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Belo Horizonte, 1º semestre de 2020 Índice Critérios de avaliação da disciplina ............................................................................................... 3 Medições e Incertezas......................................................................................................................................... 5 Medições Diretas, Indiretas e Propagação de Erros ........................................................... 11 Gráficos e Ajustes................................................................................................................................................. 21 Movimento Unidimensional....................................................................................................................... 31 Movimento de um projétil......................................................................................................................... 36 Atrito Estático e Cinético ........................................................................................................................ 39 Princípio de Arquimedes................................................................................................................................ 43 princípio de bernoulli .................................................................................................................................. 46 Sistema Massa-Mola........................................................................................................................................... 49 Pêndulo Simples ..................................................................................................................................................... 52 Medidas Elétricas................................................................................................................................................ 55 Dispositivos ôhmicos e não Ôhmicos................................................................................................ 60 Circuitos Com Resistores em Série e Paralelo............................................................................ 64 Carga e Descarga de um Capacitor................................................................................................... 69 Determinação do Campo Magnético da Terra ..................................................................... 73 ANEXO I: ORIENTAÇÕES GERAIS PARA REDAÇÃO De RELATÓRIOS TÉCNICOS.................. 77 Referências Bibliográficas ............................................................................................................. 80 3 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO da disciplina Os critérios de avaliação das atividades realizadas nas disciplinas Laboratório de Física Geral I, Laboratório de Física Geral II, Laboratório de Física Geral III e Laboratório de Física, ofertadas pelo Departamento de Física e Química nos diversos campi e unidades, são: 1. DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS: as disciplinas supracitadas deverão ter a pontuação distribuída em duas provas no valor de 30 (trinta) pontos e 40 (quarenta) pontos em atividades práticas. 2. PROVAS: todas as provas devem ser individuais e com consulta apenas aos relatórios e cadernos de anotações. a. As provas devem conter questões relacionadas às atividades práticas realizadas em laboratório: metodologia, análise de dados, e interpretações teóricas. 3. ATIVIDADES PRÁTICAS: os 40 (quarenta) pontos de atividades práticas devem ser distribuídos conforme a seguir: a. No mínimo 20 (vinte) pontos devem ser distribuídos em relatórios técnicos: i. Devem ser avaliados no mínimo 5 (cinco) relatórios técnicos (individuais); ii. Todos os relatórios técnicos devem seguir o padrão indicado nas “Orientações Gerais” anexadas nos cadernos de roteiros; iii. Cada professor (a) deve expor claramente aos seus alunos, nos primeiros dias de aula, os critérios adotados nas correções de tais relatórios técnicos; iv. Os relatórios devem ser devidamente corrigidos e devolvidos aos alunos na aula seguinte à data da entrega. b. O restante dos pontos pode ser distribuído à critério do(a) professor(a); i. Exemplos: caderno de anotações, vídeos, testes, apresentações e etc. 4 5 Medições e Incertezas 1. Introdução A Física – assim como todas as outras ciências – apoia-se na observação sistemática dos fenômenos naturais para sustentar as teorias que permitem abordar toda uma classe de fenômenos semelhantes com as mesmas regras. As regras gerais, ou leis da Física, são as ferramentas utilizadas para explicar a dinâmica das grandezas físicas e a relação entre elas (as grandezas físicas são as quantidades que podem ser mensuradas). Uma boa fundamentação das leis da Física depende de métodos de medição e de procedimentos rigorosos para que os resultados das medições tenham reprodutibilidade. O resultado de uma medição deve especificar o valor da grandeza, a incerteza e a unidade. No Brasil, o sistema legal de unidades é o Sistema Internacional (SI) e as regras para a expressão dos resultados e das incertezas nas medições são definidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) [1]. Todas as medições de uma grandeza física são afetadas por uma incerteza, devido ao processo de medição, aos equipamentos utilizados, à influência de variáveis que não são medidas e, também, ao operador. A incerteza pode ser minimizada pela perícia do operador, mas, jamais eliminada, e quanto menor o seu valor mais confiável ou mais preciso é o resultado. Os resultados das medições devem ser expressos de modo tal que se possa avaliar a precisão com que foram feitas. A forma mais comum de se expressar o resultado da medição de uma grandeza 𝑥 é (𝑥 ± ∆𝑥)[unidade] (1) em que ∆𝑥 é a incerteza, que deve ser escrita com, no máximo, dois algarismos significativos1.Existem métodos diferentes para se estimar o valor de ∆𝑥. A escolha do método depende dos procedimentos adotados para medição de 𝑥 e se a medição é direta ou indireta. Uma medição é direta quando o resultado é lido diretamente no instrumento utilizado e indireta quando o resultado é obtido a partir das medições de N outras grandezas físicas e da relação funcional entre elas. 1 Ao contar os algarismos significativos de uma medição, devemos observar que o algarismo zero só é significativo se estiver situado à direita de um algarismo significativo. Assim, 6 • 0,00082 tem apenas dois algarismos significativos (8 e 2), pois os zeros não são significativos. • 80200 tem cinco algarismos significativos, pois aqui os zeros são significativos. • 0,000802 tem três algarismos significativos, pois os zeros à esquerda do algarismo 8 não são significativos. Nas atividades I e II estudaremos algumas regras relativas à avaliação e à expressão dos resultados de uma medição. Optou-se pela apresentação de métodos simplificados, mas que, ainda assim, satisfazem os propósitos gerais das disciplinas de laboratório de Física Geral. 2. Parte Experimental - Valor Médio e Desvio Médio Objetivo: Determinar o tempo de queda de uma esfera com sua respectiva incerteza e avaliar a precisão e a acurácia do resultado. Material Utilizado: Esfera, cronômetro e régua. Procedimentos: 1. Abandone a esfera de uma altura ℎ e meça o tempo 𝑡 de queda. Como o resultado depende muito do reflexo do operador, é aconselhável repetir este procedimento 10 vezes. Anote os resultados na Tabela 1. 𝑖 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 𝑡 (s) Tabela 1: Tempo de queda de uma esfera medido 10 vezes. 2. Determine o valor mais provável para o tempo de queda através de uma média aritmética. 3.A incerteza ∆𝑡 da medição é identificada com o desvio padrão definido como ∆𝑡 = 1 𝑛 .∑|𝑡𝑚𝑒𝑑 − 𝑡𝑖| 𝑛 𝑖=1 , (2) em que 𝑡𝑚𝑒𝑑 é o tempo médio, 𝑛 é o número de medidas e 𝑡𝑖 é a medida de ordem 𝑖. Calcule o desvio médio, expresse o resultado como em (1) e anote-o no retângulo abaixo. 7 Se o resultado encontrado é, por exemplo, 𝑡 = (0,62 ± 0,11) 𝑠, seria incorreto expressar esse resultado em qualquer das formas seguintes; (0,62 ± 0,1128) 𝑠 - Nas normas da ABNT, recomenda-se que a incerteza da medição seja fornecida com, no máximo, dois algarismos significativos. Assim, mesmo que o processo de cálculo do desvio médio tenha fornecido o valor 0,1128, a norma recomenda que ele seja escrito como 0,1 ou 0,11. Se o algarismo abandonado for igual ou maior que 5, acrescenta-se uma unidade ao algarismo que permaneceu. Caso se faça a opção por escrever a incerteza com um algarismo significativo, o resultado deve ser escrito na forma 𝑡 = (0,6 ± 0,1)𝑠. (0,6185 ± 0,11) 𝑠 - Mesmo que o processo de cálculo do valor médio tenha fornecido o valor 0,6185, como a incerteza é de centésimos de segundo, não faz sentido indicar o resultado com precisão maior que centésimos de segundo, ou seja, os algarismos 8 e 5 não são significativos e não devem ser escritos. 4. Anote, na Tabela 2, os resultados para 𝑡𝑚𝑒𝑑 e ∆𝑡 encontrados pelos grupos. Qual é o resultado mais preciso? A resposta desta questão é obtida a partir do cálculo do desvio médio percentual, definido como ∆𝑡 𝑡𝑚𝑒𝑑 𝑥 100. O resultado com menor desvio médio percentual é o mais preciso. Grupo tmed (s) ∆t (s) ∆t (%) 𝑔 (m/s2) ∆𝑔(%) 1 2 3 4 Tabela 2: Tempo médio, tmed, de cada grupo, com os respectivos valores do desvio médio, ∆t e desvio médio percentual, ∆t (%). Gravidade, g, obtida com o tempo médio e seu desvio percentual com relação ao valor esperado,∆𝒈 (%). 