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SENTENÇA E COISA JULGADA ELIANA TRABALHO EM GRUPO docx25042020

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SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	6
2.	CONCEITO DE SENTENÇA	7
2.1	Sobre a ótica Antônio Sanches	7
2.2	Sobre a ótica Humberto Theodoro Jr	8
2.3	Sobre a ótica de Cassio Scarpinella Bueno	9
2.4	Sobre a ótica de Daniel Amorim Assumpção Neves	11
3.	TIPOS DE SENTENÇA E SEUS EFEITOS	11
3.1	Sentença meramente declaratória	12
3.2	Sentença constitutiva	13
3.3	Sentença condenatória	13
3.4	Sentença executiva lato sensu	13
3.5	Sentença mandamental	14
4.	PRAZOS PARA PROFERIR DESPACHOS, DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS E SENTENÇAS	14
5.	DA SENTENÇA COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO	14
6.	DA SENTENÇA SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO	15
7.	DECISÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO E NOVA PROPOSITURA DA AÇÃO	16
8.	ELEMENTOS DA SENTENÇA	17
9.	FATOS SUPERVENIENTES À PROPOSITURA DA AÇÃO	18
9.1	Surgimento de um fato constitutivo de um direito.	19
9.2	Advento de um fato modificativo de um direito.	19
9.3	Manifestação de um fato extintivo de um direito.	19
10.	SENTENÇA GENÉRICA EM OBRIGAÇÃO DE PAGAR	20
11.	SENTENÇA EXTRA PETITA, ULTRA PETITA E CITRA PETITA	20
12.	MODIFICAÇÃO DA SENTENÇA APÓS SUA PUBLICAÇÃO	21
13.	DA COISA JULGADA – CONCEITO	21
14.	DO ALCANCE OBJETIVO DA COISA JULGADA	22
15.	PARTES DA DECISÃO QUE NÃO FICAM SUBMETIDAS À COISA JULGADA	23
16.	EFEITO POSITIVO E NEGATIVO DA COISA JULGADA	23
17.	ALCANCE SUBJETIVO DA COISA JULGADA	23
18.	PRECLUSÃO	23
19.	LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA – CONCEITO	24
20.	LEGITIMIDADE PARA REQUERER A LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA	24
21.	MEIOS PARA A LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA	24
22.	SENTENÇA EM PARTE LÍQUIDA E PARTE ILÍQUIDA	25
23.	LIQUIDAÇÃO POR SIMPLES CÁLCULO ARITMÉTICO	25
24.	VEDAÇÕES IMPOSTAS À LIQUIDAÇÃO	25
25.	DO REEXAME NECESSÁRIO	26
26.	COISA JULGADA SOBRE A ÓTICA DANIEL ASSUMPÇÃO	28
26.1	Coisa Julgada Material e Formal	28
26.2	Coisa Julgada Total e Parcial	28
26.3	Função Negativa da Coisa Julgada	28
26.4	Função Positiva da Coisa Julgada	29
26.5	Limites Subjetivos da Coisa Julgadas	30
26.6	Coisa Julgada Insconstitucional	30
26.7	Coisa Julgada Secundum Eventum Probation	31
26.8	Coisa Julgada Secundum Eventum Litis	32
27.	SOBRE A ÓTICA DE FREDIE DIDIER JR	33
CONCLUSÃO	35
REFERÊNCIAS	37
1. INTRODUÇÃO
A sentença é a causa de extinção do processo, sendo ato do juiz que de acordo com seu conteúdo, podendo ou não resolver o mérito da causa. Por sua vez, a coisa julgada está relacionada com a sentença judicial, sendo a mesma irrecorrível, ou seja, não admite mais a interposição de qualquer recurso, tornado esta, assim, imutável (art. 502 do NCPC). Ambas têm como objetivo dar segurança jurídica às decisões judiciais e evitar que os conflitos se perpetuem no tempo.
A sentença é um dos mais relevantes provimentos do juiz, porque atribui um desfecho para todo o procedimento, sendo o último ato processual, com o qual, o juiz termina seu ofício jurisdicional, onde a premissa maior é a norma jurídica a ser aplicada para cada situação de fato, sendo a conclusão correspondente à norma concreta que se extrai da submissão do fato à norma jurídica.
A coisa julgada é uma garantia constitucional e encontra amparo no artigo 5º inciso XXXVI da Constituição da República Federativa do Brasil, conhecida também como Carta Magna, a saber: “A Lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.”
A origem da coisa julgada é atribuída ao direito romano, à chamada "res judicata". A justificativa de tal instituto à época é muito semelhante à justificativa atual: pacificação social e segurança jurídica. Uma das finalidades da coisa julgada é imprimir segurança aos julgados, evitando que litígios idênticos sejam novamente ajuizados, o que geraria desordem e discussões infindáveis.
2. CONCEITO DE SENTENÇA
Para se chegar ao conceito de sentença é necessário invocar ensinamentos doutrinários. Desta forma, o professor Fredie Didier Jr, em sua obra Curso de Direito Processual Civil - v. 2, conceitua o instituto da sentença como “(...) no procedimento comum ou nos procedimentos especiais, é o pronunciamento do juiz singular que encerra uma fase do processo, seja ela cognitiva ou executiva” (DIDIER, OLIVEIRA E BRAGA).
2.1 Sobre a ótica Antônio Sanches
Antônio Sanches Conclui que a fase de conhecimento faz parte do rol dos atos do juiz e suas modalidades e que a sentença que extingue o processo com e sem resolução de mérito conclui que a dinâmica é muito próxima.
O art. 485 do CPC fala sobre a extinção do processo sem resolução do mérito, juntamente com o Indeferimento da petição inicial, disposto no art. 331 do mesmo dispositivo, trazendo à tona os parâmetros referentes ao abandono por um ano, por negligencia das partes e do abandono pelo autor por mais de 30 dias.
O juiz intimara as partes para dar o andamento ao feito e, caso estes não se manifestem ou aleguem o desinteresse, então a sentença será sem resolução do mérito, tendo as partes o ônus de custear o pagamento proporcional das custas e das despesas e honorários.
Quando se verificar ausência de pressupostos processuais, reconhecendo perempção, litispendência ou coisa julgada, o processo será extinto sem resolução do mérito (Art. 486, CPC).
Na desistência e na renúncia, ao serem homologadas, será importante um olhar aos parágrafos, os quais apontam que sem o consentimento do réu não será possível a desistência da ação.
Em caso de morte da parte, desde que a ação ficar considerada intransmissível (hipótese de suspensão do processo), o juiz reconhecerá de oficio. O CPC admite em poucas hipóteses da apelação o exercício do direito de retratação, uma dessas hipóteses é a sentença proferida nos casos de extinção sem resolução de mérito.
Outro ponto mencionado pelo autor relata que, os casos de extinção sem resolução do mérito não obstam a parte em propor novamente a ação, porem terá de tomar algumas providencias como o saneamento de alguns vícios.
