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Universidade Estadual de Feira de Santana 
Antropologia do Povos Indígenas - CHF166 
Docente: Patrícia Navarro 
 
Discente: Anna Flavia Menezes da Silveira Lima 
 
Resenha Crítica: “Uma etnologia dos “índios misturados”? Situação colonial, 
territorialização e fluxos culturais” (OLIVEIRA, 1998) 
 
O texto intitulado acima é um dos capítulos do livro “O nascimento do Brasil e 
outros ensaios” do autor João Pacheco de Oliveira, publicado no ano de 2016. De 
forma geral, os ditos “índios misturados” no texto são todos os indígenas que 
habitam a região Nordeste do Brasil e que, no momento da forçada colonização, 
tiveram contato com os colonizadores e mantiveram tal contato. Em todo o texto o 
autor busca sempre enfatizar o descaso e o desinteresse que os antropólogos 
possuem com os indígenas nordestinos, argumentando que isso acontece pela 
mistura cultural do colonizador (europeu) com a cultura já existente. Esses povos 
chegam a ser classificados, por esses mesmos antropólogos, como “aculturados”. 
Ignora-se, de acordo com o autor (e talvez seja uma grande verdade), 
completamente a existência atual dos povos indígenas nordestinos e levam 
consideração só o que se conhece do que aconteceu há séculos atrás. 
O cenário mudou quando as demandas políticas apareceram e os indígenas 
nordestinos passaram a ser objeto de estudos de etnólogos. Decorrente desses 
estudos, a mistura existente entre esses povos e os europeus os classificou, 
severamente, como “misturados” no pior sentido que uma palavra poderia ter, 
tornando-a negativa e utilizando argumentos de que nenhum direito indigenista 
deveria servir para eles, visto a falta de “pureza” que apresentavam. A 
problematização da “mistura” dos indígenas nordestinos fechou os olhos para a 
verdadeira problemática: a perda de território indígena no Nordeste. 
A questão da territorialidade é de extrema importância para a luta indígena. 
De acordo com o autor, o estudo, a presença e o reconhecimento de territórios 
indígenas, que começou na antropologia, abrange assuntos como os rituais 
religiosos, a manutenção e resistência da cultura, moradia, estabelecimento das 
linhagens e a hierarquização social e militar - esses dois influenciando na 
distribuição do poder dentro das comunidades indígenas. A omissão de estudo 
sobre a necessidade e importância de um território indígena para “chamar de seu” 
faz com que os pesquisadores encarem a falta de território como a falta de 
existência de valor dessa área de terra para esses povos. 
Dois processos ocorreram na questão territorial dos indígenas do Nordeste: 
as missões religiosas que levaram à política assimilacionista e as políticas 
indigenistas. No caso do primeiro processo (misto das missões religiosas com a 
política assimilacionista), o território indígena foi invadido e tomado pelos europeus 
que buscavam catequizar e introduzir a população indígena no sistema da 
sociedade portuguesa. Isso levou à política assimilacionista que se deu com os 
casamentos dos invasores territoriais com os indígenas e a permanência dos 
mesmos nesse território. Ambos os processos tiveram como objetivo claro a 
inferiorização cultural indígena e a tentativa de imposição da cultura dos 
colonizadores. 
Já o segundo processo envolve a criação das políticas indigenistas que 
tiveram (e têm) como objetivo principal a garantia dos direitos indígenas PARA OS 
INDÍGENAS, consequentemente a garantia dos seus territórios. Entretanto, mesmo 
com a política indigenista, a regulamentarização para devolver o território para os 
verdadeiros donos - no caso, os povos indígenas - ainda se mostrava difícil. Pela 
questão da “mistura”, mesmo com a garantia dos direitos, ocorreria uma 
interferência na definição de ser indígena ou não. 
O texto apresenta um tema interessante e de extrema importância quando 
visa abordar a falta de estudos sobre os povos indígenas do Nordeste e 
necessidade de se estudá-los, principalmente quando isso influencia diretamente da 
resistência e luta desses povos.

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