5. Qual é o resultado mais acurado, isto é, mais próximo do valor verdadeiro? A resposta desta questão pode ser obtida utilizando a expressão matemática que relaciona a posição de um corpo em movimento uniformemente acelerado e o tempo, 8 ℎ = 𝑔𝑡2 2 . Uma vez que temos ℎ e t podemos determinar a aceleração da gravidade 𝑔 e o quanto se desvia do valor verdadeiro ou convencional (9,81m/s2) e, assim, verificar qual grupo realizou as medidas que fornecem um valor do tempo de queda - consequentemente 𝑔 - de forma mais acurada. Calcule o valor de 𝑔 e o desvio percentual com relação ao valor esperado, definido como ∆𝑔 = |𝑔 − 9,81| 9,81 𝑥 100 % Anote os resultados na Tabela 2. O resultado com menor desvio percentual com relação ao valor esperado é o mais acurado. 6. O resultado com maior precisão é, necessariamente, o mais acurado? ______________________________________________________________________________ Observação: Quando o número de medidas for muito grande (𝑛 > 100), a incerteza do resultado será determinada pelo desvio padrão da média. Segundo a teoria matemática dos erros, que consiste exatamente em associar a uma certa medida não o erro que se comete, mas um intervalo de valores dentro do qual o valor verdadeiro tem uma determinada probabilidade de estar, a incerteza padrão da medição é identificada com o desvio padrão da média, através da relação ∆𝑡 = √( 1 𝑛(𝑛 − 1) ∑|𝑡𝑚𝑒𝑑 − 𝑡𝑖|2 𝑛 𝑖=1 ) . 9 Determinação do Tempo de Reflexo de uma Pessoa (Opcional) Cada pessoa reage a um dado estímulo após um certo tempo (tempo de reflexo ou tempo de reação). Tais tempos são importantes em várias situações do dia a dia, por exemplo, no trânsito. É útil saber quanto tempo uma pessoa demora a reagir a uma situação inesperada. Fonte: Carlos Magno Sampaio – Curso de extensão no Ensino Fundamental, USP Leste (2008). Objetivo: Determinar o tempo de reação de um grupo de alunos. 10 Material Utilizado: Uma régua milimetrada. Procedimentos: 1.O aluno A segura uma régua milimetrada em posição vertical de tal maneira que o zero fique entre o indicador e o polegar do aluno B. 2.O aluno A abandona inesperadamente a régua e o aluno B tenta pegá-la no menor tempo possível. Mede-se, então, a distância ℎ a partir do zero. 3.Determine pelo menos 8 vezes essa distância para obter o valor mais provável através de uma média aritmética. Anote os resultados na Tabela 3. 4.Determine a precisão das medições com o cálculo do desvio médio. Anote o resultado na Tabela 3. 5.Determine o tempo de reflexo do aluno B a partir do valor mais provável hmed e da equação de queda livre, ℎ = 𝑔𝑡2 2 , em que 𝑔 = 9,81 𝑚/𝑠2. 6.Repita os procedimentos anteriores para obter o tempo de reflexo dos outros alunos do grupo. Aluno A B C D E 𝒉𝟏(m) 𝒉𝟐(m) 𝒉𝟑(m) 𝒉𝟒(m) 𝒉𝟓(m) 𝒉𝟔(m) 𝒉𝟕(m) 𝒉𝟖(m) 𝒉𝒎𝒆𝒅 ± ∆𝒉)m 𝒕(s) Tabela 3: Distância de queda da régua e o tempo de reflexo de cada aluno. 11 Medições Diretas, Indiretas e Propagação de Erros 1. Introdução • Medições Diretas Imagine que você esteja realizando uma medida qualquer, como, por exemplo, a medida do comprimento de uma barra, figura 1. Observe que a menor divisão da régua utilizada é de 1mm. Ao tentar expressar o resultado dessa medida, você percebe que ela está compreendida entre 143 mm e 144 mm. A fração de milímetro que deverá ser acrescentada a 143 mm terá de ser avaliada, pois a régua não apresenta divisões inferiores a 1mm. Para fazer essa avaliação, você deverá imaginar o intervalo entre 143 mm e 144 mm subdividido em 10 partes iguais, e, com isso, a fração de milímetro, que deverá ser acrescentada a 143 mm, poderá ser obtida com razoável aproximação. Na Figura 1 podemos avaliar a fração mencionada como sendo 5 décimos de milímetros e o resultado da medida poderá ser expresso como 143,5 mm. Observe que estamos seguros em relação aos algarismos 1, 4 e 3, pois eles foram obtidos através de divisões inteiras da régua, ou seja, você tem certeza deles. Entretanto, o algarismo 5 foi avaliado, isto é, você não tem certeza sobre seu valor e outra pessoa poderia avaliá-lo como sendo 4 ou 6, por exemplo. Por isto, esse algarismo avaliado é denominado algarismo duvidoso. Figura 1: Comprimento 𝒍 de uma barra medido com uma régua milimetrada. O resultado é 𝒍 = (𝟏𝟒𝟑, 𝟓 ± 𝟎, 𝟓)𝒎𝒎. Os algarismos 1, 4 e 3 são certos e o algarismo 5 é duvidoso. A incerteza avaliada nesta medição é 0,5 mm, metade da menor divisão da escala da régua. A partir deste momento, você pode compreender que duas medidas expressas, por exemplo, como 42 cm e 42,0 cm, não representam exatamente a mesma coisa. Na primeira, o algarismo 2 foi avaliado e não se tem certeza sobre o seu valor. Na segunda, o algarismo 2 é 12 certo, sendo o zero o algarismo duvidoso. Do mesmo modo, resultados como 7,65 kg e 7,67 kg, por exemplo, não são fundamentalmente diferentes, pois diferem apenas no algarismo duvidoso. Quando se realiza uma única medida de uma grandeza, a incerteza pode ser encontrada usando-se diferentes procedimentos, mas é sempre importante usar-se o bom senso. Uma regra amplamente difundida é a de que a incerteza de uma medida isolada (erro de leitura) deve ser a metade da menor divisão da escala do instrumento de medida. Por exemplo, para se medir o comprimento da barra da Figura 1, alguém poderia considerar como incerteza a metade de uma unidade correspondente à menor divisão, ou seja, 0,5 milímetro. Assim, a medida do comprimento da barra seria escrita como l = (143,5 ± 0,5) mm. O resultado escrito dessa maneira indica que há uma incerteza de 0,5 mm na determinação do comprimento da barra. Entretanto, se essa régua for usada para medir a altura da portada sala de aula, é claro que a incerteza não mais poderá ser de 0,5 mm. O procedimento de posicionar a régua várias vezes para completar a medida eleva muito a incerteza que poderá ser da ordem de centímetro. Portanto, essa regra tão difundida de que a incerteza é a metade da menor divisão da escala deve ser usada com muito cuidado. Quando se usa, por exemplo, um voltímetro analógico ou qualquer instrumento com ponteiro, tem-se que prestar atenção se a leitura é estável ou se o ponteiro oscila em torno de um valor. Se o aparelho indicar um valor fixo, pode-se considerar como incerteza a própria precisão do instrumento ou, no caso de não se ter essa informação, usar uma unidade da menor divisão da escala utilizada [2]. Se houver oscilação, é mais razoável calcular a incerteza a partir dos limites desta oscilação: o resultado de uma medida poderá ser qualquer valor dentro da faixa de oscilação. Como exemplo, considere que a única informação que um operador tem sobre uma medição de uma grandeza é que seu valor se situa entre os limites 𝑦𝑚𝑖𝑛 e 𝑦𝑚𝑎𝑥 . Assim, é aceitável supor que 𝑦 pode assumir qualquer valor dentro desse intervalo com igual probabilidade (distribuição retangular). Nesse caso, o valor mais provável da grandeza é dado por 𝑦 = 𝑦𝑚𝑎𝑥 + 𝑦𝑚𝑖𝑛 2 , e a incerteza padrão, estimada como desvio padrão dessa distribuição, é dada por ∆𝑦 = 𝑦𝑚𝑎𝑥 − 𝑦𝑚𝑖𝑛 2√3 . O fator √3 decorre da distribuição retangular de probabilidade [2]. No caso de aparelhos digitais, a avaliação do desvio deverá ser feita como no caso anterior, através dos limites de oscilação, se houver oscilação, ou através da própria precisão do instrumento, se não houver oscilação. No caso de não se ter a informação da precisão do instrumento, pode-se considerar 3%. O desvio relativo é a razão entre a incerteza ∆𝑦 e o valor médio de y, 13 ∆𝑦 𝑦 . O desvio percentual é o desvio relativo expresso em percentual, ∆𝑦 𝑦 × 100%. Os desvios percentuais permitem comparar as precisões das medidas, • Medições Indiretas É muito comum não ocorrer a medição direta de uma grandeza y. Nesses casos, o valor da grandeza é obtido a partir das medições de N outras grandezas físicas e da relação funcional𝑦 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2, … 𝑥𝑁). Ao se expressar o resultado de 𝑦 obtido indiretamente a partir de cálculos, é importante apresentar qual é a incerteza associada a esse resultado, ou seja, qual é a consequência da propagação das incertezas. Abaixo segue um resumo de algumas regras úteis para determinação do desvio de uma grandeza medida indiretamente [2]. (i) Se y é a soma ou subtração de grandezas a, b, c,… então: ∆𝑦 = ∆𝑎 + ∆𝑏 + ∆𝑐 + ⋯ (ii) Se y é a multiplicação de uma grandeza a por uma constante k então: ∆𝑦 = 𝑘 ∆𝑎. (iii) Se y é a divisão de uma grandeza a por uma constante k então: ∆𝑦 = ∆𝑎 𝑘 . (iv) Se y é a multiplicação ou divisão de grandezas a, b, c, … então: ∆𝑦 𝑦 = ∆𝑎 𝑎 + ∆𝑏 𝑏 + ∆𝑐 𝑐 + … (v) Se y é a potência n de uma grandeza a, então ∆𝑦 𝑦 = 𝑛 ∆𝑎 𝑎 2. Parte Experimental Objetivo:(i) Realizar medidas diretas e indiretas, (ii) expressar os resultados com suas respectivas incertezas e (iii) conhecer o paquímetro, micrômetro, dinamômetro e o transferidor. Material Utilizado: Paquímetro, micrômetro, dinamômetro e transferidor. 