2.2 Sobre a ótica Humberto Theodoro Jr
A sentença pode ser entendida como uma prestação do Estado, em virtude da obrigação assumida na relação jurídico-processual (processo), quando a parte ou as partes vão a juízo exercerem a pretensão à tutela jurídica. Elas são tradicionalmente, classificadas em sentenças terminativas e sentenças definitivas (THEODORO JR.. 2016, p. 505).
As terminativas põem fim ao processo, sem, entretanto, resolverem o mérito. (casos de extinção do processo previstos no art. 485 do CPC/2015). Após a sua prolação há, ainda o direito de ação, ou seja, o direito de instaurar outro processo sobre a mesma lide, visto que esta não chegou a ser apreciada (THEODORO JR. 2016, p. 505).
Já as sentenças definitivas são as que decidem o mérito da causa, no todo ou em parte, e, devido a isto extinguem o próprio direito de ação. Ao contrário das terminativas, após a sua prolação, não é mais possível às partes a propositura de outra causa sobre a lide, que nele encontrou sua definitiva solução (THEODORO JR. 2016, p. 505).
Os efeitos da sentença definitiva são diversos, sendo o principal o de pôr fim à função do julgador na fase cognitiva do processo e na execução, mediante a apresentação da prestação jurisdicional (art. 494). Theodoro Jr. (2016, p. 1072) apelida esse efeito principal de “efeito formal” da sentença.
A sentença possui efeitos “materiais” que criam novas situações jurídicas para os litigantes. Dessa forma, a sentença condenatória gera o título executivo que faculta ao vencedor utilizar-se da atividade jurisdicional de execução forçada, caso o vencido não satisfaça a prestação assegurada no julgado. A sentença constitutiva, por outro lado, opera a extinção da relação jurídica litigiosa ou cria nova situação jurídica para as partes. E a sentença declaratória, por fim, gera a certeza jurídica sobre a relação jurídica questionada em juízo (THEODORO JR. 2016, p. 1072).
Theodoro Jr. (2016, p. 1072) leciona que caso a sentença seja apenas terminativa, isto é, encerre o processo sem solucionar o mérito, seu efeito é tão somente interno a tuando apenas sobre a relação processual. Na forma do art. 486, em tal caso, “o pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obstaa que a parte proponha de novo a ação”. Excepciona o código a esta regra as extinções motivadas por perempção, litispendência ou coisa julgada. Isto posto, quando há extinção do processo sem resolução do mérito, a sentença não faz coisa julgada material, mas apenas formal, de maneira que é viável a reproposição da mesma ação (art. 486).
Ao publicar a sentença de mérito, o juiz cumpre o ofício jurisdicional pertinente ao acertamento do litígio (prestação típica do processo de conhecimento). No entanto, se ainda há possibilidade de recurso, a sentença não corresponde a uma definitiva “entrega da prestação jurisdicional”. O juiz, ao proferir a sentença, apenas está apresentando a questionada prestação. “A sua entrega só ocorre quando não cabe ou não mais cabe recurso, ou quando já não cabe, ou a lei não o dá, de decisão que a confirmou ou a reformou. A entrega, portanto, da prestação jurisdicional ocorre na última decisão”, naquela que virá revestir-se da indiscutibilidade da coisa julgada (THEODORO JR. 2016, p. 1073).
Seguindo as lições de Chiovenda Theodoro Jr. (2016, p. 1073) postula que, enquanto for possível a interposição de recurso, a sentença “não encerra nenhum valor atual” e, “simplesmente, apresenta o valor de um ato que pode converter-se em sentença, se o recurso for renunciado ou perempto. A sentença de primeiro grau, portanto, constitui mera possibilidade de sentença, mera situação jurídica”. Em outras palavras, a entrega da prestação jurisdicional “só se efetua quando a sentença passa em julgado” (THEODORO JR. 2016, p. 1073).
2.3 Sobre a ótica de Cassio Scarpinella Bueno
O CPC de 2015 conceitua sentença como “o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução” (art. 203, § 1º), ressalvando, no mesmo dispositivo legal, “as disposições expressas dos procedimentos especiais”.
O conceito, ao empregar concomitantemente critérios de finalidade (colocar fim à fase cognitiva do procedimento em primeira instância e que extingue a fase de cumprimento de sentença, ou, ainda, que extingue a execução) e de conteúdo (ter como fundamento uma das hipóteses dos arts. 485 ou 487) para caracterizar a sentença, contrapondo-a às decisões interlocutórias, quer responder às não poucas críticas que a Lei n. 11.232/2005, ao dar nova redação aos §§ 1º e 2º do art. 162 do CPC de 1973, recebeu.
É irrecusável, contudo, caber à doutrina refletir mais detidamente sobre a opção legislativa, analisando a presença (ou a ausência) dos elementos que parecem ser essenciais ao conceito em cada caso. Também porque a ressalva feita pelo §1º do art. 203 nada diz a não ser que, se algum procedimento especial dispor que um determinado ato é sentença, sentença é, ainda que, eventualmente, não se amolde ao preceito legal. É o que se verifica, por exemplo, nos casos de divisão (arts. 572 e 597, § 2º) e de demarcação de terras (arts. 581, 582 e 587); no inventário (arts. 654 e 655); na habilitação (art. 692); nos embargos da “ação monitória” (art. 702, § 9º); na homologação de penhor legal (art. 706, § 2º); na regulação de avaria grossa (art. 710, § 1º); e, de forma genérica, nos procedimentos de jurisdição voluntária (art. 724).
De qualquer sorte, para os fins deste Manual, a conceituação do CPC de 2015 (com os acréscimos que lancei) é mais que suficiente e parece, na maior parte das vezes, funcionar bem, como, em diversas passagens, tenho a oportunidade de demonstrar. E mais: no contexto da etapa cognitiva do procedimento comum – é nele que está inserida a “fase instrutória” –, o conceito mostra-se exato.
Sentença é mesmo o ato que encerra aquela etapa em função de uma das hipóteses dos incisos dos arts. 485 ou 487. Tanto que, apenas para ilustrar a afirmação, não há espaço para duvidar que o julgamento antecipado parcial de mérito é feito por decisão interlocutória (a rt. 356, § 5º), tanto quanto o é a rejeição liminar de eventual reconvenção apresentada pelo réu. De outra parte, a maior dificuldade da distinção entre sentenças e as decisões interlocutórias no CPC de 1973 residia em consequência sua, a do recurso cabíve l.
No CPC de 2015, este problema é minimizado, embora não eliminado, porque, nele, a recorribilidade imediata das interlocutórias por agravo de instrumento depende menos de uma decisão ser identificada pela doutrina ou pela jurisprudência como interlocutó ria e muito mais de ser sujeita àquele recurso por expressa disposição de lei, a começar pelo rol codificado do art. 1.015. De resto, da sentença cabe (e continua cabendo, mesmo no novo Código) o recurso de apelação (art. 1.009, caput).
Tendo presente o conteúdo dos arts. 485 e 487, é correto entender que persisti, para o CPC de 2015, a distinção bem aceita pela doutrina entre “sentenças terminativas” e “sentenças definitivas”. Estas, às quais diz respeito o art. 487, em que há resolução de mérito; aquelas, as terminativas, relacionadas no art. 485, em que não há resolução de mérito.
