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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA – UNIVAP Jade Ribeiro ANSIEDADE E DEPRESSÃO: TRANSTORNOS QUE MAIS CRESCEM NO MUNDO. São José dos Campos, SP 2018 Jade Ribeiro ANSIEDADE E DEPRESSÃO: TRANSTORNOS QUE MAIS CRESCEM NO MUNDO. Relatório apresentado como parte das exigências da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Comunicação, da Universidade do Vale do Paraíba. Orientadora Prof. Dra. Kátia Zanvettor Ferreira. São José dos Campos, SP 2018 RESUMO A proposta deste trabalho é discutir, por meio de um livro-reportagem, os transtornos psicológicos - Ansiedade e Depressão. A reportagem irá destacar, por meio de entrevistas com profissionais - como psicólogos, terapeutas e médicos da área, qual o papel da sociedade para o aumento e cura desses transtornos. Utilizando como ferramenta de reportagem as histórias de vida - incluindo a da autora do trabalho, o livro mostrará como cada doença se manifesta, mostrando seus subgêneros, indo das características gerais aos sintomas, cura e controle do transtorno. Com base investigativa no jornalismo científico, as informações presentes procurarão ser claras e acessíveis falando tanto com o público leigo quanto com especialistas no assunto, porém, para a produção final do livro reportagem utilizaremos as referências textuais do jornalismo literário. Palavras-chave: Ansiedade, Depressão, Transtornos Psicológicos, Jornalismo Literário, Jornalismo Científico, Histórias de Vida; ABSTRACT The purpose of this paper is to discuss, through a book-report, the psychological disorders - Anxiety and Depression, together with the symptoms, and the role of society to increase and cure the great contemporary discomfort. The report will highlight, through interviews with issues of interest - such as psychologists, therapists and doctors in the area, what is the role of society unimportant and the safety of these disorders. Using a reporting tool such as life stories - including the author story, showing each disease its manifestation, showing its subgroups, going to its characteristics to the processes of symptoms, healing and control of the disorder. Based on research in scientific journalism, how information is being researched and addressed as a public basis for the publication of textual texts of literary journalism. Key Board: Anxiety, Depression, Psychological Disorders, Literary Journalism, Scientific Journalism, Life Stories; SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 09 2 TEMA 10 3 PROBLEMA 11 4 OBJETIVO 12 4.1 Objeto Geral 12 4.2 Objeto Específico 12 5 JUSTIFICATIVA 13 6 METODOLOGIA 15 7 O PRODUTO LIVRO: ENTRE O JORNALISMO CIENTÍFICO E O LITERÁRIO 17 7.1 Jornalismo Científico 17 7.2 Jornalismo Literário 18 8 REFERENCIAL TEÓRICO 20 8.1 Ansiedade 20 8.1.1 Categorias 20 8.1.1.1 TAG: Transtorno de Ansiedade Generalizada 20 8.1.1.2 TAS: Transtorno de Ansiedade Social 23 8.1.1.3 Transtorno do Pânico 25 8.1.1.4 Fobias Específicas X Agorafobia 26 8.1.1.5 TOC: Transtorno Obsessivo Compulsivo 28 8.1.1.6 TEPT: Transtorno de Estresse Pós-Traumático 31 8.2 Depressão 34 8.2.1 Categorias 34 8.2.1.1 Depressão Clássica 34 8.2.1.2 Bipolaridade 36 8.3 Suicídio 39 9 PAPEL DA SOCIEDADE NA ABORDAGEM DA DEPRESSÃO E ANSIEDADE 42 9.1 Papel da Família 43 9.2 Papel da Mídia 43 9.2.1 Jornalismo 44 9.2.2 Revistas Nacionais 45 9.2.3 Internet e Juventude 49 9.2.4 Redes Sociais 50 9.2.5 YouTube 52 9.2.6 Filmes 52 9.2.7 Documentários 52 9.2.8 Séries 54 9.3 Papel do Governo 54 10 PAPEL SOCIAL E PROCESSOS DE CONTRAPONTO À BANALIZAÇÃO DOS TRANSTORNOS 46 10.1 Baleia Rosa 57 10.2 Centro de Valorização da Vida 57 10.3 Janeiro Branco 57 10.4 Setembro Amarelo 57 11 PRODUTO 58 11.1 Livro 58 11.2 Capa 58 12 CUSTOS 60 13 CONSIDERAÇÕES FINAIS 62 14 REFERÊNCIAS 63 15 APÊNDICES 67 16 ANEXOS 86 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Sintomas psicológicos e físicos da TAG 22 Tabela 2 - Sintomas do transtorno do pânico 26 Tabela 3 - Fobias mais comuns 27 Tabela 4 - Países com maiores índices de depressão 33 Tabela 5 - Fatores psicossociais e individuais (suicídio) 40 Tabela 6 - Sintomas na crise suicida 40 Tabela 7 - Fatores precipitantes do suicídio 40 Tabela 8 - GlossárioSuperinteressante 46 Tabela 9 - Custos com o livro 60 Tabela 10 - Custos para a produção do livro 61 Tabela 11 - Custos para a impressão do livro 61 LISTA DE FIGURAS Figura 1-Fobia social 23 Figura 2- Sintomas da fobia social 24 