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2 - Psicologia, Saúde e Doença

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
PSICOLOGIA, SAÚDE E DOENÇA 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.004 DO DIA 17/08/2017 
 
0800 283 8380 
 
www.faculdadeunica .com.br 
 
2 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E POSTURA ÉTICA EM PSICOLOGIA 
DA SAÚDE .......................................... ........................................................................ 7 
1.1 Métodos de pesquisa em psicologia da saúde ...................................................... 7 
1.2 Postura ética em psicologia hospitalar e da saúde ............................................. 11 
UNIDADE 2 – SAÚDE x DOENÇA: UMA PERSPECTIVA HISTÓRI CA .................. 15 
2.1 Visão histórica da saúde X doença ..................................................................... 16 
UNIDADE 3 – PERSPECTIVA BIOPSICOSSOCIAL (MENTE-CORP O) ................. 23 
UNIDADE 4 – BASES BIOLÓGICAS DA SAÚDE E DOENÇA .... ............................ 27 
4.1 Sistema nervoso .................................................................................................. 27 
4.2 Sistema endócrino ............................................................................................... 31 
UNIDADE 5 – SUBJETIVIDADE E ADOECIMENTO NA CONTEMPO RANEIDADE
 .................................................................................................................................. 34 
UNIDADE 6 – PSICOSSOMÁTICA ........................ .................................................. 38 
6.1 Definição ............................................................................................................. 38 
6.2 Distúrbios psicossomáticos em diferentes sistemas corporais ............................ 43 
6.3 Distúrbios psicossomáticos na infância ............................................................... 51 
6.4 O atendimento psicológico ao paciente somatizador .......................................... 54 
UNIDADE 7 – DOR ................................................................................................... 60 
UNIDADE 8 – IMPLICAÇÕES PSICOSSOCIAIS DAS DOENÇAS . ......................... 66 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 72 
 
 
3 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
INTRODUÇÃO 
 
Enquanto orientadores, sempre recomendamos a pesquisa de materiais 
recentes, porém, ao se utilizar obras clássicas (como no caso deste material em que 
grande parte do conteúdo foi embasado em obras de teóricos que abordam sobre 
diferentes autores) isso não se faz possível – ainda mais em caso de livros que já 
possuem edições mais recentes, porém lançamos mão de cópias mais antigas. Fora 
isso, é sempre importante mantermos o conhecimento científico atualizado! 
Também já justificamos o uso de algumas citações de citações (apuds), o 
que não é recomendado do ponto de vista da metodologia da pesquisa, porém, se 
fez necessário em algumas situações devido à dificuldade em se localizar algumas 
obras originais. Sugerimos que, na introdução, anotem as questões que mais 
despertaram sua curiosidade ou dúvidas e após o estudo da apostila revejam se as 
mesmas ficaram realmente claras. 
Nesta apostila, nosso foco será mais direcionado à psicologia da saúde que 
à psicologia hospitalar especificamente, a qual será o centro de nossa atenção em 
outros momentos do curso. Partimos do pressuposto de que a condição de 
adoecimento não acomete apenas o indivíduo que se encontra hospitalizado, 
portanto, é imprescindível que o psicólogo estude a saúde – sua promoção, 
prevenção e reabilitação da mesma – nos diferentes contextos nos quais o sujeito 
encontra-se inserido. Não iremos detalhar aqui muitas condições específicas ao 
paciente hospitalizado, mas de todo paciente que chega até a nós, psicólogos – seja 
no consultório, no ambulatório, nas UAPs, ou mesmo no hospital. 
Nessa parte do curso, nosso foco se faz menos à prevenção e mais ao 
processo de doença em si. Reforçamos o quanto partir da prevenção se faz 
importante para evitar maiores transtornos para o paciente e também menos custos 
para ele e para o sistema de saúde, entretanto, devemos levar em consideração que 
nossa cultura ainda não assimilou bem essa perspectiva preventiva. Grande parte 
da população só procura ajuda da equipe multiprofissional de saúde quando já há 
algum sintoma instalado, dentre eles a dor, que é um dos assuntos enfatizados 
neste material. Iremos abordar a prevenção na próxima apostila, ressaltando, mais 
uma vez, que não estamos desmerecendo sua importância nos contextos de saúde. 
4 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
De que sofre o paciente? Qual a sua queixa? Ela faz referência apenas ao 
seu corpo? Como o corpo e a mente possuem essa relação tão íntima que se 
expressa tanto em termos de saúde quanto em termos da doença? Esses 
questionamentos tentarão ser esclarecidos neste material. 
E como os pesquisadores chegam às respostas para indagações como 
essas e outras mais? Começaremos esta apostila falando sobre isso: como 
acontece a pesquisa em psicologia da saúde. É essencial conhecermos esses 
delineamentos de pesquisa para podermos compreender que a psicologia é uma 
ciência, ou seja, as respostas às quais os pesquisadores chegaram não derivam de 
“achismo”, de senso comum. 
Mas a psicologia é uma ciência da saúde ou uma ciência humana? 
Quando um estudante opta por cursar a graduação em psicologia, ele 
percebe que o curso vem listado entre os da área de humanas. Em sua colação de 
grau, a cor da faixa que compõe sua beca – azul – reforça que esta é a formatura 
num curso da área de humanas. Entretanto, o psicólogo está inserido na equipe 
multiprofissional de saúde, como mostra a citação a seguir: 
 
Temos, atualmente, 14 profissões de nível superior, reconhecidas pelo 
Conselho Nacional de Saúde como da área de saúde: Biomedicina, 
Biologia, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, 
Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, 
Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional. Temos, ainda, inúmeras 
profissões formais de nível médio que participam ativamente da atenção à 
saúde. (VELLOSO, s.d., p.25) 
 
Então, a psicologia é da área da saúde ou de humanas? Ficou confuso? 
Vamos tentar esclarecer. 
Aqueles que se graduaram em psicologia mais recentemente costumam 
compreender melhor essa questão, que acaba sendo perceptível durante o curso. 
Os cursos de psicologia mais antigos tinham em sua grade curricular conteúdos 
bastante diversificados de onde ficava subentendido que o profissional graduado em 
psicologia teria condições de atuar, por exemplo, em clínicas, hospitais, empresas, 
instituições diversas, escolas, dentre outros locais que contam com a presençadesse profissional. 
Com o passar dos anos, algumas reformulações foram acontecendo nas 
grades curriculares e, atualmente, o padrão que impera na maioria das faculdades e 
5 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
universidades é de um currículo básico, para os primeiros anos de curso – o qual 
integra conhecimentos que serão de aplicabilidade em todas as áreas de atuação – 
e, após o cumprimento desses conteúdos, o graduando opta por diferentes ênfases 
– disciplinas voltadas mais diretamente para a sua área de interesse – tais como 
clínica, organizacional, escolar, hospitalar. 
A partir dessa breve explanação sobre os currículos de algumas instituições 
formadoras, torna-se mais fácil compreender que, desde a sua formação, norteiam-
se caminhos diferentes pelos quais o psicólogo deseja se enveredar: na área de 
humanas (como a psicologia organizacional) e na área da saúde (como a psicologia 
hospitalar). Se pensarmos numa perspectiva histórica – como foi abordado na 
apostila anterior – fica fácil compreender que a psicologia descende das humanas 
(filosofia) e da saúde (fisiologia). 
A reflexão que fica para nós é a seguinte: a psicologia não pode ser 
abordada como uma ciência e uma profissão exclusivamente da área da saúde, mas 
sim, de intercâmbio entre a saúde e as humanas: 
 
Provavelmente nenhum psicólogo colocaria em dúvida que suas ações têm 
como objetivo final a promoção do bem-estar da pessoa. Mas tal 
reconhecimento não é suficiente para definir sua identidade como 
profissional de saúde. Se assim o fosse, até um engenheiro civil poderia ser 
classificado como um profissional da área de saúde, ao ter de elaborar 
projetos pensando no ser humano que irá habitar, trabalhar ou circular nos 
espaços que projeta. Por isso, insistimos que ser profissional de saúde é 
apenas uma de nossas identidades. Admitir sermos apenas profissionais da 
área de saúde significa seguir em uma direção contrária ao respeito à 
diversidade, hoje um valor reconhecido entre o conjunto de valores de quem 
defende uma sociedade democrática. O problema persistiria se também o 
rótulo fosse o de ciência da educação. No entanto, isto seguiria 
rigorosamente a mesma lógica de defender que Psicologia pertence à área 
da saúde. Muitas das nossas práticas são efetivamente práticas educativas, 
mesmo quando estamos inseridos no campo da saúde, nas ações de 
prevenção e atenção por exemplo. Ou seja, quaisquer rótulos restritivos nos 
trariam problemas internos (SBPOT, 2008, s.p). 
 
