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Prof.ª Mc Luciene de F. Neves BRAZ CUBAS EDUCACIONAL CURSO DE ENFERMAGEM QUEIMADURAS ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA QUEIMADURAS Muitas pessoas consideram a queimadura como a mais terrível das lesões; Quase todo mundo já sofreu uma queimadura em algum grau, experimentou a dor intensa e a ansiedade que a acompanham; É considerada uma forma de trauma; As grandes queimaduras podem ser lesões extensas e acometer vários sistemas; Depois de uma queimadura o organismo do indivíduo tende a parar, entra em choque e morre; QUEIMADURAS Em vítimas de incêndio a inalação de fumaça é frequentemente mais grave do que a própria queimadura, caracteriza risco de morte; O socorrista precisa ficar atento as circunstâncias da queimadura, pois em sua maioria resulta de lesão intencional; Cerca de 20% de queimados são crianças, sendo que 20% destas são vítimas de lesão intencional ou abuso infantil; Esta entre os traumas mais graves, podendo acarretar danos anatômicos, fisiológicos, de ordem psicológica e social; Lesões variam de acordo com a extensão e a profundidade determinando a gravidade da área queimada; O atendimento dos pacientes queimados deve ser realizado em centros especializados; QUEIMADURAS QUEIMADURAS No Brasil, ocorrem cerca de 1.000.000 de acidentes por queimadura ao ano, com hospitalização em 100.000 casos e desfecho em óbito em 2.500 casos. A internação por queimadura representa cerca de 4% do total de internações por causas externas contabilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). QUEIMADURAS Um estudo realizado em uma unidade de queimados, em Brasília, identificou uma taxa de mortalidade de 5,0% dentre os pacientes internados. Os fatores relacionados ao aumento da mortalidade foram: idade superior a 50 anos; maior extensão das queimaduras; presença de fungos ou de bactérias multirresistentes na ferida queimada. A assistência de enfermagem ao paciente queimado requer embasamento técnico-científico, cujo objetivo principal é reduzir a taxa de mortalidade, o tempo de internação, a incidência de complicações, além de promover a melhor reabilitação e reintegração do paciente. Epidemiologia Sexo masculino: 57,74% Raça branca: 71,74% Crianças de 0 a 10 anos: 46,59% Ambiente domiciliar: 85,55% Líquidos aquecidos: 44,98% Permanência hospitalar de 35 a 45 dias Frequência de óbitos maior em crianças QUEIMADURAS PELE é o maior órgão do corpo humano; reveste toda a superfície externa do corpo humano; Principais funções: barreira protetora contra qualquer agente regulação da temperatura corporal sensibilidade QUEIMADURAS: Revisão de Anatomia e Fisiologia da Pele QUEIMADURAS Revisão de Anatomia e Fisiologia da Pele Bases Fisiopatológicas das Queimaduras As principais alterações fisiológicas que ocorrem no processo de queimadura são aumento de permeabilidade capilar e edema. A lesão térmica determina a exposição do colágeno no tecido afetado, levando à liberação de histamina, juntamente com outras cininas, ativa o sistema do ácido araquidônico, liberando prostaglandinas. Todos esses mediadores inflamatórios aumentam a permeabilidade capilar aos líquidos, tendo como consequência o edema Alterações locais e sistêmicas EDEMA - causado pelo aumento de permeabilidade capilar e o deslocamento de líquidos, sódio e proteínas do espaço intravascular para o espaço intersticial. Os pacientes com menos de 25% da superfície corporal queimada (SCQ) apresentam uma resposta principal no local da lesão térmica, com formação de bolhas e edema. Pacientes com mais de 25% da SCQ apresentam reação local e