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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA DANIEL DOURADO GUERRA SEGUNDO ANESTESIA EPIDURAL EM RUMINANTES: REVISÃO DE LITERATURA BOA VISTA - RR 2017 DANIEL DOURADO GUERRA SEGUNDO ANESTESIA EPIDURAL EM RUMINANTES: REVISÃO DE LITERATURA BOA VISTA – RR 2017 Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Medicina Veterinária, da Universidade Federal de Roraima - UFRR, como pré-requisito para a obtenção do bacharelado em Medicina Veterinária. Orientadora: Profª. Drª. Fabíola Niederauer Flores AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Décimo Primeiro Filho e Ângela Clotilde Coelho dos Santos, por todo apoio, educação, amizade, carinho e amor investidos em todas as fases da minha vida já vivenciadas, e claro, por terem me tornado o ser humano que sou hoje, pois sem eles em minha vida, jamais imaginaria aonde estaria. À minha irmã pelo apoio e carinho. À professora Raimifranca Maria Sales Veras, que além de seus valiosos ensinamentos e conselhos como minha professora e orientadora de monitoria, também pela grande coragem e perseverança de realizar seu sonho, que no qual, foi a fundação deste maravilhoso curso que conheci, amei e que no qual tirarei os futuros sustentos da minha vida. À minha professora e orientadora de projeto de iniciação científica, e trabalho de conclusão de curso, Fabíola Niederauer Flôres, pelos seus valiosos ensinamentos e conselhos, pela grande oportunidade de trabalhar ao seu lado e pela sua paciência ao longo destes anos. Aos professores dos Departamentos de Medicina Veterinária e de Zootecnia, pelos seus proveitosos ensinamentos que contribuíram muito na minha formação e que irão contribuir na minha futura vida profissional. Aos meus amigos mais próximos e em especial ao meu finado e grande amigo Fábio Maia da Silva, pelas alegrias compartilhadas, pelo grande apoio, pela confiança e seus conselhos precisos. Aos meus familiares, tios, tias, primos e primas. Sou muito grato pela presença e passagem de todas essas pessoas em minha vida! RESUMO A anestesia epidural em ruminantes é empregada para diversos procedimentos que envolvem a região caudal do animal. A utilização de anestésicos pela via epidural em bovinos, permite a realização de procedimentos cirúrgicos com o animal em posição quadrupedal, dispensando a necessidade de submeter o animal a anestesia geral. Evitando-se assim que se evidenciem os efeitos depressores cardiorrespiratórios dos anestésicos sistêmicos e impedindo consequências desagradáveis do decúbito, como as compressões nervosas, a redução do trânsito intestinal e o timpanismo gasoso ruminal. Inúmeras classes farmacológicas podem ser utilizadas por esta via, dentre elas estão os anestésicos locais, os agonistas alfa 2 adrenérgicos, antagonistas de receptores N-metil-D-aspartato (NMDA) e opióides, que podem ser empregados como fármaco único ou em associações, com intuito de potencializar a analgesia e reduzir efeitos indesejáveis. Neste trabalho de conclusão de curso, objetivou-se realizar uma revisão bibliográfica abordando o emprego da anestesia epidural em ruminantes, considerando a técnica de acesso ao canal epidural, as indicações, vantagens, desvantagens e as características farmacocinéticas e farmacodinâmicas dos agentes anestésicos empregadas por esta via, além de seus efeitos analgésicos e fisiológicos nos ruminantes. Palavras-chave: Epidural. Ruminantes. Analgesia. ABSTRACT The epidural anesthesia in ruminants is very employed in several procedures involving the region later these animals. The use of the anesthetics by the epidural way in cattle, allows the realizations of the surgical procedures with the animal in quadrupedal position, dispensing with the need to submit of the animal to the general anaesthesia. Thus avoiding that the cardiorespiratory depressant effects of the systemic anesthetics and avoiding unpleasant consequences of the decubitus, such as nervous compressions, the reduction of intestinal transit and of the ruminal blown gas. Several pharmacologic classes can be used by this way, such as the local anesthetics, agonists alpha 2, antagonists N-metil-D-aspartate (NMDA) and opioids. Can use them isolated or even in association, with aim of the enforce the analgesia and reduce the undesirable effects. In this work of course completion, the objective was to carry out a bibliographic review approaching the use of epidural anesthesia in ruminants, considering the technique of access to the epidural canal, indications, advantages and disadvantages, the pharmacokinetics and pharmacodynamics characteristics of the anesthetic agents employed in this way, as well as its analgesics and physiological effects on ruminants. Key-words: Epidural. Ruminants. Analgesia. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Representação esquemática da fisiologia da dor, desde o surgimento do evento potencialmente doloroso até sua percepção como estímulo nociceptivo nos centros superiores....... 12 Figura 2 - Substâncias estimulantes dos nocioceptores.................................. 13 Figura 3 - Representação do acesso ao espaço epidural de ruminantes, vista transversal e longitudinal........................................................ 15 Figura 4 - Acesso sacrococcígeo e intercoccígeo do espaço epidural caudal em ruminantes................................................................................. 18 Figura 5 - Representação da manipulação da cauda e palpação das vertebras para localização do espaço epidural............................... 19 Figura 6 - Demonstração das áreas dessensibilizadas pelo bloqueio epidural caudal obtido com administração de 10mL de lidocaína 2% em bovinos................................................................................ 21 Figura 7 - Representação do acesso epidural lombosacral realizado em pequenos ruminantes...................................................................... 21 Figura 8 - Demonstração da identificação do espaço lombosacral em um caprino............................................................................................. 22 Figura 9 - Representação do acesso epidural dorsolombar segmentar de ruminantes....................................................................................... 24 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Pesquisas realizadas com o emprego dos anestésicos locais pela via epidural em ruminantes................................................... 30 Quadro 2 - Pesquisas realizadas com o emprego dos alfa-2agonistas pela via epidural em ruminantes........................................................... 36 Quadro 3 - Pesquisas realizadas com o emprego da cetamina pela via epidural em ruminantes................................................................. 40 Quadro 4 - Pesquisas realizadas com o emprego dos opióides pela via epidural em ruminantes................................................................. 45 Quadro 5 - Pesquisasrealizadas com o emprego da associação de anestésicos locais com alfa-2agonistas pela via epidural em ruminantes..................................................................................... 48 Quadro 6 - Pesquisas realizadas com o emprego da associação de anestésicos locais com opióides pela via epidural em ruminantes..................................................................................... 50 Quadro 7 - Pesquisas realizadas com o emprego da associação de alfa 2- agonistas com cetamina pela via epidural em ruminantes..................................................................................... 52 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.............................................................................. 10 2 OBJETIVOS.................................................................................. 11 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................... 11 3.1 FISIOLOGIA DA DOR (NOCIOCEPÇÃO)..................................... 11 3.2 ESPAÇO EPIDURAL E ANESTESIA PELA VIA EPIDURAL........ 14 3.3 FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA DOS ANESTÉSICOS UTILIZADOS POR VIA EPIDURAL.................... 15 3.4 TÉCNICAS DE ACESSO EPIDURAL EM RUMINANTES E SUAS INDICAÇÕES..................................................................... 18 3.4.1 Anestesia Epidural Caudal......................................................... 18 3.4.2 Anestesia Epidural Lombossacral............................................. 21 3.4.3 Anestesia Epidural Dorsolombar Segmentar........................... 23 3.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS ATRIBUÍDAS À ANESTESIA EPIDURAL............................................................... 