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Filosofia das Ciências: 
Bases Epistemológicas 
da Psicopedagogia
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Bruno Pinheiro Ribeiro
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Epistemologias da Psicologia I
• Introdução;
• O Sistema de Wundt;
• O Estruturalismo;
• O Funcionalismo;
• O Comportamentalismo ou Behavorismo;
• A Teoria da Aprendizagem e a Teoria Cognitiva Social.
• Estudar alguns conceitos basilares da epistemologia da Psicologia;
• Conhecer as diferentes correntes psicológicas e suas propostas epistemológicas;
• Observar as modifi cações epistemológicas da Psicologia no decorrer da história. 
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Epistemologias da Psicologia I
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de 
aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Epistemologias da Psicologia I
Introdução
Nesta unidade de nossa trajetória, estudaremos algumas epistemologias da psi-
cologia. Nesse sentido, urge logo de saída uma pergunta importante: O que é 
Psicologia? Longe de esgotarmos essa pergunta com uma ou algumas repostas 
definitivas, nesse primeiro momento, apresentaremos uma reflexão importante do 
teórico George Canguilhem a respeito do assunto. Em seguida, apresentaremos 
algumas correntes psicológicas importantes para a definição do campo e suas con-
sequentes bases epistemológicas.
Etimologicamente, a palavra psicologia quer dizer ciência da alma, e isso já nos 
coloca diante de uma questão importante que será fruto de muitos debates: é possível 
produzir ciência a partir da alma, ou sobre a alma? Segundo Canguilhem (1958), na 
antiguidade grega, a alma era entendida como um ser natural. Nesse sentido, os sis-
temas filosóficos compreendiam a alma em instâncias biológicas e físicas.
Para Aristóteles, por exemplo, em seu tratado Da alma, a organização da alma 
não está dissociada da matéria, sendo assim, é tratada como física, como forma do 
corpo vivo. Essa categorização organiza a alma como um objeto de estudo da teoria 
da natureza, em que suas formas e manifestações não se distinguem das formas 
biológicas e físicas, como por exemplo, o desempenho dos sentidos humanos, ou 
mesmo de elementos internos de nossa constituição como memória e fantasia.
De acordo com Canguilhem (1958), essa concepção aristotélica, embora não 
considerasse a psicologia como área de saber independente, ganha ressonância 
em experiências modernas do conhecimento psicológico, como a psicofisiologia e 
psicopatologia, ambas compreendidas como disciplinas médicas.
Ainda segundo Canguilhem (1958), no final do século XVII, a psicologia enten-
dida como parte das ciências naturais perde força e emerge uma psicologia como 
ciência da subjetividade.
Esse tipo de psicologia tem estreita relação com os físicos mecanicistas do século 
XVIII. Para esses pensadores, as razões matemática e mecânica são os instrumen-
tos da verdade, sendo esses os paradigmas que balizam o conhecimento e suas 
consequentes epistemologias.
Nesse esquema de pensamento, a psicologia aparece como a ciência que tenta 
explicar aquilo que desvia o espírito do caminho da verdade, aquilo que falsifica o 
real. Ou seja, a psicologia aparece como uma ciência de validação da razão ma-
temática e mecânica. Seus paradigmas partem do princípio de que o espírito, por 
natureza, atrapalha os sentidos e sua compreensão do real para aceder ao conheci-
mento racional. Nesse sentido, a psicologia é uma espécie de ciência da explicação 
do engano, na qual seus parâmetros estão atrelados aos parâmetros físicos para a 
explicação da realidade. Desse modo, sua validação epistemológica se dá na medi-
da interna da validação da própria física e sua capacidade científica de validar suas 
proposições de verdade. 
8
9
Para Canguilhem (1958), essa psicologia é uma psicofísica por dois motivos: 
primeiro porque ela não se desvincula da física para ser aceita como ciência, e, 
segundo, porque os seus critérios de validação científica estão na natureza, nesse 
caso no corpo humano, que é a sede de resíduos que devem ser detectados para o 
acesso ao conhecimento da realidade.