sistêmica, com edema generalizado. O edema é máximo em cerca de 24h, regredindo gradualmente até resolução completa em sete dias. A reposição volêmica cuidadosamente conduzida é importante para evitar o agravamento do edema por administração excessiva de soluções. Bases Fisiopatológicas das Queimaduras Em caso de queimaduras circulares pode ocorrer a síndrome compartimental, em que o edema comprime os vasos, provocando obstrução de fluxo sanguíneo O aumento da pressão dentro do compartimento/loja anatômica impede a entrada de mais sangue, causa diminuição do fluxo arterial e venoso e consequente isquemia dos músculos, nervos e demais órgãos Dependendo da causa, localização e profundidade da lesão, pode ser necessária uma escarotomia ou uma fasciotomia. Bases Fisiopatológicas das Queimaduras HIPOVOLEMIA: A perda de líquidos por evaporação também é bastante expressiva, podendo chegar a 5L em 24h, o que contribui para a hipovolemia, que compromete a perfusão e o suporte de oxigênio aos tecidos. Além disso, o volume vascular e o débito cardíaco diminuem, assim como a pressão arterial (PA). ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES: O SNS desencadeia um mecanismo de compensação liberando catecolaminas, que produzem a vasoconstrição periférica e o aumento da frequência cardíaca. Bases Fisiopatológicas das Queimaduras DISTÚRBIO ELETROLÍTICO: Os distúrbios eletrolíticos também estão presentes. A hiponatremia pode ocorrer em um primeiro momento, em função da reposição de líquidos, e, posteriormente, por causa do retorno de líquidos para o espaço vascular. A hipercalemia também ocorre imediatamente após a lesão devido à destruição celular. Posteriormente, a hipocalemia ocorre em virtude do deslocamento de líquidos e da reposição inadequada de potássio. Bases Fisiopatológicas das Queimaduras DISTÚRBIOS SANGUÍNEOS: A ocorrência de anemia é comum, em função da destruição de eritrócitos no momento da lesão, da hemólise contínua, da perda de sangue durante procedimentos de desbridamento, curativos e coleta de exames laboratoriais. São necessárias transfusões contínuas. Mesmo durante a anemia, o hematócrito pode apresentar-se elevado por causa da perda de plasma. Distúrbios de coagulação e trombocitopenia também estão presentes Bases Fisiopatológicas das Queimaduras ALTERAÇÕES PULMONARES: A hipóxia presente na queimadura grave pode ser causada por distúrbios ventilatórios, redução de fluxo sanguíneo periférico ou hipermetabolismo, sendo necessária a oferta de oxigênio suplementar. A lesão em via aérea superior decorrente de calor direto ou de edema causa obstrução mecânica, sendo indicada a intubação orotraqueal. A lesão abaixo da glote é causada pela inalação de combustão incompleta ou gases tóxicos, o que provoca irritação das mucosas em nível alveolar, com perda de ação ciliar, hipersecreção, edema e broncoespasmo. O surfactante é reduzido, desencadeando atelectasia. A restrição respiratória pode ocorrer com lesões de espessura plena de tórax ou pescoço, reduzindo o volume corrente de ar; nesse caso a escarotomia é indicada. Bases Fisiopatológicas das Queimaduras ALTERAÇÕES RENAIS: A hipovolemia reduz o fluxo sanguíneo renal e a taxa de filtração glomerular. A destruição de eritrócitos, assim como a lesão muscular relacionada à queimadura elétrica, libera hemoglobina e mioglobina, que podem obstruir os túbulos renais, causando necrose tubular renal e insuficiência renal aguda. ALTERAÇÕES IMUNOLÓGICAS: A perda da integridade da pele desencadeia a liberação de fatores inflamatórios, níveis alterados de imunoglobulinas e complementos séricos, função de neutrófilos