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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 5 2 ARTE MODERNA ....................................................................................... 6 2.1 Conceito ............................................................................................... 6 2.2 Características ..................................................................................... 7 2.3 Principais Artistas ................................................................................. 7 3 PRINCIPAIS MOVIMENTOS MODERNOS ................................................ 8 3.1 Abstracionismo ..................................................................................... 9 3.2 Cubismo ............................................................................................... 9 3.3 Concretismo ......................................................................................... 9 3.4 Dadaísmo ........................................................................................... 10 3.5 Expressionismo .................................................................................. 10 3.6 Fauvismo ............................................................................................ 10 3.7 Futurismo ........................................................................................... 10 3.8 Impressionismo .................................................................................. 11 3.9 Surrealismo ........................................................................................ 11 4 PINTURA MODERNA ............................................................................... 12 4.1 Arte Moderna ...................................................................................... 13 5 ARTISTAS DA ARTE MODERNA ............................................................. 16 5.1 Di Cavalcanti ...................................................................................... 17 5.2 Ismael Nery ........................................................................................ 17 5.3 Lasar Segal ........................................................................................ 18 5.4 Milton Dacosta .................................................................................... 19 5.5 Anita Malfatti ....................................................................................... 19 5.6 Vicente do Rego Monteiro .................................................................. 20 5.7 Tarsila do Amaral ............................................................................... 21 3 5.8 Candido Portinari ................................................................................ 22 5.9 Bruno Giorgi ....................................................................................... 22 5.10 Volpi ................................................................................................ 23 6 ARTE CONTEMPORÂNEA ...................................................................... 24 6.1 Conceito ............................................................................................. 26 6.2 Primeiras Décadas da Arte Contemporânea ...................................... 27 6.3 Arte Contemporânea – Realidade ...................................................... 30 7 ARTE CONCEITUAL ................................................................................ 30 7.1 Minimalismo ....................................................................................... 31 7.2 Pop Art ............................................................................................... 31 7.3 Arte Povera ........................................................................................ 32 7.4 Arte Performática ............................................................................... 32 7.5 Hiper Realismo ................................................................................... 33 7.6 Neofiguração ...................................................................................... 33 8 ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA ................................................ 34 8.1 Primórdios da contemporaneidade no Brasil ...................................... 35 8.2 Década de 50 no Brasil: A Experiência Moderna Condensada .......... 36 9 MOVIMENTO ANTROPOFÁGICO ........................................................... 42 9.1 Representantes brasileiros do Movimento Antropofágico .................. 44 10 GUERRAS MUNDIAS E ARTE CONTEPORÂNEA ............................... 45 10.1 A Arte Contemporânea Após a Segunda Guerra Mundial .............. 46 10.2 Desenvolvimento do pós-Guerra na Europa ................................... 46 11 ALGUNS PINTORES DA ARTE MODERNA E CONTEMPORÂNEA .... 48 11.1 Kandinsky (1866-1944) ................................................................... 48 11.2 Pablo Picasso (1881-1973) ............................................................. 49 11.3 Joan Miró (1893-1983) .................................................................... 50 11.4 Andy Warhol (1928-1987) ............................................................... 50 4 11.5 Romero Britto .................................................................................. 50 12 OBRAS .................................................................................................. 51 12.1 Abaporu (1928) ............................................................................... 51 12.2 A Liberdade Guiando o Povo (1830) ............................................... 52 12.3 A Noite Estrelada (1889) ................................................................. 52 12.4 A Persistência da Memória (1931) .................................................. 53 12.5 A Ronda Noturna (1639 - 1642) ...................................................... 53 12.6 As Meninas (1656) .......................................................................... 54 12.7 Guernica (1937) .............................................................................. 55 12.8 Moça com Brinco de Pérola (1665) ................................................. 56 12.9 Mona Lisa (1503 - 1506) ................................................................. 57 12.10 O Grito (1893) ................................................................................. 57 12.11 O Juízo Final (1535 - 1541) ............................................................ 58 12.12 O Nascimento de Vênus (1483) ...................................................... 59 12.13 Vênus de Milo (século II a.C, provavelmente) ................................. 59 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 61 5 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos!6 2 ARTE MODERNA Fonte: exame.abril.com.br A imagem refere-se: Expressionismo- cena de rua em Berlim (1913-15), de Ernst Kirchner, expoente do expressionismo alemão. 2.1 Conceito O termo Arte Moderna refere-se às expressões artísticas surgidas no final do século XIX, que se estenderam até a metade do século XX. Neste estilo, nota-se a influência da Revolução Industrial, das máquinas a vapor, da velocidade, fotografia, cinema e do estudo da mente, entre outros fatores que contribuíram para a mudança do pensamento e das atitudes na sociedade da época. A arte moderna rompe com as regras, buscando novos conceitos e técnicas na arte para expressar a vida moderna, como por exemplo o Fauvismo, Futurismo, Cubismo, e Escola de Paris. Esta arte ia além da simples representação da realidade, trazendo a emoção e sensibilidade do artista. Os movimentos mais famosos são o Simbolismo, Expressionismo, Suprematismo, Dadaísmo, Surrealismo, entre outros. Artistas como os designers, ilustradores e arquitetos passaram a se preocupar com a funcionalidade da arte, sem descuidar da forma, como o Arts & crafts, Art Noveau, Construtivismo, Bauhaus, De Stijl, Arte Deco, e Estilo internacional. A princípio, a arte moderna foi uma iniciativa europeia e introduzida na América durante a Primeira Guerra Mundial. 7 Analisar a modernidade hoje em dia é uma tarefa complexa, que pressupõe, de um lado, uma visão crítica capaz de ir além das teorizações que constituem seu autorretrato mítico, e de outro uma atenção redobrada para não cair em muitas simplificações do discurso pós-moderno e de sua vontade de erguer-se como antagonista e superador de uma situação cultural, para a qual são propostas categorias distintivas, não raro permeadas de falsas contraposições. (FABRIS, 2010, apud HOFFMANN, 2017). No entanto, a arte moderna foi contraposta pela arte dita contemporânea, mas que levou as influências da arte moderna aos seus conceitos de inovação de pensamento e atitude. Arte Moderna é o conjunto de expressões artísticas dos séculos XIX e XX, que abrange especialmente a arquitetura, a escultura, a literatura e a pintura. No Brasil, esse período teve início com a Semana da Arte Moderna que ocorreu em 1922 na cidade de São Paulo. 2.2 Características A arte moderna tem como principal característica o rompimento com padrões. Assim, esse movimento representou uma revolução estética sendo um marco no campo artístico. Essa expressão artística transformou radicalmente o campo das artes ao quebrar com formalismos, atingindo inclusive, estruturas gramaticais no campo literário. Rejeição ao academicismo; Informalidade; Valorização da identidade cotidiana e da identidade brasileira; Liberdade de expressão; Pontuação relativa; Aproximação da linguagem popular e coloquial; Figuras deformadas e cenas sem lógica; Urbanismo; Humor, irreverência; Versos livres; Nacionalismo numa perspectiva crítica ao passado; Estranhamento, são suas principais características. 