Figura 3- Sintomas da agorafobia 28 Figura 4- Sintomas do TOC 30 Figura 5- Sintomas TEPT 32 Figura 6- Sintomas da depressão clássica 35 Figura 7- Sintomas bipolaridade (depressão e mania) 38 Figura 8- Frases de alerta (suicídio) 41 Figura 9- Corda (suicídio) 42 Figura 10- Capa da Superinteressante 47 Figura 11 - Analogia à série 13RW 48 Figura 12 - Revista Mundo Estranho/2018 49 Figura 13 - Mídia Social e Saúde Mental e Bem-Estar dos Jovens 51 Figura 14 - Capa do livro 59 Figura 15 - Marca página 60 9 1 INTRODUÇÃO Ansiedade e depressão são os transtornos psicológicos mais comuns no planeta. Até 2020 a depressão será a causa de morte (¿) mais incapacitante em todo o mundo, e mesmo com os dados alarmantes, além dos números altíssimos de suicídio (grave consequência dos distúrbios) de alguma forma o assunto é banalizado por parte da população, e para outros acaba sendo um tabu, ou seja, não se é discutido/abordado como deveria. Neste trabalho vamos discutir que sociedade tem papel imprescindível na cura e tratamento dessas doenças. Começando pelos pais/família, a pessoa precisa ter o apoio para mostrar a si mesma que consegue superar seus obstáculos. Também questionamos o papel da mídia e apontamos que sua atuação é tão importante quanto os outros agentes sociais. É de extrema importância saber abordar bem o assunto sem causar gatilhos ou tratar o tema de forma medíocre. Finalizando, discutimos também o governo tem o papel de prestar um serviço de qualidade à população. Com bom atendimento médico, campanhas preventivas, entre outros. 10 2 TEMA Papel da sociedade em relação ao aumento da ansiedade e depressão no mundo. 11 3 PROBLEMA Por que ainda prevalece a minimização da importância da depressão e ansiedade por parte da população mesmo sendodistúrbios que crescem significativamente e trazem consequências para toda a sociedade? 12 4 OBJETIVO 4.1 Objetivo Geral ● Analisar o aumento da depressão e ansiedade no mundo e entender o papel da sociedade neste processo. 4.2 Objetivos Específicos ● Por meio do jornalismo científico identificar pessoas que já passaram ou estão passando pelos distúrbios, descrevendo suas histórias de vida e compreender qual foi o papel do entorno social no processo de agravamento ou cura da doença; ● Identificar discursos que minimizem os transtornos às pessoas que com eles sofrem; ● Reunir dados quantitativos sobre a ocorrência da depressão e ansiedade; ● Discorrer com especialistas sobre a seriedade da indiferença por parte da população em relação aos transtornos psicológicos; ● Explicar, esclarecer e informar sobre os distúrbios citados, expondo as causas e os sintomas de cada uma delas usando o jornalismo científico e literário como ferramenta de trabalho; ● Produção de um livro-reportagem sobre o tema escolhido com inspiração no jornalismo literário. 13 5 JUSTIFICATIVA Depressão e ansiedade são os dois transtornos mais comuns no planeta. Afetando em torno de 322 milhões de pessoas no mundo, sendo 5,8% apenas no Brasil (em torno de 11,5 milhões de habitantes), a depressão teve um aumento em mais de 18% entre 2005 e 2015, segundo a Organização Mundial de Saúde (2017). A depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo. Apesar de possuir tratamento, o transtorno pode acarretar ao suicídio. Atingindo cerca de 1 pessoa a cada 4 segundos, sendo 800 milhões de pessoas ao ano, de 70 a 80% dos óbitos são causados pela depressão - sendo a segunda principal causa de morte entre pessoas com idades de 15 a 29 anos. "É mais um mal-estar físico, uma doença corriqueira, mas séria. Ela não tem sintomas físicos evidentes, não escolhe idade, ou sexo, podendo acometer 5% da população e entre 10% a 20% hão de passar por ela em algum período da vida". (SOUSA, 2002, p.19). De acordo com a OMS (2017), é necessário aumentar os investimentos nos países para a saúde mental. Em países de primeiro mundo, 50% da população com depressão não tem o tratamento adequado, já nos países menos desenvolvidos, a incidência chega de 80 a 90%. A ansiedade afeta em torno de 264 milhões no mundo (3,6%), e os brasileiros lideram como o país 'mais ansioso' afetando 9,3% da população - 18,6 milhões de pessoas. Desde 2015, teve um aumento de 15%. Segundo SILVA (2011), a ansiedade afeta grande parte da população em geral. "[...] 