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Docente: Sérgio R. Barra, Dr. Eng. 2019.2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS Aspectos introdutórios da metalurgia da soldagem Tópico: Fundamentos da transferência de calor aplicados na fabricação por soldagem Sysweld TWI SYNL Ceq = %C + %Mn/6 + (%Cr + %Mo + %V)/5 + (%Cu + %Ni)/15 Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Índice (conteúdos abordados): Apresentação geral do conteúdo; Importância do estudo da Metalurgia da Soldagem; Fundamentos da transferência de calor aplicados à soldagem; Previsão do tempo para a solidificação da Zona Fundida e da sua possível forma; Fundamentos da formação da Zona Termicamente Afetada; Princípios da transformações de fases, no estado sólido, decorrentes da operação de soldagem (ligas ferrosas). Referências básicas: KOU, Sindo. Welding Metallurgy; WAINER, Emilio. Soldagem: Processos e Metalurgia; MESSLER, R.. Principles of Welding: Processes, Physics, Chemistry, and Metallurgy; MACHADO, Ivan. Soldagem e Técnicas Conexas: Processos; ASM. ASM Handbook: Welding, Brazing and Soldering; AWS. Welding Handbook: Welding Science and Technology; OYSTEIN, Grong. Metallurgical Modelling of Welding; BLONDEAU, Régis. Metallurgy and Mechanics of Welding; MESSLER, R.. Joining of Materials and Structures; BONNET, C. Le Soudage Métallurgie et Produits; ISF Aachen. Welding Metallurgy; Revista Soldagem & Inspeção; Revista Welding Journal. Consultas/dúvidas: barra@ct.ufrn.br mailto:barra@ct.ufrn.br Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor O que é soldagem e quais os pontos chaves a serem considerados? É um processo de fabricação, do grupo dos processos de união, que visa o revestimento, ou manutenção ou a união (construção/reparo) de materiais, em escala atômica, com ou sem o emprego de pressão e/ou com ou sem a aplicação de calor, de modo a possibilitar a fabricação em condições geométricas, metalúrgicas (microestruturais) e econômicas que satisfaçam os requisitos almejados pelo cliente e/ou determinados em norma / contrato. Nesse caso, sempre que a ideia se refira a operação (preparação, execução e/ou avaliação), o termo correto a ser utilizado é soldagem. Fonte: Site da Soldagem Pontos chaves a serem considerados na conceituação e/ou no estudo da soldagem: 1) Continuidade Exemplos: (a) A soldagem de duas chapas de aço inoxidável austenítico de mesma composição química ou (b) a soldagem dissimilar – metal com cerâmica, aço carbono com alumínio, outros. 2) Não se une, por soldagem, apenas os materiais metálicos 3) Soldagem é a ação combinada de calor e pressão 4) Operação com necessidade ou não de uso de material de adição 5) Soldagem é aplicada para produzir/reparar um conjunto/estrutura (ausência de interrupção física, em escala atômica, não implicando em continuidade química e/ou homogeneidade na microestrutura?!) (E os materiais poliméricos, cerâmicos e dissimilares?) (pode ter ação isolada!?) (geometria x composição) (Caracteriza-se como uma função!) Uma visão geral do caminho a ser percorrido (problema) no estudo do processo de fabricação por soldagem a arco elétrico Planejamento e definição do processo, do procedimento (variáveis) e da execução da operação. Como o processo forma a região do arco e agitação da poça de fusão x transferência de massa Relação entre formação e agitação da poça x campos de temperatura e de velocidade x dinâmica de transferência de calor x modo de salificação Alterações metalúrgicas no estado sólido x geometria x MS x ZTA x ZR x t8/5 x Ceq x estado de tensões x defeitos x TTPS x ENDs Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da metalurgia da soldagem Física do arco elétrico x transferência metálica x análise de sinais Interface processo x metalurgia Modo de solidificação x gradiente de concentração e temperatura x velocidade da frente de salificação x granulometria x taxa de resfriamento. G, Co, Tm, Ts, R e Rs Propriedade x Uso Interface projeto x processo Interface processo x inspeção Como evitar? Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos de transferência de calor a) Pela necessidade do estudo dos conhecimentos complementares para embasar o entendimento de como a operação de soldagem influencia na qualidade do depósito (Vertentes trabalhadas: processo de soldagem, física do arco, metalurgia da soldagem, projetos mecânicos, outros); b) Pelo fato de que a maioria dos processos de soldagem, utilizados comercialmente, emprega o calor (quantidade e intensidade) como fonte de fusão e formação do depósito (isso é bom ou ruim?); c) Pela necessidade do entendimento dos mecanismos envolvidos na solidificação, nas transformações de fases no estado sólido (tipo e fração volumétrica de fases e microconstituintes), na formação de defeitos (descontinuidades físicas) e na incidência de tensões residuais (tensão interna/distorção); Qual a importância do estudo da metalurgia da soldagem? Efeito do ciclo térmico sobre a mudança de estado/fases, incidência de defeitos e/ou formas de distorções oriundas da operação de soldagem (Fonte: IIW / Lincoln) Transformação de fase na ZF e deformações possíveis de ocorrência e um aço ABNT 1020. (Fonte: Barra, 2003 /TWI). Imagem: Kou (2002) Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor e) Propiciar conhecimentos científicos que viabilizem o desenvolvimento de teorias e modelos matemáticos que sirvam de ferramentas para análises térmicas, estruturais e metalúrgicas (interação ciência, tecnologia confiabilidade e redução de $$). d) Entender os diferentes processos físicos ocorrendo devido a interação da fonte de calor com o material de base (diferentemente da fundição). Adicionalmente, a excursão térmica experimentada pelo material varia de região para região (por exemplo, na ZF “fusão e solidificação”, na ZTA “aquecimento acima da temperatura crítica - Tc” e MB “microestrutura não