Hermenêutica e Interpretação Constitucional

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HERMENÊUTICA E INTEPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Prof. José Eiró
O tempo contemporâneo exige, além como de bom nível de vocabulário, boa interpretação textual e capacidade crítica sobre a realidade social. Todos esses são elementos fundamentais para realizar uma boa interpretação e aplicação do direito seja qual for o tipo de controvérsia.
Seja um especialista em direito civil, penal, tributário, consumidor, trabalhista, ou qualquer outra área, é necessário o domínio dos vocábulos e a sua adequada compreensão.
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Prof. José Eiró
Aquele que exerce um papel de autoridade na estrutura do Estado e que está encarregado de dizer o direito no caso controvertido, há de ser capaz de estruturar racionalmente uma sentença acerca da questão posta a decidir.
Logo, o resultado a ser alcançado, depende, em boa medida, do tipo de raciocínio desenvolvido pelo sujeito cognoscente, que necessita de boa dose de prudência para realizar o ato interpretativo.
No âmbito da interpretação, há duas correntes que procuram explicar o fenômeno interpretativo: a Teoria Subjetiva e a Teoria Objetiva.
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TEORIA SUBJETIVA: vinculada à ideia de que era necessário buscar a vontade do legislador. Muito fortemente influenciada pela Escola da Exegese que defendia a leitura literal do Código Napoleônico (1804) diante da certeza do texto legal e do reconhecimento de que o juiz deveria ser a “boca da lei”. Perdeu sua posição de centralidade no tempo contemporâneo, face a redução considerável do chamado “culto ao legislador”. É necessário compreender a norma escrita e determinar seu sentido e conteúdo pela realidade do presente e não do passado.
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TEORIA OBJETIVA: a interpretação do direito deve se dar a partir da busca da vontade da lei (mens legis). Esta (a lei) é dotada de vontade própria, cabendo ao intérprete adaptar seu conteúdo à dinâmica social. Logo, observa-se uma virada quando desloca-se o eixo de análise do sujeito que criou a lei escrita para aquele que deverá aplicar os seus preceitos num momento futuro, a merecer a devida adaptação contextualizada. Importante contributo é a Teoria Tridimensional proposta por Miguel Reale no sentido da relação dinâmica entre FATO, VALOR e NORMA.
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Heidegger sustenta que o ser humano é um ser-aí, cuja existência só tem sentido quando dotado de mundanidade, pois toda pessoa encontra-se lançada no mundo (Daisen). 
Em Gadamer, há um rompimento evidente com o preconceito negativo que a modernidade lançou sobre o senso comum, a leitura das obras de arte e da literatura, na medida em que existe uma preocupação com categorias como pré-compreensão, historicidade e tradição, como elementos que constituem a experiência humana.
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A lembrança da hermenêutica filosófica serve para percebermos a relevância da compreensão no reconhecimento das controvérsias que diariamente são colocadas em julgamento.
Ora, no viés tradicional, no qual o direito estava contido, sobretudo, nos códigos, as respostas eram obtidas de modo menos reflexivo, pois o espaço das Constituições eram limitados, sobretudo, à organização do Estado e divisão de tarefas entre seus órgãos, tributação, orçamento público.
Porém, na contemporaneidade, viu-se surgir o NEOCONSTITUCIONALISMO.
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O NEOCONSTITUCIONALISMO vai permitir uma imensa colaboração na interpretação do texto da Constituição, na medida em que esta, diversamente do direito em geral, “não pode ser compreendida por si só, como algo autoevidente” (SARLET, 2019).
A interpretação das normas constitucionais situa-se no contexto mais amplo da intepretação das normas jurídicas. Citando Konrad Hesse, SARLET assevera que a interpretação da constituição é mais elevada do que outros âmbitos do direito nos quais a normatização é mais detalhada. Por isso, é sempre importante lembrar da abertura e amplitude da Constituição, 
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Interpretação constitucional, no dizer de CANOTILHO, consiste em “atribuir um significado a um ou vários símbolos linguísticos na constituição com o fim de se obter uma decisão de problemas práticos normativo-constitucionalmente fundada”.
