
- No que se refere ao regramento dado pelo 
NCPC/2015, os critérios de determinação da 
competência encontram-se disciplinados do art. 42 
ao art. 66. 
 
- O endereçamento far-se-á no cabeçalho da 
petição inicial, devendo sempre ser observadas as 
designações corretas: 
a) “Comarca” é unidade territorial da justiça dos 
Estados; “Seção judiciária”, da justiça Federal; 
b) “Juiz Federal” qualifica o magistrado da justiça 
federal; e “Juiz de direito”, o da justiça estadual; 
c) com a entrada em vigor do CPC/2015, o mais 
correto é se dirigir ao “Juízo” e não mais ao juiz ou 
tribunal como era a praxe do CPC/1973. 
 
Ex.1 CPC/1973: "Exmo. Sr. Juiz de Direito da Vara de Família da 
Comarca de Belo Horizonte, Minas Gerais". 
Ex.2 CPC/1973: "Exmo. Sr. Juiz Federal da Vara Federal da Seção 
Judiciária de Belo Horizonte, Minas Gerais". 
Ex.3 CPC/2015: "Ao Juízo da Vara de Família da Comarca de Belo 
Horizonte, Minas Gerais". 
Ex.4 CPC/2015: "Ao Juízo da Vara Federal da Seção Judiciária de 
Belo Horizonte, Minas Gerais". 
 
- Um eventual erro em relação ao endereçamento 
não ensejará o indeferimento da inicial, mas tão 
somente a remessa da mesma ao correto 
destinatário; 
 
 
 
 
 
 
PAUSA PRÁTICA: 
Mario dos Santos (solteiro, engenheiro, 
domiciliado e residente, na cidade do Rio de 
Janeiro, na Avenida Nossa Senhora de 
Copacabana, n.º 1000, apto. 608, inscrito no 
CPF sob o n.º 000.000.001-00) adquiriu em 
estabelecimento comercial da Vende Tudo Ltda. (sociedade estabelecida, 
na cidade de Petrópolis, RJ, na Rua Imperial, n.º 10 e inscrita no CNPJ sob 
o n.º 123/0001-00) um aquecedor elétrico, fabricado por ABC Produtos 
Elétricos e Eletrônicos S/A (sociedade estabelecida na cidade de Campos 
dos Goytacazes, RJ, na Avenida Desembargador Amaro Martins de 
Almeida, n.º 271, e inscrita no CNPJ sob o n.º 456/0001-00). Em virtude de 
um defeito de fabricação, o aquecedor elétrico explodiu, provocando 
incêndio em uma pequena casa que Mário tem na cidade de Petrópolis 
(RJ). Em decorrência da explosão, além dos danos causados ao imóvel, 
Mário sofreu ferimentos nas mãos e no rosto, ficando parcialmente 
desfigurado e impossibilitado de desenvolver suas atividades profissionais 
pelo prazo de 6(seis) meses. Você, como advogado, foi procurado por 
Mário, que lhe expõe os fatos, acrescentando que não tem, neste 
momento, como saber qual o exato montante dos prejuízos sofridos em 
razão da parcial destruição do imóvel de Petrópolis, e que tão pouco pode 
precisar, de antemão, o que deixou de ganhar no período de cessação de 
suas atividades profissionais, por ser engenheiro que trabalha como 
profissional liberal. 
 
COM BASE NO CASO ACIMA, REDIJA O ENDEREÇAMENTO DA PETIÇÃO 
INICIAL DA AÇÃO QUE, A SEU VER, DEVE SER PROPOSTA, NAS 
CIRCUNSTÂNCIAS DESCRITAS. 
 
RESPOSTA:
Versando a demanda sobre relação jurídico material envolvendo, de um 
lado, consumidor como autor e, do outro lado, fornecedor como réu, 
buscando o autor impor ao réu responsabilidade civil em razão do 
fornecimento de produtos ou serviços, poderá o consumidor (autor) optar 
pelo foro do seu domicílio, como define o CDC: 
 
Art. 101 – Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e 
serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste Título, serão 
observadas as seguintes normas: I – a ação pode ser proposta no domicílio 
do autor; (...) 
 
Estamos diante de regra especial que uma vez sendo exercida pelo 
consumidor-autor afasta a regra geral do artigo 46, CPC (domicílio do réu), 
bem como uma regra mais específica ainda ditada pelo art. 53, IV, a, do 
CPC; ou seja, o consumidor-autor poderá propor a demanda no seu 
domicílio, no lugar do fato ou no domicílio do réu-fornecedor. 
“O foro do domicílio do autor é uma regra que beneficia o consumidor, 
dentro da orientação fixada no inc. VII do art. 6º do Código, de facilitar o 
acesso aos órgãos judiciários. Cuida-se, porém, de opção dada ao 
consumidor, que dela poderá abrir mão para, em benefício do réu, eleger a 
regra geral, que é a do domicílio do demandado (art. 46, CPC).” 
 
Diante do caso concreto e da opção legislativa do foro, em se tratando de 
um caso concreto é preciso verificar a melhor opção para o seu cliente; em 
se tratando do exame da Ordem, sugiro que a apresentação da demanda 
seja feita no FORO DO DOMICÍLIO DO AUTOR, qual seja: comarca do Rio de 
Janeiro/RJ, por ser, em tese, mais benéfica ao mesmo. 
 
Ao juízo da Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro/RJ 
 
 
 
 
 
3º) QUALIFICAÇÃO DAS PARTES (ART. 319, II, 
NCPC/2015): 
 
- A qualificação é 
indispensável para que 
as partes sejam 
identificadas. Assim 
sendo, deve o autor 
apresentar todos os 
elementos de que 
dispõe e que tornem possível a individuação das 
partes da demanda. 
 
- Nos termos do art. 319, inciso II, NCPC/2015: 
 
Art. 319. A petição inicial indicará: (...) 
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a 
existência de união estável, a profissão, o número 
de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no 
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço 
eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do 
réu; 
 
- O que se pretende, com tal requisito, é evitar o 
processamento de pessoas incertas, bem como 
verificar a incidência de algumas normas que têm 
por suporte fático algum desses qualificativos. 
 
ex.: litisconsórcio necessário de pessoas casadas, art. 73, § 1°, do 
CPC; domicílio necessário de funcionários públicos, art. 76 do Código 
Civil; exigência de caução às custas para os autores estrangeiros ou 
nacionais não residentes no país, art. 83 do CPC; tratando-se de 
pessoa jurídica, é fundamental que a petição inicial venha 
acompanhada do estatuto social e da documentação que comprove a 
regularidade da representação; e etc. 
 
- Nenhuma dificuldade existirá em relação ao autor, 
mas é possível que o réu, no momento da 
propositura, seja incerto ou não esteja 
perfeitamente identificado1. Isso não impedirá o 
recebimento da inicial: 
 
No caso de RÉU INCERTO, a citação será então 
feita por edital, na forma do art. 256, I, do 
NCPC/2015. É o que ocorre, por exemplo, nas 
ações possessórias quando há grandes 
invasões de terra, em que nem sempre será 
possível identificar e qualificar os invasores. 
 
 
1 Sobre o tema veja ainda Resolução nº 46 do Conselho Nacional de 
Justiça, bem como art. 15 da Lei 11.419/2006, a qual regulamenta o 
processo eletrônico. 
Para os casos em NÃO HAJA PERFEITA 
IDENTIFICAÇÃO do réu, o legislador trouxe os 
temperamentos dos §§ do art. 319: 
 
§ 1o Caso não disponha das informações previstas 
no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, 
requerer ao juiz diligências necessárias a sua 
obtenção. 
§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a 
despeito da falta de informações a que se refere o 
inciso II, for possível a citação do réu. 
§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não 
atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se 
a obtenção de tais informações tornar impossível 
ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. 
 
PAUSA PRÁTICA: 
Mario dos Santos (solteiro, engenheiro, 
domiciliado e residente, na cidade do Rio de 
Janeiro, na Avenida Nossa Senhora de 
Copacabana, n.º 1000, apto. 608, inscrito no 
CPF sob o n.º 000.000.001-00) adquiriu em 
estabelecimento comercial da Vende Tudo Ltda. (sociedade estabelecida, 
na cidade de Petrópolis, RJ, na Rua Imperial, n.º 10 e inscrita no CNPJ sob 
o n.º 123/0001-00) um aquecedor elétrico, fabricado por ABC Produtos 
Elétricos e Eletrônicos S/A (sociedade estabelecida na cidade de Campos 
dos Goytacazes, RJ, na Avenida Desembargador Amaro Martins de 
Almeida, n.º 271, e inscrita no CNPJ sob o n.º 456/0001-00). Em virtude de 
um defeito de fabricação, o aquecedor elétrico explodiu, provocando 
incêndio em uma pequena casa que Mário tem na cidade de Petrópolis 
(RJ). Em decorrência da explosão, além dos danos causados ao imóvel, 
Mário sofreu ferimentos nas mãos e no rosto, ficando parcialmente 
desfigurado e impossibilitado de desenvolver suas atividades profissionais 
pelo prazo de 6(seis) meses. Você, como advogado, foi procurado por 
Mário, que lhe expõe os fatos, acrescentando que não tem, neste 
momento, como saber qual o exato montante dos prejuízos sofridos em 
razão da parcial destruição do imóvel de Petrópolis, e que tão pouco pode 
precisar, de antemão, o que deixou de ganhar no período de cessação de 
suas atividades profissionais, por ser engenheiro que trabalha como 
profissional liberal. 
 
COM BASE NO CASO ACIMA, REDIJA O PREAMBULO DA PETIÇÃO INICIAL 
DA AÇÃO QUE, A SEU VER, DEVE SER PROPOSTA, NAS CIRCUNSTÂNCIAS 
DESCRITAS. 
 
 RESPOSTA: 
 
No tocante a legitimidade ativa maiores problemas não se avizinham. A 
posição do Sr. Mario dos Santos como consumidor é patente, tendo 
adquirido no mercado produto como destinatário final (CDC art. 2º). 
 
Já a legitimidade passiva merece maior atenção. 
 
Como demonstrado no enunciado, o produto que causou o dano foi 
adquirido pelo consumidor no estabelecimento comercial denominado Vende 
Tudo Ltda, produto fabricado por ABC Produtos Elétricos e Eletrônicos S/A. 
 