2.3 Principais Artistas Contagiados pelas vanguardas europeias, os artistas desenvolveram a sua arte. No entanto, foram alvo de críticas dado o choque causado no público. Muitos se sentiram ofendidos com a nova proposta. Os principais artistas da arte moderna foram: 8 Na Literatura: Mário de Andrade (1893-1945), Oswald de Andrade (1890- 1954); Menotti Del Picchia (1892-1988); Plínio Salgado (1895-1975); Sérgio Milliet (1898-1966). Em 1928, Mário de Andrade publicava o clássico Macunaíma: um herói sem nenhum caráter dedicado a Paulo Prado, que no final do mesmo ano publicaria o seu Retrato do Brasil. O romance é uma história baseada em lendas e mitos brasileiros. (ANDRADE, 2001, apud MAGGIE, 2005). Na Pintura e no Desenho: Anita Malfatti (1889-1964); John Graz (1891-1980); Oswaldo Goeldi (1895-1961); Yan de Almeida Prado (1898-1991). Na Escultura: Hildegardo Leão Velloso (1899-1966); Victor Brecheret (1894- 1955); Wilhelm Haarberg (1891-1986). Na Arquitetura: Georg Przyrembel (1885-1956). 3 PRINCIPAIS MOVIMENTOS MODERNOS Fonte: culturagenial.com A imagem refere- se: Fauvismo- A mesa de jantar ou Harmonia em vermelho (1908), de Henry Matisse. O século XX é marcado por profundas mudanças históricas, as quais afetaram drasticamente o comportamento político-social do nosso tempo. Foi onde acentuaram- se as diferenças entre a alta burguesia e o proletariado, dando maior força 9 ao capitalismo e fazendo surgir os primeiros movimentos sindicais, como algumas das consequências do Pós Guerra. Mediante todo o acúmulo de acontecimentos pertencentes a esse período, cheio de contradições e complexidades, é possível encontrar um terreno farto para a criação de novos conceitos no campo das artes. Descrever costumes, paisagens, fatos, sentimentos carregados de sentido nacional, era libertar- se do jugo da literatura clássica, universal, comum a todos, preestabelecida, demasiado abstrata – afirmando em contraposição o concreto espontâneo, característico, particular. (CANDIDO, 2009, p. 333, apud OLIVEIRA, 2015). 3.1 Abstracionismo O abstracionismo é o movimento que se opõe à arte figurativa ou objetiva. A principal característica da pintura abstrata é a ausência de relação imediata entre suas formas e cores de um ser. A pintura abstrata é uma manifestação artística que despreza completamente a simples cópia das formas naturais. 3.2 Cubismo Pode ser considerado o primeiro movimento artístico a se caracterizar pela incorporação do imaginário urbano industrial em suas obras. Caracterizava-se, especialmente, pela geometrização das formas, modeladas basicamente por cubos e cilindros. 3.3 Concretismo O Concretismo foi um movimento de vanguarda que visava a criação de uma nova linguagem. Assim, na literatura tinha como característica central a valorização do conteúdo visual e sonoro. Já nas artes plásticas destacou-se pelo uso de formas abstratas. https://www.infoescola.com/economia/capitalismo/ 10 3.4 Dadaísmo O movimento artístico e literário Dadaísmo foi uma revolta contra a cultura e os valores burgueses que se acreditava causaram e apoiaram a carnificina da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918). Rapidamente se transformou em um tipo anarquista de arte, altamente vanguardista, cujo objetivo era subverter a ordem política e social. Como um grupo “antiarte”, recorreu a táticas para atacar as tradições estabelecidas de arte, realizando manifestações artísticas absurdas, projetadas deliberadamente para escandalizar e chocar tanto as autoridades quanto o público, em geral. 3.5 Expressionismo Esse movimento artístico está entre os primeiros representantes das vanguardas históricas e talvez, o primeiro a focar em aspectos subjetivos. Ele surge como uma reação ao Impressionismo, pois, no primeiro, a preocupação está em expressar as emoções humanas, transparecendo em linhas e cores vibrantes os sentimentos e angústias do homem moderno. Enquanto no Impressionismo, o enfoque resumia-se na busca pela sensação de luz e sombra. 3.6 Fauvismo Este movimento seguiu características expressionistas tendo como protagonista o artista plástico Henri Matisse. O Fauvismo foi um movimento que teve basicamente dois princípios: a simplificação das formas das figuras e o emprego das cores puras, sem mistura. As figuras não são representadas tal qual a forma real, ao passo que as cores são usadas da maneira que saem do tubo de tinta. O nome deriva de fauves (feras, no francês), devido à agressividade no emprego das cores. 3.7 Futurismo O Futurismo influenciou artistas brasileiros como Anita Malfatti e Oswald de Andrade. O Futurismo abrange sua criação em expressar o real, assinalando a velocidade exposta pelas figuras em movimento no espaço. Foi um dos movimentos 11 artísticos que se desenvolveu em todas as artes e exerceu influência sobre váriosartistas que, posteriormente, criaram outros movimentos de arte moderna. Repercutiu principalmente na França e na Itália, onde diversos artistas se identificaram com o fascismo nascente. Caracterizava-se pela valorização do industrialismo da velocidade e da tecnologia. 3.8 Impressionismo Essa tendência artística francesa, com ênfase na pintura, destacava-se pelos efeitos visuais das suas obras. Com temas cotidianos, o colorido e a luminosidade transmitida resultava numa comoção visual. 3.9 Surrealismo O Surrealismo foi um movimento artístico e literário que buscava elaborar uma combinação do representativo, do abstrato, do irreal e do inconsciente. Valorizava a fantasia, a loucura e o impulso do artista. No Brasil, Oswald de Andrade foi um dos maiores expoentes. O surrealismo é também uma espécie de mecanismo que não se limita a transcrever passivamente o sonho e sim descobrir um modo de acionar o inconsciente mediante ao “automatismo psíquico”. Dessa maneira, uma ideia segue a outra sem a consequência lógica das demonstrações usuais e sim automaticamente. Técnicas como a escrita automática da literatura, da colagem e a decalcomania, em relação às artes plásticas, tornaram-se muito populares entre os surrealistas que as utilizavam na produção dos seus jogos de associação livre de sentidos. 12 4 PINTURA MODERNA Fonte: arteref.com A imagem refere- se: Cubismo- A arte de Picasso é considerada revolucionária Segundo DANTAS (1997), O nascimento da pintura moderna é um marco importante na história da cultura ocidental, porque representa uma ruptura radical de uma estética e de valores que tiveram origem no Renascimento. Essa "revolução estética " ocorre na segunda metade do século XIX. Os fatores que deram início ao período que ficou conhecido como "arte moderna" resultam das influências da Revolução Industrial, entre 1760 e 1860. Nesse período, a Europa e a América assistem a mudanças sociais significativas. O novo desenho social resulta da mudança no modo de produção e da disponibilidade de bens fabricados, das transformações do comércio, transportes e tecnologia. As grandes cidades incham ao mesmo tempo em que prosperam, impondo mudanças na arquitetura urbana e, claro, a arte. Uma das primeiras menções à arte moderna em sua acepção plena, consagrada pelo uso posterior, ocorreu no final de 1923, em artigo de autoria de Di Cavalcanti (escrito e ilustrado por ele) em que o artista comenta as novidades do Salão de Outono, de Paris, elogiando o alinhamento desse evento “com a modernidade”. (DI CAVALCANTI, 1923, apud CARDOSO, 2015). 13 A classe média assiste ao aumento do poder aquisitivo e a demanda pela arte cresce impulsionada pela propulsão de milionários fabricados pela indústria. Há grandes museus da atualidade que foram fundados por magnatas no século 19. Se a disponibilidade de capital influencia na produção artística, a oferta de novos materiais consolida o aumento de demanda. Em 1841, o pintor norte-americano Jonh Rand (1801 a 1873) inventou o tubo de tinta desmontável. Até mesmo os modelos passaram a novos padrões. Agora, a fotografia auxiliava no chamado "impressionismo", a primeira grande escola de arte do modernismo. Os artistas também passam a explorar novos temas que extrapolam a religião, mitologia grega e paisagens. Ganham a pintura as vilas suburbanas, as redes ferroviárias, as favelas, a cidade, o cotidiano. A tela também reflete o pensamento político e surgem a pintura realista, o realismo impressionista e o realismo socialista. A nova consciência, a partir do pensamento de Sigmund Freud (1856 - 1939), coincide com o surgimento do expressionismo alemão. 