afetada”); A definição do material e do processo (EPS) A formação e os efeitos na Zona Fundida O depósito após a operação de soldagem (ZF, ZTA, transformação de fases, ciclos térmicos associados, outros) Fem Fem Fpa Fgota FF Fpa Fb Metal de basePoça Gota Tocha Região do Arco Região de impacto das gotas As forças atuantes na poça de fusão Convecção na poça de fusão Fem provoca movimentação central do fluxo da superfície para a raiz da ZF; Fb induz fluxo central do fundo para superfície da ZF e F induz fluxo do centro para as bordas da ZF. Qual a importância tecnológica destas informações? Qual a importância do estudo da metalurgia da soldagem? Imagem: Y.P. Yang et al. (2004) Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor a) Mudança física de estado (S L S); b) Transformações metalúrgicas (fases, inclusões, intermetálicos, outras); c) Transientes térmicos; d) Segregação, aprisionamento, movimentação metálica e contração. Como consequência, o depósito apresentará: a) Descontinuidades físicas (velocidade de solidificação ou elevada energia); b) Regiões com dimensões inadequadas e/ou com composições diferentes da liga “zoneamento” e/ou com fases indesejadas (C/s podendo induzir fases / precipitados deletérios); c) Concentração de tensão e distorções (esforço “contração” acima do LE) e mudança das propriedades (física, mecânica, estética, outras). Zona fundida Zona termicamente afetada Metal de base Zona reaquecida / regenerada (ZR) Mudança de fase, inclusão, delimitação dos contornos de grão, outras (Fonte: Barra, 2003). Trinca na ZTA (região grãos grosseiros – vizinhança da linha de fusão) Zona termicamente afetada Distorção Imagem: TWI Vídeo sobre a liberação de H na soldagem do AWS E6010 Quais as possíveis alterações geradas pela movimentação física da fonte de calor durante a confecção do cordão (partição térmica x ciclo térmico)? Prof. SérgioR. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Exemplos de deformações associadas com a operação de soldagem Welding induced longitudinal residual stress Welding induced deformation Different types of welding distortions. The arrows indicate the shrinkage direction of the weld metal which causes the corresponding distortion . Imagens: Van Der Aa (2007), Soul and Hamdy (2012), Gao et al. (2013). Schematic representation, (a, b, c) temperature vs stress during welding; d) final longitudinal residual stress. Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor O que provoca mudança no valor do rendimento térmico ()? Causas da perda de energia da fonte de calor para a peça/meio. Como consequência, o valor de “” pode mudar para um mesmo processo ou para diferentes processos de soldagem ao arco elétrico. Fonte: Messler (2004) Típicos valores de rendimento térmico “” para os processos de soldagem por fusão. O rendimento térmico do arco elétrico “eficiência da fonte de calor” () Lembrar que: Heat input = Calor aportado = Is.Us./vs Chama Arco enclausurado Arco Não enclausurado Fonte: Messler, 2004 Em (a) o efeito da densidade de potencia (W/mm2) sobre a qualidade e as caraterísticas operacionais e, em (b), para um mesmo heat input, como o valor de “” muda em função do processo de soldagem. Fonte: ISF Aachen (2005) / Kou (2003) (a) (b) = (Calor-efetivamente transferido.t-soldagem)/(Calor-imposto pelo processo.t-soldagem) = Calor-efetivamente transferido/Calor-imposto pelo processo Efeito do tipo de corrente/polaridade Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor i ) As características apresentadas pela Zona Fundida (ZF) dependerão das seguintes condições: a) Gradiente térmico (G) – °C/mm (avaliar a inclinação da curva da partição térmica); b) Taxa de solidificação (velocidade da frente de solidificação Rs) – mm/s (avaliar a evolução da interface sólido x líquido e sua relação com a taxa de extração de calor pela vizinhança); c) Taxa de resfriamento (R) – °C/s (avaliar a inclinação da curva do ciclo térmico). Observar que R tem a mesma dimensão do produto G.Rs); d) Interface sólido-líquido (frente de solidificação x expulsão de soluto). Quais os processos físicos atuantes na soldagem a arco elétrico? Exemplos: Como já discutido, o tamanho da poça e a direção do fluxo irão determinar o grau de diluição e a penetração. Efeito adicional é induzido pelos impactos das gotas transferidas. (a) Solidificação lenta Possibilidades: Baixa vs Uso de pré-aquecimento Chapa “fina” Baixa condutividade térmica Elevada Is (b) Solidificação rápida Possibilidades: Elevada vs Chapa “grossa” Elevada condutividade térmica Sem aplicação de pré- aquecimento Baixa Is Fonte: Phase Transformations & Complex Properties Research Group Quais destes processos físicos também afetam a ZTA (como)? Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor (a) ZTA decorrente da condição simples deposição e adoção de corrente contínua. (b) ZTA decorrente de aplicação de dupla pulsação de corrente (MIG Térmico) E no caso (b) como ficaria a ZTA? Diagrama Fe-Fe3C Z F ZTA •MB 723 °C 1147 °C + Imagem: Barra, 2003 Fonte: Easterling, 1992. ZTA ZF MB 550 C ii) As características apresentadas pela Zona Termicamente Afetada (ZTA) dependerão das seguintes condições: (a) Temperatura de pico (Tp), (b) formato da partição térmica, (c) To e (d) formato do ciclo térmico Escamas Dpt Detalhe A Detalhe A Zona fundida (ZF)Seção transversal Região de análise (micrografias) Seção longitudinal ZTA Zona fundida A C B D F E ZTA Metal de base Pontos de análise metalográfica Quais os processos físicos atuantes na soldagem a arco elétrico? 