Temos, assim, correta identificação do COMERCIANTE e do FABRICANTE do 
produto e a questão é: os dois comporão o pólo negativo da demanda em 
formação de litisconsórcio??? 
 
A resposta é não, somente o FABRICANTE figurará no processo como réu. 
 
Nos termos do artigo 12 do CDC, o fabricante responderá objetivamente 
(“independente da existência de culpa”) pelos danos causados a outrem por 
colocar no mercado produto defeituoso que não oferece a segurança 
convencional em razão do uso (CDC, art. 12, §1º, inc. II). Por sua vez, o 
comerciante somente será responsabilizado nos casos de inexistência de 
informações suficientes quanto ao fabricante (CDC, art. 13, incs. I e II). 
 
No caso apresentado, como o enunciado apresenta quem é o fabricante, 
precisando inclusive sua qualificação, nítido que o comerciante não será 
lançado como réu, restando afastada sua responsabilidade. 
 
Já em relação à nominação, tendo sido a demanda apresentada sob o 
procedimento comum, é preciso focar nos pedidos que serão formulados, no 
caso: Ação de Indenização por danos materiais e morais. 
 
 
MARIO DOS SANTOS, nacionalidade..., solteiro, engenheiro, 
portador do RG nº..., devidamente inscrito no CPF sob o n. 
000.000.001-0, residente e domiciliado na Av. Nossa Senhora de 
Copacabana, n. 1000, apt. 608, Rio de Janeiro/RJ, portador do 
endereço eletrônico..., vem respeitosamente à presença de V. Exa., 
por seu advogado abaixo assinado (procuração anexa)(art. 320, 
CPC), com endereço profissional...(art. 77, V, CPC), propor AÇÃO DE 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS, em face
de 
ABC PRODUTOS ELETRICOS E ELETRÔNICOS S/A, pessoa 
jurídica de direito privado, neste ato representada por seu 
representante legal (art. 75, VIII, CPC), o Sr. ... (qualificação...), 
com sede na Av. Desembargador Amaro Martins de Almeida, n. 271, 
Campos dos Goytacazes/RJ, inscrita no CNPJ sob o n. 456/0001-00, 
portadora do endereço eletrônico..., pelos fatos e fundamentos que a 
seguir apresenta. 
 
 
4º) CAUSA DE PEDIR (ART. 319, III, NCPC/2015): 
 
- Como instrumento da demanda, a petição inicial 
deve revela-la integralmente. Assim sendo, para 
além dos sujeitos, deve o autor indicar quais são os 
fatos e os fundamentos jurídicos em que embasa o 
pedido, ou seja, o autor deve indicar a causa de 
pedir. 
 
- "Compõem a CAUSA DE PEDIR o fato (causa 
remota) e o fundamento jurídico (causa próxima)": 
 
Qualquer FATO DA VIDA é capaz de compor 
a causa de pedir?? Não, mas apenas aquele 
fato ou conjunto de fatos da vida que são 
jurisdicionados através de hipóteses 
normativas abstratamente dispostas, 
 
No que se refere ao FUNDAMENTO 
JURÍDICO, este se caracteriza por revelar a 
relação jurídica que surge em razão da 
incidência de tais fatos da vida na hipótese 
normativa, 
 
AMBOS DEVEM SER TRAZIDOS PELO 
DEMANDANTE COMO FUNDAMENTO DO 
SEU PEDIDO, a teor do disposto no art. 319, 
III, NCPC/2015. 
 
- Por tais razões de ser, em sua petição inicial, o 
autor tem que se preocupar em expor todo o 
quadro fático necessário à obtenção do efeito 
jurídico perseguido, bem como demonstrar como 
os fatos narrados autorizam a produção desse 
mesmo efeito (deverá o autor demonstrar a 
incidência da hipótese normativa no suporte fático 
concreto). 
 
- Esse é um dos requisitos de maior importância da 
petição inicial, sobretudo a descrição dos fatos, que, 
constituindo um dos elementos da ação, vinculam o 
julgamento (teoria da substanciação - o juiz não 
pode se afastar dos fatos declinados na inicial, sob 
pena de a sentença ser extra petita). 
 
- A causa de pedir e os pedidos formulados darão os 
LIMITES OBJETIVOS DA LIDE, dentro dos quais 
deverá ser dado o provimento jurisdicional. Por 
isso, mais uma vez se afirma, os fatos devem ser 
descritos com clareza, e manter correspondência 
com a pretensão inicial. 
 
- CONSEQUÊNCIA da ausência da causa de pedir: 
INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL (CPC, art. 330, §1º, 
incisos I e III NCPC/2015). 
 
PERGUNTA: A necessidade de 
apresentação do fundamento 
jurídico estará suprida com a 
simples indicação do direito a ser 
aplicável ao caso concreto?? 
 
NÃO!! Em primeiro lugar não se deve confundir 
fundamento jurídico, com fundamentação legal, 
essa inclusive dispensável. O magistrado está 
LIMITADO, na sua decisão, aos fatos jurídicos 
alegados e ao pedido formulado - NÃO O ESTÁ, 
PORÉM, ao dispositivo legal invocado pelo 
demandante, pois é sua a tarefa de verificar se 
houve a subsunção do fato à norma (ou seja, 
verificar se houve incidência). 
 
O juiz pode, inclusive, decidir com base em norma 
distinta daquela apresentada por autor e réu, 
preservado o direito afirmado e o pedido formulado 
- para tanto, porém, deverá observar o disposto no 
art. 10, que lhe impõe o dever de consultar as 
partes2. 
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau 
algum de jurisdição, com base em fundamento 
a respeito do qual não se tenha dado às partes 
oportunidade de se manifestar, ainda que se 
trate de matéria sobre a qual deva decidir de 
ofício. 
 
2 Enunciado n. 282 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: "Para 
julgar com base em enquadramento normativo diverso daquele invocado 
pelas partes, ao juiz cabe observar o dever de consulta previsto no art. 
10". 
 
OBS. PARA OAB  conforme veremos no 7º 
período, para o exame da OAB teremos sim que nos 
preocupar em dizer o direito a ser aplicável ao caso 
concreto, inclusive referenciando os dispositivos 
legais na medida do possível. 
 
Conforme veremos será preciso ter a aptidão 
necessária para, além de descrever os fatos e 
indicar fundamentação legal, demonstrar em que 
medida os dispositivos legais se adequam ao caso 
concreto (fundamento jurídico). 
 
AFINAL, MERA INDICAÇÃO OU REFERÊNCIA A 
DISPOSITIVO LEGAL NÃO PONTUA NA SEGUNDA 
ETAPA DA OAB!!! 
 
PAUSA PRÁTICA: 
Mario dos Santos (solteiro, engenheiro, 
domiciliado e residente, na cidade do Rio de 
Janeiro, na Avenida Nossa Senhora de 
Copacabana, n.º 1000, apto. 608, inscrito no 
CPF sob o n.º 000.000.001-00) adquiriu em 
estabelecimento comercial da Vende Tudo Ltda. (sociedade estabelecida, 
na cidade de Petrópolis, RJ, na Rua Imperial, n.º 10 e inscrita no CNPJ sob 
o n.º 123/0001-00) um aquecedor elétrico, fabricado por ABC Produtos 
Elétricos e Eletrônicos S/A (sociedade estabelecida na cidade de Campos 
dos Goytacazes, RJ, na Avenida Desembargador Amaro Martins de 
Almeida, n.º 271, e inscrita no CNPJ sob o n.º 456/0001-00). Em virtude de 
um defeito de fabricação, o aquecedor elétrico explodiu, provocando 
incêndio em uma pequena casa que Mário tem na cidade de Petrópolis 
(RJ). Em decorrência da explosão, além dos danos causados ao imóvel, 
Mário sofreu ferimentos nas mãos e no rosto, ficando parcialmente 
desfigurado e impossibilitado de desenvolver suas atividades profissionais 
pelo prazo de 6(seis) meses. Você, como advogado, foi procurado por 
Mário, que lhe expõe os fatos, acrescentando que não tem, neste 
momento, como saber qual o exato montante dos prejuízos sofridos em 
razão da parcial destruição do imóvel de Petrópolis, e que tão pouco pode 
precisar, de antemão, o que deixou de ganhar no período de cessação de 
suas atividades profissionais, por ser engenheiro que trabalha como 
profissional liberal. 
 
COM BASE NO CASO ACIMA, REDIJA OS FATOS E FUNDAMENTOS 
JURÍDICOS DA PETIÇÃO INICIAL DA AÇÃO QUE, A SEU VER, DEVE SER 
PROPOSTA, NAS CIRCUNSTÂNCIAS DESCRITAS. 
 
RESPOSTA: 
 
Dos fatos: Deverá ser demonstrada, primeiro, a compra do produto, 
devendo inclusive ser citada a loja onde o mesmo foi adquirido. Após 
deverá ser narrado que, em razão de defeito de fabricação, o produto 
(aquecedor elétrico) veio a explodir. E, por fim, que em razão da explosão, 
o autor teve seu imóvel incendiado, bem como vários ferimentos em seu 
rosto e mãos, ficando, por tal motivo, parcialmente desfigurado, tendo que 
se ausentar de suas atividades laborais por 06 meses. 
 
 
DOS FATOS 
Conforme podem comprovar os documentos em anexo, o autor, Sr. Mario 
dos Santos, adquiriu, junto ao estabelecimento comercial Vende Tudo Ltda, 
um aquecedor elétrico fabricado pela empresa ré ABC Produtos Elétricos e 
Eletrônicos S/A, tendo sido referido aquecedor devidamente instalado em 
uma casa que o autor possui na cidade de Petrópolis. 
 
Ocorre que, em virtude de um defeito de fabricação, o aquecedor explodiu, 
incendiando o imóvel do autor, bem como lhe causando graves ferimentos 
nas mãos e no rosto de modo a desfigurar-lhe parcialmente e impedir-lhe 
de desenvolver suas atividades profissionais pelo prazo de 06 (seis) meses 
(documentos comprobatórios em anexo). 
 
 
Dos fundamentos: Demonstrado os fatos, deverá o autor demonstrar os 
danos sofridos e a consequentemente obrigação do réu em reparar os 
prejuízos, não esquecendo que, sendo relação consumerista, a 
responsabilidade do fabricante (fornecedor) é objetiva. 
 
