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1 1 E EME003 - NOÇÕES BÁSICAS DE METALURGIA DA SOLDAGEM . INTRODUÇÃO Para o controle metalúrgico na soldagem, as condições térmicas na solda ou nas suas vizinhanças devem ser estabelecidas de tal forma a se conhecer as transformações metalúrgicas na ZTA; Estas transformações se processam de acordo com a composição química do material base bem como da distribuição de calor e as taxas de resfriamento após a soldagem. ME003 – Prof. Sebastião Carlos da Costa – UNIFEI/IEPG 2 A intensidade de calor imposto (energia de soldagem), a temperatura de pico (Tp), o tempo de manutenção desta temperatura no pico, e a velocidade de resfriamento após a soldagem determinarão as características da ZTA, relacionados aos microconstituintes presentes bem como da extensão da ZTA. 2. FATORES INFLUENTES 2.1 TEMPERATURA DE PICO T-T 1+ H .C.t.Y4,13.= T-T 1 0m0p ρ onde: Y - Distância a partir do centro do cordão de solda (mm) Tp - Temperatura de pico (°C) a distância Y da linha de fusão; T0 - Temperatura inicial da chapa (°C); Tm - Temperatura de fusão da chapa (°C); C - Calor específico do metal sólido (J/g°C) ρ - Densidade (g/mm3); t - Espessura do material base (mm); H - Energia de soldagem (J/mm) EME003 – Prof. Sebastião Carlos da Costa – UNIFEI/IEPG 3 Para os aços : ρC = 0.0044 J/mm3.°C e K = 0.028 J/mm.s.°C 2.2 ENERGIA DA SOLDAGEM vs V.I f = H onde: H - Energia de soldagem (Heat Input), (J/mm) V - Tensão do arco, (V) I - Intensidade de corrente, (Amps) vs - Velocidade de soldagem, (mm/s) f - Eficiência térmica. OBS: a. Eficiência térmica : função do processo (Em geral 0.8 < f < 1 b. Em geral 0.8 < f < 1 (Welding Handbook, 1981). 2.3 TAXA DE RESFRIAMENTO Temperatura de pré-aquecimento (T0); Energia de soldagem (H); Espessura da chapa (t); Geometria da junta; Condutividade térmica; Calor específico do material Influenciada por: As formas de determinação da taxa de resfriamento dependem da espessura da chapa; ou seja, chapas finas (2D) ou chapas espessas (3D). EME003 – Prof. Sebastião Carlos da Costa – UNIFEI/IEPG 4 Tempo de Resfriamento CHAPA 3-D ] T-800 1- T-500 1[ 2 H=t 00 8/5 Κπ CHAPA 2.D: ] )T-(800 1- )T-(500 1[ tc4 H=t 0 2 0 22 2 8/5 ρπΚ Obs.: H – J/mm; t- mm; ρC - J/mm3.°C e K - J/mm.s.°C resulta em t8/5 -segundos Como se define a diferença entre bi-dimensional e tri-dimensional ? H )T-TC(.t=th 0cρ Espessura relativa da chapa (th): OBS.: Tc (Temperatura Crítica) = 550°C Para efeitos práticos e de simplificação considerar (Welding Handbook, 1981): th ≥ 0.75 - chapa espessa (usar t85_3D) th < 0.75 - chapa fina (usar t85_2D) 2.3.1 EXEMPLO DE AVALIAÇÃO DE UMA CONDIÇÃO TÉRMICA EM SOLDAGEM Considere a soldagem de uma chapa de aço de 15 mm de espessura, junta de tôpo na posição plana, onde utilizou-se os seguintes parâmetros de soldagem: I=110 amps, V= 25 volts, vs= 12cm/min, f=1 e préaquecimento de 25°C. Determinar o tempo de resfriamento entre 800 e 500°C (t85); Considerar: ρC = 0.0044 J/mm3.°C e K = 0.028 J/mm.s.