911 °C A1 A3 1392 °C 1536 °C Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor iii) Como as características apresentadas por uma zona(solida) dependem da ordem da Energia, tem-se, para a operação de soldagem por fusão/estado sólido, que: a) O Ciclo térmico (T = f(t)) dará informações sobre as potenciais mudanças de fases, tamanho e forma dos grãos, t8/5, outras; b) O t8/5 (tempo associado ao resfriamento), para um aço e na curva de resfriamento, representa a passagem (lapso de tempo “t”) entre 800 e 500 C (T mostra a janela AC3 x última região metalurgicamente alterada!?); c) A Partição térmica (T = f(d)) dará informações sobre as possíveis dimensões das regiões afetadas termicamente (sub-regiões da ZTA, por exemplo, ZGG, ZRG, ZPT, outras?); d) A Temperatura de pico (Tp) dará informação sobre qual a região atingida no diagrama (isoterma T) no ponto avaliado (ZTA?). Quais os fatores que afetam o ciclo térmico (por sua vez a taxa de resfriamento “R”)? a) O calor aportado (Is.Us./vs); b) A geometria da junta (tipo e dimensões – topo, filete, sobreposta, outras); c) A espessura do metal de base; d) A temperatura de pré-aquecimento (To); e) A temperatura de interpasse (Tint); f) O tipo de material (propriedades termofísicas); g) Outros. Fonte: Bonnet, 2001. Efeito da variação isolada do heat input (indiretamente Is) e de To (indiretamente temperatura de interpasse) sobre o valor de t8/5. Quais os processos físicos atuantes na soldagem a arco elétrico? Efeito da espessura e do tipo de junta (conjunto x espessura) sobre os perfis das isotermas e taxa de resfriamento. Quais as possíveis variações na taxa de resfriamento (R) em decorrência de características geométricas (tipo de junta e espessura) e do processo de soldagem (calor aportado/densidade de energia)? Efeito do tipo de processo de soldagem “densidade de energia” sobre o perfil do ciclo térmico. Fonte: Murry Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Ciclos térmicos impostos na ZTA, onde é possível visualizar os efeitos da espessura “e”, do calor aportado (Hinput) e do pré- aquecimento “To” sobre a taxa de resfriamento “R”. Fonte: Xavier et al. (2016) Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Cortes da região do depósito mostrando os perfis das isotermas nos planos XY(a), XZ (c), e ZY (d) Representação esquemática da forma de medição do ciclo térmico e do efeito da distancia sobre o a temperatura de pico (Tp) Exemplos do procedimento para simulação e/ou mapeamento do ciclo térmico e dos perfis das isotermas (linhas de iso-temperatura) Fonte: Murry Imagem: Dynamic Systems Inc. Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor O tamanho da Zona Termicamente “Alterada” (ZTA ou Zona Regenerada “ZR”) dependerá da partição térmica apresentada (temperatura x distância) e, por sua vez, as modificações da estrutura “dinâmica”, em um determinado ponto da zona, serão função do ciclo térmico (temperatura x tempo). Para um determinado ponto (superfície sob a mesma isoterma), o efeito metalúrgico da taxa de resfriamento dependerá da temperatura de pico atingida no referido referencial. Soldagem multipasse com processo convencional, por exemplo, MAG (representação didática dos efeitos da partição e do ciclo térmico ) Diferentes condições de soldagem multipasses com processo convencional de soldagem (efeito da partição térmica). Regiões brancas representam as ZTAs / ZRs (regiões atingindo “reaustenitização”). Qual a aplicação tecnológica desta informação? Fonte: Barra (2003) Fonte: Phase Transformations & Complex Properties Research Group (University of Cambridge) Considerações sobre o que foi discutido ? Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Estados térmicos apresentados pelos processos de soldagem: a) Transiente (início e fim da formação do cordão, sendo a última região a de principal interesse metalúrgico – trinca de cratera) – cratera e reparorápido; b) Quase-estacionário (passagem do arco induzindo mudança de estado, expansão e contração térmica “ZF x ZTA” – anisotropia, concentração de tensão, deformação e possibilidade de fases metaestáveis após ciclo térmico). Como definir (estimar) as regiões com comportamento (a) ou (b)? Usando o conceito de Constante de Tempo (t) , a partir da qual se determina o tempo e a distância necessários para se atingir o regime quase-estacionário, considerando a abertura do arco. Neste caso, podendo ser estimada por : Considerando 16 = x2/k.t e sendo x = vs.t, tem-se t = 16.k/vs 2 (equação 1) Onde: x – distância até onde o calor se propaga no instante t; t – tempo e k – difusividade térmica do material (fonte: Wainer et al., 2004) Diferença na distância necessária para atingir o regime quase-estacionário em função do tipo de material (difusividade). Fonte: Barra (2003) Qual o processo físico atuante na soldagem a arco elétrico? Calcular “x” e “t” para: Aço k = 0,1 cm2/s vs = 0,25 cm/s Aço carbonoAl-Mg Quais as informações práticas possíveis de extrair da equação 1 (atividade em grupo)? Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor a) No procedimento de soldagem (elaboração da EPS?!) deve ser considerado o aporte de calor (heat input = .Is.Us/vs) que garanta o controle sobre as taxas de solidificação e resfriamento e a maximização do taxa de deposição. Situação similar pode ser obtida atuando em To e/ou Tint? b) Em alguns casos é necessário o uso de pré e pós-aquecimento (nem sempre possível); c) O procedimento de soldagem pode, por exemplo, atuar no controle/distribuição de segregação (fase eutética x trinca a quente) e na evolução e liberação de gases dissolvidos na ZF (minimização da ocorrência de trinca induzida por H “trinca a frio” e/ou formação de porosidade). Efeito do pré-aquecimento no perfil da curva de temperatura. Fonte: Wainer (2000) (a) Representação esquemática da formação da trinca de solidificação, (b) trinca localizada no centro do cordão e (c) porosidade interdendrítica. (Fonte: Barra (1999); Kou (2002) (b) Filme líquido Tensões devido à contração Direção de solidificação (a) (c) Considerações sobre o que foi discutido Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Considerações para a modelação: a) Fonte de calor (arco) com movimento constante ao longo de uma trajetória