25 3.5.1 Anestesia Epidural Caudal......................................................... 25 3.5.2 Anestesia Epidural Lombossacral............................................. 25 3.5.3 Anestesia Epidural Dorsolombar Segmentar........................... 26 3.6 CLASSES DE FÁRMACOS UTILIZADAS NA ANESTESIA EPIDURAL EM RUMINANTES..................................................... 27 3.6.1 Anestésicos Locais..................................................................... 27 3.6.2 Alfa-2 agonistas.......................................................................... 34 3.6.3 Antagonistas N-metil-D-aspartato (NMDA)............................... 39 3.6.4 Opiáceos e Opióides................................................................... 43 3.6.5 Associações de fármacos utilizadas pela via epidural............ 44 4 CONCLUSÕES............................................................................. 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................. 56 10 1 INTRODUÇÃO A anestesia epidural, também denominada peridural, consiste em um bloqueio locorregional que é rotineiramente empregado em ruminantes para procedimentos cirúrgicos a campo, devido a facilidade da técnica além de evitar a necessidade de equipamentos dispendiosos e sofisticados (SKARDA; TRANQUILLI, 2014). Historicamente, a sua utilização na medicina veterinária foi primeiramente relatada em bovinos, por Benesch em 1926 (MATERA, 1956) e até hoje vem sendo efetivamente empregada e aperfeiçoada com novas técnicas e novos protocolos farmacológicos. Este bloqueio tem como intuito, dessensibilizar as fibras nervosas sensitivas que inervam a região posterior do animal (caudal as vertébras torácicas), sendo portanto, de eleição para manipulações obstétricas, correções de partos distócicos, procedimentos da biotecnologia da reprodução, além da realização de inúmeros procedimentos cirúrgicos do aparelho geniturinário, bem como de outras afecções envolvendo cauda, períneo, ânus, vulva, prepúcio, pele e escroto (FONSECA; OLIVEIRA; VIANA, 2011; NOKAES; PARKINSON; ENGLAND, 2001; SKARDA; TRANQUILLI, 2014; SPRÍCIGO; DODE, 2017). O uso da anestesia epidural em ruminantes, permite que os procedimentos cirúrgicos sejam realizados com o animal em posição quadrupedal, dispensando o uso de anestésicos gerais. Assim, evitando o derrubamento do animal e a contenção física excessiva, permitindo que este seja manipulado cirurgicamente em sua posição fisiológica. Proporcionando menor estresse e evitando complicações como abortos, fraturas, ou contusões por trauma, além de compressões nervosas, aspiração de líquido ruminal e timpanismo gasoso, que são fatores inerentes ao decúbito prolongado de ruminantes (FEITOSA, 2014; HALL; CLARKE; TRIM 2001; MASSONE, 2011; MORAES et al., 2014; SKARDA; TRANQUILLI, 2014). Consequentemente, favorecendo uma adequada recuperação do animal no pós- operatório e garantindo o seu bem-estar (SKARDA; TRANQUILLI, 2014). Para a realização deste tipo de bloqueio locorregional, existem três técnicas distintas, baseadas nos diferentes locais de acesso ao canal peridural, tais como anestesia epidural caudal, lombossacral e dorsolombar. A escolha da técnica a ser 11 empregada, fica a critério do profissional na dependência da espécie animal e do procedimento a ser realizado no paciente. As principais classes farmacológicas empregadas para anestesia peridural, são os anestésicos locais, os alfa-2agonistas, os analgésicos opióides e os antagonistas de receptores N-metil-D-aspartato (NMDA). Apesar de existirem inúmeros estudos sobre o emprego desses anestésicos pela via epidural em ruminantes, são escassas as revisões bibliográficas que abordam o tema considerando as possibilidades de aplicação em pequenos e grandes ruminantes (bovinos, búfalos, ovinos e caprinos). 2 OBJETIVOS Este trabalho foi realizado com a finalidade de, com base em uma revisão bibliográfica da literatura acadêmica de referência na área e dos artigos científicos publicados em periódicos de circulação nacional e internacional, apresentar as: - Técnicas de anestesia epidural; - Suas indicações, vantagens e desvantagens; - Apresentar os resultados de diversos estudos que empregaram as principais classes farmacológicas de anestésico para os bloqueios epidurais utilizados na rotina da anestesiologia de ruminantes. 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 FISIOLOGIA DA DOR (NOCIOCEPÇÃO) A dor é resultante de estímulos oriundos de uma lesão tecidual potencial, que tem como consequência, respostas musculares e autônomas de alerta, funcionando por meio de um complexo mecanismo de proteção do organismo. Portanto, se 12 enquadrando como uma ferramenta adaptativa e útil para a sobrevivência dos indivíduos na natureza (KARMELING, 2006). Fisiologicamente, a sinalização da dor é inicialmente função dos neurônios de primeira ordem, presentes nas fibras sensoriais periféricas pós ganglionares (fibras delta A e fibras tipo C), que após receberem o estímulo dos receptores sensoriais nocioceptivos (transdução) presentes no local do trauma, são sinalizadas, despolarizam e realizam sinapses (transmissão) até os neurônios de segunda ordem, presentes no corno dorsal medular (modulação). A informação, por sua vez, ascende à sinalização através dos tratos presentes no corno dorsal medular para o cérebro (projeção), sendo estão reconhecida e processada a nível de córtex cerebral (percepção). O córtex então, direciona uma resposta reflexiva por meio das vias eferentes no corno medular ventral até o local do estímulo doloroso (Figura 1) (NATALINI, 2006). Esta resposta reflexiva ao evento doloroso, é responsável pelo comportamento aversivo doanimais frente a um estímulo álgico, como a retirada de membro, o afastamento da fonte do perigo além do estado de alerta entre outros (KARMELING, 2006). Figura 1 - Representação esquemática da fisiologia da dor, desde o surgimento do evento potencialmente doloroso até sua percepção como estímulo nociceptivo nos centros superiores. Fonte: Adaptado de ANDERSON; MUIR (2005). 13 Os receptores sensoriais podem ser divididos em várias modalidades, dependendo do tipo de estímulo efetuado, mas aqueles que estão realmente ligados ao mecanismo da dor, são os receptores sensoriais nocioceptivos, ou mais simplificadamente, os chamados nocioceptores. A partir do momento que ocorre alguma injúria tecidual, sendo ela mecânica, química ou térmica, consequentemente ocorre a liberação de mediadores inflamatórios (Figura 2) oriundos do ácido araquidônico, fatores de necrose tumoral, norepinefrina, serotonina, óxido nítrico, interleucinas e histamina. Substâncias, estas, produzidas por células teciduais lesadas e consequentemente dos leucócitos, fibroblastos, neurônios simpáticos, plaquetas e endotélio vascular. Uma vez que estas substâncias são liberadas no interstício, as mesmas entram em contato com os nocioceptores presentes no local do trauma, desencadeando o mecanismo citado anteriormente e representado na figura 1. O estímulo doloroso pode ser agudo ou crônico, dependendo de fatores como a intensidade e extensão da injúria tecidual que o originou (KARMELING, 2006). Figura 2 - Substâncias estimulantes dos nocioceptores. Fonte: KARMELING (2006). Leucotrienos (LT); prostaglandina 2 (PGE2); norepinefirna (NE); bradicidina (BC); fator de necrose tumoral alfa (FNTalfa); histamina (HA); serotonina (5HT); óxido nítrico (NO); L-arginina (L-arg); substancia P (Sub P); interleucina 1beta(IL-1beta); óxido nítrico sintetase (cNOS). No corno dorsal medular, localizam-se diferentes tipos de receptores relacionados com a modulação nocioceptiva. A modulação está ligada à inibição dos 14 neurotransmissores liberados pelos neurônios de primeira ordem ou pela inibição da ativação dos neurônios de segunda ordem, consequentemente, proporcionando o bloqueio da sinalização da dor (bloqueio álgico). Dentre estes receptores relacionados com a inibição do estímulo nocioceptivo, estão: Receptores de adenosina; Com localização e efeitos não totalmente elucidados, estes receptores estão envolvidos na inibição da dor. Receptores adrenérgicos; Dentre eles, os receptores adrenégicos alfa 1 e alfa-2, estando o primeiro presente na substancia gelatinosa e o segundo no corno dorsal medular. Receptores GABA; Estão envolvidos na inibição da dor apesar de que seus mecanismos, assim como sua localização, não são totalmente conhecidos até o momento. Receptores opióides; Dentre os vários receptores opióides existentes, aqueles que são responsáveis pela atividade anti-nocioceptiva, são os receptores µ, δ e κ. Estes 3 receptores localizam-se e atuam no corno dorsal medular e nos axônios dos neurônios de segunda ordem, induzindo inibição pré e pós sináptica (NATALINI, 2006). Receptores NMDA Presentes nos neurônios de primeira e segunda ordem, quando ligados por antagonistas, bloqueiam a função destes neurônios impedindo a liberação de neurotransmissores (DAVIES et al., 1988; HALL; CLARKE; TRIM, 2001) 3.2 ESPAÇO EPIDURAL E ANESTESIA PELA VIA EPIDURAL A anestesia epidural, consiste no acesso e deposição do fármaco analgésico por meio de agulha ou cateter espinhal no interior do espaço ou canal epidural (Figura 3) (MASSONE, 2011), que é um espaço potencial, composto por vasos sanguíneos, fibras nervosas, revestido dorso-lateralmente por tecido adiposo e com o assoalho constituído pela camada dura-máter (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). 