Deverá indicar os dispositivos pertinentes: art. 5, inciso X da CF; art. 927, § 
único do CC/02; art. 949 do CC/02; art. 12 do CDC. 
 
Os danos que devem ser apresentados em sequenciados pedidos de 
indenização são os seguintes: 
- danos materiais pela parcial destruição do imóvel em Petrópolis; 
- danos materiais pelo tratamento médico submetido 
- danos materiais por ter ficado afastado de sua atividade produtiva pelo 
período de 06 meses 
- danos morais (estéticos) pela deformidade causada, 
 
 
 
DOS FUNDAMENTOS 
 
Inicialmente cumpre salientar que, nos termos do art. 5º, inciso X da 
Constituição da República:
“são invioláveis a intimidade, a vida privada, a 
honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo 
dano material ou moral decorrente de sua violação”. 
 
Neste mesmo sentido, o art. 927 do CC/02 e seu parágrafo único 
preceituam que todo: “aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, 
fica obrigado a repará-lo.” Parágrafo único: “haverá obrigação de reparar o 
dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou 
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, 
por sua natureza, risco para os direitos de outrem.” 
 
Dos fatos acima narrados, evidente que os danos sofridos pelo autor 
deverão ser suportados pelo réu que, no presente caso, encontra-se diante 
da responsabilidade civil objetiva pelo fato do produto, prevista no art. 12 
do CDC, senão vejamos: “o fabricante, (...) respondem, independentemente 
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação (...) de seus 
produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre 
sua utilização e riscos”. 
 
Em complemento, dispõe o parágrafo 1° do mencionado dispositivo 
consumerista que “o produto é defeituoso quando não oferece a segurança 
que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes, entre as quais:(...) II - o uso e os riscos que 
razoavelmente dele se esperam; (...)”. 
 
Quando da compra do produto (aquecedor) e correta instalação, o autor 
tinha regular expectativa de que o mesmo funcionasse de forma adequada 
e não que viesse a explodir, ou seja, não se poderia supor que o produto 
colocado no mercado pelo fabricante réu pusesse em risco os eventuais 
usuários. 
 
Nitidamente caracterizado, assim, os elementos necessários a impor, 
objetivamente ao réu, o dever de indenizar. 
 
Além disso, dos elementos probatórios trazidos aos autos, nítido que o 
acidente ocorreu por defeito de fabricação, devendo o fabricante suportar 
todos os prejuízos causados, indenizando o autor em toda a extensão dos 
direitos atingidos, tanto na esfera de direitos materiais quanto morais. 
 
No tocante aos danos materiais, o autor teve sua casa parcialmente 
destruída, bem como ficou afastado de suas atividades laborativas pelo 
prazo de 06 (seis) meses, período em que deixou de auferir renda e ainda 
teve elevados gastos com tratamento médico (despesas de hospital, 
cirurgias plásticas reparatórias, medicamentos, etc), os quais, com fulcro no 
art. 949 do CC/02, também devem ser ressarcidos, senão vejamos: “no 
caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das 
despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da 
convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver 
sofrido”. 
 
No tocante aos danos morais, o autor, como dito, ficou parcialmente 
desfigurado após a explosão, o que acabou por ensejar danos estéticos, os 
quais devem ser devidamente compensados. 
 
 
5º) O PEDIDO COM SUAS ESPECIFICAÇÕES (ART. 
319, IV, NCPC/2015): 
 
- O pedido nada mais é que a providência desejada 
pelo autor, a pretensão que o autor leva à 
apreciação do juiz. É desnecessário realçar a sua 
importância, já que, sendo um dos TRÊS 
ELEMENTOS DA AÇÃO, forma, com a causa de 
pedir e as partes, o núcleo central da petição 
inicial. 
 
- Em primeiro lugar, o PEDIDO BITOLA A 
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL, que não poderá ser 
extra, ultra ou infra/citra petita3, conforme 
prescreve a regra da congruência (arts. 141 e 492 
do NCPC): 
 
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites 
propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de 
 
3 SENTENÇA CITRA PETITA é aquela que não examina em toda a sua amplitude o pedido formulado na 
inicial (com a sua fundamentação) ou a defesa do réu. Exemplo: o autor pediu indenização por danos 
emergentes e lucros cessantes. O juiz julgou procedente o pedido com relação aos danos emergentes, 
mas não fez qualquer referência aos lucros cessantes; 
Na SENTENÇA ULTRA PETITA, o defeito é caracterizado pelo fato de o juiz ter ido além do pedido do 
autor, dando mais do que fora pedido. Exemplo: se o autor pediu indenização por danos emergentes, 
não pode o juiz condenar o réu também em lucros cessantes. 
No JULGAMENTO EXTRA PETITA a providência deferida é totalmente estranha não só ao pedido, mas 
também aos seus fundamentos. Exemplo: o autor pede proteção possessória e o juiz decide pelo 
domínio, reconhecendo-o na sentença. 
questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige 
iniciativa da parte. 
 
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de 
natureza diversa da pedida, bem como condenar a 
parte em quantidade superior ou em objeto diverso do 
que lhe foi demandado. 
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que 
resolva relação jurídica condicional. 
 
Além disso, o pedido serve também como 
ELEMENTO DE IDENTIFICAÇÃO DA DEMANDA, para 
fim de verificação da ocorrência de conexão, 
litispendência ou coisa julgada. 
 
Fora isso, o pedido é, finalmente, O PRINCIPAL 
PARÂMETRO PARA A FIXAÇÃO DO VALOR DA 
CAUSA (art. 292 do NCPC). 
 
- Importante percepção é aquele que realça o fato 
de que TODO PEDIDO CARREGA CONSIGO UM 
OBJETO MEDIATO E UM OBJETO IMEDIATO. É 
preciso que o autor indique com clareza um e 
outro: 
A) O OBJETO IMEDIATO relaciona-se ao tipo 
de provimento jurisdicional pretendido 
(condenatório, constitutivo, declaratório); 
B) O OBJETO MEDIATO relaciona-se ao bem 
da vida almejado. 
 
Ex.: Pede a procedência do pedido para que o réu 
seja condenado (OBJETO IMEDIATO) ao pagamento 
de indenização por danos materiais no importe de 
r$ 100.000,00 (cem mil reais) (OBJETO MEDIATO) 
acrescidos de correção monetária e juros legais. 
 
 
- Tanto o objeto imediato, quanto o objeto mediato, 
DE CERTA FORMA VINCULARÃO O JUIZ, já que 
servem para identificar o pedido, não podendo o 
julgador conceder nem um provimento 
jurisdicional E nem qualquer bem da vida, distintos 
daqueles fundamentos e postulados na inicial. 
 
- Sobre esse particular, o NCPC/2015 acaba por 
INOVAR em relação ao CPC/73 uma ver que, 
segundo o §2º do art. 322 daquele diploma legal: 
 
§2º A interpretação do pedido considerará o 
conjunto da postulação e observará o princípio 
da boa-fé. 
 
O que com o CPC/73, não ficava claro, uma vez que 
segundo art. 293 deste diploma legal: 
 
Art. 293. Os pedidos são interpretados 
restritivamente, compreendendo-se, 
entretanto, no principal os juros legais. 
 
Assim sendo, a partir da entrada em vigor do novo 
CPC, resta evidente que o pedido não pode ser 
interpretado com base em uma única frase 
colocada no final da petição no tópico dos pedidos, 
mas levando-se em conta “o conjunto da 
postulação”. 
 
- A importância do pedido é tal que o NCPC, 
seguindo o CPC/73, manteve uma seção própria 
que vai do art. 322 ao art. 329, na qual são 
examinadas as possibilidades de pedido genérico, 
implícito e de cumulação de pedidos: 
 
 
A) PEDIDO GENÉRICO: 
 
Art. 322. O pedido deve ser certo. 
 
Art. 324. O pedido deve ser determinado. 
 
Partindo de uma leitura sistemática dos artigos 322 
e 324 do NCPC/2015, é de se observar que o pedido 
há de ser certo E determinado: 
 
Isso significa dizer que incumbe ao demandante, no 
momento da formulação de seu pedido, indicar 
com precisão não só o PROVIMENTO 
JURISDICIONAL que busca obter, mas também a 
EXATA NATUREZA DO BEM JURÍDICO POSTULADO 
(PEDIDO CERTO) E, no caso de ser este BEM 
JURÍDICO QUANTIFICÁVEL, deve ser também 
indicada, na petição inicial, a exata quantidade 
pretendida (PEDIDO DETERMINADO). 
 
EX.: não basta o autor pedir a condenação do réu a 
pagar a ele uma soma em dinheiro devida em razão 
de um contrato de mútuo (pedido certo), é preciso 
afirmar também a quantidade de dinheiro que 
pretende receber (pedido determinado). 
 
DETERMINAÇÃO E CERTEZA SE COMPLETAM, 
SENDO ESSENCIAIS PARA QUE SE POSSA
DELIMITAR O OBJETO DO PROCESSO. 
 
Analisando o §1º do art. 324, é de se perceber, 
porém, que EXCEPCIONALMENTE O PEDIDO 
PODERÁ SER GENÉRICO, ou seja, sem a 
mensuração do seu aspecto quantitativo: 
 
§ 1o É lícito, porém, formular pedido genérico: 
I - nas ações universais, se o autor não puder 
individuar os bens demandados; 
II - quando não for possível determinar, desde 
logo, as consequências do ato ou do fato; 
III - quando a determinação do objeto ou do 
valor da condenação depender de ato que 
deva ser praticado pelo réu. 
 
 
I  NAS AÇÕES UNIVERSAIS: as quais versam sobre 
uma universalidade de fato ou de direito. 
 
De acordo com o art. 90, do CC, “constitui 
universalidade de fato a pluralidade de bens 
singulares que, pertinentes à mesma pessoa, 
tenham destinação unitária” (ex.: um rebanho ou 
uma coleção de obras de arte ou de livros). 
 
E, segundo o art. 91, “constitui universalidade de 
direito o complexo de relações jurídicas, de uma 
pessoa, dotadas de valor econômico” (ex.: a 
herança e o patrimônio). 
 