alterada e linfocitopenia. Ocorre também comprometimento de liberação de granulócitos e macrófagos pela medula óssea. Bases Fisiopatológicas das Queimaduras ALTERAÇÃO DE REGULAÇÃO DE TEMPERATURA: Com a perda da integridade cutânea e sua função na regulação da temperatura corporal, o paciente apresenta hipotermia, principalmente nas primeiras horas. Após esse período, o hipermetabolismo provoca hipertermia. ALTERAÇÕES GASTRINTESTINAIS: A peristalse intestinal é reduzida, desencadeando o íleo paralítico. A descompressão gástrica pode ser necessária. O sangramento gástrico pode ocorrer decorrente do estresse. A presença de sangue oculto nas fezes e os vômitos com aspecto de borra de café ou sangue vivo é frequente e sugerem a síndrome de Curling (úlcera de estresse/alta mortalidade) Bases Fisiopatológicas das Queimaduras LESÃO INALATÓRIA: decorrente do processo inflamatório das vias aéreas após inalação de produtos de combustão incompleta. Está presente em cerca de um terço dos pacientes com queimadura extensa e aumenta em cerca de 20% o risco de mortalidade. A lesão inalatória apresenta quatro mecanismos de ação: Lesão térmica direta Inalação por gás hipóxico Toxinas locais Toxinas sistêmicas Bases Fisiopatológicas das Queimaduras LESÃO INALATÓRIA 1) Lesão térmica direta A queimadura por vapores aquecidos pode causar lesão das vias aéreas inferiores. Queimaduras por fumaça, que é seca e tem menor capacidade de condução de calor, atingem somente a região supralaríngea. Nessa região, a mucosa é úmida e a troca de calor é maior. A lesão de vias aéreas superiores apresenta eritema, edema, ulceração da mucosa, podendo evoluir para sangramento e obstrução. Bases Fisiopatológicas das Queimaduras 2) Inalação por gás hipóxico O processo de combustão consome oxigênio até que a quantidade deste seja muito baixa e ocorra a extinção das chamas. Essa fração de oxigênio varia de acordo com o combustível, podendo variar entre 15% e 10% em derivados do petróleo. A diminuição da fração de oxigênio inspirada desencadeia hipóxia, que se manifesta por dispneia, tontura, podendo evoluir para confusão mental e coma. Frações de oxigênio abaixo de 5% são incompatíveis com a vida. Bases Fisiopatológicas das Queimaduras 3) Toxinas locais Alguns componentes da fumaça são tóxicos e provocam processo inflamatório agudo. As manifestações surgem apenas após 24h, envolvendo alterações como edema endobrônquico e intersticial, disfunção mucociliar, rompimento alveolar, redução da complacência pulmonar, presença de tecido desvitalizado, exsudato favorecendo crescimento bacteriano e obstrução de vias aéreas, além de migração de neutrófilos para o espaço alveolar, o que desencadeia inflamação local. Bases Fisiopatológicas das Queimaduras Verificação de oximetria de pulso indica a quantidade de hemoglobina saturada, mas não diferencia a carboxi-hemoglobina da oxi-hemoglobina, não refletindo a real disponibilidade de oferta de oxigênio aos tecidos. 4) Toxinas sistêmicas A intoxicação por monóxido de carbono é grave e associada a maior mortalidade. O monóxido de carbono tem 200 vezes maior afinidade pela hemoglobina do que o oxigênio. Quanto maior a concentração de monóxido de carbono, maior a formação decarboxi-hemoglobinae menor a da oxi-hemoglobina, causando menor fornecimento de oxigênio aos tecidos. Bases Fisiopatológicas das Queimaduras 4) Toxinas sistêmicas O monóxido de carbono também compete com o oxigênio nos compostos citocromo oxidase, impedindo sua utilização para produção de energia. Além disso, sua ligação com a mioglobina prejudica o armazenamento de oxigênio nos músculos. Outro composto