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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO TRABALHO DE DIREITO PENAL II NATASHA DOS SANTOS CAMILO 201910029 – 3º Período Matutino CONCURSO DE PESSOAS BARRA DO PIRAÍ 2020 FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO TRABALHO DE DIREITO PENAL II CONCURSO DE PESSOAS Exercício avaliativo realizado ao Curso de Direito do UniFOA para obtenção de nota em Direito Penal II Alunos: Natasha dos Santos Camilo 201910029 – 3º Período Matutino Professora: Ericka Julio Batitucci BARRA DO PIRAÍ 2020 1. CONCURSOS DE PESSOAS (CONCURSOS DE AGENTES; CODELINQUÊNCIA) É a reunião de duas ou mais pessoas que concorrem para a prática de uma mesma infração penal. Conforme o artigo 29 do código penal: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Possui as seguintes modalidades: • Autor do crime • Coautor do crime • Partícipe 1.1 CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES QUE INTERESSA AO CONCURSO DE PESSOAS: • Crimes monossubjetivos (concurso eventual, unissubjetivos): Podem ser praticados por apenas uma pessoa, mas admite-se coautor e partícipe. • Crimes plurissubjetivos: O concurso de pessoas é obrigatório. Podem ser praticados por mais de uma pessoa. Se dividem em: o Condutas paralelas: quando há colaboração nas ações dos sujeitos; o Condutas contrapostas: onde as condutas desenvolvem-se umas contra as outras. o Condutas convergentes: onde as condutas encontram-se somente após o início da execução do delito, pois partem de pontos opostos. 2. AUTOR DO CRIME Existem 4 teorias sobre o conceito do autor do crime: • Unitária: Essa teoria toma por base a teoria de equivalência dos antecedentes e, sendo assim, todos que de algum modo participem da infração penal são considerados autores, ou seja, não há diferença entre os agentes. • Subjetiva/Extensiva: Assim como na teoria unitária, a teoria subjetiva não faz distinção entre autor e partícipe, porém é mais moderada, pois admite a existência de causas de diminuição de pena, a fim de estabelecer diferentes graus de autor. Com isso, essa teoria tentou diferenciar os personagens pelo aspecto intencional, mas não conseguiu. • Restritiva/objetiva: Autor é aquele que realiza a conduta descritiva na norma incriminadora (verbo núcleo) e partícipe são os demais. Essa teoria é ultrapassada, pois nem sempre o autor é quem pratica o verbo núcleo, como por exemplo, contratar um matador de aluguel para mata alguém. No Brasil é adotada a teoria do domínio final, que diz: • Domínio final/Funcional do fato: Autor é aquele que realiza a conduta descrita na norma incriminadora e aquele que mesmo sem realizar o verbo núcleo possui função principal. Partícipe é quem ajuda no ilícito de forma acessória. 3. COAUTOR DO CRIME Em uma mesma infração penal pode existir mais de uma pessoa que desempenha conduta principal, ela é chamada de coautor do crime. 3.1 COAUTOR SUCESSIVO Em tese, os autores iniciam juntos a prática do crime, porém é possível que, após o começo da execução, um terceiro indivíduo ou um grupo de pessoas aderirem a prática da infração penal, estabelecendo um vínculo subjetivo com os demais participantes. Também é possível que o mesmo aconteça com um partícipe. 3.2 CLASSIFICAÇÃO IMPORTANTE • Crimes comuns: Pode ser executado por qualquer sujeito ativo e qualquer um pode ser vítima. É admitido autor, coautor e partícipe. • Crimes próprios: Além de requerer uma qualidade especial do sujeito ativo, pode ou não também requerer da vítima, porém não exige que o dono da qualidade especial execute o crime, como por exemplo um funcionário público que deixa a porta aberta de propósito para um terceiro entrar e roubar. É admitido autor, coautor e partícipe. • Crimes de mão-própria: Além de exigir uma qualidade especial de quem pratica a infração penal, também exige que o dono dessa qualidade execute o crime. Admite somente autor e partícipe. 4. PARTÍCIPE É o agente que não realiza atos executórios do tipo penal, porém contribui para o crime de alguma outra forma, ou seja, é o coadjuvante e, por isso, responde pelo mesmo crime que o autor, mas com diminuição de pena de 1/6 a 1/3, dependendo do quanto participa. A responsabilidade penal do partícipe se justifica pela norma de extensão pessoal. De acordo o artigo 29 §1º do código penal: § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 4.1 FORMAS DE PARTICIPAÇÃO • Moral o Induzir: faz nascer a ideia do crime; o Instigar: reforçar uma ideia já existente. • Material: prestar assistência material. 