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Aula 2 - Respostas celulares às agressões - respostas adaptativas Manifestações celulares ao Estresse e aos estímulos nocivos Observamos então que a célula, normalmente, está presente em uma homeostasia, um ambiente de equilíbrio, de forma que sempre que afastamos as células da sua homeostasia há um estresse celular, e a partir de então a célula pode gerar uma resposta celular ou uma lesão celular, dependendo da duração, intensidade e tipo de estímulo e o tipo de célula. Em relação a resposta celular, a célula pode desenvolver uma resposta adaptativa ou uma resposta inflamatória, sendo a resposta adaptativa o tema dessa aula. Já nas lesões a célula pode desenvolver lesões reversíveis ou irreversíveis. Em relação a adaptação, ou resposta adaptativa, essas são um tipo de resposta celular em que a célula busca, meio ao estresse aplicado, se modificar e chegar a um novo equilíbrio/homeostase. Para que a célula consiga se modificar, esse processo necessita de tempo, dessa forma o estresse que a estimula a realizar tal mudança não pode ser um estresse abrupto e de alta intensidade, pois o mesmo não sustentaria essa mudança a longo prazo. Portanto, a adaptação celular guarda relação com estresses de baixa intensidade e longa duração. Há dois tipos de adaptação em relação a fisiologia, a adaptação fisiológica, que acontece quando o estresse aplicado na célula participa do seu funcionamento, sendo necessário para que o tecido funcione, e a adaptação patológica, que acontece quando a fonte do estresse aplicado é inadequada para a célula e traz prejuízo para mesma, de forma que essa adaptação pode estar inserida no contexto de uma doença. Existem quatro tipos de respostas adaptativas, sendo elas a hiperplasia, a hipertrofia, a atrofia e a metaplasia. Adaptação não é uma lesão celular, pode ser decorrente de uma doença As adaptações são alterações reversíveis em tamanho, número, fenótipo, atividade metabólica ou funções das céls em resposta a alterações do ambiente. Agenesia (genesis = formação): anomalia congênita na qual um órgão ou parte dele não se formou. Ex.: Agenesia renal, agenesia de um lobo pulmonar; Distrofia: doenças degenerativas sistêmicas, genéticas ou não. Ex.: distrofia muscular. Ectopia ou heteropia (ektos = fora; hetero = diferente): presença de um tecido normal em localização anormal. Ex.: parênquima pancreático na parede do estômago. Hamartias: crescimento focais, excessivos, de determinado tecido de um órgão. Ex.: tumuros (hamartomas) Adaptações e distúrbios do crescimento celular As células respondem ao aumento de demanda e ao estímulo externo por meio da HIPERPLASIA ou da HIPERTROFIA, e respondem à redução de nutrientes e de fatores de crescimento pela ATROFIA. Em algumas situações, as células mudam de um tipo para outro, um processo conhecido como METAPLASIA. Adaptações do Crescimento e diferenciação celular Aumento do número de células em um órgão ou tecido, resultando em aumento da massa de um órgão ou tecido. A hiperplasia ocorre se uma população celular é capaz de se dividir, aumentando, portanto, o número de células. - Hiperplasia Fisiológica: - Hiperplasia hormonal: aumenta a capacidade funcional de um tecido, quando necessário. Ex.: proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez; - Hiperplasia compensatória: aumenta a massa de tecido após lesão ou ressecção parcial. Ex.: Regeneração do fígado (hepatectomia). - Hiperplasia Patológica: é causada por excesso de hormônios ou fatores de crescimento atuando em células ex:Hiperplasia endometrial: hormônios hipofisários e estrogênio ovariano aumentam a atividade proliferativa, na qual é controlado pela liberação de progesterona. O defeito no equilíbrio compensatório estrogênio e progesterona causa a hiperplasia de glândulas endometriais. Sintomas: sangramento menstrual anormal. Observando a etimologia da palavra, hiper significa aumento, e plasia significa proliferação. Desse modo, esse processo de hiperplasia significa