linear; b) Existência de transiente térmico (aquecimento antes de atingir o a condição de regime – quase-estacionário); c) Distribuição de temperatura estacionária na região de regime; d) O centro da fonte de calor é considerado como ponto de origem. Observações: a) O arco elétrico provoca fusão localizada (ZF); b) Na região do arco há existência de perda de calor por convecção, radiação e condução (impacto sobre o valor do rendimento térmico “”); c) Para materiais termo-mecanicamente tratados, o processo de aquecimento e resfriamento induz a observação de três regiões metalúrgicas distintas (ZF, ZTA e MB). Eletrodo Arco Poça ZF ZTA W Fonte: ASM Handbook, Vol 6. Como modelar o arco elétrico (transferência de calor)? file:///G:/Pasta em uso 2011/Filmes/TIG/TIG alimentado.wmv file:///G:/Pasta em uso 2011/Filmes/TIG/TIG alimentado.wmv a) Modelo analítico (problemas com respostas lineares e utilizando valores experimentais como ponto de calibração – determinação da largura da ZTA); b) Modelo numérico (variação contínua de seus valores numéricos em função de sua posição – solidificação da ZF). Sobre condições severas o estudo da ZTA lança mão de modelos numérico – soldagem subaquática. Observação: Os problemas térmicos em soldagem podem ser categorizados em: I) Taxa de resfriamento na ZTA / e vizinhança (transformações de fases); II) Taxa de solidificação da ZF (tamanho e forma do grão / segregação); III) Deformações térmicas (contrações x tensões residuais). Imagem: Miller Welds O processo físico atuante na soldagem a arco – considerações Modelos utilizados na simulação/análise de problemas térmicos em soldagem (adotando-se adequadas condições de simplificação e contorno): Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos de transferência de calor Balanço de energia em um sistema Acumulada = Entrada – Saída + Gerada – Consumida Condições de contorno adotadas: i) As coordenadas (x, y e z) movem-se a mesma velocidade da fonte de calor – ou vs (arco como uma fonte pontual – centro da poça de fusão); ii) Considera-se, na condição quase-estacionária, distribuição de temperatura constante em relação a fonte pontual e inexistência de fontes ou sorvedouros de energia no interior do material; iii) Distribuição de calor gaussiana (distribuição temperatura e geometria da poça não se alteram no decorrer de “t”) e sem perdas na superfície da peça. Onde: Q – temperatura; r – densidade; Cp – calor específico; t – tempo; Q – taxa de geração volumétrica de calor; – operador diferencial vetorial (gradiente f é o num campo escalar f); – velocidade da fonte (soldagem); l – condutividade térmica. Formulação matemática (fundamento científico) Propriedades físicas do material Procedimento de soldagem Comportamento da temperatura em função do t e/ou da direção Quais as informações de interesse da soldagem que podem ser extraídas da equação? Possibilidade de correlacionar propriedades do material (metalurgia) com o procedimento de soldagem (processo). Imagem: ASM Handbook, Vol 6. Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor X- f + Observação: Equação geral do balanço de energia (possibilidade de aplicação no estudo do fluxo de calor na soldagem) f Na prática, a significante fonte de calor (arco) pode ser considerada restrita a um círculo de raio ra, onde de 0 a r há uma queda do fluxo de calor qo, do centro para a borda, na ordem de 1/100. Existe uma distância a partir da qual o aumento de temperatura não é significante metalurgicamente (efeito de borda?!). A perda de calor na superfície, por convecção, é predominante para temperaturas inferiores a 550 °C. Acima deste valor prevalece a perda por radiação. Onde: C – constante de forma do arco (função da diâmetro da coluna do plasma e da relação entre o calor concentrado e calor realmente utilizado). Fonte: ASM Handbook Vol 6. Formulação matemática (fundamento científico) Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Rosenthal foi o primeiro a utilizar o conceito de estado de equilíbrio para simplificar o tratamento matemático do fluxo de calor durante a soldagem (fonte pontual, sem fusão - singularidade, não variação das propriedades térmicas, sem perda de calor pela superfície, peça infinita, ZTA homogênea e linearidade). Solução analítica proposta por Rosenthal (1935/1941/1946) Sistema de coordenadas adotados para a simulação da condução de calor na soldagem Observação: As soluções não são aplicáveis a pontos vizinhos a fonte de calor (interior da poça), devido a adoção de que a fonte de calor é “pontual” – problema de singularidade matemática; As equações são aplicáveis para determinar condições metalúrgicas e na vinhaça do metal de solda. Onde: to – tempo de soldagem (arco aberto) t1 – tempo após a soldagem Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos de transferência de calor Imagem: ASM Handbook, Vol. 6. a) Solução para a determinação da temperatura de pico Tp (local de uma isoterma), considerando um determinado ponto do metal de base adjacente ao metal de solda (ZF) Onde: Tp – temperatura de pico (°C); r – densidade (g/mm 3); Cp – calor específico do metal sólido (J/g.°C); t – espessura do metal de base (mm); Hnet (.I.U/vs) – calor aportado (J/s.mm); T0 – temperatura inicial do metal de base (°C); Tm – temperatura de fusão (°C); Y – distância da temperatura de pico em relação a linha de fusão (mm). Possíveis aplicações paraa solução particular “equação”: - Localização da Tp e sua permanência em uma determinada região da ZTA; - Determinar a largura da ZTA; - Avaliar o efeito do pré-aquecimento e do Hinput sobre a largura da ZTA (posicionamento de uma isoterma); - Avaliar a influência do material; - Avaliar a posição e a largura de uma determinada sub-região da ZTA (para o aço inoxidável, a faixa onde ocorrerá sensitização). Aplicações tecnológica das soluções particulares da EGBE Qual o interesse nas soluções particulares da equação da conservação de energia? a) Avaliação da distribuição e localização da temperatura de pico (Tp) na ZTA; b) Avaliação da taxa de resfriamento (R) no metal de solda e na ZTA; c) Avaliação da taxa de solidificação da Zona Fundida (tempo para que a poça solidifique – St). Fonte: ASM Handbook, Vol 6. Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Equação de Adams Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Problema de singularidade (Tp ) na região da poça – consideração de fonte pontual e constância nas propriedades físicas do material na formulação de Rosenthal (Fonte: Kou, 2002). Exemplos: Fonte: Kou (2002). Como base nos valores da tabela, qual a relação esperada para To x l? Al – Inox uma ordem de grandeza de e de k Exercício: a) Determinar a localização temperatura de pico (Tp) para a linha “isoterma” Ac1, em relação a linha de fusão, na soldagem de uma chapa de aço baixo-carbono apresentando a espessura de 5 mm. Tp (Ac1) 730 °C Is 200 A Us 20 V vs 5 mm/s Pré-aquecimento (T0) 25 °C Eficiência do processo () 0,90 Hnet 720 J/mm + Y = 5,9 mm (isso representa o valor da largura da ZTA!?) b) Determinar qual o efeito de T0 = 200 °C na largura da ZTA. c) Considerando T0 = 200 °C, qual o novo Hnet necessário para manter ZTA = 5,9 mm. Comportamento do ciclo térmico experimentado por um ponto a ZTA (Fonte: ASM Handbook, Vol 6) Considerações e Exemplos (a) (b) (c) (d) Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Ponto A Ponto B Ponto C T TA TB TC TA tA tB tC Observa-se que o ciclo térmico é formado por três regiões, ou seja: I – aquecimento vigoroso (a), II – obtenção da temperatura máxima (Tp) (b) e III – resfriamento gradual (c). O ciclo térmico, experimentado por um determinado ponto, será função da sua distância em relação a fonte de calor. O conjunto de temperaturas (d) será função de: intensidade da fonte, propriedades termodinâmicas, To, vs e das coordenadas (x, y e z). A B C Exercício de fixação: Para uma aço ABNT1040, determine largura da região, na ZTA, correspondente as linhas AC1 e AC3. Considerar: To = 25 °C; material aço 1020/Al; Hnet = .Is.Us/vs; Is = 200 A; Us = 25 V; vs = 20 cm/min; t = 6 mm; rCp = 0,0044 J/mm 3C, Processos GMAW ou SMAW. Vs 800 C 500 C t8/5 Qual a importância tecnológica? t Fonte: Marques e Modenesi (2014) Possibilidade de estimação do t8/5 Considerações sobre os perfis esperados das isotermas: Observações: O incremento da densidade de corrente (J – A/mm2) aumenta a faixa das isotermas, mas não afeta sua forma; O incremento nos valores da condutividade e difusividade térmica irá alterar tanto a forma quanto a faixa das isotermas (dependência do tipo de material); A fonte de calor pode ser dividida em: instantâneas (descarga capacitiva), contínuas (CC-) e periódicas (pulsação térmica). Fina Espessa Variação de l provocando mudança no formato das isotermas “função do tipo de material“ (Fonte: Kou, 2002) Incremento da espessura provocando “fechamento / contração” no formato das isotermas (Fonte: Kou, 2002) Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor a) Efeito da espessura da chapa sobre o perfil e a distribuição da temperatura (forma e localização das isotermas); b) Efeito do tipo de material (condutividade térmica) sobre o perfil e a distribuição da temperatura. Como se comporta o G? b) Solução para a determinação da taxa de resfriamento (R – C/s) na região do depósito Aplicações: - Ajuda na determinação da R crítica, atuando no cordão de solda, para uma liga “tratável termicamente”, quando esta passa por a uma temperatura crítica “isoterma de interesse” (Tc) e/ou por t8/5. - Auxilia a predizer a possível microestrutura (especialmente nos aços tratáveis termicamente e nos FoFo). - Juntamente com o G (C/mm), permite estimar o comportamento da velocidade da frente de solidificação e do possível modo de salificação na ZF. (b) Tridimensional (chapa espessa) (a) Bidimensional (chapa fina) (variação da T desprazível ao longo da espessura) Usando o valor da espessura relativa da placa () como referência, ou seja: Fina – < 0,75 (bidimensional) Espessa – > 0,75 (tridimensional) Como é possível afirmar se um regime térmico, imposto pela condição de fabricação, terá característica de dissipação de calor bi ou tridimensional e, ao mesmo tempo, como é definida se uma chapa “condição geométrica” é fina ou espessa? Fonte: Kou, 1987. Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Q Q Q Q Onde: Tc – temperatura critica de interesse (°C); r – densidade (g/mm 3); l - condutividade térmica (J/mm.s.°C); Cp – calor específico do metal sólido (J/g.°C); Hnet (.I.U/vs) – calor aportado (J/mm); T0 – temperatura inicial do metal de base (°C). R1 R2 R2 < R1 Observação: Para o aço carbono, o cálculo de R, por exemplo, deve levar em consideração Tc = 550 °C (cotovelo da curva de transformação CCT – possibilidade da passagem direta por Ms). Considerações: O valor de R (°C/s) é reduzido com a elevação de T0 (efeito equivalente pode ser obtido com o uso da temperatura de interpasses); O valor de R (°C/s) é reduzido com o incremento do aporte de calor por unidade de comprimento (R1 > R2); Para um mesmo Hnet, o valor de R aumenta a medida que a espessura da chapa é incrementada; O conhecimento de t8/5 é importante por representar o tempo de passagem pela faixa de temperaturas críticas à transformações na ZTA (janela 800 – 500 C). Efeito do calor aportado sobre o perfil da taxa de resfriamento (Fonte: Kou, 2002). 