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Pavimentação sustentável

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Pavimentação sustentável 
O ideal é evitar que as vias exijam recapeamento a cada três ou quatro anos. Por isso, é necessária a elaboração de um projeto adequado e execução que siga rigorosamente o planejado
No Brasil, a pavimentação de 99% das vias urbanas e rodoviárias é realizada com mistura asfáltica, composta 95% de pedra britada e 5% de asfalto. Para ter o desempenho esperado, a solução precisa apresentar excelente qualidade. Também tem que manter suas propriedades ao longo do tempo, ou seja, sem trincas ou demais problemas que comprometam o fluxo dos mais diferentes tipos de veículos.
Já o outro 1% da malha é revestido por placas de concreto, alternativa aproveitada principalmente em pistas com tráfego pesado. “Porém, existem casos em Porto Alegre, Belo Horizonte e o próprio Rodoanel, em São Paulo, onde o pavimento de concreto durou bem menos, com problemas surgindo antes do previsto”, explica o professor José Leomar Fernandes Júnior, docente do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP).
PAVIMENTAÇÃO SUSTENTÁVEL
O asfalto faz parte dos cenários urbanos e uma das maiores discussões no que diz respeito à sua implantação está em torná-la mais sustentável. Os resultados mais eficazes estão ligados ao aumento na durabilidade dos pavimentos, a diminuição dos efeitos do envelhecimento dos ligantes e a redução de rejeitos industriais.
De acordo com o livro Microrrevestimento Asfaltico à Frio, o desenvolvimento de emulsões asfálticas catiônicas em 1960 trouxe algumas melhoras nos materiais utilizados na pavimentação, reduzindo gastos energéticos e proporcionando uma alteração significativa na qualidade e adesividade do ligante aos agregados úmidos.
No Brasil, esta técnica de pavimentação a frio foi implementada pela primeira vez nos anos 90, quando surgiu uma nova geração de emulsões catiônicas com ligantes asfálticos elastoméricos e de ruptura controlada, que ampliaram o desempenho das obras rodoviárias e durabilidade das pistas, chegando a uma vida útil de 5 a 8 anos.
Para ampliar ainda mais as soluções sustentáveis em pavimentação, pesquisadores desenvolveram materiais como ecopavimento, asfalto-borracha, “noxer” e asfalto permeável, tecnologias que garantem soluções ambientais e sociais como facilidade na drenagem da água e diminuição de ruídos nos carros. Confira abaixo um pouco mais sobre cada uma dessas técnicas:
Ecopavimento
Produzido pela empresa Ecotelhado, essa tecnologia apresenta maior permeabilidade ao asfalto, drenando até 90% da água. Diferente dos asfaltos tradicionais que só absorvem 15% da água, o ecopavimento tem sido eficaz para evitar enchentes.
Outra vantagem deste pavimento está na retenção de parte do calor urbano graças às grelhas alveolares que deixam a drenagem homogênea em época das chuvas, extinguindo a formação de sulcos, poças e barro nas vias.
Apesar disto, só tem sido utilizado em acostamentos, calçadas, trilhas, estacionamentos, pavimento interno de condomínios ou empresas por ser muito frágil para ser empregado em locais com maior fluxo de carros.
Noxer
É um composto feito com óxido de titânio e capaz de absorver fumaça dos tubos de descargas dos automóveis. Ele trabalha como um fotocatalizador, retendo os óxidos de nitrogênio emitidos pelos veículos.
Podendo absorver até 90% das impurezas dos automóveis em dias de sol forte e 70% em dias nublados, é aplicado sobre o asfalto tradicional. Após chuvas ou lavagens, estes gases são eliminados nos esgotos e não sobem para a atmosfera.
Foi testado primeiramente em Osaka, no Japão, em 1997 e posteriormente, adotado por cidades como Londres, Paris, Milão e Madri.
Asfalto-borracha
Consiste em uma composição asfáltica desenvolvida com pneus descartados nas obras de recapeamento das rodovias baianas. Reduz a impermeabilização das rodovias e o descarte de borracha, responsável por parte da lotação dos aterros.
Outra vantagem que apresenta é a cobertura 16 vezes mais resistente do que a usada tradicionalmente, já que a borracha é mais elástica e tem o processo de fadiga mais lento.
Foi adotado nos estados Rio de Janeiro e São Paulo.
Asfalto permeável
Pesquisadores da Universidade de São Paulo desenvolveu um asfalto em camadas com a parte superficial composta por pedras ligadas ao asfalto.
Internamente, este asfalto tem uma camada grossa com pedras grandes, que abrem espaços 25% maiores que os asfaltos normais para que a água fique armazenada. Com sistemas de drenagem, a água pode ser sugada e enviada para galerias pluviais.
Para testar o experimento, uma camada porosa de asfalto foi aplicada no estacionamento da instituição. Apesar do sucesso, este asfalto continua inviável por seu alto custo.
Um pouco mais sobre concreto
Você sabe o que é concreto? De acordo com a obra Dosagem de Concreto Asfáltico, este termo caracteriza uma mistura de agregados de graduação densa aglutinados com uma substância ligante.
Os agregados devem ser escolhidos cuidadosamente de acordo com a finalidade do concreto, visando suportar tensões impostas na superfície do pavimento e também em seu interior.
As mudanças nas substâncias ligantes também são um diferencial e permitem desenvolver vários tipos de concretos. Por exemplo, quando esta substância ligante é o asfalto, origina-se o concreto asfáltico usado para pavimentações.
Vantagens do asfalto ecológico
Basicamente, o material é produzido a partir da mistura de pó de borracha (pois o pneu é moído) e cimento asfáltico de petróleo (CAP). O resultado é um asfalto que proporciona maior nível de aderência ao veículo em comparação ao modelo convencional. Além disso, segundo a ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos –, ele dura aproximadamente 40% a mais do que o asfalto comum utilizado nas demais rodovias. “Além disso, diminui o tempo de interdição da estrada”, complementa o gerente de atendimento.
Outras vantagens são:
— Redução de temperatura em até 40°C
— Economia de energia
— Diminuição das emissões de CO²
— Alta viscosidade
Cenário
Boff explica que, no momento, a Ecovia Caminho do Mar só faz a administração da rodovia BR-277, ficando fora do eixo Rio de Janeiro e São Paulo. No entanto, desde 2008 o asfalto ecológico é aproveitado em novas obras da rodovia. Diz que, no futuro, a tendência é ser aproveitado em outras estradas do País.
RAPHAEL ALEX CROTI

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