25% das pessoas apresentam algum tipo de transtorno de ansiedade ao longo de suas vidas". (SILVA, 2011, p.28). Tendo em vista os dados apresentados, o objetivo do projeto é mostrar as consequências do descaso por parte da população e das autoridades em relação ao aumento significativo da ansiedade e depressão. Usando depoimento de pessoas que passaram ou estão passando pelos transtornos escolhidos, o projeto tem o intuito de mostrar a vida dos personagens, 14 contando os obstáculos que passaram, a reação de familiares e amigos no tratamento dos distúrbios, entre outros. O tema será apresentado de maneira aprofundada, usando como instrumento de trabalho o jornalismo literário, tendo o propósito de informar, explicar e esclarecer de uma maneira geral, os sintomas e causas dos transtornos. 15 6 METODOLOGIA O propósito do projeto é tornar o tema mais simples e de fácil compreensão aos leitores, dessa forma, a metodologia escolhida para produzir o livro foi a exploratória, que “têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema” (GIL, 2002, p. 41). Para Triviños (1987), a pesquisa qualitativa "tem o ambiente natural como fonte direta dos dados e o pesquisador como instrumento-chave". Por ser uma temática de profundos estudos, estatísticas, dados, preconceitos e contradições, o livro-reportagem parece ser o produto mais adequado para trabalhar e também nos aproveitamos do conceito de pesquisa do jornalismo científico para embasar os estudos mais técnicos. Porém, tendo o intuito de priorizar as histórias de vida – vida essas, geralmente difíceis de se expressar - o livro fará uso de recursos do jornalismo literário trazendo informações qualificadas com mais liberdade, e cruzando com a história de vida da própria autora. A metodologia como histórias de vida pode aparecer como entrevista clássica ou depoimento direto, segundo LIMA (2004). O livro trabalhará o método suporte de pesquisa "em que os depoimentos se constituem na base mesma da reportagem". Como Lima aborda em seu livro, o objetivo é evidenciaro aspecto humanização durante a leitura, - que se mostra em reportagens com aprofundamento. . Para fomentar as pesquisas que deram base científica ao trabalho usamos metodologia de investigação baseados em conceitos do jornalismo científico - que será explicado detalhadamente adiante, porém, ao desenvolver o livro pretendemos trabalhar com as categorias de escritas provindas do jornalismo literário - também terá uma explicação aprofundada posteriormente. Com o intuito de passar uma história em primeira pessoa, além do histórico da escritora, o livro-reportagem trará "cor, vivacidade, presença". Como diz LIMA (2004), é preciso entregar-se aos acontecimentos e situações, vivendo na pele, as circunstâncias ao ambiente dos personagens. Com base em análises realizadas por especialistas da área, – livros, revistas e sites com bom aprofundamento deste, a pesquisa bibliográfica será para assimilar, de maneira concisa, sobre os transtornos, estudando suas causas. 16 Quero passar um material responsável, que consiga trazer segurança e satisfação ao leitor sobre o conteúdo apresentado. Como define Gil (2002), a pesquisa documental tem semelhança com a bibliográfica, podendo incluir documentos como texto pessoal, fotografias, gravações e outros, assim, completando o projeto final. O levantamento servirá para gerar dados quantitativos referentes ao aumento dos transtornos psicológicos, dando uma base maior e melhor ao texto. O jornalismo científico precisa ter precisão, além de apurar a fundo as informações. Os dados precisam ser confiáveis, feito em um texto claro e conciso, sem partidarismo (MELO e RIBEIRO, 2014). Para a coleta de dados, decidi trabalhar por meio de entrevistas, seja por pauta ou informal. Por ser um assunto visto por muitos como um tabu, é imprescindível passar confiança aos entrevistados. Profissionais como psiquiatras, terapeutas e psicólogos– que trabalham diretamente na área serão contatados, mas também poderá ter opiniões de filósofos, familiares e amigos dos envolvidos. Reunindo o jornalismo e a literatura, o livro-reportagem "é a que mais se apropria do fazer literário" (LIMA, 2004). O autor afirma que o termo jornalismo literário surgiu para nomear a narrativa do jornal que emprega recursos da literatura. Ele diz que esse novo jornalismo representa uma língua viva, "sua referência a um palpitante mundo imaginário no primeiro, a uma realidade sensualmente palpável, no segundo. 