Quando falamos sobre o psicólogo da saúde, estamos reforçando essas 
ideias, mas desde já não podemos considerar a psicologia como uma área APENAS 
da saúde. 
Esta apostila foi construída a partir da leitura pormenorizada de diversos 
materiais bibliográficos de diferentes linhas teóricas. Buscamos não privilegiar uma 
6 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
ou outra linha, mas mostrar que todas elas têm benefícios e visões diferentes sobre 
a mesma questão. 
Os objetivos que pretendemos alcançar neste material já foram elucidados 
na primeira página. A obra foi embasada principalmente nas ideias de Straub (2014) 
e Hisada (2003), mas várias obras importantes (livros e artigos científicos indexados 
em bases de dados) também serão citadas e devidamente referenciadas ao final do 
material. 
7 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
UNIDADE 1 – MÉTODOS DE PESQUISA E POSTURA ÉTICA 
EM PSICOLOGIA DA SAÚDE 
 
1.1 Métodos de pesquisa em psicologia da saúde 
Compreender como acontecem as pesquisas na área da psicologia da 
saúde é muito importante para o profissional que deseja aprofundar os seus estudos 
na área. Ressaltamos aqui que os métodos de pesquisas ilustrados nessa seção 
não serão os mesmos que vocês irão utilizar em seu Trabalho de Conclusão de 
Curso, os mesmos servem apenas para ilustrar que a psicologia hospitalar e da 
saúde é uma disciplina científica e, para que conclusões sejam tiradas e estudos 
publicados, faz-se necessário um estudo prévio, com delineamento de pesquisa 
específico. Todo esse cuidado é essencial, pois as pesquisas possibilitam, por 
exemplo, que os resultados alcançados sejam fidedignos e que não haja explicações 
embasadas no senso comum (já que muitas considerações acerca das dimensões 
psíquicas ocorrem dessa forma). 
Da mesma forma que os farmacêuticos fazem uma série de experimentos e 
testes para descobrirem novas drogas que curam doenças, na psicologia também se 
faz necessário realizar pesquisas para compreender aspectos psicológicos do 
indivíduo e assim buscar intervir para a prevenção de problemas e para tratar as 
condições já existentes. 
Mesmo que o psicólogo hospitalar não se envolva na área das pesquisas, é 
importante que ele conheça esses métodos, já que muitos materiais da área (como 
livros e artigos científicos) citam pesquisas de diferentes delineamentos 
metodológicos, porém sem oferecer maiores explicações, por exemplo, sobre as 
vantagens e desvantagens do mesmo e porque este método seria o mais adequado 
e não outro. 
Antes de detalharmos os métodos de pesquisa propriamente ditos, faz-se 
relevante compreender o papel do psicólogo da saúde e suas áreas de atuação, 
visto que na apostila anterior o nosso foco foi mais voltado à psicologia hospitalar. 
Os psicólogos da saúde atuam como professores, cientistas pesquisadores 
e/ou clínicos, por isso, a questão da metodologia de pesquisa em saúde é 
diretamente relacionada com as áreas de atuação do profissional. 
8 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Segundo Aranha e Martins (1995), o conhecimento científico caracteriza-se 
por ser preciso, sistemático e objetivo. As verdades científicas não são absolutas e 
definitivas, visto que esse tipo de conhecimento está em constante transformação. 
Assim, resultados de uma determinada pesquisa podem ser refutados num outro 
momento, o que faz com que o saber seja questionado. 
 
No centro de toda investigação científica, há uma atitude de descrença que 
nos encoraja a avaliar evidências e analisar conclusões. Essa atitude é 
chamada de pensamento crítico e envolve uma abordagem de 
questionamento a todas as informações e todos os argumentos (STRAUB, 
2014, p.27). 
 
A pesquisa em saúde precisa ser sempre científica, os dados devem ser 
testados, pois, do contrário, pode-se cair no senso comum e atribuir as respostas às 
questões científicas a crenças tendenciosas, ou seja, raciocínios equivocados cujas 
expectativas não permitem o indivíduo a buscar explicações alternativas para as 
suas explicações (STRAUB, 2014). 
Segundo Papalia, Olds e Feldman (2006), o método científico passa pelas 
seguintesetapas: identificação do problema de pesquisa; formulação das hipóteses; 
coleta de dados (que pode ser diretamente junto à amostra ou a partir de dados de 
estudos já publicados); análise de dados (onde se espera confirmar as hipóteses 
testadas) e posterior divulgação dos resultados alcançados. 
A partir de diferentes metodologias, as quais serão apresentadas a seguir, 
investigam-se como fatores psicológicos podem influenciar na saúde do indivíduo. A 
tabela a seguir ilustra as categorias de estudos utilizados e um apanhado geral 
sobre os mesmos (STRAUB, 2014). 
 
Tabela 01 : Comparando métodos de pesquisa 
Tipo / Método 
da Pesquisa 
Características principais Vantagens Desvantagens 
Estudo de caso Pesquisadores observam e 
registram os 
comportamentos dos 
participantes, formulando 
hipóteses que serão 
testadas de forma 
sistemática posteriormente. 
É um tipo de estudo 
descritivo, assim como 
inquéritos, entrevistas, 
Oferecem 
informações úteis e 
aprofundadas sobre 
uma pessoa. 
Frequentemente leva 
a novas hipóteses. 
Detecta relações de 
ocorrência natural 
entre as variáveis. 
Não há como 
controlar as variáveis 
de forma direta. 
Sujeito a 
tendenciosidade do 
observador. 
Não determina 
causalidade. 
Os resultados obtidos 
em um único caso 
9 
 
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observações naturalísticas. 
Os estudos de caso 
estudam um único indivíduo 
em profundidade. 
podem não ser 
generalizáveis a 
maiores grupos. 
Estudos 
correlacionais 
Procuram definir relações 
positivas ou negativas entre 
as variáveis. 
Uso de cálculos estatísticos. 
Variáveis com correlação 
positiva: aumentam ou 
diminuem juntas. (Exemplo: 
↑ idade → ↑ incidência da 
Doença de Alzheimer) 
Variáveis com correlação 
negativa: uma variável 
aumenta e a outra diminui. 
(↓ escolarização → ↑ 
incidência da Doença de 
Alzheimer). 
Podem superar a 
tendenciosidade de 
base cultural na teoria 
e pesquisa. 
Sujeitos à 
tendenciosidade do 
observador. 
Estudos 
experimentais 
Comparação estatística de 
dois grupos: o grupo 
experimental (sujeito ao 
experimento, exemplo: 
grupos que ingerem novos 
fármacos) e grupo controle 
(não sujeito ao experimento, 
apenas para comprovar que 
os resultados não foram 
devido a outras variáveis, 
exemplo: grupos que 
ingerem placebo). 
Estabelece relações 
de causa e efeito. 
Procedimento 
altamente controlado, 
que pode ser repetido 
por outro 
experimentador. 
 
Quando realizados 
em laboratórios, 
alguns experimentos 
podem não ser 
aplicados na prática. 
Certas variáveis 
podem não ser 
testadas por motivos 
práticos e éticos. 
Estudos 
epidemiológicos 
Comparações estatísticas 
entre grupos expostos a 
diferentes fatores de risco. 
Auxiliam a determinar 
a etiologia de algumas 
doenças. 
Fácil replicação e 
generalização dos 
resultados. 
Certas variáveis 
devem ser 
controladas por 
seleção ao invés de 
manipulação direta. 
Demorados. 
Custo elevado. 
Estudos de 
desenvolvimento: 
Longitudinais 
Coletam-se dados sobre a 
mesma pessoa ou grupos 
de pessoas durante 
determinado período de 
tempo. 
Pode indicar mudança 
devido à idade ou 
continuidade. 
Evita confusões com 
efeitos de coorte 
(grupos etários, 
gerações). 
Demorado, caro. 
Problemas de 
desgaste, 
tendenciosidade da 
amostra e efeitos de 
repetição dos testes. 
Resultados podem ser 
válidos apenas nos 
grupos testados. 
Estudos de 
desenvolvimento: 
Transversais 
Coletam-se dados sobre 
pessoas de diferentes 
idades na mesma ocasião 
Indica semelhanças 
diferenças entre 
grupos etários. 
Rápido. 
Econômico. 
Sem problemas de 
desgastes ou 
repetição dos testes. 
Não pode estabelecer 
efeitos de idade. 
Mascara diferenças 
individuais. 
Pode ser confundido 
com efeitos de 
coortes. 
Fonte : adaptado de Straub (2014); Papalia, Olds e Feldman (2006). 
10 
 