tóxico que pode causar repercussão sistêmica é o cianeto. Ele inibe a enzima citocromo oxidase, envolvida no fornecimento de energia através do oxigênio. Esse processo causa anóxia tecidual, intensificação da via anaeróbica e acúmulo de subprodutos ácidos Bases Fisiopatológicas das Queimaduras Bases Fisiopatológicas das Queimaduras QUEIMADURAS CLASSIFICAÇÃO Conforme: extensão profundidade agente causador localização gravidade QUEIMADURAS: Classificação quanto a extensão Regra dos nove de Wallace Método de Lund e Browder O método é mais preciso, pois estima a porcentagem em relação à área corporal atingida (principalmente cabeça e das pernas) na medida em que se relaciona com a idade do paciente. QUEIMADURAS: 1. Classificação quanto a extensão QUEIMADURAS 2. CLASSIFICAÇÃO: profundidade PRIMEIRO GRAU SEGUNDO GRAU TERCEIRO GRAU QUEIMADURA 2. CLASSIFICAÇÃO: profundidade Pele vermelha na área queimada; Dor local; Inchaço local QUEIMADURAS: Primeiro Grau PRIMEIRO GRAU Queimadura solar Envolve apenas epiderme Dor local e eritema Sem bolhas Cura sem cicatrizes Resposta orgânica mínima Epiderme Derme Subcutâneo Espessura Total Formação de bolhas; Dor intensa no local; Áreas de tecido exposto (bolhas se rompem); Queimaduras de 1º grau ao redor. QUEIMADURAS: Segundo Grau SEGUNDO GRAU SUPERFICIAL Envolve epiderme e derme Aparência úmida Formação de bolhas Sensação dolorosa e táctil intensa Epiderme Derme Subcutâneo Espessura Total QUEIMADURA DE 2º GRAU ALCOOL Avaliar respiração Não romper as bolhas Limpeza com soro fisiológico Cobrir a lesão com pano limpo úmido com soro fisiológico Retirar anéis, braceletes, cintos de couro, sapatos Conduzir a vítima e transmitir calma. QUEIMADURAS: Segundo Grau Necrose do tecido com áreas que variam do branco pálido ao marrom escuro; Perda da sensibilidade nas áreas necrosadas; Exposição de camadas mais profundas do tecido inclusive ossos; Queimaduras de 1º e 2º grau ao redor. QUEIMADURAS: Terceiro Grau QUEIMADURA DE TERCEIRO GRAU Pele, subcutâneo, músculos Cor variável Seca, sem elasticidade Pouca dor Difícil cura Epiderme Derme Subcutâneo QUEIMADURA DE 3º GRAU CONDUTA: Cobrir a área queimada Não aplicar antisséptico Não usar Soro Fisiológico Cobrir com compressas estéreis aquecer a vítima QUEIMADURAS: Terceiro Grau AGENTES CAUSAIS DAS QUEIMADURAS Biológicos Animais: lagarta de fogo, água – viva Vegetais: látex de certas plantas, Urtigas Físicos Temperatura: vapor, objetos aquecidos, líquidos aquecidos, gelo, fogo Eletricidade: corrente elétrica, raio Químico Produtos químicos: ácidos, bases, álcool, gasolina Radioativos Sol Aparelho de raios X Raios ultravioletas Raios nucleares 3. CLASSIFICAÇÃO: agente causador QUEIMADURA ELÉTRICA CORRENTE ELÉTRICA A densidade da corrente é maior nos pontos de entrada e saída. A energia elétrica se transforma em calor, causando destruição dos tecidos por queimadura ENTRADA Corrente Elétrica SAIDA Reconhecer a cena e acionar, se necessário, socorro especializado. Realizar a avaliação primária e iniciar manobras de Ressuscitação, se necessário. Identificar o local das queimaduras (no mínimo dois pontos: um de entrada e um de saída da fonte de energia). Aplicar curativo estéril sobre as áreas queimadas. Conduzir com monitoramento constante. QUEIMADURAS: Corrente elétrica Lesão de entrada e saída. Monitorização e eletrocardiograma QUEIMADURA ELÉTRICA ELETROCUSSÃO QUEIMADURA POR FOGO QUEIMADURA POR INALAÇÃO Rouquidão Edema de Faringe Respiração Ruidosa e Difícil Escarro Fuliginoso Cabelos Nasais e Faciais Chamuscados Lesão Facial Ocorre mais em Ambientes Fechados INTOXICAÇÃO POR MONÓXIDO DE CARBONO Causada