15 Por meio da deposição de fármacos de diversas classes no espaço epidural de ruminantes, é possível a realização de inúmeros procedimentos cirúrgicos com o animal em posição quadrupedal evitando a necessidade da utilização de anestesia geral e garantindo o bem-estar do animal (FEITOSA, 2014; MASSONE, 2011; MORAES et al., 2014; SKARDA; TRANQUILLI, 2014). Figura 3 - Representação do acesso ao espaço epidural de ruminantes, vista transversal e longitudinal. Fonte: Adaptado de SKARDA; TRANQUILLI (2014). 3.3 FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA DOS ANESTÉSICOS UTILIZADOS POR VIA EPIDURAL Quando o volume total do fármaco entra em contato com o canal epidural, o mesmo se difunde pelo espaço ao longo da medula espinhal, atingindo e bloqueando múltiplos ramos de nervos espinhais dorsais (sensoriais) e ventrais (somáticos) que transpassam os forames intervertebrais (MASSONE, 2011). A altura atingida pelo bloqueio epidural, ou seja, a quantidade de nervos espinhais dessensibilizados, depende de alguns fatores como o volume e concentração do fármaco administrado, pois quanto maior o volume e a concentração, maior será a capacidade de espraiamento rostral e caudal, favorecendo então, a difusão do fármaco e possibilitando o bloqueio de um maior 16 número de segmentos de ramos de nervos espinhais. Ademais, a velocidade de aplicação também é diretamente proporcional à altura de bloqueio. Os fatores anatômicos do espaço epidural e a polaridade do fármaco, também são fundamentais, pois como já mencionado, o espaço epidural é dotado de uma alta quantidade de tecido adiposo, portanto, fármacos muito hidrofílicos e muito hidrofóbicos possuem coeficientes de permeabilidade inferiores quando comparado aos fármacos parcialmente hidrofóbicos (BERNARDS; HILL, 1992; HALL; CLARKE; TRIM, 2001). Além disso, a largura dos forames sacrais e vertebrais, e o diâmetro do canal epidural, também são fatores que influenciam diretamente no espraiamento e distribuição do fármaco (HALL; CLARKE; TRIM, 2001; LEE et al., 2002). Quanto a idade dos animais, o espraiamento cranial do fármaco ao longo do canal epidural em novilhas, é inferior quando comparadas à vacas acima dos 2 anos de idade, simplesmente devido à baixa pressão negativa do canal epidural e às suas características de crescimento, aonde o emoldamento dos forames sacrais ainda não estão bem consolidados, favorecendo então à drenagem e a rápida perda da solução fármaco por meio destas cavidades (LEE et al., 2002, 2005). O posicionamento do animal após aplicação dos fármacos também influenciam, pois uma vez que o animal é submetido ao decúbito lateral ou ventral, a pressão sobre o espaço epidural é incrementada, consequentemente influenciando positivamente no espraiamento do fármaco ao longo do canal (LEE et al., 2002). Dependendo das concentrações e das solubilidades dos fármacos, eles podem ser capazes de se difundirem através da camada dura-máter, consequentemente atingindo o espaço subaracnóide, resultando na indução de uma anestesia raquidiana retardada (MASSONE, 2011). A difusão do fármaco através da dura-máter para o espaço subaracnoíde depende de fatores, como o coeficiente de difusão e dissociação, habilidade de penetração, gradiente de concentração e do tempo de contato do fármaco com as membranas biológicas de contato. A concentração alcançada no interior do espaço subaracnóide irá depender de fatores como o clearence do fármaco no espaço epidural, o poder de fixação tecidual, o escape paravertebral, a remoção hematógena e a taxa de passagem do fármaco dentro do LCR(líquido cefalorraquidiano) (SKARDA et al., 1981). Uma variedade de classes farmacológicas já foram empregadas pela via epidural de ruminantes, dentre elas os anestésicos locais (ANDERSON; MUIR, 17 2005; AMPARAL et al., 2005; ATIBA et al., 2015; BIGHAM et al., 2010; DAY; SKARDA, 1991; DEHKORDI et al., 2012; DEROSSI; BUCKER; VARELA, 2003; DEROSSI et al., 2010; DEROSSI et al., 2012; DEROSSI et al., 2015; GRUBB et al, 2002; HABIBIAN; BIGHAM; AALI, 2011; KATTAN; IBRAHIM; ALLAWI, 2007; LUCKY et al., 2007; MORAES et al., 2014; SHAFIEI; NAZHVANI, 2009; SHORT, 1998; SILVA e MARQUES, 2003; SINGH et al., 2015; VESAL et al., 2013;), os agonistas alfa-2 adrenérgicos (ALMEIDA et al., 2004;CARON; LEBLANC, 1989; CAULKETT; CRIBB; DUKE, 1993; GRUBB et al., 2002; IBRAHIM; ALLAWI, 2007; KATTAN; LIN et al., 1998; PRADO et al., 1999; SAIFZADEH et al., 2007; SINGH et al., 2006), antagonistas de receptores NMDA, como a cetamina (BANIADAM et al., 2008; DEROSSI et al., 2010; LEE et al. 2003; MARSICO et al., 1999; SINGH et al., 2005; SINGH et al., 2006;) e os analgésicos opióides (BANIADAM; AFSHAR; AHMADIAN, 2010; BIGHAM et al., 2010; DEROSSI et al. 2015;SILVA; MARQUES, 2003). Os anestésicos locais, atuam diretamente nas membrana nervosa dos neurônios, bloqueando os canais de sódio e consequentemente impedindo o potencial de ação e condução do impulso nervoso (CORTOPASSI; FANTONI; BERNARDI, 2014; PAPICH, 2012). Fármacos opióides atuam sobre receptores opióides dos tipos µ (mu), δ (delta) e κ (kappa), presentes no corno dorsal medular, provocando a inibição pré e pós sináptica, pois bloqueiam a ação da substancia P e de outros neurotransmissores, por meio do impedimento da ligação destes com os neurônios de segunda ordem (NATALINI, 2006). No sistema nervoso central (SNC), os sítio de ligação dos fármacos agonistas alfa 2 adrenérgicos incidem sobre os receptores adrenérgicos alfa 2 A, B e C. Os receptores alfa 2 do tipo A localizam-se no córtex cerebral e no locus ceruleus, sua ativação promove efeitos sedativos, analgesia supraespinhal e bradicardia associada a hipotensão mediadas centralmente. Já os receptores alfa 2 B e alfa 2 C, são encontrados no corno dorsal da medula espinhal, e quando ativados, promovem analgesia espinhal devido a depressão de estruturas do corno dorsal medular e da inibição direta da ação da noroepinefrina e da substancia P (ANDERSON; MUIR, 2005; HALL; CLARKE; TRIM, 2001; LEMKE, 2014). Derivados de feniciclidina como a cetamina, exercem a função de antagonista de receptores NMDA, logo, quando empregados pela via espinhal, atingem diretamente os receptores NMDA presentes nos neurônios de primeira e 18 segunda ordem, inibindo seu funcionamento e consequentemente bloqueando as sinapse dos neurônios de primeira ordem com os neurônios de segunda ordem (DAVIES et al., 1988; HALL; CLARKE; TRIM, 2001). 3.4. TÉCNICAS DE ACESSO EPIDURAL EM RUMINANTES E SUAS INDICAÇÕES 3.4.1 Anestesia Epidural Caudal Nesta técnica, a introdução da agulha para a realização do acesso, pode ser feita no espaço sacrococcígeo entre a quinta vértebra sacral e a primeira coccígea (S5-Co1) ou no espaço intercoccígeo entre a primeira e a segunda vértebra coccígeas (Co1-Co2) (Figura 4) (SKARDA; TRANQUILLI, 2014). Figura 4 - Acesso sacrococcígeo e intercoccígeo do espaço epidural caudal em ruminantes. Fonte: Adaptado de HALL; CLARKE; TRIM (2001). Para este tipo de acesso, podem ser utilizadas agulhas espinhais de Tuohy, bem como agulhas espinhais tipo padrão, (ARAÚJO, 2012; BANIADAM; AFSHAR; AHMADIAN, 2010; BIGHAM et al., 2010; LEE et al., 2003; MARSICO et al., 1999; NATALINI, 2007; SKARDA; TRANQUILLI, 2014; VESAL; AHMADI; IMANI, 2013) ou 19 ainda, agulhas hipodérmicas 40x12 (LOPEZ et al., 2005; MASSONE, 2011; MORAES et al., 2014; NATALINI, 2007). A identificação anatômica do espaço intercoccígeo ou sacrococcígeo para a realização deste acesso, é executada por meio da técnica de elevação e abaixamento da cauda do animal, associada a palpação digital da junção entre estas vértebras, possibilitando a localizar do espaço intervertebral desejado (Figura 5) (ALMEIDA et al., 2004; BANIADAM; AFSHAR; AHMADIAN, 2010; MASSONE, 2011; SKARDA; TRANQUILLI, 2014). Figura 5 - Representação da manipulação da cauda e palpação das vertebras para localização do espaço epidural. Fonte: MASSONE (2011). Quando identificado com exatidão a localização do espaço intervertebral a ser acessado, se faz necessária a preparação da região cutânea de forma asséptica, com tricotomia e antissepsia da região, assim como, é benéfico que se realize infiltração subcutânea de anestésico local, sobre a área na qual a agulha será introduzida (LEE et al., 2003; MASSONE, 2011; SKARDA; TRANQUILLI, 2014). Na antissepsia local podem se utilizar álcool iodado ou com iodo povidine (ALMEIDA et al., 2004; GRUBB et al., 2004), já a infiltração subcutânea é executada por meio da administração de volumes mínimos (2 a 3mL) de anestésico local, em forma de botão anestésico (GRUBB et al., 2004; MORAES et al., 2014; SKARDA; TRANQUILLI, 2014). 