Quanto ao mérito, merece ser sempre entendido como sinônimo de conflito de interesses levado ao Judiciário para solução. É aquilo sobre o que o autor e o réu querem que recaia a tutela jurisdicional. As hipóteses em que há prolação de sentença sem resolução de mérito – sentenças terminativas – são as seguintes: Indeferimento da Inicial, abandono do processo, ausência de pressupostos processuais de existência ou de validade, irre gularidade no exercício do direito de ação, desistência e etc.
Já, no que tange as sentenças definitivas, o rol das sentenças definitivas, isto é,daquelas em que há resolução de mérito ou, o que parece ser mais correto, que são consideradas de mérito pelo CPC de 2015, está no art. 487.
2.4 Sobre a ótica de Daniel Amorim Assumpção Neves
De acordo com Daniel Amorim Assumpção Neves (2018, p. 817) sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, do Novo CPC, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. Enquanto decisão interlocutória é qualquer pronunciamento decisório que não seja sentença.
3. TIPOS DE SENTENÇA E SEUS EFEITOS
Conforme Daniel Amorim (2018, p. 820) a doutrina clássica entende que existem 3 tipos de sentença, quais sejam, meramente declaratória, constitutiva e condenatória. Pontes de Miranda por sua vez diz que existem ainda as sentenças executivas lato sensu e as sentenças mandamentais, o que totaliza cinco espécies de sentença.
Para a determinação das espécies de sentença, a doutrina leva em consideração o seu conteúdo, bem como os seus efeitos. Segundo Alexandre Câmara, há dois gêneros de sentença, quais sejam:
- Sentenças Terminativas
- Sentenças Definitivas
A sentença terminativa é aquela que não resolve o mérito. As hipóteses estão previstas no art. 485 do CPC.
Lado outro, a sentença definitiva é aquela que analisa o mérito da causa, conforme dispõe o art. 487 do CPC.
3.1 Sentença meramente declaratória
Consoante entendimento de Daniel Amorim (2018, p. 821) o conteúdo da sentença meramente declaratória é a declaração da existência, inexistência ou o modo de ser. Essa sentença, portanto, resolve dúvidas relacionadas a natureza de uma relação jurídica. Apenas poderá ter por objeto uma relação jurídica, excepcionalmente admitindo-se que tenha como objeto meros fatos.
É preciso que a dúvida seja objetiva e real, não se apenas uma incerteza subjetiva doautor. A dúvida é social, que pode atingir terceiros e criar uma instabilidade na esfera de interesse do autor. Uma sentença de improcedência sempre será uma sentença declaratória pois seu conteúdo é a declaração de inexistência do direito material alegado pelo autor.
Os efeitos da sentença declaratória em regra são ex tunc, porém há exceção no art. 27 da Lei 9.868/1999, na qual o STF pode modificar o efeito natural da decisão de procedência na ação declaratória de inconstitucionalidade para tutelar a segurança jurídica ou em caso de excepcional interesse social.
3.2 Sentença constitutiva
Congruenteaos ensinamentos de Daniel Amorim (2018, p. 824) “o conteúdo da sentença constitutiva é a criação, extinção ou modificação de uma relação jurídica”. As sentenças constitutivas podem ser divididas em dois grupos: necessárias e facultativas. As necessárias são observadas quando a intervenção jurisdicional é a única forma de obter aalteração da situação jurídica pretendida, a sentença facultativa por sua vez “só existirá se houver a lide clássica no caso concreto, porque sem ela não seria necessária a intervenção jurisdicional”
A sentença constitutiva em regra tem efeitos ex nunc; A lei, entretanto, poderá apontar de forma expressa a existência de efeitos ex tunc.
3.3 Sentença condenatória
Como ensina Daniel Amorim (2018, p. 825) em sua obra, a sentença condenatória é formada por dois momentos lógicos, sendo o primeiro a declaração da existência do direito do autor e o segundo importando na criação de condições para que sejam praticados atos materiais de execução. O conteúdo da sentença condenatória, para além de uma declaração de existência do direito material, consiste também na imputação ao réu do cumprimento de uma prestação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia certa, para que se resolva a crise jurídica de inadimplemento. O efeito dessa sentença é a criação de um título executivo.
3.4 Sentença executiva lato sensu
Diz Daniel Amorim (2018, p. 825) que essa modalidade de sentença não é pacífica na doutrina pátria. Parte da doutrina defende a teoria ternária e entende a sentença executiva lato sensu como espécie autónoma da sentença, sendo, portanto, apenas espécie de sentença condenatória. Os que defendem sua existência elencam dois os fatores distintivos da sentença condenatória da executiva, primeiro o direito material, na sentença condenatória o direito é de crédito (obrigação pecuniária) na sentença executiva o direito é real, outro fator é a complexidade da fase de satisfação do direito.
3.5 Sentença mandamental
Expressa Daniel Amorim (2018, p. 826) a sentença mandamental “se caracteriza pela existência de uma ordem do juiz dirigida à pessoa ou órgão para que faça ou deixe de fazer algo, não se limitando, portanto, à condenação do réu”, a sentença mandamental resta satisfeita uma vez cumprida a ordem.
4. PRAZOS PARA PROFERIR DESPACHOS, DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS E SENTENÇAS
O juiz proferirá suas decisões nos seguintes prazos, conforme art. 226 do CPC:
I- os despachos no prazo de 5 (cinco) dias;
II- as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias;
III- as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.
Entretanto, se houver algum motivo justificado é possível que os prazos fixados sejam excedidos, por igual tempo (art.227, CPC).
 É possível também que as sentenças sejam proferidas após o encerramento do debate oral (alegações finais orais) em audiência (art. 364, do CPC), quando é designada uma audiência de instrução e julgamento e o juiz considera, após a apresentação das alegações finais, que está apto para proferir a sentença.
5. DA SENTENÇA COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO
Conforme disposto no bojo do art. 487, do CPC/15, o Juiz irá resolver o mérito quando:
Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.
De plano, infere-se que o magistrado resolverá o mérito da ação quando acolher ou rejeitar o pedido formulado pelo autor, ou seja, julgar procedente ou improcedente, ainda que o pedido seja oriundo de reconvenção (quando o réu formula um pedido ao juiz contra o autor, dentro do mesmo processo). Haverá também resolução de mérito quando o juiz, de ofício ou a requerimento, reconhecer a existência da prescrição ou da decadência. Quando o autor ingressa com uma ação contra determinado réu, entende-se, logicamente, que o réu não cumpriu alguma obrigação, todavia, se no decorrer do processo o réu reconhecer a procedência do pedido formulado do autor, o juiz, então, homologará o reconhecimento e, com isso, resolverá o mérito. Importante destacar que esse instituto abarca a reconvenção. O juiz também resolverá o mérito quando homologar acordo feito pelas partes. Por fim, o magistrado resolverá o mérito quando homologar a renúncia ao “direito” (pretensão) contido(a) na ação ou na reconvenção.