Ex. de ação universal: AÇÃO DE PETIÇÃO DE 
HERANÇA  autor postula o recebimento de um 
quinhão hereditário a que considera fazer jus 
quando não tenha sido parte no processo de 
inventário e partilha. Neste caso, basta o autor, na 
inicial, afirmar que pretende receber seu quinhão, 
indicando apenas a fração do monte que lhe 
corresponde (ex.: ¼ do total da herança) 
 
JUSTIFICA-SE a permissão de pedidos genéricos 
nesse caso, porque o autor pode não ter condições 
de individuar os bens que integram a 
universalidade. 
 
 
II  QUANDO NÃO FOR POSSÍVEL DETERMINAR, 
DE MODO DEFINITIVO, AS CONSEQUÊNCIAS DO 
ATO OU FATO ILÍCITO: nas ações de indenização 
por ato ou fato ilícito, frequentemente não é 
possível, no momento da propositura da demanda, 
indicar com precisão todas as consequências que a 
vítima terá sofrido. Admite-se, nessa circunstância, 
que o autor formule pedido genérico. 
 
Ex.: às vezes, não se sabe se ela poderá se 
recuperar de uma lesão corporal ou se desta 
resultará incapacidade, nem se esta será 
permanente ou temporária e mais, se terá que se 
submeter a tratamento e por quanto tempo. 
 
 
 
Sob a égide do CPC/73, muito se invocou este inciso 
para permitir ao autor, nas ações de INDENIZAÇÃO 
POR DANO MORAL, formular pedido genérico. 
Alguns doutrinadores, entretanto, já defendiam que 
tal formulação não deveria ser admitida, porque se 
o autor não indicasse o quanto pretendia receber, o 
juiz não teria parâmetros para, em caso de 
procedência, fixar o montante da condenação. 
Em razão disso, recomendava-se, desde então, que 
o autor indicasse, na inicial, ao menos um valor 
mínimo que pretendia a título de indenização. 
 
Com o advento do NCPC/2015, tal situação foi de 
uma ver por todas definida pela legislador, o qual 
acabou por exigir que o interessado lance um 
pretenso valor relativo ao dano moral, uma vez que 
conforme disposição do artigo 292 do citado 
diploma legal: 
 
 Art. 292. O valor da causa constará da 
petição inicial ou da reconvenção e será: 
(...) 
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada 
em dano moral, o valor pretendido; 
 
Fica claro, assim, que a lei processual exige que, 
nas demandas de compensação por danos morais, 
o autor indique o valor pretendido, formulando, 
deste modo, pedido DETERMINADO. 
 
Discorrendo sobre o assunto, ensina Alexandre 
Freitas Câmara (2015): 
 
“A formulação de pedido genérico nas demandas de 
compensação por danos morais gera uma inadmissível limitação 
ao princípio do contraditório. É que, deduzido pedido genérico 
neste caso, impede-se o exercício, pelo réu, de seu direito ao 
contraditório como garantia de influência na formação da 
decisão acerca do valor da condenação. Basta pensar o 
seguinte: se o autor formula pedido genérico, tudo o que o réu 
pode discutir em sua contestação é se existe ou não dano moral 
compensável; já se o autor formula pedido determinado, 
indicando o valor que pretende obter, permite-se ao réu, na 
contestação, defender-se afirmando não haver dano a ser 
compensado mas, na eventualidade de se reconhecer tal dano, 
ser exagerado o valor pretendido pelo demandante”. 
 
 
III  QUANDO A DETERMINAÇÃO DO VALOR DA 
CONDENAÇÃO DEPENDER DE ATO QUE DEVA SER 
PRATICADO PELO RÉU: É o que ocorre, por 
exemplo, nas ações de prestação de contas, em 
que, só depois que o réu as prestar, se poderá 
verificar se há saldo em favor do autor. 
 
Desta sorte evidente é que, em casos assim, só se 
pode cogitar da determinação do valor a ser 
restituído depois da prestação contas por parte do 
réu e, portanto, não se pode exigir do autor que 
formule pedido determinado. 
 
AS HIPÓTESES DE PEDIDO GENÉRICO SÃO 
EXCEPCIONAIS, DEVENDO POR ISSO MESMO SER 
INTERPRETADAS RESTRITIVAMENTE. 
 
A REGRA SERÁ A FORMULAÇÃO DE PEDIDO CERTO 
E DETERMINADO, EM TODOS OS SEUS ASPECTOS, 
INCLUSIVE NO QUANTITATIVO. 
 
B) PEDIDO IMPLÍCITO: 
 
Em que pese a regra contida nos caputs dos arts. 
322 e 324 do NCPC/2015, importa ressaltar ainda a 
existência de uma outra nuance relacionada à 
formulação do pedido, os doutrinariamente 
chamados de PEDIDOS IMPLÍCITOS. 
 
Mencionados pedidos nada mais são que pontos 
que independentemente de pedido por parte do 
autor, integram o objeto do processo por força da 
lei e, como tal, devem ser objeto de 
pronunciamento por parte do juiz. 
 
No contexto da petição inicial, destacam-se DUAS 
SITUAÇÕES: 
- a PRIMEIRA contida no §1º do artigo 322, 
segundo o qual: 
 
§ 1o Compreendem-se no principal os juros 
legais, a correção monetária e as verbas de 
sucumbência, inclusive os honorários 
advocatícios. 
 
OBS.: mencionada previsão não impede, 
entretanto, que o autor postule expressamente 
sobre específico índice de correção ou de juros, sua 
forma de influência e, bem assim, qual é o 
percentual dos honorários advocatícios que, à guisa 
de sucumbência, entende devido, observando-se os 
limites do art. 85 NCPC/2015. 
 
 
- a SEGUNDA contida no art. 323: 
 
Art. 323. Na ação que tiver por objeto 
cumprimento de obrigação em prestações 
sucessivas, essas serão consideradas incluídas 
no pedido, independentemente de declaração 
expressa do autor, e serão incluídas na 
condenação, enquanto durar a obrigação, se o 
devedor, no curso do processo, deixar de pagá-
las ou de consigná-las. 
 
OBS.: exemplos palpáveis da situação descrita pelo 
artigo 323 são, sem dúvida, os casos das demandas 
que envolvem pagamento de prestações 
alimentícias ou de benefícios previdenciários. 
Nestes casos, ainda que não se formule pedido 
expresso neste sentido, as prestações sucessivas 
incluem-se no objeto do processo e serão objeto da 
condenação enquanto durar a obrigação. 
 
C) CUMULAÇÃO DE PEDIDO: 
 
A lei processual admite ainda a possibilidade de o 
autor CUMULAR PEDIDOS numa só petição inicial: 
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único 
processo, contra o mesmo réu, de vários 
pedidos, ainda que entre eles não haja 
conexão. 
 
Pelo disposto no caput do artigo acima transcrito, é 
permitida a cumulação, num único processo, contra 
o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre 
eles não haja conexão4, havendo, entretanto, 
necessidade de se observar alguns REQUISITOS DE 
ADMISSIBILIDADE: 
 
Art. 327. (...) 
§ 1º São REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DA 
CUMULAÇÃO que: 
I - os pedidos sejam compatíveis entre si; 
II - seja competente para conhecer deles o 
mesmo juízo; 
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo 
de procedimento. 
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder 
tipo diverso de procedimento, será admitida a 
cumulação se o autor empregar o 
procedimento comum, sem prejuízo do 
emprego das técnicas processuais diferenciadas 
previstas nos procedimentos especiais a que se 
sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que 
não forem incompatíveis com as disposições 
sobre o procedimento comum. 
§ 3º O inciso I do § 1o não se aplica às 
cumulações de pedidos de que trata o art. 326. 
 
I - Pedidos compatíveis
entre si - a compatibilidade 
não está ligada a causa de pedir, mas a uma real 
possibilidade dos pedidos serem acatados na 
sentença da forma que formulados. 
 
 
4 Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for 
comum o pedido ou a causa de pedir. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art326
Assim, por exemplo, não poderá um adquirente de 
um bem com vício redibitório cumular o pedido de 
rescisão do contrato com o de abatimento do 
preço; tais pedidos só poderiam figurar em uma 
mesma petição cumulados se obedecessem a 
técnica da eventualidade definida no art.326 e 
abaixo analisada (§3º do art. 327). 
 
CONSEQUÊNCIA: caso o autor formule pedidos 
incompatíveis entre si, o juiz concederá prazo para 
que ele opte por um ou outro, sob pena de 
indeferimento da inicial por inépcia (art. 330, inciso 
I c/c §1º, inciso IV do mesmo dispositivo legal); 
 
II - Que seja competente para conhecer deles o 
mesmo juízo – em se tratando de cumulação de 
pedidos, o autor pretende que o juiz acolha, ou 
todas as pretensões, ou pelo menos alguma delas, 
razão pela qual o juiz tem de ser competente para 
todas. 
Assim, por exemplo, não se admite a cumulação de 
pedidos de alimentos e petição de herança quando 
houver juízo especializado em família e outro juízo 
especializado em órfãos e sucessão. 
 
Importa consignar que pode haver CONEXÃO 
ENTRE OS PEDIDOS e, nesta hipótese, será possível 
cumulá-los modificando os critérios relativos de 
determinação da competência, mas jamais os 
critérios absolutos. 
 
Não havendo conexão entre os pedidos, a 
cumulação nos termos do caput do art. 327 será 
possível, se o mesmo juízo for, a princípio, 
competente para conhecer de todos eles. 
 
CONSEQUÊNCIAS: caso haja incompetência 
absoluta para alguma das pretensões, o juiz 
indeferirá o pedido para o qual é incompetente, 
cabendo à parte postulá-lo perante o juízo 
competente. Caso a incompetência seja relativa, e 
haja a modificação de competência, seja por 
prorrogação, seja por força de conexão, continência 
ou derrogação, o juiz poderá examinar todos os 
pedidos. 
 
III - Que seja adequado para todos os pedidos o 
tipo de procedimento – como haverá um único 
processo, é preciso que o procedimento seja 
adequado para todos os pedidos. 
Sendo diversos os procedimentos, determina o §2º 
do art. 327 que a cumulação só será admitida se 
para todos os pedidos cumulados puder ser usado o 
procedimento comum, caso em que será possível o 
emprego das técnicas diferenciadas previstas para o 
procedimento especial e que não sejam 
incompatíveis com o procedimento comum. 
 
