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ANESTESIA EPIDURAL EM RUMINANTES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA 
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
DANIEL DOURADO GUERRA SEGUNDO 
 
 
 
 
 
ANESTESIA EPIDURAL EM RUMINANTES: 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
 
 
 
BOA VISTA - RR 
2017 
 
 
 
 
DANIEL DOURADO GUERRA SEGUNDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANESTESIA EPIDURAL EM RUMINANTES: 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BOA VISTA – RR 
2017 
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao 
Departamento de Medicina Veterinária, da 
Universidade Federal de Roraima - UFRR, como 
pré-requisito para a obtenção do bacharelado em 
Medicina Veterinária. 
 
Orientadora: Profª. Drª. Fabíola Niederauer Flores 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Aos meus pais, Décimo Primeiro Filho e Ângela Clotilde Coelho dos Santos, por todo 
apoio, educação, amizade, carinho e amor investidos em todas as fases da minha 
vida já vivenciadas, e claro, por terem me tornado o ser humano que sou hoje, pois 
sem eles em minha vida, jamais imaginaria aonde estaria. 
 
À minha irmã pelo apoio e carinho. 
 
À professora Raimifranca Maria Sales Veras, que além de seus valiosos 
ensinamentos e conselhos como minha professora e orientadora de monitoria, 
também pela grande coragem e perseverança de realizar seu sonho, que no qual, foi 
a fundação deste maravilhoso curso que conheci, amei e que no qual tirarei os 
futuros sustentos da minha vida. 
 
À minha professora e orientadora de projeto de iniciação científica, e trabalho de 
conclusão de curso, Fabíola Niederauer Flôres, pelos seus valiosos ensinamentos e 
conselhos, pela grande oportunidade de trabalhar ao seu lado e pela sua paciência 
ao longo destes anos. 
 
Aos professores dos Departamentos de Medicina Veterinária e de Zootecnia, pelos 
seus proveitosos ensinamentos que contribuíram muito na minha formação e que 
irão contribuir na minha futura vida profissional. 
 
Aos meus amigos mais próximos e em especial ao meu finado e grande amigo Fábio 
Maia da Silva, pelas alegrias compartilhadas, pelo grande apoio, pela confiança e 
seus conselhos precisos. 
 
Aos meus familiares, tios, tias, primos e primas. 
 
Sou muito grato pela presença e passagem de todas essas pessoas em minha vida! 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
A anestesia epidural em ruminantes é empregada para diversos procedimentos que 
envolvem a região caudal do animal. A utilização de anestésicos pela via epidural 
em bovinos, permite a realização de procedimentos cirúrgicos com o animal em 
posição quadrupedal, dispensando a necessidade de submeter o animal a anestesia 
geral. Evitando-se assim que se evidenciem os efeitos depressores 
cardiorrespiratórios dos anestésicos sistêmicos e impedindo consequências 
desagradáveis do decúbito, como as compressões nervosas, a redução do trânsito 
intestinal e o timpanismo gasoso ruminal. Inúmeras classes farmacológicas podem 
ser utilizadas por esta via, dentre elas estão os anestésicos locais, os agonistas alfa 
2 adrenérgicos, antagonistas de receptores N-metil-D-aspartato (NMDA) e opióides, 
que podem ser empregados como fármaco único ou em associações, com intuito de 
potencializar a analgesia e reduzir efeitos indesejáveis. Neste trabalho de conclusão 
de curso, objetivou-se realizar uma revisão bibliográfica abordando o emprego da 
anestesia epidural em ruminantes, considerando a técnica de acesso ao canal 
epidural, as indicações, vantagens, desvantagens e as características 
farmacocinéticas e farmacodinâmicas dos agentes anestésicos empregadas por esta 
via, além de seus efeitos analgésicos e fisiológicos nos ruminantes. 
 
 
 
 
Palavras-chave: Epidural. Ruminantes. Analgesia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The epidural anesthesia in ruminants is very employed in several procedures 
involving the region later these animals. The use of the anesthetics by the epidural 
way in cattle, allows the realizations of the surgical procedures with the animal in 
quadrupedal position, dispensing with the need to submit of the animal to the general 
anaesthesia. Thus avoiding that the cardiorespiratory depressant effects of the 
systemic anesthetics and avoiding unpleasant consequences of the decubitus, such 
as nervous compressions, the reduction of intestinal transit and of the ruminal blown 
gas. Several pharmacologic classes can be used by this way, such as the local 
anesthetics, agonists alpha 2, antagonists N-metil-D-aspartate (NMDA) and opioids. 
Can use them isolated or even in association, with aim of the enforce the analgesia 
and reduce the undesirable effects. In this work of course completion, the objective 
was to carry out a bibliographic review approaching the use of epidural anesthesia in 
ruminants, considering the technique of access to the epidural canal, indications, 
advantages and disadvantages, the pharmacokinetics and pharmacodynamics 
characteristics of the anesthetic agents employed in this way, as well as its 
analgesics and physiological effects on ruminants. 
 
 
 
 
Key-words: Epidural. Ruminants. Analgesia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 - Representação esquemática da fisiologia da dor, desde o 
surgimento do evento potencialmente doloroso até sua 
percepção como estímulo nociceptivo nos centros superiores....... 
 
 
12 
Figura 2 - Substâncias estimulantes dos nocioceptores.................................. 13 
Figura 3 - Representação do acesso ao espaço epidural de ruminantes, 
vista transversal e longitudinal........................................................ 
 
15 
Figura 4 - Acesso sacrococcígeo e intercoccígeo do espaço epidural caudal 
em ruminantes................................................................................. 
 
18 
Figura 5 - Representação da manipulação da cauda e palpação das 
vertebras para localização do espaço epidural............................... 
 
19 
Figura 6 - Demonstração das áreas dessensibilizadas pelo bloqueio 
epidural caudal obtido com administração de 10mL de lidocaína 
2% em bovinos................................................................................ 
 
 
21 
Figura 7 - Representação do acesso epidural lombosacral realizado em 
pequenos ruminantes...................................................................... 
 
21 
Figura 8 - Demonstração da identificação do espaço lombosacral em um 
caprino............................................................................................. 
 
22 
Figura 9 - Representação do acesso epidural dorsolombar segmentar de 
ruminantes....................................................................................... 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
Quadro 1 - Pesquisas realizadas com o emprego dos anestésicos locais 
pela via epidural em ruminantes................................................... 
 
30 
Quadro 2 - Pesquisas realizadas com o emprego dos alfa-2agonistas pela 
via epidural em ruminantes........................................................... 
 
36 
Quadro 3 - Pesquisas realizadas com o emprego da cetamina pela via 
epidural em ruminantes................................................................. 
 
40 
Quadro 4 - Pesquisas realizadas com o emprego dos opióides pela via 
epidural em ruminantes................................................................. 
 
45 
Quadro 5 - Pesquisasrealizadas com o emprego da associação de 
anestésicos locais com alfa-2agonistas pela via epidural em 
ruminantes..................................................................................... 
 
 
48 
Quadro 6 - Pesquisas realizadas com o emprego da associação de 
anestésicos locais com opióides pela via epidural em 
ruminantes..................................................................................... 
 
 
50 
Quadro 7 - Pesquisas realizadas com o emprego da associação de alfa 2-
agonistas com cetamina pela via epidural em 
ruminantes..................................................................................... 
 
 
52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO.............................................................................. 10 
2 OBJETIVOS.................................................................................. 11 
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................... 11 
3.1 FISIOLOGIA DA DOR (NOCIOCEPÇÃO)..................................... 11 
3.2 ESPAÇO EPIDURAL E ANESTESIA PELA VIA EPIDURAL........ 14 
3.3 FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA DOS 
ANESTÉSICOS UTILIZADOS POR VIA EPIDURAL.................... 
 
15 
3.4 TÉCNICAS DE ACESSO EPIDURAL EM RUMINANTES E 
SUAS INDICAÇÕES..................................................................... 
 
18 
3.4.1 Anestesia Epidural Caudal......................................................... 18 
3.4.2 Anestesia Epidural Lombossacral............................................. 21 
3.4.3 Anestesia Epidural Dorsolombar Segmentar........................... 23 
3.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS ATRIBUÍDAS À 
ANESTESIA EPIDURAL............................................................... 
 
25 
3.5.1 Anestesia Epidural Caudal......................................................... 25 
3.5.2 Anestesia Epidural Lombossacral............................................. 25 
3.5.3 Anestesia Epidural Dorsolombar Segmentar........................... 26 
3.6 CLASSES DE FÁRMACOS UTILIZADAS NA ANESTESIA 
EPIDURAL EM RUMINANTES..................................................... 
 
27 
3.6.1 Anestésicos Locais..................................................................... 27 
3.6.2 Alfa-2 agonistas.......................................................................... 34 
3.6.3 Antagonistas N-metil-D-aspartato (NMDA)............................... 39 
3.6.4 Opiáceos e Opióides................................................................... 43 
3.6.5 Associações de fármacos utilizadas pela via epidural............ 44 
4 CONCLUSÕES............................................................................. 55 
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................. 56 
 