Pode parecer que essa concepção psicológica se referende pelos princípios aris-
totélicos, pelo fato de ainda se vincular à física, contudo, essa psicologia subjetiva 
tende a proceder como a nova física, em que os padrões de conhecimento são 
balizados por cálculos.
Esses elementos são aprofundados, sobretudo, com René Descartes, e a capaci-
dade da psicologia se perfaz como a de estabelecer as diferenças qualitativas entre 
dados sensoriais a partir de figuras geométricas. O procedimento de atribuição de 
sentido para esses dados sensoriais é feito por analogia, onde sua manifestação é 
convencionada num corpo figurado alheio. Desse modo, o seu sentido está sempre 
fora de si; o sentido dessa psicologia subjetiva está sempre fora dela, em algum 
corpo, ou referência já conhecida.
Assim como determinadas características aristotélicas se espraiaram, mesmo 
com diferenças, pelo tempo, essa perspectiva epistemológica da psicologia como 
ciência subjetiva, com seu sentido externo, também será desenvolvida posterior-
mente, sobretudo por Wilhem Wundt, na estruturação de uma psicologia expe-
rimental, na qual os “fatos da consciência” apareceriam como leis semelhantes 
àquelas da mecânica e da física para a validação de sua verdade.
Embora a psicologia como ciência subjetiva tenha tido um importante referencial 
nessa linha do sentido externo, segundo Canguilhem (1958), ela não se reduziu a 
essa perspectiva. Houve também outro tipo de desenvolvimento, em que a psico-
logia subjetiva se apresenta como a ciência da consciência de si ou a ciência do 
sentido interno.
É no século XVIII que essa perspectiva ganha força e que o próprio termo 
Psicologia passa a aparecer como sendo a ciência do eu. Essa ciência tinha como 
influência, em tensão e oposição, o trabalho As Meditações, de René Descartes. 
A meditação tem um sentido fundamental para Descartes porque é por meio 
dela que o sujeito consegue se concentrar para acessar o interior. E é nesse proces-
so de interiorização que se pode conectar com a alma, porque o interior cartesiano 
é a condição para o pensamento e o conhecimento que alma tem dela mesma.
Esse conhecimento da almaé importante, e ele se dá por reflexão. A epistemo-
logia cartesiana faz alusão ao olho e ao espelho para explicar seus paradigmas: a 
alma, assim como o olho, pode ver tudo, contudo, só pode ver a si mesma através 
do espelho. Desse modo a alma, para Descartes, só consegue se conhecer por 
meio de seu reflexo e pelo reconhecimento de seus efeitos.
Os preceitos cartesianos ajudaram a construir, quer pelo seu desenvolvimento, 
quer por sua refutação, as bases da epistemologia moderna, sendo fundamentais 
9
UNIDADE Epistemologias da Psicologia I
para a afirmação da ciência moderna e também da psicologia como campo de 
saber. A seguir, estudaremos a consolidação da psicologia, bem como seu desen-
volvimento múltiplo e diverso.
Figura 1 – RAFAEL. Escola de Atenas, 1509-1511
Fonte: Wikimedia Commons
O Sistema de Wundt
Não é a intenção desta unidade atribuir um marco inaugural e inquestionável a 
respeito da afirmação da Psicologia como campo específico do saber. Contudo, al-
guns parâmetros se fazem necessários, e se anteriormente estudamos algumas notas 
introdutórias para a compreensão epistemológica do campo, agora adentraremos 
por ele em seus conteúdos mais específicos e autodeclarados como psicológicos.
Wilhem Wundt viveu entre os anos de 1832 e 1920, atravessando, portanto, o 
século XIX e adentrado o início do século XX, sendo considerado um dos pioneiros 
da Nova Psicologia europeia. Como dito anteriormente, a psicologia de Wundt é 
entendida como experimental, segundo Schultz & Schultz (1981), suas fontes me-
todológicas referem-se às ciências naturais. Num processo de adaptação, Wundt 
inspirou-se nos campos da fisiologia e da filosofia de seu tempo para desenvolver 
seus métodos de investigação e tentar conceber seus objetos de estudo.