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A partir das considerações apresentadas na tabela anterior algumas 
explicações serão feitas: 
Observam-se que existem vários tipos de pesquisas, diferentes 
metodologias, todas utilizadas na área da saúde, com suas vantagens e 
desvantagens. Cada método é adequado para se investigar determinada questão, 
assim o pesquisador deve ser experiente no tipo de pesquisa que pretende realizar 
para se alcançar os resultados esperados. 
Define-se amostra como um grupo menor, dentro de uma população que 
apresenta características semelhantes às da população inteira. Seleciona-se uma 
amostra, pois em muitos estudos, torna-se inviável realizar um estudo com toda a 
população, a exemplo do que ocorre nos censos. Existem dois tipos de seleção da 
amostra: aleatória ou por conveniência. A seleção aleatória é o tipo mais 
recomendado e caracteriza-se pelo fato de que cada pessoa dentro de determinada 
população tem uma chance igual e independente de ser escolhida, ou seja, a 
escolha se dá ao acaso. Como nem sempre é possível realizar esse tipo de escolha 
algumas amostragens são escolhidas por conveniência (por exemplo, na escola 
onde o pesquisador já trabalha); pode haver o risco dos resultados obtidos daquela 
amostra em especial não serem aplicados à população como um todo (PAPALIA; 
OLDS; FELDMAN, 2006). 
Uma coorte pode ser compreendida como um grupo que tem em comum 
determinado evento, um grupo de pessoas que viveu em determinada geração. 
“Grupo de pessoas que podem ter nascido aproximadamente na mesma época, 
experimentam condições históricas e sociais semelhantes” (STRAUB, 2014, p.16). 
Estudos desse tipo são importantes e poderiam investigar, por exemplo, os efeitos 
do estresse em pessoas que viveram na Alemanha em ocasião da segunda guerra. 
Os estudos epidemiológicos são de suma importância na área da saúde. 
Na apostila anterior, ao abordarmos o envelhecimento, falamos brevemente sobre a 
transição epidemiológica: o maior número de mortes devido às doenças crônicas 
não transmissíveis ao invés da morte por doenças infecto-contagiosas. A 
epidemiologia é utilizada para estabelecer a causa da doença; para se traçar a 
11 
 
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história natural de uma doença; para descrever o estado de saúde de determinadas 
populações e para realizar uma intervenção (POWERS; HOWLEY, 2000). 
Fletcher e Fletcher (2006) elucidam a importância da epidemiologia clínica 
por ser esta a ciência que objetiva desenvolver e aplicar métodos de observação 
clínica que conduzam a conclusões válidas, evitando-se, assim, a ocorrência de 
erros. A epidemiologia clínica é de grande importância, pois, a partir dela, os 
especialistas podem obter as informações mais relevantes sobre o paciente para, 
com elas, tomarem as melhores decisões no que diz respeito ao seu cuidado. 
Na tabela anterior foram apresentados apenas estudos com seres humanos, 
porém há outra modalidade de pesquisa, realizada com dados de pesquisa já 
publicados, que também é muito válida: a metanálise (bibliometria). A bibliometria 
pode ser definida como uma prática multidisciplinare é um recurso que começou a 
ser utilizado para identificar comportamentos da literatura e sua evolução em 
determinados contextos sócio-históricos. Visa quantificar resultados de busca de 
pesquisa. Os métodos bibliométricos são uma importante ferramenta para a 
realização dos estudos sobre a produção científica de determinado assunto, país (ou 
comparação entre diferentes países) e autor. A internet é um poderoso meio de 
disseminação do conhecimento científico e acadêmico, por isto é um local 
privilegiado para a realização de pesquisa bibliométrica (BUFREM; PRATES, 2005). 
 
1.2 Postura ética em psicologia hospitalar e da saú de 
Conforme mencionado na tabela, uma questão muito importante nas 
pesquisas que envolvem seres vivos é a ética. Neste caso, iremos focar apenas a 
legislação e os princípios que regem a pesquisa com seres humanos – sujeitos de 
interesse do psicólogo hospitalar e da saúde. 
Papalia, Olds e Feldman (2006) elucidam três princípios básicos que 
envolvem a pesquisa com seres humanos: a beneficência, o respeito à autonomia e 
a justiça. Além disso, os sujeitos que compõem amostras de pesquisas têm também 
direito a consentimento informado, à autoestima, à privacidade e ao sigilo. Koerich, 
Machado e Costa (2005) elucidam que esses princípios não se restringem à área da 
pesquisa, mas devem ser utilizados como recursos para a análise e a compreensão 
das situações que acontecem no cotidiano dos serviços de saúde. Dessa forma, 
12 
 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
reafirmamos a importância do psicólogo hospitalar e da saúde compreender esses 
princípios. 
O primeiro princípio abordado é o da beneficência, o qual foi explicitado por 
Beauchamp e Childress (1993 apud KOERICH; MACHADO; COSTA, 2005): 
 
O princípio da beneficência relaciona-se ao dever de ajudar aos outros, de 
fazer ou promover o bem a favor de seus interesses. Reconhece o valor 
moral do outro, levando-se em conta que maximizando o bem do outro, 
possivelmente pode-se reduzir o mal. O profissional se compromete em 
avaliar os riscos e os benefícios potenciais (individuais e coletivos) e a 
buscar o máximo de benefícios, reduzindo ao mínimo os danos e riscos 
(p.108). 
 
Faz-se relevante destacar que, segundo os autores supracitados, para 
realmente fazer o bem ao paciente, torna-se necessário que os profissionais da 
saúde dominem suas competências profissionais, pois assim, o mesmo terá 
condições de definir atitudes e procedimentos que realmente visem o melhor ao 
paciente e, consequentemente, evitar possíveis riscos. 
Cada profissional que compõe a equipe multiprofissional de saúde precisa 
ter conhecimento de seu código de ética profissional, documento que norteia a 
postura ética do profissional, além de expor claramente os direitos, 
responsabilidades, deveres, proibições e possíveis penalidades caso cometa alguma 
atitude proibida por seu código de ética. O psicólogo precisa conhecer o Código de 
Ética do Psicólogo (CFP, 2005), além das resoluções que regulamentam sua prática 
profissional. 
Não basta fazer o bem ao paciente, também se faz imprescindível não fazer 
o mal a ele. 
 
O princípio de não-maleficência implica no dever de se abster de fazer 
qualquer mal para os clientes, de não causar danos ou colocá-los em risco. 
O profissional se compromete a avaliar e evitar os danos previsíveis 
(KOERICH; MACHADO; COSTA, 2005, p.109). 
 
Mais uma vez ressalta-se a importância do profissional da saúde vigiar sua 
postura para não trazer nenhum tipo de riscos ao seu paciente ou sujeito da 
pesquisa, ou mesmo executar outra técnica que acarrete em menores riscos ao 
paciente. 
13 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
O princípio da autonomia diz respeito à autodeterminação ou autogoverno, 
ao poder de decidir sobre si mesmo. [...] Respeitar a autonomia é 
reconhecer que ao indivíduo cabe possuir certos pontos de vista e que é ele 
que deve deliberar e tomar decisões seguindo seu próprio plano de vida e 
ação embasado em crenças, aspirações e valores próprios, mesmo quando 
estejam em divergência com aqueles dominantes na sociedade, ou quando 
o cliente é uma criança, um deficiente mental ou um sofredor psíquico 
(KOERICH; MACHADO; COSTA, 2005, p.109). 
 
Deve-se enfatizar que a autonomia do paciente sempre é restrita quando o 
mesmo se encontra hospitalizado e a equipe de saúde deve buscar garantir sua 
autonomia. Para a psicologia é importante enfatizar que respeitar a autonomia 
envolve reconhecer que o paciente possui crenças e pontos de vista diferentes, os 
quais não devem ser simplesmente “abafados” pelo conhecimento científico vigente. 
Finalmente, o princípio da justiça refere-se à “inclusão de grupos diversos 
mantendo a sensibilidade a qualquer impacto especial que a situação de pesquisa 
possa ter sobre eles” (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006, p.94). Em relação à 
atuação profissional frente ao paciente preconiza-se “à distribuição coerente e 
adequada de deveres e benefícios sociais”, ou seja, no Brasil, o paciente tem direito 
à saúde pública e gratuita (KOERICH; MACHADO; COSTA, 2005, p.109). 
Além desses princípios que norteiam não apenas a atuação dos 
pesquisadores, mas também a prática profissional da equipe multiprofissional em 
saúde, três pontos precisam ser elucidados ao se realizar uma pesquisa. 
Para que uma pessoa participe de uma pesquisa inicialmente ela necessita 
ter condições para concordar voluntariamente do estudo, tendo consciência de seus 
possíveis riscos e benefícios. Em caso de pessoas que não têm condições de dar 
esse consentimento (por exemplo, crianças e idosos com demência), faz-se 
necessária também a autorização de um responsável (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 
2006). Os pesquisadores redigem um termo de consentimento livre e esclarecido 
(TCLE), o qual deve expressar claramente objetivos, riscos e benefícios em se 
participar da pesquisa. Caso concorde com o que está registrado, o participante 
assina o termo e só então passa a participar da pesquisa. 
No Brasil há o Conselho de Ética em Pesquisa, ao qual todas as pesquisas 
precisam ser submetidas. A Resolução 196/96 (BRASIL, 1996) regulamenta as 
pesquisas com seres humanos em território nacional. 
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Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Os pacientes possuem também direito a ter sua privacidade resgatada, além 
de sigilo em relação aos dados coletados (assim como acontece na prática 
profissional) e direito à autoestima (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). 
Isso justifica, por exemplo, por que o psicólogo nunca pode revelar dados 
dos pacientes numa pesquisa (ou apresentação escrita e oral de trabalho em 
congresso, por exemplo), já que feriria o direto do paciente à sua privacidade e 
sigilo. O Código de Ética dos Psicólogos (CFP, 2005) também reforça a questão do 
sigilo profissional, dado que será aprofundado num outro momento do curso 
(juntamente com outros detalhes refrentes à ética profissional, indispensáveis à 
atuação do psicólogoem instituições de saúde). 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
UNIDADE 2 – SAÚDE x DOENÇA: UMA PERSPECTIVA 
HISTÓRICA 
 