proliferação celular, logo, é o aumento do número de células do tecido, observado pelo aumento de densidade celular por campo microscópico. A hiperplasia é muito diferente do processo de câncer. Ambos envolvem hiperplasia com aumento do número celular, mas no câncer a proliferação perde os mecanismos de controle, então a proliferação é desorganizada, já na hiperplasia por si só essa proliferação tem diversas formas de controle. Além disso, nas células do câncer há alterações genéticas que possibilitam essa proliferação, já as células hiperplásicas não possuem alterações genéticas, e a proliferação precisa ser sustentada por fatores externos, como estímulos proteicos, fatores de crescimento e hormônios. Para as células consigam se proliferar é necessário o processo de mitose. Essa mitose se sustenta dependendo de fatores de crescimento, hormônios, estímulos bioquímicos, que induzem a célula a completar o ciclo celular. Nem todas as células são capazes de realizar mitose, logo, há células mais propensas a sofrer hiperplasias. As células são divididas em células lábeis, como aquelas que estão continuamente entrando em mitose, sendo células propensas a proliferação, como as células epiteliais e hematopoiéticas. se proliferam muito rápido Há também as células estáveis ou quiescentes, que são células que estão presente em G0, tendo atividade, mas só entram em mitose caso houver necessidade, precisando de estímulos para a proliferação. Como exemplo de células quiescentes temos os epitélios glandulares, os hepatócitos, e os tecidos conjuntivos em geral. E há também as células que não se dividem, nem com estímulos, e são chamadas de células permanentes. Nesse quesito, temos como exemplo as células neuronais, musculares esqueléticas e musculares cardíacas. Dessa forma, observamos que as células propensas a sofrer hiperplasia são as células lábeis, pois apenas elas são propensas a sofrer mitose, que é um processo fundamental para hiperplasia. Toda célula que realiza mitose é uma célula que necessita de duplicação de DNA, e para isso a fita de DNA tem que ficar exposta, sendo também exposta a danos. Logo, essas células são células mais propensas a erros no processo e alterações celulares podem acontecer. Logo, a hiperplasia não é uma neoplasia, mas é um terreno fértil para o surgimento da mesma. Todo tecido que realiza muita mitose é um tecido mais propenso a sofrer alterações genéticas e originar um câncer. Há também outra forma de gerar hiperplasia, que é forçando a diferenciação de células tronco, principalmente em tecidos que não conseguem realizar muita mitose, como as células quiescentes e permanentes. As alterações macroscópicas observadas em um tecido hiperplásico é um tecido aumentado de volume, tamanho, massa, quantidade de água, mas nem todo aumento de volume tecidual é uma hiperplasia. Há vários processos que também causam o aumento do tecido, dessa forma o diagnóstico de hiperplasia é microscópico. Já em alterações microscópicas, é visto o aumento denúmero de células em determinada área tecidual e aumento do número de mitoses. Esse aumento do número de mitoses é visto na imunohistoquimica para identificar o antígeno KI67, que marca as células que estão no ciclo da mitose. Esse antígeno também é positivo em neoplasias, uma vez que é positivo em processos com proliferação, então o diagnóstico diferencial entre os dois processos depende de outros fatores. Os exemplos de hiperplasia fisiológicas mais característicos são o processo embriológico, um processo resultante de uma única célula, o útero gravídico, que cresce parte por hiperplasia e parte por hipertrofia, e as mamas no período gravídico, que precisam de um maior desenvolvimento glandular para preparar para a lactação. Em todos esses processos, a hiperplasia só aconteceu porque houve um estresse de sobrecarga, em que o corpo tinha necessidade de mais função desses tecidos. Dessa forma, a célula responde aumentando o número de células para realizá-la. Já como exemplo de hiperplasia