10 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
A anestesia epidural, também denominada peridural, consiste em um bloqueio 
locorregional que é rotineiramente empregado em ruminantes para procedimentos 
cirúrgicos a campo, devido a facilidade da técnica além de evitar a necessidade de 
equipamentos dispendiosos e sofisticados (SKARDA; TRANQUILLI, 2014). 
Historicamente, a sua utilização na medicina veterinária foi primeiramente relatada 
em bovinos, por Benesch em 1926 (MATERA, 1956) e até hoje vem sendo 
efetivamente empregada e aperfeiçoada com novas técnicas e novos protocolos 
farmacológicos. 
Este bloqueio tem como intuito, dessensibilizar as fibras nervosas sensitivas 
que inervam a região posterior do animal (caudal as vertébras torácicas), sendo 
portanto, de eleição para manipulações obstétricas, correções de partos distócicos, 
procedimentos da biotecnologia da reprodução, além da realização de inúmeros 
procedimentos cirúrgicos do aparelho geniturinário, bem como de outras afecções 
envolvendo cauda, períneo, ânus, vulva, prepúcio, pele e escroto (FONSECA; 
OLIVEIRA; VIANA, 2011; NOKAES; PARKINSON; ENGLAND, 2001; SKARDA; 
TRANQUILLI, 2014; SPRÍCIGO; DODE, 2017). 
O uso da anestesia epidural em ruminantes, permite que os procedimentos 
cirúrgicos sejam realizados com o animal em posição quadrupedal, dispensando o 
uso de anestésicos gerais. Assim, evitando o derrubamento do animal e a contenção 
física excessiva, permitindo que este seja manipulado cirurgicamente em sua 
posição fisiológica. Proporcionando menor estresse e evitando complicações como 
abortos, fraturas, ou contusões por trauma, além de compressões nervosas, 
aspiração de líquido ruminal e timpanismo gasoso, que são fatores inerentes ao 
decúbito prolongado de ruminantes (FEITOSA, 2014; HALL; CLARKE; TRIM 2001; 
MASSONE, 2011; MORAES et al., 2014; SKARDA; TRANQUILLI, 2014). 
Consequentemente, favorecendo uma adequada recuperação do animal no pós-
operatório e garantindo o seu bem-estar (SKARDA; TRANQUILLI, 2014). 
Para a realização deste tipo de bloqueio locorregional, existem três técnicas 
distintas, baseadas nos diferentes locais de acesso ao canal peridural, tais como 
anestesia epidural caudal, lombossacral e dorsolombar. A escolha da técnica a ser 
11 
 
empregada, fica a critério do profissional na dependência da espécie animal e do 
procedimento a ser realizado no paciente. As principais classes farmacológicas 
empregadas para anestesia peridural, são os anestésicos locais, os alfa-2agonistas, 
os analgésicos opióides e os antagonistas de receptores N-metil-D-aspartato 
(NMDA). 
Apesar de existirem inúmeros estudos sobre o emprego desses anestésicos 
pela via epidural em ruminantes, são escassas as revisões bibliográficas que 
abordam o tema considerando as possibilidades de aplicação em pequenos e 
grandes ruminantes (bovinos, búfalos, ovinos e caprinos). 
 
 
2 OBJETIVOS 
 
 
Este trabalho foi realizado com a finalidade de, com base em uma revisão 
bibliográfica da literatura acadêmica de referência na área e dos artigos científicos 
publicados em periódicos de circulação nacional e internacional, apresentar as: 
- Técnicas de anestesia epidural; 
- Suas indicações, vantagens e desvantagens; 
- Apresentar os resultados de diversos estudos que empregaram as principais 
classes farmacológicas de anestésico para os bloqueios epidurais utilizados na 
rotina da anestesiologia de ruminantes. 
 
 
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
 
3.1 FISIOLOGIA DA DOR (NOCIOCEPÇÃO) 
 
 
A dor é resultante de estímulos oriundos de uma lesão tecidual potencial, que 
tem como consequência, respostas musculares e autônomas de alerta, funcionando 
por meio de um complexo mecanismo de proteção do organismo. Portanto, se 
12 
 
 
 
enquadrando como uma ferramenta adaptativa e útil para a sobrevivência dos 
indivíduos na natureza (KARMELING, 2006). 
Fisiologicamente, a sinalização da dor é inicialmente função dos neurônios de 
primeira ordem, presentes nas fibras sensoriais periféricas pós ganglionares (fibras 
delta A e fibras tipo C), que após receberem o estímulo dos receptores sensoriais 
nocioceptivos (transdução) presentes no local do trauma, são sinalizadas, 
despolarizam e realizam sinapses (transmissão) até os neurônios de segunda 
ordem, presentes no corno dorsal medular (modulação). A informação, por sua vez, 
ascende à sinalização através dos tratos presentes no corno dorsal medular para o 
cérebro (projeção), sendo estão reconhecida e processada a nível de córtex cerebral 
(percepção). O córtex então, direciona uma resposta reflexiva por meio das vias 
eferentes no corno medular ventral até o local do estímulo doloroso (Figura 1) 
(NATALINI, 2006). Esta resposta reflexiva ao evento doloroso, é responsável pelo 
comportamento aversivo doanimais frente a um estímulo álgico, como a retirada de 
membro, o afastamento da fonte do perigo além do estado de alerta entre outros 
(KARMELING, 2006). 
 
 
Figura 1 - Representação esquemática da fisiologia da dor, desde o surgimento do 
evento potencialmente doloroso até sua percepção como estímulo nociceptivo nos 
centros superiores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Adaptado de ANDERSON; MUIR (2005). 
 
 
 
13 
 
Os receptores sensoriais podem ser divididos em várias modalidades, 
dependendo do tipo de estímulo efetuado, mas aqueles que estão realmente ligados 
ao mecanismo da dor, são os receptores sensoriais nocioceptivos, ou mais 
simplificadamente, os chamados nocioceptores. A partir do momento que ocorre 
alguma injúria tecidual, sendo ela mecânica, química ou térmica, consequentemente 
ocorre a liberação de mediadores inflamatórios (Figura 2) oriundos do ácido 
araquidônico, fatores de necrose tumoral, norepinefrina, serotonina, óxido nítrico, 
interleucinas e histamina. Substâncias, estas, produzidas por células teciduais 
lesadas e consequentemente dos leucócitos, fibroblastos, neurônios simpáticos, 
plaquetas e endotélio vascular. Uma vez que estas substâncias são liberadas no 
interstício, as mesmas entram em contato com os nocioceptores presentes no local 
do trauma, desencadeando o mecanismo citado anteriormente e representado na 
figura 1. O estímulo doloroso pode ser agudo ou crônico, dependendo de fatores 
como a intensidade e extensão da injúria tecidual que o originou (KARMELING, 
2006). 
 
 
Figura 2 - Substâncias estimulantes dos nocioceptores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: KARMELING (2006). Leucotrienos (LT); prostaglandina 2 (PGE2); norepinefirna (NE); 
bradicidina (BC); fator de necrose tumoral alfa (FNTalfa); histamina (HA); serotonina (5HT); 
óxido nítrico (NO); L-arginina (L-arg); substancia P (Sub P); interleucina 1beta(IL-1beta); óxido 
nítrico sintetase (cNOS). 
 
 
No corno dorsal medular, localizam-se diferentes tipos de receptores 
relacionados com a modulação nocioceptiva. A modulação está ligada à inibição dos 
 
14 
 
 
 
neurotransmissores liberados pelos neurônios de primeira ordem ou pela inibição da 
ativação dos neurônios de segunda ordem, consequentemente, proporcionando o 
bloqueio da sinalização da dor (bloqueio álgico). Dentre estes receptores 
relacionados com a inibição do estímulo nocioceptivo, estão: 
 Receptores de adenosina; 
Com localização e efeitos não totalmente elucidados, estes receptores estão 
envolvidos na inibição da dor. 
 Receptores adrenérgicos; 
Dentre eles, os receptores adrenégicos alfa 1 e alfa-2, estando o primeiro 
presente na substancia gelatinosa e o segundo no corno dorsal medular. 
 Receptores GABA; 
Estão envolvidos na inibição da dor apesar de que seus mecanismos, assim 
como sua localização, não são totalmente conhecidos até o momento. 
 Receptores opióides; 
Dentre os vários receptores opióides existentes, aqueles que são 
responsáveis pela atividade anti-nocioceptiva, são os receptores µ, δ e κ. Estes 3 
receptores localizam-se e atuam no corno dorsal medular e nos axônios dos 
neurônios de segunda ordem, induzindo inibição pré e pós sináptica (NATALINI, 
2006). 
 Receptores NMDA 
Presentes nos neurônios de primeira e segunda ordem, quando ligados por 
antagonistas, bloqueiam a função destes neurônios impedindo a liberação de 
neurotransmissores (DAVIES et al., 1988; HALL; CLARKE; TRIM, 2001) 
 
 
3.2 ESPAÇO EPIDURAL E ANESTESIA PELA VIA EPIDURAL 
 
 
A anestesia epidural, consiste no acesso e deposição do fármaco analgésico 
por meio de agulha ou cateter espinhal no interior do espaço ou canal epidural 
(Figura 3) (MASSONE, 2011), que é um espaço potencial, composto por vasos 
sanguíneos, fibras nervosas, revestido dorso-lateralmente por tecido adiposo e com 
o assoalho constituído pela camada dura-máter (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). 
15 
 
Por meio da deposição de fármacos de diversas classes no espaço epidural 
de ruminantes, é possível a realização de inúmeros procedimentos cirúrgicos com o 
animal em posição quadrupedal evitando a necessidade da utilização de anestesia 
geral e garantindo o bem-estar do animal (FEITOSA, 2014; MASSONE, 2011; 
MORAES et al., 2014; SKARDA; TRANQUILLI, 2014). 
 
 
Figura 3 - Representação do acesso ao espaço epidural de ruminantes, vista 
transversal e longitudinal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Adaptado de SKARDA; TRANQUILLI (2014). 
 
 
3.3 FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA DOS ANESTÉSICOS 
UTILIZADOS POR VIA EPIDURAL 
 
 
Quando o volume total do fármaco entra em contato com o canal epidural, o 
mesmo se difunde pelo espaço ao longo da medula espinhal, atingindo e 
bloqueando múltiplos ramos de nervos espinhais dorsais (sensoriais) e ventrais 
(somáticos) que transpassam os forames intervertebrais (MASSONE, 2011). 
A altura atingida pelo bloqueio epidural, ou seja, a quantidade de nervos 
espinhais dessensibilizados, depende de alguns fatores como o volume e 
concentração do fármaco administrado, pois quanto maior o volume e a 
concentração, maior será a capacidade de espraiamento rostral e caudal, 
favorecendo então, a difusão do fármaco e possibilitando o bloqueio de um maior 
 