A consciência é, para Wundt, seu objeto de estudo central, que ele acredita ser 
formada por elementos diferentes entre si que precisam ser investigados por análise 
ou redução. Em sua concepção, segundo Schultz & Schultz (1981), a consciência 
não se constitui de elementos estáticos, passíveis de algum processo mecânico de 
10
11
associação, como acreditavam muitos empiristas e associacionistas. Para Wundt, 
a consciência tinha uma capacidade de se auto organizar, a que ele chamava de 
voluntarismo, no qual a vontade poderia ter o poder de organizar esses elementos 
distintos que estruturavam a mente. Desse modo, para compreender melhor o fun-
cionamento da mente, da consciência, era preciso estudar os elementos em ação 
conjunta, e não separada, investigá-los no processo organizativo da consciência.
Para Wundt, a psicologia deve se dedicar às experiências imediatas, que segun-
do ele, não estariam mediadas pela interpretação. Sendo assim, seus pressupostos 
epistemológicos convergem para uma ciência que se pauta pela experiência cons-
ciente, que só pode ser observada pela própria pessoa que passa pela experiência. 
Derivado dessa linha de raciocínio, o método utilizado é o da introspecção, que 
pode ser entendida como o exame do próprio estado mental.
Com o objeto definido e seu método de apreensão, Wundt utilizava o laborató-
rio como importante sede da pesquisa, formulando os objetivos de sua Psicologia 
Experimental, que são:
• Analisar os processos conscientes até chegar aos seus elementos básicos;
• Descobrir como esses elementos são sintetizados ou organizados;
• Determinar as leis de conexão que governam sua organização. 
Embora tenha sido criticado, e até mesmo superado historicamente por outras 
correntes psicológicas, Wundt teve um papel importante no desenvolvimento inicial 
da psicologia experimental, organizando métodos e delimitando objetos, instituindo 
assim, as bases epistemológicas para o estudo da psicologia moderna. 
Figura 2 – POLLOCK, Jackson. Número 1A, 1948
Fonte: MoMA
11
UNIDADE Epistemologias da Psicologia I
O Estruturalismo
E. B. Titchener, apesar de trabalhar em referência a Wundt, modificou substan-
cialmente seu sistema e ajudou a desenvolver uma abordagem própria, que ficou 
conhecida como Estruturalismo, que para Schultz & Schultz (1981), é a primeira 
escola americana de pensamento no campo da psicologia.
Titchener se vinculava mais ao Empirismo e Associacionismo do que Wundt, 
acreditando nos conteúdos mentais e em sua ligação mecânica por meio da asso-
ciação. Titchener apostava, ao contrário de Wundt, na análise em separado dos ele-
mentos constitutivos da consciência. Para ele, esse método era mais eficaz porque 
possibilitava a descoberta da natureza das experiências conscientes elementares, e 
assim seria possível prever a estrutura da consciência.
O interesse de Titchener, segundo Schultz & Schultz (1981), é a experiência 
consciente, que para ele é o objeto de estudo da psicologia. Para Titchener, todas 
as ciências têm esse objeto em comum, contudo, cada qual se concentra em um de 
seus aspectos. No caso da psicologia, o enfoque é na experiência e sua dependên-
cia para com as pessoas que passam por ela.
 Nesse processo de definição da consciência, Titchener avança num ponto im-
portante, porque para ele há uma diferença conceitual entre mente e consciência. 
Embora parecidas, para Titchener, a mente seria o somatório de nossas experi-
ências acumuladas ao longo da vida, enquanto a consciência seria o somatório de 
nossas experiências num determinado momento.