Ex.: ação de consignação em pagamento de um 
bem e, no mesmo processo, a condenação do réu a 
entregar o referido bem, usando-se o 
procedimento comum, sem prejuízo de se admitir a 
realização de depósito judicial do valor ofertado e, 
até mesmo, a complementação do depósito 
insuficiente, técnicas diferenciadas estabelecidas 
para o procedimento especial da consignação em 
pagamento. 
 
 
Assim sendo, só se tem inviabilizada a cumulação 
quando as técnicas diferenciadas forem realmente 
incompatíveis com o procedimento comum, e seu 
uso desnaturaria o procedimento especial por 
completo. 
 
Ex.: uma situação na qual o autor apresente uma 
pretensão de investigação de paternidade, a qual 
segue o procedimento comum; E outra relativa à 
resolução do inventário e partilha, que segue 
procedimento especial, a impossibilidade da 
cumulação está justamente na desnaturação 
completa do procedimento especial de inventário e 
partilha. 
 
 
CABERÁ AO JUIZ, DE OFÍCIO, VERIFICAR A 
CONFIGURAÇÃO DOS REQUISITOS INDISPENSÁVEIS 
PARA A CUMULAÇÃO, salvo eventual incompetência 
relativa, que depende de manifestação do réu por 
ocasião da apresentação de sua defesa. NÃO 
SENDO POSSÍVEL A CUMULAÇÃO, o juiz verificará 
se é caso de indeferir a petição inicial (art. 330, 
inciso I c/c §1º, inciso IV), OU, em atenção ao 
princípio da primazia da resolução do mérito, de 
reduzir os limites objetivos da lide, determinando o 
prosseguimento apenas em relação a um ou alguns 
dos pedidos formulados. 
 
 
A CUMULAÇÃO DE PEDIDOS é também chamada 
cumulação OBJETIVA, que se diferencia da 
cumulação SUBJETIVA, a qual se estabelece a partir 
da constituição dos litisconsórcios. 
 
São diversas as FORMAS DE CUMULAÇÃO DE 
PEDIDOS. Não havendo por parte da doutrina uma 
forma única de classificação, mas, muito antes pelo 
contrário, são diversos os critérios conhecidos. 
 
Parece-me, porém, que a MELHOR CLASSIFICAÇÃO 
é aquela que adota a terminologia: CUMULAÇÃO 
PRÓPRIA E CUMULAÇÃO IMPRÓPRIA. 
 
Na CUMULAÇÃO PRÓPRIA o autor pretende que o 
juiz acolha todos os pedidos formulados, podendo 
ser de dois tipos: cumulação própria simples e 
cumulação própria sucessiva. 
 
Já na CUMULAÇÃO IMPRÓPRIA, conquanto o autor 
formule várias pretensões, pretende que o juiz 
acolha apenas uma delas, podendo ser também de 
dois tipos: cumulação imprópria alternativa e 
cumulação imprópria subsidiária/eventual. A rigor, 
na “cumulação imprópria” não há exatamente 
cumulação (daí a denominação imprópria), porque 
o que se pede ao juiz é que acolha apenas um dos 
pedidos formulados. 
 
 
a) CUMULAÇÃO PRÓPRIA SIMPLES: 
 
A cumulação própria é aquela em que o autor 
formula vários pedidos, postulando que todos 
sejam acolhidos pelo juiz. É dessa espécie que 
trata o art. 327, caput do CPC, quando prevê a 
possibilidade de cumulação, no mesmo 
processo, de vários pedidos. 
 
O que DISTINGUE A CUMULAÇÃO SIMPLES DA 
SUCESSIVA, é que na cumulação simples os 
pedidos formulados não dependem uns dos 
outros, isto é, não há relação de 
prejudicialidade5 e nem mesmo de 
preliminariedade6 entre uns e outros, sendo 
possível que o juiz acolha alguns e não os 
demais, decidindo cada demanda cumulada de 
 
5 (Quando se diz que dois pedidos guardam entre si uma relação de 
prejudicialidade, implica dizer que o não acolhimento do primeiro implica 
na rejeição do segundo, ou seja, na necessidade do segundo ser julgado 
improcedente. EX.: investigação de paternidade e alimentos; declaratória 
de inexistência da relação jurídica e repetição do indébito; etc...) 
6 (Quando se diz que dois pedidos guardam entre si uma relação de 
preliminaridade, implica dizer que o não acolhimento do primeiro implica 
na impossibilidade de exame do segundo, que, portanto, sequer seja 
julgado. EX.: pretensão formulada na ação rescisória – juízo de rescisão 
em primeiro lugar, para só depois falar na possibilidade de analisar o juízo 
de rejulgamento). 
uma forma diferente. Os pedidos são 
absolutamente independentes entre si, sendo 
certo que, nesta hipótese de demanda, em 
regra, o único elemento comum são as partes. 
 
OBS.: conquanto desnecessária a conexão, 
conforme visto acima, se faz indispensável a 
configuração dos requisitos dispostos no §1º do 
art. 327. 
 
 
b) CUMULAÇÃO PRÓPRIA SUCESSIVA: 
 
Por ser própria, configura-se como sendo aquela 
em que o autor formula dois ou mais pedidos 
em relação ao mesmo réu, buscando êxito em 
todos. No entanto, por ser sucessiva, a análise 
do posterior depende da procedência do que 
lhe precede, já que as pretensões guardam 
entre si relação de prejudicialidade. 
 
O segundo pedido configura, pois, demanda 
condicional, já que sua apreciação fica 
submetida a um evento futuro e incerto (a 
procedência do primeiro pedido) 
 
EX.: ações de investigação de paternidade 
cumulada com alimentos  o acolhimento do 
segundo pedido depende do acolhimento do 
primeiro. 
 
Na cumulação sucessiva, há conexão entre os 
pedidos, o que é dispensado na simples. 
 
OBS.: também na cumulação sucessiva deve 
haver respeito aos requisitos necessários para a 
cumulação de pedidos (§1º do art. 327). 
 
c) CUMULAÇÃO IMPRÓPRIA ALTERNATIVA: 
 
A cumulação imprópria é aquela em que o autor
formula mais de um pedido, mas pede ao juiz o 
acolhimento de APENAS UM e, sendo 
alternativa, o autor não manifesta sua 
preferência por este ou aquele (art. 326, 
§único, NCPC). 
 
O acolhimento de um dos pedidos exclui o dos 
demais: é uma coisa OU outra, e não uma coisa 
e outra, como na cumulação própria. Cumprirá 
ao juiz verificar, em caso de procedência, qual 
dos pedidos deve ser acolhido. 
 
ALGUNS DOUTRINADORES irão dizer que não se 
deve confundir a “cumulação alternativa” e o 
“pedido alternativo”, previsto no art. 325 do 
NCPC: 
 
“O pedido será alternativo, quando, pela 
natureza da obrigação, o devedor puder 
cumprir a prestação de mais de um modo”. 
 
Nos PEDIDOS ALTERNATIVOS não há cumulação 
de demandas. O que existe é uma obrigação 
alternativa, em que a lei prevê seu 
cumprimento por mais de um modo. O pedido 
é único, já que a obrigação é só uma, e assume 
essa forma em razão das peculiaridades do 
direito substancial. 
EX.: devedor compromete-se a entregar ao 
credor um boi OU um cavalo, mas não cumpre a 
obrigação. Será lícito ao credor propor demanda 
pedindo a condenação do demandado a cumprir 
uma prestação que pode ser satisfeita de mais 
de um modo: ou entregar o boi ou entrega o 
cavalo. 
 
Observem que as duas obrigações encontram-
se no mesmo plano, podendo o devedor 
entregar uma coisa ou outra. Há uma 
indeterminação do que lhe será entregue. 
 
O mesmo acontece nas OBRIGAÇÕES 
ACOMPANHADAS DE PRESTAÇÃO 
FACULTATIVA nas quais o devedor, desde o 
início da relação obrigacional se reserva o poder 
de liberar-se do vínculo entregando ao credor, 
ao invés da prestação principal devida, uma 
prestação diferente, desde já determinada ou ao 
menos determinável, configurando hipótese de 
pedido alternativo. 
EX.: Joana se compromete a entregar ao Robson 
um automóvel, ficando acertado desde já que 
aquela poderá se librar da obrigação pagando ao 
Robson o valor de R$50.000,00 (cinquenta mil 
reais) – neste caso Robson espera o automóvel 
como objeto da prestação, mas sabe que a 
Barbara poderá se liberar do vínculo entregando 
coisa diversa, previamente determinada. 
 
Já a CUMULAÇÃO ALTERNATIVA, conforme já 
descrito acima, se implementará quando 
determinado litígio puder ser solucionado por 
mais de um modo. O autor formula dois pedidos 
autônomos, devendo ser acolhido apenas um. 
EX.: autor ajuíza demanda sustentando ter 
adquirido um produto defeituoso e afirmando, 
em sua inicial, que pretende obter a devolução 
do dinheiro OU a substituição do bem 
defeituoso por outro sem defeito, sendo-lhe 
indiferente qual das duas providências será 
acolhida. 
 
É preciso verificar se a lei não dá ao réu o 
DIREITO DE OPTAR entre o cumprimento por 
uma ou outra forma, caso em que o juiz 
assegurará ao réu a escolha. 
 
 
d) CUMULAÇÃO IMPRÓPRIA SUBSIDIÁRIA OU 
EVENTUAL: 
 
Assemelha-se à alternativa, porque ambas são 
formas de cumulação imprópria, ou seja, em 
ambas o autor formula mais de um pedido, com 
a pretensão de que só um deles seja acolhido. 
 
Mas distingue-se, porque o AUTOR MANIFESTA 
A SUA PREFERÊNCIA, podendo-se dizer que há 
um pedido principal e um subsidiário, que só 
deverá ser examinado se o primeiro não puder 
ser acolhido. 
 
O magistrado está condicionado à ordem de 
apresentação dos pedidos, não podendo passar 
ao exame do posterior se não examinar e 
rejeitar o anterior. Nem mesmo se houver 
reconhecimento pelo réu da procedência do 
pedido subsidiário. 
 