16 
 
 
 
número de segmentos de ramos de nervos espinhais. Ademais, a velocidade de 
aplicação também é diretamente proporcional à altura de bloqueio. Os fatores 
anatômicos do espaço epidural e a polaridade do fármaco, também são 
fundamentais, pois como já mencionado, o espaço epidural é dotado de uma alta 
quantidade de tecido adiposo, portanto, fármacos muito hidrofílicos e muito 
hidrofóbicos possuem coeficientes de permeabilidade inferiores quando comparado 
aos fármacos parcialmente hidrofóbicos (BERNARDS; HILL, 1992; HALL; CLARKE; 
TRIM, 2001). Além disso, a largura dos forames sacrais e vertebrais, e o diâmetro do 
canal epidural, também são fatores que influenciam diretamente no espraiamento e 
distribuição do fármaco (HALL; CLARKE; TRIM, 2001; LEE et al., 2002). 
Quanto a idade dos animais, o espraiamento cranial do fármaco ao longo do 
canal epidural em novilhas, é inferior quando comparadas à vacas acima dos 2 anos 
de idade, simplesmente devido à baixa pressão negativa do canal epidural e às suas 
características de crescimento, aonde o emoldamento dos forames sacrais ainda 
não estão bem consolidados, favorecendo então à drenagem e a rápida perda da 
solução fármaco por meio destas cavidades (LEE et al., 2002, 2005). 
O posicionamento do animal após aplicação dos fármacos também 
influenciam, pois uma vez que o animal é submetido ao decúbito lateral ou ventral, a 
pressão sobre o espaço epidural é incrementada, consequentemente influenciando 
positivamente no espraiamento do fármaco ao longo do canal (LEE et al., 2002). 
Dependendo das concentrações e das solubilidades dos fármacos, eles 
podem ser capazes de se difundirem através da camada dura-máter, 
consequentemente atingindo o espaço subaracnóide, resultando na indução de uma 
anestesia raquidiana retardada (MASSONE, 2011). A difusão do fármaco através da 
dura-máter para o espaço subaracnoíde depende de fatores, como o coeficiente de 
difusão e dissociação, habilidade de penetração, gradiente de concentração e do 
tempo de contato do fármaco com as membranas biológicas de contato. A 
concentração alcançada no interior do espaço subaracnóide irá depender de fatores 
como o clearence do fármaco no espaço epidural, o poder de fixação tecidual, o 
escape paravertebral, a remoção hematógena e a taxa de passagem do fármaco 
dentro do LCR(líquido cefalorraquidiano) (SKARDA et al., 1981). 
Uma variedade de classes farmacológicas já foram empregadas pela via 
epidural de ruminantes, dentre elas os anestésicos locais (ANDERSON; MUIR, 
17 
 
2005; AMPARAL et al., 2005; ATIBA et al., 2015; BIGHAM et al., 2010; DAY; 
SKARDA, 1991; DEHKORDI et al., 2012; DEROSSI; BUCKER; VARELA, 2003; 
DEROSSI et al., 2010; DEROSSI et al., 2012; DEROSSI et al., 2015; GRUBB et al, 
2002; HABIBIAN; BIGHAM; AALI, 2011; KATTAN; IBRAHIM; ALLAWI, 2007; LUCKY 
et al., 2007; MORAES et al., 2014; SHAFIEI; NAZHVANI, 2009; SHORT, 1998; 
SILVA e MARQUES, 2003; SINGH et al., 2015; VESAL et al., 2013;), os agonistas 
alfa-2 adrenérgicos (ALMEIDA et al., 2004;CARON; LEBLANC, 1989; CAULKETT; 
CRIBB; DUKE, 1993; GRUBB et al., 2002; IBRAHIM; ALLAWI, 2007; KATTAN; LIN 
et al., 1998; PRADO et al., 1999; SAIFZADEH et al., 2007; SINGH et al., 2006), 
antagonistas de receptores NMDA, como a cetamina (BANIADAM et al., 2008; 
DEROSSI et al., 2010; LEE et al. 2003; MARSICO et al., 1999; SINGH et al., 2005; 
SINGH et al., 2006;) e os analgésicos opióides (BANIADAM; AFSHAR; AHMADIAN, 
2010; BIGHAM et al., 2010; DEROSSI et al. 2015;SILVA; MARQUES, 2003). 
Os anestésicos locais, atuam diretamente nas membrana nervosa dos 
neurônios, bloqueando os canais de sódio e consequentemente impedindo o 
potencial de ação e condução do impulso nervoso (CORTOPASSI; FANTONI; 
BERNARDI, 2014; PAPICH, 2012). 
Fármacos opióides atuam sobre receptores opióides dos tipos µ (mu), δ 
(delta) e κ (kappa), presentes no corno dorsal medular, provocando a inibição pré e 
pós sináptica, pois bloqueiam a ação da substancia P e de outros 
neurotransmissores, por meio do impedimento da ligação destes com os neurônios 
de segunda ordem (NATALINI, 2006). 
No sistema nervoso central (SNC), os sítio de ligação dos fármacos agonistas 
alfa 2 adrenérgicos incidem sobre os receptores adrenérgicos alfa 2 A, B e C. Os 
receptores alfa 2 do tipo A localizam-se no córtex cerebral e no locus ceruleus, sua 
ativação promove efeitos sedativos, analgesia supraespinhal e bradicardia 
associada a hipotensão mediadas centralmente. Já os receptores alfa 2 B e alfa 2 C, 
são encontrados no corno dorsal da medula espinhal, e quando ativados, promovem 
analgesia espinhal devido a depressão de estruturas do corno dorsal medular e da 
inibição direta da ação da noroepinefrina e da substancia P (ANDERSON; MUIR, 
2005; HALL; CLARKE; TRIM, 2001; LEMKE, 2014). 
 Derivados de feniciclidina como a cetamina, exercem a função de 
antagonista de receptores NMDA, logo, quando empregados pela via espinhal, 
atingem diretamente os receptores NMDA presentes nos neurônios de primeira e 
18 
 
 
 
segunda ordem, inibindo seu funcionamento e consequentemente bloqueando as 
sinapse dos neurônios de primeira ordem com os neurônios de segunda ordem 
(DAVIES et al., 1988; HALL; CLARKE; TRIM, 2001). 
 
 
3.4. TÉCNICAS DE ACESSO EPIDURAL EM RUMINANTES E SUAS INDICAÇÕES 
 
 
3.4.1 Anestesia Epidural Caudal 
 
 
Nesta técnica, a introdução da agulha para a realização do acesso, pode ser 
feita no espaço sacrococcígeo entre a quinta vértebra sacral e a primeira coccígea 
(S5-Co1) ou no espaço intercoccígeo entre a primeira e a segunda vértebra 
coccígeas (Co1-Co2) (Figura 4) (SKARDA; TRANQUILLI, 2014). 
 
 
Figura 4 - Acesso sacrococcígeo e intercoccígeo do espaço epidural caudal em 
ruminantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Adaptado de HALL; CLARKE; TRIM (2001). 
 
 
Para este tipo de acesso, podem ser utilizadas agulhas espinhais de Tuohy, 
bem como agulhas espinhais tipo padrão, (ARAÚJO, 2012; BANIADAM; AFSHAR; 
AHMADIAN, 2010; BIGHAM et al., 2010; LEE et al., 2003; MARSICO et al., 1999; 
NATALINI, 2007; SKARDA; TRANQUILLI, 2014; VESAL; AHMADI; IMANI, 2013) ou 
 
19 
 
ainda, agulhas hipodérmicas 40x12 (LOPEZ et al., 2005; MASSONE, 2011; 
MORAES et al., 2014; NATALINI, 2007). 
A identificação anatômica do espaço intercoccígeo ou sacrococcígeo para a 
realização deste acesso, é executada por meio da técnica de elevação e 
abaixamento da cauda do animal, associada a palpação digital da junção entre estas 
vértebras, possibilitando a localizar do espaço intervertebral desejado (Figura 5) 
(ALMEIDA et al., 2004; BANIADAM; AFSHAR; AHMADIAN, 2010; MASSONE, 2011; 
SKARDA; TRANQUILLI, 2014). 
 
 
Figura 5 - Representação da manipulação da cauda e palpação das vertebras para 
localização do espaço epidural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: MASSONE (2011). 
 
 
Quando identificado com exatidão a localização do espaço intervertebral a ser 
acessado, se faz necessária a preparação da região cutânea de forma asséptica, 
com tricotomia e antissepsia da região, assim como, é benéfico que se realize 
infiltração subcutânea de anestésico local, sobre a área na qual a agulha será 
introduzida (LEE et al., 2003; MASSONE, 2011; SKARDA; TRANQUILLI, 2014). Na 
antissepsia local podem se utilizar álcool iodado ou com iodo povidine (ALMEIDA et 
al., 2004; GRUBB et al., 2004), já a infiltração subcutânea é executada por meio da 
administração de volumes mínimos (2 a 3mL) de anestésico local, em forma de 
botão anestésico (GRUBB et al., 2004; MORAES et al., 2014; SKARDA; 
TRANQUILLI, 2014). 
 
20 
 
 
 
Aguardado o tempo de latência do anestésico local infiltrado no tecido 
subcutâneo, a agulha é então inserida no plano médio da junção intervertebral, em 
um ângulo reto ou de forma ventrocranial, com a angulação de 10ᵒ e aprofundada, 
lentamente, até o assoalho do canal vertebral, buscando atingir o espaço epidural 
(SKARDA; TRANQUILLI, 2014). 
Para confirmar o correto posicionamento do bisel da agulha no espaço 
epidural, pode ser empregada a técnica conhecida como teste da gota pendente, 
onde ocorre aspiração espontânea da gota pendente (de solução salina ou do 
próprio agente anestésico) através do canhão da agulha até o interior do canal 
epidural, uma vez que em seu interior existe pressão negativa que suga a gota 
assim que a agulha alcança o canal (ALMEIDA et al., 2004; BANIADAM; AFSHAR; 
AHMADIAN, 2010; NATALINI, 2007; SKARDA; TRANQUILLI, 2014). 
A confirmação pode ainda, ser realizada pelo teste de perda de resistência 
por meio da administração de ar seu interior do canal, sendo que o correto 
posicionamento da agulha, é verifica-se há a ausência de resistência após empurrar 
o êmbolo da seringa (ALMEIDA et al., 2004; GRUBB et al., 2004). 
Uma vez que agulha esteja posicionada corretamente o fármaco deve ser 
injetado lentamente (HALL; CLARKE; TRIM.,2001). 
A anestesia epidural caudal é indicada para manipulações obstétricas, 
correções de partos distócicos, fetotomias, coletas e transferências de embriões e 
folículos pré-antrais, redução de prolapsos, suturas de vulva, períneo e demais 
procedimentos cirúrgicos que envolvam cauda, ânus, reto, períneo, vulva, vagina, 
prepúcio e escroto (FONSECA; OLIVEIRA; VIANA, 2011; MASSONE, 2011; 
NOKAES; PARKINSON; ENGLAND, 2001; SKARDA; TRANQUILLI, 2014; 
SPRÍCIGO; DODE, 2017). 
Estas manipulações tornam-se possíveis devido ao bloqueio sensitivo da 
região posterior do animal, consequentemente dessensibilizando estruturas que 
envolvem cauda, garupa, anus, vulva, prepúcio, períneo e parte posterior da coxa, 
além de relaxar o esfíncter anal e musculatura lisa vaginal, mas sem comprometer 
as contrações uterinas (figura 6) (HALL; CLARKE; TRIM, 2001; MASSONE, 2011). 
 
 
 
21 
 
Figura 6 - Demonstração das áreas dessensibilizadas pelo bloqueio epidural caudal 
obtido com administração de 10mL de lidocaína 2% em bovinos.Fonte: MASSONE (2011). 
 