17 7 O PRODUTO LIVRO: ENTRE O JORNALISMO CIENTÍFICO E O LITERÁRIO O produto final do trabalho será um livro-reportagem, ou seja, tem o acontecimento e a atualidade como aspectos essenciais (ROCHA e XAVIER, 2012). A elaboração do livro conta com a pesquisa e o documento como fontes primordiais. Segundo os autores, um dos métodos geralmente abordados é a humanização, isto é, aproximar o leitor dos dados e informações “fazendo o movimento de deslocamento de algo universal para o âmbito particular ou pessoal”. Para LIMA (2004), o livro-reportagem possui três características essenciais que se distinguem das demais publicações, são elas: o conteúdo que será abordado, o tratamento utilizado durante o texto, além da função que será destinada. Para ele, o livro não apresenta periodicidade, tendo quase um “caráter monográfico, bem como seu conceito de atualidade deve ser compreendido sob uma ótica de maior elasticidade do que o que se aplica às publicações periódicas”. Para o autor, a maneira mais simples de entender a produção do livro- reportagem é pensar nele como fruto da inquietude do jornalista que tem algo a dizer, especialmente quando não se tem a liberdade para fazê-lo no âmbito de trabalho ou na imprensa do dia a dia. É de procurar fazer um projeto que lhe permita usar toda a sua capacidade na construção de narrativa da realidade (LIMA, 2004). 7.1 Jornalismo Científico O jornalismo científico (JC) é o envolvimento do Jornalismo com a ciência. Como diz MELO e RIBEIRO, é uma área sombria e sutil. O JC não trabalha com inconstância ou com imposições. A importância de se popularizar temas relacionados às questões da ciência, particularmente, no nosso caso da saúde, vem de um dos objetivos principais do JC, ou seja, levar a informação do mundo da ciência de maneira clara e simples ao homem comum. Segundo os autores acima, o segundo item seria despertar o interesse científico nas pessoas, ativar a indagação científica. Como a depressão, em especial o suicídio ainda é visto como tabu para boa parte da sociedade, trazer o jornalismo científico fará com que o tema não seja mais um monstro de sete cabeças. De maneira direta e eficaz, o objetivo é passar uma 18 compreensão de como cada transtorno funciona, a possibilidade de cura, e que todos possuem um papel na melhora, ou não, da pessoa que está com o distúrbio. Para finalizar, os autores afirmam que para se fazer um bom jornalismo científico a regra é a mesma válida para o geral, seja nos esportes ou policial. Ele deve ser honesto, novidadeiro e autêntico. O JC procura ter qualidade jornalística, ou mesmo o literário. 7.2 Jornalismo Literário O jornalismo literário (JL), de todas as formas de comunicação jornalística, é o que mais de toma do fazer literário (LIMA, 2004). Para o autor, essa proximidade da escrita no JL faz com que os jornalistas se sintam inspirados a encontrarem seus próprios caminhos narrando a realidade. “É possível verificar que o atual jornalismo literário transmutou o legado do new journalism e o aproveita, em parte que seja, como mais um exemplo dos processos pelos quais os sistemas reagem aos interesses ocasionais que despontam em sua periferia”, (LIMA, 2004). Como o camaleão, o jornalismo capta os elementos do literário e transforma- os, direcionando-os para outros fins. LIMA também comenta o fato de que este tipo de jornalismo tem o propósito de reportar melhor a realidade. As empresas de comunicação atuais não querem perder mercado, ou seja, é uma corrida contra o tempo para deixar os leitores informados minutos depois que a notícia foi descoberta. Resultado? Matérias sem aprofundamento e apuração devidas, isto é, um dos motivos cruciais do livro-reportagem é estender o assunto ao máximo, abordando todos os detalhes e pontos de vista – itens que não possíveis com a correria de um jornal diário, por exemplo. Para Fontcuberta (1999), é preciso priorizar quatro de cinco elementos no jornalismo tradicional, sendo: novidade, periodicidade, atualidade, veracidade e interesse público. O objetivo do livro-reportagem não só é trazer mais informações, como deixar o leitor mais confortável com a leitura, mais atento ao que está sendo passado. “A arte literária, por sua vez, encontra no jornal uma notoriedade diferente, uma proximidade maior com o público”, (OLIVEIRA, 2006). Um exemplo clássico de jornalismo e literatura é o livro-reportagem de Caco Barcellos, Rota 66, em que conta sobre a Polícia Militar Paulista. Caco não só 19 aborda e descreve os acontecimentos como também se torna personagem da história, assim, juntando sua atuação e papel no jornalismo aos relatos que apurou. “O jornalismo