patológica temos a hiperplasia “benigna” de próstata, que acontece com o aumento da idade e aumento de receptores de diidrotestosterona, que causam a hiperplasia tecidual por maior atividade hormonal. Essa hiperplasia causa obstrução uretral, podendo causar o desenvolvimento de cálculos ou mesmo uma insuficiência renal. O termo benigno não é um termo correto, pois não se usa termos como benigno e maligno para hiperplasia, esse é um termo utilizado para neoplasias, pois guarda relação com as alterações genéticas. - Hipertrofia: Aumento do tamanho das células que resulta em aumento do tamanho do órgão. Diferente da hiperplasia, a hipertrofia NÃO possui novas células, apenas células maiores. A hipertrofia é causada pelo aumento da demanda funcional ou por estimulação de hormônios e fatores de crescimento. Ex.: Musculatura esquelética e do coração. “O estímulo mais comum para hipertrofia do músculo é o aumento da carga de trabalho” - Hipertrofia Fisiológica - Hipertrofia Patológica Hipertrofia por estímulo hormonal - Estrogênio: crescimento fisiológico do útero; - Prolactina e estrogênio: hipertrofia/crescimento das mamas para amamentação. Na etimologia da palavra hipertrofia, observamos que hiper significa aumento e trofia significa tamanho. Logo, hipertrofia significa aumento do tamanho das células do tecido. Esse aumento celular acontece pelo aumento dos componentes celulares, como fosfolípides de membrana, filamentos de actina e miosina, citoplasma e núcleo. Logo, para aumentar a célula, é necessário aumentar a síntese proteica, com maior leitura de DNA, construção de RNA, RNA sendo traduzido no citoplasma, maior número de ribossomos, mitocôndrias, etc. O estresse resultante para realizar hipertrofia é o estresse de sobrecarga, que também demanda de aumento de função, logo, a célula responde aumentando sua morfologia para aumentar sua fisiologia. Algo perceptível é que os estresses para realizar hiperplasia e hipertrofia celular são os mesmos, sendo o estresse de sobrecarga. O que diferencia a célula de sofrer hiperplasia ou hipertrofia é a propensão das células de proliferar ou não. Um exemplo de hipertrofia fisiológica é a hipertrofia muscular sofrida pelo músculo estriado esquelético, um processo vivido cotidianamente nas academias. Há então uma sobrecarga de peso sobre os músculos, o que forma um estresse mecânico, e em resposta a esse estresse as células musculares aumentam a síntese proteica. Logo, não há aumento do número de células, mas dos seus constituintes (miofibrilas), organelas, núcleo, etc. Se houver muito estresse mecânico essa célula pode atravessar o limiar adaptativo e causar lesão celular, muitas vezes até morte celular. Outro exemplo de hipertrofia fisiológica é a hipertrofia dos adipócitos, em que há um aumento de lipídeos na alimentação, causando um aumento de depósito lipídico nas células, e assim as células tem um aumento de deus constituintes, feitos basicamente por esse depósito de gordura, e assim se dá o aumento celular. Em meio ao estresse de aumento de função os adipócitos respondem geralmente com hipertrofia, a hiperplasia pode acontecer, mas acontece geralmente em crianças. Agora, um exemplo de hipertrofia patológica é a estenose aórtica. Na estenose aórtica há dificuldade de ejetar o sangue na sístole, de forma que o ventrículo esquerdo necessita fazer uma força muito maior para conseguir ejetar o sangue. Isso causa uma sobrecarga de trabalho do ventrículo esquerdo, o que causa um aumento de espessura do músculo cardíaco, causando uma hipertrofia miocárdica. Com o tempo, por aumentar os constituintes celulares, aumenta também a demanda energética, uma vez que essa célula possui mais actina e miosina, sendo necessário mais aporte sanguíneo, mas o desenvolvimento vascular não acompanha a hipertrofia gerando um déficit energético, que causa uma isquemia crônica levando a atrofia e uma insuficiência cardíaca esquerda. No caso da hipertensão arterial sistêmica, há um acometimento semelhante, levando as mesmas