 
3.4.2 Anestesia Epidural Lombossacral 
 
 
Trata-se de uma técnica frequentemente empregada em pequenos 
ruminantes como caprinos e ovinos (HALL; CLARKE; TRIM , 2001). Para a sua 
realização, a agulha espinhal deve ser introduzida no espaço lombosacral entre a 
sexta vértebra lombar e a primeira sacral (L6 e S1) (Figura 7) (SKARDA; 
TRANQUILLI, 2014). 
 
 
Figura 7 - Representação do acesso epidural lombosacral realizado em pequenos 
ruminantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: SKARDA e TRANQUILLI (2014). 
 
 
22 
 
 
 
 
 
Nesta técnica, o acesso pode ser feito com o caprino ou ovino em posição 
quadrupedal, em decúbito lateral (HALL; CLARKE; TRIM, 2001) ou em decúbito 
ventral com os membros posteriores voltados cranialmente (DEROSSI et al., 2012). 
A identificação do ponto de acesso é realizada mediante palpação das 
estruturas ósseas da região lombossacral, visualizadas na Figura 8, palpando-se 
digitalmente os processos espinhosos das vértebras L6 e S1 e localizando a 
depressão existente entre elas (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). 
 
 
 
Figura 8 – Demonstração da identificação do espaço lombosacral em um caprino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: HALL; CLARKE; TRIM (2001). Linhas obliquas representam as margens ósseas do 
ílio; Linhas longitudinais interrompidas representam os processos espinhosos das vértebras 
L5, L6 e S1; S identifica o processo espinhoso da vértebra S1. 
 
 
Depois da localização do ponto de acesso, a área lombossacral delimitada é 
tricotomizada e submetida a antissepsia de forma similar ao descrito anteriormente 
para a técnica de anestesia epidural caudal (BIGHAM et al., 2010). 
Concluídas estas etapas, botão anestésico com administração subcutânea de 
1mL de lidocaína 2% é realizada previamente à introdução da agulha para o acesso 
lombossacral (DEHKORDI et al., 2012; DEROSSI et al., 2012). 
 
23 
 
A anestesia epidural lombossacral em pequenos ruminantes pode ser 
realizado por meio de agulhas espinhais 18 Gauge (DEHKORDI et al., 2012; HALL; 
CLARKE; TRIM, 2001; HABIBIAN; BIGHAM; AALI, 2011;), agulhas epidurais de 
Tuohy 18 Gauge (DEROSSI et al., 2012) ou com agulhas hipodérmicas 20 Gauge 
(SINGH et al., 2015). 
A agulha é introduzida e penetrada entre as vértebras L6 e S1 até alcançar o 
canal epidural, logo confirmando-se o correto posicionamento do bisel da agulha por 
meio do emprego do teste da gota pendente ou do teste da ausência de resistência, 
mediante injeção de 2mL de ar (DEHKORDI et al., 2012; DE ROSSI et al., 2012; 
HABIBIAN; BIGHAM; AALI, 2011) ou até mesmo verificando-se a ausência de 
resistência com a aplicação do próprio fármaco escolhido para a realização do 
bloqueio (SINGH et al., 2015). 
A taxa de aplicação do fármaco deve ser lenta, em um tempo de pelo menos 
30 segundos, pois caso o volume seja injetado rapidamente, existe tendência de 
aumento da pressão intracraniana, que, consequentemente, podem desencadear 
sintomatologia neurológica como opistótonos e nistagmos (HALL; CLARKE; TRIM, 
2001). 
Esta técnica de anestesia epidural, é indicada para procedimentos cirúrgicos 
caudais ao umbigo, na região do flanco, em regiões caudais do tórax (na porção das 
últimas costelas) além de cirurgias nos membros posteriores (DEROSSI et al., 2012; 
HALL; CLARKE; TRIM, 2001). 
 
 
3.4.3 Anestesia Epidural Dorsolombar Segmentar 
 
 
Comparativamente às outras técnicas de anestesia epidural abordadas, esta 
é a que apresenta maior grau de dificuldade de execução, sendo portanto utilizada 
com menor frequência. Nesta técnica, a introdução da agulha para a realização do 
acesso, pode ser efetuada no espaço toracolombar entre a décima terceira vértebra 
torácica e a primeira lombar (T13-L1) ou no espaço interlombar entre a primeira e a 
segunda vértebras lombares (L1-L2), conforme na figura 9 (SKARDA; TRANQUILLI, 
2014). 
 
24 
 
 
 
 
Figura 9 - Representação do acesso epidural dorsolombar segmentar de ruminantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: SKARDA; TRANQUILLI (2014). (a): processo articular; (b): ligamento interarqueado; 
(c): espaço epidural; (d): dura-máter; (e): membrana aracnoide; (f): ramo dorsal; (g): ramo 
ventral; (h): ramo comunicante. 
 
 
Para realização desta técnica, inicialmente, é feita tricotomia e antissepsia da 
região caudal aos processos espinhosos de T13 ou L1. Adicionalmente, um botão 
anestésico subcutâneo com infiltração de anestésico local deve ser empregado no 
local de acesso adjacente ao ligamento interespinhoso (T13-L1 ou L1-L2), a fim de 
facilitar a punção com a agulha espinhal. Para localização do espaço intervertebral 
desejado, T13-L1 ou L1-L2, se faz necessário traçar uma linha imaginária de uma 
ponta a outra da borda cranial dos processos transversos das vértebras L1 ou L2, 
respectivamente, associado a palpação digital na depressão intervertebral existente. 
O acesso ao espaço epidural pode ser feito, empregando-se inicialmente, uma 
agulha (14G) de 1,25cm, para facilitar a penetração da agulha espinhal de 11,25cm 
(18G) dotada de mandril, que será utilizada em seguida para atingir o canal epidural. 
A agulha deve transpassar o canal interósseo até que se encontre a resistência 
característica do ligamento amarelo, que, quando ultrapassado, dá acesso ao canal 
vertebral. A penetração da agulha espinhal é então realizada em uma profundidade 
de 8 a 12cm, direcionada em um ângulo de 10 a 15ᵒ na direção vertical até alcançar 
o espaço epidural. Ao se atingir o canal pode-se ouvir a sucção do ar para o interior 
do canhão da agulha, confirmando o correto posicionamento da mesma, ou, esta 
confirmação pode ser feita empregando-se o teste da gota pendente. Uma vez 
 
25 
 
realizado o acesso é importante que o fármaco seja aplicado de forma lenta. Esta 
técnica é indicada para procedimentos que envolvam tórax e flanco, devido da 
insensibilização de raízes nervosas que emergem dos ramos torácicos e lombares. 
Com este tipo de bloqueio epidural, é possível realizar diversos procedimentos 
cirúrgicos por meio do flanco, como a cecotomia, cesariana, omentopexia, 
rumenotomia, duodenotomia e fistulações, devido a insensibilização dos flancos com 
miorrelaxamento da sua musculatura abdominal (SKARDA; TRANQUILLI, 2014). 
 
 
3.5. VANTAGENS E DESVANTAGENS ATRIBUÍDAS À ANESTESIA EPIDURAL 
 
 
3.5.1 Anestesia Epidural Caudal 
 
 
A anestesia epidural caudal é uma técnica que fornece segurança pois 
favorece preservação das estruturas medulares, pois como o acesso é realizado em 
um ponto em que se encontra longe do alcance das meninges e porção final da 
medula espinhal, minimiza as chances de lesões indesejáveis (HALL; CLARKE; 
TRIM, 2001; SKARDA; TRANQUILLI, 2014). É uma técnica simples e barata, pois 
dispensa da necessidade de equipamentos dispendiosos e sofisticados, sendo 
portanto, rotineiramente empregada em ruminantes nos procedimentos a campo 
(SKARDA; TRANQUILLI, 2014). 
Suas desvantagens estão relacionadas ao uso de altas doses de alguns 
fármacos, pois quando utilizadas podem promover priapismo e incoordenação 
motora dos membros posteriores (ataxia) (HALL; CLARKE; TRIM,2001). 
 
 
3.5.2 Anestesia Epidural Lombossacral 
 
 
 Com este tipo de bloqueio é possível realizar procedimentos através do flanco 
dos animais, como laparotomias exploratórias, cesarianas, além de outros 
procedimentos caudais ao flanco, como aqueles que envolvem os membros 
26 
 
 
 
posteriores (HALL; CLARKE; TRIM, 2001), tais como cirurgias ortopédicas 
(DEROSSI et al., 2012).Dentre as desvantagens ligadas a técnica, estão os riscos de lesões em 
raízes nervosas por imperícia, além dos incidentes envolvendo a administração de 
fármacos acidentalmente pela via subaracnóide, que está relacionado com riscos de 
parada respiratória, visto que as doses empregada pela via subaracnóidea são 50% 
menores do que as utilizadas via epidural. Depressão respiratória ainda pode estar 
relacionada com a administração de superdosagens de fármacos pela via epidural e, 
ainda, devido a injeção de fármacos, equivocadamente em plexos venosos (HALL; 
CLARKE; TRIM, 2001). 
 
 
3.5.3 Anestesia Epidural Dorsolombar Segmentar 
 
 
A anestesia dorsolombar segmentar, promove o bloqueio de ramos nervosos 
torácicos e lombares, sem comprometer o controle motor dos membros pélvicos. 
Portanto, permitindo a realização de procedimentos cirúrgicos de acesso por meio 
do flanco com o animal em posição quadrupedal, graças ao bloqueio nocioceptivo 
dos dermátomos dessa região, além do relaxamento muscular abdominal e do 
peritônio parietal. Já as suas desvantagens, estão relacionadas a dificuldade na 
execução da técnica, pois exige a necessidade de conter o animal totalmente. 
Falhas nesta contenção, estão diretamente relacionadas ao aumento dos riscos de 
lesões acidentais da medula espinhal, podendo comprometer irreversivelmente o 
controle motor dos membros pélvicos do animal. Além do mais, outros riscos 
atribuídos envolvem a aplicação de sobredoses ou a injeção acidental 
subaracnóidea, que podem resultar em distúrbios fisiológicos graves, severa 
depressão respiratória e alteração de controle motor (SKARDA; TRANQUILLI, 2014). 
 
