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Queimaduras Lesões térmicas são uma das principais causas de morbidade e mortalidade. Sempre manter alto índice de suspeita quanto a presença de comprometimento da via aérea após inalação de fumaça e o consequente edema causado pela queimadura – pode causar insuficiência respiratória, e nesse caso é quase impossível a intubação e traqueostomia. As consequências das queimaduras estão ligadas à extensão da resposta inflamatória da lesão. Quanto maior e mais profunda a queimadura, pior a inflamação. EPIDEMIOLOGIA ▪ Pessoas de baixa renda ▪ Alta mortalidade FATORES DE RISCO: ▪ Alcoolismo ▪ Senilidade ▪ Transtornos psiquiátricos ▪ Doenças neurológicas (ex: epilepsia) CRIANÇAS ▪ Acidentes domésticos – puxar o cabo da panela do fogão ▪ < 5 anos de idade ▪ Escaldos e queimaduras por contato ▪ Escaldos 2/3 das queimaduras em crianças e 75% em < 5 anos OBS: queimadura por escaldo – queimadura por água aquecida Queimadura por contato – encostar em superfície quente MECÂNICOS DA LESÃO TÉRMICA ▪ O calor altera a estrutura molecular do tecido e a desnaturação de proteínas é um efeito comum de todos os tipos de queimaduras. ▪ A extensão dos danos depende da temperatura do agente, da concentração de calor e da duração do contato. PRINCIPAIS FORMAS DE LESÕES TÉRMICAS QUEIMADURAS DE FLASH E CHAMA Chama – do fogo de forma direta (ex: churrasqueira) Flash – resultado do aquecimento do ar em volta (ex: explosão) ▪ Causa mais frequente de internação em adultos queimados. ▪ Queimaduras por chama são frequentemente associadas a queimaduras inalatórias > observar via aérea ▪ Chamas são responsáveis por queimaduras mais profundas que flash. ESCALDADURAS ▪ Causas mais comum de queimaduras pediátricas ▪ Frequentes também em idosos e pacientes dependentes em geral (pacientes neurológicos, pacientes com pé diabético que perde sensibilidade) ▪ A profundidade da queimadura depende do tempo de exposição e temperatura do líquido – ex: água ferve a 100ºC) ▪ Óleos geralmente causam queimaduras mais profundas que água OBS: deve-se perguntar qual o líquido causador da escaldadura; se foi água, perguntar se tinha sal – soluto aumenta a temperatura de fervura QUEIMADURAS DE CONTATO ▪ Contato com objeto ou superfície aquecida ▪ Idosos com perda de consciência, epiléticos, etilistas, pessoas com vício em drogas PICHE ▪ Derivados do petróleo ▪ Ponto de ebulição elevado ▪ O piche gruda na pele ▪ Queimaduras profundas ▪ A remoção do piche não é essencial ELÉTRICA ▪ classificadas em: Alta (>=1000 V) ou baixa (<1000 V) voltagem ▪ Flash burn ▪ Raio ▪ Geralmente associadas ao trabalho ▪ Vítimas podem ser ejetadas e sofrer outros traumatismos (TCE, trauma torácico, abdominal) ▪ 1/3 Disfunção cardíaca: fibrilação atrial ou arritmias supraventriculares ▪ A função elétrica do coração deve ser avaliada por um eletrocardiograma inicial e monitoramento contínuo do ritmo cardíaco durante as primeiras 24h após a lesão Pontos de entrada e de saída da voltagem elétrica. ▪ Geralmente, os pontos de entrada são nas mãos e o de saída, nos tornozelos; • Como as mãos e os pés são os pontos de entrada e saída mais frequentes, o pulso e o tornozelo são os pontos mais próximos da resistência elétrica A eletricidade flui através dos tecidos, e gera calor, o que os danifica. A resistência dos tecidos aumenta gradualmente partindo dos nervos > para os vasos > músculos > pele > tendões > ossos > gordura. Ou seja, as vezes o paciente chega sem