0,8 kJ/mm (b) 1,3 kJ/mm (a) Diagrama TTT para a condição de transformação sob resfriamento continuo (CCT) mostrando o feito de diferentes R sobre a mudança de fases no estado sólido. Diagrama TTT para a condição de transformação isotérmica (ITT) – mostrando o feito de diferentes T sobre a mudança de fases no estado sólido. T1 T2 Fonte: MATTER, 2008 (University of Liverpool) / Costa e Silva, 2011. T2 < T1 Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Efeito do teor de carbono sobre a posição da curva TTT e o início de transformação martensítica (aços 0,5 e 0,8% de C). Efeito do teor de elementos de liga sobre a posição da curva TTT (aço 0,8% de C). Diagrama TTT x capacidade de transformação martensítica (soldabilidade?!) Diagrama Fe-Fe3C Z F ZTA •MB 723 °C 1147 °C + Imagem: Easterling (1992) Exceto o Co Tamanho do grão austenítico Para o aço, este efeito pode ser avaliado pelo uso do conceito de Carbono Equivalente (CE ou Ceq) – uma indicação do grau de “soldabilidade” a) Equação proposta pelo IIW (International Institute of Welding) Ceq = %C + %Mn/6 + (%Cr + %Mo + %V)/5 + (%Cu + %Ni)/15 Recomendação API 5L para C > 0,12% b) Equação de Ito-Bessyo (parâmetro do carbono equivalente) PCM = %C + %Si/30 + (%Mn + %Cu + %Cr)/20 + %Mo/15 + %Ni/60 + %V/10 + 5x%B Recomendação API 5L para C < 0,12% Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Soldabilidade x Carbono Equivalente x Taxa de Resfriamento Imagem: Soeiro Junior et al. (2013) Estimativa do valor de t8-5 t8-5 = (IsUs/2lvs)[1/(773 - To)] – [1/(1073- To)] T em K Isso permite a possibilidade de avaliar a taxa de resfriamento?! R = T/t8-5 = 300/t8-5 Análise do valor obtido para o Ceq Faixa 1 Ceq < 0,4 (boa soldabilidade) – sem necessidade do uso de pré-aquecimento (To) Faixa 2 0,4 < Ceq < 0,5 (razoável soldabilidade) – necessário o uso de pré-aquecimento (To) Faixa 3 Ceq > 0,5 (baixa soldabilidade) – necessário o uso de pré-aquecimento (To) e de pós-aquecimento (Tpós) Composição química do aço API 5L X80 (Fonte: Albuquerque et al., 2012). Estimativa do valor da temperatura de pré-aquecimento (To) considerando o valor do Ceq To (°C) = 450(Ceq-AWS – 0,42) 1/2 (Proposição de Skoda et al. (1990) – válida apenas Ceq > 0,42) Exercício de fixação: Considerando as informações anteriores e tendo o aço API 5L X80 como exemplo, qual o valor do CE e sua faixa de soldabilidade? Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Taxa de resfriamento x transformação de fases? CCT x R x mudança de fases (aço hipoeutetóide). Fonte: Babu (2004) Nucleação de ferritas idiomórficas e alotriomorficas no grão austenítico primário. Fonte: Bhadeshia Fonte: Wainer (2000) Figura 1 Consideração: O incremento do número de locais “sítios” para nucleação intragranular terá efeito positivo sobre o incremento da quantidade de ferrita idiomórfica (efeito sobre FA?!). Em contrapartida, ocorrerá uma redução na fração volumétrica da ferrita alotriomórfica. Neste caso, qual a interferência de R? Fonte: Capdevila et al. (2005) Onde: T = R (oC/s) Qual a melhor condição “controle sobre R”? Inclusão como sítio para a formação “nucleação” de FA. Fonte: (Kou, 2002) Para o aço carbono, a redução da temperatura induz (sequência?!): - FP(G) (transformação reconstrutiva “difusional”) - FS(SP) “Widmanstatten” (transformação displaciva - cisalhamento) - FA - FS(A) “Bainita superior e inferior” - Martensita - Possibilidade de M-A dependendo da composição química . Fonte: Kou (2003) Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Características da ZTA – aço carbono Para um determinado aço, as condições impostas pelo processo de fabricação (combinação partição térmica x ciclo térmico) produzirão alterações geométricas (tamanho e localização) e de morfologia (transformações e/ou alterações nas frações das fases, precipitados, outros) na Zona Termicamente Afetada (ZTA). Sub-regiões (zonas) observadas (informações básicas): a) Zona de grãos grosseiros (ZGG) – Tm a 1100 C Região vizinha à ZF e compreendida após a Zona Pastosa (ZP), onde o incremento no tamanho do grão austenítico primário induz efeito deletério sobre a temperabilidade e sobre a microestrutura final. Neste caso, sendo dependente da composição química do substrato (Ceq). Apresenta combinação inadequada de dureza x tamanho de grão. Há possibilidade de ocorrência de M-A (composição química!?) b) Zona de recristalização (ZRec) – 1100 C até AC3 Região onde ocorre a recristalização do grão austenítico primário durante o resfriamento e há dificuldade de dissolução de carbetos (composição química x R). c) Zona intercrítica / parcialmente transformada (ZIc) – Entre AC3 e AC1 Região onde ocorre a transformação parcial (decomposição) da microestrutura do substrato (por exemplo, do ). Necessária avaliação prévia da microestrutura x R, para estimar o comportamento a ser observado. c) Zona subcrítica (ZSc) – Entre AC1 e 550 C Região onde podem ocorre os fenômenos de alívio de tensões, revenimento ou envelhecimento dinâmico (interações discordâncias x átomos induzindo redistribuição). Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Características da ZTA – aço carbono E o que acontece nas interseções das ZTA na soldagem multipasses? Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Tm 1510 °C T0 25 °C l (condutividade térmica) 0,028 J/mm.s.°C (11,7 W/m.K) r.Cp (calor volumétrico específico) 0,0044 J/mm3.°C I 300 A U 25 V vs 6, 7, 8, 9 mm/s Pré-aquecimento (T0) 25 °C Eficiência do processo () 0,90 Exercício para resolução em sala: Mantidas as demais condições, qual será o novo valor de T0 para: (a) uma velocidade de soldagem de 10 mm/s e (b) t = 12 mm para manter R igual a 5,7 °C/s (precisa reavaliar o valor de )? Considerando as tabelas abaixo, determinar a taxa de resfriamento no centro do cordão para Tc = 550 °C, na soldagem de uma chapa de aço carbono (1045) apresentando a espessura de 6 mm (evitar a formação de martensita na ZTA – risco de trinca na presença de H e da tensão atuante “carregamento”). Solução: Passo I – Determinar a dureza para cada vs (limite 8 mm/s, com Hnet = 843,7 J/mm) = 0,31 < 0,75 (fina) = 5,7 °C/s Exercício de fixação Passo II – Determinar se a chapa é “fina” ou “grossa” () e calcular o valor máximo de R crítico Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Uso de gráficos/nomogramas para definir