14 Paquímetro: Frequentemente utilizam-se para a medição de comprimento na indústria o paquímetro, algumas vezes chamado de calibre, e o micrômetro também chamado de Palmer ou parafuso micrométrico. Figura 2: (a) Paquímetro de precisão 0,05 mm. (b) Estimativa de um comprimento 𝒍 = 𝟐𝟒, 𝟖𝟓 mm. (Fonte: http://pt.wikipedia.org). O paquímetro faz uso de uma escala auxiliar, chamada nônio ou vernier, cujo comprimento é de 9 vezes a menor divisão da escala principal, subdividida em 10 partes. A Figura 2(a) mostra as partes principais de um paquímetro. Ao fazer uma estimativa de um dado comprimento 𝑙 lê-se a quantidade de milímetros na escala principal. Em seguida, procura-se qual subdivisão do nônio coincide exatamente ao número de décimos de milímetro do comprimento medido. Examine a Figura 2(b). O comprimento 𝑙 medido é 24,85 mm. A precisão do paquímetro é 0,05 mm. Micrômetro: A Figura 3 mostra as partes principais de um micrômetro. Para cada avanço de 1 mm do deslocamento axial do tambor na escala da bainha, o tambor gira 1 volta. Dividindo- se a circunferência 2𝜋𝑅 do tambor em 100 partes, cada divisão da escala do tambor será de 0,01 15 mm. Portanto, a sensibilidade do micrômetro da Figura 3 é de 0,01 mm e a precisão é de 0,005 mm. Figura 3: Micrômetro de sensibilidade 0,01 mm.(Fonte: http://www.bibvirt.futuro.usp.br) A Figura 4 mostra um micrômetro com precisão de 0,001 mm. Os passos para uma leitura correta são: 1º - leitura dos milímetros inteiros na escala da bainha. 2º - leitura dos meios milímetros na mesma escala. 3º - leitura dos centésimos na escala do tambor. 4º - leitura dos milésimos com o auxílio do nônio da bainha, verificando qual dos traços do nônio coincide com o traço do tambor. A leitura final será a soma dessas quatro leituras parciais. 16 Figura 4: Micrômetro de precisão 0,001 mm. (Fonte: http://www.bibvirt.futuro.usp.br) O dinamômetro é um instrumento usado para medir forças. Os modelos mais usuais apresentam uma estrutura tubular, chamados dinamômetros tubulares, como o exemplo da Figura 5. Esses dinamômetros possuem escalas com divisões de 1/100 de sua capacidade máxima de carga (geralmente indicada no início do tubo da escala). Antes da utilização do dinamômetro é necessário ajustá-lo através do parafuso liberador da capa, de modo a nivelar o referencial (extremidade da capa) com a primeira marcação da escala. Figura 5: Dinamômetro tubular. Figura adaptada de [4]. Atenção: seguem algumas recomendações importantes para manutenção e conservação do dinamômetro: ➢ Nunca utilize o dinamômetro além da capacidade máxima indicada! ➢ Nunca solte o dinamômetro bruscamente quando ele estiver distendido! A Figura 6 mostra um diagrama de um transferidor semicircular (de 180º), que é um instrumento usado para medir ou construir um ângulo de uma dada medida. Existem transferidores circulares, de 360º. Observe que em geral esses instrumentos possuem duas escalas de ângulos que são crescentes no sentido anti-horário e decrescentes no sentido horário; assim pode-se medir ângulos em qualquer direção. 17 Figura 6: Esquema de um transferidor de 180º. Figura adaptada de [5]. Para medir um ângulo entre duas retas deve-se posicionar a base (linha do 0º) sobre uma das retas (“A”, no exemplo da Figura 6), de modo que o centro do transferidor fique no vértice entre as retas. O valor da escala na qual coincide com a outra reta (“B”) indica o ângulo formado entre as retas. Tendo em vista que a menor divisão desse transferidor da figura acima é de 1/10 de grau, então a leitura indicada será 𝜃 = (120,00 ± 0,05)°. Procedimento 1: 1) Com a régua meça o comprimento (A) e a largura (B) de uma folha de papel A4. Para medir a espessura (C) da folha utilize o paquímetro. Como é impossível medir diretamente a espessura de uma única folha com o paquímetro, meça inicialmente a espessura de diversas folhas e divida o resultado pelo número de folhas. Escreva os resultados com as incertezas. A = ________________________ B = ________________________ C = ________________________ 2) Tente medir diretamente a espessura da folha com o micrômetro. Compare o resultado com aquele encontrado com o paquímetro. 3) Determine o volume da folha e escreva o resultado com a incerteza. 18 Procedimento 2 (OPCIONAL) 1) Meça as dimensões A, B e C da caixa, conforme ilustrado na Figura 1. Utilize primeiro a régua graduadaem decímetro, depois em centímetro e finalmente em milímetro. Anote os resultados na Tabela 1. Figura 1: Caixa de dimensões A, B e C. A B C dm cm mm Tabela 1: Dimensões A, B e C da caixa Questões: a) Todas as medidas foram expressas com o mesmo número de algarismos significativos? b) Você introduziu algum algarismo para expressar alguma medida? Em caso afirmativo, isto ocorreu com todas as réguas? No presente caso, é permitido “acrescentar” um algarismo além dos que temos certeza ou que nos informa a régua, mesmo que isto seja praticamente impossível para a resolução de nossa visão. Desta maneira, o valor por nós expresso carregará consigo um erro (desvio) devido a nossa aproximação e à precisão do instrumento utilizado. Como expressar, então, o valor de nossas medidas e informar qual o erro (desvio) cometido? As grandezas serão expressas acrescentando-se ao valor encontrado ± a metade da menor divisão do aparelho (desvio avaliado). Exemplo: (48,6 ± 0,5) cm. c) Qual das réguas mediu com maior precisão? Por quê? 19 d) Qual das grandezas (A, B ou C) está expressa com maior precisão, se medidas em milímetros? Para respondermos esta questão é importante entendermos o conceito de desvio relativo e/ou desvio percentual que é uma maneira de expressar de forma mais clara o quanto se “erra” ao especificar o valor medido de uma grandeza e de certa forma especificar a qualidade de um produto. O desvio relativo é o desvio avaliado dividido pelo valor medido (∆x/x) e o desvio percentual é o desvio relativo vezes cem [(∆x/x). 100]. Sendo assim, determine o desvio percentual das grandezas A, B e C, medidas na escala milímetros, e escreva a medida ± o desvio percentual. e) Calcule o volume da caixa e determine o desvio percentual e absoluto. Faça isso para as três escalas e anote os resultados na Tabela 2. Volume ∆V/V (%) ∆V dm3 dm3 cm3 cm3 mm3 mm3 Tabela 2: Volume da caixa e seu desvio percentual e absoluto. Procedimento 3: 1) Identifique o valor da menor divisão da escala do dinamômetro e determine sua incerteza. 2) Fixe o bloco de madeira na extremidade do dinamômetro (suspenso verticalmente no tripé) e determine o valor do peso do bloco. Procedimento 4: 1) Identifique o valor da menor divisão da escala do transferidor e determine sua incerteza. 2) Determine o valor do ângulo 𝜃 da figura abaixo: 20 BIBLIOGRAFIA [1] Guia para expressão da incerteza de medição. 3 ed. Rio de Janeiro: ABNT / INMETRO, 2003. [2] CORRADI, Wagner; et al. Física Experimental. Belo Horizonte, ed. UFMG, 2008. [3] CAMPOS, Agostinho Aurélio Garcia; ALVES, Elmo Salomão; SPEZIALI, Nivaldo Lúcio. Física experimental básica na universidade. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2007. [4] CIDEPE, Livro de Atividades Experimentais: Física Experimental – Mecânica – Conjunto lançador com sensores e software. [5] Measuring an angle by a protractor. Disponível em <http://www.math-only- math.com/measuring-an-angle-by-a-protractor.html>. Acesso em 24 de junho de 2015. http://www.math-only-math.com/measuring-an-angle-by-a-protractor.html http://www.math-only-math.com/measuring-an-angle-by-a-protractor.html 21 Gráficos e Ajustes 1. Introdução Tabelas [1] O primeiro estágio de apresentação de uma série de medidas resultante de um experimento é através de tabelas que, em geral, já são montadas durante o processo de obtenção de dados. Embora em cada experimento se deva decidir pela forma de tabela mais conveniente, é mostrado a seguir um padrão de tabela que se adapta à maioria dos experimentos que serão feitos nas disciplinas experimentais de Física. Considere um experimento onde se aplica tensão elétrica 𝑉 entre 10 e 50 V em um resistor e mede-se a corrente 𝑖 gerada. A Tabela 1 mostra uma forma conveniente de apresentar os valores obtidos: Tensão (V) Corrente (10-3 A) 11,3 22,5 ± 0,2 19,5 40,0 ± 0,4 22,7 44,4 ± 0,4 29,1 59,2 ± 0,6 38,4 76,1 ± 0,8 42,3 83,8 ± 0,8 50,0 99,3 ± 0,9 Tabela 1: Valores da tensão aplicada no resistor e a correspondente corrente. Deve-se observar que: • toda tabela deve ter uma legenda; • no cabeçalho da tabela é importante vir a especificação das grandezas que foram medidas com suas unidades e a estimativa dos erros, absolutos ou relativos, a elas associados; se cada medida apresentar um erro diferente, deve-se especificá-lo após cada uma; • o número de algarismos significativos das medidas deve ser compatível com os erros especificados. Gráficos [1] A construção de gráficos associando as variáveis medidas em um experimento é bastante interessante, pois permite uma visualização rápida do tipo de dependência existente entre as grandezas estudadas. Existem vários tipos de gráficos, cada um se adequando melhor às 22 grandezas medidas e ao tipo de relações que se deseja fazer entre elas. Um tipo de gráfico bastante comum em experimentos de Física é aquele relacionando duas grandezas onde cada valor de uma está associado a um valor correspondente da outra. O gráfico a seguir, mostrando a relação entre as grandezas tensão e corrente representadas na tabela anterior, ilustra uma forma comumente utilizada. Figura 1: Exemplo de um gráfico: Tensão elétrica V versus corrente I em um resistor. Deve-se ter atenção que um gráfico deve conter: • Título e/ou legenda; • Nome da grandeza em cada eixo com sua