nenhum sinal de visível de queimadura, uma vez que a pele é uma das últimas a queimar. Tecidos mais profundos queimam mais pois tem maior resistência a passagem da corrente. QUANTO MAIOR A RESISTÊNCIA DO TECIDO, MAIOR É A GERAÇÃO DO CALOR. Os ossos são mais resistentes ao fluxo de eletricidade, produzindo a maior quantidade de calor com a mesma corrente, em conformidade com o efeito Joule. OBS: síndrome compartimental é comum – após a queimadura, os tecidos edemaciam e isso compromete também a irrigação e inervação – diminuição da drenagem venosa e da irrigação das extremidades – causando a síndrome e posteriormente, necrose. ▪ O grau de dano aos tecidos é mais extenso do que pode ser percebido na análise inicial. Exame: Cintilografia Óssea 99T Cm-MDP – avalia a extensão da queimadura elétrica VIA DE REGRA: paciente com queimadura elétrica – considerar que ele tem uma queimadura mais profunda do que você consegue ver GELADURAS / FROSTBITE ▪ Cristais de água que congelam e viram cristais de gelo > se formam dentro ou entre as células dos tecidos, congelando-os e causando sua morte. ▪ Regiões adjacentes não congeladas apresentam risco > vasoconstrição e trombose local podem causar dano isquêmico. ▪ Em virtude da reperfusão durante o reaquecimento, citocinas inflamatórias são liberadas (p. ex., tromboxanos, prostaglandinas), exacerbando a lesão tecidual. ▪ A profundidade da perda de tecido depende da duração e da profundidade do congelamento. ▪ Reaquecimento em grandes recipientes com água circulante a 40,5° C; sendo 15 a 30 minutos o suficiente. QUEIMADURAS QUÍMICAS ▪ 3% das queimaduras ▪ 30% de todas as mortes por queimadura ▪ Causam alterações do pH do tecido. Essas alterações levam à hidrólise, que danifica continuamente as proteínas ▪ Agentes químicos: lesão por reação química direta, e não pela produção de calor. ▪ Ação sistêmica por absorção e distribuição por todo o corpo, provocando toxicidade metabólica e falência múltipla de órgãos. PRINCIPAIS AGENTES QUÍMICOS ▪ Ácido crômico ▪ Hipoclorito de sódio (água sanitária) – coagulação das proteínas ▪ Ácido clorídrico – desnaturação das proteínas ▪ Fenol (peeling) ▪ Fósforo branco ▪ Ácido sulfúrico – mais comum ▪ Gás mostarda – provoca danos ao DNA ▪ Ácido fórmico ▪ Ácido fluorídrico Esses compostos são comuns em empresas – principalmente no que envolve produção de baterias. QUEIMADURAS NÃO ACIDENTAIS ATENÇÃO: queimaduras que preservam áreas de dobras e em formato de rosquinha no bumbum. ▪ Queimaduras em transição linear ▪ 1/10 das queimaduras pediátricas ▪ 1/3 das crianças abusadas acabam morrendo ▪ História suspeita ▪ Crianças < 3 anos, idosos e dependente Atenção para pacientes queimados dependentes. PERDA DAS BARREIRAS DE PROTEÇÃO DA PELE BARREIRAS ▪ Epitélio > derme ▪ Estrato córneo ▪ Estrato granuloso – com lipídeos ▪ Estrato espinhoso ▪ Defesa imunológica (Langerhans e mo) Na queimadura, perde-se as barreiras, tornando o indivíduo sensível à: ▪ Infecção ▪ Perda de calor ▪ Perda de água ▪ Mudanças em funções interativas-chave: sensibilidade (toque) e aparência CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS - PROFUNDIDADE EPIDÉRMICA: 1º GRAU ▪ Acomete apenas a epiderme ▪ Não acomete a camada basal – permite que a basal de replique para repor a pele, portanto não deixa cicatrizes Reepiteliza em 7 dias Não deixa cicatriz ▪ Cor: rosada ▪ Eritema, dor e ausência de bolhas. SUPERFICIAL DE ESPESSURA PARCIAL: 2º GRAU SUPERFICIAL ▪ Epiderme e derme papilar ▪ Perda da