e a literatura são híbridos no livro-reportagem e que por isso, a estrutura narrativa deste veículo se aproxima bastante daquele que compõe o texto ficcional, para transformar esta informação factual em conflito literário”, (OLIVEIRA, 1999). Em seu livro, Caco mostra ser possível construir uma narrativa acrescentando elementos jornalísticos, sem perder a essência e responsabilidade que o jornalismo traz. 20 8 REFERENCIAL TEÓRICO No dicionário, transtorno é perturbação, alteração, mudança. Desarranjo mental. Já o psicológico é definido como 'mostrados e/ou enfatizados os lados psicológicos do comportamento e das motivações humanas'. Ou seja, o transtorno psicológico é adesordem do comportamento. “Aceita-se o uso da expressão “transtornos” ou “distúrbios mentais” para se referir aos problemas psicopatológicos”. (ASSIS, 2018). O autor afirma que para designar um transtorno, a pessoa precisa ser atingida por diversos sintomas que fazem seu comportamento ser considerado ‘fora do comum’. 8.1 ANSIEDADE A ansiedade, para muitos, é apenas o pensar demais em determinado assunto, ou ficar nervoso demais com um evento da próxima semana, mas as características se mostram bem mais significativas. Afetando mais de 260 milhões de habitantes no mundo – segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em torno de 3,6%, a ansiedade é líder no Brasil. Conhecido por ser o 'país mais ansioso', 9,3% dos brasileiros carregam a inquietude dentro de si - quase 20 milhões de pessoas, e desde 2015, teve um aumento expressivo de 15%. 8.1.1 Categorias Boa parte da população acha que ansiedade é algo singular, sem repartições, mas dentro desse mediano nome, têm muito subgêneros: ● TAG: Transtorno de Ansiedade Generalizada ● TAS: Transtorno de Ansiedade Social ● Transtorno de Pânico ● Fobias Específicas x Agorafobia ● TOC: Transtorno Obsessivo-Compulsivo ● Transtorno de Estresse pós-traumático 8.1.1.1 TAG: Transtorno de Ansiedade Generalizada 21 Autora do Mentes Ansiosas (2011), Ana Beatriz Souza define que o medo e a ansiedade são "primos-irmãos" e sempre estarão juntos. Essa definição se adéqua bem, afinal, a ansiedade é vista como o medo do futuro, a antecipação da dor no peito, pré-ocupar com compromissos que podem acontecer amanhã, ou no próximo mês. O TAG é uma doença crônica. Considerada por muitos como um transtorno de personalidade, pois “muitos indivíduos com esse problema não conseguem informar uma idade de início definitiva, dizendo que ela os tem acompanhado a vida toda” (BARLOW, 2013). O Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais(DSM 5) afirma que dificilmente o TAG acometerá a pessoa antes da adolescência, porém, por ser um problema crônico, os sintomas tendem a ter remissões e recidivas ao longo da vida, “flutuando entre formas sindrômicas e subsindrômicas do transtorno. As taxas de remissão completa são muito baixas”. TAG está agregado ao medo e inquietude em relação à ansiedade.Um terço das pessoas que apresentam o transtorno são por fatores genéticos. Superproteção parental também pode ser associado ao TAG. Pouco mais da metade dos acarretados pela ansiedade são mulheres, uma taxa que varia entre 55 e 60%. (DSM 5, 2013). Paciente portadores de TAG costumam ficar presos em uma série de preocupações sobre variados temas, que uma vez iniciados, dificilmente conseguirão parar, sendo uma das causas associadas à ansiedade pode estar relacionada a problemas interpessoais (BARLOW, 2013). Uma pesquisa documentou que pessoas portadoras de TAG relatam aumento da sensibilidade à ansiedade, assim, preocupam-se com a própria preocupação. “A ansiedade e a preocupação também podem fazer as pessoas se sentirem como se estivessem no piloto automático, ou que suas vidas são consumidas por coisas que elas têm de fazer em vez de coisas que elas escolhem fazer”. (BARLOW, 2013). Pessoas ansiosas tendem a usar estratégias como forma de afastar esses sentimentos e pensamento, mas esses esforços repetitivos e cansativos são falhos, fazendo com que o sofrimento aumente e permaneça ainda mais dentro de si. 22 Sintomas Conhecida como a Bíblia Psiquiátrica, o DSM 5 mostra o Transtorno de Ansiedade Generalizada como ansiedade e preocupação excessiva na maioria dos dias – tendo dificuldade de controlar essa apreensão, por ao menos seis meses. Entre os seis itens de diagnósticos (sendo apenas um para crianças), temos: Tabela 1 - Sintomas psicológicos e físicos da TAG Sintomas psicológicos Sintomas físicos