consequências. - - Atrofia: Redução do tamanho de um órgão ou tecido que resulta da diminuição do tamanho e do número de células. Atrofia ou hipotrofia é o processo de diminuição dos constituintes celulares ou do número de células. Para esse processo acontecer é importante que aconteça um estresse de privação, de forma que a célula é privada dos seus constituintes para funcionar, de algo que ela necessita. Pode ser uma falta de oxigênio (hipóxia), falta de sangue (isquemia), falta de nutrientes (desnutrição), falta de utilização celular/muscular (imobilização ou desuso), falta de inervação muscular (desnervação), e falta de substancias necessárias para o funcionamento do tecido como hormônios. Um grande exemplo é a menopausa, onde há perda dos hormônios sexuais, causando atrofia em muitos tecidos femininos. Uma observação importante é que o termo aplasia/hipoplasia é utilizado para o processo relacionado com a medula óssea, reservado para a medula óssea, de forma que não é utilizado para os demais tecidos, e remete a uma perda celular da medula. Os exemplos de hipetrofia fisiológica mais importantes são aqueles após o processo de menopausa, seja no endométrio ou nas mamas. A falta de estrógeno e progesterona na mulher causa atrofia dos tecidos endometriais e das glândulas mamárias. Algo importante a se ressaltar da atrofia é que o estresse precisa ser crônico para acontecer. Um exemplo, uma atrofia por isquemia só acontece se essa falta se sangue acontecer de forma crônica e não muito intensa, pois se ela acontecer de forma aguda e intensa se desenvolverá uma lesão celular, uma morte celular. Um grande exemplo de atrofia patológica é o desenvolvimento de placas ateroscleróticas na carótida. Essas placas diminuem o aporte sanguíneo para o cérebro causando isquemia crônica e levando a atrofia cerebral, com sulcos abertos e giros estreitos. Lembrando que se a isquemia fosse aguda, não haveria tempo para essa perda de células de forma compassada, e haveria uma intensa lesão e morte celular, desenvolvendo um acidentevascular cerebral isquêmico. Primeiramente a atrofia reduz o tamanho celular, depois reduz o número celular por apoptose, como se a célula primeiro tentasse perder componentes, tentando evitar sua morte, e quando isso não é mais possível, algumas células morrem em prol do tecido. Logo, aí se observa a intrínseca relação com a lesão celular. Outro exemplo de atrofia patológica acontece na quimioterapia, em que o processo medicamentoso interrompe o ciclo mitótico, interrompendo o fuso mitótico de células cancerosas, mas também de células normais, como as células da medula, causando aplasia de medula óssea. A medula é um dos locais mais atingidos por ser um tecido lábil. Dessa forma, o paciente se apresenta anêmico, com falta de hemácias, com leucopenia, podendo ter febre e infecções recorrentes, e plaquetopenia, com sangramentos frequentes. Outros exemplos de atrofia patológica são a atrofia por desuso, como na fratura e imobilização de um membro, deixando aquele membro mais estreito que o outro. Também a atrofia por desnervação, como no caso do traumatismo raquimedular, fazendo com que estruturas não ganhem trofismo nervoso, e dessa forma também sofram atrofia, diminuindo o tamanho e número de células, e a atrofia por desnutrição, como a atrofia muscular em pessoas que não se alimentam da forma devida. - Atrofia fisiológica: Comum durante o desenvolvimento natural. Ex.: estruturas embrionárias. - Atrofia patológica: depende da causa básica e pode ser local ou generalizada. Em doenças neurodegenerativas é possível visualizar essa atrofia do cérebro. ex: alzheimer, parkinson. Causas comuns de Atrofia (hipotrofia): - Redução da carga de trabalho (atrofia de desuso); Osso fraturado é imobilizado em um cilindro de gesso; Repouso completo no leito; - Perda da inervação; Lesão em um nervo leva atrofia de fibras musculares; - Diminuição do suprimento sanguíneo; Redução suprimento sanguíneo para um tecido em consequência a doença oclusiva arterial; - Nutrição