respectiva unidade; • Dimensionamento correto da escala. Uma observação rápida do gráfico anterior permite identificar uma relação linear entre as duas grandezas analisadas. Tratamento matemático de dados: Ajuste de uma reta por regressão linear O gráfico da seção anterior sugere, visualmente, que existe uma relação linear entre a tensão elétrica aplicada e a corrente no resistor. Isso significa que, procurando-se uma relação matemática que associe a corrente 𝑖 no resistor sujeito a uma tensão 𝑉, deve-se encontrar a equação de uma reta, ou seja, uma equação do tipo: 𝑦 = 𝐴𝑥 + 𝐵 onde a constante 𝐴 representa a inclinação da reta e a constante 𝐵 o valor da grandeza 𝑦 quando 𝑥 = 0. Para o caso do resistor podemos escrever especificamente 𝑉 = 𝐴𝑖 + 𝐵 23 É possível traçar no gráfico uma reta que, visualmente, melhor equilibra os pontos medidos e, então, determinar os valores de A e B. Entretanto, existem processos matemáticos objetivos que estabelecem a melhor reta que se ajusta aos pontos medidos. O processo mais utilizado com esse intuito é chamado regressão linear. Geralmente, todo processo operacional de ajuste, ou seja, de obtenção das constantes A e B que definem a reta, será feito por calculadora ou computador. No entanto é interessante que se tenha conhecimento da origem das fórmulas empregadas e do processo de cálculo envolvido. Regressão Linear: Pode-se dizer que regressão linear é “a determinação da equação de uma reta que melhor se sobrepõe aos resultados de medidas relacionando grandezas linearmente dependentes. ” Considere a série de pontos experimentais genéricos (𝑥𝑖, 𝑦𝑖) colocados no gráfico da Figura 2. Figura 2: Pontos experimentais definindo uma reta; 𝜹𝒊 é a diferença entre a ordenada 𝒚𝒊 medida para 𝒙𝒊 e o correspondente valor calculado pela equação da reta. Se a melhor curva que passa por estes pontos é a reta desenhada, podemos escrever sua equação na forma 𝑦 = 𝐴𝑥 + 𝐵, onde B é o ponto onde a reta corta o eixo vertical, em 𝑥 = 0 e 𝐴 é a inclinação da reta escolhida. Observando o gráfico da Figura 2 notamos que para o ponto 𝑥𝑖 , o valor experimental corresponde é 𝑦𝑖 , mas, pela reta escolhida, a ordenada correspondente a 𝑥𝑖 será 𝐴𝑥𝑖 + 𝐵. Desta 24 forma, para cada ponto 𝑥𝑖existe uma diferença 𝛿𝑖, ouresíduo, entre o valor experimental medido e o valor de y calculado pela reta: 𝛿𝑖 = 𝑦𝑖 − (𝐴𝑥𝑖 + 𝐵) Alguns resíduos são positivos e outros negativos. Uma grandeza que daria uma visão de “quão boa” é a reta calculada, seria: 𝐷 =∑(𝛿𝑖) 2 =∑[𝑦𝑖 − (𝐴𝑥𝑖 + 𝐵)] 2 (1) a qual representa a soma dos quadrados dos resíduos de todos os pontos. A melhor reta que ajusta os pontos experimentais é aquela que minimiza D, ou seja, deve- se achar os valores de A e B tais que D seja mínimo. Como D é uma função de A e B, para que ele seja mínimo devemos ter como condição necessária, mas não suficiente: 𝜕𝐷 𝜕𝐴 = 0 𝑒 𝜕𝐷 𝜕𝐵 = 0 Derivando a equação 1 tem-se: 𝜕𝐷 𝜕𝐴 = −2∑[𝑦𝑖 − 𝐵 − 𝐴𝑥𝑖]𝑥𝑖 𝑒 𝜕𝐷 𝜕𝐵 = −2∑[𝑦𝑖 − 𝐵 − 𝐴𝑥𝑖] Assim, para que D seja mínimo, devemos ter: ∑[𝑦𝑖 − 𝐵 − 𝐴𝑥𝑖]𝑥𝑖 = 0 𝑒 ∑[𝑦𝑖 − 𝐵 − 𝐴𝑥𝑖] = 0 𝑒𝑞. 2 que é um sistema de duas equações com duas incógnitas A e B que determinam a melhor reta 𝑦 = 𝐴𝑥 + 𝐵, que passa pelos pontos experimentais (𝑥𝑖, 𝑦𝑖). A solução do sistema de equações 2 é simples e dá como resultado os seguintes valores para A e B: 𝐴 = 𝑛∑𝑥𝑖𝑦𝑖 − ∑𝑥𝑖 ∑𝑦𝑖 𝑛∑𝑥𝑖2 − (∑𝑥𝑖) 2 𝐵 = 1 𝑛 [∑𝑦𝑖 − 𝐴∑𝑥𝑖] Todos os somatórios apresentados aqui são para i de 1 até 𝑁, onde 𝑁 é o número de pares de valores experimentais (𝑥𝑖 , 𝑦𝑖). Uma descrição mais completa do método nos permitiria ainda determinar estatisticamente os desvios (incertezas) associadas às constantes A e B calculadas. Aqui serão dados apenas os resultados dos cálculos destes desvios: 25 ∆𝐴 = 𝐷 (𝑛 − 2)√𝑛∑𝑥𝑖2 − (∑𝑥𝑖) 2 𝑒 ∆𝐵 = 𝐷 (𝑛 − 2) √ ∑𝑥𝑖2 𝑛∑𝑥𝑖2 − (∑𝑥𝑖) 2 Observações 1) Existe um parâmetro estatístico, chamado coeficiente de determinação, que permite avaliar a qualidade do ajuste. 2) No método da regressão linear, todos os pares ordenados têm a mesma importância. Em alguns casos, condições físicas impõem que alguns pontos tenham mais importância que outros (muitas vezes, por exemplo, a reta deve passar pela origem). Neste caso, você pode entrar com os correspondentes pares de valores várias vezes para aumentar sua importância nos cálculos. A reta tenderá a passar mais próxima deste ponto. Considerações gerais O processo de superpor uma curva descrita por uma equação a um conjunto de pontos experimentais não se aplica apenas quando a relação entre as grandezas é linear. Sempre que existir algum modelo ou previsão teórica para a relação matemática entre as grandezas, é possível encontrar os parâmetros que ajustem a curva correspondente com os resultados experimentais. O método matemático genérico que permite esse tipo de ajuste é chamado de “Método de Mínimos Quadrados”, pois, como foi exemplificado no caso particular do ajuste da reta, são procurados os parâmetros que minimizem o quadrado das diferenças 𝛿𝑖(eq.1) entre o valor medido e o correspondente valor calculado. Muitos programas atuais de tratamento de dados permitem fazer um ajuste diretamente de uma função matemática estabelecida pelo usuário. Na seção seguinte será apresentado um procedimento que permitirá, através da linearização de um gráfico, usar ainda a regressão linear apresentada na seção 3-1. Tratamento matemático de dados: linearização de gráficos É muito frequente em Física se lidar com fenômenos onde duas grandezas 𝑥 e 𝑦 se relacionam linearmente, ou seja, 𝑦 = 𝐴𝑥 + 𝐵. Nesses casos, a partir da regressão linear dos pares de resultados obtidos (𝑥, 𝑦), é possível encontrar as constantes A e B da reta que melhor se ajusta aos pontos experimentais, conforme descrito na seção anterior. Usando os valores dessas constantes é possível tirar informações importantes relativas ao experimento. 26 Há, obviamente, experimentos onde a relação entre as grandezas estudadas não é linear, o que significa que essas grandezas não estão relacionadas por uma equação de reta. Em situações como esta, a obtenção de informações relevantes ao experimento pode ser feita de mais de uma maneira. Apresenta-se a seguir o procedimento de linearização, usando a Lei de Coulomb como exemplo. Linearização Considere uma situação física onde duas pequenas esferas carregadas positivamente com cargas 𝑞1 e 𝑞2 estão separadas de uma distância 𝑟. Existe uma repulsão elétrica mútua entre elas com forças iguais e opostas 𝑭1 e 𝑭2, como indicado na figura abaixo. Figura 3: Duas cargas positivas 𝒒𝟏 e 𝒒𝟐 separadas por uma distância 𝒓, se repelem com forças 𝑭𝟏 e 𝑭𝟐. Foi realizado um experimento, dispondo-se de um equipamento apropriado, onde se variou a distância 𝑟 entre as cargas e mediu-se o valor do módulo 𝐹 da força de repulsão. Os resultados encontram-se na Tabela 3 e o gráfico de 𝐹 versus 𝑟 é mostrado na Figura 4. A Lei de Coulomb afirma que a força elétrica entre duas cargas pontuais varia com o inverso do quadrado da distância entre elas, ou seja, para valores de cargas constantes, pode-se escrever a lei física, que deve corresponder ao presente experimento, na forma: 𝐹 = 𝐶 𝑟2 onde C é uma constante. 27 Definindo-se uma outra variável 𝑋 igual ao inverso do quadrado de 𝑟, tem-se uma relação entre 𝐹 e 𝑋 que é linear, ou seja, definindo-se uma grandeza 𝑋 = 1/𝑟2, tem-se 𝐹 = 𝐶 𝑋. Assim, construindo-se o gráfico de 𝐹 (ordenada) em função de 𝑋 (abscissa), se encontrará uma reta, pois 𝐹 varia linearmente com o inverso do quadrado de 𝑟. Sendo assim, pode-se fazer uma regressão linear considerando as novas grandezas: Esses resultados são apresentados na Figura 5. Figura 5 – A força entre duas cargas elétricas é linear com o inverso do quadrado da distância entre elas. O procedimento para se linearizar um gráfico depende de cada situação, pois as equações envolvidas na análise do problema é que irão dar a “receita” do que deve ser feito para se encontrarem novas variáveis, que serão funções das anteriores, de maneira que elas tenham relação linear entre si. No caso aqui apresentado, o procedimento foi simplesmente representar a força e o inverso do quadrado da distância. O uso da função logaritmo. Uma maneira muito comum de se procurarem relações que linearizem um gráfico é aplicar a função logaritmo. Entretanto, deve-se ter o cuidado em utilizar esse expediente apenas em situações em que pelo menos uma das variáveis envolvidas no experimento esteja no expoente. Apresenta-se a seguir o procedimento de linearização, usando a função logaritmo. 28 Em um circuito simples, com uma fonte de corrente contínua e tensão 𝑉 ligada em série com um resistor de resistência 𝑅 e um capacitor de capacitância 𝐶, a corrente 𝑖 varia no tempo, durante o processo de carga do capacitor, através da seguinte relação: 𝑖 = 𝑉 𝑅 𝑒−𝑡/𝑅𝐶 Esta função exponencial decrescente pode ser linearizada com o uso da função logaritmo, pois, tomando-se o logaritmo de ambos os lados, tem-se uma nova relação matemática linear: ln 𝑖 = 𝐿𝑛 ( 𝑉 𝑅 ) − 𝑡 𝑅𝐶 𝑌 = 𝐴𝑋 + 𝐵 sendo { 𝑌 = 𝑙𝑛 𝑖 𝑋 = 𝑡 𝐴 = − 1 𝑅𝐶 𝐵 = 𝑙𝑛 (𝑉 𝑅)⁄ O gráfico ln 𝑖 versus 𝑡 será uma reta decrescente com coeficiente angular 𝐴 = −1/𝑅𝐶 e coeficiente linear 𝐵 = 𝑙𝑛(𝑉/𝑅). Ao se fazer a regressão linear nos novos dados, os parâmetros A e B serão ajustados pelo método de mínimos quadrados. É importante chamar a atenção de que o processo de linearização de um gráfico consiste simplesmente em encontrar as ordenadas e abscissas adequadas de forma que a relação entre elas seja linear. Em várias situações o uso da função logaritmo pode ser o processo mais conveniente, mas não é sempre assim. A escolha da maneira mais conveniente para se fazer a linearização de um gráfico deve serorientada no sentido de se obter, de forma mais simples, as constantes procuradas. 