por produto em combustão parcial Monóxido de carbono compete com oxigênio Sinais mais comuns: Cefaléia, confusão, sonolência, coma CORPO EM CHAMAS Abafar o corpo com cobertor. Pare, deite, role. A área queimada deve ser resfriada com água fria, interrompendo o processo de queima, o que alivia a dor e reduz a formação de edema e a lesão tecidual. Não se deve aplicar gelo ou compressas frias por tempo prolongado, pois isso pode provocar hipotermia. As roupas não aderidas devem ser retiradas, assim como outros objetos e joias, já que isso permite a avaliação geral e evita constrição secundária ao edema. Após essa avaliação, as lesões devem ser cobertas com tecido limpo e seco, se disponível, estéril, a fim de diminuir a contaminação da lesão e a dor pelo contato com o ar. Em caso de queimadura com substâncias químicas, deve-se remover as roupas e irrigar a lesão imediatamente com fonte de água corrente contínua QUEIMADURA POR FOGO: CUIDADOS Vias aéreas: História de confinamento em ambiente fechado durante incêndio Sinais sugestivos de lesão precoce em vias aéreas Oxigenoterapia (O2 umidificado 10 a 15l/min) Intubação endotraqueal Via aérea cirúrgica (edema) Toda lesão por inalação encaminhamento para hospital Obs: As manifestações clínicas da lesão por intoxicação podem não aparecer nasprimeiras 24 horas. QUEIMADURA POR FOGO: CUIDADOS Respiração: Lesão térmica direta (edema e/ou obstrução) Intoxicação por monóxido de carbono Inalação de produtos de combustão incompleta e fumaça tóxica. Intubação endotraqueal e ventilação mecânica QUEIMADURA POR FOGO ESCALDADURA – LIQUIDO QUENTE Limpeza com soro fisiológico. Curativo estéril úmido. Colocar gaze entre os dedos. QUEIMADURAS QUÍMICAS Lavar o local queimado com água limpa corrente por no mínimo 15 minutos. Usar EPI apropriados. Limpar e remover substâncias químicas da pele da vítima e das roupas antes de iniciar a lavagem. Cobrir com curativo estéril toda a área de lesão. Acesso venoso Aquecer e transportar. Se possível, conduzir amostra da substância em invólucro plástico. QUEIMADURA QUÍMICA CUIDADO!!!!!! FLUORETO DE HIDROGÊNIO E ÁCIDO HIDROFLÚRICO: existe produto pré-preparado (gluconato de cálcio ou cloreto de cálcio). Extensão de 2,5% de área lesada pode levar a morte. QUEIMADURA QUÍMICA CUIDADO!!!!!! METAIS DE LÍTIO E SÓDIO: reagem com água liberando calor e fumaça. REMOVER PÓ E USAR ÓLEO NÃO SE DEVE Passar qualquer tipo de produto: Creme dental, pomadas ...... QUEIMADURAS 4. CLASSIFICAÇÃO: localização Área crítica: Face Mãos Vias áreas Genitália Áreas semi-críticas: Todas as áreas corporais QUEIMADURA FACE Priorizar vias áreas. Limpeza com soro fisiológico. Não cobrir boca e nariz. QUEIMADURAS 5. CLASSIFICAÇÃO: gravidade Esta relacionada aos seguintes fatores: Profundidade Extensão Envolvimento das áreas críticas Idade da vítima Presença de lesão pulmonar Presença de outras lesões associadas (fraturas e outros traumas) Doenças de base existente Classificação da gravidade das lesões - ABA ABA - American Burn Association, elaborou um sistema de classificação da gravidade das lesões em: Graves – tratados em centros de queimados Moderadas – requerem hospitalização Leves – tratamento ambulatorial CRÍTICAS De I grau, maiores que 75% da superfície corpórea; De II grau maiores que 25% da superfície corpórea; De III grau maiores que 10% da superfície corpórea; De III grau envolvendo face, mãos, pés e genitália; Queimaduras acompanhada de fraturas ou lesões de partes moles Queimaduras em idosos com patologias de base já existente Classificação da gravidade das lesões - ABA 2) MODERADAS De I grau, entre 50% a 75% da superfície