camada basal – evolui com cicatriz ▪ A cicatriz depende da profundidade e qualidade do acometimento ▪ Cicatriza em torno de 14 dias ▪ Cor: vermelha ▪ Edemas e bolhas, úmidas e hipersensíveis, dor PROFUNDA DE ESPESSURA PARCIAL: 2º GRAU PROFUNDO ▪ Epiderme derme papilar e reticular ▪ Cicatrização mais exuberante – em 3 – 9 semanas ▪ Indicação de cirurgia para tratamento: enxerto de pele ▪ Cor: Vermelho, rosa ou vermelho pálido ▪ Na derme profunda tem os nociceptores > acometimento, de forma que o paciente tenha menos dor ▪ Mais secas, menos dolorosas, com bolhas ESPESSURA TOTAL / 3º GRAU ▪ Acomete toda a pele + tecido subcutâneo(até estruturas mais profundas como músculos e ossos) ▪ Cirurgia – escarotomia ▪ Cor: esbranquiçado ou carbonizado ZONAS DE QUEIMADURA ▪ Zona de coagulação – local mais central, com desnaturação proteica ➞ necrose ▪ Zona de estase – sem desnaturação proteica, mas com diminuição da perfusão ▪ Zona de hiperemia – aumento do aporte sanguíneo; área dolorosa Alterações da microcirculação Liberação de toxinas e radicais livres Citocinas e mediadores inflamatório RESPOSTA SISTÊMICA Em queimaduras muito grandes, ocorrem efeitos sistêmicos: ▪ Efeito sistêmico > 30% queimadura da superfície corporal Perturbações graves cardiovasculares → A perfusão tecidual é insuficiente para manter a nutrição, oxigenação e drenagem dos tecidos. → Hematócrito aumentado → Aumento da resistência vascular pulmonar e sistêmica periférica Avaliação do paciente queimado → ABCDEF O F diz respeito à ressuscitação volêmica. Salvar a vida do paciente queimado inclui interromper o processo de queimadura, garantir que a via aérea e ventilação estejam adequadas e estabelecer acesso intravenoso. INTERROMPER O PROCESSO DA QUEIMADURA ▪ Remover completamente a roupa do doente para interromper o processo de queimadura; no entanto, roupa aderida à pele não deve ser arrancada. ▪ Tecidos sintéticos podem inflamar e queimar em altas temperaturas e derretem formando resíduos aquecidos que continuam a queimar no paciente. CUIDADO com a hipotermia. Escove qualquer pó químico seco na ferida > enxague abundantemente com solução salina morna ou lavagem em banho quente > cubra o doente com lençol quente, limpo e seco para prevenir a hipotermia. PROVIDENCIAR CONTROLE DE VIA AÉREA A via aérea por ficar obstruída por lesão direta (ex: lesão por inalação) ou pelo edema maciço resultando da lesão causada pela queimadura. ▪ Edema normalmente leva certo tempo para aparecer > sinais de obstrução iniciais podem ser sutis, até que o paciente piore. INDICAÇÕES PARA INTUBAÇÃO PRECOCE: ▪ Sinais de obstrução de via aérea (rouquidão, estridor, uso de musculatura respiratória acessória, retração esternal) ▪ Extensão da queimadura (SCQ >40%) ▪ Queimaduras faciais extensas e profundas ▪ Queimaduras circunferenciais do pescoço – podem levar a edema dos tecidos ao redor da via aérea ▪ Queimaduras no interior da boca ▪ Edema significativo ou risco para edema de orofaringe ▪ Dificuldade para deglutir ▪ Sinais de comprometimento respiratório: incapacidade de eliminar secreções brônquicas, fadiga respiratória, ventilação ou oxigenação deficientes ▪ Diminuição do nível de consciência onde os reflexos de proteção das vias aéreas são prejudicados ▪ Necessidade de transferência do doente grande queimado com comprometimento de vias aéreas sem pessoal qualificado para intuba-lo durante o transporte. Além disso: história de queimadura com confinamento em um ambiente fechado ou sinais