Ante o exposto, o parágrafo único do citado artigo, esclarece que, ressalvada a hipótese de improcedência liminar do pedido (por prescrição ou decadência) prevista no art. 332, §1º, do CPC, o juiz deverá, antes de reconhecer a prescrição ou decadência, dar às partes oportunidade de se manifestarem.
6. DA SENTENÇA SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO
Perlustrando o art. 485 do CPC/2015, entende-se que o juiz poderá deixar de resolver o mérito quando indeferir a petição inicial, nos termos do artigo 330, do CPC/15, levando-se em conta os requisitos de emenda da inicial. Ademais, há também a hipótese em que o juiz deixará de analisar o mérito quando o processo permanecer estagnado por período superior a 01 (um ano). Desta forma, o legislador quis evitar que as partes “travem” o processo por negligência, entretanto, as partes serão intimadas previamente para que tomem conhecimento do feito. O inciso III faz menção aos atos e às diligências as quais são promovidas ao autor, mas este não as cumpre, fato este que ensejará em intimação para que a situação seja regularizada, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito. Quando o juiz reconhecer a existência de perempção (o autor abandona a causa por 3 vezes), de litispendência (já existe um processo discutindo aquela relação) ou de coisa julgada (já foi julgado um processo com as mesmas partes, causa de pedir e pedido), haverá a extinção do processo sem resolução de mérito. Não há resolução do mérito quando o juiz entender que não estão presentes as condições da ação. Em caso de desistência da ação, o juiz não resolverá o mérito da questão, uma vez que a ação perdeu seu objeto.
Por fim, se o magistrado verificar a existência convenção de arbitragem ou for reconhecida a competência do último, não haverá resolução do mérito. O juiz, também, não resolverá o mérito quando o autor falecer e a ação for considerada intransmissível por expressa disposição legal.
Diante disso, alguns pontos merecem ser destacados, por exemplo, no caso de oferecimento de contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação. Ademais, a desistência da ação só irá produzir efeitos quando o magistrado homologar a desistência.
7. DECISÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO E NOVA PROPOSITURA DA AÇÃO
O pronunciamento judicial que não resolve o mérito (decisão sem resolução de mérito) não obsta que a parte proponha de novo a ação, conforme disposto no art. 486, do CPC. Todavia, quando a cognição foi extinta em razão de litispendência, indeferimento da inicial, ausência de pressupostos processuais, falta ou ausência das condições da ação e acolhimento da alegação de existência de convenção de arbitragem ou de processo arbitral em curso a propositura da nova ação dependerá de correção do vício que levou à extinção da fase cognitiva sem a resolução de mérito, conforme art. 486, §1º, do CPC.
8. ELEMENTOS DA SENTENÇA
Conforme preconiza o art. 489 do CPC, são três os elementos essenciais da sentença: o relatório, os fundamentos e o dispositivo, os quais são responsáveis por compor a estrutura da sentença.
O Relatório é utilizado no processo civil para que, finda a ação, as partes possam ter a convicção de que o magistrado conhece, realmente, aquela causa. Desta forma, o relatório, ainda que sucinto, deverá comtemplar todas as informações essenciaispara o julgamento da causa.
Com relação à fundamentação na sentença judicial, é necessário destacar que, antes de ser um elemento essencial da sentença, trata -se de um direito fundamental previsto no art. 93, IX, CR/88, visto que as decisões fundamentadas estão intimamente ligadas ao Princípio do Contraditório. Ademais, importante destacar que a fundamentação na sentença possui duas funções: extraprocessual e endoprocessual, sendo que a primeira se refere ao meio social, é uma forma de democratização da atividade jurisdicional, ou seja, serve de parâmetro para decisões futuras. E a última se refere à resposta que é oferecida aos litigantes, ou seja, em linhas gerais, é o caminho que as partes utilizam para entender o raciocínio usado pelo magistrado quando de sua decisão, caminho este amparado pelos recursos previstos na legislação.
Em suma, a fundamentação das decisões judiciais é a análise de questões processuais (formais), bem como questões relacionadas ao mérito do processo, sendo que o mérito compreende as questões de fato (provas) e de direito (interpretação do ordenamento jurídico). Diante da importância da fundamentação nas decisões judiciais, o §1º do referido artigo dispõe acerca das hipóteses em que a decisão não será considerada fundamentada.
Em pormenorizada análise, entende-se que no inciso I, do aludido parágrafo, o legislador quis evitar a utilização do texto normativo como forma de simples fundamentação, sem estabelecer relação entre a aplicabilidade daquela lei na lide em questão.
No inciso II, do §1º, compreende-se que o Juiz não poderá invocar um conceito indeterminado sem estabelecer sua conexão ao caso concreto.
O inciso III veda o uso de “Decisões prontas”, uma vez que cabe ao magistrado proferir uma Decisão particularizada para cada caso concreto.
O inciso IV preconiza que o magistrado deverá enfrentar, pontualmente, cada argumento trazido pelas partes que possa influir diretamente na sua decisão.
Nessa toada, o inciso V dispõe acerca da aplicação dos precedentes judiciais e enunciados de súmulas. Diante disso, imperioso se faz destacar as diferenças entre tais institutos. Com relação aos enunciados de súmulas, pode-se dizer que estão intimamente ligados ao conceito de jurisprudência, ou seja, reiteradas decisões em um mesmo sentido. Ademais, o conceito de precedentes judiciais não deve ser interpretado como baseado em reiteradas decisões, mas sim em uma decisão que possua caráter transcendental, ou seja, possui uma orientação peculiar para outras decisões naquele mesmo sentido. Desta forma, o juiz não poderá apenas indicar o enunciado ou precedente no qual balizou sua decisão, mas demonstrar efetiva aplicabilidade daquele no caso concreto.
Por conseguinte, o inciso VI tem forte relação com o inciso V, uma vez que trata da hipótese em que o magistrado deixa de se basear em enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte. Desta forma, o juiz deverá demonstrar, por meio de fundamentação, o porquê daquele entendimento não se aplicar a lide.
No mesmo artigo, o §2º dispõe: “No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.”
Desta forma, o juiz deve esclarecer às partes quais são os fundamentos jurídicos pelos quais se baseou quando entendeu que uma norma deveria ser afastada para aplicação de outra.
Por fim, conforme classificação doutrinária, o dispositivo é “o local em que o juiz afirma se acolhe ou não o pedido do autor e, em caso de acolhimento, o que deve ser feito para que o direito material seja efetivamente realizado”, (MARINONI, MITIDIERO, ARENHART). Então, em linhas gerais, o dispositivo é a parte em que o juiz resolverá a lide.
9. FATOS SUPERVENIENTES À PROPOSITURA DA AÇÃO
Se após a propositura da ação de uma ação surgir algum fato constitutivo, modificativo ou impeditivo que possa influir no julgamento do seu mérito, este deverá ser levado em consideração pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte interessada, no momento em que proferir a decisão (art. 493, do CPC)
O dispositivo permite, portanto, que as partes levem ao conhecimento do órgão jurisdicional fatos que sejam posteriores à apresentação da petição inicial e da contestação e que interferem no pedido formulado (mérito de processo).