Após essa explanação de como ocorrem as pesquisas em psicologia da 
saúde e, consequentemente, como os resultados aos quais os pesquisadores 
chegam são fidedignos e embasados em dados confiáveis, partiremos para outros 
pontos de interesse do psicólogo hospitalar e da saúde. 
Fala-se em saúde a todo o tempo, porém, o que é saúde? Será que é 
apenas não ter doenças? Pensar em saúde e doença nos leva a uma reflexão 
bastante ampla, a qual engloba inúmeros aspectos, não apenas de ordem do 
biológico, como ilustrado na citação a seguir: 
 
A vida se manifesta através da saúde e da doença, que são formas únicas, 
experiências subjetivas e que não podem ser manifestadas integralmente 
através de palavras. No entanto, a pessoa doente utiliza palavras para 
expressar a sua doença e os profissionais da saúde, por sua vez, também 
fazem uso de palavras para significar as queixas dos pacientes. Dessa 
maneira, surge tensão entre a subjetividade da doença e a objetividade dos 
significados atribuídos pelos profissionais às queixas do paciente e que o 
levam a propor intervenções para lidar com esta situação. (CZERESNIA 
1999 apud BACKES et al., 2009, p. 112). 
 
O conceito de saúde sofreu algumas alterações ao longo do contexto 
histórico e nosso foco agora será apresentarmos essas modificações. Segundo 
Straub (2014), o termo “saúde” deriva-se do alemão e refere-se a um estado de 
integridade do corpo. Por outro lado, a perda de saúde era compreendida, na 
tradução literal da palavra, como um grave ferimento corporal. Com o passar dos 
tempos, saúde passou a ser compreendida como a ausência de doenças (não de 
ferimentos), porém, essa definição também se tornou incompleta. Atualmente, a 
saúde é definida como um estado de bem-estar físico, psicológico e social. 
Essa definição justifica por que a psicologia possui relação íntima com o 
conceito de saúde, o qual não inclui apenas o ponto de vista físico. Relacionam-se à 
psicologia da saúde questões como a influência das crenças, atitudes, autoconfiança 
e personalidade no estado geral de saúde. “A psicologia da saúde é a ciência que 
busca responder a essas e a muitas outras questões a respeito da maneira como 
nosso bem-estar interage com o que pensamos, sentimos e fazemos” (STRAUB, 
2014, p.5). 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
A doença esteve presente em todas as culturas no decorrer do contexto 
histórico, mas cada cultura atribuía diferentes causas para as doenças e, 
consequentemente, diferentes tratamentos. Importante conhecer as diferentes 
etiologias e estratégias de tratamento das doenças que foram se modificando no 
passar dos anos. O psicólogo deve compreender que, até os dias de hoje, algumas 
pessoas atribuem as doenças a causas que já foram desmistificadas ao longo do 
tempo, assim como acreditam em tratamentos que não possuem validade científica. 
Entretanto, é preciso cuidado para lidar com essas diferentes crenças. 
 
2.1 Visão histórica da saúde X doença 
Por questões de limitações de tempo, não é possível oferecer detalhes 
pormenorizados acerca de importantes acontecimentos em relação ao processo de 
saúde e doença que ocorreram ao longo da história. Assim, iremos citar apenas 
alguns eventos relevantes que irão se associar com assuntos posteriormente 
abordados nesta apostila. 
 
a) Pré-história : 
Nesse período da história as doenças eram atribuídas a fatores espirituais, 
ou seja, os espíritos ruins provocavam as doenças e somente os sacerdotes ou 
pajés das comunidades eram capazes de intervir sobre esses espíritos. Há indícios 
desses tratamentos nas pinturas rupestres encontradas em cavernas e em crânios 
humanos descobertos por arqueólogos que apresentavam perfurações (indícios de 
trepanação, uma intervenção cirúrgica primitiva onde se fazia um furo no crânio, o 
qual permitiria a saída dos espíritos malignos) (STRAUB, 2014). 
Com o passar dos anos, há aproximadamente quatro mil anos, há registros 
das primeiras associações entre higiene e saúde, e algumas comunidades passaram 
a melhorar a higiene pública para evitar a infestação por vermes (STONE; COHEN; 
ADLER, 1979 apud STRAUB, 2014). 
 
b) Grécia e Roma (séculos VI e V a.C.) 
Nessa época houve avanços expressivos na área da saúde pública e 
saneamento. Em Roma, em 312 a.C., a água chegava por um arqueduto, a limpeza 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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das vias públicas, o suprimento e a conservação dos alimentos era controlado por 
oficiais. No século I d.C., há registros de um sistema moderno de esgoto sanitário e 
banheiros públicos (CARTWRIGTH, 1972 apud STRAUB, 2014). 
Na Grécia antiga houve importantes descobrtas acerca da estrutura e do 
funcionamento do corpo, da mente e da interação entre ambos (CASTRO; 
LANDEIRA-FERNANDEZ, 2011). Hipócrates (em torno de 460 a 377 a.C), 
considerado pai da medicina moderna, deixou de relacionar as doenças com o 
misticismo. 
Para Hipócrates, o cérebro é considerado a sede das funções relacionadas 
ao intelecto (julgamento, emoções), assim como dos problemas como espasmos, 
convulsões e condições que afetam a inteligência (HIPÓCRATES, trad. 2002; 
PANOURIAS; SKIADAS; SAKAS; MARKETOS, 2005, apud CASTRO; LANDEIRA-
FERNANDEZ, 2011). 
Atribuía-se à cabeça os distúrbios do movimento, como as paralisias, além 
dos distúrbios da fala (FINGER, 2000; HIPÓCRATES, trad. 2002; PANOURIAS et 
al., 2005 apud CASTRO; LANDEIRA-FERNANDEZ, 2011). Para Hipócrates os 
transtornos mentais são associados ao cérebro. 
Um ponto chave em sua teoria é a teoria dos humores, a qual explica o 
equilíbrio dos organismos, a saúde, e já foi utilizada como explicação para as 
diferenças de personalidade. A citação a seguir elucida tal teoria: esta doutrina 
serviu como base para toda prática médica ocidental por quase dois milênios 
(BATISTA, 2003; FINGER, 2000; FRIAS, 2004; HIPÓCRATES, trad. 2002). 
 
Basicamente, propõe que o corpo é composto por quatro humores: sangue, 
flegma, bile amarela e bile negra. A saúde estaria associada com a perfeita 
justa proporção destes humores, tanto qualitativa quanto quantitativamente. 
A doença seria resultado do isolamento de um dos humores em alguma 
região do corpo, desequilibrando seu funcionamento (CASTRO; LANDEIRA-
FERNANDEZ, 2011, p.802). 
 
Galeno (129-200 a.C.) é outra figura importante nesse contexto. Realizou 
dissecações de animais e tratou graves ferimentos de gladiadores romanos. Seus 
estudos sobre anatomia, higiene e saúde foram relevantes e seus conhecimentos na 
área da anatomia foram muito difundidos. Embasado na teoria humoral de 
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Hipócrates desenvolveu um elaborado sistema de farmacologia que persistiu por 
muitos anos (STRAUB, 2014). 
 