Se o juiz acolher o principal, o autor não poderá 
recorrer; mas se acolher o subsidiário, sim, pois 
terá sucumbindo, uma vez que a pretensão 
preferencial não foi acolhida. 
 
Regula o Código de Processo Civil esta espécie 
de cumulação no seu art. 326, caput: 
 
Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em 
ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do 
posterior, quando não acolher o anterior. 
 
Ex.: autor pede a condenação do réu ao 
cumprimento específico de uma obrigação de 
entrega de coisa e, no caso de tal condenação 
ser impossível por ter a coisa perecido, a 
condenação do demandado ao pagamento de 
seu equivalente pecuniário. 
 
OBS.: por questões obvias, na cumulação 
impropria subsidiária não há que se falar na 
observância do requisito contido no inciso I do 
§1º do art. 327, qual seja: compatibilidade 
entre os pedidos, uma vez que jamais poderão 
ser acolhidos simultaneamente (§3º do art. 
327). 
 
 
6º) O VALOR DA CAUSA (art. 319, inciso V): 
 
- Após a identificação da demanda, com a indicação 
das partes, da causa de pedir e do pedido, exige a 
lei seja incluída na petição inicial a determinação do 
VALOR DA CAUSA (art. 319, inciso V); 
 
- Tal exigência nada mais reflete que uma regra 
contida nos art. 291 do NCPC, segundo o qual: 
 
Art. 291. A toda causa será atribuído um valor 
certo, ainda que não tenha conteúdo econômico 
imediatamente aferível. 
 
Em complemento é ainda de se referenciar o 
disposto no art. 292 do CPC, segundo o qual: 
Art. 292. O VALOR DA CAUSA CONSTARÁ SEMPRE 
DA PETIÇÃO INICIAL e será: (...) 
 
- O processo civil brasileiro é, em diversas 
passagens, ainda influenciado por um cunho 
essencialmente patrimonial, econômico. Por essa 
razão diversos fenômenos processualmente 
relevantes sofrem influência do valor da causa, a 
exemplo: 
a) a COMPETÊNCIA e o PROCEDIMENTO: pois o 
valor da causa, além de ser critério para fixação 
do juízo, também configura critério de 
determinação para adoção do procedimento do 
juizado especial cível (causas cujo valor sejam de 
até 40X o salário mínimo); 
c) o CÁLCULO DAS CUSTAS E DO PREPARO, que 
terão por base o valor da causa; 
d) a FIXAÇÃO DE INÚMERAS MULTAS 
IMPUTÁVEIS AO LONGO DO PROCESSO, 
inclusive as relativas à litigância de má-fé, 
tomam como referência o valor da causa (ex.: 
art. 77, §2º e art. 81); 
e) a POSSIBILIDADE DE O INVENTÁRIO SER 
SUBSTITUÍDO POR ARROLAMENTO SUMÁRIO 
(NCPC, art. 664, caput); 
f) os HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS que em 
regra tomam por base o valor da condenação, 
também podem, consoante o caso, ser 
atribuídos levando em conta o valor da causa 
(art. 85, §2º e art. 338, §único). 
 
- Qual deve ser o valor da causa?? Deve 
corresponder ao conteúdo econômico do que está 
sendo postulado, e não daquilo que é 
efetivamente devido. 
 
OBS.: O valor da causa não repercute sobre os 
limites objetivos da lide. Se o autor postula um 
montante, e atribui valor à causa menor, ainda que 
isso passe despercebido e o valor da causa seja 
mantido, o juiz ao arbitrar, por exemplo, honorários 
sucumbenciais na sentença, não ficará limitado ao 
valor de causa indicado, mas ao valor do que foi 
pedido e não deferido. 
Ex.: Autor pleiteia R$100.000,00 a título de 
indenização por danos materiais. Ainda que ele não 
tenha atribuído corretamente o valor da causa, 
tendo sido julgado totalmente improcedente o 
pedido inicial, o valor dos honorários sucumbências 
serão calculados com base no valor pleiteado e não 
deferido, o qual deveria, desde o início pautar o 
valor da causa. 
 
- CRITÉRIOS DE DETERMINAÇÃO DO VALOR DA 
CAUSA: sem qualquer pretensão se exaurir o tema, 
o art. 292 do NCPC fornece alguns critérios para 
fixação do valor da causa, que, em regra, deve 
corresponder ao conteúdo econômico da demanda 
e, naquelas que não têm conteúdo econômico, a 
fixação será feita por estimativa do autor. 
 
Art. 292. O valor da causa constará da petição 
inicial ou da reconvenção e será: 
I - na ação de cobrança de dívida, a soma 
monetariamente corrigida do principal, dos 
juros de mora vencidos e de outras penalidades, 
se houver, até a data de propositura da ação; 
II - na ação que tiver por objeto a existência, a 
validade, o cumprimento, a modificação, a 
resolução, a resilição ou a rescisão de ato 
jurídico, o valor do ato ou o de sua parte 
controvertida; 
III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) 
prestações mensais pedidas pelo autor; 
IV - na ação de divisão, de demarcação e de 
reivindicação, o valor de avaliação da área ou 
do
bem objeto do pedido; 
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada 
em dano moral, o valor pretendido; 
VI - na ação em que há cumulação de pedidos, 
a quantia correspondente à soma dos valores 
de todos eles; 
VII - na ação em que os pedidos são 
alternativos, o de maior valor; 
VIII - na ação em que houver pedido 
subsidiário, o valor do pedido principal. 
§ 1º Quando se pedirem prestações vencidas e 
vincendas, considerar-se-á o valor de umas e 
outras. 
§ 2º O valor das prestações vincendas será 
igual a uma prestação anual, se a obrigação for 
por tempo indeterminado ou por tempo 
superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, 
será igual à soma das prestações. 
§ 3º O juiz corrigirá, de ofício e por 
arbitramento, o valor da causa quando 
verificar que não corresponde ao conteúdo 
patrimonial em discussão ou ao proveito 
econômico perseguido pelo autor, caso em que 
se procederá ao recolhimento das custas 
correspondentes. 
 
- CONTROLE JURISDICIONAL DO VALOR DA CAUSA: 
O art. 293 do NCPC autoriza o réu a impugnar o 
valor da causa, por meio de preliminar de 
contestação. 
 
Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar 
da contestação, o valor atribuído à causa pelo 
autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a 
respeito, impondo, se for o caso, a 
complementação das custas. 
 
Não havendo impugnação, diz a lei que presume-se 
aceito o valor atribuído à causa pelo autor, o que 
traz a falsa impressão de que o juiz não poderia, de 
ofício, determinar a retificação. Mas, em 
determinadas circunstâncias, ele poderá fazê-lo. 
São elas: 
 
a) o autor ter desrespeitado algum dos critérios 
fixados em lei (art. 292 por exemplo); 
b) ter atribuído valor à causa em montante 
incompatível com o conteúdo econômico da 
demanda, que possa repercutir sobre a 
competência ou o procedimento a ser 
observado. 
 
 
7º) AS PROVAS COM QUE O AUTOR PRETENDE 
DEMONSTRAR A VERDADE DOS FATOS ALEGADOS 
(ART. 319, INCISO VI) 
 
- Em relação à necessidade ou não de requerimento 
contendo especificamente as provas com que o 
autor pretende demonstrar a verdade dos fatos 
alegados, não se pode olvidar a existência 
DIVERGÊNCIAS DOUTRINÁRIAS: 
*Para alguns doutrinadores, como na petição 
inicial, o autor ainda não tem condições de 
saber o que será controvertido pelo réu, há 
certa tolerância quanto a este requisito da 
inicial. Defendem que a omissão de tal 
requerimento na inicial não é razão para 
preclusão, não havendo impedimento para que 
oportunamente sejam requeridas provas pelo 
autor. 
Em relação ao requisito em questão, importa 
salientar as considerações feitas pelo Prof. 
Fredie Didier, para quem a exigência desse 
requerimento possui pouca eficácia prática por 
duas razões em especial: 
a) o órgão julgador pode determinar ex 
officio a produção de provas (art. 370 do 
CPC); 
b) no momento próprio - fase de 
saneamento do processo - as partes são 
intimadas para indicar de quais meios de 
prova se servirão (art. 357, inciso II, NCPC). 
 
* Para outros doutrinadores, entretanto, o 
inciso Vl do art. 319 implica em uma clara 
exigência de especificação de provas, nem 
sempre respeitada pelos advogados que 
elaboram as petições iniciais. Defendem tais 
doutrinadores que a produção de prova 
documental deve ser feita com a petição inicial. 
Sendo que junto à mesma deve ser apresentado 
não só os documentos tidos como 
“indispensáveis” pelo art. 320, mas todos e 
quaisquer documentos que o autor conheça 
sobre os fatos por ele alegados, isso levando-se 
em conta interpretação decorrente do caput do 
art. 434: 
 
Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição 
inicial ou a contestação com os documentos 
destinados a provar suas alegações. 
 
Assim sendo, para alguns doutrinadores, à 
exemplo do Cassio Scarpinella Bueno (2015), a 
regra contida no inciso VI do art.319 do NCPC, 
não deve ser entendida só na sua PERSPECTIVA 
FUTURA de o magistrado, entendendo que o 
processo deve ingressar na fase instrutória, 
determinar às partes que especifiquem as 
provas que nela pretendem produzir, decidindo 
a seu respeito nos termos do art. 357, inciso II. 
Mas muito mais que isso, deve ser entendida 
na sua PERSPECTIVA PRESENTE, de produção 
imediata de meios de prova pelo autor. 
 
- Ainda em relação ao tema, importa destacar o 
enunciado nº 283 do FPPC (Fórum Permanente dos 
Processualistas Civis): 
 
Aplicam-se os arts. 319, § 1º, 396 a 404 
também quando o autor não dispuser de 
documentos indispensáveis à propositura da 
ação. 
 
Ou seja: caso não disponha dos meios de prova de 
que precisa para comprovar o alegado, o autor 
poderá na petição inicial, requerer ao juiz que 
proceda a diligências necessárias para a sua 
obtenção (aplicação analógica do art. 319, §1º, 
NCPC), bem como pode o autor solicitar a exibição 
de documento que, não obstante tenha sido alvo de 
sua referência na inicial, encontra-se em poder do 
réu ou de terceiro (artigos 396 a 404 do NCPC). 
 