4.1 Arte Moderna Há controvérsias sobre os limites temporais do moderno e alguns de seus traços distintivos: como separar clássico/moderno, moderno/contemporâneo, moderno/pós-moderno. Divergências à parte, observa-se uma tendência em localizar na França do século XIX o início da arte moderna. A experiência urbana, ligada à multidão, ao anonimato, ao contingente e ao transitório, é enfatizada pelo poeta e crítico francês Charles Baudelaire (1821 - 1867) como o núcleo da vida e da arte moderna. O moderno não se define pelo tempo presente, nem toda a arte do período moderno é moderna, mas por uma nova atitude e consciência da modernidade, declara Baudelaire, em 1863, ao comentar a pintura de Constantin Guys (1802 - 1892). A modernização de Paris (traduzida nas reformas urbanas implementadas por Haussmann, entre 1853 e 1870) relaciona-se diretamente à sociedade burguesa que se define ao longo das revoluções de 1830 e 1848. A ascensão da burguesia traz consigo a indústria moderna, o mercado mundial e o livre comércio, impulsionados pela Revolução Industrial. A industrialização em curso e as novas tecnologias colocam em crise o artesanato, fazendo do artista um intelectual apartado da produção. "Com 14 a industrialização, esse sistema entra em crise", afirma o historiador italiano Giulio Carlo Argan, "e a arte moderna é a própria história dessa crise." O trajeto da arte moderna no século XIX acompanha a curva definida pelo romantismo, realismo e impressionismo. Os românticos assumem uma atitude crítica em relação às convenções artísticas e aos temas oficiais impostos pelas academias de arte, produzindo pinturas históricas sobre temas da vida moderna. A Liberdade Guiando o Povo (1831), de Eugène Delacroix (1798 - 1863), trata da história contemporânea em termos modernos. O tom realista é obtido pela caracterização individualizada das figuras do povo. O emprego livre de cores vivas, as pinceladas expressivas e o novo emprego da luz, por sua vez, recusam as normas da arte acadêmica. O realismo de Gustave Courbet (1819 - 1877) exemplifica, um pouco mais tarde, outra direção tomada pela representação do povo e do cotidiano. As três telas do pintor expostas no Salão de 1850, Enterro em Ornans, Os Camponeses em Flagey e Os Quebradores de Pedras, marcam o compromisso de Courbet com o programa realista, pensado como forma de superação das tradições clássicas e românticas, assim como dos temas históricos, mitológicos e religiosos. O rompimento com os temas clássicos vem acompanhado na arte moderna pela superação das tentativas de representar ilusionisticamente um espaço tridimensional sobre um suporte plano. A consciência da tela plana, de seus limites e rendimentos inaugura o espaço moderno na pintura, verificado inicialmente com a obra de Éduard Manet (1832 - 1883). Segundo o crítico norte-americano Clement Greenberg, "as telas de Manet tornaram-se as primeiras pinturas modernistas em virtude da franqueza com a qual elas declaravam as superfícies planas sob as quais eram pintadas". As pinturas de Manet, na década de 1860, lidam com vários temas relacionados à visão baudelairiana de modernidade e aos tipos da Paris moderna: boêmios, ciganos, burgueses empobrecidos entre outros. Além disso, obras como Dejeuner sur L´Herbe (Piquenique sobre a relva- 1863) desconcertam não apenas pelo tema (uma mulher nua, num bosque, conversa com dois homens vestidos), mas também pela composição formal: as cores planas sem claro-escuro nem relevos; a luz que não tem a função de destacar ou modelar as figuras; a indistinção entre os corpos e o espaço num só contexto. As pesquisas de Manet são referências para o impressionismo de Claude Monet (1840 - 1926), Pierre Auguste Renoir (1841 - 1919), Edgar Degas (1834 - 1917), Camille Pissarro (1831 - 1903), Paul Cézanne (1839 - 15 1906), entre muitos outros. A preferência pelo registro da experiência contemporânea, a observação da natureza com base em impressões pessoais e sensações visuais imediatas, a suspensão dos contornos e dos claro-escuros em prol de pinceladas fragmentadas e justapostas, o aproveitamento máximo da luminosidade e uso de cores complementaresfavorecidos pela pintura ao ar livre constituem os elementos centrais de uma pauta impressionista mais ampla explorada em distintas dicções. Um diálogo crítico com o impressionismo estabelece-se, na França, com o fauvismo de André Derain (1880 - 1954) e Henri Matisse (1869 - 1954); e, na Alemanha, com o expressionismo de Ernst Ludwig Kirchner (1880 - 1938), Emil Nolde (1867 - 1956) e Ernst Barlach (1870 - 1938). O termo arte moderna engloba as vanguardas europeias do início do século XX, como o cubismo, construtivismo, surrealismo, dadaísmo, suprematismo, neoplasticismo, futurismo, entre outros, do mesmo modo que acompanha o deslocamento do eixo da produção artística de Paris para Nova York, após a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), com o expressionismo abstrato de Arshile Gorky (1904- 1948) e Jackson Pollock (1912- 1956). Na Europa da década de 1950, as reverberações dessa produção norte-americana se fazem notar nas diversas experiências do tachismo. As produções artísticas das décadas de 1960 e 1970, segundo grande parcela da crítica, obrigam a fixação de novos parâmetros analíticos, distantes do vocabulário e pauta modernistas, o que talvez indique um limite entre o moderno e o contemporâneo. No Brasil, a arte moderna (modernista) tem como marco simbólico a produção realizada sob a égide da Semana de Arte Moderna de 1922. Já existe na crítica de arte brasileira uma considerável produção que discute a pertinência da Semana de Arte Moderna de 1922 como divisor de águas. No jornal Correio Paulistano de 29 de janeiro de 1922, uma nota anuncia a realização de uma semana de arte no Teatro Municipal, entre 11 e 18 d fevereiro, com a participação de escritores, músicos, artistas e arquitetos de São Paulo e do Rio de Janeiro. De acordo com a notícia, a Semana, organizada por intelectuais das duas cidades, tendo Graça Aranha à frente, tem por dar ao público de São Paulo “a perfeita demonstração do que havia em nosso meio em escultura, pintura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista rigorosamente atual”. (PEDROSA, 1964, apud AJZENBERG, 2012). 16 5 ARTISTAS DA ARTE MODERNA Fonte: brasil247.com A imagem refere- se a obra de Di Cavalcanti: Baile Popular (1972). Falar sobre os artistas da Arte Moderna significa falar sobre o maior evento que marcou a história da arte brasileira. Tal evento, conhecido como a Semana de Arte Moderna, ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922. Partindo dessa data (1922), começamos a compreender os reais propósitos firmados mediante o histórico acontecimento. Afinal, por que 1922. Essa é a data em que o Brasil comemorou seu primeiro centenário da Independência, embora essa independência em nada tenha transformado os planos político, econômico ou cultural. Dessa forma, desde o período que antecedeu a Semana de 1922, conhecido como Pré-Modernismo, houve uma reação por parte da classe artística em revelar um Brasil visto sob o plano real, longe do idealismo pregado pela era romântica. Um Brasil dos marginalizados, indo desde o sertão nordestino até os subúrbios cariocas. Não por acaso, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, entre outros, souberam expressar sua insatisfação mediante as mazelas que corrompiam a sociedade daquela época, de um lado o progresso industrial oriundo da expansão do capitalismo, de outro a massa dos excluídos, formada pela classe operária que, cada vez mais organizada, realizava intensas greves. 17 Nesse clima de euforia, imbuídos no propósito de operar mudanças, sobretudo influenciados pelos movimentos vanguardistas, é que os artistas expressaram seus posicionamentos ideológicos por meio de suas criações, seja na pintura, música, escultura, literatura, entre outras formas de arte. Nesse sentido, vejamos os dados biográficos inerentes a alguns deles. 5.1 Di Cavalcanti Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, filho de Frederico Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Rosália de Sena, nasceu em 1897, no Rio de Janeiro, e faleceu em 1976 naquela mesma cidade. Seu talento artístico começara em 1908, em São Cristóvão, bairro de classe média para o qual a família se mudara. Anos mais tarde, em 1914, iniciou sua carreira de caricaturista. Em 1916, matriculou-se na escola Livre de Direito, mudando-se para São Paulo e levando consigo uma carta de Olavo Bilac para o jornalista Nestor Rangel Pestana, crítico de arte do Estadão. Com isso, empregou-se como arquivista no jornal O Estado de São Paulo. Di Cavalcanti foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna, participando da criação dos catálogos e dos programas, além de ter exposto doze pinturas. Entre sua vasta obra, podemos citar: Viagem da Minha Vida – O Testamento da Alvorada (1955) e Reminiscências Líricas de um Perfeito Carioca (1964). Ilustrou numerosos livros, entre os quais: Carnaval, de Manuel Bandeira, 1919; Losango Cáqui, de Mario de Andrade, 1926; A Noite na Taverna e Macário, de Alvares de Azevedo, 1941; entre outros. Executou murais em Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo e editou álbuns de gravuras, tais como Lapa, xilogravuras, 1956; Cinco Serigrafias, 1969 e Sete Flores, com texto de Carlos Drummond de Andrade, 1969. 5.2 Ismael Nery Ismael Nery nasceu em Belém do Pará em 1900 e faleceu em 1934 na cidade do Rio de Janeiro. Esse artista não defendia a ideia de nacionalidade como os artistas 18 de sua época, ao contrário, estendia sua expressão artística em seu sentido mais amplo, entrelaçando todas as correntes de pensamento. Sua carreira como pintor não lhe rendeu o merecido reconhecimento por parte do público, uma vez que não chegou a vender mais que uma centena de quadros, expostos somente em dois eventos. Ao contrário de sua produção enquanto desenhista, que, segundo a opinião de especialistas, era melhor que sua pintura. Costuma-se dividir a obra desse nobre artista em três vertentes: a expressionista, indo de 1922 a 1923; a cubista, de 1924 a 1927, sob forte influência de Pablo Picasso; e a Surrealista, demarcada de 1927 a 1934, sua fase mais importante e promissora. 