inadequada (Inanição); Desnutrição proteica - Atrofia muscular. - Perda de estimulação endócrina; Perda da estimulação estrogênica (menopausa) resulta em atrofia do endométrio; epitélio vaginal e mama; - Pressão: Compressão tecidual - Metaplasia: Alteração reversível na qual um tipo celular diferenciado é substituído por outro tipo celular. Ocorre uma “substituição adaptativa” de células sensíveis ao estresse por tipos celulares mais capazes de suportar o ambiente hostil. Ex. Metaplasia epitelial mais comum é a colunar para escamosa, como ocorre no trato respiratório em resposta a irritação crônica. Em fumantes, essa substituição ocorro na traqueia e brônquios. *Deficiência de Vitamina A Metaplasia É um tecido que altera suas características para se adequar a um novo meio provocado pelo estresse. Para entender esse processo, é melhor exemplifica-lo. A via aérea normal é um epitélio de revestimento pseudoestratificado cilíndrico ciliado com células caliciformes. Em um paciente fumante, as substâncias do cigarro impregnam no muco fazendo com que os cílios celulares trabalhem mais para retirar tais substâncias, o que sobrecarrega as células, fazendo com que as mesmas morram mais rápido e dessa forma são substituídas mais rápido. Esse processo se repete muitas vezes gerando uma hiperplasia compensatória, ou seja, um aumento do número de células para suprir um déficit gerado por essa vida curta das células ocasionado por um turn over (esgotamento) celular. Dessa forma, essas células tem seu código genético reprogramado para expressar outros genes e começam a expressar genes para se tornar um epitélio pavimentoso estratificado, pois esse tipo de epitélio é mais resistente ao atrito e as substâncias do cigarro. Esse processo acontece em vários processos, de maioria patológicos. Geralmente respeita o tipo de tecido, de forma que se antes era um epitélio, o novo tecido será um epitélio; ou se antes era um conjuntivo, o novo tecido será um conjuntivo, mas as metaplasias epiteliais são as mais comuns. Além disso, o processo de metaplasia recebe o nome de acordo com o epitélio resultante, de forma que se o epitélio resultante é um epitélio escamoso estratificado, o nome dessa metaplasia será metaplasia escamosa. Aqui, também, o estresse precisa ser crônico para conseguir causar essa modificação genética e esse turn over celular. E teoricamente, por ser uma adaptação, é um reversível. Logo, no exemplo, teoricamente, se a pessoa parar de fumar, haverá a reversão do epitélio metaplásico escamoso em epitélio de vias aéreas novamente. Dentre as consequências geradas por esse processo estão que apesar do epitélio ficar mais resistente, sendo melhor protegido, ele acaba perdendo a função de um epitélio especializado. No exemplo, o epitélio escamoso não possui cílios, dessa forma não consegue drenar o muco, logo o muco fica estacionado, gerando uma bronquite crônica. Além disso, o tecido metaplásico é um tecido que sofre hiperplasia e alterações genéticas. Por isso, é um tecido que expõe muito seu DNA, podendo sofrer alterações que podem vir a desenvolver um câncer. Outro exemplo de metaplasia patológica é o esôfago de barret, que acontece quando há refluxo gástrico atingindo o esôfago, que não possui defesas contra o conteúdo ácido. Dessa forma há intensa renovação/proliferação celular, também cursando com hiperplasia compensatória e logo sofrendo metaplasia para um epitélio que produz muco alcalino, sendo o epitélio intestinal. Logo, essa metaplasia é chamada de metaplasia intestinal. Essa é umas das principais causas de neoplasia de esôfago, pelo seu acesso ao DNA, e há um processo inflamatório crônico que também auxilia nessa modificação epitelial, que ocasiona na esofagite crônica. Há também as metaplasias do conjuntivo, que são mais raras, como a ossificação em tecido conjuntivo, entre outros. Lesão Celular e Morte Celular Quando está no nível da formação de bolhas, a célula ainda é capaz de reverter, após esse ponto a célula vai morrer mediadores