Inquietação; Sudorese Fadiga excessiva; Contrações Sensação de ter um branco na mente; Falta de ar Grande irritabilidade; Diarreia Sono irregular (sendo inquieto ou insatisfatório). Tremores Tensão muscular; Náusea Fonte - DSM (2015) Além da parte psicológica, muitas pessoas são inundadas por sintomas físicos como: Apesar de existir uma associação dos suicídios à depressão pelo senso comum, os dados apontam que uma grande parcela está associadas à ansiedade. Em pesquisa do The Epidemiology of Generalized Anxiety Disorder in Europe, relatado pelo artigo Risco de Suicídio e Comorbidade Psiquiátricas no Transtorno de Ansiedade Generalizada, de 2015, mostrou que um paciente com transtorno de ansiedade apresenta 33 vezes mais risco de se suicidar do que a população geral que apresenta apenas depressão maior. Esse mesmo estudo afirma que a presença de depressão está associada à ansiedade, ou seja, cerca de 70% das pessoas com o transtorno terão depressão em algum momento da vida, o que aumenta as chances de suicídio em até seis vezes maior do que pessoas que não possuem essa comorbidade. 23 8.1.1.2 TAS: Transtorno de Ansiedade Social As pessoas podem confundir o transtorno de ansiedade social com grande timidez, ou anti socialidade, o que não é incomum, já que os portadores da fobia social costumam ser mais introvertidos e de pouca conversa, porém, como a pouca ansiedade é natural, mas em demasia traz prejuízos, o retraimento exagerado pode causar grandes consequências à pessoa. O Congresso Brasileiro de Psiquiatria mostra que a fobia social atinge em torno de 13% dos brasileiros, ou seja, 26 milhões de pessoas sofrendo com suas inibições e inseguranças. Em relação à média mundial é de 7%. Figura 1 - Ilustração sobre fobia social Em uma entrevista com o psiquiatra Márcio Benik, Dráuzio Varella aborda sobre a fronteira do acanho comum para a ansiedade social, e o psiquiatra afirma que dificilmente saberemos a linha divisória entre o sentimento normal para o transtorno, de fato. 24 Sintomas Um dos critérios cruciais para o diagnóstico é o medo marcante e forte que acontece em situações sociais. Essas situações envolvem sustentar conversas com pessoas pouco conhecidas, ser observado de qualquer maneira, em qualquer lugar, ou em uma situação em que a pessoa precise mostrar alguma forma de comportamento e desempenho pessoal. Figura 2 - Sintomas da fobia social Fonte - DSM (2015) 25 Dentre os outros itens da lista do DSM, tem demonstração de ansiedade que será avaliada negativamente – que o avaliarão de maneira humilhante, por exemplo (em crianças, os sintomas podem ser desencadeados por choros, ataques de raiva ou quando se agarra aos pais).Esse medo e ansiedade causa danos em ambientes do dia a dia, como trabalho ou escola.Ou seja, a essência da fobia/ansiedade social é o medo de ser avaliado de maneira negativa por outras pessoas, medo esse que é visto como irracional – tirando casos como bullying, por exemplo. Apesar de poder acometer pessoas que sofreram maus-tratos na infância, um dos fatores de risco real é a genética. “Parentes de primeiro grau têm uma chance 2 a 6 vezes maior de ter o transtorno”. (DSM 5, 2013). "A fobia social é extremamente complexa na sua origem. No transtorno de pânico, por exemplo, a possibilidade de ocorrência da doença por fatores genéticos gira em torno de 70% e os fatores ambientais pesam pouco; na fobia social, ao contrário, apenas por volta de 30% dos casos podem ser atribuídos a causas genéticas. O restante se deve a vivências complexas". (BENIK, 2017). As principais consequências registradas pela fobia são: problemas no ambiente escolar, chegando ao abandono dos estudos. Produtividade baixa no ambiente de trabalho também é bem comum, e claro, mal-estar elevado. 8.1.1.3 Transtorno de Pânico Acompanhado de sintomas físicos e psicológicos, o 'ataque de pânico' se difere do temor e medo intenso que conhecemos. Em torno de 10% da população,o transtorno atinge duas mulheres para cada homem, sendo em sua maioria, os jovens - podendo ver indícios antes dos 14 anos e tendo seu maior pico na maioridade, mas também se manifesta em adultos e idosos(DSM, 2013). Nos Estados Unidos, segundo o DSM, a média de início é entre 20 e 24 anos, sendo que em algum momento da vida, 5% dos adultos terão algum episódio de transtorno do pânico. As causas podem estar ligadas a genética, a perda de alguém importante, pressões no trabalho e escola, além de fatores sociais ligados ao estresse. 