5.3 Lasar Segal Lasar Segal nasceu em 21 de julho de 1891, na cidade de Vilna, capital da Lituânia. Faleceu em 2 de agosto de 1957 na cidade de São Paulo, deixando um vasto acervo que enfatiza não somente a beleza, mas sobretudo a miséria que presenciara durante toda sua jornada. Para Segal a pintura estática não lhe satisfazia, haja vista que nela era preciso fazer algumas distorções de modo a retratar a realidade – propósito esse que o levou a aproximar-se do Expressionismo. Depois de rápida estada na Holanda, partiu para o Brasil, onde organizou duas exposições: uma em São Paulo e outra em Campinas. Mais que um pintor, considerado também como um verdadeiro sociólogo, Lasar Segal tinha obsessão pelo ser humano e, por meio dos pinceis, retratou os problemas brasileiros, revelados por cenas familiares, dando ênfase ao interior pobre das casas, bem como os rostos sofridos de seus habitantes. Cenas essas que retratavam o conformismo de uma sociedade considerada imutável. Assim sendo, utilizava em suas obras não somente óleo sobre tela, mas também processos de gravura que aprendera na Rússia, tais como a litogravura e a zincografia, os quais conferiam à sua arte um caráter puramente versátil. Atingido por um ataque fulminante, veio a falecer. Contudo, sua vasta obra permaneceu viva, por meio de um acervo com 2500 obras, local onde funciona uma Biblioteca organizada por sua mulher (escritora e tradutora). 19 Não temos como saber se esse importante movimento migratório e as tensões que pôde ter gerado interessavam ou afetavam de algum modo Segall, sendo tema de conversas e reflexões com seus colegas e amigos do mundo das artes. Esses compunham uma fração extremamente minoritária dos imigrantesfugindo dos pogroms que varriam a Zona de Residência judaica demarcada no Império Russo; viviam uma experiência migratória particular, apesar do passaporte e da pertença judaica comuns aos demais imigrantes. Sabemos, porém, que Segall manteve-se sempre interessado pelos debates e reflexões envolvendo a construção de uma “arte judaica” (MATTOS, 2007, apud SCHPUN, 2018). 5.4 Milton Dacosta Milton Dacosta nasceu em 1915, em Niterói, no estado do Rio de Janeiro, e faleceu em 1988, na cidade do Rio de Janeiro. Aos 14 anos conheceu Augusto Hantz, um professor alemão com quem teve as primeiras aulas de desenho, matriculando-se no ano seguinte na Escola de Belas Artes, frequentando o curso livre ministrado por Augusto José Marques Júnior. Em 1936, após realizar uma mostra individual, Dacosta se sentiu motivado a se inscrever no Salão Nacional de Belas Artes. Ao expor seus trabalhos, recebeu menção honrosa, ganhando medalha de bronze e prata. Em 1944 recebeu o cobiçado prêmio de uma viagem ao exterior, viajando em 1945 para os Estados Unidos ao lado da pintora Djanira, e de lá seguiu para Paris, onde permaneceu por dois anos. A pintura desse artista, evoluía aos poucos, atingindo grandes patamares. Primeiramente se identificou com o Impressionismo, indo sequencialmente para o Expressionismo, Cubismo, Concretismo, e voltando para o Cubismo novamente, por opção definitiva. Casou-se em 1949 com a também pintora Maria Leontina, cuja união perdurou por 37 anos. Juntos participaram de Bienais, viajaram para o exterior para cursos de aperfeiçoamento, e juntos cresceram na missão de tornar o mundo ainda mais belo por meio de seus trabalhos. 5.5 Anita Malfatti Anita Catarina Malfatti nasceu em 2 de dezembro de 1889, em São Paulo. Filha de Samuel Malfatti e de Elisabete, era pintora, desenhista e falava vários idiomas, o que lhe rendia uma habilidade cultural vasta. Chegando a Berlim, em setembro de 1910, iniciou aulas particulares no ateliê de Fritz Burger, matriculando-se um ano depois na Academia Real de Belas-Artes. 20 Em 1916 retornou ao Brasil, já com 27 anos, disposta a expressar toda sua arte, especialmente voltada para o Expressionismo. Assim, por meio de influências de seus amigos modernistas, em especial por Di Cavalcanti, Anita decidiu locar uma das dependências do Mappin Stores e realizar uma única apresentação de seus trabalhos, em 12 de dezembro de 1917. O que não sabia era que o destino, de forma irônica, lhe reservara um grande infortúnio. Monteiro Lobato, por meio de seu artigo Paranoia ou mistificação, criticou a duras penas o trabalho da artista. Tal intento não era destinado a ela em especial, mas aos modernistas propriamente ditos. O fato lhe abalou profundamente e a fez carregar pelo resto de sua vida um sentimento de total descontentamento frente às coisas que a rodeavam. Seu primeiro instinto foi o de abandonar de vez a arte, contudo passou a tomar aulas com o mestre Pedro Alexandrino, fato que lhes concedeu uma proveitosa e duradoura amizade. Motivada por amigos, resolveu participar da Semana de Arte Moderna de 1922 e, no ano seguinte, viajou para Paris, munida de uma bolsa de estudos, onde encontrou Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Vitor Brecheret e Di Cavalcanti. Retornou depois de algum tempo ao solo brasileiro, já com a confiança recuperada, no entanto não estava mais disposta a se aventurar em novas “investidas culturais”. Anita veio a falecer em 6 de novembro de 1964 em Diadema, estado de São Paulo, local em que morava com sua irmã Georgina. A partir de meados de 1925, evidencia-se nova preocupação nas páginas do Correio da Manhã: a de explicar o sentido da arte moderna para seu público leitor. Um longo artigo assinado pelo crítico José Clemente, “Sobre o modernismo”, publicado por ocasião de banquete oferecido a Graça Aranha, explicita tendências como futurismo, cubismo, dadaísmo, expressionismo, surrealismo, entre outras, e maneja sua discussão com habilidade e conhecimento. A postura do crítico é de defesa do modernismo, conclamando Graça Aranha a não desfalecer em seus esforços. (CLEMENTE, 1925, apud CARDOSO, 2015). 5.6 Vicente do Rego Monteiro Nasceu em Recife, em 1899. É um artista múltiplo: pintor, desenhista, muralista, escultor e poeta. Frequentou a Academia Julian em Paris, de 1911 a 1914, voltando ao Brasil para morar no Rio de Janeiro. Em 1920 expôs algumas obras em São Paulo, conhecendo o grupo de modernistas da cidade e abrindo caminho para a exposição de oito obras suas na Semana de Arte Moderna de 1922, enfatizando temas nacionais. 21 Em 1932, fixaria residência no Recife, alternando períodos no Brasil e na França até 1950. Sua pintura é marcada pela sinuosidade e sensualidade. Contido nas cores e contrastes, as obras do artista nos reportam a um clima místico e metafísico. A temática religiosa é frequente em sua pintura, chegando a pintar cenas do Novo Testamento, com figuras que, pela densidade e volume, se aproximam da escultura. A obra de Vicente do Rego Monteiro integra importantes acervos de museus brasileiros e europeus. 5.7 Tarsila do Amaral Tarsila do Amaral, paulista do interior, teve sua formação com conceituados artistas da vanguarda francesa. A modernidade dos anos 1920 ganhou força até o início dos anos 1930, quando ela participou ativamente dos movimentos Pau Brasil (1924) e Antropofagia (1929). Por ocasião da Semana de Arte Moderna, em 1922, Tarsila estava em Paris. No ano seguinte, lá pintou “A negra”, figura certamente surgida da saudade de Tarsila por sua terra e das lembranças das fazendas de cafezais do interior paulista. A inovação de A negra reside na criação de um monumento à raça negra, de uma ama-de-leite despida de suas vestes, mas carregada de simbolismos, cujo seio amamentou negros e brancos, assim contribuindo, de forma mais intima para a formação e o sustento da raça brasileira. Fonte: catracalivre.com.br A imagem refere- se a Obra “Antropofagia” de Tarsila do Amaral, de 1929. 22 5.8 Candido Portinari Importante pintor brasileiro, cuja temática expressa o papel que os artistas da época propunham: denunciar as desigualdades da sociedade brasileira e as consequências desse desequilíbrio. Seu trabalho ficou conhecido internacionalmente através dos corpos humanos sugerindo volume e pés enormes que fazem com que as figuras pareçam relacionar-se intimamente com a terra, está sempre pintada em tons muito vermelhos. Portinari pintou painéis para o pavilhão brasileiro da Feira Mundial de Nova York, Via Crucis (para a igreja de São Francisco, na Pampulha, Belo Horizonte- MG) e murais da sala da Fundação Hispânica na Biblioteca do Congresso, em Washington. Sua pintura retratou os retirantes nordestinos, a infância em Brodósqui, os cangaceiros e temas de conteúdo histórico como Tiradentes, atualmente no Memorial da América Latina, em São Paulo, e o painel: A Guerra e a Paz, pintado em 1957 para a sede da ONU. 5.9 Bruno Giorgi Nascido em Mococa, interior paulista, em 1905, Bruno Giorgi começa a estudar arte na Itália, em 1920. Na década de 30, é preso por sua oposição ao emergente Mussolini. Extraditado para o Brasil em 1935, o escultor volta à Europa no ano seguinte. Em 1937, matricula-se em academias de Paris e conhece um de seus mestres, Aristides Mailol. Retorna ao Brasil, 1939, e logo depois trava contato com o Grupo Santa Helena, de Volpi, Rebolo e Bonadei. Muda-se para o Rio em 1943, cidade onde viveria o resto de sua vida. O Ministério da Educação e Cultura abre espaço, em 1947, para a primeira de uma longa séria de obras de Giorgi instaladas em áreas públicas, o “Monumento à Juventude Brasileira”. Participa da Bienal de Veneza, em 1950. No ano seguinte é um dos destaques da 1ª. Bienal de São Paulo e do Salão Paulista de Arte Moderna, no qual é agraciado com o Primeiro PrêmioGoverno do Estado. Volta a Veneza em 1952 e à Bienal de São Paulo em 1953, recebendo a distinção de Melhor Escultor Nacional. Em 1960, Giorgi entrega sua obra mais conhecida, “candangos”, exposta na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Outro monumento marcante do escultor na cidade é “Meteoro”, de 1967, no prédio do Itamaraty. Nos anos 70, as obras de Giorgi chegam ao espaço público das duas maiores cidades brasileiras. Em 1978, é inaugurada “Condor”, na Praça da Sé, em 23 São Paulo. No ano seguinte é a vez de “Construção” no Parque da Catacumba, no Rio. Seu último monumento é “Integração”, de 1989, instalado. 