2. Atividades 1. A tabela abaixo mostra o deslocamento ∆𝑥 em função do tempo 𝑡 de uma partícula, em movimento uniforme, sobre uma superfície horizontal. (∆𝑥 ± 0,001) m 0 0,340 0,670 0,980 1,380 1,630 𝑡 (s) ± 3% 0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 (a) Construa o gráfico ∆𝑥 versus 𝑡 no papel milimetrado. 29 (b) É possível traçar no gráfico uma reta que, visualmente, melhor equilibra os pontos medidos e, então, determinar os valores dos coeficientes angular A e linear B. O valor de B é a ordenada do ponto onde a reta corta o eixo y e o valor de A é a inclinação da reta, que pode ser calculada escolhendo-se dois pontos. Faça isso. (c) Qual é o significado físico das constantes A e B? (d) Construa, novamente, o gráfico ∆𝑥 versus 𝑡 , mas, com auxílio do programa Scidavis e determine as constantes A e B através de uma regressão linear. 2. Uma partícula, em um plano horizontal, parte do repouso em um movimento com aceleração constante. A tabela abaixo mostra o deslocamento ∆𝑥 em função do tempo 𝑡. (∆𝑥 ± 0,001) m 0 0,210 0,440 0,830 1,230 1,810 2,420 3,170 𝑡 (s) ± 3% 0 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 (a) Com auxílio do programa Scidavis, construa o gráfico ∆𝑥 versus t. Esse gráfico é linear? Em um movimento com aceleração constante, a posição varia no tempo através da relação: 𝑥 = 𝑥0 + 𝑣0𝑡 + 𝑎𝑡2 2 Como, inicialmente, a partícula estava em repouso (𝑣0 = 0) e ∆𝑥 = 𝑥 − 𝑥0, podemos escrever: ∆𝑥 = 𝑎𝑡2 2 (b) Faça uma linearização da função anterior e construa um gráfico linear com os novos dados. Qual é o significado físico dos coeficientes angular A e linear B? Determine-os através de uma regressão linear. 3. Sabemos que quando dois objetos, com temperaturas diferentes, são colocados em contato térmico, há transferência de calor do objeto mais quente para o mais frio, até ambos atingirem a mesma temperatura. Segundo a lei de resfriamento de Newton, a taxa de resfriamento de um corpo em contato com o ambiente à temperatura 𝑇𝑎 é dada por 𝑑∆𝑇 𝑑𝑡 = −𝑘∆𝑇, 30 em que ∆𝑇 é a diferença entre a temperatura da superfície do corpo (𝑇) e do ambiente (𝑇𝑎). É possível demonstrar que a solução dessa equação diferencial é ∆𝑇 = ∆𝑇0𝑒 −𝑘𝑡 em que ∆𝑇0 é a diferença entre a temperatura do corpo e do ambiente no instante de tempo 𝑡 = 0. A constante 𝑘 depende da superfície do corpo exposta ao ambiente, assim como das características do meio que constitui o ambiente. A equação anterior pode ser escrita como 𝑇 = 𝑇𝑎 + ∆𝑇0𝑒 −𝑘𝑡. A tabela a seguir mostra a temperatura em função do tempo da glicerina em contato com um fluxo de ar contínuo. (a) Com auxílio do programa Scidavis, construa o gráfico 𝑇 versus 𝑡. (b) Determine a constante 𝑘 e a temperatura ambiente 𝑇𝑎 através do ajuste de uma função exponencial (ou através de uma linearização). Tempo (min) ± 3% (Temperatura ± 0,5) 0C 0 130,0 1 116,5 2 108,7 3 91,1 4 75,0 5 62,0 6 53,3 7 47,0 8 42,4 9 38,8 10 36,2 15 28,0 20 26,0 25 25,5 30 25,2 35 25,2 36 25,2 37 25,2 38 25,2 31 Movimento Unidimensional 1. Introdução Tudo se move. Mesmo as coisas que parecem estar em repouso. Elas se movem em relação ao Sol e às estrelas. Enquanto você está lendo isto, está se movendo a aproximadamente 107 000 quilômetros por hora em relação ao Sol [1]. Se uma pessoa caminha no interior de um trem em movimento, sua velocidade em relação ao piso do trem é diferente de sua velocidade relativa aos trilhos. O movimento é relativo. Quando dizemos que a velocidade de um carro é 60 km/h, queremos dizer que tal velocidade é relativa a um ponto fixo na estrada. A menos que seja dito outra coisa, sempre que nos referirmos à velocidade com que um objeto se move em nosso ambiente, estaremos supondo-a relativa a um ponto estacionário em relação à superfície da Terra. Uma forma compacta de descrever a posição de um objeto em movimento unidimensional é construir um gráfico da posição 𝑥 em função do tempo 𝑡, ou seja, um gráfico de 𝑥(𝑡). A partir dos dados de posição e tempo, podemos determinar a velocidade média, medv , do objeto entre dois instantes 𝑡1 e 𝑡2 como: t x tt xx vmed = − − = 12 12 (1) em que 𝑥1 e 𝑥2 são as posições nos instantes 𝑡1 e 𝑡2, respectivamente. Em um gráfico de 𝑥(𝑡), medv é a inclinação da reta secante que liga os pontos de coordenadas (𝑡1,, 𝑥1) e (𝑡2, 𝑥2). Objetos em movimento frequentemente sofrem variações em sua velocidade. Neste caso, a velocidade em um dado instante é obtida a partir da velocidade média reduzindo o intervalo de tempo ∆𝑡 até torná-lo próximo de zero. Quando ∆𝑡 diminui, a velocidade média se aproxima cada vez mais de um valor limite, que é a velocidade instantânea: dt dx t x v t = = → lim 0 (2) Em um gráfico de 𝑥(𝑡) a velocidade instantânea 𝑣, em qualquer instante, é a inclinação da curva secante que representa a posição em função do tempo no instante considerado. Quando a velocidade do objeto varia, diz-se que o objeto sofreu uma aceleração. Para movimentos unidimensionais a aceleração média em um intervalo de tempo ∆t é: t v tt vv amed = − − = 12 12 (3) 32 onde a partícula tem velocidade 𝑣1, no instante 𝑡1 e velocidade 𝑣2, no instante 𝑡2. A aceleração instantânea (ou, simplesmente aceleração) é dada por: dt dv t v a t = = → lim 0 Graficamente, a aceleração instantânea em qualquer instante é a inclinação da curva tangente em um gráfico 𝑣(𝑡). 2 – Parte Experimental Objetivos: Aprender a construir e interpretar gráficos dos movimentos uniformes e variados unidimensionais. Material Utilizado: Plano inclinado com sensores e cronômetro. Procedimentos 1: Movimento Retilíneo Uniforme 1. Monte o equipamento, conforme Figura 1 (a), com uma inclinação de 150. (a) (b) Figura 1: Esfera em um tubo inclinado com fluido viscoso (fonte: www.cidepe.com.br). 2. Com auxílio do imã posicione a esfera, que está no interior do tubo com meio viscoso, a 20 mm antes da marca 0 mm da escala – Figura 1 (b). 3. Libere a esfera e meça o intervalo de tempo transcorrido desde a passagem da esfera pela posição 𝑥0 = 0 m até a posição 𝑥0 = 0,100 m. Repita o procedimento para as posições especificadas na Tabela 1. (𝑥 ± 0,001) m 0 0,100 0,200 0,300 0,400 (𝑡 ± 3%) s 0 Tabela 1: Posição x da esfera em função do tempo t, quando o ângulo de inclinação do tubo é 150. 4. Com os dados da Tabela 1 e com auxílio do programa Scidavis, construa o gráfico de 𝑥(𝑡). http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.cidepe.com.br/assets/img/content/products/plano_inclinado_kersting_eq001f_004.jpg&imgrefurl=http://www.cidepe.com.br/pt/produtos/engenharia/fenomenos-de-transporte/plano-inclinado-kersting-eq001f&h=450&w=640&tbnid=1DI6xGY5a7DifM:&zoom=1&docid=3fO-ccZAq0IPgM&itg=1&ei=GG7eVMO_MoaxyASxu4LAAQ&tbm=isch&ved=0CCwQMygPMA8 http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.cidepe.com.br/assets/img/content/products/plano_inclinado_kersting_eq001f_001.jpg&imgrefurl=http://www.cidepe.com.br/pt/produtos/arquitetura/todos/plano-inclinado-kersting-eq001f&h=331&w=640&tbnid=A0OPf0cQN7f9mM:&zoom=1&docid=Z8lpsILIKwOmsM&ei=GG7eVMO_MoaxyASxu4LAAQ&tbm=isch&ved=0CCgQMygLMAs 33 5. Este gráfico é linear? Qual o significado físico da inclinação da reta (coeficiente angular)? 6. Determine, através do gráfico de 𝑥(𝑡), o módulo da velocidade da esfera. 7. No movimento retilíneo uniforme a velocidade é constante e a função posição em função do tempo é 𝑥(𝑡) = 𝑥0 + 𝑣𝑡. Então, escreva esta função parao movimento da esfera e determine a posição que a esfera deveria ocupar após 10 s de movimento. Procedimentos 2: Movimento Retilíneo Acelerado (Apenas para os laboratórios do Coração Eucarístico) 1. Monte o equipamento, conforme a Figura 3, com uma inclinação de 20. Figura 3 Esfera metálica no Plano inclinado (fonte: www.cidepe.com.br) 2. Libere a esfera do repouso, na calha lateral do plano inclinado, em 𝑥0 = 0 mm e meça o intervalo de tempo transcorrido até a esfera chegar à posição 𝑥 = 0,050 m. Repita o procedimento para as posições especificadas na Tabela 3 (𝑥 ± 0,001) m 0 0,050 0,100 0,150 0,200 0,250 0,300 0,350 0,400 (𝑡 ± 3%) s 0 Tabela 3: Posição x da esfera em função do tempo t, quando o ângulo de inclinação do plano é 20. 3. Com os dados da Tabela 3 construa o gráfico de 𝑥(𝑡). 4. Qual é o significado físico da inclinação da reta tangente a um ponto da curva 𝑥(𝑡)? 5. O que acontece com a inclinação da reta tangente a cada ponto da curva 𝑥(𝑡) à medida que o tempo passa? 6. Aceleração do movimento é zero ou diferente de zero? No movimento retilíneo uniformemente variado a aceleração é constante e a função posição em função do tempo é 𝑥(𝑡) = 𝑥0 + 𝑣0𝑡 + (𝑎𝑡 2) 2⁄ . Fazendo-se 𝑥0 = 0 e 𝑣0 = 0, a função resume-se a 𝑥(𝑡) = 1 2 𝑎𝑡2 Discuta com seu grupo de trabalho e seu professor procedimentos simples para determinar experimentalmente a aceleração do objeto a partir dos dados da Tabela 3. 34 Procedimentos 3: Movimento Retilíneo Acelerado (Atividade para os laboratórios das unidades Contagem, Praça da Liberdade e São Gabriel) 1. Monte o equipamento, conforme Figura 2, com uma inclinação de 50. Figura 2- Plano Inclinado CIDEPE com sensor (fonte: www.cidepe.com.br) 2. A primeira faixa azul da régua sobre o objeto móvel deve tangenciar a abertura do sensor. Esta será a posição 𝑥0 = 0. 