Outro aspecto do pensamento de Titchener é que ele enxerga a psicologia como 
uma ciência que deve concentrar seus esforços na definição de leis gerais de fun-
cionamento da consciência, e não na multiplicidade mental dos indivíduos, é nesse 
sentido que ele tenta apreender as estruturas de funcionamento da mente. Sendo 
assim, sua epistemologia tem um sentido de afirmação genérica dos processos da 
produção da consciência.
Em relação ao método de investigação, Titchener compreende que é possível 
existir um erro de avaliação da experiência, que se dá quando a experiência ime-
diata é confundida por algum estímulo, e assim o observador passa a mediá-la, 
concentrando seus esforços de percepção mais nos estímulos, ou no que ele tem de 
informação do objeto, do que propriamente na sua experiência.
Desse modo, Titchener, que assim como Wundt trabalhava como a introspecção 
como método, treinava observadores para se concentrarem e descreverem a expe-
riência propriamente dita, sem se deixar levar pelos estímulos, num processo de 
reaprendizagem da própria dinâmica da consciência.
Com esse recorte de objeto e seu respectivo método, Titchener, ao modo das ci-
ências naturais, vislumbrava um percurso científico para sua psicologia, que era o de 
reduzir os processos da consciência a um nível elementar, para depois depreender 
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suas leis gerais de funcionamento e conectar esse fenômeno (o da consciência) a 
outros fenômenos.
Dando mais ênfase aos elementos da consciência, Titchener os classificou em 
três estados: sensações, imagens e estados afetivos. Sendo as sensações os elemen-
tos básicos da percepção, que se dão por meio dos sons, das visões, dos cheiros e 
outros tipos de contato com o meio. As imagens se realizam não no presente con-
creto, mas por meio de reflexos ou ideias de experiências passadas. E os estados 
afetivos se manifestam por meio da emoção.
O desenvolvimento do sistema estruturalista começou a encontrar dissidências 
por parte do próprio Titchener. No final da vida, ele começou a alegar que a psi-
cologia deveria se concentrar não nos elementos que estruturavam a consciência, 
mas em dimensões mais amplas da dinâmica mental. Nesse processo, passou a 
trabalhar com as noções de qualidade, intensidade, duração, nitidez e extensão 
como fundamentos da consciência e optou por uma abordagem mais fenomeno-
lógica do que introspectiva em relação ao método investigativo. Essa mudança foi 
tão considerável que Titchener passou a chamar de psicologia existencial a sua 
pesquisa científica.
Figura 3 – PALATNIK, Abraham. Progressão W-3, 2002
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras13
UNIDADE Epistemologias da Psicologia I
O Funcionalismo
Nos Estados Unidos, na virada do século XIX para o século XX, a psicologia de-
senvolveu-se em contraposição fundamental às teses de Wundt e do Estruturalismo 
protagonizado por Titchener. As bases epistemológicas anteriores apostavam na 
pesquisa do conteúdo da consciência e em sua estrutura, contudo agora, essa nova 
linha de estudos da psicologia concentrava suas forças na operação dos processos 
conscientes, segundo Schultz & Schultz (1981).
Esse novo modelo epistemológico ganhou o nome de Funcionalismo, e teve 
a influência decisiva de autores de outras áreas, especialmente Darwin e Galton. 
Como o nome Funcionalismo pode sugerir, uma das principais reivindicações dessa 
corrente de pensamento era a de que a psicologia deveria ser útil aos problemas 
reais das pessoas.
É nesse sentido que os psicólogos funcionais focavam seus estudos nas ativida-
des mentais para o organismo vivo e em suas tentativas permanentes de adaptação 
aos meios que eram submetidas. O Funcionalismo, portanto, enveredava-se cienti-
ficamente pelo interesse das consequências da dinâmica da consciência, em como 
ela se manifestava na vida prática e quais as implicações desse movimento.