Interpretação e aplicação são vinculados face a conexão entre os sentidos dos enunciados normativos e a realidade factual subjacente (SARLET). 
HÄBERLE afirma que não existe norma jurídica, mas norma jurídica interpretada, pois esta é aplicada no tempo e integrada na realidade pública por intermédio do ato interpretativo, pelo que designou de interpretação necessariamente contextualizada,
JOSÉ MARIA EIRÓ ALVES (JMEA) - FERRAZ JR. O direito como tecnologia social de resolução de conflitos. Função diretiva
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Konrad Hesse diz a interpretação constitucional deve identificar e fixar o resultado constitucionalmente correto, um procedimento racional e controlável e, assim, assegurar a previsibilidade e certeza jurídica. Essa “leitura” correta é construída pelo legislador, administrador e magistrados, operando dentro de suas competências e funções. 
Segundo Häberle, da abertura para a interpretação constitucional participam todos os órgãos estatais, os cidadãos (individualmente ou em grupos), afastando a ideia de círculo fechado de intérpretes da Constituição.
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Muito embora não seja o momento de desenvolver o estudo da jurisdição constitucional, não deve ser esquecido que “no Estado constitucional contemporâneo a posição de ator privilegiado da interpretação constitucional não siga sendo reservada (em boa parte mediante um processo de autoatribuição de tal papel pelos órgãos jurisdicionais) à jurisdição constitucional, aqui compreendida em sentido amplo, especialmente em virtude de sua prerrogativa funcional de revisar e mesmo substituir a intepretação promovida pelos outros atores”. (SARLET, 2019)
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NEOCONSTITUCIONALISMO (BARROSO)
	Marco histórico: Pós Segunda Guerra Mundial.
	Marco filosófico: Pós-positivismo
	Marco teórico: 
a) a força normativa da Constituição; 
b) a construção de uma nova hermenêutica constitucional;
c) a ampliação da jurisdição constitucional;
d) os direitos fundamentais e a dignidade da pessoa humana no centro da tutela jurídica.
	
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Neoconstitucionalismo ≠ Pós-positivismo
O pós-positivismo é um elemento do neoconstitucionalismo.
A construção de uma nova hermenêutica constitucional partindo da concepção de norma jurídica enquanto gênero que abrange as espécies regra e princípio e, bem assim, o reencontro entre Direito e Moral, são características que o pós-positivismo empresta ao neoconstitucionalismo.  Por isso que conta o pós-positivismo enquanto marco filosófico do neoconstitucionalismo.
Mas o marco histórico também é idêntico. Ambos os fenômenos se originam do pós Segunda Guerra Mundial.
Ambos representam um novo paradigma. A distinção refere-se ao locus: o pós-positivismo está para a Teoria do Direito, assim como o Neoconstitucionalismo está para o Direito Constitucional.
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Os limites do julgador são sempre motivo de preocupação. “A impossibilidade de se chegar a objetividade plena não minimiza a necessidade de se buscar a objetividade possível” (BARROSO).
Deve-se, pois, ampliar os limites da objetividade humana, diminuindo os espaços de uma subjetividade que afaste o julgador dos limites fixados pelo legislador, o que é motivo de preocupação de STRECK.
Em termos de direitos fundamentais, há um dever especial de aumentar a carga argumentativa das decisões, face o sopesamentoquando se está diante de conflitos entre princípios de matriz constitucional. 
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Princípios da Interpretação Constitucional
São técnicas e diretrizes para assegurar que o processo de interpretação e aplicação da Constituição (suas regras e princípios) ocorra de forma metódica, racional e controlável (Konrad Hesse, José Canotilho, Gonet Branco). Fundamental: não há hierarquia entre os princípios de interpretação e eles não se esgotam, e devem ser compreendidos com uma necessária dose de relativização.
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Princípios da Interpretação Constitucional
- Unidade da Constituição
- Efeito Integrador
- Concordância Prática ou Harmonização
- Ponderação ou Balanceamento
- Proporcionalidade e Razoabilidade
- Supremacia da Constituição
- Máxima Eficácia e Efetividade da Constituição
- Força Normativa da Constituição
- Interpretação das Leis conforme a Constituição
- Princípio da divisão de poderes e o dever de conformidade funcional
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