20 Aguardado o tempo de latência do anestésico local infiltrado no tecido subcutâneo, a agulha é então inserida no plano médio da junção intervertebral, em um ângulo reto ou de forma ventrocranial, com a angulação de 10ᵒ e aprofundada, lentamente, até o assoalho do canal vertebral, buscando atingir o espaço epidural (SKARDA; TRANQUILLI, 2014). Para confirmar o correto posicionamento do bisel da agulha no espaço epidural, pode ser empregada a técnica conhecida como teste da gota pendente, onde ocorre aspiração espontânea da gota pendente (de solução salina ou do próprio agente anestésico) através do canhão da agulha até o interior do canal epidural, uma vez que em seu interior existe pressão negativa que suga a gota assim que a agulha alcança o canal (ALMEIDA et al., 2004; BANIADAM; AFSHAR; AHMADIAN, 2010; NATALINI, 2007; SKARDA; TRANQUILLI, 2014). A confirmação pode ainda, ser realizada pelo teste de perda de resistência por meio da administração de ar seu interior do canal, sendo que o correto posicionamento da agulha, é verifica-se há a ausência de resistência após empurrar o êmbolo da seringa (ALMEIDA et al., 2004; GRUBB et al., 2004). Uma vez que agulha esteja posicionada corretamente o fármaco deve ser injetado lentamente (HALL; CLARKE; TRIM.,2001). A anestesia epidural caudal é indicada para manipulações obstétricas, correções de partos distócicos, fetotomias, coletas e transferências de embriões e folículos pré-antrais, redução de prolapsos, suturas de vulva, períneo e demais procedimentos cirúrgicos que envolvam cauda, ânus, reto, períneo, vulva, vagina, prepúcio e escroto (FONSECA; OLIVEIRA; VIANA, 2011; MASSONE, 2011; NOKAES; PARKINSON; ENGLAND, 2001; SKARDA; TRANQUILLI, 2014; SPRÍCIGO; DODE, 2017). Estas manipulações tornam-se possíveis devido ao bloqueio sensitivo da região posterior do animal, consequentemente dessensibilizando estruturas que envolvem cauda, garupa, anus, vulva, prepúcio, períneo e parte posterior da coxa, além de relaxar o esfíncter anal e musculatura lisa vaginal, mas sem comprometer as contrações uterinas (figura 6) (HALL; CLARKE; TRIM, 2001; MASSONE, 2011). 21 Figura 6 - Demonstração das áreas dessensibilizadas pelo bloqueio epidural caudal obtido com administração de 10mL de lidocaína 2% em bovinos.Fonte: MASSONE (2011). 3.4.2 Anestesia Epidural Lombossacral Trata-se de uma técnica frequentemente empregada em pequenos ruminantes como caprinos e ovinos (HALL; CLARKE; TRIM , 2001). Para a sua realização, a agulha espinhal deve ser introduzida no espaço lombosacral entre a sexta vértebra lombar e a primeira sacral (L6 e S1) (Figura 7) (SKARDA; TRANQUILLI, 2014). Figura 7 - Representação do acesso epidural lombosacral realizado em pequenos ruminantes. Fonte: SKARDA e TRANQUILLI (2014). 22 Nesta técnica, o acesso pode ser feito com o caprino ou ovino em posição quadrupedal, em decúbito lateral (HALL; CLARKE; TRIM, 2001) ou em decúbito ventral com os membros posteriores voltados cranialmente (DEROSSI et al., 2012). A identificação do ponto de acesso é realizada mediante palpação das estruturas ósseas da região lombossacral, visualizadas na Figura 8, palpando-se digitalmente os processos espinhosos das vértebras L6 e S1 e localizando a depressão existente entre elas (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). Figura 8 – Demonstração da identificação do espaço lombosacral em um caprino. Fonte: HALL; CLARKE; TRIM (2001). Linhas obliquas representam as margens ósseas do ílio; Linhas longitudinais interrompidas representam os processos espinhosos das vértebras L5, L6 e S1; S identifica o processo espinhoso da vértebra S1. Depois da localização do ponto de acesso, a área lombossacral delimitada é tricotomizada e submetida a antissepsia de forma similar ao descrito anteriormente para a técnica de anestesia epidural caudal (BIGHAM et al., 2010). Concluídas estas etapas, botão anestésico com administração subcutânea de 1mL de lidocaína 2% é realizada previamente à introdução da agulha para o acesso lombossacral (DEHKORDI et al., 2012; DEROSSI et al., 2012). 23 A anestesia epidural lombossacral em pequenos ruminantes pode ser realizado por meio de agulhas espinhais 18 Gauge (DEHKORDI et al., 2012; HALL; CLARKE; TRIM, 2001; HABIBIAN; BIGHAM; AALI, 2011;), agulhas epidurais de Tuohy 18 Gauge (DEROSSI et al., 2012) ou com agulhas hipodérmicas 20 Gauge (SINGH et al., 2015). A agulha é introduzida e penetrada entre as vértebras L6 e S1 até alcançar o canal epidural, logo confirmando-se o correto posicionamento do bisel da agulha por meio do emprego do teste da gota pendente ou do teste da ausência de resistência, mediante injeção de 2mL de ar (DEHKORDI et al., 2012; DE ROSSI et al., 2012; HABIBIAN; BIGHAM; AALI, 2011) ou até mesmo verificando-se a ausência de resistência com a aplicação do próprio fármaco escolhido para a realização do bloqueio (SINGH et al., 2015). A taxa de aplicação do fármaco deve ser lenta, em um tempo de pelo menos 30 segundos, pois caso o volume seja injetado rapidamente, existe tendência de aumento da pressão intracraniana, que, consequentemente, podem desencadear sintomatologia neurológica como opistótonos e nistagmos (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). Esta técnica de anestesia epidural, é indicada para procedimentos cirúrgicos caudais ao umbigo, na região do flanco, em regiões caudais do tórax (na porção das últimas costelas) além de cirurgias nos membros posteriores (DEROSSI et al., 2012; HALL; CLARKE; TRIM, 2001). 3.4.3 Anestesia Epidural Dorsolombar Segmentar Comparativamente às outras técnicas de anestesia epidural abordadas, esta é a que apresenta maior grau de dificuldade de execução, sendo portanto utilizada com menor frequência. Nesta técnica, a introdução da agulha para a realização do acesso, pode ser efetuada no espaço toracolombar entre a décima terceira vértebra torácica e a primeira lombar (T13-L1) ou no espaço interlombar entre a primeira e a segunda vértebras lombares (L1-L2), conforme na figura 9 (SKARDA; TRANQUILLI, 2014). 24 Figura 9 - Representação do acesso epidural dorsolombar segmentar de ruminantes. Fonte: SKARDA; TRANQUILLI (2014). (a): processo articular; (b): ligamento interarqueado; (c): espaço epidural; (d): dura-máter; (e): membrana aracnoide; (f): ramo dorsal; (g): ramo ventral; (h): ramo comunicante. Para realização desta técnica, inicialmente, é feita tricotomia e antissepsia da região caudal aos processos espinhosos de T13 ou L1. Adicionalmente, um botão anestésico subcutâneo com infiltração de anestésico local deve ser empregado no local de acesso adjacente ao ligamento interespinhoso (T13-L1 ou L1-L2), a fim de facilitar a punção com a agulha espinhal. Para localização do espaço intervertebral desejado, T13-L1 ou L1-L2, se faz necessário traçar uma linha imaginária de uma ponta a outra da borda cranial dos processos transversos das vértebras L1 ou L2, respectivamente, associado a palpação digital na depressão intervertebral existente. O acesso ao espaço epidural pode ser feito, empregando-se inicialmente, uma agulha (14G) de 1,25cm, para facilitar a penetração da agulha espinhal de 11,25cm (18G) dotada de mandril, que será utilizada em seguida para atingir o canal epidural. A agulha deve transpassar o canal interósseo até que se encontre a resistência característica do ligamento amarelo, que, quando ultrapassado, dá acesso ao canal vertebral. A penetração da agulha espinhal é então realizada em uma profundidade de 8 a 12cm, direcionada em um ângulo de 10 a 15ᵒ na direção vertical até alcançar o espaço epidural. Ao se atingir o canal pode-se ouvir a sucção do ar para o interior do canhão da agulha, confirmando o correto posicionamento da mesma, ou, esta confirmação pode ser feita empregando-se o teste da gota pendente. Uma vez 25 realizado o acesso é importante que o fármaco seja aplicado de forma lenta. Esta técnica é indicada para procedimentos que envolvam tórax e flanco, devido da insensibilização de raízes nervosas que emergem dos ramos torácicos e lombares. Com este tipo de bloqueio epidural, é possível realizar diversos procedimentos cirúrgicos por meio do flanco, como a cecotomia, cesariana, omentopexia, rumenotomia, duodenotomia e fistulações, devido a insensibilização dos flancos com miorrelaxamento da sua musculatura abdominal (SKARDA; TRANQUILLI, 2014). 