O grupo de pesquisadores que se associaram às premissas funcionalistas da 
psicologia tem como primeiro grande destaque a figura de William James. Eles 
não ambicionavam a criação de um grupo estreito, reduzido à alguma classificação 
específica, contudo, foram importantes por sistematizar e desenvolver pesquisas de 
relevância para o campo da psicologia.
Mais à frente, James Rowland Angeil, junto com seus colegas, deu uma contri-
buição importante para a psicologia funcionalista, sedimentando os estudos em ter-
mos práticos, a partir do departamento de psicologia da Universidade de Chicago, 
que se tornou um dos polos de pesquisa mais importante da época. 
Angeil definiu três características fundamentais do pensamento funcionalista: 
1. A psicologia funcional é a psicologia das operações mentais, estando 
em contraste com a psicologia dos elementos mentais (o estruturalismo). 
O elementarismo titcheneriano ainda era forte, e AngelI promoveu o 
funcionalismo em oposição a ele. A tarefa do funcionalismo é descobrir 
como opera um processo mental, o que ele realiza e em que condições 
ocorre. Para ele, uma função mental, ao contrário de um momento da 
consciência estudado pelos estruturalistas, não é uma coisa perecível; ela 
persiste e dura tal como acontece com as funções biológicas. Do mesmo 
modo como uma função fisiológica pode operar através de estruturas 
diferentes, assim também uma função mental pode operar por meio de 
ideias de conteúdo distinto.
2. A psicologia funcional é a psicologia das utilidades fundamentais da 
consciência. Esta última, considerada à luz desse espírito utilitário, serve 
de mediadora entre as necessidades do organismo e as exigências do 
14
15
seu ambiente. O funcionalismo estuda os processos mentais não como 
eventos isolados e independentes, mas como parte ativa e permanente 
da atividade biológica e como parte do movimento mais amplo de evo-
lução orgânica. As estruturas e funções do organismo existem porque, 
ao permitirem que o organismo se adapte ao seu ambiente, capacitaram-
-no a sobreviver. Angeil acreditava que, como sobrevivera, a consciência 
também deve prestar um serviço essencial ao organismo. Cabia ao fun-
cionalismo descobrir qual é precisamente esse serviço, não apenas no 
tocante à consciência, como também em termos de processos mentais 
específicos, como formar um juízo e desejar. 
3. A psicologia funcional é a psicologia das relações psicofísicas, voltada 
para o relacionamento total do organismo com o seu ambiente. O funcio-
nalismo inclui todas as funções mente-corpo e deixa aberto o estudo do 
comportamento não-consciente ou habitual. Supõe a existência de uma 
relação entre o mental e o físico, uma interação da mesma espécie que 
ocorre entre forças do mundo físico. O funcionalismo sustenta que não há 
distinção real entre a mente e o corpo. Ele os considera não como entida-
des distintas, mas como pertinentes à mesma ordem, supondo uma fácil 
transferência entre um e outro. (SCHULTZ & SCHULTZ, 1981, p.159) 
A escola Funcionalista de Chicago configurou-se como um importante marco na 
epistemologia americana, e, confrontando-se com o Estruturalismo, definiu seus 
esforços de pesquisa nas consequências das atividades da consciência, abrindo ca-
minho assim para os estudos de uma psicologia aplicada com interesse no compor-
tamento humano.
O Comportamentalismo ou Behavorismo
O Comportamentalismo surge como corrente de estudos do campo da psicolo-
gia derivando do Funcionalismo e de outras influências epistemológicas, e tem em 
John B. Watson um de seus principais teóricos. 
Com o interesse explícito no comportamento, Watson, mais do que os autores 
pregressos, estreitou e aprofundou a relação da psicologia com as ciências naturais. 
O Comportamentalismo, assim como as ciências naturais, tinha interesse e foco 
naquilo que podia ser observado, assim, a pesquisa deveria se pautar na maior 
objetividade possível. Com essa base epistemológica, os métodos de trabalho con-
sistiam nos seguintes, segundo Schultz & Schultz (1981, p. 246): “(1) a observação, 
com e sem o uso de instrumentos; (2) os métodos de teste; (3) o método do relato 
verbal; e (4) o método do reflexo condicionado”.