Para fins de conhecimento, seguem alguns exemplos das situações acima apresentadas.
9.1 Surgimento de um fato constitutivo de um direito.
Se o autor pediu que o réu fosse condenado a lhe devolver uma vaca, da qual estava como depositário, e no curso do processo o animal tiver uma cria, esse fato deverá ser levado ao conhecimento do magistrado, de ofício ou a requerimento da parte, uma vez que surge para o depositário a obrigação de entregar ao depositante a vaca e sua cria, ou seja, devolver a coisa em depósito, assim como seus frutos e acrescidos (art. 629 do CC).
9.2 Advento de um fato modificativo de um direito.
Caso o autor tenha alegado que emprestou R$ 15.000,00 (quinze mil reais) ao réu e que a quantia não lhe foi devolvida, se for
constatado que no curso do processo um pagamento de R$ 10.000,00 (dez mil reais), que tenha sido feito pelo réu ao autor, por força de empréstimo, o juiz deverá levar esse fato em consideração, uma vez que houve um fato que modificou a pretensão de recebimento da quantia inicialmente postulada.
9.3 Manifestação de um fato extintivo de um direito.
Se a pretensão formulada pelo autor era no sentido de que o réu desocupasse um imóvel de sua propriedade, que estava sendo utilizado indevidamente e, no curso do processo, for constatado que o réu saiu do bem imóvel, torna-se clarividente o fato extintivo do direito do autor.
Quando a constatação da presença de um fato constitutivo, modificativo ou impeditivo de um direito ocorrer de ofício, o juiz deverá ouvir as partes antes de decidi-lo (art. 493, CPC).
10. SENTENÇA GENÉRICA EM OBRIGAÇÃO DE PAGAR
Apenas nas seguintes hipóteses é permitido que uma decisão que impôs uma prestação de pagar quantia seja genérica, por não indicar a quantia devida pelo sujeito obrigado.
1) Não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido no momento em que foi proferida;
Pode ser que o juiz não tenha elementos para definir a quantia devida no momento em que vai proferir a decisão, o que impedirá que seja líquida (EX: quando um cidadão é atropelado e ingressa em juízo antes da consolidação das sequelas, sendo impossível saber, no momento da decisão, quais foram seus reais prejuízos materiais ou estéticos).
2) A apuração do valor devido depende da produção de prova de realização demorada ou excessivamente dispendiosa, assim que reconhecida na sentença.
Quando a produção de uma prova que servirá para que seja definida a quantia devida por uma das partes é demorada, pode ser conveniente que a referida prova seja produzida futuramente, a fim de que não ocorram atraso indevido na solução da controvérsia.
11. SENTENÇA EXTRA PETITA, ULTRA PETITA E CITRA PETITA
É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado (art. 492 do CPC).
Sentença citra petita é aquela que não examina em toda a sua amplitude o pedido formulado na inicial (com a sua fundamentação) ou a defesa do réu. Ex: na ação reivindicatória, o réu se defende, arguindo prescrição aquisitiva. O juiz, então, aprecia os fundamentos do pedido, mas se esquece da usucapião.
Na sentença ultra petita, o defeito é caracterizado pelo fato de o juiz ter ido além do pedido do autor, dando mais do que fora pedido. Exemplo: se o autor pediu indenização por danos emergentes, não pode o juiz condenar o réu também em lucros cessantes.
A sentença extra petita é quando a providência jurisdicional deferida é diversa da que foi postulada; quando o juiz defere a prestação pedida com base em fundamento não invocado ou quando o juiz acolhe defesanão arguida pelo réu, a menos que haja previsão legal para o conhecimento de ofício (art. 337, § 5º, CPC/2015).
12. MODIFICAÇÃO DA SENTENÇA APÓS SUA PUBLICAÇÃO
Após a publicação da sentença, o juiz só poderá alterá-la em duas situações:
 Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá- la:
I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo;
II - por meio de embargos de declaração.
O inciso I faz referência aos erros relacionados às palavras, pessoas ou coisas que foram mencionadas de maneira equivocada pela decisão e trata-se de falha claramente constatada. Importante destacar que essa correção não pode alterar a essência da decisão, mas simplesmente corrigir ou emendar seu texto.
No inciso II tem-se a figura dos embargos de declaração, recurso este direcionado ao próprio órgão que proferiu a decisão impugnada, conforme art. 1022, do CPC. Esse recurso tem por escopo modificar a decisão que: for obscura ou contraditória, bem como decisões que sejam omissas em questões as quais o juiz deveria ter se manifestado, e, por fim, decisões que contenham erros materiais. Se os embargos forem acolhidos pelo juiz, o qual deverá analisar no prazo de 05 (cinco dias), no todo ou em parte, a decisão impugnada será modificada para que fique em harmonia com o provimento dos embargos.
13. DA COISA JULGADA – CONCEITO
Existirá coisa julgada quando um decisão judicial não pode mais ser impugnada n relação jurídica processual em que foi proferida, tornando-se, assim, imutável e indiscutível.
A coisa julgada produzida por uma decisão judicial pode ser formal ou material. Nos dois casos, a decisão tornou-se imutável e indiscutível. Por conseguinte, quando há coisa julgada formal os efeitos da sentença se limitam à relação jurídica processual em que foi proferida, possibilitando, assim, que a demanda seja novamente submetida à apreciação do poder judiciário. Entretanto, quando há coisa julgada material a imutabilidade e indiscutibilidade ultrapassam a relação jurídica em que a decisão foi proferida, uma vez que a matéria não poderá mais ser apreciada pelo poder judiciário em qualquer outro processo, já que foi anteriormente julgada. Apenas as decisões que apreciam o mérito produzem coisa julgada material (art.502 do CPC/2015).
14. DO ALCANCE OBJETIVO DA COISA JULGADA
A coisa julgada abrange apenas as questões debatidas e decididas nos autos do processo em que foi produzida (art. 503). Contudo, pode ser que a coisa julgada alcance também a resolução de questão prejudicial (ponto controvertido de fato ou de direito que deve ser decidido antes do mérito), decidida expressa e incidentemente no processo se: I – dessa resolução depender o julgamento do mérito; II – a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia; III – o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoas para resolvê-la com questão principal (art. 503, §1º, do CPC).
Uma questão prejudicial corresponde a um ponto controvertido, de fato ou de um direito, que ser decidido antes do mérito.
A prejudicial está relacionada ao fato de que uma matéria deve ser analisada antes de outra, vindo em primeiro lugar, pois o que for decidido a respeito dela pode prejudicar a análise de temas posteriores, o que faz com que seja denominada prejudicial.
A prejudicial pode estar relacionada ao direito processual ou ao direito material. Então, se a prejudicial estiver vinculada à esfera processual será identificada como preliminar. Lado outro, se a prejudicial guardar relação com o direito material será qualificada como prejudicial de mérito.