26 Inesperadamente, grande parte das pessoas alegam que o primeiro ataque acontece sem um fator justificativo, sendo presenciado em locais fora de casa, como escola, trabalho, ou dirigindo, por exemplo. O ataque também pode ser noturno. Entre 1 e 3 horas após o início do sono (BARLOW, 2016), a pessoa acorda no estado de pânico, sem motivo que desencadeia a crise. Sintomas Quem está sob um ataque de pânico, tem a necessidade de fugir do ambiente em que está sentindo-se ameaçado, a pessoa pressupõe que algo ruim acontecerá, seja o medo de perder o controle, alguma maneira de ser ridicularizada, ou até a morte. Para o DSM, o transtorno de pânico deve ser inesperado e recorrente, correspondendo ao menos quatro itens em uma lista de 13 sintomas - físicos e cognitivos, são eles: Tabela 2 - Sintomas (transtorno do pânico) Palpitação, coração acelerado Sensação de sufocamento Sudorese Sensação de Asfixia Tremores Sensação de Formigamento Medo de perder o controle Sensação de Irrealidade Medo de morrer Calafrios Náuseas Vertigem Fonte - DSM (2015) 8.1.1.4 Agorafobia x Fobias Específicas O DSM afirma que, no geral, 75% das pessoas que possuem alguma fobia específica, temem mais de um objeto ou situação - sendo, em sua maioria, três medos.Nos Estados Unidos, a taxa de prevalência em 12 meses é de 7 a 9%, sendo próxima à Europa e baixa em países africanos e asiáticos e latino-americano (por volta de 3 a 4%). 27 As dez fobias mais comuns são: Figura 3 - Fobias mais comuns TOP Medos Fobia 1 Altura Acrofobia 2 Lugares Cheios Agorafobia 3 Aranha Aracnofobia 4 Baratas Catsaradafobia 5 Cachorros Cinofobia 6 Lugares Fechados (elevador/avião) Claustrofobia 7 Escuro que persiste após a infância Escotofobia 8 Falar em Público Glossofobia 9 Sangue Hematofobia 10 Dentistas Odontofobia Fonte - DSM (2015) "Os indivíduos com fobias específicas têm até 60% mais probabilidade de fazer uma tentativa de suicídio do que indivíduos sem o diagnóstico". (DSM 5, 2013). É provável que a alta taxa se deva à comorbidade com transtornos da personalidade e outros transtornos de ansiedade. Fobias específicas de animais, ambiente natural e situacional são majoritariamente experimentadas por mulheres, enquanto fobias por sangue- ferimento-injeção são experimentadas por ambos os sexos igualmente (DSM 5, 2013). "A agorafobia é a evitação ou a persistente apreensão a respeito de situações das quais pode ser difícil escapar ou em que não há ajuda disponível em caso de ataque de sintomas semelhantes ao pânico [...] ou outros sintomas que poderiam incapacitar, como perda de controle intestinal ou vômito". (BARLOW, 2016). 28 Figura 4 - Sintomas da agorafobia Fonte - DSM (2015) 8.1.1.5 TOC - TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO Erroneamente vemos por aí pessoas que soltam frases como "fulano tem certa mania", "cicrano tem uma mania estranha", ou seja, ao cair no dito popular, mania virou sinônimo de hábito/costume, mas como já dito anteriormente, mania é um estado de grande euforia causado em pessoas que possuem bipolaridade. Outro erro comum é achar que perfeccionismo é sinônimo de transtorno obsessivo compulsivo, popularmente conhecido como TOC. 29 O TOC, como o nome já diz, é o pensamento obsessivo e compulsivo que aflige completamente a quem acomete. Considerada parte de um dos transtornos de ansiedade, segundo o DSM-5, as obsessões são pensamentos repetitivos e persistentes que, em algum momento, serão tratados como intrusos, causando grande sofrimento à pessoa. Ao ter a mente invadida pelas obsessões, a pessoa encontrará alguma compulsão para aliviar a ansiedade. Essa compulsão é caracterizada por comportamentos repetitivos, seja acender e apagar a luz vezes seguidas, lavar as mãos a cada dez minutos ou checar se a porta está trancada a cada cinco minutos. "Todo mundo tende a pensar coisas desagradáveis. Todos temos também a tendência de tentar corrigir erros e evitá-los. Sem isso seríamos incapazes de cuidar minimamente de nosso bem-estar. Portanto é importante termos esta característica funcionando de maneira adequada, na intensidade e na frequência corretas. Quando esse circuito degringola, passando a funcionar muito intensa e repetidamente, abre-se o caminho para o desenvolvimento do TOC". (SILVA, 2011). Em estudo do DSM foi constatado que 90% das pessoas que possuem TOC afirmaram que o objetivo das compulsões seria para impedir ou reduzir a aflição causada pela obsessão.Dificilmente o TOC ocorrerá isoladamente. Em estudo foi concluído que 49% das pessoas também sofriam de um transtorno de ansiedade comórbido e quase 30% de depressão. (BARLOW, 2016). 