 
 
 
27 
 
3.6 CLASSES DE FÁRMACOS UTILIZADAS NA ANESTESIA EPIDURAL EM 
RUMINANTES 
 
 
3.6.1 Anestésicos Locais 
 
 
Os anestésicos locais são frequentemente utilizados na anestesia epidural de 
ruminantes e quando aplicados nas concentrações adequadas, fornecem bloqueio 
reversível da condução nervosa (MASSONE, 2011). Seu mecanismo de ação se 
baseia na sua ligação reversível com os canais de sódio presentes na membrana 
das fibras nervosas, reduzindo o influxo de sódio e deprimindo a intensidade da 
despolarização elétrica, consequentemente bloqueando o potencial de ação e 
condutância nervosa destas fibras (HALL; CLARKE; TRIM, 2001; MASSONE, 2011), 
promovendo bloqueio das fibras nervosas motoras, sensitivas e simpáticas (DAY; 
SKARDA, 1991). 
O bloqueio motor produzido, pode levar o animal ao decúbito em função de 
severa ataxia produzida, especialmente quando se empregam doses ou volumes 
elevados de anestésicos locais pela via epidural. O uso de doses ou volumes 
elevados, está costumeiramente associados às tentativas da obtenção de maior 
extensão de bloqueio espinhal (DAY; SKARDA, 1991; MASSONE, 2011; SKARDA; 
TRANQULLI, 2014; VESAL et al., 2013). Segundo Massone (2011), quando são 
empregados volumes acima de 10ml de lidocaína a 10%, o animal entra em 
prostração devido a perda da motricidade dos membros posteriores. 
A procaína surgiu em 1905 e foi extensamente empregada como anestésico 
local, substituindo a cocaína (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). É um fármaco pouco 
solúvel em lipídeos, com pouco poder de penetração, de curta duração anestésica, 
sendo rapidamente absorvido pela circulação sanguínea, desta forma é 
aconselhável seu uso associado com vasoconstritores. Sua associação com 
anticolinesterásicos pode incrementar os efeitos do anticolinesterásico, portanto esta 
associação deve ser utilizada com cautela, pelo risco de possíveis intoxicações. Em 
ratos, a dose letal da procaína (DL50), quando aplicada por via intravenosa (IV), é 
de 55mg/kg, portanto sua dose máxima permitida é de 10mg/kg (MASSONE, 2011; 
MAMA; STEFFEY, 2013). 
28 
 
 
 
 A lidocaína surgiu na medicina veterinária em 1944, substituindo a procaína e 
outros compostos em procedimentos onde a anestesia locorregional era empregada. 
Sendo atualmente um dos anestésicos locais mais utilizados na medicina veterinária 
(HALL; CLARKE; TRIM, 2001; MAMA; STEFFEY, 2013). 
É um fármaco de moderada lipossolubilidade, potência e duração, dotado de 
alto poder de penetração entre os tecidos e de reduzido efeito vasodilator. Sua dose 
letal (DL50) IV em ratos, é de 33mg/kg (MASSONE, 2011). Quando adicionado a 
vasoconstritores, o seu tempo de ação anestésica duplica (GALLICI; LUNA; 
CAVALCANTE, 2012; HALL; CLARKE; TRIM, 2001). 
A bupivacaína é um fármaco altamente lipossolúvel e de ação prolongada, 
podendo fornecer de 6 à 8 horas de duração de analgésica, sendo três a quatro 
vezes mais potente que a lidocaína e isenta de efeitos vasodilatadores. O uso 
contínuo não incrementa seus níveis séricos na corrente sanguínea, portanto, 
dispensando efeitos sistêmicos quando empregadas em bloqueios locorregionais. 
Se utilizado em doses adequadas, fornece um bloqueio exclusivamente sensitivo e 
isento de alterações motoras (GALLICI; LUNA; CAVALCANTE, 2012; MAMA; 
STEFFEY, 2013; MASSONE, 2011; SKARDA; TRANQUILLI, 2014). Por conta da 
sua característica de longa duração, hoje é extensivamente empregada em 
procedimentos cirúrgicos, devido a vantagem de fornecer analgesia pós-operatória 
(HALL; CLARKE; TRIM, 2001). 
A ropivacaína é um fármaco de ação e duração anestésica similar a 
bupivacaína, e quando aplicada na dose máxima permitida, torna-se mais eficaz do 
que a bupivacaina, pois seu bloqueio motor é menos pronunciado, sendo ainda 
menos cardiotóxico e neurotóxico. Portanto, sua sobredosagem em animais é mais 
tolerada comparativamente à sobredoses de bupivacaína. Doses e concentrações 
mínimas produzem analgesia satisfatória e induzem bloqueio motor mínimo não 
progressivo (GALLICI; LUNA; CAVALCANTE, 2012; MAMA; STEFFEY, 2013; 
MASSONE, 2011). 
Anestésicos locais como a procaína, lidocaína, bupivacaína e ropivacaína, já 
foram empregados pela via epidural em ruminantes (AMPARAL et al., 2005; 
ANDERSON; MUIR, 2005; ATIBA et al., 2015; BIGHAM et al., 2010; DAY; SKARDA, 
1991; DEHKORDI et al., 2012; DEROSSI et al., 2010; DEROSSI et al., 2012; 
DEROSSI et al., 2015; GRUBB et al, 2002; HABIBIAN; BIGHAM; AALI, 
29 
 
2011;KATTAN; IBRAHIM; ALLAWI, 2007; LUCKY et al., 2007; MORAES et al., 2014; 
SAIFZADEH et al., 2007; SADEGH; SHAFIEI; NAZHVANI, 2009; SILVA; MARQUES, 
2003; SINGH et al., 2015; VESAL et al., 2013), e seus efeitos analgésicos e 
fisiológicos encontram-se expostos no quadro 1.
30 
 
 
 
Quadro 1 – Pesquisas realizadas com o emprego dos anestésicos locais pela via epidural em ruminantes. 
 (Continua) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e duração da 
analgesia (min) 
 
Extensão do Bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
Lidocaína 
(2%;0,2mg/kg) 
 
 
 
 
 
Bovino 
 
 
 
 
 
Co1-
Co2 
 
 
Latência: 7 
Duração: 127 
Analgesia cutânea de 
períneo. 
 
88,9% apresentaram completa 
analgesia no períneo. 
 
 
 
 
Vesal et al. 
(2013) 
Lidocaína 
(2%;0,1mg/kg) + 
Bupivacaína 
(0,5%;0,025mg/kg
) 
 
Latência: 6 
Duração: 181 
 
75% apresentaram completa 
analgesia no períneo. 
Bupivacaína 
(0,5%;0,05mg/kg) 
Latência:13 
Duração: 226 
30% apresentaram completa 
analgesia no períneo. 
Bupivacaína 
(0,5%;0,06mg/kg) 
Latência: 9 
Duração: 247 
70% apresentaram completa 
analgesia no períneo. 
Lidocaína 
(2%;0,22mg/kg) 
 
Bovino 
 
Co1-
Co2 
Latência: 3,9 
Duração: 69,4 
O bloqueio abrangeu 
do cóccix até L6 
Todos apresentaram ataxia média. Bigham et al. 
(2010) 
Lidocaína 
(2%;0,22mg/kg) 
Bovino S5-Co1 Latência: 4,8 
Duração: 81,8 
Analgesia cutânea deperíneo 
Todos apresentaram ataxia média. Grubb et al. 
(2002) 
Lidocaína 
(2%;0,2mg/kg) 
Bovino Co1-
Co2 
Latência: 3 
Duração: 35 
Bloqueio de inervações 
das vértebras S3-S4 
Sem alterações fisiológicas e 
motoras. 
De Rossi et al. 
(2010) 
Ropivacaína 
(1%;0,1mg/kg) 
Bovino S5-Co1 Latência: 6,2 
Duração: 360 
Não informado Sem alterações fisiológicas e 
motoras. 
Moraes et al. 
(2014) 
 Fonte: Arquivo pessoal 
 
31 
 
 (Continua) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e duração da 
analgesia (min) 
 
Extensão do Bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
Ropivacaína 
(0,75%;0,11mg/kg
) 
Bovino S5-Co1 Latência: 15 
Duração: 359 
Bloqueio de inervações 
das vértebras 
coccígeas até S3 
(região cutânea 
femoral, patelar, do 
joelho, poplítea, crural, 
perineal, da cauda e 
urogenital). 
Sem alterações fisiológicas e 
motoras. 
Araújo et al. 
(2012) 
Lidocaína 
(2%;0,22mg/kg) 
Búfalo Co1-
Co2 ou 
S5-Co1 
Latência: 3,3 
Duração: 79,5 
Analgesia cutânea da 
cauda, vulva e períneo. 
Todos os apresentaram ataxia média. Saifzade et al. 
(2007) 
 
Lidocaína 
(2%;0,22mg/kg) 
 
Búfalo 
 
S5-Co1 
 
Latência: 4 
Duração: 67 
Analgesia cutânea da 
base da cauda, períneo 
e parte superior dos 
membros posteriores 
Todos apresentaram moderada ataxia 
Atiba et al. 
(2015) 
Ropivacaína 
(concentração não 
informada;0,6mg/k
g) 
 
 
Caprino 
 
 
 
L6-S1 
Latência: 22-40 
Duração: 71 
Completa analgesia 
cutânea na cauda, 
períneo e região 
inguinal, e moderada 
analgesia nos flancos e 
dígitos 
Sem alterações fisiológicas e 
motoras. 
 
 
Singh et al. 
(2015) 
Bupivacaína 
(concentração não 
informada;0,6mg/k
g) 
Latência: 17-41 
Duração: 120 
 Fonte: Arquivo pessoal 
 
32 
 
 
 
 (Continua) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e duração da 
analgesia (min) 
 
Extensão do Bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
Lidocaína 
(2%;1mL/7kg) + 
1mL de água 
destilada 
 
 
 
Caprino 
 
 
 
L6-S1 
Latência: 2,38 
Duração: 61,42 
Bloqueio de inervações 
das vértebras 
cóccigeas até L1 
(região de flancos, 
garupa, femoral, dos 
joelhos, poplítea, 
patelar, crural, perineal, 
urogenital e base da 
cauda). 
Sem alterações fisiológicas e 
motoras. 
 
 
Sadegh, 
Shafiei e 
Nazhvani 
(2009) 
Lidocaína 
(2%;1mL/7kg) + 
1mL de Sulfato de 
Magnésio 10% 
Latência: 3,71 
Duração: 171,85 
Lidocaína 
(2%;2,86mg/kg) 
Caprino L6-S1 Latência: 3 
Duração: 85 
Analgesia cutânea de 
períneo. 
Observou-se severa ataxia em todos 
os animais. 
Dehkordi et al. 
(2012) 
 
Procaína 
(2%;3,5mg/kg) 
 
Caprino 
 
Co1-
Co2 
Latência: não informada 
Duração:43,7(cauda); 
30,5(períneo); 
21,5(membros 
posteriores);18(escroto) 
Analgesia cutânea de 
cauda, períneo, 
membros posteriores e 
escroto. 
Promoveu severa ataxia com duração 
de 2,5 minutos. 
 