3.5. VANTAGENS E DESVANTAGENS ATRIBUÍDAS À ANESTESIA EPIDURAL 3.5.1 Anestesia Epidural Caudal A anestesia epidural caudal é uma técnica que fornece segurança pois favorece preservação das estruturas medulares, pois como o acesso é realizado em um ponto em que se encontra longe do alcance das meninges e porção final da medula espinhal, minimiza as chances de lesões indesejáveis (HALL; CLARKE; TRIM, 2001; SKARDA; TRANQUILLI, 2014). É uma técnica simples e barata, pois dispensa da necessidade de equipamentos dispendiosos e sofisticados, sendo portanto, rotineiramente empregada em ruminantes nos procedimentos a campo (SKARDA; TRANQUILLI, 2014). Suas desvantagens estão relacionadas ao uso de altas doses de alguns fármacos, pois quando utilizadas podem promover priapismo e incoordenação motora dos membros posteriores (ataxia) (HALL; CLARKE; TRIM,2001). 3.5.2 Anestesia Epidural Lombossacral Com este tipo de bloqueio é possível realizar procedimentos através do flanco dos animais, como laparotomias exploratórias, cesarianas, além de outros procedimentos caudais ao flanco, como aqueles que envolvem os membros 26 posteriores (HALL; CLARKE; TRIM, 2001), tais como cirurgias ortopédicas (DEROSSI et al., 2012).Dentre as desvantagens ligadas a técnica, estão os riscos de lesões em raízes nervosas por imperícia, além dos incidentes envolvendo a administração de fármacos acidentalmente pela via subaracnóide, que está relacionado com riscos de parada respiratória, visto que as doses empregada pela via subaracnóidea são 50% menores do que as utilizadas via epidural. Depressão respiratória ainda pode estar relacionada com a administração de superdosagens de fármacos pela via epidural e, ainda, devido a injeção de fármacos, equivocadamente em plexos venosos (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). 3.5.3 Anestesia Epidural Dorsolombar Segmentar A anestesia dorsolombar segmentar, promove o bloqueio de ramos nervosos torácicos e lombares, sem comprometer o controle motor dos membros pélvicos. Portanto, permitindo a realização de procedimentos cirúrgicos de acesso por meio do flanco com o animal em posição quadrupedal, graças ao bloqueio nocioceptivo dos dermátomos dessa região, além do relaxamento muscular abdominal e do peritônio parietal. Já as suas desvantagens, estão relacionadas a dificuldade na execução da técnica, pois exige a necessidade de conter o animal totalmente. Falhas nesta contenção, estão diretamente relacionadas ao aumento dos riscos de lesões acidentais da medula espinhal, podendo comprometer irreversivelmente o controle motor dos membros pélvicos do animal. Além do mais, outros riscos atribuídos envolvem a aplicação de sobredoses ou a injeção acidental subaracnóidea, que podem resultar em distúrbios fisiológicos graves, severa depressão respiratória e alteração de controle motor (SKARDA; TRANQUILLI, 2014). 27 3.6 CLASSES DE FÁRMACOS UTILIZADAS NA ANESTESIA EPIDURAL EM RUMINANTES 3.6.1 Anestésicos Locais Os anestésicos locais são frequentemente utilizados na anestesia epidural de ruminantes e quando aplicados nas concentrações adequadas, fornecem bloqueio reversível da condução nervosa (MASSONE, 2011). Seu mecanismo de ação se baseia na sua ligação reversível com os canais de sódio presentes na membrana das fibras nervosas, reduzindo o influxo de sódio e deprimindo a intensidade da despolarização elétrica, consequentemente bloqueando o potencial de ação e condutância nervosa destas fibras (HALL; CLARKE; TRIM, 2001; MASSONE, 2011), promovendo bloqueio das fibras nervosas motoras, sensitivas e simpáticas (DAY; SKARDA, 1991). O bloqueio motor produzido, pode levar o animal ao decúbito em função de severa ataxia produzida, especialmente quando se empregam doses ou volumes elevados de anestésicos locais pela via epidural. O uso de doses ou volumes elevados, está costumeiramente associados às tentativas da obtenção de maior extensão de bloqueio espinhal (DAY; SKARDA, 1991; MASSONE, 2011; SKARDA; TRANQULLI, 2014; VESAL et al., 2013). Segundo Massone (2011), quando são empregados volumes acima de 10ml de lidocaína a 10%, o animal entra em prostração devido a perda da motricidade dos membros posteriores. A procaína surgiu em 1905 e foi extensamente empregada como anestésico local, substituindo a cocaína (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). É um fármaco pouco solúvel em lipídeos, com pouco poder de penetração, de curta duração anestésica, sendo rapidamente absorvido pela circulação sanguínea, desta forma é aconselhável seu uso associado com vasoconstritores. Sua associação com anticolinesterásicos pode incrementar os efeitos do anticolinesterásico, portanto esta associação deve ser utilizada com cautela, pelo risco de possíveis intoxicações. Em ratos, a dose letal da procaína (DL50), quando aplicada por via intravenosa (IV), é de 55mg/kg, portanto sua dose máxima permitida é de 10mg/kg (MASSONE, 2011; MAMA; STEFFEY, 2013). 28 A lidocaína surgiu na medicina veterinária em 1944, substituindo a procaína e outros compostos em procedimentos onde a anestesia locorregional era empregada. Sendo atualmente um dos anestésicos locais mais utilizados na medicina veterinária (HALL; CLARKE; TRIM, 2001; MAMA; STEFFEY, 2013). É um fármaco de moderada lipossolubilidade, potência e duração, dotado de alto poder de penetração entre os tecidos e de reduzido efeito vasodilator. Sua dose letal (DL50) IV em ratos, é de 33mg/kg (MASSONE, 2011). Quando adicionado a vasoconstritores, o seu tempo de ação anestésica duplica (GALLICI; LUNA; CAVALCANTE, 2012; HALL; CLARKE; TRIM, 2001). A bupivacaína é um fármaco altamente lipossolúvel e de ação prolongada, podendo fornecer de 6 à 8 horas de duração de analgésica, sendo três a quatro vezes mais potente que a lidocaína e isenta de efeitos vasodilatadores. O uso contínuo não incrementa seus níveis séricos na corrente sanguínea, portanto, dispensando efeitos sistêmicos quando empregadas em bloqueios locorregionais. Se utilizado em doses adequadas, fornece um bloqueio exclusivamente sensitivo e isento de alterações motoras (GALLICI; LUNA; CAVALCANTE, 2012; MAMA; STEFFEY, 2013; MASSONE, 2011; SKARDA; TRANQUILLI, 2014). Por conta da sua característica de longa duração, hoje é extensivamente empregada em procedimentos cirúrgicos, devido a vantagem de fornecer analgesia pós-operatória (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). A ropivacaína é um fármaco de ação e duração anestésica similar a bupivacaína, e quando aplicada na dose máxima permitida, torna-se mais eficaz do que a bupivacaina, pois seu bloqueio motor é menos pronunciado, sendo ainda menos cardiotóxico e neurotóxico. Portanto, sua sobredosagem em animais é mais tolerada comparativamente à sobredoses de bupivacaína. Doses e concentrações mínimas produzem analgesia satisfatória e induzem bloqueio motor mínimo não progressivo (GALLICI; LUNA; CAVALCANTE, 2012; MAMA; STEFFEY, 2013; MASSONE, 2011). Anestésicos locais como a procaína, lidocaína, bupivacaína e ropivacaína, já foram empregados pela via epidural em ruminantes (AMPARAL et al., 2005; ANDERSON; MUIR, 2005; ATIBA et al., 2015; BIGHAM et al., 2010; DAY; SKARDA, 1991; DEHKORDI et al., 2012; DEROSSI et al., 2010; DEROSSI et al., 2012; DEROSSI et al., 2015; GRUBB et al, 2002; HABIBIAN; BIGHAM; AALI, 29 2011;KATTAN; IBRAHIM; ALLAWI, 2007; LUCKY et al., 2007; MORAES et al., 2014; SAIFZADEH et al., 2007; SADEGH; SHAFIEI; NAZHVANI, 2009; SILVA; MARQUES, 2003; SINGH et al., 2015; VESAL et al., 2013), e seus efeitos analgésicos e fisiológicos encontram-se expostos no quadro 1. 30 Quadro 1 – Pesquisas realizadas com o emprego dos anestésicos locais pela via epidural em ruminantes. (Continua) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do Bloqueio Comentários Referências Lidocaína (2%;0,2mg/kg) Bovino Co1- Co2 Latência: 7 Duração: 127 Analgesia cutânea de períneo. 