corpórea; De II grau entre 15% a 25% da superfície corpórea; De III grau entre 2% a 10% da superfície corpórea; 3) LEVES De I grau, menor que 50% da superfície corpórea; De II grau menor que 15% da superfície corpórea; De III grau menor que 2% da superfície corpórea; Classificação da gravidade das lesões - ABA GRANDE QUEIMADO É considerado paciente “grande queimado” quando: Adultos: maior de 55 anos, com 10% de área corporal lesada/queimada; Crianças: menor de 10 anos, com 10% de área corporal lesada/queimada demais faixas etárias: 20% ou mais de área corporal lesada/queimada QUEIMADURAS: Pré-hospitalar ABORDAGEM INICIAL: Consiste em parar o processo de queimadura: deve irrigar com grande quantidade de água ou soro fisiológico na temperatura ambiente; não aplicar gelo ou água fria, apesar de interromper a queimadura e causar analgesia esta conduta aumenta a extensão do comprometimento tecidual; ABORDAGEM INICIAL: Consiste em parar o processo de queimadura: aplicação de curativos secos, esterilizados e não aderentes; cobrir a região com lençol úmido e seco; Obs.: o curativo seco impede a continuação da contaminação ambiental e impede a dor devido ao fluxo de ar sobre as terminações nervosas expostas; QUEIMADURAS: Pré-hospitalar Abordagem Inicial três fases primordiais: reanimação, reparação e reabilitação Quanto ao critério de prioridade de condutas de atendimento, é realizada da mesma forma que se preconiza para a vítima portadora de algum tipo de trauma – verificar vias aéreas, ventilação, coluna vertebral e circulação com objetivo de controlar a hemorragia O exame neurológico e o controle da temperatura são fundamentais no primeiro momento QUEIMADURAS: Pré-hospitalar A equipe de enfermagem deverá atentar para as alterações fisiopatológicas nas queimaduras graves: Sistema cardiovascular – depressão cardíaca, edema, hipovolemia Sistema pulmonar – vasoconstrição, edema Sistema gastrointestinal – comprometimento da motilidade e da absorção, vasoconstrição, perda da função de barreira da mucosa com translocação bacterina Sistema renal – vasoconstrição, septicemia Outros – anemia, imunodepressão QUEIMADURAS: Pré-hospitalar ABORDAGEM INICIAL A vítima com roupas em chamas deve deitar no chão e rolar; a posição em pé obriga a vítima a respirar a fumaça, e a ação de correr aumenta as chamas. Recomenda-se envolver a vítima em um cobertor ou tapete, a fim de se diminuir a fonte de oxigênio. A seguir, deve-se remover a vítima de ambiente fechado. QUEIMADURAS: Pré-hospitalar ABORDAGEM INICIAL AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Neste momento, pode-se avaliar a extensão, a profundidade e a localização da área queimada; AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA Verificação da PA Pode ser complicada dependendo da localização da queimadura. Portanto, o monitoramento do débito urinário é um parâmetro importante na avaliação do volume circulante. A sondagem vesical de demora deve ser realizada em casos de SCQ superior a 20%. A diurese adequada é de 1ml/kg/h para crianças e 30 – 50ml/h para os adultos. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA REPOSIÇÃO HÍDRICA O paciente queimado apresenta várias alterações envolvidas no processo de choque hipovolêmico, como: desidratação generalizada; redução do volume de sangue e do débito urinário; excesso de potássio e déficit de sódio; acidose metabólica; hemoconcentração. A principal prioridade no atendimento ao paciente queimado é a reposição hídrica adequada, a fim de se evitar que o choque hipovolêmico irreversível se estabeleça A fórmula de Parkland é uma das mais utilizadas pelo médico: Vol = 4ml X peso (kg) X % SCQ A solução a ser infundida é o ringer lactato, sendo metade do volume infundido nas primeiras 8h, e o restante nas próximas 16h. A infusão de coloides deve ser realizada após as primeiras 24h, quando o endotélio retoma sua permeabilidade normal, visando ao restabelecimento da pressão oncótica. Recomenda-se o uso de albumina a 5%; o volume segue cerca de 0,5ml/kg/% de SCQ.13 Ressalta-se que a prescrição da reposição do volume a ser infundido deve ser feita pelo médico. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA REPOSIÇÃO HÍDRICA Cristalódes: Soluções de íons inorgânicos e pequenas moléculas orgânicas dissolvidas em água. Colóides: Substância homogênea não cristalina, consistindo de grandes moléculas ou partículas ultramicroscópicas de uma substância dispersa em outra. Indicações: Reposição volêmica → expansão plasmática. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA REPOSIÇÃO HÍDRICA AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA CONTROLE DA DOR O adequado manejo da dor é prioridade e deve ser iniciado imediatamente após ter sido realizado o atendimento primário. As queimaduras de terceiro grau, em geral, são indolores, em função da destruição de terminações nervosas; porém, normalmente, essas queimaduras também estão associadas a queimaduras de segundo grau. Portanto, o paciente com queimadura de grande porte pode apresentar dor intensa. A morfina e o óxido nitroso são muito utilizados: A morfina provoca vasodilatação; atenção à reposição volêmica, pode provocar depressão ventilatória. Ocitrato de fentanila: muito utilizado e não apresenta essas alterações. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA CONTROLE DA DOR CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR Os principais critérios de internação são: queimadura de mãos, pés, face e períneo adultos com queimaduras de segundo grau, com SCQ maior que 15% adulto com queimadura de terceiro grau, com SCQ maior que 2% crianças com queimaduras de segundo grau, com SCQ maior que 10% crianças com queimadura de terceiro grau CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR Os principais critérios de internaçãosão: pacientes com mais de 65 anos de idade, com qualquer grau ou extensão de queimaduras pacientes portadores de comorbidades graves, como diabetes melito, hipertensão arterial, entre outras presença de lesão inalatória queimaduras elétricas QUEIMADURA: hospitalização instalar O2 se for necessário, sob cateter nasal a até 3 litros/min ou sob máscara; Aferir sinais vitais Instalar monitorização (cardíaca, oximétro de pulso, etc ) Realizar o curativo na área queimada remover vestimentas que estejam aderidas, sob orientação médica; ministrar analgesia; QUEIMADURA: hospitalização puncionar acesso de grosso calibre, coletar amostra de sangue para exames laboratoriais; avaliar a extensão da queimadura; realizar cateterização, se necessário; manter controle do balanço hídrico; manter monitorização rigorosa manter material de entubação de fácil acesso; dar continuidade ao plano de cuidados elaborado pelo enfermeiro do setor; Sondagem nasogástrica Pacientes com náusea, vômitos e distensão abdominal ou queimaduras maiores que 20% da superfície corpórea; QUEIMADURA: hospitalização Antibióticos “Não fazer antibiótico profilaxia” Somente no tratamento das infecções Antitetânica QUEIMADURA: hospitalização Curativos O curativo local visa a manter a perfusão tecidual adequada, a preservar os tecidos viáveis Manter o leito da lesão limpo e úmido Controlar o crescimento bacteriano Remover tecido desvitalizado Estimular o crescimento de queratinócitos