3. Meça a posição do objeto móvel em função do tempo. Consulte as instruções de manuseio do multicronômetro. Anote os resultados na Tabela 2. (𝑡 ± 3%) s (𝑥 ± 0,001) m 0 0 0,018 0,036 0,054 0,072 0,090 0,108 0,126 0,144 0,162 0,180 Tabela 2: Posição x do objeto móvel em função do tempo t. 4. Com os dados da Tabela 2, construa o gráfico de 𝑥(𝑡). 5. Qual é o significado físico da inclinação da reta tangente a um ponto da curva 𝑥(𝑡)? 6. O que acontece com a inclinação da reta tangente a cada ponto da curva 𝑥(𝑡) à medida que o tempo passa? 7. Aceleração do movimento é zero ou diferente de zero? http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.cidepe.com.br/assets/img/content/products/plano_inclinado_sensores_multicronometro_eq001p_1.jpg&imgrefurl=http://www.cidepe.com.br/pt/produtos/conjuntos/conjuntos-de-fisica/plano-inclinado-com-sensores-e-multicronometro-de-rolagem-de-dados-eq001p&h=450&w=640&tbnid=oZQnkG-veteSfM:&zoom=1&docid=cve4ULf1V2wrPM&ei=GG7eVMO_MoaxyASxu4LAAQ&tbm=isch&ved=0CCoQMygNMA0 35 8. No movimento retilíneo uniformemente variado a aceleração é constante e a função posição em função do tempo é 𝑥(𝑡) = 𝑥0 + 𝑣0𝑡 + (𝑎𝑡 2) 2⁄ . Fazendo-se 𝑥0 = 0 e 𝑣0 = 0, a função resume-se em 𝑥(𝑡) = 𝑎𝑡2 2⁄ . Discuta com seu grupo de trabalho e seu professor procedimentos simples para determinar experimentalmente a aceleração do objeto a partir dos dados da Tabela 2. 36 movimento de um projétil 1. Introdução Um projétil é um corpo que se move em um plano vertical com velocidade inicial �⃗� e com uma aceleração constante igual à aceleração de queda livre �⃗�, dirigida para baixo. A Figura 1 mostra a trajetória de um projétil após abandonar uma superfície horizontal com velocidade horizontal �⃗� e onde o efeito do arraste do ar pode ser ignorado. Durante esse movimento bidimensional deste projétil a velocidade �⃗� aumenta continuamente. Como o vetor aceleração da gravidade �⃗� só possui componente vertical, o projétil não possui aceleração horizontal. Portanto de acordo com a figura 1, a componente horizontal da velocidade permanece constante e a componente vertical aumenta continuamente. O movimento de projéteis parece complicado, mas temos a seguinte propriedade simplificadora (demonstrada experimentalmente): No movimento de projéteis, o movimento horizontal e o movimento vertical são independentes, ou seja, um não afeta o outro e ocorrem ao mesmo tempo. Figura 1: Trajetória de um projétil ao abandonar uma superfície horizontal com velocidade �⃗⃗⃗�. São mostradas as velocidades em alguns pontos ao longo da trajetória, juntamente com suas componentes. Observe que a componente horizontal da velocidade permanece constante, mas a componente vertical aumenta continuamente. Esta propriedade permite decompor um problema que envolve um movimento bidimensional em dois problemas unidimensionais independentes e mais fáceis de serem resolvidos, um para o movimento horizontal (com aceleração nula), no qual tvx x= (1) e outro para o movimento vertical (com aceleração constante igual a �⃗� para baixo), no qual 𝑦 = 𝑦0 + 𝑣0𝑦 𝑡 + 𝑔𝑡2 2 (2) 37 2 – Parte Experimental Objetivo: Comparar as características dos movimentos ao longo dos eixos x e y, ou seja, verificar se o movimento do projétil é descrito pelas equações (1) e (2). Material Utilizado: Uma esfera de metal, uma rampa de altura ajustável, uma régua e um cronômetro. Procedimentos: Figura 2: Uma esfera parte do repouso no ponto A e abandona uma superfície horizontal ao passar pelo ponto B. A esfera percorre uma distância horizontal x, com velocidade horizontal constante, até chocar-se com um anteparo. 1. Abandone a esfera no topo da rampa, a uma altura h em relação à mesa. 2. Posicione o anteparo a uma distância horizontal 𝑥 da rampa. 3. Meça o tempo do movimento da esfera, a partir do momento em que deixa a rampa até se chocar com o anteparo. 4. Meça a distância vertical 𝑦 que a esfera percorre da posição B até se chocar com o anteparo. Varie a distância 𝑥 e repita os procedimentos anteriores. Anote todos os resultados na Tabela 1. 38 𝒙 (m) 𝒚 (m) 𝒕(s) 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 0,700 0,800 Tabela 1: Distância horizontal x e distância vertical y que o projétil percorre em um intervalo de tempo t. 3. Analise de dados e Cálculos a) Construa o gráfico 𝑥 versus 𝑡 , com auxílio do programa Scidavis. Faça uma regressão linear e determine a componente horizontal 𝑣0𝑥 da velocidade de lançamento, com sua respectiva incerteza, comparando a equação empírica obtida com a equação (1). b) Construa o gráfico 𝑦 versus 𝑡, com auxílio do programa Scidavis. Utilizando um ajuste polinomial de grau 2, determine os valores de 𝑦0 , 𝑣0𝑦 e de 𝑔, com suas respectivas incertezas, comparando a equação empírica obtida com a equação (2). c) Construa o gráfico 𝑦 versus 𝑡2 , com auxílio do programa Scidavis. Faça a regressão linear e, considerando que 𝑣𝑜𝑦 = 0, determine novamente os valores de 𝑦0 e 𝑔. d) Com os resultados obtidos de 𝑣0𝑥 , 𝑣0𝑦 e 𝑔 , escreva as equações para as componentes 𝑣𝑥 e 𝑣𝑦 da esfera em função do tempo. e) Calcule o módulo da velocidade e a direção (o ângulo) da velocidade, medido em relação ao eixo 𝑥, no instante 𝑡 = 0,5 𝑠. f) Escreva a equação para a trajetória da esfera, que deve ser uma parábola (quando se despreza a resistência do ar). 39 Atrito Estático e cinético Atrito estático 1. Introdução A força de atrito estático, 𝑓𝑒, atua em um corpo em repouso em relação a uma superfície, sempre que o mesmo tende a deslizar sobre esta superfície. Essa força varia desde zero, quando não há tendência de movimento do corpo relativo à superfície,até o valor máximo, quando o corpo estiver na iminência de se mover relativamente à superfície, ou seja: 0 ≤ 𝑓𝑒 ≤ 𝜇𝑒𝑁 onde 𝜇𝑒 é o coeficiente de atrito estático (depende basicamente da natureza das superfícies e é praticamente independente da área de contato entre elas) e 𝑁 a força que a superfície exerce sobre o corpo, sempre normal ao ponto ou região de contato. Daí a força de atrito estático máxima é 𝑓𝑒,𝑚𝑎𝑥 = 𝜇𝑒𝑁 Nessa prática serão estudadas duas maneiras simples de se determinar o coeficiente de atrito estático entre duas superfícies. 2 – Parte Experimental Objetivo: Determinar o coeficiente de atrito estático entre duas superfícies. Material necessário: - 01 plano inclinado com escala de 0 a 45º; - 01 rampa auxiliar; - 01 corpo de prova de madeira com uma face esponjosa; - 01 cilindro maciço; - 01 dinamômetro; - 01 balança digital. Procedimento 1: determinação de µe usando dinamômetro - Determine a massa do corpo de prova: 1) Com o plano inclinado na horizontal, coloque o bloco sem carga com a face de madeira sobre a rampa auxiliar, conectado ao dinamômetro paralelo à superfície, conforme a Figura 1. Figura 1: montagem da prática. 40 Aumente gradativamente a força aplicada através do dinamômetro. 2) Registre o valor aproximado da menor força aplicada capaz de iniciar o movimento entre as superfícies (não se esqueça da incerteza): - Desenhe um diagrama de forças atuando sobre o bloco. Determine o valor da força normal, 𝑁, entre a mesa e o bloco. - Como 𝑓𝑒,𝑚𝑎𝑥 = 𝐹𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑟 𝑚𝑜𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 determine o valor do coeficiente de atrito estático entre as duas superfícies. 3) Repita todo o procedimento colocando uma carga (cilindro maciço) de massa 𝑚 = ___________𝑘𝑔 sobre o bloco. Responda e justifique as questões abaixo: - Por que as forças externas aplicadas inicialmente, dentro de um certo limite, não foram suficientes para movimentar o bloco? - Há diferença na estimativa da força mínima para iniciar o movimento nos dois casos (com e sem carga sobre o bloco)? E em relação à força normal agindo sobre o bloco nos dois casos? - Houve diferença na estimativa do coeficiente de atrito estático entre as superfícies nos dois casos? - Haveria alguma diferença se a face esponjosa do bloco estivesse em contato com a rampa auxiliar? Procedimento 2: determinação de µe usando plano inclinado - Monte o plano inclinado com a rampa auxiliar (que deve estar limpa antes de começar o experimento). Coloque o corpo de prova com a face de madeira em contato com a rampa auxiliar, com pequeno ângulo de inclinação, de modo que o bloco fique estático. - Desenhe um diagrama de corpo livre do bloco na rampa. - Demonstre que quando o objeto está na iminência de se mover, na inclinação crítica θc, o coeficiente de atrito estático é dado por 𝜇𝑒 = 𝑡𝑎𝑛𝜃𝑐 1) Eleve com a mão a inclinação da rampa lentamente, até que o objeto esteja prestes a se mover. Anote o valor desse ângulo crítico na Tabela 2, e estime o correspondente valor de µe; 2) Diminua a inclinação da rampa, e repita o procedimento (1) por cinco vezes. 