88,9% apresentaram completa analgesia no períneo. Vesal et al. (2013) Lidocaína (2%;0,1mg/kg) + Bupivacaína (0,5%;0,025mg/kg ) Latência: 6 Duração: 181 75% apresentaram completa analgesia no períneo. Bupivacaína (0,5%;0,05mg/kg) Latência:13 Duração: 226 30% apresentaram completa analgesia no períneo. Bupivacaína (0,5%;0,06mg/kg) Latência: 9 Duração: 247 70% apresentaram completa analgesia no períneo. Lidocaína (2%;0,22mg/kg) Bovino Co1- Co2 Latência: 3,9 Duração: 69,4 O bloqueio abrangeu do cóccix até L6 Todos apresentaram ataxia média. Bigham et al. (2010) Lidocaína (2%;0,22mg/kg) Bovino S5-Co1 Latência: 4,8 Duração: 81,8 Analgesia cutânea deperíneo Todos apresentaram ataxia média. Grubb et al. (2002) Lidocaína (2%;0,2mg/kg) Bovino Co1- Co2 Latência: 3 Duração: 35 Bloqueio de inervações das vértebras S3-S4 Sem alterações fisiológicas e motoras. De Rossi et al. (2010) Ropivacaína (1%;0,1mg/kg) Bovino S5-Co1 Latência: 6,2 Duração: 360 Não informado Sem alterações fisiológicas e motoras. Moraes et al. (2014) Fonte: Arquivo pessoal 31 (Continua) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do Bloqueio Comentários Referências Ropivacaína (0,75%;0,11mg/kg ) Bovino S5-Co1 Latência: 15 Duração: 359 Bloqueio de inervações das vértebras coccígeas até S3 (região cutânea femoral, patelar, do joelho, poplítea, crural, perineal, da cauda e urogenital). Sem alterações fisiológicas e motoras. Araújo et al. (2012) Lidocaína (2%;0,22mg/kg) Búfalo Co1- Co2 ou S5-Co1 Latência: 3,3 Duração: 79,5 Analgesia cutânea da cauda, vulva e períneo. Todos os apresentaram ataxia média. Saifzade et al. (2007) Lidocaína (2%;0,22mg/kg) Búfalo S5-Co1 Latência: 4 Duração: 67 Analgesia cutânea da base da cauda, períneo e parte superior dos membros posteriores Todos apresentaram moderada ataxia Atiba et al. (2015) Ropivacaína (concentração não informada;0,6mg/k g) Caprino L6-S1 Latência: 22-40 Duração: 71 Completa analgesia cutânea na cauda, períneo e região inguinal, e moderada analgesia nos flancos e dígitos Sem alterações fisiológicas e motoras. Singh et al. (2015) Bupivacaína (concentração não informada;0,6mg/k g) Latência: 17-41 Duração: 120 Fonte: Arquivo pessoal 32 (Continua) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do Bloqueio Comentários Referências Lidocaína (2%;1mL/7kg) + 1mL de água destilada Caprino L6-S1 Latência: 2,38 Duração: 61,42 Bloqueio de inervações das vértebras cóccigeas até L1 (região de flancos, garupa, femoral, dos joelhos, poplítea, patelar, crural, perineal, urogenital e base da cauda). Sem alterações fisiológicas e motoras. Sadegh, Shafiei e Nazhvani (2009) Lidocaína (2%;1mL/7kg) + 1mL de Sulfato de Magnésio 10% Latência: 3,71 Duração: 171,85 Lidocaína (2%;2,86mg/kg) Caprino L6-S1 Latência: 3 Duração: 85 Analgesia cutânea de períneo. Observou-se severa ataxia em todos os animais. Dehkordi et al. (2012) Procaína (2%;3,5mg/kg) Caprino Co1- Co2 Latência: não informada Duração:43,7(cauda); 30,5(períneo); 21,5(membros posteriores);18(escroto) Analgesia cutânea de cauda, períneo, membros posteriores e escroto. Promoveu severa ataxia com duração de 2,5 minutos. Kattan, Ibrahim e Allawi (2007) Bupivacaína (0,25%;0,5mg/kg) Ovino L6-S1 Latência: 5-10 Duração: 240 Obteve completa analgesia de flanco (L1-S1) e pequena intensidade de analgesia no períneo e membros posteriores (S3-cóccix). Promoveu média e severa ataxia, com duração de 85 minutos. DeRossi et al. (2015) Fonte: Arquivo pessoal 33 (Conclui) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do Bloqueio Comentários Referências Bupivacaína (0,25%;0,5mg/kg) Ovino T4-T5 Latência: 5 Duração: 70 Analgesia cutânea de tórax e antebraços (C7- T8) Bloqueio motor completo dos membros anteriores e ligeiro bloqueio dos membros posteriores, com duração de 50 minutos. Houve significativa depressão na pressão arterial sistólica e diastólica. DeRossi et al. (2012) Lidocaína (2%;1mL/7kg) + 1mL de água destilada Ovino L6-S1 Latência: 2,07 Duração: 53,42 Bloqueio de dermátomos das vertebras coccígeas até L1 (região de flancos, garupa, femoral, dos joelhos, poplítea, patelar, crural, perineal, urogenital e base da cauda). Houve bloqueio motor, com retorno da posição quadrupedal em 181 minutos. Bigham e Shafiei (2008) Lidocaína (2%;1mL/7kg) + 1mL de Sulfato de Magnésio 10% Latência: 4,57 Duração: 174 Houve bloqueio motor, com retorno da posição quadrupedal em 176 minutos. Lidocaína (2%;1mL/7kg) Ovino L6-S1 Latência: 4,14 Duração: 54,43 Analgesia cutânea de cauda, períneo, membros posteriores, flancos e parte caudal das costelas Todos os animais obtiveram severa ataxia. Habibian, Bigham e Aali (2010) Fonte: Arquivo pessoal 34 3.6.2 Alfa-2 agonistas Trata-se da classe de fármacos sedativos sistêmicos mais empregadas na medicina veterinária para ruminantes. Estes fármacos promovem efeitos miorrelaxante, sedativo e analgésicos, de intensidade dose dependente e que pode ser revertida facilmente com o uso de alfa-2 antagonistas em casos de extrapolações de doses ou surgimento de efeitos indesejáveis (LEMKE, 2014; LUNA; COSTA; CASSU, 2012). Os ruminantes são mais sensíveis aos efeitos dos alfa-2 agonistas comparado às demais espécies, sendo a sensibilidade do menor para o maior a seguinte: bovinos< ovinos< caprinos (LUNA; COSTA; CASSU, 2012). Nos bovinos, os principais efeitos desencadeados pelos alfa-2 agonistas quando aplicados pela via epidural são: sedação, analgesia, ataxia, bradicardia, ligeira hipotensão e atonia ruminal (ALMEIDA et al., 2004; MAZE; TRANQUILLI, 1991; SPINOSA; GÓRNIAK, 2014). Estes efeitos sistêmicos observados com a administração epidural, são resultantes da absorção do fármaco pelas veias longitudinais presentes no canal epidural, que permitem seu acesso à corrente sanguínea ocorrendo distribuição e efeitos sistêmicos (LEE et al., 2003). Quando administrado sistemicamente, em doses excessivamente altas, podem induzir excitação e rigidez muscular, devido a afinidade de alguns fármacos alfa-2 agonistas com receptores alfa-1 (DOZE et al. 1989; LEMKE, 2014). Estes fármacos apresentam efeito ocitócico no final da gestação de bovinos e ovinos, e devido a sensibilização dos receptores alfa-2 pelos picos de estrógenos neste período, consequentemente observa-se aumento das contrações miométricas, podendo resultar em abortos (LUNA; COSTA; CASSU, 2012). A xilazina foi sintetizada em 1962, sendo o primeiro alfa-2 agonista empregado na rotina veterinária devido ao seu potente efeito sedativo (LEMKE, 2014). Quando empregada pela via epidural, pode induzir profunda analgesia com ausência de bloqueio motor em alguns animais (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). Bovinos submetidos a aplicação epidural de xilazina nas concentrações de 5mg/mL e 7mg/mL, demostraram sedação e ataxia moderada. Entretanto, aqueles que receberam 3mg/mL, não demonstraram estas reações, mas o seu desempenho 35 analgésico foi inferior e de menor duração quando comparado às outras duas concentrações anteriormente relatadas. A xilazina é um fármaco que fornece longos tempos de analgesia, mas a sua latência é prolongada (CARON; LEBLANC, 1989). A clonidina é um fármaco que possui duração analgésica dose dependente, acompanhada de sedaçãoe hipotensão sistêmica (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). E, ao contrário dos anestésicos locais, quando utilizada pela via epidural não induz bloqueio motor (DE ROSSI; BUCKER; VARELA, 2003). A detomidina é um alfa-2 agonista principalmente utilizado em cavalos e seu emprego pela via epidural nesta espécie, induz profunda analgesia acompanhada de ataxia e perda da propriocepção. A latência da analgesia ocorre dentro de um período de 20 minutos, acompanhada de sedação, redução da frequência cardíaca e respiratória além de aumento da PaCO2 (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). O uso da detomidina na dose 40µg/kg pela via epidural em bovinos, promoveu diferentes graus de analgesia de flanco, sedação moderada, ataxia, hipertensão, bradicardia e hipermotilidade ruminal (PRADO et al., 1999). Em bovinos, enquanto a xilazina induz o aumento da contratilidade uterina, a detomidina reduz a atividade uterina, portanto, sendo uma escolha mais segura para este espécie durante a gestação (LUNA; COSTA; CASSU, 2012). A medetomidina é um fármaco mais potente comparado aos alfa 2-agonistas supracitados (LUNA; COSTA; CASSU, 2012). Com uso da dose de 15µg/kg de medetomidina diluída em 5mL de água destilada pela via epidural caudal em bovinos, foi possível obter prolongada analgesia com aproximadamente 7 horas de duração, acompanhada de sedação moderada e ataxia. Fisiologicamente induziu quedas nas frequências respiratória e cardíaca, além de sialorréia e poliúria (LIN et al., 1998). Alguns alfa-2 agonistas como a xilazina, clonidina, detomidina e medetomidina, já foram empregados pela via epidural em ruminantes (ALMEIDA et al., 2004; CAULKETT; CRIBB; DUKE, 1993; DEROSSI; BUCKER; VARELA, 2003; GRUBB et al., 2002; KATTAN; IBRAHIM; ALLAWI, 2007; LIN et al., 1998; PRADO et al., 1999; SAIFZADEH et al., 2007; SINGH et al., 2006) e, alguns detalhes destes estudos encontram-se expostos no quadro 2 36 Quadro 2 - Pesquisas realizadas com o emprego dos alfa-2 agonistas pela via epidural em ruminantes. (Continua) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do bloqueio Comentários Referências Xilazina (2%;0,05mg/kg) Bovino S5-Co1 Latência: 11,7 Duração:252,9 