Preparar a lesão para receber o enxerto. QUEIMADURA: hospitalização A analgesia deve ser realizada cerca de 30 minutos antes do início do curativo. A temperatura ideal da água é entre 36 a 39°C, e o tempo do banho limitado é entre 20 e 30 minutos, a fim de se evitar a hipotermia. Curativos QUEIMADURA: hospitalização Tipos de Curativos Podem ser abertos ou fechados. Curativo aberto: indicado em paciente com mobilidade reduzida ou em queimaduras de face e orelha. Permite melhor visualização da área e facilita a movimentação de articulações. Desvantagens - necessidade de reaplicação frequente e a hipotermia. QUEIMADURA: hospitalização Curativo fechado: a segunda cobertura é feita com gazes e faixa. Vantagens: redução da perda de calor e o auxílio no desbridamento pela absorção de exsutado. QUEIMADURA: hospitalização Tipos de Curativos Limpeza É a primeira etapa do curativo; realizada com soro fisiológico aquecido, que permite remover sujidades e eliminar tecido desvitalizado não aderido. A limpeza pode ser realizada com o auxilio de gazes, de forma cuidadosa. Não se recomenda a fricção sobre a lesão, pois isso prejudica o tecido de granulação e aumenta a susceptibilidade à infecção. Em caso de queimaduras de áreas menores, a limpeza pode ser realizada com irrigação com soro fisiológico a 0,9% aquecido - utilizar a seringa de 20ml, com agulha calibre 18, obtendo-se pressão de 9,5psi para não danificar o tecido de granulação; ASSISTÊCIA DE ENFERMAGEM Curativos A utilização de antissépticos, como PVP-I, hipoclorito de sódio e gluconato de clorexidina, não é recomendada em função de seus efeitos citotóxicos, que prejudicam a ação de macrófagos e a epitelização. A presença de matéria orgânica, como sangue e tecido necrosado, prejudica a ação do antisséptico. O tecido desvitalizado aderido à lesão aumenta o risco de contaminação e retarda o processo de epitelização. Desbridamento ASSISTÊCIA DE ENFERMAGEM Curativos LIMPEZA Queimaduras extensas A limpeza pode ser realizada em chuveiro, duchas, banheira, turbilhão ou, ainda, durante o banho no leito. O banho com duchas de pressão deve ser cuidadosamente avaliado. A pressão ideal é de 6psi, já que a pressão excessiva pode danificar o tecido de granulação, provocar maceração e bacteremia. O banho de imersão em banheira e em tanque de turbilhão tem sido cada vez menos indicado, em função do risco de infecção e da contaminação da lesão por mobilização da microbiota do paciente. Atualmente, a irrigação por pressão ou irrigação por pressão pulsátil tem sido a mais recomendada ASSISTÊCIA DE ENFERMAGEM Curativos Materiais e produtos para curativo ASSISTÊCIA DE ENFERMAGEM Curativos Hidrocoloide Materiais e produtos para curativo CURATIVOS Deve ser realizado diariamente; ajuda a diminuir a dor; Em lesões pequenas utilizar curativos úmidos e frios, evitando a contaminação da lesão; em queimaduras extensas não utilizar curativos como descrito acima, devido ao risco de hipotermia, utilizar compressas ou material não aderente secos ou com produtos específicos conforme protocolo da instituição ou prescrição médica; Em queimaduras associadas a hemorragia usar curativos compressivos, para estancar o sangramento; QUEIMADURA: hospitalização ASSISTÊNCIA DE EMFERMAGEM Assistência de Enfermagem É fundamental para a recuperação e a reabilitação do paciente A atuação do enfermeiro deve pautar-se no pensamento crítico e na identificação das necessidades do paciente. As etapas do processo de enfermagem compreendem: histórico; diagnóstico de enfermagem; planejamento; implementação BOA NOITE!!!
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