15. PARTES DA DECISÃO QUE NÃO FICAM SUBMETIDAS À COISA JULGADA
De acordo com o CPC, não fazem coisa julgada: I – os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; II – a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença (art. 504).
Tendo em vista que a sentença é constituída de 03 (três) partes, quais sejam, o relatório, a função fundamental e a conclusão, o relatório não fica submetido à coisa julgada, uma vez que não possui conteúdo decisório. Da mesma forma, a motivação ou fundamentação da decisão, assim como a verdade dos fatos, não se submetem à coisa julgada, uma vez que a coisa julgada abrange apenas as questões decididas e não os fundamentos da decisão.
16. EFEITO POSITIVO E NEGATIVO DA COISA JULGADA
A coisa julgada impede que as questões já decididas sejam novamente apreciadas pelo Poder Judiciário (efeito negativo da coisa julgada), além de impor a sua observância por todos (efeito positivo da coisa julgada), inclusive pelo legislador, uma vez que CRFB/88 prevê que a lei não prejudicará coisa julgada (art. 5º, XXXVI).
17. ALCANCE SUBJETIVO DA COISA JULGADA
A sentença faz coisa julgada apenas em relação às partes, não prejudicando terceiros (art. 506, CPC). Porém, admite-se que a sentença possa beneficiar a quem não participou da relação jurídica processual, o que ocorre quando produz efeitos erga omnes ou ultra partes.
18. PRECLUSÃO
É vedado à parte discutir, no curso do processo, as questões já decididas, a cujo respeito se operou a preclusão (art. 507, CPC). Portanto, mesmo que não se trate de decisão do mérito, uma matéria já apreciada e decidida pelo Poder Judiciário não pode ser novamente discutida nos mesmo autos, o que ocorreria, por exemplo, se o autor solicitasse a produção de uma prova e o seu pedido fosse rejeitado, pois não poderia deduzi-lo posteriormente.
19. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA – CONCEITO
A liquidação de sentença é um procedimento previsto no CPC para que uma sentença ilíquida se torne uma sentença liquida. Uma sentença é considerada ilíquida quando aponta que algo é devido (na debeatur ), porém não indica o valor correspondente ao débito (quantum debeatur). Desta forma, o Código de Processo Civil estabelece que em seu art. 509 que: “quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação”.
Ademais, uma sentença pode ser considerada ilíquida quando deixa de indicar a coisa devida (quid debeatur), como na hipótese de determinar que o réu entregue um animal para o autor, mas o réu possui vários animais e não houve delimitação. No entanto, o legislador, visando evitar tais controvérsias, determinou que seja apontada a coisa devida.
20. LEGITIMIDADE PARA REQUERER A LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
A liquidação de sentença pode ser requerida pelo credor ou devedor (art. 509, CPC), uma vez que para o cumprimento de sentença, forçado ou espontâneo, é fundamental estabelecer a quantia devida ou a coisa a ser entregue.
21. MEIOS PARA A LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
Conforme preconizado no art. 509 do CPC, a liquidação de sentença poderá ser realizada nos seguintes moldes:
Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor
I - por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação;
II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo.
No arbitramento, o juiz irá arbitrar a quantia devida ou a coisa a ser entregue. O procedimento comum é o procedimento padrão no CPC. Como está relacionado à atividade cognitiva, o seu desenvolvimento possibilita que seja alegado e provado fato novo, como a existência de despesas médicas que ainda não estavam presentes quando houve o ingresso em juiz do para que fossem reparados os danos materiais e morais decorrentes de um acidente de trânsito.
22. SENTENÇA EM PARTE LÍQUIDA E PARTE ILÍQUIDA
Quando na sentença houve uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover, simultaneamente, a execução da parte liquida e, em autos apartados, a liquidação da parte ilíquida (art. 509, §1°, CPC).
23. LIQUIDAÇÃO POR SIMPLES CÁLCULO ARITMÉTICO
Quando a apuração do valor devido depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o cumprimento da sentença, assim que elaborá-lo(art. 509, §2º, CPC). O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), visando facilitar o trabalho das partes, desenvolverá e colocará à disposição dos interessados programa de atualização financeira (art. 509, §3º, CPC).
24. VEDAÇÕES IMPOSTAS À LIQUIDAÇÃO
Na liquidação de sentença é vedado discutir novamente a lide ou modificar a sentença que a julgou (art. 509, §4º, CPC), uma vez que busca apenas o estabelecimento da quantia ou da coisa devida. Sendo assim, não serve para que possa ser discutido novamente o conflito ou modificada a sentença que está sendo liquidada.
25. DO REEXAME NECESSÁRIO
Previsto no artigo 496 do Código de Processo Civil, o reexame necessário não faz parte do rol taxativo de recursos do artigo 994 do referido Código, nem é tratado como recurso em qualquer outro diploma legal. Por não estar previsto como recurso no Código de Processo Civil, não atendendo ao princípio da taxatividade, o reexame necessário não é recurso.
Nas exatas palavras de Fredie Didier Jr. e Leonardo José Carneiro da Cunha o reexame necessário condiciona a eficácia da sentença à sua reapreciação pelo tribunal ao qual está vinculado o juiz que a proferiu. Enquanto não for procedida à reanálise da sentença, esta não transita em julgado, não contendo plena eficácia. Desse modo, não havendo o reexame e, consequentemente, não transitando em julgado a sentença, será incabível a ação rescisória.
Assim, o reexame necessário possui natureza jurídica de condição de eficácia da sentença.
Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público;
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.
§ 1o - Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
§ 2o - Em qualquer dos casos referidos no § 1o, o tribunal julgará a remessa necessária.
§ 3o - Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público;
- 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados;
II - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público.
§ 4o - Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.
26. COISA JULGADA SOBRE A ÓTICA DANIEL ASSUMPÇÃO
26.1 Coisa Julgada Material e Formal
Para Daniel Amorim, todo processo, independentemente de sua natureza, haverá a prolação de uma sentença (ou acórdão nas ações de competência originária dos tribunais), que em determinado momento torna-se imutável e indiscutível dentro do processo em que foi proferida. Basta que não seja interposto o recurso cabível ou ainda que todos os recursos cabíveis já tenham sido interpostos e decididos, ainda que não seja interposta apelação contra a sentença, haverá a remessa necessária, de forma que o processo só chegará ao seu final após essa análise obrigatória da decisão pelo tribunal de segundo grau.
Quando não for mais cabível qualquer recurso ou tendo ocorrido o exaurimento das vias recursais, a sentença transita em julgado. Esse impedimento de modificação da decisão por qualquer meio processual dentro do processo em que foi proferida é chamado tradicionalmente de coisa julgada formal, ou ainda de preclusão máxima.
26.2 Coisa Julgada Total e Parcial
De acordo com Daniel Amorim, a parte sucumbente poderá em seu recurso optar por impugnar todos eles (recurso total) ou somente alguns (recurso parcial), poderão ser autônomos e independentes ou apenas autônomos, sendo tal distinção de suma importância para inúmeras consequências processuais, interessando nesse momento a formação da coisa julgada. Somente autônomos, ainda que a parte impugne somente parcela deles, não há que falar em coisa julgada do não impugnado, porque em razão do efeito expansivo objetivo externo do recurso, dependendo do resultado de seu julgamento se não for impugnado poderá ser reformado.