Além disso, Galeno revitalizou a Teoria Humoral de Hipócrates e ressaltou a 
importância dos quatro temperamentos, conforme o predomínio de um dos 
quatro humores: sanguíneo, fleumático, colérico (de cholé, bile) melancólico 
(de melános, negro + cholé, bile). Considerou, desse modo, o 
comportamento das pessoas a partir do equilíbrio e harmonia dos humores 
constituintes do ser humano (FINGER, 2000; GROSS, 1998b) (CASTRO; 
LANDEIRA-FERNANDEZ, 2011, p.803). 
 
c) Idade Média e Renascença 
Época marcada pelo retorno das explicações para as doenças provenientes 
da crença no sobrenatural. A hegemonia da Igreja merece destaque nessa época, a 
qual proibia, por exemplo, a dissecação dos corpos pela explicação de que os seres 
vivos possuem alma e não poderiam ser violados. As doenças eram interpretadas 
como punições de Deus, explicação dada às doenças epidêmicas que assolavam a 
população (STRAUB, 2014). 
Outros pontos que merecem destaque nesse contexto histórico foram a 
criação dos hospitais, a adoção de medidas médico-sanitárias e a adoção da prática 
da quarentena para se evitar a propagação de doenças (FONSECA; CORBO, 2007). 
 
Como síntese desse período, parece-nos importante lembrar que, embora a 
natureza comunicável de algumas doenças fosse cada vez mais nítida – 
como a lepra e a peste –, a teoria miasmática ainda persistia como modelo 
explicativo. Ou seja, não havia evidência do elemento comunicável que não 
aqueles já sugeridos por Hipócrates: uma alteração atmosférica, onde 
águas estagnadas e matéria orgânica em decomposição corrompiam o ar. 
Naturalmente que, sob o poder da igreja, foram desautorizadas todas as 
iniciativas de avanço no conhecimento das causas das doenças e até 
mesmo de sugestão de qualquer explicação que estivesse além da fé. 
Aqueles que insistissem enfrentariam os tribunais da Inquisição (FONSECA; 
CORBO, 2007). 
 
Com o passar dos tempos e a maior disseminação das epidemias, a 
explicação para as mesmas voltou a ser a transmissão entre os indivíduos, que se 
dava devido à “conjugação dos astros, o envenenamento das águas pelos leprosos, 
judeus ou por bruxarias” (STRAUB, 2010, p.9). Surge a necessidade de descobrir a 
origem dos materiais que causavam os contágios (BARATA, 1985 apud BACKES et 
al., 2009). 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Destacam-se nesse período as ideias de Descartes, as quais são muito 
importantes para o advento da psicologia. 
Descartes (1596-1650) inaugurou a psicologia moderna ao sugerir que a 
mente influencia o corpo, ao mesmo tempo em que o corpo pode exercer sobre a 
mente uma influência maior do que até então se supunha, o que é um grande 
avanço, pois, desde as ideias de filósofos clássicos, como Platão, acreditava-se que 
a mente (ou alma) e o corpo possuíam naturezas diferentes. (SCHULTZ; SCHULTZ, 
1992). 
 
A ideia mais radical de Descartes foi sugerir que, embora a mente 
conseguisse afetar o corpo, o corpo também conseguia afetar a mente. Por 
exemplo, ele acreditava que paixões, como amor, ódio, tristeza, surgiam do 
corpo e influenciavam os estados mentais, embora o corpo agisse sobre 
essas paixões por meio de seus mecanismos. Dessa maneira, Descartes 
aproximou mente e corpo ao focalizar suas interações (GAZZANIGA; 
HEATHERTON, 2005, p.48). 
 
d) Século XIX 
Com o decorrer do tempo, algumas teorias na área da saúde foram se 
disseminando, dentre elas destacamos as deias de Pasteur, que realizou uma série 
de experimentos para mostrar, por exemplo, como os métodos de esterilização 
podem eliminar os germes, os quais não surgem por geração espontânea, a 
exemplo do que se pensava anteriormente. As teorias de Pasteur também serviram 
para elucidar a ideia de que vírus, bactérias e outros microrganismos podem invadir 
o corpo humano e fazer com que o seu funcionamento torne-se inadequado 
(STRAUS, 2014). 
Pasteur não dispôs de condições adequadas para descobrir quais 
microrganismos eram responsáveis por determinada doença, já em 1876, Koch, 
através de pesquisas com camundongos, conseguiu identificar o bacilo causador de 
antraz em ratos, o que sinaliza um grande avanço na área das doenças causadas 
por esses tipos de contaminações (FONSECA; CORBO, 2007). 
 
e) Século XX 
Época em que a medicina era mais embasada no estudo da anatomia e da 
fisiologia, em detrimento dos pensamentos e emoções. Predomina o modelo 
biomédico de saúde, que sustenta que as doenças sempre têm causas biológicas (o 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
que foi experimentalmente demonstrado em estudos como os de Pasteur e Koch) 
(STRAUS, 2014). Até a atualidade, este é o modelo ainda predominante na 
medicina, por isso é muito importante que não só o psicólogo hospitalar, mas a 
equipe de saúde como um todo, compreenda os fatores biológicos envolvidos na 
etiologia da doença, mas, além disso, não deixe de relacionar a importância dos 
aspectos psicológicos nas condições de saúde e doença. 
 
O modelo biomédico apresenta três características distintas. Em primeiro 
lugar, pressupõe que a doença seja o resultado de um patógeno – um vírus, 
uma bactéria ou outro microrganismo que invade o corpo. O modelo não faz 
menção às variáveis psicológicas, sociais e comportamentais na doença. 
Nesse sentido, o modelo biomédico é reducionista, considerando que 
fenômenos complexos (como a saúde e a doença) são essencialmente 
derivados de um fator primário. Em segundo, esse modelo tem como base a 
doutrina cartesiana de dualismo mente-corpo, que, como vimos, considera-
os entidades separadas e autônomas que interagem de forma mínima. Por 
fim, de acordo com ele, a saúde nada mais é que a ausência de doenças. 
Dessa forma, aqueles que trabalham apoiados nessa perspectiva se 
concentram em investigar as causas das doenças físicas, em vez daqueles 
fatores que promovem a vitalidade física, psicológica e social. Médicos que 
trabalhassem unicamente segundo a perspectiva biomédica, enfocariam as 
causas fisiológicas das dores de cabeça, do coração acelerado e da falta de 
ar [...] em vez de considerar algum problema psicológico que poderia estar 
contribuindo para esses sintomas (STRAUB, 2014, p.11). 
 
Para explicar os casos onde o modelo biomédico não era eficaz, ou seja, 
aqueles que não se reduzem a patógenos, e que não se reduzem a condições que 
afetam exclusivamente o corpo, os estudos de Freud – cujos pressupostos sobre a 
personalidade foram apresentados na apostila anterior – se despontaram nesse 
contexto através do estudo das pacientes histéricas, o qual já era desenvolvido 
anteriormente, mas foi mais divulgado após sua participação e sucesso com o 
tratamento dessas pacientes. 
Freud (1856-1939) foi um grande pensador e uma personalidade que muito 
influenciou a psicologia do século XX – mesmo que sua psicanálise seja alvo de 
crítica de muitas linhas de abordagem da atualidade. 
Em linhas gerais, pelo método da psicanálise, ele buscava trazer os 
conteúdos do inconsciente para o consciente para assim trabalhar os conflitos de 
forma construtiva (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2005; JORGE; FERREIRA,2002; 
SCHULTZ; SCHULTZ, 1992; HALL, LINDZEY, 1984). 
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Estudou medicina, porém também estudou biologia (zoologia e fisiologia) em 
Viena. Após formado e desinteressado da clínica médica, foi começar sua carreira 
em neurologia clínica junto com pacientes que apresentavam sintomas de paralisia 
em várias partes do corpo e observou que o tratamento dispensado a essas 
pacientes no momento era a hipnose. Dando continuidade aos seus estudos em 
Paris ouviu de Charcot – o médico que seria o seu tutor, a explicação de que a 
denominação para esses males neurológicos sem causa definida que acometia as 
mulheres era histeria e que a causa dos mesmos era sexual. A partir de então Freud 
resolveu aprofundar nesses estudos (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2005; 
SCHULTZ; SCHULTZ, 1992). 
 
Freud deduziu que grande parte do comportamento humano é determinada 
por processos mentais que operam abaixo do nível do conhecimento 
consciente, no nível do inconsciente. Freud acreditava que as forças 
mentais inconscientes muitas vezes entravam em conflito, o que produzia 
desconforto psicológico e, em alguns casos inclusive, alguns transtornos 
mentais aparentes (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2005, p.53). 
 