de resposta inflamatória: Lesão Celular Reversível Alterações bioquímicas Acúmulos de substâncias. BOMBA DE Na/K - sai 3Na e entra 2K, também sai o Ca - Água e eletrólitos: degeneração hidrópica; - Proteínas: degeneração hialina e mucoide; - Lipídeos: esteatose e lipidoses; - Carboidratos: glicogenoses e mucopolissacaridoses; “Células se tornam incapazes de manter a homeostasia iônicas e líquida resultado da falha na bomba de íons dependentes de energia na membrana plasmática” Lesão Celular Irreversível NECROSE: Ocorre uma desnaturação de proteínas intracelulares e da digestão enzimática das células lesadas letalmente. - Lisossomos das própria célula morta (autólise); - Lisossomos de leucócitos migram no processo inflamatório (heterólise); - Evidências histógicas após 4 a 12 horas; Ex.: Infarto do miocárdio Creatinoquinase MB (CK-MB) e troponina (24-48hrs) Necrose A necrose, como conceito, é a degradação enzimática dos componentes celulares por enzimas da própria célula, liberadas por lisossomos. As causas mais comuns de necrose são a redução da produção de energia, como uma obstrução vascular causando isquemia, o aumento de produção de radicaislivres, a interrupção de síntese proteica ou o próprio extravasamento de hidrolases do lisossomo para citosol, digerindo a célula. Na necrose, a ruptura da membrana plasmática é necessária, de forma que não há necrose sem essa ruptura. Em termos microscópicos, há alterações na cromatina que acontecem antes da membrana romper. São três alterações mais características, sendo elas a picnólise, quando o núcleo celular fica menor e mais denso, a cariorexe em que há fragmentação da cromatina, e a cariolise, em que há perda da afinidade tintorial da cromatina pela hematoxilina. Pode-se também desenvolver uma cariólise avançada, em que é visível apenas uma imagem fantasma da cromatina. Algo importante de se ressaltar é que essas alterações nucleares não são necessariamente fases, de forma que são passadas de uma alteração para outra, mas podem começar e terminar em estágios diferentes, sem interligação, e a cariólise é o melhor processo para diferenciação da apoptose, uma vez que a picnólise e a cariorrexe também acontece na apoptose. Além disso, na necrose, são vistas várias células em conjunto em um mesmo processo necrótico, o citoplasma dessas células aumenta a eosinofilia por uma alteração de pH, e com o tempo um infiltrado inflamatório acumula na periferia, para realizar a limpeza do processo necrótico. Princípios que são relevantes à maioria das formas de lesão celular: Principais mecanismos de lesão celular As espécies reativas do oxigênio (ERO) são moléculas instáveis e extremamente reativas capazes de transformar outras moléculas com as quais colidem. As ERO são geradas em grande quantidade durante o estresse oxidativo, condição em que são afetadas moléculas como proteínas, carboidratos, lipídeos e ácido nucleicos. - radicais livres aumentam o processo de envelhecimento do tecido. Tipos de Necrose: Padrões de Necrose Há tipos/padrões de necrose distintos de acordo com a sua etiopatogênese, que são diferentes de acordo com seu processo de acontecimento. Para distinguir esses processos, não se observa uma única célula, mas uma área tecidual. - Necrose de Coagulação: Implica na preservação da arquitetura (contorno básico) da célula dos tecidos mortos por alguns dias; - Tecidos apresentam uma textura firme, células anucleadas; - Isquemia por obstrução de vaso, leva a necrose de coagulação, chamada infarto. NECROSE ISQUÊMICA/COAGULATIVA: nesse tipo de padrão, a arquitetura do tecido se mantém parcialmente preservada, logo, o órgão é reconhecível. As células possuem aquele padrão de necrose com citoplasma eosinofílico e núcleos característicos, e ainda é observado o fantasma do órgão com células inflamatórias. A etiologia mais comum desse processo é uma isquemia aguda, causando um infarto. Em órgãos de circulação terminal, pode-se ver a divisão das áreas de infarto com áreas normais de forma muito nítida, observado