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Unidade V - Provas - Prova Emprestada e deveres

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Fonte: Doutrina Processual (Alexandre Câmara e outros) – ROTEIRO DE AULA 
Prof. Chrystyan Costa - DPC II 
 
MEIOS DE PROVA 
1. Conceito: são os mecanismos através dos quais a prova é levada para o 
processo. Podem ser: 
 
a. Provas típicas ou meios de prova típicos: são aqueles expressos no CPC, 
como por exemplo a prova documental ou testemunhal; 
 
b. Provas atípicas ou meios atípicos de prova: são outros meios considerados 
moralmente legítimos na forma do artigo 369 do CPC. 
 
 Segundo a doutrina todos os meios típicos ou atípicos de prova são 
moralmente legítimos, mas uns estão expressos no código outros não. Ex: 
uma confissão (que é meio típico) obtida por constrangimento do juiz sobre o 
confitente (meios moralmente ilegítimos). 
 
1.1. Distinção importante: 
 
a. Meio atípico de prova: é o meio de prova que não está previsto 
expressamente na lei. 
 
Ex: “prova de informações” – decorre do direito estrangeiro, que consiste em 
declaração em que um órgão público atesta determinado fato realizado ou não 
e, registrado em seus arquivos. 
 
b. Forma atípica de produção de um meio típico de prova: a lei afirma que a 
prova testemunha deverá ser colhido por depoimento em juízo, mas, em ações 
de reconhecimento de união estável, por exemplo, permite-se que as partes 
tragam aos autos declarações escritas firmadas por testemunhas que 
expõe os fatos da causa; 
 
 Entre as PROVAS TÍPICAS e as ATÍPICAS para sua produção devem ser 
LÍCITAS (artigo 5º, LVI da CF/88). Assim não são aceitas as provas: 
confissões obtidas mediante tortura; correspondência obtida mediante 
invasão de caixas de correio eletrônico; gravações clandestinas de 
conversas; 
 
2. Classificação dos meios de prova típicos: 
 
a. Prova Oral: é a que se produz através de um depoimento falado. Incluem – 
se o depoimento pessoal e a prova testemunhal. 
b. Prova documental: são os registros gravados. Aqui se incluem a prova 
documental stricto sensu (onde também já se inclui a prova obtida por meio 
eletrônico) e a ATA NOTARIAL. 
c. Provas Técnicas: são as produzidas através da analise que alguém faz de 
um objeto ou pessoa, valendo-se de conhecimento especializado. Aqui 
inclui-se a PROVA PERICIAL E A INSPEÇÃO JUDICIAL. 
 
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Prof. Chrystyan Costa - DPC II 
 
 CONFISSÃO: é o meio de prova que pode manifestar-se como prova oral ou 
como prova documental, de acordo com a forma em que é produzida no 
processo. 
 
3. PROVA EMPRESTADA 
 
3.1. Conceito: é aquele que produzida para gerar efeitos em um processo é levada 
para outro processo distinto, onde também será recebida como meio destinado 
a influir na formação do convencimento do juiz. 
 
3.2. Previsão (artigo 372 do CPC): 
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida 
em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar 
adequado, observado o contraditório. 
3.3. Admissibilidade da prova emprestada 
 
a. Observância do princípio do contraditório no processo originário: é 
fundamental que a parte contra quem se esteja produzindo a prova emprestada 
tenha participado ativamente do contraditório, da sua produção no processo 
originário; 
 
b. Observância do princípio do contraditório no processo a que se junta a 
prova emprestada: é preciso que as partes que compõem o processo a que 
se junta ou produz a prova emprestada tenha direito de se manifestar acerca 
de seu conteúdo, mesmo aquele que já participou de sua produção em 
processo originário. 
 
c. Não se pode produzir a prova emprestada contra quem não tenha 
participado de sua produção. Ex: prova testemunhal (quem não tenha feito 
perguntas, por não esta presente no ato de colheita) 
 
Ex: A e B em um processo. A e B em outro processo. Podem usar a prova. 
 A e B em um processo. A e C em outro processo. C pode requerer a prova 
emprestada do processo em que A participou, mas A não pode usar a prova 
emprestada contra C, porque C não participou de processo anterior. 
4. Produção antecipada de provas (DEMANDAS PROBATÓRIAS 
AUTONÔMAS). 
 