de lesão de vias aéreas > IOT ASSEGURAR VENTILAÇÃO ADEQUADA Lesão direta da via aérea inferior é rara e geralmente causada por inalação de vapor superaquecido ou gases inflamáveis. ▪ O B (breathing) é preocupante pois: hipóxia, intoxicação por CO e lesão por inalação de fumaça. Hipóxia – pode ser causada por lesão inalatória, ventilação inadequada por queimaduras de tórax ou lesões traumáticas torácicas – administrar oxigênio suplementar com ou sem intubação. Sempre considere a possível exposição ao monóxido de carbono (CO) em doentes queimados em ambiente fechados. ▪ Intoxicação por CO é diagnosticado pela história da exposição e medida direta da carboxihemoglobina (HbCO). ▪ Pedir gasometria arterial Sinais comuns de intoxicação por CO: ▪ Cefaleia e náusea ▪ Confusão ▪ Coma ▪ Morte (>60% níveis de HbCO) Lesão inalatória – partículas de fumaça se instalam nos bronquíolos distais, causando dano e morte celular da mucosa Critérios para diagnóstico da lesão por inalação de fumaça: 1. Exposição a um agente combustível 2. Sinais de exposição à fumaça na via aérea inferior, abaixo das cordas vocais, visualizados pela broncoscopia. TRATAMENTO DA CIRCULAÇÃO E CHOQUE CAUSADO PELA QUEIMADURA Princípios de reanimação utilizados em choques. Administração de solução cristalóide isotônica – ringerlactato Após estabelecer permeabilidade de via aérea e identificar e tratar lesões que implicam em risco iminente de vida, deve providenciar acessos venosos com cateter calibrosos (mínimo #16G) em veia periférica. Reanimação volêmica: 2 mL de ringer lactato X peso (kg) x %SCQ para queimaduras de 2º e 3º graus. Essa fórmula de reanimação é uma estimativa inicial – após essa quantidade volêmica inicial de reposição, deve ter ajuste baseado no débito urinário do paciente, aonde = 0,5mL/kg/h em adultos. Reanimação a menos – resulta em hipoperfusão e lesão orgânica Reanimação a mais – aumento do edema e complicações como: progressão da profundidade da queimadura ou síndrome compartimental abdominal e de extremidades. AVALIAÇÃO DO DOENTE: SUPERFÍCIE CORPÓREA QUEIMADA A história das circunstâncias em que a lesão ocorreu é essencial para o tratamento adequado. CLASSIFICAÇÃO LUND AND BROWNER REGRA DOS NOVE Mais utilizada. → cabeça toda – 9% → cabeça só anterior ou só posterior – 4,5 → palma das mãos – 1% TRATAMENTO ▪ HIDRATAÇÃO E ANALGESIA (geralmente morfina) ▪ Profilaxia do Tétano ▪ Prevenção de TVP ▪ Tratamento da mioglobinúria – mioglobina que causa insuficiência renal aguda ▪ Nutrição hipercalórica e hiperproteica OBS: o antibiótico não é obrigatório logo de início, a menos que o paciente esteja com infecção MIOGLOBINÚNIA: destruição da musculatura podendo levar à insuficiência renal aguda. ▪ Urina de coloração rosa escuro. ▪ Tratamento: Manitol IV, Bicarbonato IV e Ringer lactato para obtenção de diurese osmótica alcalina ▪ Redução da precipitação do pigmento ao nível dos túbulos renais HIDRATAÇÃO – CÁLCULO 2 fórmulas: FÓRMULA DE PARKLAND: hidratação com ringer lactato SEMPRE VOLUME TOTAL = 4ML X PESO (KG) X % SCQ ▪ Exemplo: paciente 80kg, com SCQ de 10% - 3200 mL ▪ Metade nas 1ª 8 horas ▪ Metade nas 16 horas seguintes ATLS E AMERICAN BURN ASSOCIATION (FÓRMULA DE BROOKE MODIFICADA): 2ML X PESO (KG) X % SCQ ▪ Metade nas 1ª 8 horas ▪ Metade nas 16 horas seguintes Para avaliar se a quantidade de líquido dada é o suficiente para aquele paciente, avalia-se a diurese: OBJETIVO: diurese entre 0,5 e 1mL/Kg/h ou diurese entre 30-50ml/h TRATAMENTO DE INFECÇÕES ▪ Febre é o principal sinal de infecção; secreções ou piora da evolução da ferida CONDUTA: antibióticos de amplo espectro; urocultura; RX de TX; hemocultura (mín. 3) – quando uma das culturas estiverem positivas, guiar a antibioticoterapia CURATIVOS Como faze-los? ▪ CURATIVO OCLUSIVO EM QUATRO CAMADAS – independente da profundidade da queimadura ▪ Contato direto com a ferida; colocar, em ordem: 1. Atadura de morim ou de tecido sintético (rayon) contendo o princípio ativo (sulfadiazina de prata a 1%) 2. gaze absorvente/gaze de queimado 3. algodão hidrofílico 4. atadura de crepe POMADAS Sulfadiazina de Prata: mais comum. Possui atividade antimicrobiana (8-10 h) e os curativos devem ser trocados duas vezes ao dia. A sulfadiazina de prata produz uma leucopenia transitória em alguns pacientes quando é usada em grandes áreas abertas – usado nas primeiras 48h Acetato de Mafenida: possui ação bacteriostática. Frequentemente utilizado em orelha, auxilia contra a infecção da cartilagem. A absorção sistêmica do acetato de mafenida, quando é aplicado em grandes queimaduras, produz uma acidose metabólica pela inibiçãoda anidrase carbônica. O efeito geralmente é observado após 3-5 dias. A utilização do composto em feridas abertas também produz dor na aplicação inicial. Nitrato de Prata: como uma solução a 0,5%, é aplicado como um curativo úmido. Possui excelentes propriedades antibacterianas, mas provoca a descoloração da pele e de todas as roupas próximas e lençóis. Hiponatremia. Outros: colagenase, dersani, óleo de girassol, etc. CIRURGIA ▪ Escarotomias ▪ Fasciotomias ▪ Desbridamentos ▪ Enxertos ▪ Retalhos Síndrome compartimental ▪ Escarotomia – a queimadura promove o colabamento dos vasos e impede drenagem dos vasos e membros; nesse procedimento é feito a liberação da constrição, restaurando a circulação distal. Ou seja – é feito para preservar a circulação periférica. ▪ O intuito é o mesmo da fasciotomia – a escara é uma coisa dura, então as estruturas que estão atrás dela, sofrem constrição. Essa constrição (a falta de expansibilidade) faz com que os vasos se ocluam pela pressão externa, e são impedidos de nutrir e drenar as superfícies. A escarotomia é feita para diminuir a pressão e permitir a perfusão dos tecidos. DIFERENÇA ENTRE FASCIOTOMIA E ESCAROTOMIA ▪ Na escarotomia, a queimadura é externa e promova a escara na pele. ▪ Na fasciotomia, as queimaduras são internas (ex: queimadura elétrica); a fáscia não é expansível, e quando junta com um edema causado pela queimadura, pode causar oclusão e compressão dos vasos > diminui irrigação de extremidades DESBRIDAMENTOS Ação mecânica da retirada de tecidos desvitalizados. ENXERTOS Tira a pele da uma região doadora e cobre a área da ferida. Provoca uma queimadura de 2º grau na área doadora. RETALHOS Enxertos: Pode-se cobrir a ferida com enxertos (remove-se a pele de uma área doadora sadia) que recebe o aporte sanguíneo da área colocada. Retalhos: Conjuntos de tecidos que são usados para cobrir uma área adjacente ou à distância, possuindo um pedículo vascular (original). ACOMPANHAMENTO A LONGO PRAZO As cicatrizes podem ser cicatrizes patológicas. ▪ Malhas compressivas ▪ Hidratação da pele e cicatrizes ▪ Fisioterapia e Terapia Ocupacional ▪ Psicologia ▪ Tratamento de sequelas QUEIMADURAS DE VIAS AÉREAS E INTOXICAÇÕES SINAIS DE LESÃO INALATÓRIA Ocorre edema da árvore respiratória > insuficiência respiratória Portanto, paciente com sinais de queimadura inalatória deve ser intubado antes