5.10 Volpi A família de Alfredo Volpi mudou-se de Lucca, na Itália, para o Brasil quando ele tinha 1 ano, em 1897. No cenário suburbano do Cambuci, o humilde imigrante pinta paredes. Aos 19 anos, começa a trabalhar com decoração de interiores e a retratar paisagens dos arredores de São Paulo. A partir de 1937, o núcleo Santa Helena dá origem à Família Artística Paulista. Os artistas, a maioria autodidatas, saídos de profissões artesanais, são preteridos pela organização do 1º Salão de Maio. Decidem então criar o Salão da Família Artística Paulista, que conta com a participação de convidados como Anita Malfatti. Em sua segunda edição, dois anos depois, o salão atrai nomes como Portinari e Ernesto de Fiori. Nessa altura, os santelenistas já tinham aberto as portas do Salão de Maio, onde têm presença marcante em 1939. Na década de 40, as paisagens começam a abrir espaço para composições com temas como janelas, fachadas e bandeirolas. Em 1950, recebe o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro no Salão Nacional de Belas Artes. Vai à Itália, onde recebe a influência dos mestres pré-renascentistas, tornando sua pintura mais despojada. Em 1951, participa da 1ª Bienal de São Paulo. No ano seguinte, está presente na Bienal de Veneza. Na segunda edição da Bienal paulistana, recebe sua maior consagração, o prêmio de Melhor Pintor Nacional. Em meados da década, deixa-se influenciar pelo concretismo, participa da Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna do Rio, em 1956, sem renunciar a um estilo absolutamente pessoal e característico. “Volpi pinta volpis”, descreve Willys de Castro. Morre em São Paulo, em 1988. O artista é alguém que faz e tem uma técnica, que certamente tem uma ordem, porque pressupõe um projeto e uma determinada sucessão de atos. É a exigência prática do fazer que chama de volta ao presente, à urgência do que-se-tem-de-fazer, experiências passadas, muitas vezes remotas, às vezes esquecidas. É a ordem do fazer que dá ordem às recuperações mnemônicas, ao movimento da imaginação. Evidentemente, não se trata de materiais elaborados. O dado mnemônico com frequência mostra-se incompleto, impreciso, confuso; apenas na ordem técnica do fazer adquirirá um significado. (ARAUJO, 1978, apud MONTEIRO, 2018). 24 6 ARTE CONTEMPORÂNEA Fonte: arteref.com A imagem refere- se ao quadro do artista Gerhard Richter “Abstraktes Bild (946-3) “2016. A arte contemporânea é construída não mais necessariamente com o novo e o original, como ocorria no Modernismo e nos movimentos vanguardistas. Ela se caracteriza principalmente pela liberdade de atuação do artista, que não tem mais compromissos institucionais que o limitem, portanto pode exercer seu trabalho sem se preocupar em imprimir nas suas obras um determinado cunho religioso ou político. Esta era da história da arte nasceu em meados do século XX e se estende até a atualidade, insinuando-se logo depois da Segunda Guerra Mundial. Este período traz consigo novos hábitos, diferentes concepções, a industrialização em massa, que imediatamente exerce profunda influência na pintura, nos movimentos literários, no universo “fashion”, na esfera cinematográfica, e nas demais vertentes artísticas. Esta tendência cultural com certeza emerge das vertiginosas transformações sociais ocorridas neste momento. Os artistas passam a questionar a própria linguagem artística, a imagem em si, a qual subitamente dominou o dia-a-dia do mundo contemporâneo. Em uma atitude metalinguística, o criador se volta para a crítica de sua mesma obra e do material de que se vale para concebê-la, o arsenal imagético ao seu alcance. 25 Nos anos 60 a matéria gerada pelos novos artistas revela um caráter espacial, em plena era da viagem do Homem ao espaço, ao mesmo tempo em que abusa do vinil. Nos anos 70, a arte se diversifica, vários conceitos coexistem, entre eles a Op Art, que opta por uma arte geométrica; a Pop Art, inspirada nos ídolos desta época, na natureza celebrativa desta década (um de seus principais nomes é o do imortal Andy Warhol); o Expressionismo Abstrato; a Arte Conceitual; o Minimalismo; a Body Art; a Internet Street e a Art Street, a arte que se desenvolve nas ruas, influenciada pelo grafite e pelo movimento hip-hop. É na esteira das intensas transformações vigentes neste período que a arte contemporânea se consolida. “O principal sentido da obra de arte é, pois, a sua capacidade de intervir no processo histórico da sociedade e da própria arte e, ao mesmo tempo, ser por ele determinado, explicitando, assim, a dialética de sua relação com o mundo. “(FUSARI e et al, 1993, p.105, apud SEIDEL, 2016). Ela realiza um mix de vários estilos, diversas escolas e técnicas. Não há uma mera contraposição entre a arte figurativa e a abstrata, pois dentro de cada uma destas categorias há inúmeras variantes. Enquanto alguns quadros se revelam rigidamente figurativos, outros a muito custo expressam as características do corpo de um homem, como a Marilyn Monroe concebida por Willem de Kooning, em 1954. No seio das obras abstratas também se encontram diferentes concepções, dos traços ativos de Jackson Pollok à geometrização das criações de Mondrian. Outra vertente artística opta pelo caos, como a associação aleatória de jornais, selos e outros materiais na obra Imagem como um centro luminoso, produzida por Kurt Schwitters, em 1919. Os artistas nunca tiveram tanta liberdade criadora, tão variados recursos materiais em suas mãos. As possibilidades e os caminhos são múltiplos, as inquietações mais profundas, o que permite à Arte Contemporânea ampliar seu espectro de atuação, pois ela não trabalha apenas com objetos concretos, mas principalmente com conceitos e atitudes. Refletir sobre a arte é muito mais importante que a própria arte em si, que agora já não é o objetivo final, mas sim um instrumento para que se possa meditar sobre os novos conteúdos impressos no cotidiano pelas velozes transformações vivenciadas no mundo atual. 26 6.1 Conceito Este novo estilo veio em resposta à ruptura com a arte moderna. Após a Segunda Guerra Mundial, vários artistas mostraram interesse pelas verdades do inconsciente e pela reconstrução da sociedade. Surgiu a necessidade da produção em massa, variadas linguagens e constante experimentação de novas técnicas. Isso resultou em novos meios de expressão através da arte, novos conceitos e hábitos artísticos, novos olhares sob o que se chamava de arte. Iniciava-se a era de mentes mais abertas para o novo dentro da arte. Esta forma de arte ganhou mais evidência e destaque na década de 60. Foi o começo de uma sociedade questionadora. Questionava-se tudo dentro da sociedade pós-guerra através da arte. Encontraram um meio de protestar dentro da cultura e com a cultura. Discutia-se os valores e moral impostos pela indústria de televisão e cinema, pela moda e literatura. A arte contemporânea foi um mix de vários movimentos e estilos, resultando no que chamaram de modernismo. Este estilo foi construído com a consciência individual dentro da comunidade. Ela se caracteriza principalmente pela liberdade de atuação do artista, que não tem mais compromissos com as escolas e as técnicas usadas dentro da arte. Asescolas clássicas já não tinham influência neste estilo. Por causa desta liberdade cultural, artistas começaram a imprimir em seus trabalhos e obras, um tom apelativo de protesto ou um tom político, e até religioso, mostrando uma inadequação do meio em que se vivia. Eram chamados de artistas conscientes, por romperem com as regras e buscarem a originalidade e a criatividade sem ficarem atrelados a costumes e tradições. Agora, eles poderiam interpretar e trabalhar nas obras de maneira totalmente espontânea, aplicando-lhes o tom que bem entendessem. Esta corrente artística foi fortemente influenciada pelos fatos sociais que ocorriam naquela época. O cinema, a literatura, a moda e diversos outros movimentos culturais ou artísticos abriram-se a esta arte como um novo meio de expressão. Nos anos 60 os trabalhos foram influenciados pelos acontecimentos. Um caráter espacial tomou conta dos temas de moda, música e cinema, por causa da viagem do Homem ao espaço. Nos 70 a arte se expandiu a vários conceitos como, por exemplo, o Pop Art, inspirada nos ídolos, na Natureza e na celebração desta época, sendo um de seus principais nomes o do imortal Andy Warhol. A arte de rua, 27 influenciada pelo grafite e pelo movimento hip-hop, e o design geométrico também teve grande destaque na época, consolidando a ideia de arte contemporânea. Foi um período de inovação. Os artistas tinham, a liberdade de criação, a liberdade individual com milhares de recursos materiais em mãos. Foi uma época em que a arte foi absolutamente explorada em todos os sentidos. Mas há algo que define, sobretudo, a arte contemporânea. Ela não é somente sobre o visual, sobre o concreto, ela é principalmente sobre o conceito, a ideia, a consciência e a atitude. É a arte produzida no presente período de tempo. A Arte Contemporânea inclui, e desenvolve a partir de arte pós-moderna, que é em si um sucessor para a arte moderna. A Arte Contemporânea é a arte de hoje, produzidas por artistas que estão vivendo no século XXI. A Arte Contemporânea oferece uma oportunidade para refletir sobre a sociedade contemporânea e as questões relevantes para nós mesmos e o mundo ao nosso redor. Os artistas contemporâneos trabalham em um mundo globalmente influenciado, culturalmente diversificado e tecnologicamente avançado. Sua arte é uma combinação dinâmica de materiais, métodos, conceitos e temas que desafiam os limites tradicionais e desafiam a definição fácil. Arte diversificada e eclética, contemporânea como um todo se distingue pela própria falta de um uniforme, princípio organizador, ideologia ou “ismo”. A Arte Contemporânea é parte de um diálogo cultural que diz respeito a quadros contextuais maiores, como identidade pessoal e cultural, família, comunidade e nacionalidade. Na cultura contemporânea sobrepõem-se linguagens, paradigmas e projetos. Uma trama plural com múltiplos eixos e muitas questões. Neste cenário, considerado como o do fim da modernidade, a forma original da sobrevivência, da vida na Terra se coloca de maneira diferente, mais atual e original. Em termos ambientais, no sentido da necessidade da manutenção e implemento do equilíbrio de toda a vida; em termos éticos, face às grandes e imponderáveis desigualdades entre diversos grupos humanos; e existenciais, considerando-se a felicidade e o conhecimento, e a busca de novos termos para a sua frutificação, fora do âmbito restrito do consumo e da sobrevivência material. (MATOSO, 2012, apud SEIDEL, 2016). 