Segundo Straub (2014), os resultados dos estudos de Freud, médico, foram 
muito importantes para que a comunidade médica passasse a aceitar na existência 
dos sintomas conversivos – aqueles ocasionados devido a conflitos inconscientes 
“convertidos” no corpo. Na década de 1940, Franz Alexander trouxe à tona a ideia 
de que os conflitos psicológicos podem ocasionar doenças. O mesmo ajudou a 
estabelecer a medicina psicossomática , que envolve o diagnóstico e tratamento 
de doenças físicas, as quais são causadas por processos mentais deficientes (por 
ser um assunto de vital importância para o psicólogo da saúde nesse material, 
temos uma seção inteiramente destinada a ele). 
Importante destacar que os estudos de Freud e Alexander representam uma 
conexão entre medicina e psicologia. Essa nova visão, ao contrário do modelo 
biomédico, postula que doença e saúde são multifatoriais, ou seja, relacionam-se a 
fatores do hospedeiro, ambientais, comportamentais e psicológicos (STRAUB, 
2010). 
O movimento behaviorista despontou-se na primeira metade do século XX. 
Segundo o mesmo autor, a medicina comportamental de Miller (1909 – 2002) visa 
explorar os comportamentos aprendidos na saúde e na doença. Um ponto de 
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destaque é a técnica de biofeedback, a qual permite que as pessoas tenham um 
certo controle sobre sua pressão arterial e frequência cardíaca a partir do momento 
em que tornam-se cientes do seus estados. Destaca-se o caráter multidisciplinar 
dessa abordagem, a qual é área de interesse da antropologia, sociologia, biologia 
molecular, genética, bioquímica, psicologia, enfermagem, medicina e odontologia. 
Em 1973, surge a Psicologia da Saúde a partir da Associação Americana de 
Psicologia (APA). Esse campo objetiva estudar de forma científica a etiologia das 
doenças (suas causas e origens); promover a saúde; prevenir e tratar doenças, além 
de promover políticas de saúde pública e o aprimoramento do sistema de saúde 
pública (STRAUB, 2014). 
A tabela a seguir mostra determinadas tendências na área da saúde que 
moldaram a psicologia da saúde: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 02 : Tendências do século XX que moldaram a psicologia da saúde 
Fonte : STRAUB (2014, p.13). 
 
Como será mostrado na próxima apostila, a psicologia da saúde enquanto 
especialidade da psicologia ainda não é disseminada pelo Brasil, porém seus 
pressupostos teóricos são de grande valia para o psicólogo que deseja atuar em 
hospitais, clínicas, instituições de saúde, ambulatórios e mesmo consultórios. Os 
conhecimentos oriundos da psicologia da saúde serão muito enfatizados nesta 
apostila, já que os temas tratados nela refletem essa visão. 
Tendência Resultado 
1. Aumento da expectativa de vida. Reconhecer a necessidade de cuidar melhor 
de nós mesmos para promover a vitalidade 
no decorrer de uma vida mais longa. 
2. O surgimento de transtornos 
relacionados com o estilo de vida 
(por exemplo: câncer, AVE, doenças 
cardíacas). 
Educar as pessoas para evitar 
comportamentos que contribuam para essas 
doenças (por exemplo: fumar e ter uma dieta 
com teores elevados de gordura). 
3. Aumento nos custos da assistência à 
saúde. 
Concentrar esforços em maneiras de 
prevenir a doença e manter uma boa saúde 
para evitar esses custos. 
4. Reformulação do modelo biomédico. Desenvolver um modelo mais abrangente da 
saúde e da doença – a abordagem 
biopsicossocial. 
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UNIDADE 3 – PERSPECTIVA BIOPSICOSSOCIAL (MENTE-CORP O) 
 
Como o psicólogo irá compor a equipe multiprofissional em saúde, é 
importante que ele esteja alinhado com o restante da equipe visando o melhor 
cuidado do paciente. Assim como nas demais profissões da equipe, faz-se 
necessário deixar de lado o modelo biomédico, que ainda predomina nas instituições 
de saúde, em busca de uma perspectiva mais integradora do ser humano, que visa 
todas as dimensões nas quais o mesmo se encontra inserido: biopsicossocial. 
Interessante destacar que mesmo com a primazia do modelo biomédico, a 
perspectiva biopsicossocial tem sido utilizada até mesmo para orientar a prática 
médica. 
 
No campo médico, as mudanças promoveram a formação de várias áreas 
de ensino, investigação e prática: Psicologia Médica, Psicossomática, 
Psicanálise, Medicina Comportamental, Interconsulta, só para citar algumas, 
que se estruturaram a partir da virada do século XIX para o século XX, com 
aproximações metodológicas próximas ou distintas, mas voltadas para 
áreas contíguas (DE MARCO, 2006, p.61). 
 
A perspectiva biopsicossocial (mente-corpo) postula que as forças 
biológicas, psicológicas e socioculturais agem em conjunto para determinar a saúde 
e a vulnerabilidade do sujeito à doença, ou seja, tanto a saúde quanto a doença 
devem ser aplicadas a partir desses múltiplos contextos nos quais o homem se 
encontra inserido (STRAUB, 2014). 
A citação a seguir fornece mais detalhes acerca do modelo biopsicossocial, 
o qual precisa ser bem assimilado pelos profissionais de saúde, em especial o 
psicólogo, sempre voltado aos aspectos não apenas biológicos envoltos no processo 
saúde – doença: 
 
A perspectiva que tem como referência o modelo biopsicossocial tem-se 
afirmado progressivamente. Ela proporciona uma visão integral do ser e do 
adoecer que compreende as dimensões física, psicológica e social. Quando 
incorporada ao modelo de formação do médico coloca a necessidade de 
que o profissional, além do aprendizado e evolução das habilidades técnico-
instrumentais, evolua também as capacidades relacionais que permitem o 
estabelecimento de um vínculo adequado e uma comunicação efetiva (DE 
MARCO, 2006, p.64) 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
A perspectiva biopsicossocial também é denominada de produção social da 
saúde (MENDES, 1996 apud PEREIRA; BARROS; AUGUSTO, 2011) e se opõe ao 
modelo biomédico e curativista. São princípios do modelo biopsicossocial: 
 
1. O corpo humano é um organismo biológico, psicológico e social, ou seja, 
recebe informações, organiza, armazena, gera, atribui significados e os 
transmite, os quais produzem, por sua vez, maneiras de se comportar. 
2. Saúde e doença são condições que estão em equilíbrio dinâmico; estão 
codeterminadas por variáveis biológicas, psicológicas e sociais, todas em 
constante interação. 
3. O estudo, diagnóstico, prevenção e tratamento de várias doenças devem 
considerar as contribuições especiais e diferenciadas dos três conjuntos de 
variáveis citadas. 
4. A etiologia dos estados de doença é sempre multifatorial. Devem-se 
considerar os vários níveis etiopatogênicos e que todos eles requerem uma 
investigação adequada. 
5. A melhor maneira de cuidar de pessoas que estão doentes se dá por 
ações integradas, realizadas por uma equipe de saúde, que deve ser 
composta por profissionais especializados em cada uma das três áreas. 
6. Saúde não é patrimônio ou responsabilidade exclusiva de um grupo ou 
especialidade profissional. A investigação e o tratamento não podem 
permanecer exclusivamente nas especialidades médicas (BELLOCH 
OLABARRIA, 1993 apud PEREIRA; BARROS; AUGUSTO, 2011, p.526). 
 
Convém ressaltar que as concepções apregoadas pelo modelo biomédico 
ainda estão em processo inicial de efetivação nos serviços de saúde. Como já 
enfatizamos a importância da atuação interdisciplinar, faz-se necessário um maior 
amadurecimento dos profissionais desde a sua formação aos modelos de gestão e 
funcionamento dos serviços de saúde, visto que ainda observam-se resquícios do 
modelo biomédico dentre esses meios. No que diz respeito à formação profissional, 
enfatiza-se o uso de metodologias de ensino que ultrapassem o saber técnico 
científico divulgado pelas instituições e o desenvolvimento de habilidades que 
possibilitem ao futuro profissional lidar com a dimensão subjetiva do ser humano 
(paciente, equipe, comunidade e a dele mesmo). Além disso, também se faz 
necessário elaborar propostas que visem à participação dos profissionais e usuários 
na produção de saúde, o que resulta numa vida mais saudável (PEREIRA; 
BARROS; AUGUSTO, 2011). 
Essas ideias são reforçadas a partir dos olhares de diferentes autores, 
como, por exemplo, Howard e Lewis (1999), que dentre as primeiras ideias de 
estudo sobre a psicossomática deixam bastante evidente a influência dos fatores 
psicológicos nas doenças. Observe que os autores não estão se referindo ao estado 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
de saúde, como ficou tão claro nas ideias de Straub (2014), mas enfocam apenas as 
doenças: 
 
A maioria das doenças está na dependência tanto de fatores emocionais 
quanto físicos. Você é uma unidade mente-corpo. Suas emoções são 
fenômenos físicos e cada alteração fisiológica tem o seu componente 
emocional (HOWARD; LEWIS, 1999, p. 3). 
 