da insuficiência respiratória, porque depois que fizer edema, será impossível intubar. Uma vez intubado, solicita-se broncoscopia > para fazer lavagem da arvore respiratória pois os produtos carbonados podem causar pneumonite. INTOXICAÇÃO POR MONÓXIDO DE CARBONO (CO) ▪ Gás incolor e inodoro, resultante da combustão incompleta de hidrocarbonetos. ▪ Fontes de CO: incêndio na residência, automóveis vedados, aquecedores a gás, aquecedores de água quente, fornos, fogões à lenha ou carvão e aquecedores à querosene. ▪ A inalação de fumaça de cigarro resulta em CO no sangue, mas não em quantidade suficiente para produzir intoxicação perceptível. ▪ Geralmente o paciente chega estável e após algumas horas começa a apresentar tonturas, náuseas etc. A hemoglobina tem alta afinidade com o CO. E o pouco de hb que resta livre, não consegue liberar O2 para os tecidos. ▪ Deslocamento do oxigênio da hemoglobina (hemoglobina tem maior afinidade pelo CO que o oxigênio). ▪ Deslocando a curva de dissociação oxigênio- hemoglobina para a esquerda (diminuindo a liberação de oxigênio da hemoglobina para os tecidos) ▪ Inibindo a respiração pelas mitocôndrias ▪ Efeitos tóxicos diretamente ao tecido cerebral são possíveis Sintomas agudos: cefaleia, náuseas, angina, fraqueza, dispnéia, perda da consciência, convulsões e coma. ▪ Sintomas neuropsiquiátricos podem se desenvolver semanas mais tarde. ▪ Diagnóstico: níveis de carboxi-hemoglobina. OBS: a oximetria de pulso e gasometria arterial não indicam a intoxicação por monóxido de carbono, mas acidose metabólica pode indicar a suspeita. TRATAMENTO DA INTOXICAÇÃO POR CO. ▪ A meia-vida de eliminação do monóxido de carbono (CO) é de cerca de 4,5 h com inalação de ar ambiente, 1,5 h com 100% de oxigênio e 20 minutos com 3 atmosferas (pressão) de oxigênio (como na câmara hiperbárica). INTOXICAÇÃO POR GÁS CIANETO / CIANÍDRICO Em 27 de Janeiro de 2013, na Boate Kiss em Santa Maria, RS, houve um incêndio que provocou a morte de 245 pessoas e feriu 680. O cianeto pode ser liberado durante a combustão de produtos contendo carbono e nitrogênio. Esses produtos incluem lã, seda, poliuretano, poliacrilonitrilos, resinas. ▪ O cianeto liga-se avidamente ao íon férrico (Fe3 +) da citocromo oxidase a3,levando a um metabolismo anaeróbio. Deste modo, há formação de ácido lático e acidose metabólica. ▪ Ocorre hipóxia funcional ou histotóxica e acúmulo de radicais livres. ▪ O cianeto também induz a morte celular por apoptose no SNC, e inibe a formação do neurotransmissor inibitório ácido yaminobutírico (Gaba), diminuindo os seus níveis e aumentando o risco de convulsões. ▪ Embora o cianeto tenha uma afinidade primária com o ferro férrico (Fe3 +), uma pequena quantidade de cianeto pode-se ligar ao ferro (Fe2 +) ferroso da hemoglobina, formando cianohemoglobina, que é incapaz de transportar oxigênio, exacerbando ainda mais a hipóxia tecidual. ANTÍDOTOS ▪ Hidroxocobalamina - uma porção de cobalto se liga avidamente ao cianeto intracelular (com maior afinidade que a citocromo oxidase) formando cianocobalamina. ▪ Cyanokits ou Cyanide Antidote Kit. O kit tradicional inclui nitrito de amila e nitrito de sódio para induzir metemoglobinemia e tiossulfato de sódio para atuar como um doador de enxofre. O tratamento com nitrito de amila ou nitrito de sódio é contraindicado em casos de toxicidade concomitante por monóxido de carbono. ▪ Edetato de dicobalto ▪ Dimetilaminofenol (4-DMAP)
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