6.2 Primeiras Décadas da Arte Contemporânea Os historiadores da arte têm relacionado a fragmentação da forma na arte do fim do século XIX e início do XX à fragmentação da sociedade da época. As 28 crescentes realizações tecnológicas da Revolução Industrial ampliaram a distância entre as classes média e trabalhadora. As mulheres lutavam por direitos de igualdade e de voto. A visão da mente, apresentada pelo pai da psicanálise, Sigmund Freud, estipulava que a psique humana, longe de estar unificada, era repleta de conflitos e contradições emocionais. A descoberta da radiografia, a teoria da relatividade de Albert Einstein e outras inovações tecnológicas sugeriam que a experiência visual já não correspondia mais à visão de mundo da ciência. Várias formas de criatividade artística refletiram essas tensões e desenvolvimentos. Na literatura, James Joyce, T. S. Eliot e Virginia Woolf experimentaram novas estruturas narrativas, gramática, sintaxe e ortografia. Na dança, Sergei Diaghilev, Isadora Duncan e Loie Fuller revolucionaram em figurinos e coreografias pouco convencionais. Na música, Arnold Schönberg e Igor Stravinski compuseram obras que não dependiam da estrutura melódica tradicional. A música, além de ter sido uma das artes em que mais foram feitas experiências, transformou-se na grande fonte de inspiração para as artes visuais. No final do século XIX e no começo do XX, muitos críticos de arte foram influenciados pelos filósofos alemães Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche, que haviam proclamado que a música era a mais poderosa de todas as artes, já que causava emoções por si, e não através da imitação do mundo. Muitos pintores do movimento simbolista do final do século XIX, como Odilon Redon e Gustave Moreau, tentaram superar o poder de sugestão direto da música, pintando formas abstratas, realidades mais imaginárias do que o observável. Redon e os simbolistas criaram as bases para a arte abstrata. Nas décadas de 1950 e de 1960, o artista americano Allan Kaprow usou seu próprio corpo como veículo artístico em espetáculos espontâneos que, segundo ele, eram representações artísticas. Nos anos 1970, o artista americano que seguia o estilo do earthwork, Robert Smithson, usou elementos do meio ambiente, como terra, rochas e água (como material para suas esculturas). Como consequência, muitas pessoas associam a arte contemporânea com aquilo que é radical e perturbador. 29 Ainda que a teoria da rebeldia pudesse ser aplicada para explicar a busca por originalidade que motivava um grande número de artistas do século XX, seria difícil aplicá-la a um artista como Grant Wood, cuja obra: Gótico americano, rejeitou claramente o exemplo da arte de vanguarda de sua época. Outra característica fundamental da arte contemporânea é o seu fascínio pela tecnologia moderna e a utilização de métodos mecânicos de reprodução, como a fotografia e a impressão tipográfica. No início da década de 1910, o artista italiano Umberto Boccioni procurou glorificar a precisão e a velocidade da era industrial em suas pinturas e esculturas. Por volta da mesma época, o pintor espanhol Pablo Picasso incorporou às suas pinturas uma nova técnica, a colagem, que usava recortes de jornais e outros materiais impressos. Seguindo a mesma linha, porém, outros artistas contemporâneos buscaram inspiração nos impulsos espontâneos da arte infantil ou na exploração das tradições estéticas tradicionais de culturas que não fossem industrializadas ou ocidentais. O artista francês Henri Matisse e o suíço Paul Klee foram influenciados por desenhos de crianças; Picasso observou de perto máscaras africanas e Pollock desenvolveu sua técnica de salpicar tinta sobre a tela, inspirando-se nas pinturas com areia dos índios norte-americanos. Sob outra perspectiva, porém, afirma-se que a motivação básica da arte contemporânea é criar um diálogo com a cultura popular. Com essa finalidade, Picasso colou pedaços de jornal em suas pinturas, Roy Lichtenstein transportou tanto o estilo quanto o tema das histórias em quadrinhos para suas pinturas e Andy Warhol fez a representação das sopas enlatadas Campbell. No entanto, ainda que derrubar as barreiras entre a arte de elite e a cultura popular seja algo típico de Picasso, de Lichtenstein e de Warhol, não é típico de Mondrian, Pollock ou da maioria dos abstracionistas.Cada uma dessas teorias é convincente e poderia explicar as muitas estratégias usadas pelos artistas contemporâneos. No entanto, até mesmo essa breve análise mostra que a arte do século XX é diversa demais para se encaixar em qualquer uma de suas muitas definições. Cada teoria pode contribuir para resolver uma parte do quebra-cabeça, mas nenhuma delas em separado representa a solução. 30 6.3 Arte Contemporânea – Realidade No final dos anos 50, depois da série de ismos surgida na primeira metade do século, a ideia de uma arte que copie a realidade está completamente falida. Para uns, o jogo de formas e cores é suficiente por si só; para outros, uma obra de arte deve expressar ideias; outros ainda consideram essa expressividade fruto do diálogo da arte com a realidade. A partir dos anos 60, para muitos, a arte não deve mais se distinguir da realidade e sim ser parte dela, abolindo, portanto, todos os suportes (a parte física das obras). São artistas que dispensam a tela, o papel, a escultura e buscam novas formas de expressão. 7 ARTE CONCEITUAL Criada nos anos 60 por Joseph Kossuth a partir das ideias de Marcel Duchamp, a arte conceitual parte do princípio de que o simples deslocamento dos objetos de seu contexto habitual pode provocar uma reação reflexiva do observador. A combinação de alguns elementos sugere ideias; em Uma e três cadeiras (1965), por exemplo, Kossuth propõe uma discussão sobre os limites da linguagem contrapondo uma cadeira (o objeto tridimensional), uma foto de cadeira (sua tradução bidimensional) e a palavra cadeira (sua versão simbólica). A arte conceitual gera, nos anos 70, o conceito de “instalação” (um arranjo cênico de objetos), que vem a se tornar a linguagem predominante da arte no fim do século. Variante da arte conceitual é a land art (arte da terra), dos ingleses Richard Long e Robert Smithson, que intervêm em formas da natureza, colocando por exemplo círculos de pedra numa clareira de floresta. 31 Fonte: catview.com.br A imagem refere- se a obra de Joseph Kosuth: “Uma e três cadeiras”. (Um de seus trabalhos mais famosos, de expressão visual do conceito de Platão das formas). parte caracteriza uma cadeira física, uma fotografia dessa cadeira, e o texto de uma definição de dicionário da palavra “cadeira”. A fotografia é uma representação da cadeira real situada no assoalho, no primeiro plano do trabalho de arte. A definição, afixada na mesma parede que a fotografia, delineia nas palavras o conceito do que é cadeira, e nas suas várias encarnações. 7.1 Minimalismo O minimalismo surge em 1960 e utiliza um mínimo de recursos e a simplificação extrema da forma. O termo é mais aplicado à arte tridimensional do italiano Piero Manzoni e dos norte-americanos Donald Judd e Robert Morris. O método minimalista ordena unidades formais, idênticas e inter-relacionadas, criando frequências seriais (como modulações) que questionam os limites da sensação, ao repetir-se ao infinito ou inverter continuamente as escalas. Nesse sentido, a obra nunca está acabada e, como o universo físico na teoria da relatividade, depende sempre do observador. 7.2 Pop Art Ainda nos anos 50, surge com o inglês Richard Hamilton a pop art, que nos anos 60 se torna o movimento artístico mais influente dos EUA. Sua ideia é reutilizar imagens da sociedade de consumo (de marcas industriais a celebridades), chamando a atenção do espectador para sua qualidade estética e poder de atração, fazendo 32 ampliações ou variantes cromáticas. Andy Warhol faz serigrafias com o rosto de artistas de cinema (Marilyn Monroe) e embalagens de alimentos (sopa Campbell’s). A bandeira americana (utilizada por Jasper Johns), histórias em quadrinhos (Roy Lichtenstein) e outros ícones da comunicação de massa são usados. No caso de Robert Rauschenberg, colagens e ready-mades servem para incorporar maior grau de conceitualização à pop art, discutindo questões como a fragmentação obsessiva e fetichista do mundo contemporâneo. E todos os artistas da agência tentavam analisar a linha de Warhol, e ninguém sabia como ele fazia isso. Todo mundo achava que era papel parafinado, mas ninguém nunca descobriu. Quando comecei a trabalhar com ele, vi-o fazendo isso e disse: Meu Deus, que simples! (SHERMAN, 2010, p. 32, apud LESSA, 2014). 