26.3 Função Negativa da Coisa Julgada
O entendimento de Daniel Amorim, é que a imutabilidade gerada pela coisa julgada material impede que a mesma causa seja novamente enfrentada judicialmente em novo processo. Por mesma causa entende-se a repetição da mesma demanda, ou seja, um novo processo com as mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido de um processo anterior já decidido por sentença de mérito transitada em julgado, tendo sido gerada coisa julgada material.
O julgamento no mérito desse segundo processo seria um atentado à economia processual, bem como fonte de perigo à harmonização dos julgados. Na realidade, mesmo que a segunda decisão seja no mesmo sentido da primeira, nada justifica que a demanda prossiga, sendo o efeito negativo da coisa julgada o impedimento de novo julgamento de mérito, independentemente do seu teor.
Havendo a modificação de qualquer um desses elementos da demanda, ainda que parcialmente (novos fatos jurídicos com a manutenção da mesma fundamentação jurídica), afasta-se qualquer impedimento ao novo julgamento, considerando-se tratar de nova demanda, ainda que consideravelmente parecida com aquela que já foi julgada e cuja decisão está protegida pela coisa julgada material.
Esse impedimento de novo julgamento exige que a causa seja exatamente a mesma, sendo entendimento pacífico na doutrina e jurisprudência que a função negativa só é gerada quando aplicável ao caso concreto a teoria da tríplice identidade, tratando-se de matéria de ordem pública, o juiz deve de ofício extinguir o processo posterior sem a resolução do mérito, em respeito à coisa julgada já formada, nos termos do art. 485, V, do CPC.
26.4 Função Positiva da Coisa Julgada
De acordo com Daniel Amorim, somente a má- fé ou ignorância leva a parte a ingressar com processo repetindo ação já protegida pela coisa julgada material, sendo rara essa ocorrência na praxe forense. Mas a imutabilidade da coisa julgada não se exaure em sua função negativa, compreendendo também uma função positiva, que diferentemente da primeira não impede o juiz de julgar o mérito da segunda demanda, apenas o vincula ao que já foi decidido em demanda anterior com decisão protegida pela coisa julgada material".
A geração da função positiva da coisa julgada não ocorre na repetição de demandas em diferentes processos - campo para a aplicação da função negativa da coisa julgada, mas em demandas diferentes, nas quais, entretanto, existe uma mesma relação jurídica que já foi decidida no primeiro processo e em razão disso está protegida pela coisa julgada. Em vez da teoria da tríplice identidade, aplica-se a teoria da identidade da relação jurídica.
Na função positiva da coisa julgada, portanto, inexiste obstáculo ao julgamento de mérito do segundo processo, mas nesse julgamento o juiz estará vinculado obrigatoriamente em sua fundamentação ao já resolvido em processo anterior e protegido pela coisa julgada material. Reconhecida como existente uma relação jurídica (por exemplo, paternidade) e sendo tal reconhecimento imutável em razão da coisa julgada, surgindo discussão incidental a respeito dessa relação jurídica em outra demanda (por exemplo,pedido de alimentos), o juiz estará obrigado a também reconhecê- la como existente, em respeito à coisa julgada.
26.5 Limites Subjetivos da Coisa Julgadas
De acordo com Daniel Amorim, todos os sujeitos - partes, terceiros interessados e terceiros desinteressados - suportam naturalmente os efeitos da decisão, mas a coisa julgada os atinge de forma diferente. As partes, inclusive o Ministério Público quando participa do processo como fiscal da ordem jurídica, estão vinculadas à coisa julgada, os terceiros interessados sofrem os efeitos jurídicos da decisão, enquanto os terceiros desinteressados sofrem os efeitos naturais da sentença, sendo que em regra nenhuma espécie de terceiro suporta a coisa julgada material.
26.6 Coisa Julgada Insconstitucional
O entendimento de Daniel Amorim, os art. 525, § 12, e o art. 535, § 5°, ambos do CPC, trazem previsão de matérias que podem ser alegadas em sede de defesa típica do executado no cumprimento de sentença (impugnação) e que afastam a imutabilidade da coisa julgada material. Na qual os dispositivos legais permitem ao executado a alegação de inexigibilidade do título com o fundamento de que a sentença que se executa (título executivo judicial). A declaração de inconstitucionalidade realizada pelo Supremo Tribunal Federal pode ocorrer, segundo os dispositivos legais ora apresentados, por três diferentes maneiras:
· Redução de texto, quando a lei é declarada inconstitucional para todos os fins e desaparece do ordenamento jurídico;
· Aplicação da norma à situação considerada inconstitucional, quando ela será válida para certas situações e inválida para outras;
· Interpretação conforme a Constituição, quando, havendo mais de uma interpretação possível, somente uma delas for considerada constitucional.
Há decisão do Superior Tribunal de Justiça que adota esse entendimento ao afirmar que, diante de uma nulidade absoluta insanável, causadora de prejuízos ao patrimônio público, há apenas uma aparência de coisa julgada. A demanda tratava de desapropriação e, para demonstrar a absoluta incerteza quanto ao meio de se relativizar a coisa julgada, o Superior Tribunal de Justiça aceitou uma ação civil pública com tal desiderato.
A ausência de condição da ação faz com que o autor não tenha exercido o direito de
ação, e sim mero direito de petição, e não existindo direito de ação no caso concreto, não houve efetivamente processo, devendo a sentença ser considerada juridicamente inexistente. Entre as críticas encontradas na do utrina a respeito da tese da relativização da coisa julgada em razão da coisa julgada injusta inconstitucional, coloca-se em primeiro plano a função primordial para o Estado de Direito da coisa julgada.
26.7 Coisa Julgada Secundum Eventum Probation
De acordo com Daniel Amorim, aos direitos coletivos e difusos, a coisa julgada, na hipótese de julgamento de improcedência do pedido, tem uma especialidade que a diferenciada coisa julgada tradicional, prevista pelo CPC. Enquanto, no instituto tradicional, a imutabilidade e a indiscutibilidade geradas pela coisa julgada não depende do fundamento da decisão, nos direitos difusos e coletivos, caso tenha a sentença como fundamento a ausência ou a insuficiência de provas, não se impedirá a propositura de novo processo com os mesmos elementos da ação (partes, causa de pedir e pedido), de modo a possibilitar uma nova decisão, o que, naturalmente, afastará, ainda que de forma condicional, os efeitos de imutabilidade e indiscutibilidade da primeira decisão transitada em julgado.