3) Calcule o valor médio e o desvio médio de θc. e µe. 41 i Face de madeira θ µe 1 2 3 4 5 Média Desvio médio Tabela 2: medidas do ângulo crítico e coeficiente de atrito estático - Considerando uma tolerância de 10%, as estimativas de µe entre os procedimentos 1 (sem carga) e 2 são diferentes? Se sim, explique porque, já que as superfícies são as mesmas. Atrito Cinético 3. Introdução A força de atrito cinético é aquela que age sobre um corpo quando em movimento relativo à superfície de apoio. Em se tratando de superfícies sólidas, a experiência tem mostrado que a força de atrito é praticamente constante e depende apenas das superfícies e da força normal que uma superfície exerce sobre a outra. A força de atrito cinético é dada por: 𝑓𝑐 = 𝜇𝑐𝑁 onde 𝜇𝑐 é o coeficiente de atrito cinético e 𝑁 é a força normal que a superfície exerce sobre o corpo, sempre normal ao ponto ou região de contato. O coeficiente de atrito é uma quantidade adimensional e deve ser determinado experimentalmente. Seu valor depende das propriedades do corpo e da superfície em que este está em contato. Em geral, o coeficiente de atrito cinético é menor que o coeficiente de atrito estático. Portanto, a intensidade da força de atrito cinético é menor do que a intensidade máxima da força de atrito estático que age sobre o corpo em repouso. 4 – Parte Experimental 1. Abandone o objeto sobre uma superfície inclinada, em relação à horizontal, conforme Figura 1, para que o objeto desça em movimento acelerado. 2. Meça o tempo para o objeto percorrer as distâncias 𝑑1 = 0,10 m, 𝑑2 = 0,20 m, etc.. Anote os resultados na Tabela1. 42 Figura 1: Um objeto é abandonado sobre uma superfície inclinada para descer em movimento acelerado. 𝑑 (m) 0 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 0,700 0,800 0,900 1,000 𝑡 (s) 0 𝑡2(s2) 0 Tabela1: distância 𝒅(m) percorrida pelo objeto, sobre um plano inclinado, em um tempo t(s). O movimento do objeto sobre o plano inclinado é acelerado, com aceleração 𝑎 constante. Portanto, seu movimento é descrito pela equação. 𝑑 = 𝑎 2 𝑡2, (3) Considerando que o objeto parte do repouso, isto é, com velocidade inicial igual a zero. 3.Construa o gráfico 𝑑 versus 𝑡, com auxílio do programa Scidavis. O resultado está de acordo com o esperado? 4.Construa o gráfico 𝑑 versus 𝑡2, com auxílio do programa Scidavis. Faça uma regressão linear e determine a aceleração do movimento, com sua respectiva incerteza, comparando a equação empírica obtida com a equação (3). 5. Meça a massa do objeto e determine a força resultante que atua sobre ele. 6. Faça um desenho, mostrando todas as forças que atuam no objeto. 7. Determine o módulo da força de atrito que atua no objeto. Observação: Neste cálculo você precisará do valor do ângulo de inclinação da superfície. Uma sugestão é medir as dimensões 𝑥 e 𝑦, mostradas na Figura 1, e considerar que 𝜃 = tan−1(𝑦/𝑥). 8. Determine o módulo da força normal que age sobre o objeto. 9. Determine o coeficiente de atrito cinético entre o objeto e a superfície. 43 Princípio de Arquimedes 1 – Introdução Um objeto, ao ser mergulhado em um fluido qualquer, fica sujeito a uma força de baixo para cima devida à diferença entre as pressões nas partes superior e inferior desse objeto. O módulo 𝐸 dessa força, chamada de empuxo, é igual ao peso do fluido contido em um volume idêntico ao volume submerso do corpo no fluido, ou seja, 𝐸 = 𝜌𝑔𝑉, em que 𝜌 é a densidade do fluido, 𝑔 é a aceleração da gravidade e 𝑉 é o volume submerso do corpo no fluido. Esse resultado é conhecido como Princípio de Arquimedes. Considere o objeto pendurado em um dinamômetro, como mostrado na parte a da Figura 1. Nessa situação, a leitura no dinamômetro é 𝑃. Em seguida, esse objeto é imerso em um líquido e, ao atingir o equilíbrio, a leitura no dinamômetro passa a ser 𝑃’, como mostrado na parte b da mesma figura. Note-se que, nessa situação, 𝑃´ = 𝑃 − 𝜌𝑔𝑉. Então, medindo-se o peso aparente 𝑃’ e o volume 𝑉 submerso do objeto, pode-se determinar a densidade do líquido. Figura 1: Representação das forças que agem sobre um objeto. Em (a), o dinamômetro indica o peso P; em (b), o dinamômetro indica o peso aparente P’. Figura adaptada da Ref. [1]. 2 – Parte Experimental 44 Objetivo: Determinar a densidade de um líquido. Material Utilizado: cilindro de alumínio graduado, paquímetro, béquer de 250 ml, dinamômetro, líquido de densidade desconhecida, haste com suporte. Procedimentos: • Utilizeo dinamômetro para determinar o peso do cilindro de alumínio, com sua respectiva incerteza avaliada (incerteza ou desvio avaliado é a metade da menor divisão do aparelho). 𝑃 = _________________________ • Meça com o paquímetro o diâmetro d e a altura h do cilindro de alumínio. Anote os resultados com as respectivas incertezas avaliadas. 𝑑 = _____________ ℎ = _____________ • O volume do cilindro de alumínio é 𝑉 = 𝜋𝑑2 4 ℎ. O desvio absoluto ∆𝑉 do volume pode ser obtido pela relação ∆𝑉 𝑉 = 2 ∆𝑑 𝑑 + ∆ℎ ℎ em que ∆𝑑 e ∆ℎ são os desvios avaliados de 𝑑 e ℎ, respectivamente. Então, especifique o volume do cilindro com sua respectiva incerteza. 𝑉 = _______________ • Mergulhe o cilindro, ainda pendurado no dinamômetro, gradualmente no líquido. Para cada graduação do cilindro, registre o valor do peso aparente 𝑃´e o volume mergulhado 𝑉. Anote os resultados em uma tabela. • Construa o gráfico de 𝑃´em função de 𝑉, com auxílio do programa Scidavis. Faça uma regressão linear para obter uma equação empírica do tipo 𝑃´ = 𝑎𝑉 + 𝑏, na qual 𝑎 e 𝑏 são os coeficientes angular e linear da reta, respectivamente. • Qual é o significado físico do parâmetro 𝑏? Compare-o com o resultado esperado. • Qual é o significado físico do parâmetro 𝑎? Determine a densidade do líquido. 45 • Compare o resultado encontrado com os valores mostrados na Tabela 1 e veja se é possível identificar o líquido utilizado. Líquido 𝝆 (g/cm3) Água 1,00 ± 0,01 Benzeno 0,90 ± 0,01 Etanol 0,80 ± 0,02 Éter 0,72 ± 0,01 Glicerina 1,26 ± 0,01 Mercúrio 13,6 ± 0,1 Tabela1: Densidades de alguns líquidos à temperatura ambiente (20ºC). 46 Princípio de Bernoulli 1 – Introdução Nesta prática teremos a oportunidade de utilizar as equações de continuidade e de Bernoulli para prever qual seria a velocidade de escoamento de água por um furo em uma garrafa PET. Faremos medidas que nos permitirão medir essa velocidade e assim verificar a validade dos cálculos feitos. 2 – PARTE EXPERIMENTAL 1. Coloque um par de gominhas como na foto. Nosso objetivo é calcular de três formas diferentes qual será a vazão de saída da água pelo furo quando o nível da água da garrafa estiver entre as gominhas. Estas gominhas devem ter uma distância de cerca de 2 cm entre si e devem ficar no ponto mais alto possível, antes da garrafa afunilar. 2. Encha a garrafa PET de água. Deixe que a água escorra pelo furo e observe. 3. Primeiro vamos obter uma previsão da velocidade de escoamento da água sem observar o vazamento em si, vamos medir apenas as condições do vazamento, observando apenas a garrafa vazia. 47 1) Cálculo da velocidade DE ESCOAMENTO Cálculo da velocidade usando a equação de Bernoulli: A equação de Bernoulli nos permite estimar a velocidade de escoamento da água pelo furo em função da altura do nível da água. Meça essa altura e calcule a velocidade utilizando a equação de Bernoulli P + ρgh + 1 2 ρv2 = constante Dica: você pode aplicar a equação de Bernoulli utilizando o furo e o nível da água. Como a velocidade de escoamento pelo furo é muito maior que a velocidade de descida do nível da água, você pode considerar que esta velocidade de descida do nível da água é praticamente zero. As pressões nesses dois pontos são iguais à pressão atmosférica.) Agora vamos fazer medidas dessa velocidade observando o vazamento em si. Vamos medir a velocidade de escoamento por dois métodos diferentes. 2) Cálculo da velocidade usando o movimento de projétil i. Após sair do furo, a água faz uma trajetória de movimento de projétil, sua velocidade de saída do furo é horizontal. ii. Medindo a altura que a água cai, ∆𝑦, a partir do furo até chegar ao “chão”, podemos calcular seu tempo de queda. Este movimento vertical da água é um movimento uniformemente acelerado com aceleração 𝑔=9,81m/s2. Sendo assim, vale ∆𝑦 = 𝑣0𝑦𝑡 + (1 2)𝑔𝑡 2⁄ , sendo 𝑣0𝑦 = 0. iii. Como o movimento horizontal de um projétil tem velocidade constante, temos que a velocidade com a qual a água sai do furo é igual ao alcance horizontal da água percorrido durante a queda, 𝑥, dividido pelo tempo de queda: 𝑣 = 𝑥/ 𝑡. (O tempo de queda foi calculado no item anterior.) iv. Faça as medidas de 𝑥 e ∆𝑦 e utilize-as para calcular a velocidade da água ao sair da garrafa. 3) Cálculo da velocidade usando a equação de continuidade: Podemos medir a velocidade de descida do nível da água dividindo a distância entre as gominhas pelo tempo que o nível gasta para descer de uma até outra. Faça as medidas e calcule essa velocidade. i. Faça medidas que te permitam calcular a área da seção reta da garrada. ii. Faça medidas que te permitam calcular a área da seção reta do furo. 48 iii. Utilize a equação de continuidade de escoamento dos fluidos, as áreas da seção reta da garrafa e do furo e a velocidade medida da descida no nível da água na garrafa para calcular a velocidade da água ao sair pelo furo. Análise dos resultados e cálculos a. Encontre um valor médio para a velocidade utilizando os três resultados obtidos. b. Calcule a vazão de água pelo furo através do valor de velocidade encontrado. c. Calcule em quanto tempo a garrafa, com 2 litros de água, esvaziaria mantivesse essa vazão continuamente. 