7.3 Arte Povera Nos anos 70, na Itália, sob influência da arte conceitual e também como reação à “assepsia” minimalista, surge a arte povera (arte pobre). O material das obras é inútil e precário, como metal enferrujado, areia, detritos e pedras. Na combinação dos elementos, a arte povera põe em questão as propriedades intrínsecas dos materiais (que podem mudar de características com o tempo, ou ter qualidade estética inesperada) e o valor de uso na economia capitalista contemporânea. Giovanni Anselmo é o principal praticante da arte povera. 7.4 Arte Performática O pioneiro da arte performática, que nos anos 70 se torna moda mundial, é Allen Kaprow, que cria em 1959 o happening (acontecimento): uma apresentação aparentemente improvisada, em que o artista se vale de imagens, músicas e objetos e incorpora a reação do espectador. Do happening nasce depois a performance, que é planejada e não prevê participação da plateia. Em 1965, por exemplo, Joseph Beuys cobriu o rosto com mel e folhas de ouro, pegou nos braços o cadáver de uma lebre e percorreu uma exposição de pinturas discursando sobre a futilidade da arte diante da tragédia ecológica. 33 Variante da arte performática é a Body art (arte do corpo), do francês Yves Klein e do norte-americano Bruce Nauman, que usa o corpo humano, como garotas nuas pin 7.5 Hiper Realismo No final da década de 60, inspirados pela pintura de Edward Hopper, artistas norte-americanos como Chuck Close, Richard Estes e Malcolm Morley proclamam o retorno ao figurativismo. Ainda que centrado na técnica clássica de perspectiva e desenho e na preocupação minuciosa com detalhes, cores, formas e textura, não postula a arte como cópia fotográfica da realidade. Utiliza-se de cores luminosas e pequenas figuras incidentais, para pintar de maneira irônica e bonita o caos urbano atual. 7.6 Neofiguração Nos anos 70 e 80, a volta da pintura figurativa ocorre de diversas maneiras. Na transvanguarda italiana, por exemplo, artistas como Sandro Chia e Mimmo Paladino contrapõem o antigo ao moderno, num ecletismo que reflete a própria história da arte. O mesmo ocorre na arquitetura pós-modernista de Paolo Portogallo, que mistura os mais diversos estilos. Mas há também um retorno do figurativismo por uma perspectiva diferente. Na pintura do alemão Anselm Kiefer, por exemplo, paisagens e pessoas aparecem num mundo expressionista de angústia e solidão, mas não são “retratadas”. Nela, as figuras são tão significativas quanto a textura das camadas de tinta. Há uma ponte entre a técnica abstrata (que busca a expressão no arranjo formal) e a figurativa clássica (que busca a expressividade do objeto que retrata). Outros artistas neofigurativos: os ingleses Francis Bacon, Lucian Freud e Frank Auerbach e o franco-polonês Balthus. 34 8 ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA Fonte: fashionbubbles.com A imagem refere- se a obra “Meu Limão”, de Beatriz Milhazes que a colocou novamente no posto de artista brasileira viva, com obra mais cara vendida em leilão (2,1 milhões de dólares). A Arte brasileira contemporânea possui uma história tão longa quanto a dos países culturalmente hegemônicos. Dela participam umas quatro gerações ou safras de artistas que aqui produziram e hoje emprestam sentido genealógico às gerações mais novas, referenciando-as. Não pretendo com isso negar as influências internacionais diversas a que estamos naturalmente submetidos, mas enfatizar uma tradição interna cujo sentido singular encontra-se em nossa história da arterecente, fruto da tensa interseção do nacional com o global. A arte, em suas mais variadas formas, pode ser interpretada como uma prática de auto constituição de si, sobretudo na contemporaneidade, em que a tarefa do artista ganha contornos autobiográficos, como espaço de expressão de posições éticas, estéticas, políticas e também afetivas (CHIRON, 2012 et al, apud TVARDOVSKAS, 2013). A observação procede já que o tema do presente Simpósio (Arte Contemporânea no Limiar do Século XXI), impõe um recorte específico ao complexo conjunto, plural e heteróclito, tecido nos últimos 45 anos, que chamamos de produção contemporânea brasileira. Entre sobrevoar a floresta com o discurso crítico-teórico, e a apresentação direta, visual, de uma de suas espécies, escolhi a segunda opção. 35 Apresentarei um segmento ainda pouco conhecido da mais jovem e recente produção contemporânea, cujas intervenções públicas e institucionais correspondem simultaneamente ao espírito de nossa época e à uma genealogia de artistas que começa com as experiências de Flávio de Carvalho, a participação do público e a integração entre arte e vida propostas por Lygia Clark e Hélio Oiticica, passa pela crítica institucional de Nelson Leirner, até as situações e experiências de Artur Barrio e as Inserções em Circuitos Ideológicos de Cildo Meireles. Eu não poderia falar sobre este tema sem a preciosa colaboração de Marisa Florido César, pesquisadora e curadora do Rio de Janeiro, que vem estudando o assunto desde as primeiras manifestações desta tendência lá pela passagem da década de 1990 para a de 2000. A ela meu agradecimento. Temo que a publicação de minha comunicação perca o essencial de sua dinâmica, já que não poderão ser publicadas todas essas imagens que consistirão em a parte mais atraente do tema por mim escolhido. Por outro lado, é indispensável adverti-los que o que será apresentado também não configura um conjunto homogêneo. A proliferação de grupos de artistas é hoje um fenômeno manifesto em quase todas as regiões do Brasil. Entretanto a diversidade socioeconômica, cultural e até mesmo geográfica destas regiões imprimiu suas marcas nestes grupos, tornando seus objetivos bastante diferenciados. Numa certa medida a mesma advertência feita em relação ao conjunto da arte contemporânea brasileira vale também para estes jovens artistas. Mas a despeito das diferenças de suas propostas, eles configuram um único fenômeno, fundado em problemas político-institucionais e carências semelhantes. ...as artes plásticas, por seu lado, deram um encaminhamento bastante específico a essas questões, um encaminhamento em geral, diferente daqueles realizados pelas outras áreas de expressão artística - e por diversas razões. (FREITAS, 2004, p. 71, apud VIVAS, 2017). 8.1 Primórdios da contemporaneidade no Brasil Duas ações performáticas de Flávio de Carvalho, a Experiência nº 2 e a Experiência nº 3, realizadas em 1931 e em 1956 (1); os Bichos de Lygia Clark (1960) (2) e os Núcleos e primeiros Penetráveis de Hélio Oiticica (1960) (3), podem ser tomados como emblemas do nascimento da definitiva sincronização do país em relação às questões universais da arte ocidental. 36 Na cultura brasileira o corpo das mulheres negras é alvo sistemático de discursos brutais e machistas, explorado em imagens publicitárias, no carnaval e no turismo como algo que pode ser dominado e possuído, especialmente sua sexualidade. Paulino reage a esses modelos ao denunciar os atributos historicamente a elas destinados, marcando sua arte com "traços de revolta", como apontou Tadeu Chiarelli (CHIARELLI, 1999: 43, apud TVARDOVSKAS, 2013). No entanto é necessária uma distinção: ainda que tenham precedido à revolução interna operada na produção de Clark e Oiticica, as experiências de Flávio de Carvalho, não tiveram, como as destes, quaisquer desdobramentos nas obras de outros artistas da época, nem mudaram o rumo de sua própria produção, sempre centrada na pintura. Estas duas intervenções só começaram de fato a ser incorporadas à gênese de nossa arte mais radical pelo discurso crítico dos anos 90. Sua influência, portanto, é um fenômeno retrospectivo, recentemente construído, já que nem seu autor as defendia como ações de teor artístico pleno. Num caminho diverso, a radicalização das propostas inaugurais de Oiticica levou-o, num processo experimental coerente e deliberado, à realização de Maquetes como a do Projeto Cães de Caça (1961), dos Bólides (1963- 1966) e dos Parangolés (1964-1969) (4). Com o mesmo espírito e no mesmo sentido, Clark produz o Caminhando (1964) e as Máscaras Sensoriais (5), trabalhos que consolidam as posições pioneiras destes dois últimos artistas em relação a origem e à expansão efetivas da arte contemporânea no Brasil. Ainda que consideremos a forte especificidade, tanto de repertório quanto de método, da produção visual brasileira, podemos observar que nos últimos 45 anos ela configura uma rede inteligível de obras e de ações contemporâneas que poderiam ser inscritas e, em alguns casos já se inscrevem, no debate internacional. Por que essa sincronia foi ocorrer no momento exato da passagem, nos Estados Unidos e na Europa, da tradição modernista (centrada na pesquisa e invenção formais) para a contemporaneidade (retorno ao ícone e a narrativa) que introduz pela primeira vez no campo da arte a temporalidade como fluxo ou processo (experiência, apropriação, e com elas, aproximação entre arte e vida)? 