A doutrina majoritária entende a constitucionalidade da coisa julgada secundum eventum probationis, como também da coisa julgada secundum eventum litis, afirmando que os sujeitos titulares do direito, ao não participarem efetivamente do processo, não poderão ser prejudicados por uma má condução procedimental do autor da demanda. Não seria justo ou legítimo impingir a toda uma coletividade, em decorrência de uma falha na condução do processo, a perda definitiva de seu direito material. A ausênc ia da efetiva participação dos titulares do direito em um processo em contraditório é fundamento suficiente para defender essa espécie de coisa julgada material.
26.8 Coisa Julgada Secundum Eventum Litis
Consoante o entendimento de Daniel Amorim, a coisa julgada secundum eventum litis deixa de ser característica quase exclusiva, da tutela coletiva, passando também a ser uma realidade no processo individual.
Por meio da coisa julgada secundum eventum litis nem toda sentença de mérito faz coisa julgada material, tudo dependendo do resultado concreto da sentença definitiva transitada em julgado. Por vontade do legislador é possível que o sistema crie exceções pontuais à relação sentença de mérito com cognição exauriente e a coisa julgada material.
Na tutela individual a técnica da coisa julgada secundum eventum litis já foi devidamente analisada, cabendo agora sua análise no âmbito do processo coletivo.
A única sentença que os vincula é a de procedência, porque essa naturalmente os beneficia, permitindo-se que o indivíduo se valha dessa sentença coletiva, liquidando-a no foro de seu domicílio e posteriormente executando-a, o que o dispensará do processo de conhecimento. A doutrina fala em coisa julgada secundum eventum litis in utilibus, porque somente a decisão que seja útil ao indivíduo será capaz de vinculá- lo a sua coisa julgada material (Ex: Uma empresa petrolífera causa um grande vazamento de óleo numa determinada baía, o que naturalmente agride o meio ambiente saudável, mas também prejudica os pescadores do local, que têm danos individuais por não mais poderem exercer seu ofício. Havendo uma ação coletiva fundada no direito difuso a um meio ambiente equilibrado e sendo essa ação julgada improcedente, os pescadores poderão ingressar e vencer ações individuais de indenização contra a empresa petrolífera. Por outro lado, com a sentença de procedência, os pescadores poderão se valer desse título executivo judicial, liquidando seus danos individuais e executando o valor do prejuízo).
O benefício da coisa julgada material da ação coletiva pode ser excepcionado em duas circunstâncias:
· Na hipótese do indivíduo ser informado na ação individual da existência da ação coletiva (fair notice), e num prazo de 30 dias preferir continuar com a ação individual (right to opt out), não será beneficiado pela sentença coletiva de procedência (art. 104 do CDC);
· Nas ações coletivas de direito individual homogêneo o art. 94 do CDC admite a intervenção dos indivíduos como litisconsortes do autor, sendo que nesse caso os indivíduos se vinculam a qualquer resultado do processo coletivo, mesmo no caso de sentença de improcedência.
27. SOBRE A ÓTICA DE FREDIE DIDIER JR
Tendo a sua nomenclatura como coisa julgada comum, ela pode incidir sobre a solução dada em uma fundamentação processual. Com isso, ela irá se tornar indiscutível e imutável, sendo prejudicialmente incidental, apenas ao limite do conteúdo da norma jurídica que esteja no dispositivo da decisão judicial.
A coisa julgada comum, se difere da coisa julgada material, pois se forem resolvidas na decisão judicial, as questões de tratam da fundamentação não vai recair a coisa julgada material, conforme artigo 504 do Código de processo Civil.
Art. 504. Não fazem coisa julgada:
I- os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença;
II- a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.
Tudo o que for solucionado na fundamentação pelo magistrado, poderá ser revisto em outro processo, que as partes sejam as mesmas, com exceção do artigo 503, §1º do Código de Processo Civil.
Logo, a coisa julgada especial, incorre sobre a resolução dada à questão prejudicial resolvida expressa e incidentalmente na fundamentação da decisão, que como regra será inter partes (entre as partes), sendo sujeita ao regime geral.
Por fim, a coisa julgada tem como principal objetivo, a cautela de um valor jurídico, de uma a segurança jurídica. Esse valor contrapõe-se a justiça da decisão.Buscando assim, o equilíbrio entre esses valores que norteiam a história do direito processual.
CONCLUSÃO
Vimos que o conceito de sentença anterior à lei 11.232/2005 adotava o critério topológico, definindo o ato como sentença caso encerrasse definitivamente o processo e como decisão interlocutória caso combatesse ato jurisdicional proferido no curso do processo.
Em razão das alterações ao CPC de 1973 promovidas pela Lei 11.232, de 22.12.2005, o processo passou a ser sincrético, em que há uma fase preliminar de conhecimento e uma fase posterior de execução – e não mais dois processos distintos. Dessa forma, o conceito de sentença, posteriormente a 2005 e em especial à luz do atual Código de Processo Civil de 2015, passou a ser definido como o pronunciamento judicial que contém uma das hipóteses dos arts. 485 ou 487, incisos e parágrafos, do novo CPC, e que poderá ou não extinguir o processo.
Embora o art. 489 do atual Código de Processo Civil não tenha trazido alterações na previsão da legislação pretérita quanto aos requisitos da sentença (relatório, fundamentos e dispositivo), o parágrafo primeiro do referido artigo foi inovador, ao prescrever as hipóteses nas quais o legislador não considera fundamentadas as decisões interlocutórias, sentenças e acórdãos, tais como nos casos em que o juiz limita-se a indicar ou a reproduzir o ato normativo, a invocar precedente ou enunciado de súmula, a empregar conceitos jurídicos indeterminados ou a utilizar-se de argumentos genéricos, sem analisar o caso concreto. Tal dispositivo é alvo de críticas doutrinárias, que o taxam de inconstitucional, por supostamente ofender os princípios da celeridade processual e da independência dos magistrados no ato de fundamentar.
Nos termos do art. 502 do CPC de 2015, denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso; o CPC de 1973, por sua vez, definia, no art. 467, a coisa julgada material como sendo a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. Logo, o termo “sentença”, previsto na legislação pretérita, foi substituído pela expressão “decisão de mérito”, o que abrange também as decisões interlocutórias de mérito.
A coisa julgada se divide em formal (produz efeitos apenas dentro do processo) e material (produz efeitos dentro e fora do processo), e os seus requisitos variam, sendo que, para a coisa julgada formal, basta haver o trânsito em julgado da decisão (de mérito ou não), e, para a coisa julgada material, são exigidos requisitos mais complexos, tal como o trânsito em julgado de uma decisão de mérito.
Em relação aos efeitos (ou limites) da coisa julgada, é importante destacar a inovação do parágrafo 1º e incisos do art. 503 do novo CPC, no sentido de que as questões prejudiciais, decididas expressa e incidentalmente no processo, também poderão fazer coisa julgada material, desde que, concomitantemente, sejam preenchidos alguns requisitos previstos naquele dispositivo.
Por fim, a doutrina elenca alguns limites à coisa julgada, a exemplo da possibilidade do ajuizamento de ação rescisória, das relações de caráter continuado, nos casos de investigação de paternidade que envolvam novas técnicas (como o exame de DNA), e a existência de erros materiais ou de cálculo.
REFERÊNCIAS
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