4.1. Previsão: artigos 381 a 383 do CPC. 
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos 
em que: 
I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito 
difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação; 
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II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a 
autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito; 
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o 
ajuizamento de ação. 
§ 1o O arrolamento de bens observará o disposto nesta Seção 
quando tiver por finalidade apenas a realização de documentação e 
não a prática de atos de apreensão. 
§ 2o A produção antecipada da prova é da competência do juízo do 
foro onde esta deva ser produzida ou do foro de domicílio do réu. 
§ 3o A produção antecipada da prova não previne a competência do 
juízo para a ação que venha a ser proposta. 
§ 4o O juízo estadual tem competência para produção antecipada de 
prova requerida em face da União, de entidade autárquica ou de 
empresa pública federal se, na localidade, não houver vara federal. 
§ 5o Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar 
a existência de algum fato ou relação jurídica para simples 
documento e sem caráter contencioso, que exporá, em petição 
circunstanciada, a sua intenção. 
Art. 382. Na petição, o requerente apresentará as razões que 
justificam a necessidade de antecipação da prova e mencionará com 
precisão os fatos sobre os quais a prova há de recair. 
§ 1o O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a 
citação de interessados na produção da prova ou no fato a ser 
provado, salvo se inexistente caráter contencioso. 
§ 2o O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência 
do fato, nem sobre as respectivas consequências jurídicas. 
§ 3o Os interessados poderão requerer a produção de qualquer prova 
no mesmo procedimento, desde que relacionada ao mesmo fato, 
salvo se a sua produção conjunta acarretar excessiva demora. 
§ 4o Neste procedimento, não se admitirá defesa ou recurso, salvo 
contra decisão que indeferir totalmente a produção da prova 
pleiteada pelo requerente originário. 
Art. 383. Os autos permanecerão em cartório durante 1 (um) mês 
para extração de cópias e certidões pelos interessados. 
Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão entregues ao 
promovente da medida. 
4.2. Modalidades 
 
a. Demanda Cautelar de Asseguração de Prova (art. 381, I): é o provimento 
utilizado nos casos em que se verifica que, diante da demora no processo de 
conhecimento, do momento da produção da prova, não seria mais possível a 
sua colheita. 
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Ex: caso de não se ter instaurado o processo. O autor tem noticia de que uma 
testemunha importante esta gravemente doente e talvez não sobreviva até o 
momento oportuno. Então requer a produção antecipada da colheita do 
depoimento. 
 Nesse procedimento o juiz não faz qualquer valoração da prova, apenas realiza 
a colheita para ser utilizada n futuro processo, por isso é demanda de 
ASSEGURAÇÃO DA PROVA. (Artigo 382, parágrafo 2º do NCPC). 
 
b. Demanda de Descoberta das Provas (artigo 381, II e III): é a demanda que 
busca viabilizar o acesso a uma prova, que não esteja com a parte, mas sim 
com seu adversário ou com terceiro, ou dependente de conhecimento 
especializado, para se alcançar uma solução consensual para o conflito ou 
evitar o próprio ajuizamento da ação. 
Ex1: Divergência entre as partes quanto a renovação de um contrato de aluguel, 
quanto ao reajuste do preço. Na revisional, basta a realização de uma pericia para 
determinar o valor de mercadodo aluguel para trazer a solução consensual do conflito. 
Ex2: O prévio conhecimento do fato pode evitar ou justificar a propositura de uma 
ação. Ação de reparação de danos por erro médico. Havendo uma perícia prévia 
para avaliar o procedimento do médico pode ou não haver necessidade de 
ajuizamento da ação. 
 As demandas de descoberta de prova tem importante função no sistema por 
evitar a instauração de processos. 
 
c. Demanda de arrolamento de bens. Pode ser manifestar: 
 
a) Apenas listar os bens para que todos sejam conhecidos. Ex: Ação de 
Divórcio, onde um dos cônjuges não tenha conhecimento de todos os bens 
do patrimônio. Aqui se evita extravio e dilapidação. Aqui alem do 
arrolamento é possível uma medida de apreensão até o final do 
processo. 
 