Kattan, 
Ibrahim e 
Allawi (2007) 
 
 
 
Bupivacaína 
(0,25%;0,5mg/kg) 
 
 
 
Ovino 
 
 
 
L6-S1 
 
 
 
Latência: 5-10 
Duração: 240 
Obteve completa 
analgesia de flanco 
(L1-S1) e pequena 
intensidade de 
analgesia no períneo e 
membros posteriores 
(S3-cóccix). 
Promoveu média e severa ataxia, 
com duração de 85 minutos. 
 
 
 
DeRossi et al. 
(2015) 
 Fonte: Arquivo pessoal 
 
33 
 
 (Conclui) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e duração da 
analgesia (min) 
 
Extensão do Bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
 
Bupivacaína 
(0,25%;0,5mg/kg) 
 
 
Ovino 
 
 
T4-T5 
 
Latência: 5 
Duração: 70 
Analgesia cutânea de 
tórax e antebraços (C7-
T8) 
Bloqueio motor completo dos 
membros anteriores e ligeiro bloqueio 
dos membros posteriores, com 
duração de 50 minutos. Houve 
significativa depressão na pressão 
arterial sistólica e diastólica. 
 
 
DeRossi et al. 
(2012) 
Lidocaína 
(2%;1mL/7kg) + 
1mL de água 
destilada 
 
 
 
Ovino 
 
 
 
L6-S1 
 
Latência: 2,07 
Duração: 53,42 
Bloqueio de 
dermátomos das 
vertebras coccígeas 
até L1 (região de 
flancos, garupa, 
femoral, dos joelhos, 
poplítea, patelar, crural, 
perineal, urogenital e 
base da cauda). 
Houve bloqueio motor, com retorno 
da posição quadrupedal em 181 
minutos. 
 
 
 
Bigham e 
Shafiei (2008) Lidocaína 
(2%;1mL/7kg) + 
1mL de Sulfato de 
Magnésio 10% 
 
Latência: 4,57 
Duração: 174 
Houve bloqueio motor, com retorno 
da posição quadrupedal em 176 
minutos. 
 
Lidocaína 
(2%;1mL/7kg) 
 
Ovino 
 
L6-S1 
 
Latência: 4,14 
Duração: 54,43 
Analgesia cutânea de 
cauda, períneo, 
membros posteriores, 
flancos e parte caudal 
das costelas 
Todos os animais obtiveram severa 
ataxia. 
Habibian, 
Bigham e Aali 
(2010) 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
34 
 
 
 
3.6.2 Alfa-2 agonistas 
 
 
Trata-se da classe de fármacos sedativos sistêmicos mais empregadas na 
medicina veterinária para ruminantes. Estes fármacos promovem efeitos 
miorrelaxante, sedativo e analgésicos, de intensidade dose dependente e que pode 
ser revertida facilmente com o uso de alfa-2 antagonistas em casos de 
extrapolações de doses ou surgimento de efeitos indesejáveis (LEMKE, 2014; 
LUNA; COSTA; CASSU, 2012). 
Os ruminantes são mais sensíveis aos efeitos dos alfa-2 agonistas 
comparado às demais espécies, sendo a sensibilidade do menor para o maior a 
seguinte: bovinos< ovinos< caprinos (LUNA; COSTA; CASSU, 2012). Nos bovinos, 
os principais efeitos desencadeados pelos alfa-2 agonistas quando aplicados pela 
via epidural são: sedação, analgesia, ataxia, bradicardia, ligeira hipotensão e atonia 
ruminal (ALMEIDA et al., 2004; MAZE; TRANQUILLI, 1991; SPINOSA; GÓRNIAK, 
2014). Estes efeitos sistêmicos observados com a administração epidural, são 
resultantes da absorção do fármaco pelas veias longitudinais presentes no canal 
epidural, que permitem seu acesso à corrente sanguínea ocorrendo distribuição e 
efeitos sistêmicos (LEE et al., 2003). 
Quando administrado sistemicamente, em doses excessivamente altas, 
podem induzir excitação e rigidez muscular, devido a afinidade de alguns fármacos 
alfa-2 agonistas com receptores alfa-1 (DOZE et al. 1989; LEMKE, 2014). Estes 
fármacos apresentam efeito ocitócico no final da gestação de bovinos e ovinos, e 
devido a sensibilização dos receptores alfa-2 pelos picos de estrógenos neste 
período, consequentemente observa-se aumento das contrações miométricas, 
podendo resultar em abortos (LUNA; COSTA; CASSU, 2012). 
A xilazina foi sintetizada em 1962, sendo o primeiro alfa-2 agonista 
empregado na rotina veterinária devido ao seu potente efeito sedativo (LEMKE, 
2014). Quando empregada pela via epidural, pode induzir profunda analgesia com 
ausência de bloqueio motor em alguns animais (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). 
Bovinos submetidos a aplicação epidural de xilazina nas concentrações de 5mg/mL 
e 7mg/mL, demostraram sedação e ataxia moderada. Entretanto, aqueles que 
receberam 3mg/mL, não demonstraram estas reações, mas o seu desempenho 
35 
 
analgésico foi inferior e de menor duração quando comparado às outras duas 
concentrações anteriormente relatadas. A xilazina é um fármaco que fornece longos 
tempos de analgesia, mas a sua latência é prolongada (CARON; LEBLANC, 1989). 
A clonidina é um fármaco que possui duração analgésica dose dependente, 
acompanhada de sedaçãoe hipotensão sistêmica (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). E, 
ao contrário dos anestésicos locais, quando utilizada pela via epidural não induz 
bloqueio motor (DE ROSSI; BUCKER; VARELA, 2003). 
A detomidina é um alfa-2 agonista principalmente utilizado em cavalos e seu 
emprego pela via epidural nesta espécie, induz profunda analgesia acompanhada de 
ataxia e perda da propriocepção. A latência da analgesia ocorre dentro de um 
período de 20 minutos, acompanhada de sedação, redução da frequência cardíaca e 
respiratória além de aumento da PaCO2 (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). O uso da 
detomidina na dose 40µg/kg pela via epidural em bovinos, promoveu diferentes 
graus de analgesia de flanco, sedação moderada, ataxia, hipertensão, bradicardia e 
hipermotilidade ruminal (PRADO et al., 1999). Em bovinos, enquanto a xilazina induz 
o aumento da contratilidade uterina, a detomidina reduz a atividade uterina, portanto, 
sendo uma escolha mais segura para este espécie durante a gestação (LUNA; 
COSTA; CASSU, 2012). 
A medetomidina é um fármaco mais potente comparado aos alfa 2-agonistas 
supracitados (LUNA; COSTA; CASSU, 2012). Com uso da dose de 15µg/kg de 
medetomidina diluída em 5mL de água destilada pela via epidural caudal em 
bovinos, foi possível obter prolongada analgesia com aproximadamente 7 horas de 
duração, acompanhada de sedação moderada e ataxia. Fisiologicamente induziu 
quedas nas frequências respiratória e cardíaca, além de sialorréia e poliúria (LIN et 
al., 1998). 
Alguns alfa-2 agonistas como a xilazina, clonidina, detomidina e 
medetomidina, já foram empregados pela via epidural em ruminantes (ALMEIDA et 
al., 2004; CAULKETT; CRIBB; DUKE, 1993; DEROSSI; BUCKER; VARELA, 2003; 
GRUBB et al., 2002; KATTAN; IBRAHIM; ALLAWI, 2007; LIN et al., 1998; PRADO et 
al., 1999; SAIFZADEH et al., 2007; SINGH et al., 2006) e, alguns detalhes destes 
estudos encontram-se expostos no quadro 2 
36 
 
 
 
Quadro 2 - Pesquisas realizadas com o emprego dos alfa-2 agonistas pela via epidural em ruminantes. 
 (Continua) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e 
duração da 
analgesia (min) 
 
Extensão do bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
Xilazina 
(2%;0,05mg/kg) 
Bovino S5-Co1 Latência: 11,7 
Duração:252,9 
Analgesia cutânea com alcance do 
coccix até T13 (parte caudal das 
costelas, região de flancos, garupa, 
femoral, dos joelhos, poplítea, 
patelar, crural, perineal, urogenital e 
base da cauda). 
Média ataxia e sedação. Grubb et al. 
(2002) 
 
 
 
Xilazina 
(2%;0,05mg/kg) 
 
 
 
Bovino 
 
 
 
S5-Co1 
Não se avaliou 
latência e 
duração 
analgésica neste 
trabalho. Mas sim 
a intensidade de 
resistência anti-
álgica por meio 
de estímulos 
doloroso aplicado 
por calor em 
diferentes 
intensidades de 
temperaturas. 
Não se avaliou a altura de bloqueio 
por estímulo doloroso. O que 
avaliou-se foi a latência de retirada 
de membro e latência de estímulo 
cutâneo, aplicando calor por uma 
fonte de feixe de luz sobre as 
extremidades dos membros 
posteriores. 
Após a aplicação da xilazina: 
Induziu queda de 14,6% na 
frequência cardíaca em relação 
aos níveis basais. Induziu 
redução na pressão arterial 
sistêmica por 210 minutos. 
Reduziu significativamente a 
frequência respiratória por 235 
minutos, tenho valores ainda mais 
reduzidos por 45 minutos. 
Redução dos movimentos 
ruminais por 180 minutos. Induziu 
sedação por 120 minutos. Um 
animal teve alterações nos 
padrões fisiológicos. 
 
 
 
Almeida et al. 
(2004) 
 Fonte: Arquivo pessoal 
 
37 
 
 (Continua) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e 
duração da 
analgesia (min) 
 
Extensão do bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
Clonidina 
(150µg/mL; 
3,2µg/kg) 
 
 
 
Bovino 
 
 
 
S5-Co1 
Latência: 19 
Duração: 192 
Analgesia cutânea perineal bilateral. Nenhum animal em ambas as 
doses apresentaram ataxia. 
Observou-se efeito sedativo com 
as duas doses nos períodos de 
30 a 180 minutos. Nenhuma 
alteração fisiológica foi 
observada. 
 