R e seus possíveis efeitos Fonte: Easterling (1983) Determinação de t8/5 em função da forma de deposição (junta), calor aportado e espessura. Diagram of supercooled austenite transformations of elaborated steel containing 0,24%C (CCT-diagram). Fonte: Grajcar (2008). i) Determinação do efeito do tipo de junta, da espessura e do Hnet sobre o valor de R a partir do nomograma (proteção CO2/O2). ii) Determinação da dureza, na região de interesse, sabendo-se o valor de R imposto. Fonte: Murry, Parâmetros de soldagem - entrada Tipo de junta e geometria do chanfro Processo de soldagem Pré-aquecimento Determinação do t8/5 ou 7/3 em função de: parâmetros de soldagem, geometria do chanfro, espessura da chapa, pré- aquecimento e processo de soldagem. iii) Uso de nomogramas IRSID para definir R, conhecendo-se as condições de fabricação Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor () Heat input corrigido Exemplo 1 Exemplo 2 Exercício de fixação – nomogramas x R a) Considerando que, ao realizar a soldagem de um aço médio carbono (ASTM 1050), você tenha que emitir um parecer, usando o nomograma do IRSID1, sobre qual o pacote operacional (EPS) que, se aplicado, não tenderia a formar estrutura martensítica ao resfriar (considerar critérios custo x tempo como item de avaliação). Condições: Máximo valor de R para não formar microestrutura martensítica = 30 oC/s Condições de soldagem: Processos MIG ou ER; Is = 100 e 250 A; Us = 25 V; Vs = 10 e 40 cm/min; Junta em “T”; s = a = 10 e 40 mm; To = 25 e 200 oC. Faixa de t8/5 para os processos: (MIG/MAG = 4 a 30 s e ER = 2 a 15 s). Fonte: Blondeau (2008) b) Caso as condições apresentadas acima não permitam o controle da microestrutura, qual a sua recomendação? (1) INSTITUT DE RECHERCHES DE LA SIDÉRURGIE FRANÇAISE - IRSID Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor c) Solução para a determinação do tempo de solidificação da poça de fusão (St) Onde: L – calor latente de fusão (J/mm3). Aplicação: Importância na determinação da estrutura metalúrgica presente na zona fundida após solidificação (resposta a tratamentos térmicos, alteração de propriedades e geração de defeitos “porosidade / trinca”). Exemplo: Determinar o tempo de solidificação da ZF num passe de solda, quando um calor aportado de 800 J/mm é utilizado sobre uma chapa de aço baixo-carbono. Tm 1510 °C T0 25 °C r.Cp (calor volumétrico específico) 0,0044 J/mm3.°C L 2 J/mm3 Exercício de fixação: Discutir o efeito do Hnet e T0 sobre o tempo de solidificação, ou seja, possíveis implicações. Fonte: Phase Transformations & Complex Prorperties Research Group (University of Cambridge) Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor a) Efeito da propriedade do material e da vs sobrea distribuição de temperatura vs = 1 mm/s vs = 5 mm/s vs = 8 mm/s O que se observa? l – redução no tamanho da poça (largura cordão) l – abertura das isotermas e mudança de forma da poça de fusão vs – tamanho da poça (largura cordão) vs – fechamento das isotermas e mudança na forma da poça Conclusões sobre os fundamentos de transferência de calor l + - vs +- Fonte: ASM Handbook, Vol 6. Item Aço baixo-carbono 304 Alumínio vs 1, 5 e 8 mm/s Difusividade térmica (k) 7,56 mm2/s 4,6 mm2/s 80 mm2/s Condutividade térmica (l) 50 W/m.K 26 W/m.K 347 W/m.K Hnet 4,2 kJ/mm Forma e posições das isotermas?! E quais os efeitos sobre G e R? Imagem: Internet Conclusões – continuação b) Efeito do calor aportado (heat input) sobre a temperatura de pico () Condições: Material – aço baixo-carbono com grande espessura ( >> 0,75) Processo de soldagem GMAW Observações: Is – Tp aumenta linearmente (a) vs – Tp diminui exponencialmente (b) Para o aumento proporcional de Is em relação a vs (Is/vs = cte - manter constante o valo numérico do calor aportado), o valor de Tp aumenta exponencialmente (este efeito é desprazível para pontos longe da poça de fusão), vide final da curva (c). A 6,4 mm do centro A 13 mm do centro Is/vs = cte Efeito da eficiência térmica (eficiência de fusão?!) – veja curva “c” (a) (b) (c) Fonte: ASM Handbook, Vol 6. Fonte: Kou (2002). Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor (a) (b) (c) Lembrar que o calor aportado (Q) = (Is x Us x )/vs J/mm Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Conclusões - Continuação Efeito da densidade de potência sobre a geometria da poça (Fonte: Kou, 2002). Soldagem com feixe de elétrons (um passe) Soldagem ao arco elétrico sem a constrição do arco (dois passes) Fonte: ISF Aachen, 2005 Fonte: Kou, 2002 c) Distribuição do calor aportado (constrição do arco elétrico) – partição térmica?! Consequências: A concentração do calor aportado (constrição do arco) produz, para a mesma potência, cordões mais profundos e, em alguns casos, mais largos inicialmente, com estreitamento a medida que o calor e mais concentrado) ; Quanto maior o valor do comprimento do arco, maior será a perda de calor para a vizinhança, maior a área de contato com o metal de base (J – A/cm2) e, como resultado, menor será o rendimento térmico (). Alteração no fator de forma (índice de esbeltez) do cordão. Conclusões – Continuação d) Distribuição de calor devida a agitação da poça de fusão A agitação da poça e fusão, por diferentes técnicas, aumenta o efeito convectivo do metal líquido e, como consequência, eleva o valor efetivo da condutividade térmica nesta região. Este efeito melhora a transferência de calor da poça para o metal de base (altera a penetração, induz queda de temperatura e ajuda a nucleação de embriões – possibilidade de grãos equiaxiais); A distribuição da densidade de corrente e a pressão do arco, também, influenciam no grau de agitação da poça. Fem Fem Fpa Fgota FF Fpa Fb Metal de basePoça Gota Tocha Região do Arco Região de impacto das gotas Fonte: Barra, 2003. Comportamento da poça de fusão em função das forças atuante. Diferença de pressão estática do gerada no arco entre