°C SOLUÇÃO: vs= 12 cm/min = 2 mm/s Energia de Soldagem EME003 – Prof. Sebastião Carlos da Costa – UNIFEI/IEPG 5 H = f* V.I/vs = 1. 25. 110/2 = 1375 J/mm Espessura relativa da peça th = t* [ρC (Tc - T0)/H]1/2= th = 15 * [0.0044.(550-25)/1375]1/2 th=0.615 Como th<0,75 conclui-se que a chapa é fina Tempo de resfriamento entre 800 e 500°C (t85); Chapa Fina (2D) ] )T-(800 1- )T-(500 1[ tc4 H=t 0 2 0 22 2 8/5 ρπΚ t8/5 = 13752/4*3.14*0.028*152*0.0044*[1/(500-25)2 -1/(800-25)2] t8/5 = 15.02 s 2.4 CARBONO EQUIVALENTE Considera a influência da composição química dos materiais GRUPO FORMULAS A 5 V+Mo+Cr+ 15 Ni+Cu+ 6 Mn+C=CE IIW B 5B+10 V+ 15 Mo+ 20 Cr+ 60 Ni+ 20 Cu+ 30 Si+ 20 Mn+C=PCM 2.4.1. Exemplo de Cálculo Sabendo-se que a composição química do material base é C=0.2%, Mn=1.3%, Ni=0.3%, Si=0.35%, P=0.03%, Cr=0.25%, Mo=0.1%, Cu=0.3%, S=0.03%, pede-se determinar: Os carbonos equivalentes CEIIW e PCM: SOLUÇÃO: CEIIW =C+Mn/6+(Cu+Ni)/15+(Cr+Mo+V)/5 =0.2+1.3/6+(0.3+0.3)/15+(0.25+0.1+0)/5 CEIIW = 0.53% PCM = C+Mn/20+Si/30+Cu/20+Ni/60+Cr/20+Mo/15+V/10+5B= 0.2+1.3/20+0.35/30+0.3/20+0.3/60+0.25/20+0.1/15+0+0= PCM= 0.316% As fórmulas de carbono equivalente do grupo A são mais adequados para a determinação da soldabilidade de materiais com teor de carbono superior a 0.18%, ou em caso de condições de soldagem com resfriamento (t8/5) superior a 12 segundos (Meester, 1990). EME003 – Prof. Sebastião Carlos da Costa – UNIFEI/IEPG 6 As fórmulas de carbono equivalente do grupo B são mais adequadas para a determinação da soldabilidade de aços modernos com teor de carbono menor que 0.22% ou velocidade de resfriamento (t8/5) menor que 6 segundos. 3. DUREZA DA ZONA AFETADA PELO CALOR A dureza máxima da ZTA de aços baixa, média e alta ligas soldados permite avaliar, entre outros efeitos: A ductilidade da junta soldada; Susceptibilidade das trincas a frio causadas pelo hidrogênio; Susceptibilidade às trincas por corrosão sob tensão. a. CARACTERÍSTICAS É reconhecido que além da composição química do material (carbono equivalente), é importante considerar também a taxa de resfriamento entre 800°C e 500°C na determinação do valor da dureza. O valor máximo de dureza ocorre nas proximidades da linha de fusão já que neste local a velocidade de resfriamento é máxima, a temperatura atingida é a mais alta e o tempo de permanência a esta temperatura é o mais longo (Meester, 1990). Em consequência há um crescimento de grão podendo ocorrer uma maior dissolução e difusão de carbonetos, aumentando-se, assim, a temperabilidade da microestrutura. Muitas equações tem sido formuladas para se avaliar a máxima dureza da zona afetada termicamente. 3.b Previsão da Dureza na ZTA através da equação proposta por Suzuki (1985) Equação proposta : ))]Y-logt(exp(+[(1 55/8α K+H=HV ∞ onde: ; K-287+884C=H ∞ ; P1157-1633C+237=K CM P2880-5532C+566=K CMα e Y5 = -0.03 -6C+7.77PCM. EME003 – Prof. Sebastião Carlos da Costa – UNIFEI/IEPG 7 Validade da equação: Essa fórmula foi testada por Suzuki para 70 diferentes aços cuja composição química se situa na seguinte faixa (%): C<0.33; 0.48<Mn<2.06; Si<0.65; Cu<0.47; Cr<1.06; Ni<2.06; Mo<0.66; V<0.07; Nb<0.06; Ti<0.02 