o território de vascularização da artéria obstruída, como no rim. Na macroscopia, a lesão é esbranquiçada com halo hiperemiado, e a arquitetura tecidual é mantida. Uma observação importante é que nem todo órgão, quando sofre isquemia aguda, forma necrose coagulativa, uma vez que SNC, mucosa gástrica a suprarrenal, quando sofrem isquemias agudas, desenvolvem necrose liquefativa. - Necrose liquefativa: caracterizada pela digestão das células mortas, resultando em massa viscosa líquida; Ação de enzimas hidrolíticas; - Material necrótico amarelo cremoso devido a presença de leucócitos mortos = pus. - Infecções bacterianas, fúngicas; - Isquemia do SNC; NECROSE LIQUEFATIVA/PURULENTA/SUPURATIVA: Nesse tipo de necrose há como característico a ruptura da arquitetura do tecido pelo conteúdo enzimático da célula, deixando o tecido com aspecto friável, liquefeito, fluido, que acarreta na formação de pus. Aqui, o infiltrado inflamatório é formado principalmente por neutrófilos, que ficam entremeados ao conteúdo necrótico, que aparece como uma massa eosinofílica, com debris musculares misturados, sem nenhum reconhecimento tecidual. Geralmente, esses processos, a etiologia é infecciosa e geralmente bacteriana. - Necrose Caseosa: Termo caseoso (semelhante ao queijo) refere-se a aparência friável amarelo esbranquiçada;Frequente focos de tuberculose (Mycobacterium tuberculosis); - Desnaturação de proteínas e lipídeos; - Fragmentos e restos granulares amorfos; - “borda inflamatória”; - granuloma NECROSE CASEOSA: esse padrão de necrose recebe esse nome pois na macroscopia sua lesão tem aspecto de queijo, formando uma massa mais densa, amarelada e friável. Já na microscopia observamos uma área eosinofílica no centro formando uma massa homogênea, com “Poeiras Nucleares” na periferia, como restos de núcleos de tais células e ainda células inflamatórias na periferia, sendo muito comum a formação de granulomas. A etiopatogênese nesse caso é geralmente infecciosa, e muito comum ser por mycobacterium tuberculosis, o agente causador de tuberculose, ou também chamado bacilo de Koch. Quando há necrose caseosa, principalmente associada com granulomas, a pesquisa desse bacilo é obrigatória, pelo método de coloração de BAAR. - Necrose Gordurosa: Relaciona-se a áreas focais de destruição gordurosa; Padrão de morte celular altamente específico --- Pancreatite aguda; - Resultado da liberação de lipases pancreáticas ativadas no parênquima pancreático e na cavidade peritoneal; - Enzimas pancreáticas causa liquefação das membranas dos adipócitos e quebra os ésteres de triglicerídeos contidos nas células; - Os ácidos graxos se combinam com o cálcio, processo de saponificação de gorduras; ESTEATONECROSE: esse padrão de necrose acontece por uma necrose enzimática do tecido adiposo ocasionada pela enzima lipase. Ela tem intrínseca associação com a pancreatite aguda. Na pancreatite aguda temos a liberação de lipase que acarreta na digestão do pâncreas e da gordura peripancreática, formando ácido graxo livre a partir de triglicérides. Esse ácido graxo livre atrai o cálcio, realizando uma reação de saponificação de gordura, de forma que o cálcio fica contido na lesão, deixando o tecido duro e branco em um aspecto chamado de necrose em pingo de vela. Na macroscopia, esse padrão necrótico é firme com aumento de consistência e com aspecto brancacento, já na microscopia é observado a deposição de cálcio no tecido necrótico NECROSE GOMOSA: é a necrose associada a sífilis terciária, e forma um tecido com aspecto elástico e viscoso. NECROSE FIBRINÓIDE: Esse é um padrão de necrose que acontece na parede de vasos sanguíneos e está associado ao processo inflamatório da parede, chamado de vasculites. Geralmente as vasculites tem origem auto-imune, pelo depósito de complexos antígeno-anticorpos associados a fibrina na parede das artérias. Na microscopia observamos uma camada eosinofílica na parede dos vasos sanguíneos de aparência amorfa.
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