Nessa linha de trabalho, Watson abandona a introspecção e tenta desenvolver 
outros métodos de pesquisa. O mais importante deles foi o método do reflexo 
condicionado, que já tinha precedentes em experimentos anteriores, mas que é 
desenvolvido e aprofundando por Watson. Este método possibilitava a redução do 
comportamento em unidades elementares, os vínculos estímulo-reposta (E-R). 
15
UNIDADE Epistemologias da Psicologia I
Com essa separação dos elementos, que se assemelhava ao método científico da 
análise que decompõe um objeto de pesquisa em muitas partes, Watson acreditava 
que seria possível compreender o funcionamento complexo do comportamento hu-
mano. Ainda nessa perspectiva, o Comportamentalismo estabelece uma hierarquia 
na pesquisa: os sujeitos, por terem perdido a capacidade de observar, passam a ter 
menos valor que os experimentadores, que passariam por treinamentos para poder 
desenvolver com precisão a observação.
Para o Comportamentalismo, a psicologia, como ciência do comportamento, 
deveria se deter nos “atos passiveis de descrição objetiva em termos de estímulo e 
resposta, formação de hábito ou integração de hábito.” (SCHULTZ & SCHULTZ, 
1981, p. 247). Para Watson, todo comportamento humano pode ser descrito a 
partir dessas características, sem a necessidade de acesso aos conceitos e termino-
logias que descrevem os processos e as dinâmicas da mente.
Essa redução do comportamento aos seus elementos básicos, que seriam os es-
tímulos e as respostas, tinha como intenção a possibilidade de previsão e controle. 
E apesar de ser redutiva, para Watson, essa metodologia era capaz de dar respostas 
sobre o comportamento geral do organismo total.
As repostas, que se mais complexas poderiam ser denominadas como “atos”, 
eram classificadas em apreendidas ou não apreendidas; e implícitas ou explícitas. 
Para Watson, era fundamental que se investigasse os processos das respostas apre-
endidas, para extrair possíveis leis de aprendizagem. Ao introduzir a categoria im-
plícita, Watson fez-se valer de instrumentos para poder observar o seu funciona-
mento, isto porque essas respostas se manifestavam no interior do organismo e, 
portanto, necessitavam de um instrumento para sua observação.
A epistemologia do Comportamentalismo baseava-se na afirmação do compor-
tamento como objeto de estudo e interesse, e apontava a ação do meio ambiente 
como decisiva para a formação desse comportamento. Essa tese se contrapunha às 
tendências instintivas de explicação psicológica e também às formulações místicas 
de explicaçãodo comportamento.
Essas bases comportamentalistas de Watson previam a possibilidade de uma 
sociedade que compreendesse o comportamento de seus indivíduos, que pudesse 
prever suas ações e não se submeter aos desígnios das múltiplas convenções estabe-
lecidas pelos dogmas. Esse fato, além de outros, podem entrever um dos possíveis 
motivos para a ampla divulgação e popularização da psicologia comportamentalista, 
e da psicologia em geral, o que até então se restringia aos círculos especializados.
16
17
Figura 4 – CARTIER-BRESSON, Car tier. Foto em Sevilha
Fonte: Acervo de Henri Cartier-Bresson
A Teoria da Aprendizagem
e a Teoria Cognitiva Social
Edward Chace Tolman foi adepto do Comportamentalismo e ajudou a desen-
volver as bases da chamada Teoria da Aprendizagem. Segundo Schultz & Schultz 
(1981), Tolman acreditava que qualquer comportamento humano ou animal pode ser 
modificado em função da experiência a qual ele é submetido, desse modo, a apren-
dizagem aparece como elemento fundamental dessas premissas epistemológicas.