 
8º) DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS À 
PROPOSITURA DA DEMANDA (ART. 320, NCPC) 
 
- Conforme já mencionado, nos termos do art. 320 
do NCPC: 
Art. 283. A petição inicial será instruída com os 
documentos INDISPENSÁVEIS à propositura da 
ação. 
 
Desta forma, EM REGRA, deve o autor, ao ajuizar 
determinada demanda, se atentar ao fato de que 
sua inicial deverá vir acompanhada dos 
documentos indispensáveis à propositura da ação, 
assim entendidos como aqueles que se fazem de 
extrema importância para o deslinde do caso e os 
quais podem ser tanto expressamente exigidos por 
lei, como também podem se tornar indispensáveis 
porque o autor a eles fez referência na petição 
inicial, utilizando-os como fundamento do pedido. 
 
- Fato é que existem documentos que auxiliam no 
deslinde do caso mas que não são indispensáveis 
uma vez que não se relacionam de maneira crucial 
com a pretensão exarada pelo autor, mas que de 
certa maneira ajudam a clareá-la, estes não 
necessariamente serão juntados à inicial. 
É que, se no decorrer do processo forem 
acontecendo fatos novos ou se o réu em 
contestação apresenta fato novo, poderá o autor 
fazer juntar ao processo documentos novos a 
qualquer tempo, na forma do art. 435, do NCPC: 
 
Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, 
juntar aos autos documentos novos, quando 
destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois 
dos articulados ou para contrapô-los aos que 
foram produzidos nos autos. 
 
Para além disso, ainda complementa o §único do 
citado dispositivo legal: 
Parágrafo único. Admite-se também a juntada 
posterior de documentos formados após a 
petição inicial ou a contestação, bem como 
dos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou 
disponíveis após esses atos, cabendo à parte 
que os produzir comprovar o motivo que a 
impediu de juntá-los anteriormente e 
incumbindo ao juiz, em qualquer caso, avaliar a 
conduta da parte de acordo com o art. 5o. 
 
- EXEMPLOS DE DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS 
EM DETERMINADAS AÇÕES: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art5
A) Em se tratando de ação de divórcio, é 
indispensável juntar a certidão de casamento; 
B) Em se tratando de ação reivindicatória de 
imóveis, a certidão de propriedade; 
C) Em se tratando de ação de alimentos de 
procedimento especial, a prova da paternidade ou 
do parentesco – certidão de nascimento; 
D) Em se tratando de ação de anulação de contrato 
escrito, o contrato. 
 
 
9º) OPÇÃO DO AUTOR PELA REALIZAÇÃO OU NÃO 
DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO 
(ART. 319, INCISO VII) 
 
- O autor tem de manifestar a sua opção pela 
realização ou não de audiência preliminar de 
conciliação ou mediação. 
 
- Essa audiência preliminar ocorrerá antes de o réu 
apresentar a sua resposta. Se autor e réu 
manifestarem expressamente a vontade de não 
resolverem o litígio por autocomposição, a 
audiência não ocorrerá (art. 334, §4º, I, NCPC). 
 
- A manifestação do autor nesse sentido tem de ser 
feita na petição inicial (art. 319, VII, NCPC). A do 
réu por
simples petição nos autos, a qual deve ser 
apresentada com antecedência mínima de 10 dias 
da data da audiência (art. 334, §5º, NCPC). 
 
- Se o autor não observar esse requisito, a petição 
não deve ser indeferida por isso, nem há 
necessidade de o juiz mandar emendá-la. Deve o 
juiz considerar o silêncio do autor como indicativo 
da vontade de que haja a audiência de conciliação 
ou mediação. 
 
- Assim como o réu (art. 334, §5º), também o autor 
tem de dizer expressamente quando não quer a 
audiência; o silêncio pode ser interpretado como 
não-oposição à realização do ato. 
 
 
10º) OUTRAS EXIGÊNCIAS 
 
Em que pese o NCPC/2015 ser omisso, incidindo no 
mesmo equívoco do CPC/73, há outras exigências a 
serem preenchidas pela petição inicial: 
 
- A petição inicial deve vir DATADA E ASSINADA 
POR QUEM DETENHA CAPACIDADE 
POSTULATÓRIA, ou seja, por quem detenha 
capacidade técnica para figurar em juízo. Em regra, 
tal capacidade não é atributo das pessoas em geral, 
mas apenas dos advogados regularmente inscritos 
nos quadros da ordem, dos defensores e dos 
membros do MP. Todavia, existem casos 
expressamente ressalvados em lei nos quais tal 
capacidade acaba por ser conferida ao leigo7; 
 
7 (Ex.: ação de alimentos - art. 2º, da Lei n. 5478/1968; habeas corpus; 
juizados Especiais Cíveis, na primeira instância7, em causas cujo valor não 
 
- A petição inicial precisa conter também a 
INDICAÇÃO DO ENDEREÇO, eletrônico e não-
eletrônico, DO ADVOGADO (art. 287, caput c/c art. 
77, inciso V do NCPC/2015, devendo qualquer 
alteração, temporário ou definitiva, ser 
devidamente comunicada ao juízo, sob pena de 
presumirem-se como válidas as intimações 
dirigidas ao endereço constante dos autos (art. 
274, § único, NCPC/2015); 
 
- Ainda tendo em vista o art. 287 do NCPC/2015, a 
petição inicial deve vir, EM REGRA, 
ACOMPANHADA DA PROCURAÇÃO, SALVO nos 
casos previstos no § único do citado dispositivo 
legal: 
 
Art. 287. A petição inicial deve vir 
acompanhada de procuração, que conterá os 
endereços do advogado, eletrônico e não 
eletrônico. 
Parágrafo único. Dispensa-se a juntada da 
procuração: 
I - no caso previsto no art. 104 (para evitar 
preclusão, decadência ou prescrição, ou para 
praticar ato considerado urgente); 
II - se a parte estiver representada pela 
Defensoria Pública; 
III - se a representação decorrer diretamente de 
norma prevista na Constituição Federal (como 
 
exceda a vinte salários-mínimos; pedido de concessão de medidas 
protetivas de urgência em favor da mulher que se afirma vítima de 
violência doméstica ou familiar - art. 27, Lei 11.340/2006). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
no caso da advocacia-geral da união ou do MP) 
ou em lei (como no caso da advocacia pública 
em geral). 
 
- Caso a petição inicial veicule PEDIDO DE “TUTELA 
PROVISÓRIA”, requisito que se impõe é a indicação 
da ocorrência dos respectivos pressupostos (art. 
300 e art. 311, do NCPC/2015); 
 
- Caso a petição inicial traga em seu bojo uma 
DENUNCIAÇÃO DA LIDE, requisito que se impõe é a 
apresentação das razões que justifiquem o autor 
trazer ao processo, desde já, aquele em face de 
quem, sob o ponto de vista do direito material, 
entende possui direito de regresso e o qual deverá 
ser devidamente citado (art. 125 a 129, NCPC); 
 
- Caso a petição inicial apresente requerimento de 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
do réu (art. 134, §2º, NCPC/2015), requisito que se 
impõe é a apresentação das razões que a 
justificaria. 
 
- Caso o AUTOR DA PETIÇÃO INICIAL SEJA PESSOA 
JURÍDICA, é fundamental que a petição inicial 
venha acompanhada do estatuto social e da 
documentação que comprove a regularidade da 
representação - notadamente para que se averigue 
se quem outorgou a procuração ao advogado, em 
nome da pessoa jurídica, poderia fazê-lo. 
 
- Por fim, cabe ainda ao autor formular 
REQUERIMENTO DE CONCESSÃO DE JUSTIÇA 
GRATUITA (art. 99, caput, NCPC/2015), OU, não 
sendo o caso, demostrar, de plano, o 
RECOLHIMENTO DAS CUSTAS E DAS DESPESAS 
PROCESSUAIS. A sua falta levará à necessária 
intimação do procurador para realizá-la no prazo de 
15 dias, sob pena de cancelamento da distribuição 
nos termos do art. 290 do NCPC/2015. 
 
 
 JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DA 
PETIÇÃO INICIAL 
 
 Registrada e, se for o caso, distribuída nas 
localidades em que houver mais de um órgão 
jurisdicional abstratamente competente para 
conhecê-la (art. 284, NCPC), a petição inicial será 
autuada, numeradas e rubricadas as folhas (art. 
207 e 208, NCPC), sendo que, em se tratando de 
processo eletrônico estas tarefas ficam 
extremamente simplificadas e agilizadas (art. 193 a 
199, NCPC); 
 
 Após tomadas as devidas providências 
cartorárias, o magistrado realizará o JUÍZO DE 
ADMISSIBILIDADE DA PETIÇÃO INICIAL e, segundo 
Cassio Scarpinella Bueno (2015), para fins 
didáticos, é possível identificar TRÊS ALTERNATIVAS 
possíveis de serem adotadas pelo juiz: 
 
a) JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE POSITIVO: 
neste caso deve o magistrado reconhecer na 
inicial uma peça formalmente adequada. Não 
há neste ato nenhum prejulgamento, no 
sentido de indicar que o autor é merecedor da 
tutela jurisdicional por ele pretendida. Trata-se 
tão só, do reconhecimento de que, do ponto 
de vista formal, o autor cumpriu a contento as 
exigências que lhe são feitas. 
 
Estando em ordem a petição inicial, O RÉU 
SERÁ CITADO, como regra, para comparecer à 
audiência de conciliação/mediação com pelo 
menos 20 dias de antecedência (art. 334, 
NCPC), intimando o autor, por intermédio de 
seu procurador, para nela também comparecer 
(art. 334, §3º, NCPC). 
 
Caso o autor e o réu manifestem seu 
desinteresse na autocomposição na forma do 
§5º do art. 334, bem como quando o direito 
reclamado pelo autor não admitir 
autocomposição (art. 334, §4º), o magistrado 
determinará a citação do réu para que 
apresente, desde logo, sua contestação 
(art.335, inciso II, NCPC). 
 
OBS.: havendo litisconsórcio, o desinteresse na 
realização da audiência deve ser manifestado 
por todos os litisconsortes (art. 334, §6º, NCPC) 
 
b) JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE NEUTRO: pode 
ocorrer de a petição inicial não preencher as 
exigências que lhe são impostas, mas que ainda 
assim seja possível a supressão de seus vícios, 
viabilizando, com isso, o desenvolvimento 
válido e regular do processo. 
 