8.2 Década de 50 no Brasil: A Experiência Moderna Condensada A resposta provavelmente está na experiência condensada, mas radical, das vanguardas abstracionistas que floresceram no país, no pós-guerra, entre 1948 e 37 1960. Tal como o de outros países latino-americanos, o Modernismo brasileiro havia se desenvolvido desde o começo do século passado em torno do compromisso com questões sociais e temas da vida nacional, em detrimento da investigação plástico- formal que então movia as vanguardas europeias do mesmo período. Será somente com a emergência da arte Concreta e Abstrata, por volta de 1949, que os artistas brasileiros passaram a investigar prioritariamente, e em várias direções, as possibilidades expressivas e poéticas da matéria e dos materiais, do espaço, da cor, da forma, do plano, do volume e da linha. Se a Abstração Informal direcionava a investigação desses elementos plásticos para uma esfera subjetivada, as tendências construtivas, concentradas nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo elaboraram, em contraposição à primeira, repertórios formais mais objetivos, suscitados pela geometria, apesar das diferenças entre estes agrupamentos de artistas das duas maiores urbes do país. Sua tardia implantação e curta duração foram seguramente compensadas e potencializadas pelo conhecimento que estes artistas possuíam a respeito de experiências análogas em países vizinhos como o Uruguai (Torres-Garcia) e, sobretudo, a Argentina (Arte Concreto-invención, Madí; 1943), mas também pelas experiências históricas das vanguardas construtivistas e abstracionistas europeias (Suprematismo, Neoplasticismo, Concretismo, Abstração Lírica, Tachismo entre outros). Foi, entretanto, um lapso suficiente para mudar de modo definitivo nossa posição de descompasso em relação aos países culturalmente hegemônicos. Esta arrancada final do modernismo brasileiro preparou o solo onde na década seguinte (60) iriam florescer os primeiros artistas contemporâneos do país. Entretanto, nunca é demais destacar o papel decisivo desempenhado nesta renovação pelos mais radicais remanescentes da fase final do modernismo brasileiro. O deslocamento dos eixos poéticos de Lygia Clark, Lygia Pape e Hélio Oiticica, cujos processos de trabalho terminaram distanciando-os de uma investigação mais formal e espacial, de teor Neoconcreto (que buscava a integração entreo espaço da obra e o espaço real), para outra mais participativa (que propunha a aproximação da arte à vida), teceram as conexões inaugurais de nossa contemporaneidade, a partir de nossa experiência modernista. A ruptura com algumas das questões cruciais da modernidade no Brasil não se deu somente com a emergência da Nova Figuração 38 brasileira (1965), ela também pode ser observada, numa outra medida e direção, na própria dinâmica da produção destes três artistas. 1: Em 1910, o russo Wassily Kandinsky pintou as primeiras aquarelas com signos e elementos gráficos que apenas sugeriam modelos figurativos, uma nova etapa no processo de desmanche da figura, que se iniciara com Pablo Picasso e Georges Braque, na criação do cubismo, por volta de 1907. Assim, a abstração, uma representação não-figurativa que não apresenta figuras reconhecíveis de imediato tornou-se uma das questões essenciais da arte no século 20. Movimento dominante na década de 1950, a abstração pode ser conhecida também em livros como “Abstracionismo Geométrico e Informal”, de Fernando Cocchiarale e Anna Bella Geiger (Funarte, 308 págs. Esgotado). Fonte: arteeartistas.com.br A imagem refere- se a obra: “Amarelo, Vermelho, Azul”, de Wassily Kandinsky. 2: A “arte concreta”, expressão cunhada pelo holandês Theo van Doesburg em 1918, refere-se à pintura feita com linhas e ângulos retos, usando as três cores primárias (vermelho, amarelo e azul), além de três não-cores (preto, branco e cinza). No Brasil, o movimento ganhou densidade e especificidade própria, sobretudo no Rio e em São Paulo, onde se formaram, respectivamente, os grupos Frente e Ruptura. Waldemar Cordeiro, artista, crítico e teórico, liderou um grupo com o objetivo de integrar a arte a aspectos sociais como o desenho industrial, a publicidade, o paisagismo e o urbanismo. https://arteeartistas.com.br/wassily-kandinsky-biografia-e-principais-obras/ https://arteeartistas.com.br/wassily-kandinsky-biografia-e-principais-obras/ 39 3: O grupo Neoconcreto teve origem no Rio de Janeiro e teve curta duração, de 1959 a 1963. Ele surgiu como consequência de uma divergência entre concretistas do Rio e de São Paulo. Em 1959, Ferreira Gullar publicou um manifesto onde as diferenças entre os grupos são explicitadas, e a ruptura se consolidou, gerando um movimento brasileiro de alcance internacional. Entre os artistas mais conhecidos estão Hélio Oiticica e Lygia Clark, além do próprio Gullar. Três excelentes introduções são “Etapas da Arte Contemporânea” (Revan), de Gullar, “Neoconcretismo” (Cosac & Naify), de Ronaldo Brito, e “Hélio Oiticica Qual É o Parangolé?” (Rocco), de Waly Salomão. Ao contrário da arte participativa desenvolvida na Europa e nos Estados Unidos nos anos 1960, que usavam o choque, a confusão e o conflito como meios de ativar o público de forma coletiva, a prática artística neoconcreta propõe uma experiência individual de formar parte do processo de criação da obra (ALVAREZ, 2015, p. 316, apud BACHMANN, 2014). 4: A aparição da pop art (ou novas figurações), na Nova York do final dos anos 50, foi surpreendente. Longe de ser uma representação realista dos objetos, ela enfocava o imaginário popular no cotidiano da classe média urbana e mostrava a interação do homem com a sociedade. Por isso, tomava temas de revistas em quadrinhos, bandeiras, embalagens de produtos, itens de uso cotidiano e fotografias. No Brasil, interagiu com a política e teve em Wesley Duke Lee, Antônio Dias, Nelson Leirner, Rubens Gerchman e Carlos Vergara seus expoentes. 5: A arte conceitual trabalha os estratos mais profundos do conhecimento, até então apenas acessíveis ao pensamento. Nascida no final dos anos 1960, ela rejeita todos os códigos anteriores. No Brasil, o movimento conceitual coincidiu com a ditadura militar (1964-1985), e a contingência lhe deu um sentido diferente da atitude autorreferencial, comum nos outros países. Um dos artistas brasileiros mais ligados ao conceitual é Cildo Meireles, cujo trabalho foi estudado pelo crítico e curador americano Dan Cameron, em livro que leva o nome do artista. 6: A presença do objeto na arte começa nas “assemblages” cubistas de Picasso, nas invenções de Marcel Duchamp e nos “objets trouvés” (objetos encontrados) surrealistas. Em 1913, Duchamp instalou uma roda de bicicleta sobre uma banqueta de cozinha, abrindo a rota para o desenvolvimento dessa nova categoria das artes plásticas. Hoje em dia, os “ready-mades” obras que se utilizam de objetos prontos já se tornaram clássicos na arte contemporânea. Por aqui, a essas 40 experiências começaram a ser realizadas somente nos anos 60, com os neoconcretos e neofigurativos. 7: As instalações se caracterizam por tensões que se estabelecem entre as diversas peças que as compõem e pela relação entre estas e as características do lugar onde se inserem. Uma única instalação pode incluir performance, objeto e vídeo, estabelecendo uma interação entre eles. O deslocamento do observador nesse espaço denso é necessário para o contato com a obra, e é assim que a noção de um espaço que exige um tempo passa a ser também material da arte. 8: Na forma como o compreendemos hoje, o “happening” surgiu em Nova York na década de 1960, em um momento em que os artistas tentavam romper as fronteiras entre a arte e a vida. Sua criação deve-se inicialmente a Allan Kaprow, que realizou a maioria de suas ações procurando, a partir de uma combinação entre “assemblages”, ambientes e a introdução de outros elementos inesperados, criar impacto e levar as pessoas a tomar consciência de seu espaço, de seu corpo e de sua realidade. Os primeiros “happenings” brasileiros foram realizados por artistas ligados ao pop, como o pioneiro “O Grande Espetáculo das Artes”, de Wesley Duke Lee, em 1963. 9: Da integração entre o “happening” e a arte conceitual, nasceu na década de 1970 a performance, que se pode realizar com gestos intimistas ou numa grande apresentação de cunho teatral. Sua duração pode variar de alguns minutos a várias horas, acontecer apenas uma vez ou repetir-se em inúmeras ocasiões, realizando-se com ou sem um roteiro, improvisada na hora ou ensaiada durante meses. O precursor das performances no Brasil foi Flávio de Carvalho, que, em 1931, realizou sua “Experiência Número 2”, caminhando em meio a uma procissão de Corpus Christi, em sentido contrário ao do cortejo e vestindo um boné. 41 Fonte: enciclopedia.itaucultural.org.br A imagem refere- se a obra: MULHER Sentada, de Flávio de Carvalho. 10: De difícil veiculação pela TV comercial, a videoarte tem sido divulgada pelo circuito tradicional das galerias e museus. Além dos pioneiros, Wolf Vostell e Nam June Paik, destacaram-se inicialmente as pesquisas de Peter Campus, John Sanborn, Gary Hill e Bill Viola. No Brasil, as primeiras experiências foram realizadas nos anos 1970 e apresentadas por artistas como Anabela Geiger, Sonia Andrade e José Roberto Aguilar. Cacilda Teixeira da Costa. A arte contemporânea é a reunião de uma notável diversidade de estilos, movimentos e técnicas. Essa ampla variedade de estilos inclui a penetrante pintura realista Gótico americano (Grant Wood, 1930, Art Institute of Chicago, Illinois), que retrata um casal de agricultores do Centro-oeste americano e, ainda, os ritmos abstratos da tinta salpicada da pintura Preto e branco (Jackson Pollock, 1948, acervo particular). No entanto, mesmo que fosse possível dividir a arte contemporânea por obras figurativas, como o Gótico americano, e por obras abstratas, como Preto e branco, encontraríamos uma surpreendente variedade de estilos dentro dessas duas categorias. Da mesma forma que o Gótico americano, pintado com precisão, é figurativo, a Marilyn Monroe (Willem de Kooning, 1954, acervo particular) pode ser considerada figurativa, apesar de
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