Corpo e mente são partes inseparáveis de uma única unidade bioquímica, 
cujo resultado final dessa interação é o indivíduo – único. Convém separarmos 
essas unidades (além da social e espiritual que, mesmo externas ao indivíduo, ficam 
em constante interação e também garantem a individualidade ao sujeito). Com isso, 
fica evidente que o homem é um ser biopsicossocial e espiritual ou, como é comum 
denominarmos na área da saúde, um ser holístico. 
 
Ao dividirmos as funções humanas em físicas e psíquicas, na realidade 
estamos estabelecendo uma divisão artificial. Você é, na realidade, um ser 
íntegro, funcionando como um todo. Qualquer resposta mental, seja ela 
reação emocional ou atividade intelectual, faz parte e é processo de um 
processo físico. Analogicamente, todo o estado físico – seja de bem-estar 
ou de padecimento – tem componentes emocionais (HOWARD, LEWIS, 
1999, p.11). 
 
A química corporal está intimamente associada ao estado emocional do 
indivíduo, como aponta o exemplo a seguir: “A perna de um homem é amputada 
devido à gangrena. Logo ele passa a sentir dores terríveis no membro que não mais 
possui” (HOWARD, LEWIS, 1999, p.5). Os sintomas do denominado membro 
fantasma são bastante frequentes e causam sérias dores e desajustes nos 
amputados. Em busca de proporcionar alívio aos pacientes que sofrem com essa 
situação, é comum a atuação de uma equipe multiprofissional, composta, pelo 
menos, por médico, enfermeiro, fisioterapeuta e o psicólogo, os quais, em conjunto, 
abordam o indivíduo e sua percepção de dor como um fenômeno multicausal que 
não será solucionado apenas com a prescrição e administração de fármacos, como 
normalmente costuma-se fazer. 
Os contextos nos quais o homem está inserido serão brevemente 
apresentados a seguir de forma a fornecer uma compreensão acerca da perspectiva 
biopsicossocial. 
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O contexto biológico abrange a constituição genética, os sistemas nervoso, 
imune e endócrino, os quais influenciam diretamente os processos de saúde e 
doença. No contexto psicológico, destacam-se as crenças do paciente acerca sua 
saúde, doença e tratamentos; as intervenções psicológicas utilizadas para 
administrar as tensões do meio. Finalmente, no contexto social, destacam-se as 
influências culturais, familiares que norteiam a maneira como se pensa e se 
relaciona com os outros e o ambiente (STRAUB, 2014). 
Enfim, compreender o modelo biopsicossocial em saúde é essencial ao 
psicólogo que pretende atuar em setores de saúde, o qual sempre irá enfatizar os 
aspectos biopsicossociais da saúde e da doença, além do que, esse profissional 
sempre deve nortear sua prática considerando não apenas a sua atuação, mas de 
toda a equipe na qual o psicólogo está inserido. Nosso próximo passo é 
compreender melhor os fatores provenientes desses diferentes contextos nos quais 
o ser humano encontra-se inserido e que se relacionam com os processos de saúde 
e doença. 
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UNIDADE 4 – BASES BIOLÓGICAS DA SAÚDE E DOENÇA 
 
Como vem sido enfatizado ao longo desta apostila, corpo e mente estão 
ligados de modo íntimo e indissociável. Através da perspectiva biopsicossocial, é 
possível compreender que os comportamentos, pensamentos e sentimentos afetam 
o funcionamento do corpo, assim como são influenciados por este. Compreender os 
sistemas físicos do corpo nos possibilita refletir como bons hábitos auxiliam na 
prevenção de doenças e na obtenção de bem-estar,enquanto o inverso também é 
verdadeiro (STRAUB, 2014). 
Um curso de psicologia hospitalar e da saúde não irá se voltar 
demasiadamente para o funcionamento do corpo humano, porém uma noção geral 
de como opera o organismo é imprescindível para termos subsídios para se 
compreender algumas questões relacionadas a doenças específicas, foco do nosso 
curso num outro momento. Não iremos detalhar estruturas anatômicas de cada 
órgão que compõem os sistemas do corpo humano, ao mesmo tempo em que não é 
o nosso objetivo fornecer detalhamentos aprofundados acerca da fisiologia. 
O funcionamento do organismo é algo demasiadamente complexo para ser 
apresentado num pequeno capítulo de uma apostila, por isso muitas das 
informações aqui apresentadas mostram-se incompletas. Como a anatomia e a 
fisiologia são disciplinas presentes na graduação da psicologia e de todos os cursos 
da área da saúde, partimos do pressuposto de que o profissional já conheça esses 
sistemas e os processos complexos a ele envolvidos, só iremos fornecer uma breve 
recapitulação de conteúdos que serão mencionados posteriormente. 
O corpo é formado pelos sistemas nervoso, endócrino, imune, respiratório, 
cardiovascular, linfático, digestório, excretor e reprodutor, mas, para esta apostila, 
serão mencionados apenas os dois primeiros, os quais são sistemas de 
comunicação do organismo. Na seção sobre as enfermidades psicossomáticas, 
iremos mencionar todos esses sistemas ao mostrar os principais tipos de doenças 
que afetam cada um deles. 
 
4.1 Sistema nervoso 
O sistema nervoso é formado pelo cérebro, medula (que juntos formam o 
sistema nervoso central – SNC) e pelos nervos periféricos (sistema nervoso 
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periférico – SNP) que enviam e recebem sinais para o restante do corpo. É 
responsável por grande parte do controle sobre a operação dos sistemas corporais 
(GAZZANINGA; HEATHERTON, 2005; STRAUB, 2014). 
Uma questão precisa ser esclarecida, a qual parece ser bastante simples, 
mas a falta de conhecimento da mesma gera confusões conceituais. Cérebro e 
mente não são sinônimos. Cérebro é o órgão que se encontra dentro do crânio e faz 
parte do sistema nervoso, é uma estrutura física, ou seja, podemos visualizar este 
órgão em exames de imagem como a ressonância magnética ou tomografia 
computadorizada. Já a mente é uma parte “virtual”, ou seja, não faz parte do sistema 
nervoso, não é visível nos exames de imagem. A mente se relaciona aos processos 
psicológicos do indivíduo, como já vimos, relaciona-se aos padrões de saúde e 
doença. Para uma abordagem biopsicossocial do ser humano, precisamos lembrar 
de que o corpo e a mente estão sempre em íntima relação. 
Voltando-se ao sistema nervoso, é importante saber que o SNC é 
subdividido em dois (GAZZANINGA; HEATHERTON, 2005, STRAUB, 2014): 
• sistema nervoso somático – composto pelos nervos que levam as mensagens dos 
órgãos sensoriais até o SNC e deste para os músculos e glândulas. Controlado 
de maneira voluntária; 
• sistema nervoso autônomo (SNA) – nervos que ligam o SNC ao coração, 
intestinos e outros órgãos internos. Controlado de maneira involuntária. 
Nesse momento iremos voltar nossa atenção para o sistema nervoso 
autônomo, o qual sofre grande influência das reações de estresse. O SNA é 
subdividido em simpático e parassimpático. Em linhas gerais, a divisão simpática 
prepara o indivíduo para a ação, enquanto que a divisão parassimpática faz o corpo 
voltar ao seu estado de repouso (GAZZANINGA; HEATHERTON, 2005). 
A figura a seguir ilustra as divisões simpática e parassimpática do sistema 
nervoso autônomo e, a seguir, teceremos algumas considerações sobre a mesma: 
 
 
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Figura 01 : SNA simpático e parassimpático 
 
Fonte : Vilela (s.d., s.p.). 
 
O sistema nervoso simpático prepara o organismo para o ataque e fuga, 
portanto as reações expressas na figura como dilatação da pupila, aceleração dos 
batimentos cardíacos, liberação de glicose pelo fígado e estimulação da produção 
de adrenalina preparam o corpo para esse tipo de reação. Passado o perigo, o 
sistema nervoso parassimpático contrai a pupila, reduz os batimentos cardíacos e 
volta ao corpo ao seu estado de repouso. 
Como mencionamos anteriormente, o sistema nervoso autônomo sofre 
influência direta dos estados psicológicos. Isso explica, por exemplo, porque uma 
pessoa tem uma forte diarreia num dia que irá ser submetida a uma avaliação muito 
difícil (estimula a atividade do estômago e intestinos) ou sente sua boca seca diante 
de uma situação de estresse intenso (inibe a salivação). É comum pessoas 
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procurarem os serviços de saúde com sintomas como esses, ou outros mais 
alarmantes, como taquicardia e, após uma bateria de exames, o laudo conclusivo 
não aponta nenhuma disfunção nos órgãos relacionados, mas uma forte reação de 
ansiedade. O psicólogo hospitalar e da saúde auxilia o paciente a lidar com esses 
sintomas e a evitar que os mesmos surjam em outras situações. 
 