e B<0.0020. CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DA ZTA BASEADO NO NÍVEL DE DUREZA O conhecimento de ciclos térmicos em soldagem é da maior importância para a determinação dos componentes microestruturais após a soldagem. Normalmente é difícil a sua determinação. Baseado neste fato, pesquisadores reconhecem que o nível de dureza da ZTA de soldas pode ser considerado como uma maneira conveniente de se obter informações relativas à soldabilidade dos aços estruturais. Baseado nisto, um valor de dureza acima de 350 Hv é considerado como o limite tolerável acima do qual poderia ocorrer a presença de fissuração a frio nestes tipos de aços. 3.c. Exemplos de Cálculos para Previsão do Nível de Dureza na ZTA Considerando-se a soldagem de uma chapa de aço de 15 mm de espessura, junta de tôpo na posição plana, utilizando um eletrodo AWS E6013, diâmetro 3.25, foram adotados os seguintes parâmetros de soldagem: I=110 amps, V= 25 volts, vs= 12cm/min, f=1 e préaquecimento de 25°C. Sabendo-se que a composição química do material base é C=0.2%, Mn=1.3%, Ni=0.3%, Si=0.35%, P=0.03%, Cr=0.25%, Mo=0.1%, Cu=0.3%, S=0.03%, pede-se determinar: a. Os carbonos equivalentes CEIIW, PCM b. A espessura relativa da chapa; c. O tempo de resfriamento entre 800 e 500°C (t85); d. O nívelde dureza da ZTA proposta por Suzuki (1985). Considerar: ρC = 0.0044 J/mm3.°C e K = 0.028 J/mm.s.°C SOLUÇÃO: a. Os carbonos equivalentes CEIIW, PCM, CEN; a.1. CE(IIW) CE(IIW) = C+Mn/6+(Cu+Ni)/15+(Cr+Mo+V)/5= 0.2+1.3/6+(0.3+0.3)/15+(0.25+0.1+0)/5 CE(IIW) = 0.53% a.2. PCM EME003 – Prof. Sebastião Carlos da Costa – UNIFEI/IEPG 8 PCM = C+Mn/20+Si/30+Cu/20+Ni/60+Cr/20+Mo/15+V/10+5B= 0.2+1.3/20+0.35/30+0.3/20+0.3/60+0.25/20+0.1/15+0+0= PCM = 0.316% b. Espessura relativa da chapa; vs= 12 cm/min = 2 mm/s b.1. Energia de Soldagem H = f* V.I/vs = 1. 25. 110/2 = 1375 J/mm b.2. Espessura relativa da peça th = t* [ρC (Tc - T0)/H]1/2= th = 15 * [0.0044.(550-25)/1375]1/2 th=0.615 Como th<0.75 então a chapa é considerada fina c. O tempo de resfriamento entre 800 e 500°C (t85); Chapa Fina (2D) ] )T-(800 1- )T-(500 1[ tc4 H=t 0 2 0 22 2 8/5 ρπΚ t8/5 = 13752/4*3.14*0.028*152*0.0044*[1/(500-25)2 -1/(800-25)2] t8/5 = 15.02 s d. O nível da provável dureza da ZTA calculado por Suzuki (1985) ))]Y-logt(exp(+[(1 55/8α K+H=HV ∞ onde: K-287+884C=H ∞ ; P1157-1633C+237=K CM e P2880-5532C+566=K CMα . Substituindo os valores tem-se: K = 237 + 1633*0.2 -1157*0.316 = 198 H∝ = 884*0.2 + 287 - 198 = 265 α = (566 + 5532*0.2 - 2880*0.316)/198 = 3.85 Y5 = -0.03 - 6*C + 7.77*PCm = -0.03 - 6*0.2 +7.77*0.316 = 1.22 Desta forma a provável dureza presente na ZTA será: Dureza= 374 HV EME003 – Prof. Sebastião Carlos da Costa – UNIFEI/IEPG 9 4. CICLOS TÉRMICOS EM SOLDAGEM Fatores importantes a serem considerados: Energia de soldagem; Temperatura de pré-aquecimento; Espessura da peça. 4.1 EFEITOS DA ENERGIA DE SOLDAGEM E PRÉ-AQUECIMENTO a) Para uma dada temperatura de pré-aquecimento, aumentando-se a energia de soldagem aumenta- se o tempo de exposição