o ânodo e cátodo (GTAW). Fonte: Eagar, 1983 Efeito do impacto da gota e da pressão do arco sobre a agitação da poça de fusão Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor ../Filmes/Al va variando.avi ../Filmes/Al va variando.avi Conclusões – Continuação e) Consideração sobre a importância das temperaturas de pós-aquecimento e interpasse Fonte: ISF Aachen, 2005 Trinca de reaquecimento decorrente de pós- aquecimento (Fonte: Kou, 2002) Exemplo do uso de pré e pós- aquecimento para alívio de tensões A utilização do pós-aquecimento (Tpós) é útil para aliviar tensões internas (residuais), reduzir o aprisionamento de hidrogênio, influenciar no comportamento à fadiga e, em alguns casos, recuperar/refinar produtos decorrentes do resfriamento na região do depósito (por exemplo, revenimento da martensita e/ou transformação da austenita retida) ou, negativamente, gerar trinca de reaquecimento. A temperatura de interpasse (Tint) controla a temperatura mínima atingida entre cada passe e, tendo como consequência, o controle do valor de R. Efeito da soldagem multipasse sobre o perfil de sucessivos aquecimento de um ponto do cordão (sem adoção de Tint). Efeito do pós-aquecimento no conteúdo de hidrogênio residual no depósito (aço baixo carbono). Fonte: Kou, 2002. Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Exercício: Ao avaliar duas Especificações de Procedimentos de Soldagem (EPS1 e EPS2), na soldagem de um aço baixa liga (tratável termicamente), você observa que há diferença entre os valores indicados nos documentos (EPS) para as temperaturas iniciais da chapa (pré-aquecimento - To), temperaturas de interpasse (Tint) e temperaturas de pós-aquecimento (Tpós). Com base nestas informações, explicar qual a importância tecnológica da correta seleção das referidas variáveis. Conclusões – Continuação f) Exemplos de aplicações das temperaturas de pós-aquecimento (Tpós) e interpasse (Tint) e pré-aquecimento (To) Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Operação de soldagem (recuperação de engrenagem) usando o controle das temperaturas de pré-aquecimento, interpasse e pós- aquecimento (aquecimento e manutenção via sistema resistivo e manta térmica). Fonte: ADDN Etapa de preparação: controle da temperatura inicial da peça To via operação de pré- aquecimento a chama e uso manta térmica. Fonte: Imagem da internet Etapa de pós-operação: Reaquecimento da parede do tubo, na região soldada, visando a recuperação estrutural (por exemplo, alívio de tensão e/ou revenimento). Fonte: Imagem da internet Etapa de operação: acompanhamento da temperatura (interpasse) da região soldada entre a realização de passes – uso de lápis térmico. Fonte: TheFabricator.com Fundamentos da transferência de calor Conclusões – Continuação e) Consideração sobre a importância das temperaturas de pós-aquecimento e interpasse Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Carbono Equivalente (CET) Hidrogênio residual (HD = ml/100g) Calor aportado = 3,5 kJ/mm O pós-aquecimento (Tpós) é adotado para reduzir as concentrações de hidrogênio, oriundas da operação de soldagem, para níveis seguros. Esta ação tem como objetivo o controle da ocorrência da trinca induzida pelo hidrogênio (trinca demorada ou trinca a frio). Outro impacto da temperatura de pós- aquecimento é a capacidade de recupaeração de fases deletérias geradas na operação de fabricação (por exemplo, martensita não revenida ou austenita retida). Calor Aportado = 0,5 kJ/mm Conclusões – Continuação g) Uso da formação da ZTA para recuperação do MS ou para passe de revenimento Uma possibilidade de recuperação (melhoria) da estrutura bruta de fusão da ZF é a utilização de soldagem multipasse e consequente maximização da zona regenerada (cuidado!!). Idem para o controle da dureza da ZTA (ZGG) via passe de revenimento. Zona regenerada Maximização do volume de regiões regeneradas através da redefinição do número de passes (em branco as Zonas Regeneradas). Fonte: Phase Transformations & Complex Properties Research Group (University of Cambridge) Fonte: Kou, 2002. Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Fundamentos da transferência de calor Algumas indicações: American Welding Society - AWS (www.aws.org/) Site da Soldagem (www.sitedasoldagem.com.br) Infosolda (www.infosolda.com.br/) The International Institute of Welding - IIW (www.iiw-iis.org/) University Cambridge (www.msm.cam.ac.uk/) The Welding Institute and Welding & Joining Society - TWI (www.twi.co.uk/) PATON Eletric Welding Institute(www.paton.kiev.ua/eng/inst/inst.html) ASM (http://asmcommunity.asminternational.org/portal/site/asm/) Edison Welding Institute - EWI (www.ewi.org/) Labsolda UFSC (www.labsolda.ufsc.br) / LRSS UFMG (www.demec.ufmg.br/Grupos/Solda/) Graco – UnB (www.graco.unb.br/) Laprosolda – UFU (www.mecanica.ufu.br/Laboratorios/laprosolda/index.html) Welding and Joining Institute – Aachen (www.isf-aachen.de/eng/index_en.html) Associação Brasileira de Soldagem - ABS (www.abs-soldagem.org.br) Portal de Periódicos CAPES (www.periodicos.capes.gov.br/) Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. Onde buscar informações sobre a área de soldagem? http://www.aws.org/ http://www.sitedasoldagem.com.br/ http://www.infosolda.com.br/ http://www.iiw-iis.org/ http://www.msm.cam.ac.uk/ http://www.twi.co.uk/home.html http://www.paton.kiev.ua/eng/inst/inst.html http://asmcommunity.asminternational.org/portal/site/asm/ http://www.ewi.org/ http://www.labsolda.ufsc.br/ http://www.demec.ufmg.br/Grupos/Solda/ http://www.graco.unb.br/ http://www.mecanica.ufu.br/Laboratorios/laprosolda/index.html http://www.isf-aachen.de/eng/index_en.html http://www.abs-soldagem.org.br/ http://www.periodicos.capes.gov.br/ Obrigado pela atenção! Contato com o docente: Prof. Sérgio R. Barra, Dr. Eng. E-mail: barra@ct.ufrn.br mailto:barra@ct.ufrn.br
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