É a hipótese coberta pelo artigo 321 do NCPC: 
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição 
inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 
e 320 ou que apresenta defeitos e 
irregularidades capazes de dificultar o 
julgamento de mérito, determinará que o 
autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a EMENDE 
ou a complete, indicando com precisão o que 
deve ser corrigido ou completado. 
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a 
diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. 
Na verdade, as regras decorrentes do art. 321 
consagram o PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO (art. 
6°, NCPC). O Código garante um direito à 
emenda: não se permite ao juiz indeferir a 
petição inicial sem que, antes, determine a 
correção do defeito, com especificação clara do 
que precisa ser corrigido ou completado. O 
princípio da cooperação se revela em dois 
momentos: dever de prevenção do juiz, que 
deve dar oportunidade de correção de defeito 
processual, e dever de esclarecimento, pois 
cabe ao juiz dizer precisamente qual foi o 
defeito que vislumbrou. 
 
Mesmo que efetuada a emenda após o prazo 
concedido, ainda assim entende-se não se 
justificar o indeferimento. Sempre que o 
defeito for sanável deve o magistrado 
determinar a emenda; não lhe sendo 
permitido indeferir a inicial sem que conceda 
ao autor a possibilidade de correção. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art319
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art319
 
Sendo, todavia, oportunizada a emenda e não 
sendo cumpridas as determinações do 
magistrado, o indeferimento da inicial será 
medida que se impõe, conforme determinação 
claramente disposta no §único do art. 321, 
NCPC. 
 
c) JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE NEGATIVO: 
envolve o INDEFERIMENTO DA INICIAL. 
 
Trata-se mencionado indeferimento da petição 
inicial de decisão judicial que OBSTA 
LIMINARMENTE O PROSSEGUIMENTO DA 
CAUSA, pois não se admite o processamento da 
demanda. 
 
O indeferimento da petição inicial somente 
ocorre no INÍCIO DO PROCESSO: só há 
indeferimento liminar antes da oitiva do réu. 
APÓS A CITAÇÃO, o juiz não mais poderá 
indeferir a petição inicial, de resto já admitida, 
devendo, se vier a acolher alguma alegação do 
réu, extinguir o feito por outro motivo. 
 
Essa é a característica que distingue o 
indeferimento da petição inicial das outras 
formas de extinção do processo: o 
indeferimento é uma hipótese especial de 
extinção do processo por falta de um 
"pressuposto processual". 
 
A petição inicial válida é um requisito 
processual de validade, que, se não 
preenchido, implica extinção do processo sem 
exame do mérito. Se o defeito se revelar 
macroscopicamente, é caso de indeferimento; 
se o magistrado tiver ouvido o réu para 
acolher a alegação de invalidade, não é mais o 
caso de indeferimento, mas sim de extinção 
com base no art. 485, IV, CPC. 
 
A distinção é importante, pois o regramento 
do art. 331 do CPC somente se aplica à decisão 
que indefira a petição inicial, bem como, 
sendo liminar a sentença, não se condenará o 
autor ao pagamento de honorários 
advocatícios em favor do réu ainda não citado. 
 
NÃO SE ADMITE, CONTUDO, O 
INDEFERIMENTO INDISCRIMINADO. Conforme 
visto, a petição inicial somente deve ser 
indeferida se não houver possibilidade de 
correção do vício ou, se houver, tiver sido 
conferida oportunidade para que o autor a 
emende e este não tenha atendido 
satisfatoriamente à determinação. 
 
O indeferimento da petição inicial é um dos 
casos de invalidade, má-formação, inépcia, 
defeito da petição inicial; por isso, ESSA 
DECISÃO JUDICIAL NÃO RESOLVE O MÉRITO 
DA CAUSA, LIMITANDO-SE A RECONHECER A 
IMPOSSIBILIDADE DE SUA APRECIAÇÃO (art. 
485, I, NCPC). 
 
O indeferimento pode ser total ou parcial. 
Será parcial quando o juiz apenas rejeitar parte 
da demanda (ex.: havendo cumulação de 
pedidos, o juiz verifica a inépcia de um deles). 
 
Daí porque não se pode dizer que toda decisão 
que indefere a petição inicial é uma sentença 
e, portanto, submetida ao recurso de apelação. 
 
Se o indeferimento for parcial, não haverá 
extinção do processo, não se podendo falar, 
pois, de sentença; se ocorreu em juízo singular, 
será uma decisão interlocutória; se ocorreu em 
tribunal, será uma decisão unipessoal, se 
proferida por relator, ou um acórdão, se 
decisão colegiada. 
 
Em resumo: O INDEFERIMENTO PODE SER 
UMA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA, UMA 
DECISÃO DE RELATOR, UM ACÓRDÃO E, 
TAMBÉM, UMA SENTENÇA, só se configurando 
como tal se se tratar de indeferimento total da 
petição inicial feito por juízo singular. 
 
Com base nisso, pode-se estabelecer o 
SISTEMA RECURSAL da decisão que indefere a 
petição inicial: 
 se se tratar de um indeferimento parcial 
feito por juízo singular (decisão 
interlocutória), o recurso cabível é o 
agravo de instrumento (art. 354, §único 
NCPC); 
 se se tratar de indeferimento total feito 
por juízo singular, será apelação (art. 
1009, NCPC); 
 
 contra o indeferimento total ou parcial 
feito por decisão do relator, caberá agravo 
interno (art. 1021, NCPC); 
 
 contra indeferimento total ou parcial 
feito por acórdão, caberão, conforme o 
caso, recurso ordinário constitucional, 
recurso especial ou recurso 
extraordinário. 
 
O art. 331 do CPC afirma que, havendo 
APELAÇÃO contra a sentença que indefere a 
petição inicial, poderá o juiz, no prazo de 05 
dias, rever a sua decisão e modificá-la, em 
JUÍZO DE RETRATAÇÃO. 
 
Se NÃO HOUVER RETRATAÇÃO, o juiz 
determinará a citação do réu para responder o 
recurso (art. 331, §1°, CPC). 
 
Se a APELAÇÃO FOR PROVIDA, o prazo para 
contestação começará a correr da intimação 
do retorno dos autos (art. 331, §2º). NÃO 
INTERPOSTA A APELAÇÃO, o réu será 
intimado do trânsito em julgado da sentença 
(art. 331, §3º). 
 
Trata-se de regra especial, pois confere ao 
magistrado a possibilidade de mudar a sua 
decisão após ter encerrado o seu ofício 
jurisdicional com a prolação da sentença 
(excepciona-se, assim, o art. 494 do NCPC). 
 
 HIPÓTESES DE INDEFERIMENTO DA INICIAL 
 
Nos termos do art. 330 do NCPC, a petição inicial 
será indeferida quando: 
 
I - for inepta; 
 
A inépcia (ou inaptidão) da petição inicial gira em torno 
de defeitos vinculados à causa de pedir e ao pedido; 
são defeitos que não apenas dificultam, mas impedem 
o julgamento do mérito da causa. 
 
Conforme visto, a petição inicial é o veículo da 
demanda, que se compõe do pedido, da causa de pedir 
(elementos objetivos) e dos sujeitos (elemento 
subjetivo). 
 
A INÉPCIA diz respeito a vícios na 
identificação/formulação dos elementos objetivos da 
demanda. 
 
O §1º do art. 330 do CPC traz algumas hipóteses de 
inépcia: 
 
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial 
quando: 
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; 
(Conforme visto, sem pedido ou causa de pedir, 
será impossível ao órgão jurisdicional saber os 
limites da demanda e, por consequência, os 
limites da sua atuação). 
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as 
hipóteses legais em que se permite o pedido 
genérico; (Também conforme visto, o pedido 
tem de ser determinado (art. 324, CPC), salvo 
em algumas situações excepcionais (incisos I a 
III do art. 324). Se for indeterminado fora 
dessas hipóteses, o caso é de inépcia). 
III - da narração dos fatos não decorrer 
logicamente a conclusão; (A petição tem de ser 
coerente. Se o pedido não resulta logicamente 
da causa de pedir, há contradição, hipótese de 
inépcia. Um bom exemplo: o autor pede a 
invalidação do negócio em razão do 
inadimplemento; inadimplemento não é causa 
de invalidade, mas de resolução). 
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. 
(Também conforme visto, a compatibilidade 
dos pedidos é requisito para que se possa falar 
em cumulação. Deparando-se com uma petição 
inicial nessa situação, deve o órgão julgador 
determinar que o autor a corrija, escolhendo 
um dos pedidos ou trocando um deles por 
outro, desta feita compatível. Não pode juiz 
indeferir a petição inicial sem dar ensejo à 
correção pelo autor) 
 
O §2º e §3º do art. 330 do CPC trazem outra hipótese 
de inépcia: 
 
§ 2º Nas ações que tenham por objeto a 
revisão de obrigação decorrente de 
empréstimo, de financiamento ou de 
alienação de bens, o autor terá de, sob pena de 
inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as 
obrigações contratuais, aquelas que pretende 
controverter, além de quantificar o valor 
incontroverso do débito. 
§ 3º Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso 
deverá continuar a ser pago no tempo e modo 
contratados. 
 
Assim sendo, proposta demanda que tenha por objeto a 
discussão de dívida oriunda de empréstimo, 
financiamento ou alienação de bens, não basta o 
pedido de revisão de dívida, é preciso especificar o que 
se discute. Não discriminado este valor, cabe ao juiz 
determinar a intimação do autor para que emende a 
petição inicial; não retificado o defeito, a petição há de 
ser indeferida, por inépcia. 
 
OBS.: o §3º do art. 330 nos apresenta uma regra de 
direito material, a qual determina o adimplemento do 
valor incontroverso. Não adimplida a parcela 
incontroversa haverá mora. 
 
A pergunta cuja resposta não se encontra no texto 
normativo é a seguinte: NÃO ADIMPLIDA A PARCELA 
CONTROVERSA, HÁ MORA? 
Segundo o Prof. Fredie Didier (2015), se não houver 
decisão judicial provisória em sentido contrário (tutela 
antecipada), há mora. A simples

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