a temperaturas próximas à temperatura de pico e em conseqüência diminui-se a taxa de resfriamento. b) Para uma dada energia de soldagem, aumentando-se a temperatura de pré-aquecimento diminui- se a taxa de resfriamento, mas não influencia significativamente o tempo de exposição a temperaturas próximas da temperatura de pico. EME003 – Prof. Sebastião Carlos da Costa – UNIFEI/IEPG 10 4.2 EFEITOS DA ESPESSURA DA CHAPA E GEOMETRIA DA SOLDA O ciclo térmico é influenciado pela espessura da peça: Peças mais espessas possuem uma maior velocidade de resfriamento; Peças mais finas possuem velocidade de resfriamento mais lenta. A Tabela 2 ilustra os dados obtidos ressaltando-se a influência das variáveis, energia de soldagem e pré-aquecimento, na taxa de resfriamento e tempo de manutenção acima da temperatura de pico. A Tabela 3 mostra a influência das mesmas variáveis em dois tipos de juntas (de tôpo e em T). EME003 – Prof. Sebastião Carlos da Costa – UNIFEI/IEPG 11 Tabela 2 – Taxa de resfriamento e tempo de pico (Fonte – Welding Handbook, 1981). Energia Pré-aquecimento Temperatura de Pico Tempo acima de 1095 °C Taxa de resfriamento a 650°C J/mm °C °C s °C/s 3940 27 1365 16,5 4,4 3940 260 1365 17 1,4 1970 27 1365 5 14 1970 260 1365 5 4,4 Tabela 3 – Taxa de resfriamento típicas (Fonte – Welding Handbook, 1981). Taxa de resfriamento a 650°C Energia Pré-aquecimento Junta de tôpo – Chapa de 13 mm Solda de filete- Chapa de 13 mm J/mm °C °C/s °C/s 1970 22 11 44 1970 120 7 34 1970 205 5 20 3940 22 4 10 3940 205 1,7 5 EME003 – Prof. Sebastião Carlos da Costa – UNIFEI/IEPG 12 TRINCAS A FRIO (PROVOCADAS PELO HIDROGÊNIO) Falhas que ocorrem na ZTA (CGHAZ) Após a soldagem No resfriamento a baixa temperatura: 210 - 150 °C Ou Tensões Microestrutura (ZTA) Martensita Presença de H2 EME003 – Prof. Sebastião Carlos da Costa – UNIFEI/IEPG 13 MECANISMO DE FORMAÇÃO DA TRINCA A FRIO RISCO DA PRESENÇA DE HIDROGÊNIO NOS PROCESSOS E CONSUMÍVEIS Risco do Hidrogênio EME003 – Prof. Sebastião Car Muito baixo: 0-5ml/100g depositado Baixo: 5 - 10 ml/100g depositado Médio: 10-15ml/100g depositado Alto: acima de 15 ml/100g depositado MÉTODOS DE PREVENÇÃO los da Costa – UNIFEI/IEPG 14 CARBONO EQUIVALENTE 5 V+Mo+Cr+ 15 Ni+Cu+ 6 Mn+C=CEIIW TEMPERATURA MÍNIMA DE PRÉAQ METODOLOGIA DE COE Exemplo de utilizaç Considere a soldagem de uma chapa de 30 mm em um ambiente considerado normal. Sabendo- determinar a temperatura mínima de pré-aqueci Espessura combinada: ct = t1 + t2 = 30 + 30 = 60 m T0min ≅ 1 EME003 – Prof. Sebastião Carlos da Costa – UNIFEI/IEPG Baixo Risco: CEIIW < 0,35% Médio Risco: 0,35 ≤ CEIIW < 0,45% Alto Risco: CEIIW ≥ 0,45% UECIMENTO ão do Diagrama de Coe. de espessura (junta de tôpo), CEIIW =0,50%, se que a energia de soldagem é de 2 kJ/mm, mento necessária ao processo. m 40°C. 2. FATORES INFLUENTES Tempo de Resfriamento 2.3.1 EXEMPLO DE AVALIAÇÃO DE UMA CONDIÇÃO TÉRMICA EM SOL Considera a influência da composição química dos materiais Como th<0.75 então a chapa é considerada fina
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