 
 
De Rossi et al. 
(2003) Clonidina 
(150µg/mL; 
4,3µg/kg) 
 
Latência: 9 
Duração: 311 
 
 
 
 
Xilazina 
(concentração 
não informada; 
0,07mg/kg) 
 
 
 
 
Bovino 
 
 
 
 
Co1-
Co2 
Não se aferiu 
latência e 
duração do 
desempenho 
analgésico, mas 
sim o seu 
desempenho na 
qualidade de 
bloqueio em 
animais 
submetidos a 
cesárea (n=29). 
17,2% tiveram pobre bloqueio, 
impossibilitados de serem 
submetidos ao procedimento 
cirúrgico. 37,9% tiveram adequada 
analgesia, tendo pequenas reações 
mas insignificantes após a incisão 
de pele e musculatura, mas com 
fortes reações em incisões de 
peritôneo. 44,8% tiveram boa 
analgesia, tendo nenhuma ou 
pequenas reações insignificantes 
após a incisão cirúrgica. 
10,43% tiveram sedação profunda 
(deprimidas e com cabeça baixa), 
79,3% tiveram sedação tratável 
(calmas, sem reações e alerta) e 
10,3% demonstraram excitação 
(deferindo com coices contra o 
tronco, inquietas e direcionando 
olhar contra as pessoas 
próximas). 
 
 
 
 
Caulkett, Cribb 
e Duke (1993) 
Xilazina 
(2%;0,05mg/kg) 
Búfalo S5-Co1 Latência: 5,5 
Duração: 136,4 
Produziu analgesia cutânea de 
cauda, períneo, coxas, flancos, 
garupa e segmentos das últimas 
costelas (L1-T13) 
Induziu ataxia média. Nenhum 
animal apresentou sedação. 
Saifzadeh et 
al. (2007) 
 Fonte: Arquivo pessoal 
 
38 
 
 
 
 (Conclui) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e 
duração da 
analgesia (min) 
 
Extensão do bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
Xilazina 
(2%;0,05mg/kg) 
Búfalo L6-S1 Latência: 34,1 
Duração: 137 
Não se obteve analgesia cutânea 
completa, somente moderada das 
regiões de tórax, flanco, área 
inguinal, membros posteriores, 
períneo e cauda. 
Observou-se média e profunda 
sedação e média ataxia. Não 
induziu alterações fisiológicas 
clinicamente significativas. 
Singh et al. 
(2006) 
 
 
Xilazina 
(2%;0,01mg/kg) 
 
 
Caprino 
 
 
Co1-
Co2 
Latência: não 
informada 
Duração: 48,7 
(cauda); 
36,7(períneo); 
24,2(membros 
posteriores);20,5 
(escroto) 
Analgesia cutânea de cauda, 
períneo, membros posteriores e 
escroto. 
Observou-se sedação, salivação, 
altura de cabeça baixa e 
distensão ruminal depois de 10 
minutos de aplicação do fármaco 
e com persistência de 65 minutos. 
A sedação durou 7,5 minutos. 
 
 
Kattan, 
Ibrahim e 
Allawi (2007) 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
39 
 
3.6.3. Antagonistas N-metil-D-aspartato (NMDA) 
 
 
A cetamina é um fármaco conhecido por exercer efeito similar aos 
analgésicos locais, aos opióides agonistas/antagonistas e possivelmente aos 
antimuscarínicos. Devido a sua complexa função e mecanismos múltiplos de ação, 
torna-se difícil a sua avaliação quando empregado pela via epidural (HALL; 
CLARKE; TRIM 2001). 
 Quando empregada pela via epidural em bovinos, fornece analgesia caudal 
dose dependente, de até uma hora de duração, além de sedação e diferentes graus 
de ataxia. Alterações cardiorrespiratórias não tem sido observadas com o emprego 
de cetamina pela via epidural, mesmo em doses elevadas (MARSICO et al., 1999; 
LEE et al. 2003). 
 A cetamina é um fármaco que já foi empregado pela via epidural em 
ruminantes em alguns estudos (BANIADAM et al., 2008; DEROSSI et al., 2010; LEE 
et al. 2003; MARSICO et al., 1999; SINGH et al., 2005; SINGH et al., 2006), e seus 
achadosencontram-se expostos no quadro 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
Quadro 3 - Pesquisas realizadas com o emprego da cetamina pela via epidural em ruminantes. 
 (Continua) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e duração da 
analgesia (min) 
 
Extensão do bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
Cetamina (5%; 
5mL) 
 
 
 
 
 
 
 
Bovinos 
 
 
 
 
 
 
 
Co1-
Co2 
Latência: 6,5 
Duração: 17 
Analgesia cutânea de 
Cauda e períneo. 
 
Não foi observada sedação e nem 
ataxia. Não houve alterações nos 
padrões fisiológicos. 
 
 
 
 
Lee et al. (2003) 
Cetamina 
(5%; 10mL) 
Latência: 5 
Duração: 34 
 
Analgesia cutânea de 
Cauda e períneo. 
Ausência de sedação, mas 
observou-se ataxia leve de 30 
minutos de duração. Não ouve 
alterações nos padrões fisiológicos. 
 
Cetamina 
(5%; 20mL) 
Latência: 5 
Duração: 62,5 
Analgesia cutânea de 
cauda e períneo e 
membros posteriores 
Ausência de sedação, mas 
observou-se ataxia leve, moderada 
e severa, com 48 minutos de 
duração. Não houve alterações nos 
padrões fisiológicos. 
 
 
Cetamina 
(concentração 
não informada; 
0,5mg/kg) 
 
Bovinos 
 
Co1-
Co2 
Latência: 3 
Duração: 48 
Bloqueio dos dermátomos 
S3-S4 (região caudal das 
coxas, perineal, urogenital 
e base da cauda). 
Não observou-se ataxia e nem 
alterações nos padrões fisiológicos. 
 
 
 
 
 
De Rossi et al. 
(2010) 
 Fonte: Arquivo pessoal 
 
41 
 
 (Continua) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e duração da 
analgesia (min) 
 
Extensão do bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
Cetamina 
(concentração 
não informada; 
0,5mg/kg) 
 
 
 
 
 
 
Bovinos 
 
 
 
 
 
Co1-
Co2 
Latência: 10 (cauda) 
Duração: 20 (cauda) 
Analgesia cutânea de 
cauda. 
Ausência de ataxia, sedação e 
alterações nos padrões fisiológicos. 
 
 
 
 
 
Marsico et al. 
(1999) 
Cetamina 
(concentração 
não informada; 
1mg/kg) 
 
Latência: 5(cauda); 10 
(anus e períneo) 
Duração: 30 (períneo); 
70 (cauda) 
Analgesia cutânea de 
anus, períneo e cauda. 
Ausência de ataxia, sedação e 
alterações nos padrões fisiológicos. 
Presença de salivação excessiva. 
Cetamina 
(concentração 
não informada; 
2mg/kg) 
Latência: 5 (vulva e 
cauda) 
Duração: 70 (vulva); 
100 (cauda) 
Analgesia cutânea de 
vulva e cauda. 
Animais apresentaram ataxia, 
sedação e salivação excessiva. 
Não houve alterações nos padrões 
fisiológicos. 
 
 
 
 
Cetamina 
(10%; 2mg/kg) 
 
 
 
Búfalos 
 
 
S5-Co1 
Latência: 4 
Duração: 45 
Analgesia cutânea 
completa de períneo e 
incompleta de cauda, 
região inguinal e membros 
posteriores. 
Presenciou-se muita incoordenação 
motora entre 5 e 20 minutos de 
observação, e incoordenação 
motora média até 45 minutos de 
observação. Nenhum animal 
apresentou sedação. 
 
 
 
Singh et al. 
(2005) 
 Fonte: Arquivo pessoal 
 
42 
 
 
 
 (Conclui) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e duração da 
analgesia (min) 
 
Extensão do bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
Cetamina 
(concentração 
não informada; 
2,5mg/kg) 
 
Búfalos 
 
L1-L2 
Latência: 4,6 
Duração: 39,4 
Analgesia insatisfatória, 
devido bloqueio 
incompleto. 
Não presenciou-se sedação, 
entretanto, os animais 
apresentaram uma pequena 
incoordenação motora. 
 
Singh et al. 
(2006) 
Cetamina 
(concentração 
não informada; 
4mg/kg) 
 
 
 
 
Caprino 
 
 
 
 
L6-S1 
Latência: não 
informada 
Duração: 14 
Analgesia cutânea de 
cauda, anus, área femoral 
lateral e medial e glúteos. 
As alterações fisiológicas foram 
mínimas. Nenhuma animal 
apresentou ataxia. 
 
 
 
 
Baniadam et al. 
(2008) 
Cetamina 
(concentração 
não informada; 
6mg/kg) 
Latência: não 
informada 
Duração: 30 
Analgesia cutânea de 
cauda, anus, períneo, 
área femoral lateral e 
medial, glúteos e 
membros posteriores. 
Todos os foram a decúbito. As 
alterações fisiológicas foram 
mínimas. 
Cetamina 
(concentração 
não informada; 
8mg/kg) 
Latência: não 
informada 
Duração: 65 
Todos os foram a decúbito. As 
alterações fisiológicas foram 
mínimas. 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
43 
 
3.6.4. Opiáceos e Opióides 
 
 
Os opiáceos são alcaloides naturais derivados do ópio, como a morfina e a 
apomorfina, já os opióides, são derivados sintéticos obtidos da morfina (MASSONE, 
2011). Quando administrados pela via epidural, espraiam-se pelo espaço peridural e 
atuam diretamente sobre sítios pre-sinápticos no corno dorsal espinhal, impedindo a 
relação da substancia P sobre os receptores pós-sinápticos dos neurônios 
medulares, consequentemente, bloqueando a sinalização nocioceptiva e 
preservando a função motora (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). 
Na medicina veterinária, são considerados como o pilar para o tratamento de 
dor para inúmeras espécies. Fato este, que é devido aos seus diversos 
representantes farmacológicos utilizados no manejo da dor em paciente com 
traumas agudos, durante o pós-cirúrgico ou, ainda, em pacientes submetidos a 
longos períodos de tratamentos e atormentados por dores crônicas (LAMONT; 
MATHEWS, 2014). 
O uso dessa classe de fármacos pela via epidural em bovinos, já apresentou 
alguns efeitos adversos, como a redução dos movimento ruminais, queda na 
temperatura retal, aumento da frequência cardíaca, sedação, moderada ataxia e 
discreto prurido na região lombar e glúteos (BANIADAM; AFSHAR; AHMADIAN, 
2010; BIGHAM et al., 2010; SILVA; MARQUES, 2003). 
Acredita-se que estes efeitos sejam atribuídos aos receptores μ e κ, pois 
estes receptores ao contrário do receptor δ, que somente fornece analgesia após 
estimulado, também trazem consigo alguns efeitos indesejáveis como depressão 
respiratória, euforia, êmese, alteração no peristaltismo gastrointestinal, sedação, 
dentre outros efeitos. Estes efeitos irão variar dependentemente ao tipo de fármaco 
selecionado, pois alguns são agonista, agonista/antagonistas ou agonistas parciais 
para cada tipo de receptor opióide (HALL; CLARKE; TRIM, 2001). 
A morfina, apesar de ser o protótipo da classe, tem seu uso frequentemente 
relacionado ao surgimento de efeitos adversos como a excitação, depressão 
respiratória, vômitos, náuseas, defecação e salivação (MASSONE, 2011). Quando 
empregados pela via epidural em ruminantes, seu efeito analgésico foi insatisfatório 
(DEROSSI et al., 2012; SILVA; MARQUES, 2003) e, em bovinos, além de fornecer 
44 
 