4.2 TEORIAS SOBRE PUNIÇÃO DO PARTÍCIPE • Acessoriedade mínima: Nessa teoria só importa saber se o fato principal é típico. Deste modo, para punir o partícipe o autor deve fazer somente fato típico. • Acessoriedade máxima/externada: Somente será feita punição do partícipe se o fato principal for típico, ilícito e culpável. Não é adotada, pois nem sempre o autor preenche esses requisitos para punir o partícipe, por exemplo, se um indivíduo emprestasse uma arma para um menor de idade o autor não ia ter punição. • Hiperacessoriedade: Para punição do partícipe o fato deve ser típico, ilícito e culpável, e ainda incidirá sobre o partícipe todos os agravantes e atenuantes de caráter pessoal relacionados ao autor principal. O Brasil adotou a teoria da Acessoriedade média: • Acessoriedade média/limitada: Para punição do partícipe não é preciso que o fato principal seja culpável, basta ser típico e ilícito, ou seja, para que o agente seja considerado partícipe é preciso que autor pratique fato típico e ilícito. 5. REQUISITOS PARA O CONCURSO DE PESSOAS • Pluralidade de agentes: Presença de duas ou mais pessoas na prática do ilícito; • Relevância causal das condutas: A conduta precisa ter relevância causal, ou seja, é a comprovação da importância das várias condutas para a ocorrência do resultado. Desse modo, condutas irrelevantes para a presença do crime são desprezadas, não constituindo participação criminosa; • Liame subjetivo ou concurso de vontades: Elo subjetivo que une os participantes do crime. É necessário a vontade de todos de contribuir para a geração do resultado. De acordo com o princípio da convergência, nos crimes dolosos, todos os participantes devem agir com vontade homogênea, no sentido de todos visarem a realização do mesmo tipo penal. Desta forma, o partícipe deve ter ciência de estar contribuindo para o resultado criminoso pretendido pelo outro. • Identidade de infração penal: A regra é a adoção da teoria unitária ou monista em que todos que contribuíram para a prática do delito devem responder na mesma norma incriminadora, não havendo diferenciação quanto ao enquadramento típico entre autor e partícipe. No entanto, a exceção a essa regra é a teoria pluralista na qual há distinção no enquadramento típico entre os participantes do delito, de maneira que cada partícipe será punido por um crime diferente. Porém essa exceção só irá ocorrer mediante expressa previsão legal, como por exemplo, o aborto previsto nos artigos 124 e 126 do código penal e a corrupção ativa e passiva prevista, respectivamente, nos artigos 317 e 333 do código penal. Já a teoria dualista não é adotada pelo direito penal brasileiro. 6. AUTOR MEDIATOAutor mediato é aquele que sem realizar a conduta descrita na norma incriminadora, comete o crime como personagem principal beneficiando-se de uma outra pessoa que é usada como mero instrumento na prática do ilícito. 6.1 HIPÓTESES • Erro determinado por terceiro previsto no artigo 20 §2º CP; • Coação Moral irresistível prevista no artigo 22 CP; • Obediência hierárquica prevista no artigo 22 CP; • Utilização de inimputáveis, por exemplo, alguém que se utiliza de doente mental. 7. AUTORIA COLATERAL Na falta de liame subjetivo não haverá concurso de agentes, mas sim autoria colateral. Ocorre quando mais de um agente que, embora estejam direcionando suas condutas para a prática do delito, não atuam unidos pelo liame subjetivo. Possui duas espécies: • Autoria colateral certa/determinada: Existe como determinar qual agente foi o causador do resultado. Deste modo, o sujeito produtor do resultado efeito irá responder pelo crime consumado e os demais irão responder pela tentativa. • Autoria colateral incerta/indeterminada: Ocorre quando, na autoria colateral, não se consegue determinar quem foi o causador do resultado. Nesse caso, todos os agentes serão responsabilizados pela tentativa. 8. PARTICIPAÇÃO EM CRIMES MENOS GRAVE (COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA OU DESVIO SUBJETIVO DE CONDUTA) É aplicado aos coautores e partícipes. De acordo com o artigo 29, §2º: § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Desta forma, este dispositivo será aplicado quando o participante desejava praticar um determinado delito, sem prever a efetivação de um crime mais grave, deve responder pelo crime que pretendeu fazer, uma vez que, no concurso de agente, se um participante não concordar em praticar uma determinada conduta ou prestar ajuda para tal, não poderá responder por ela. Normalmente o aumento de pena será dado se o resultado mais grave for previsível, assim sendo, caso o resultado não for previsível não haverá aumento de pena. REFERÊNCIAS BATITUCCI, Ericka. Apostila Iter Criminis, Concurso de Pessoas, Concursos de Crimes. 2020. CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Volume 1, Parte Geral. 22ª Edição. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. GOMES, Larissa. Concurso de pessoas: conceito, teoria e requisitos caracterizadores. Jus Navigandi. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/38444/concurso-de-pessoas- conceito-teoria-e-requisitos-caracterizadores. Acesso em: 14 de abr. 2020.
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