Analgesia cutânea com alcance do coccix até T13 (parte caudal das costelas, região de flancos, garupa, femoral, dos joelhos, poplítea, patelar, crural, perineal, urogenital e base da cauda). Média ataxia e sedação. Grubb et al. (2002) Xilazina (2%;0,05mg/kg) Bovino S5-Co1 Não se avaliou latência e duração analgésica neste trabalho. Mas sim a intensidade de resistência anti- álgica por meio de estímulos doloroso aplicado por calor em diferentes intensidades de temperaturas. Não se avaliou a altura de bloqueio por estímulo doloroso. O que avaliou-se foi a latência de retirada de membro e latência de estímulo cutâneo, aplicando calor por uma fonte de feixe de luz sobre as extremidades dos membros posteriores. Após a aplicação da xilazina: Induziu queda de 14,6% na frequência cardíaca em relação aos níveis basais. Induziu redução na pressão arterial sistêmica por 210 minutos. Reduziu significativamente a frequência respiratória por 235 minutos, tenho valores ainda mais reduzidos por 45 minutos. Redução dos movimentos ruminais por 180 minutos. Induziu sedação por 120 minutos. Um animal teve alterações nos padrões fisiológicos. Almeida et al. (2004) Fonte: Arquivo pessoal 37 (Continua) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do bloqueio Comentários Referências Clonidina (150µg/mL; 3,2µg/kg) Bovino S5-Co1 Latência: 19 Duração: 192 Analgesia cutânea perineal bilateral. Nenhum animal em ambas as doses apresentaram ataxia. Observou-se efeito sedativo com as duas doses nos períodos de 30 a 180 minutos. Nenhuma alteração fisiológica foi observada. De Rossi et al. (2003) Clonidina (150µg/mL; 4,3µg/kg) Latência: 9 Duração: 311 Xilazina (concentração não informada; 0,07mg/kg) Bovino Co1- Co2 Não se aferiu latência e duração do desempenho analgésico, mas sim o seu desempenho na qualidade de bloqueio em animais submetidos a cesárea (n=29). 17,2% tiveram pobre bloqueio, impossibilitados de serem submetidos ao procedimento cirúrgico. 37,9% tiveram adequada analgesia, tendo pequenas reações mas insignificantes após a incisão de pele e musculatura, mas com fortes reações em incisões de peritôneo. 44,8% tiveram boa analgesia, tendo nenhuma ou pequenas reações insignificantes após a incisão cirúrgica. 10,43% tiveram sedação profunda (deprimidas e com cabeça baixa), 79,3% tiveram sedação tratável (calmas, sem reações e alerta) e 10,3% demonstraram excitação (deferindo com coices contra o tronco, inquietas e direcionando olhar contra as pessoas próximas). Caulkett, Cribb e Duke (1993) Xilazina (2%;0,05mg/kg) Búfalo S5-Co1 Latência: 5,5 Duração: 136,4 Produziu analgesia cutânea de cauda, períneo, coxas, flancos, garupa e segmentos das últimas costelas (L1-T13) Induziu ataxia média. Nenhum animal apresentou sedação. Saifzadeh et al. (2007) Fonte: Arquivo pessoal 38 (Conclui) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do bloqueio Comentários Referências Xilazina (2%;0,05mg/kg) Búfalo L6-S1 Latência: 34,1 Duração: 137 Não se obteve analgesia cutânea completa, somente moderada das regiões de tórax, flanco, área inguinal, membros posteriores, períneo e cauda. Observou-se média e profunda sedação e média ataxia. Não induziu alterações fisiológicas clinicamente significativas. Singh et al. (2006) Xilazina (2%;0,01mg/kg) Caprino Co1- Co2 Latência: não informada Duração: 48,7 (cauda); 36,7(períneo); 24,2(membros posteriores);20,5 (escroto) Analgesia cutânea de cauda, períneo, membros posteriores e escroto. Observou-se sedação, salivação, altura de cabeça baixa e distensão ruminal depois de 10 minutos de aplicação do fármaco e com persistência de 65 minutos. A sedação durou 7,5 minutos. Kattan, Ibrahim e Allawi (2007) Fonte: Arquivo pessoal 39 3.6.3. Antagonistas N-metil-D-aspartato (NMDA) A cetamina é um fármaco conhecido por exercer efeito similar aos analgésicos locais, aos opióides agonistas/antagonistas e possivelmente aos antimuscarínicos. Devido a sua complexa função e mecanismos múltiplos de ação, torna-se difícil a sua avaliação quando empregado pela via epidural (HALL; CLARKE; TRIM 2001). Quando empregada pela via epidural em bovinos, fornece analgesia caudal dose dependente, de até uma hora de duração, além de sedação e diferentes graus de ataxia. Alterações cardiorrespiratórias não tem sido observadas com o emprego de cetamina pela via epidural, mesmo em doses elevadas (MARSICO et al., 1999; LEE et al. 2003). A cetamina é um fármaco que já foi empregado pela via epidural em ruminantes em alguns estudos (BANIADAM et al., 2008; DEROSSI et al., 2010; LEE et al. 2003; MARSICO et al., 1999; SINGH et al., 2005; SINGH et al., 2006), e seus achadosencontram-se expostos no quadro 3 40 Quadro 3 - Pesquisas realizadas com o emprego da cetamina pela via epidural em ruminantes. (Continua) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do bloqueio Comentários Referências Cetamina (5%; 5mL) Bovinos Co1- Co2 Latência: 6,5 Duração: 17 Analgesia cutânea de Cauda e períneo. Não foi observada sedação e nem ataxia. Não houve alterações nos padrões fisiológicos. Lee et al. (2003) Cetamina (5%; 10mL) Latência: 5 Duração: 34 Analgesia cutânea de Cauda e períneo. Ausência de sedação, mas observou-se ataxia leve de 30 minutos de duração. Não ouve alterações nos padrões fisiológicos. Cetamina (5%; 20mL) Latência: 5 Duração: 62,5 Analgesia cutânea de cauda e períneo e membros posteriores Ausência de sedação, mas observou-se ataxia leve, moderada e severa, com 48 minutos de duração. Não houve alterações nos padrões fisiológicos. Cetamina (concentração não informada; 0,5mg/kg) Bovinos Co1- Co2 Latência: 3 Duração: 48 Bloqueio dos dermátomos S3-S4 (região caudal das coxas, perineal, urogenital e base da cauda). Não observou-se ataxia e nem alterações nos padrões fisiológicos. De Rossi et al. (2010) Fonte: Arquivo pessoal 41 (Continua) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do bloqueio Comentários Referências Cetamina (concentração não informada; 0,5mg/kg) Bovinos Co1- Co2 Latência: 10 (cauda) Duração: 20 (cauda) Analgesia cutânea de cauda. Ausência de ataxia, sedação e alterações nos padrões fisiológicos. Marsico et al. (1999) Cetamina (concentração não informada; 1mg/kg) Latência: 5(cauda); 10 (anus e períneo) Duração: 30 (períneo); 70 (cauda) Analgesia cutânea de anus, períneo e cauda. Ausência de ataxia, sedação e alterações nos padrões fisiológicos. Presença de salivação excessiva. Cetamina (concentração não informada; 2mg/kg) Latência: 5 (vulva e cauda) Duração: 70 (vulva); 100 (cauda) Analgesia cutânea de vulva e cauda. Animais apresentaram ataxia, sedação e salivação excessiva. Não houve alterações nos padrões fisiológicos. Cetamina (10%; 2mg/kg) Búfalos S5-Co1 Latência: 4 Duração: 45 Analgesia cutânea completa de períneo e incompleta de cauda, região inguinal e membros posteriores. Presenciou-se muita incoordenação motora entre 5 e 20 minutos de observação, e incoordenação motora média até 45 minutos de observação. Nenhum animal apresentou sedação. Singh et al. (2005) Fonte: Arquivo pessoal 42 (Conclui) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do bloqueio Comentários Referências Cetamina (concentração não informada; 2,5mg/kg) Búfalos L1-L2 Latência: 4,6 Duração: 39,4 Analgesia insatisfatória, devido bloqueio incompleto. Não presenciou-se sedação, entretanto, os animais apresentaram uma pequena incoordenação motora. Singh et al. (2006) Cetamina (concentração não informada; 4mg/kg) Caprino L6-S1 Latência: não informada Duração: 14 Analgesia cutânea de cauda, anus, área femoral lateral e medial e glúteos. As alterações fisiológicas foram mínimas. Nenhuma animal apresentou ataxia. Baniadam et al. (2008) Cetamina (concentração não informada; 6mg/kg) Latência: não informada Duração: 30 Analgesia cutânea de cauda, anus, períneo, área femoral lateral e medial, glúteos e membros posteriores. Todos os foram a decúbito. As alterações fisiológicas foram mínimas. Cetamina (concentração não informada; 8mg/kg) Latência: não informada Duração: 65 Todos os foram a decúbito. As alterações fisiológicas foram mínimas. Fonte: Arquivo pessoal 43 3.6.4. Opiáceos e Opióides Os opiáceos são alcaloides naturais derivados do ópio, como a morfina e a apomorfina, já os opióides, são derivados sintéticos obtidos da morfina (MASSONE, 2011). Quando administrados pela via epidural, espraiam-se pelo espaço peridural e atuam diretamente sobre sítios pre-sinápticos no corno dorsal espinhal, impedindo a relação da substancia P sobre os receptores pós-sinápticos dos neurônios medulares, consequentemente, bloqueando a sinalização nocioceptiva e preservando a função motora (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). Na medicina veterinária, são considerados como o pilar para o tratamento de dor para