 
 
analgesia insatisfatória, induziu alguns efeitos adversos, como prurido e redução dos 
movimentos ruminais (SILVA; MARQUES, 2003). 
A Metadona é um µ agonista com propriedades similares a morfina, 
entretanto, acompanhada de menores efeitos adversos, tornando-se uma alternativa 
ao uso da morfina (JAFFE; MARTIN, 1993; STEGALL; LUNA, 2012). É um fármaco 
que detém de alta lipossolubilidade no canal epidural, espraiando-se lentamente e 
penetrando a medula espinhal, entretanto, parte de sua fração é absorvida pelo 
sistema vascular (PARRAMON et al. 2003). 
O tramadol é um fraco agonista de receptores µ, seu mecanismo de ação se 
baseia na inibição da captação da noroepinefrina e liberação de serotonina, 
portanto, impedindo a sinalização dos neurônios de segunda ordem e 
incrementando os efeitos analgésicos, devido a liberação da serotonina no corno 
dorsal. Consequentea estes efeitos, fornece incremento de tempo hábil na ação 
anti-nociceptiva (GÓRNIAK, 2014). É um fármaco que quando empregado pela via 
epidural em bovinos e ovinos, forneceu um longo tempo de analgesia (318,6 minutos 
em ovinos e 306,8 minutos em bovinos) sem alterações motoras clinicamente 
significativas (BIGHAM et al., 2010; HABIBIAN; BIGHAM; AALI, 2010). 
Da extensa lista de fármacos opióides existentes, somente a morfina, a 
metadona e o tramadol já foram utilizados em estudos pela via epidural de 
ruminantes (BANIADAM; AFSHAR; AHMADIAN, 2010; BIGHAM et al., 2010; 
DEROSSI et al., 2015; SILVA; MARQUES, 2003), e, detalhes destas pesquisas 
estão expostos no quadro 4. 
 
3.6.5 Associações de fármacos utilizadas pela via epidural 
 
 
Nos quadros 5, 6 e 7 estão expostos os principais resultados de estudos 
realizados empregando-se, pela via epidural de ruminantes, diferentes associações 
entre os fármacos anteriormente apresentados. 
45 
 
Quadro 4 - Pesquisas realizadas com o emprego dos opióides pela via epidural em ruminantes. 
 (Continua) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e duração da analgesia (min) 
 
Extensão do 
bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
Morfina 
(concentração não 
informada;0,1mg/k
g) 
 
 
 
 
Bovino 
 
 
 
 
S5-Co1 
Não forneceram analgesia efetiva. Promoveram redução 
dos movimentos 
ruminais 
 
 
 
Silva e 
Marques 
(2003) 
Morfina 
(concentração não 
informada;0,2mg/k
g) 
Morfina 
(concentração não 
informada;0,3mg/k
g) 
Tramadol 
(concentração não 
informada;1mg/kg) 
 
Bovino 
 
S5-Co1 
Latência: 14,10 
Duração: 306,8 
O bloqueio cutâneo 
abrangeu desde as 
vértebras coccígeas 
até L6 (região 
femoral, poplítea, 
patelar, do joelho, 
crural, perineal, 
urogenital e base da 
cauda. 
Sem alterações 
fisiológicas. 
 
Bigham et al. 
(2010) 
 Fonte: Arquivo pessoal 
 
46 
 
 
 
 (Continua) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e duração da analgesia (min) 
 
Extensão do 
bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
 
Tramadol 
(5%;1mg/kg) 
 
Ovino 
 
L6-S1 
Latência: 14,29 
Duração: 318,6 
Analgesia cutânea de 
cauda, períneo, 
membros posteriores, 
flancos e costelas 
caudais. O bloqueio 
avançou até L1. 
Induziu redução da 
temperatura retal e 
aumento da frequência 
cardíaca. 
 
Bigham et al. 
(2010) 
Tramadol 
(concentração não 
informada;1mg/kg) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bovino 
 
 
 
 
 
 
 
 
Co1-
Co2 
Latência: 6,7(cauda); 8,3(anus); 7,5(períneo); 
7,5(vulva); 20(região lateral das coxas); 
10(região medial das coxas); 30(úberes) 
Duração: 21(cauda); 20(anus); 18(períneo); 
18(vulva); 
2(região lateral das coxas); 
13(região medial das coxas); 2(úberes) 
Analgesia cutânea de 
cauda, períneo, vulva, 
região lateral e medial 
das coxas e úberes. 
Induziu sedação. 
 
 
 
 
 
 
 
Baniadam, 
Afshar e 
Ahmadian 
(2010) 
Tramadol 
(concentração não 
informada;2mg/kg) 
Latência: 6(cauda); 10(anus); 10(períneo); 
12(vulva); 21,3(região lateral das coxas); 
17(região medial das coxas); 5-75(úberes) 
Duração: 62(cauda); 51(anus); 60(períneo); 
51(vulva); 14(região lateral das coxas); 
47(região medial das coxas); 28-9(úberes) 
Analgesia cutânea de 
cauda, períneo, vulva, 
região lateral e medial 
das coxas e úberes. 
Induziu sedação e 
moderada ataxia. 
Tramadol 
(concentração não 
informada;3mg/kg) 
Latência: 5(cauda); 7(anus); 7(períneo); 
8(vulva); 17(região lateral das coxas); 11região 
medial das coxas); 13-20(úberes) 
Duração: 90(cauda); 95(anus); 92(períneo); 
86(vulva); 59(região lateral das coxas); 
81(região medial das coxas); 41-11(úberes) 
Analgesia cutânea de 
cauda, períneo, vulva, 
região lateral e medial 
das coxas e úberes. 
Induziu sedação e 
moderada ataxia. 
Morfina 
(1%;0,1mg/kg) 
Ovino T4-T6 Latência: 30 
Duração: 45 
Este tratamento 
forneceu somente 
média analgesia. 
Induziu média sedação. De Rossi et 
al. (2012) 
 Fonte: Arquivo pessoal 
 
47 
 
 (Conclui) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e duração da analgesia (min) 
 
Extensão do 
bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
 
 
Metadona 
(10mg/mL;0,3mg/k
g) 
 
 
Ovino 
 
 
L6-S1 
Latência: 20 
Duração: 220 
Obteve completa 
analgesia de flanco 
(L1-S1) e pequena 
intensidade de 
analgesia no períneo 
e membros 
posteriores (S3-
cóccix). 
Induziu bloqueio motor 
médio com duração de 
20 minutos. Sem 
alterações nos padrões 
fisiológicos. 
 
 
De Rossi et 
al. (2015) 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
48 
 
 
 
Quadro 5 - Pesquisas realizadas com o emprego da associação de anestésicos locais com alfa-2 agonistas pela via epidural em 
ruminantes. 
 (Continua) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e duração da 
analgesia (min) 
 
Extensão do bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
Lidocaína 
(2%;0,22mg/kg) + 
Xilazina 
(10%;0,05mg/kg) 
Bovino S5-Co1 Latência: 5,1 
Duração: 302,8 
Analgesia cutânea das 
vértebras coccígeas até T13 
(parte caudal das costelas, 
flancos, garupa, região 
femoral, do joelho, poplítea, 
patelar, crural, períneo, 
urogenital e base da cauda). 
Induziram média sedação e 
média ataxia. 
Grubb et al. 
(2002) 
Ropivacaína 
(1%;0,075mg/kg) 
+ 
Xilazina 
(10%;0,05mg/kg) 
Bovino S5-Co1 Latência: 6,8 
Duração: 420 
Não informado Graus de paresia de 
moderado a grave em 100% 
dos animais, além da 
presença de sedação. 
Moraes et al. 
(2014) 
Lidocaína 
(2%;0,22mg/kg) + 
Xilazina 
(2%;0,05mg/kg) 
Búfalo S5-Co1 Latência: 3,2 
Duração: 172,3 
Analgesia cutânea de cauda, 
períneo, coxas, flanco e 
úberes. A altura do bloqueio e 
foi de L1 a T13. 
Induziram média sedação e 
média ataxia. 
Saifzadeh et 
al. (2007) 
Bupivacaína 
(5%;0,125mg/kg)
+ Medetomidina 
(1%;15µg/kg) 
Búfalo Co1-
Co2 
Latência: 18,5 
Duração: 228 
Analgesia cutânea de cauda, 
períneo, região inguinal e 
úberes. 
Provocou incoordenação 
motora média e média 
sedação. Além de bradicardia. 
Singh et al. 
(2005) 
 Fonte: Arquivo pessoal 
 
49 
 
 (Conclui) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e duração da 
analgesia (min) 
 
Extensão do bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
Procaína 
(2%;3,5mg/kg)+ 
Xilazina 
(2%;0,01mg/kg) 
Caprino Co1-
Co2 
Latência: Não informada 
Duração: 57(cauda); 
55,2(região perineal; 
28,6(membros posteriores); 
29,2(região escrotal) 
Analgesia cutânea de cauda, 
períneo, membros posteriores 
e escroto. 
Induziram sedação, baixa 
altura de cabeça, salivação 
excessiva e distensão ruminal. 
Kattan, 
Ibrahim e 
Allawi (2007) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal 
 
50 
 
 
 
Quadro 6 - Pesquisas realizadas com o emprego da associação de anestésicos locais com opióides pela via epidural em 
ruminantes. 
 (Continua) 
 
Fármacos, 
concentrações e 
dosagens 
 
Espécie 
 
Local 
do 
acesso 
 
Latência e duração da 
analgesia (min) 
 
Extensão do bloqueio 
 
Comentários 
 
Referências 
Lidocaína 
(2%;0,2mg/kg) + 
Morfina 
(concentração não 
informada;0,1mg/k
g) 
 
 
Bovino 
 
 
S5-Co1 
O tratamento não forneceu

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