Em sua proposta teórica sobre a aprendizagem, Tolman recusava a lei do efeito 
de Thordinke, que acreditava que a recompensa ou o reforço tinham forte influên-
cia sobre o aprendizado. Tolman propôs, na contramão das ideias de Thordinke, 
uma teoria cognitiva da aprendizagem, que sugere 
[...] que a realização repetida de uma tarefa fortalece a relação aprendida 
entre indícios do ambiente e expectativas do organismo. Assim, o orga-
nismo passa a conhecer o seu ambiente. Ele denominou a essas relações 
aprendidas de gestalts-sinais, constituídas pela execução continuada de 
uma tarefa. (SCHULTZ & SCHULTZ, 1981, p. 267)
17
UNIDADE Epistemologias da Psicologia I
Tolman desenvolveu alguns experimentos laboratoriais com ratos e daí depreen-
deu algumas conclusões importantes para a sua linha de pensamento. Uma delas 
diz respeito à relação entre a aprendizagem e o espaço. A partir de seus experimen-
tos, ele sugeriu que o comportamento produz mapas cognitivos, que têm relação 
intrínseca com a familiaridade que cada pessoa tem com determinado espaço. 
Sendo assim, nos movimentamos com mais facilidade e desenvoltura em nosso 
bairro, por exemplo, dada essa familiaridade com o espaço.
A teoria da aprendizagem de Tolman foi posteriormente muito criticada, por ser 
taxada de excessivamente subjetivista, contudo, foi base importante para o desen-
volvimento de outras teorias, em especial a o movimento cognitivo.
Albert Bandura fez parte do corpo docente da Universidade de Stanford e de-
senvolveu uma variante do Comportamentalismo, a que primeiro se chamou de 
Abordagem Sócio-Comportamentalista e que, posteriormente, foi definida como 
Teoria Cognitiva Social.
Bandura propôs uma teoria nos marcos do Comportamentalismo, mas avançou 
no campo quando concentrou seus esforços na observação do comportamento 
dos indivíduos em interação. Além deste aspecto social, Bandura acreditava que o 
comportamento recebe influências externas de processos que condicionam o pen-
samento como crenças, expectativas e instruções.
Bandura consolidou-se como uma importante influência para a teoria compor-
tamentalista, desenvolvendo métodos e estudos que ampliaram e aprofundaram 
o campo, sobretudo em sua percepção social, onde as formas psicológicas não 
eram estancadas dos contextos sociais de interação entre indivíduos. Além disso, 
Bandura tinha a intenção de modificar comportamentos sociais, fazendo-o por 
meio de terapias comportamentais.
Situados no campo positivista, os comportamentalistas tiveram, e ainda man-
têm, forte influência na psicologia contemporânea. Contudo, é sempre importante 
mensurar suas consequências. O avanço no tratamento terapêutico pelo conheci-
mento do comportamento é importante, ainda assim, quando se fala em ajustes 
e correções de comportamento, fala-se em normatividade, em cerceamento em 
nome de algum modelo estabelecido. Portanto, é importante dimensionar essas ba-
ses epistemológicas e suas consequentes práticas por vários ângulos e perspectivas. 
18
19
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
História da Psicologia: Estruturalismo e Funcionalismo
https://youtu.be/mpqJXSYGRSo
Psicologia – Comportamentalismo – John Watson
https://youtu.be/Mj1G1Qtv_1g
O que é a realidade?
https://youtu.be/mdVyHaOyeOM
Quais são os desafios de ser psicólogo no Brasil?
https://youtu.be/19q2XzgYHX4
19
UNIDADE Epistemologias da Psicologia I
Referências
CANGUILHEM, G. O Que é a Psicologia? In: Canguilhem, G. Estudos de História 
e de Filosofia das Ciências. Rio de Janeiro: GEn/Forense-Universitária, 2012, 
p. 401-418.
SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. Trad. Adail 
Ubirajara Sobral e Marta Stela Gonçalves. Rev. Tec. Maria Silva Mourão. São Paulo: 
Editora Cultrix, 1981.
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