 A medida de apreensão dos bens é TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA, 
tendo nítida natureza cautelar se aplicando todas as disposições da tutela 
cautelar; 
 
 O arrolamento de bens serve apenas para a ELABORAÇÃO DE UM 
DOCUMENTO QUE CONTENHA UMA LISTAGEM DE BENS, SENDO, POR 
ISSO, TRATADA COMO UMA PROVIDÊNCIA QUE PODE SER POSTULADA 
COMO UMA DEMANDA PROBATÓRIA AUTÔNOMA disposta nos artigo 
381, § 1º o CPC. 
 
 
 
 
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d. Justificação: aqui leva a instauração de um processo de jurisdição voluntária 
(artigo 381 a 383 do CPC), conforme artigo 383, § 5º do CPC. 
 
d.1. Conceito: é a via processual adequada para aquele que pretende, em 
juízo, demonstrar, através da prova testemunhal, a existência de um fato ou de 
uma relação jurídica. Trata-se de medida muito usada por quem deseja 
produzir requisitos necessários para obter um beneficio, não havendo 
contenda. 
 
Ex: reconhecimento de União Estável 
 Reconhecimento de requisitos necessários a obtenção de um beneficio 
previdenciário sendo a justificação levada ao órgão previdenciário para que 
reconheça administrativamente, o direito do interessado. 
 
4.3. Procedimento 
 
a. O requerente deve elaborar uma petição inicial, apresentando as razões que 
justificam a necessidade da colheita imediata da prova, mencionando OS 
FATOS sobre os quais deverá RECAIR A PROVA (artigo 382 NCPC); 
b. Recebida a inicial, o juiz determina a CITAÇÃO DOS INTERESSADOS NA 
COLHEITA DA PROVA OU NO FATO A SER PROVADO (artigo 382, § 1º 
NCPC); 
c. CITADOS OS INTERESSADOS, podem requerer a colheita de qualquer outra 
prova no mesmo procedimento, se relacionado com o mesmo fato da inicial, 
SALVO SE A COLHEITA IMPOR DEMORA EXCESSIVA AO QUE FORA 
REQUERIDO NA INICIAL (artigo 382, § 2º NCPC); 
d. O procedimento das demandas autônomas não admite DEFESA OU 
RECURSO (este último na regra), pois a discussão sobre a prova colhida 
somente será objeto de ação própria e futura (artigo 382, § 4º NCPC); 
e. Caso neste procedimento, o juiz em decisão indefira por completo a colheita 
de provas que o demandante queira ver produzida, cabe o RECURSO DE 
APELAÇÃO, pois o INDEFERIMENTO TOTAL DAS PROVAS POSTULADAS 
PELO DEMANDANTE CORRESPONDE A UMA SENTENÇA DE EXTINÇÃO 
DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO; 
f. Colhida a prova o juiz proferirá uma SENTENÇA MERAMENTE FORMAL, 
declarando que a prova foi colhida, sem emitir qualquer JUÍZO DE VALOR 
(artigo 382, § 2º CPC); 
g. Prolatada a sentença, OS AUTOS FICAM EM CARTÓRIO POR UM MÊS, para 
que todos os interessados possam obter CERTIDÕES E CÓPIAS, após este 
prazo, os autos são entregues ao DEMANDANTE para providências que achar 
por bem. (artigo 383, parágrafo único CPC). 
 
4.4. Observação importante: 
 
a. O juízo perante o qual se processa a demanda probatória autônoma não FIXA 
COMPETÊNCIA PARA EVENTUAL DEMANDA FUTURAMENTE PROPOSTA 
COM BASE NA PROVA COLHIDA (artigo 381, § 1 CPC).

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