49 Sistema Massa-Mola 1 – Introdução Na Figura 1, um objeto de massa 𝑚 pendurado, em equilíbrio, na extremidade de uma mola de constante elástica 𝑘 e de massa desprezível produz, nela, um alongamento 𝑥0. A mola faz uma força 𝐹 contrária, tendendo a voltar ao seu comprimento original, proporcional à sua elongação. Matematicamente escrevemos: 𝐹 = −𝑘𝑥0 (1) Na situação de equilíbrio (repouso), o módulo do peso do objeto é igual ao módulo da força que a mola exerce nele, ou seja, 𝑘𝑥0 = 𝑚𝑔 (2) Figura 1: Uma mola sofre uma deformação x0, quando um objeto de peso P é colocado em sua extremidade. Na situação de equilíbrio a mola exerce sobre o objeto uma força de módulo 𝑭 = 𝑷. Fazendo-se um pequeno deslocamento 𝑥𝑚, a partir da posição de equilíbrio, e soltando-se o objeto, o sistema passa a oscilar, executando um movimento periódico (Movimento Harmônico simples). Sabe-se, pela 2ª lei de Newton, que 𝐹 = 𝑚𝑎 = 𝑚 𝑑2𝑥 𝑑𝑡2 . No caso da mola, escreve-se −𝑘𝑥 = 𝑚 𝑑2𝑥 𝑑𝑡2 . (3) Na equação (3) 𝑥 é a posição do objeto, em relação à posição de equilíbrio 𝑥0. Como a posição do objeto varia com o tempo, deve-se encontrar uma função x(t) que seja solução da equação 50 diferencial (3). Uma das soluções possíveis desta equação, e que se ajusta à nossa situação física é: 𝑥 = 𝑥𝑚 cos(𝜔𝑡), (4) com 𝜔 = √ 𝑘 𝑚 . (5) Para interpretar a constante 𝜔, denominada frequência angular do movimento periódico, notamos primeiramente que o deslocamento 𝑥(𝑡) deve ser igual a 𝑥(𝑡 + 𝑇) , onde T é o período do movimento. Nesse caso podemos escrever: 𝑥𝑚 cos(𝜔𝑡) = 𝑥𝑚 cos(𝜔𝑡 + 𝜔𝑇) Como a função cosseno se repete pela primeira vez quando o argumento aumenta 2𝜋 rad, conclui-se que: 𝜔𝑇 = 2𝜋, ou seja, 𝜔 = 2𝜋 𝑇 . (6) 2 – Parte Experimental Objetivo: Determinar a constante elástica de uma mola. Material Utilizado: régua, cronômetro, suporte e objetos de massas conhecidas. Procedimento 1: • Monte o experimento, conforme figura 1, colocando apenas um objeto na extremidade da mola. • Meça o comprimento 𝑥0. • Acrescente os demais objetos, um por vez, e meça o comprimento 𝑥0. Anote os resultados na Tabela 1. 51 𝑚 (kg) 0 𝐹 (N) 0 𝑥0 (m) 0 Tabela 1: Valores da massa colocada na extremidade da mola e os correspondentesvalores da força elástica F e deformação 𝒙𝟎. • Construa o gráfico 𝐹 versus 𝑥0, com auxílio do programa Scidavis. Faça uma regressão linear e compare a equação empírica obtida com a equação (1) para determinar a constante elástica da mola. Procedimento 2: • Monte o experimento, conforme figura 1, colocando apenas um objeto na extremidade da mola. Dê um pequeno deslocamento vertical e meça o período de oscilação. Sugestão: Meça o tempo de cinco oscilações ou mais e divida o resultado pelo número de oscilações para obter o valor mais provável do período. • Acrescente os demais objetos, um por vez, e meça o período de oscilação. Anote os resultados na Tabela 2. • Use a equação (6) para calcular a frequência angular 𝜔. Complete a tabela. • Observe a equação (5) e pense qual gráfico linear deve ser construído para que a inclinação nos forneça k. Construa o gráfico com auxílio do programa Scidavis. Faça uma regressão linear e determine a constante elástica k através da equação empírica obtida. • Verifique se o valor encontrado é próximo do obtido no procedimento 1. 𝑚 (kg) 𝑇 (s) 𝜔 (rad/s) Tabela 2: Período de oscilação T e frequência angular 𝝎 em função da massa m. 52 Pêndulo Simples 1 – Introdução O pêndulo simples é um exemplo de oscilador harmônico simples no qual a força de retorno está associada à gravitação e não às propriedades elásticas de um fio ou de uma mola. O pêndulo simples é composto por uma partícula de massa 𝑚 suspensa por uma das extremidades de um fio inextensível, de massa desprezível e comprimento 𝐿, cuja outra extremidade está fixa, como na Figura 1. As forças que agem sobre a partícula de massa 𝑚 são a tração �⃗⃗� exercida pelo fio e a força gravitacional �⃗⃗� , como mostra a Figura 1, onde o fio faz um ângulo 𝜃 com a vertical. Decompomos P em uma componente radial 𝑃𝑐𝑜𝑠 𝜃 e uma componente 𝑃𝑠𝑒𝑛 𝜃 que é tangente à trajetória da partícula. A componente tangencial produz um torque restaurador em relação ao ponto fixo do pêndulo porque sempre age no sentido oposto ao do deslocamento do peso, tendendo a levá-lo de volta ao ponto central. O ponto central (𝜃 = 0) é chamado de posição de equilíbrio porque o pêndulo ficaria em repouso neste ponto se parasse de oscilar. Figura 1: As forças que agem sobre a partícula de massa 𝒎 são a tração �⃗⃗⃗� exercida pelo fio e a força gravitacional �⃗⃗⃗�. Figura adaptada da referência [1]. O torque restaurador pode ser escrito na forma 𝜏 = −𝐿(𝑃𝑠𝑒𝑛 𝜃), (1) em que o sinal negativo indica que o torque age no sentido de reduzir 𝜃 e 𝐿 é o braço de alavanca da componente 𝑃𝑠𝑒𝑛 𝜃 da força gravitacional em relação ao ponto fixo do pêndulo. 53 De acordo com a segunda lei de Newton, o módulo do torque resultante 𝜏 é 𝜏 = 𝐼𝛼, (2) na qual 𝐼 é o momento de inércia do corpo em relação ao eixo de rotação 𝛼 = 𝑑2𝜃 𝑑𝑡2 é a aceleração angular. Combinando as equações (1) e (2), e substituindo 𝑃 por 𝑚𝑔, obtemos 𝑑2𝜃 𝑑𝑡2 = − 𝑚𝑔𝐿 𝐼 𝑠𝑒𝑛 𝜃. (3) Podemos simplificar a equação (3) supondo que o ângulo 𝜃 é pequeno, pois nesse caso podemos substituir 𝑠𝑒𝑛 𝜃 por 𝜃 (expresso em radianos). Usando essa aproximação, ficamos com 𝑑2𝜃 𝑑𝑡2 = − 𝑚𝑔𝐿 𝐼 𝜃. (4) Uma das soluções possíveis desta equação diferencial, e que se ajusta à nossa situação física é: 𝜃 = 𝜃𝑀cos (𝜔𝑡 + 𝜑) (4) com 𝜔 = √ 𝑚𝑔𝐿 𝐼 . (5) A constante 𝜔 é a frequência angular do movimento periódico. Como o período T de oscilação é 2𝜋/𝜔, chegamos na seguinte equação para o período de um pêndulo de simples 𝑇 = 2𝜋√ 𝐼 𝑚𝑔𝐿 . (6) Lembrando que o momento de inércia de uma partícula que está a uma distância L do eixo de rotação é 𝐼 = 𝑚𝐿2, podemos escrever o período como 𝑇 = 2𝜋√ 𝐿 𝑔 . (7) A equação (7) é válida apenas para pequenas oscilações (𝜃 < 10°). 2 – Parte Experimental Objetivo: Determinar a aceleração da gravidade. Material Utilizado: Barbante fino, objeto de massa 𝑚, cronômetro e régua. Procedimentos O experimento consiste em se medir o período do pêndulo em função de seu comprimento. Para isso você deve usar uma montagem como a representada na Figura 1. 54 • Varie o comprimento do pêndulo de 10 em 10 cm e meça o período de oscilação para cada comprimento (é aconselhável que a amplitude de oscilação seja pequena, e que você meça o tempo de 5 oscilações e divida por 5 para obter o período médio. Anote os resultados na Tabela 1. • Faça uma linearização da equação (7), isto é, pense qual gráfico linear deve ser construído para que a inclinação nos forneça uma informação para determinarmos o valor de 𝑔 . Construa o gráfico com auxílio do programa Scidavis. Faça uma regressão linear e determine a aceleração da gravidade local através da equação empírica obtida. ( 𝐿 ± 0,001) m 𝑇 (s) ± 5% Tabela 1: Período T de oscilação de um pêndulo simples em função de seu comprimento L. 55 1 – Introdução Diferença de potencial e corrente elétrica são duas grandezas fundamentais em eletricidade. A diferença de potencial (ddp), também chamada de tensão elétrica, ou voltagem é definida como a razão entre o trabalho realizado por um campo elétrico sobre uma carga elétrica para desloca-la de um ponto a outro, é medida em VOLTS (V) e o instrumento usado para medi-la é o VOLTÍMETRO. A corrente elétrica, definida como a razão entre a quantidade de carga elétrica que passa por um trecho de circuito divida pelo tempo é uma contagem de cargas no tempo. É medida em AMPÈRES (A) e o instrumento usado para medi-la é o AMPERÍMETRO. Como o voltímetro vai medir uma diferença de potencial entre dois pontos, deve ser colocado em paralelo (Figura 1 (a)) com o componente de circuito, além do mais deve ter uma resistência interna muito grande, para que sua presença não interfira na corrente elétrica naquele trecho. O amperímetro deve ser ligado em série (Figura 1 (b)) no circuito, uma vez que se destina a medir corrente elétrica, que são cargas em deslocamento; essas cargas devem passar por ele também sua resistência interna deve ser muito menor que a do circuito, para não interferir no valor da corrente. (a) (b) Figura 1- Diagrama esquemático mostrando a ligação dos medidores da ddp e da corrente em um componente de um circuito elétrico (a) Voltímetro (V) conectado em paralelo e (b) Amperímetro (A) conectado em série. As grandezas diferença de potencial (V) e corrente (i) em um componente elétrico estão relacionadas pela lei de Ohm 𝑉 = 𝑅𝑖 (1) Onde 𝑅 é a resistência elétrica, propriedade do componente que determina o valor da corrente elétrica para uma dada diferença de potencial. Galvanômetro D´Arsonval Os medidores elétricos que incorporam medidas de tensão e corrente são chamados de Multímetros. A maioria dos multímetros se baseia no Galvanômetro dispositivo que usa o fato de 56 que uma corrente elétrica 𝑖𝑔 numa bobina condutora, em presença de um campo magnético (gerado por um imã permanente), resulta num torque sobre a bobina. Num galvanômetro este torque é mostrado como deflexão de um ponteiro, que volta a posição original devido à presença de uma mola. Figura 1 Diagrama esquemático de um Galvanômetro de d'Arsonval (1882) Quando uma corrente 𝑖𝑔 circula na bobina, o campo magnético do ímã permanente produz um torque 𝜏 sobre ela, dado por: 𝜏 = 𝐶𝑛𝐵𝑖𝑔 (2) Nessa equação, 𝐵 é o campo magnético devido ao ímã permanente e 𝑛 é o número de espiras da bobina. A constante 𝐶 é um fator que depende de como o galvanômetro foi construído.
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