inúmeras espécies. Fato este, que é devido aos seus diversos representantes farmacológicos utilizados no manejo da dor em paciente com traumas agudos, durante o pós-cirúrgico ou, ainda, em pacientes submetidos a longos períodos de tratamentos e atormentados por dores crônicas (LAMONT; MATHEWS, 2014). O uso dessa classe de fármacos pela via epidural em bovinos, já apresentou alguns efeitos adversos, como a redução dos movimento ruminais, queda na temperatura retal, aumento da frequência cardíaca, sedação, moderada ataxia e discreto prurido na região lombar e glúteos (BANIADAM; AFSHAR; AHMADIAN, 2010; BIGHAM et al., 2010; SILVA; MARQUES, 2003). Acredita-se que estes efeitos sejam atribuídos aos receptores μ e κ, pois estes receptores ao contrário do receptor δ, que somente fornece analgesia após estimulado, também trazem consigo alguns efeitos indesejáveis como depressão respiratória, euforia, êmese, alteração no peristaltismo gastrointestinal, sedação, dentre outros efeitos. Estes efeitos irão variar dependentemente ao tipo de fármaco selecionado, pois alguns são agonista, agonista/antagonistas ou agonistas parciais para cada tipo de receptor opióide (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). A morfina, apesar de ser o protótipo da classe, tem seu uso frequentemente relacionado ao surgimento de efeitos adversos como a excitação, depressão respiratória, vômitos, náuseas, defecação e salivação (MASSONE, 2011). Quando empregados pela via epidural em ruminantes, seu efeito analgésico foi insatisfatório (DEROSSI et al., 2012; SILVA; MARQUES, 2003) e, em bovinos, além de fornecer 44 analgesia insatisfatória, induziu alguns efeitos adversos, como prurido e redução dos movimentos ruminais (SILVA; MARQUES, 2003). A Metadona é um µ agonista com propriedades similares a morfina, entretanto, acompanhada de menores efeitos adversos, tornando-se uma alternativa ao uso da morfina (JAFFE; MARTIN, 1993; STEGALL; LUNA, 2012). É um fármaco que detém de alta lipossolubilidade no canal epidural, espraiando-se lentamente e penetrando a medula espinhal, entretanto, parte de sua fração é absorvida pelo sistema vascular (PARRAMON et al. 2003). O tramadol é um fraco agonista de receptores µ, seu mecanismo de ação se baseia na inibição da captação da noroepinefrina e liberação de serotonina, portanto, impedindo a sinalização dos neurônios de segunda ordem e incrementando os efeitos analgésicos, devido a liberação da serotonina no corno dorsal. Consequentea estes efeitos, fornece incremento de tempo hábil na ação anti-nociceptiva (GÓRNIAK, 2014). É um fármaco que quando empregado pela via epidural em bovinos e ovinos, forneceu um longo tempo de analgesia (318,6 minutos em ovinos e 306,8 minutos em bovinos) sem alterações motoras clinicamente significativas (BIGHAM et al., 2010; HABIBIAN; BIGHAM; AALI, 2010). Da extensa lista de fármacos opióides existentes, somente a morfina, a metadona e o tramadol já foram utilizados em estudos pela via epidural de ruminantes (BANIADAM; AFSHAR; AHMADIAN, 2010; BIGHAM et al., 2010; DEROSSI et al., 2015; SILVA; MARQUES, 2003), e, detalhes destas pesquisas estão expostos no quadro 4. 3.6.5 Associações de fármacos utilizadas pela via epidural Nos quadros 5, 6 e 7 estão expostos os principais resultados de estudos realizados empregando-se, pela via epidural de ruminantes, diferentes associações entre os fármacos anteriormente apresentados. 45 Quadro 4 - Pesquisas realizadas com o emprego dos opióides pela via epidural em ruminantes. (Continua) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do bloqueio Comentários Referências Morfina (concentração não informada;0,1mg/k g) Bovino S5-Co1 Não forneceram analgesia efetiva. Promoveram redução dos movimentos ruminais Silva e Marques (2003) Morfina (concentração não informada;0,2mg/k g) Morfina (concentração não informada;0,3mg/k g) Tramadol (concentração não informada;1mg/kg) Bovino S5-Co1 Latência: 14,10 Duração: 306,8 O bloqueio cutâneo abrangeu desde as vértebras coccígeas até L6 (região femoral, poplítea, patelar, do joelho, crural, perineal, urogenital e base da cauda. Sem alterações fisiológicas. Bigham et al. (2010) Fonte: Arquivo pessoal 46 (Continua) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do bloqueio Comentários Referências Tramadol (5%;1mg/kg) Ovino L6-S1 Latência: 14,29 Duração: 318,6 Analgesia cutânea de cauda, períneo, membros posteriores, flancos e costelas caudais. O bloqueio avançou até L1. Induziu redução da temperatura retal e aumento da frequência cardíaca. Bigham et al. (2010) Tramadol (concentração não informada;1mg/kg) Bovino Co1- Co2 Latência: 6,7(cauda); 8,3(anus); 7,5(períneo); 7,5(vulva); 20(região lateral das coxas); 10(região medial das coxas); 30(úberes) Duração: 21(cauda); 20(anus); 18(períneo); 18(vulva); 2(região lateral das coxas); 13(região medial das coxas); 2(úberes) Analgesia cutânea de cauda, períneo, vulva, região lateral e medial das coxas e úberes. Induziu sedação. Baniadam, Afshar e Ahmadian (2010) Tramadol (concentração não informada;2mg/kg) Latência: 6(cauda); 10(anus); 10(períneo); 12(vulva); 21,3(região lateral das coxas); 17(região medial das coxas); 5-75(úberes) Duração: 62(cauda); 51(anus); 60(períneo); 51(vulva); 14(região lateral das coxas); 47(região medial das coxas); 28-9(úberes) Analgesia cutânea de cauda, períneo, vulva, região lateral e medial das coxas e úberes. Induziu sedação e moderada ataxia. Tramadol (concentração não informada;3mg/kg) Latência: 5(cauda); 7(anus); 7(períneo); 8(vulva); 17(região lateral das coxas); 11região medial das coxas); 13-20(úberes) Duração: 90(cauda); 95(anus); 92(períneo); 86(vulva); 59(região lateral das coxas); 81(região medial das coxas); 41-11(úberes) Analgesia cutânea de cauda, períneo, vulva, região lateral e medial das coxas e úberes. Induziu sedação e moderada ataxia. Morfina (1%;0,1mg/kg) Ovino T4-T6 Latência: 30 Duração: 45 Este tratamento forneceu somente média analgesia. Induziu média sedação. De Rossi et al. (2012) Fonte: Arquivo pessoal 47 (Conclui) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do bloqueio Comentários Referências Metadona (10mg/mL;0,3mg/k g) Ovino L6-S1 Latência: 20 Duração: 220 Obteve completa analgesia de flanco (L1-S1) e pequena intensidade de analgesia no períneo e membros posteriores (S3- cóccix). Induziu bloqueio motor médio com duração de 20 minutos. Sem alterações nos padrões fisiológicos. De Rossi et al. (2015) Fonte: Arquivo pessoal 48 Quadro 5 - Pesquisas realizadas com o emprego da associação de anestésicos locais com alfa-2 agonistas pela via epidural em ruminantes. (Continua) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do bloqueio Comentários Referências Lidocaína (2%;0,22mg/kg) + Xilazina (10%;0,05mg/kg) Bovino S5-Co1 Latência: 5,1 Duração: 302,8 Analgesia cutânea das vértebras coccígeas até T13 (parte caudal das costelas, flancos, garupa, região femoral, do joelho, poplítea, patelar, crural, períneo, urogenital e base da cauda). Induziram média sedação e média ataxia. Grubb et al. (2002) Ropivacaína (1%;0,075mg/kg) + Xilazina (10%;0,05mg/kg) Bovino S5-Co1 Latência: 6,8 Duração: 420 Não informado Graus de paresia de moderado a grave em 100% dos animais, além da presença de sedação. Moraes et al. (2014) Lidocaína (2%;0,22mg/kg) + Xilazina (2%;0,05mg/kg) Búfalo S5-Co1 Latência: 3,2 Duração: 172,3 Analgesia cutânea de cauda, períneo, coxas, flanco e úberes. A altura do bloqueio e foi de L1 a T13. Induziram média sedação e média ataxia. Saifzadeh et al. (2007) Bupivacaína (5%;0,125mg/kg) + Medetomidina (1%;15µg/kg) Búfalo Co1- Co2 Latência: 18,5 Duração: 228 Analgesia cutânea de cauda, períneo, região inguinal e úberes. Provocou incoordenação motora média e média sedação. Além de bradicardia. Singh et al. (2005) Fonte: Arquivo pessoal 49 (Conclui) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do bloqueio Comentários Referências Procaína (2%;3,5mg/kg)+ Xilazina (2%;0,01mg/kg) Caprino Co1- Co2 Latência: Não informada Duração: 57(cauda); 55,2(região perineal; 28,6(membros posteriores); 29,2(região escrotal) Analgesia cutânea de cauda, períneo, membros posteriores e escroto. Induziram sedação, baixa altura de cabeça, salivação excessiva e distensão ruminal. Kattan, Ibrahim e Allawi (2007) Fonte: Arquivo pessoal 50 Quadro 6 - Pesquisas realizadas com o emprego da associação de anestésicos locais com opióides pela via epidural em ruminantes. (Continua) Fármacos, concentrações e dosagens Espécie Local do acesso Latência e duração da analgesia (min) Extensão do bloqueio Comentários Referências Lidocaína (2%;0,2mg/kg) + Morfina (concentração não informada;0,1mg/k g) Bovino S5-Co1 O tratamento não forneceu
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