O sistema nervoso simpático também é ativado por estados psicológicos, 
como ansiedade ou infelicidade. As pessoas que se preocupam muito ou 
que não conseguem lidar com o estresse têm o corpo em constante estado 
de excitação. A ativação crônica do sistema nervoso simpático está 
associada a problemas médicos que incluem úlceras, doenças cardíacas e 
asma (DAVISON; PENNEBAKER, 1996 apud GAZZANINGA; 
HEATHERTON, 2005, p.114). 
 
O cérebro é o centro de controle do sistema nervoso e o local de 
armazenamento das memórias. Sem o cérebro não seria possível ao homem 
pensar, andar, falar ou respirar (STRAUB, 2014). 
O estudo de pacientes com lesões cerebrais é muito comum na 
neuropsicologia e, ao observar os pacientes antes e depois das lesões, é possível 
observar alterações comportamentais, nas sensações (por exemplo, pessoas que 
param de enxergar e não têm nenhuma lesão nos olhos), na fala, dentre outras. Na 
Doença de Alzheimer, o acúmulo de placas entre os neurônios ocasiona a morte dos 
mesmos, o que explica as alterações na memória, no comportamento, na fala e, 
posteriormente, em todas as outras funções do organismo que são controladas pelo 
cérebro. 
É muito importante que o psicólogo hospitalar compreenda o quanto que as 
lesões cerebrais ou doenças que atingem o cérebro podem trazer consequências 
desastrosas e ser irreversíveis, pois os neurônios não são regeneráveis. Por outro 
lado, estudos na área da neuropsicologia também mostram que em alguns casos é 
possível que o cérebro crie novas rotas para compensar determinadas funções 
comprometidas em função de lesões ou deteriorações em áreas mais especificas. 
Todas as regiões e estruturas cerebrais são de suma importância para o 
homem, mas aqui iremos nos limitar a afirmar que o sistema límbico, localizado na 
região central do cérebro, desempenha um importante papel nas emoções,como o 
medo e a agressividade (STRAUB, 2014). 
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4.2 Sistema endócrino 
Considerado o segundo sistema de comunicação do corpo, o sistema 
endócrino possui íntima relação com o sistema nervoso para a regulação das 
principais funções do organismo. Ambos os sistemas possuem mensageiros 
químicos responsáveis pela sua comunicação com o corpo: o sistema nervoso utiliza 
os neurotransmissores, enquanto que o sistema endócrino utiliza os hormônios 
(STRAUB, 2014). 
 
Os sistemas nervoso e endócrino utilizam informações do ambiente para 
dirigir as respostas comportamentais que serão adaptativas. Basicamente, o 
sistema endócrino está sob o controle do sistema nervoso central. 
Estímulos externos e internos são interpretados pelo cérebro, que envia 
sinais para o sistema endócrino, que, então, inicia diversos efeitos sobre o 
corpo e sobre o comportamento (GAZZANINGA; HEATHERTON, 2005, 
p.115). 
 
Existem alguns tipos de glândulas, mas para esse estudo só se faz relevante 
voltar nossa atenção para as glândulas endócrinas – aquelas que secretam 
hormônios na corrente sanguínea. A glândula hipófise é denominada glândula 
endócrina mestra, já que ela libera diversos hormônios, os quais agem sobre as 
diversas glândulas do corpo. As respostas hormonais são essenciais à saúde e vale 
a pena destacar que situações estressantes podem influenciar o sistema endócrino, 
como é possível observar nas pessoas que ganham peso em decorrência do 
estresse. (STRAUB, 2014). 
Importante destacar que a obesidade não deve ser compreendida apenas 
como disfunção endócrina ou excesso de alimentação. A compreensão da 
obesidade também se dá numa perspectiva bopsicossocial. 
 
Alguns denominaram nossa época como a ‘era da ansiedade calórica’, na 
qual nós temos como padrão de beleza a magreza, mas, como hábito de 
vida, a abundância (NIEMAN, 1999, p.227). 
 
A obesidade é uma doença crônica não transmissível caracterizada pelo 
acúmulo excessivo de gordura, a qual acarreta uma série de prejuízos à saúde dos 
indivíduos, inclusive favorece o surgimento de patologias que, a longo prazo, podem 
evoluir para o óbito, como o diabetes tipo 2 e outras doenças. Envolve fatores 
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genéticos (os quais não podem ser modificados), e ambientais, ou seja, passíveis de 
mudança (PINHEIRO; FREITAS; CORSO, 2004). 
Segundo Nieman (1999), dentre os riscos associados à obesidade, podem-
se destacar dificuldades emocionais (como baixa autoestima e depressão) aumento 
de osteoartrite; aumento de incidência de hipertensão arterial e diabetes; aumento 
dos níveis de colesterol; aumento dos riscos de doença cardíaca, câncer e morte 
prematura. 
A figura 3 mostra a glândula hipófise, a qual está localizada no cérebro. 
Controlada pelo hipotálamo, envia seus hormônios via corrente sanguínea, os quais 
vão influenciar os outros órgãos a secretar os seus hormônios. 
 
Figura 3 : Hipófise e outras glândulas endócrinas 
 
Fonte : Vilela (s.d., s.p.). 
 
As reações de estresse estão diretamente relacionadas ao sistema nervoso 
e endócrino. O sistema nervoso simpático estimula a gandula adrenal a liberar os 
hormônios que desencadeiam ações de ataque e fuga, conforme explicamos 
anteriormente. Dentre esses hormônios destaca-se o cortisol. O mecanismo de 
síntese e liberação do cortisol é complexo e não será pormenorizado aqui, porém 
enfatizamos sua íntima relação com as reações de estresse (STRAUB, 2014): 
 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
A taxa de secreção do cortisol, que é normalmente sensível a fatores 
psicológicos e atinge o máximo cerca de 30 minutos após a ocorrência do 
estressor está tão relacionada com o estresse que o nível desse hormônio 
circulando no sangue ou na saliva costuma ser utilizado pelos psicólogos da 
saúde como um índice fisiológico de estresse. Para algumas pessoas, 
mesmo um evento aparentemente comum, como embarcar em um avião, 
pode desencadear um grande aumento no nível do cortisol [...] 
(THOMPSON, 2002 apud STRAUB, 2014, p.80). 
 
Importante esclarecer que o cortisol é um hormônio necessário ao 
organismo devido às suas ações anti-inflamatória, de promover a cura e por 
desencadear a liberação de energia armazenada para preparar o organismo para 
lidar com alguma ameaça. Quando em excesso por longos períodos o cortisol pode 
levar à hipertensão, diminuição da capacidade do organismo de combater infecções 
e transtornos psicológicos (STRAUB, 2014). 
Foi afirmado anteriormente que não falaríamos de outras glândulas que não 
as endócrinas, porém, a título de curiosidade, cita-se como o estresse também afeta 
o funcionamento das glândulas sudoríparas, o que explica o fato de algumas 
pessoas suarem demasiadamente em situações de estresse, podendo gerar 
inconvenientes como constrangimento em relação à aparência e hiperidrose (suor 
excessivo) nas mãos, o que pode comprometer o desempenho de certas atividades. 
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UNIDADE 5 – SUBJETIVIDADE E ADOECIMENTO NA 
CONTEMPORANEIDADE 
 
Na seção anterior ilustramos os dois sistemas de comunicação do 
organismo e as bases biológicas para algumas afecções que afetam o organismo. 
Agora pretendemos apontar de que forma os aspectos subjetivos interferem nas 
condições de saúde e doença, fator esse que é negligenciado se o modelo 
biomédico prevalecer. A abordagem biopsicossocial do ser humano enfatiza a 
importância dos aspectos psicológicos na etiologia, tratamento e prevenção das 
doenças, assim como para a promoção da saúde, diferente do que apregoa o 
modelo biomédico, como expresso na citação a seguir: 
 
[...] verificamos no campo da saúde coletiva a emergência de novas 
abordagens para se pensar o adoecimento, tais como a clínica ampliada, a 
humanização do atendimento, as discussões sobre a integralidade das 
ações de saúde e a produção do cuidado com vistas à transformação do 
modelo tecno-assistencial. [...] A capacidade resolutiva dos problemas de 
saúde por estes sistemas de cura deve-se fundamentalmente à peculiar 
interpretação do binômio saúde-doença, no qual os aspectos psíquicos e 
físicos são indissociáveis na busca do restabelecimento do equilíbrio 
(NOGUEIRA, 2003 apud GUEDES; NOGUEIRA; CAMARGO JR, 2003, 
p.1095). 
 
Uma causa de doenças muito discutida atualmente é o estresse. Já falamos 
do estresse na seção anterior e, de maneira sintética, o definimos como o “processo 
pelo qual percebemos e respondemos a eventos, chamados de estressores, que são 
percebidos como prejudiciais, ameaçadores ou desafiadores” (STRAUB, 2014, 
p.77). 
O estresse

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