30 Figura 5 - Sintomas (TOC) Fonte- DSM (2015) Apesar de existir diversos tipos de TOC, alguns entram na lista como mais comuns. Segundo uma entrevista do site Cuidados pela Vida com o psiquiatra Eduardo Wagner Aratangy, da USP, transtorno ligados a contaminação, limpeza, checagens e insegurança estão entre os mais populares. DSM afirma que até 30% das pessoas com TOC têm algum transtorno de tique ao longo da vida - sendo mais comum no sexo masculino. Cerca de 3% da população possui algum transtorno obsessivo compulsivo, segundo a OMS. Ela também diz que até o ano 2020 o TOC estará entre as dez causas mais 31 importantes de comprometimento por doença. No Brasil, o distúrbio afeta em torno de oito milhões de pessoas. O site Tela Vita fez um infográfico com dados do TOC mostrando que 68% das pessoas com o transtorno também possuem depressão e 35% apresentam fobia social. Cerca de 35% já pensaram em suicídio e 11% já tentaram se matar. "Entre parentes de primeiro grau de indivíduos com início de TOC na infância ou adolescência, a taxa é aumentada em 10 vezes". (DSM, 2013). Em Mentes e Manias, a autora traz um exemplo a fim de entendermos o que se passa na cabeça de alguém com TOC: A pessoa pode ter pensamentos ou medos que nós consideraríamos estranhamente bizarros, como "ter engolido uma agulha quando estava pregando um botão". No mundo do TOC é possível encontrar outras maneiras de obsessões, são elas: ● Transtorno Disfórico Corporal: preocupação excessiva com falhas ou defeitos na aparência física. ● Transtorno de Acumulação: Dificuldade de descartar e se desfazer de pertences, independente do seu real valor. ● Tricotilomania: Comportamento recorrente de arrancar os próprios cabelos. Outro transtorno semelhante é chamado de transtorno de escoriação, em que a pessoa belisca a si mesma constantemente, causando escoriações na pele. Sintomas Segundo o DSM, dentre os sintomas mais comuns causados por quem tem transtorno obsessivo compulsivo, estão: 8.1.1.6 Transtorno de Estresse Pós-Traumático O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) tem como característica principal a exposição da pessoa a algum evento traumatizante. Segundo o DSM, esses eventos costumam ser (sem limitações) a abusos físicos, agressões, violência doméstica, morte natural, acidentes, guerras, entre outros. "Nos Estados Unidos, o risco ao longo da vida para TEPT usando os critérios do DSM-IV aos 75 anos de idade é de 8,7%". (DSM, 2013). De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministérioda Saúde, 32 dentre as vítimas de estupro, cerca de 23% delas desenvolvem estresse pós- traumático. Cerca de 60% dos homens e 50% das mulheres passarão por algum acontecimento traumático em suas vidas, segundo o Departamento Americano de Questões dos Veteranos de Guerra. Nesse mesmo estudo é mostrado que por volta dos 8 milhões de americanos sofrem do transtorno em algum momento de suas vidas. Dados de estudo da OMS feito em 21 países revelou que cerca de 21% das pessoas sofreram algum tipo de violência. Mais de 15% deles tiveram experiências com guerras e mais de 10% sofreram com a perda de um ente querido. Figura 6 - Sintomas (TEPT) Fonte - DSM (2015) 33 8.2 Depressão A depressão é comumente conhecida por muitos apenas como tristeza, mas uma busca rápida na internet é capaz de mostrar termos como melancolia (nome usual para Freud), exaustão e definhamento. O Manual Clínico dos Transtornos Psicológicos nos traz uma prevalência durante a vida do americano de quase 30% para depressão maior.Países comrenda maior tendem a ter mais depressivos do que os de renda média/baixa, sendo 14,6% contra 11,1%. Um estudo de 2012 feito pelo BMC Medicine, jornal médico britânico mostrou os países mais depressivos do mundo – contendo a porcentagem em linhas gerais: Tabela 10 - Países com maiores índices de Depressão Tabela 3 - BMC Medicine TOP Países % 1 França 21 2 Estados Unidos 19,2 3 Brasil 18,4 4 Holanda 17,9 5 Nova Zelândia 17,8 6 Ucrânia 14,6 7 Bélgica 14,1 8 Colômbia 13,3 9 Líbano 10,9 10 Espanha 10,6 Fonte - DSM (2015) 34 Estudos da OMS de 2004 mostram que até o ano de 2030, a depressão estará entre as três principais causas no número total de vidas perdidas para doença, deficiência e morte prematura. “A depressão aumenta o risco de ataques cardíacos e é mais comum em pessoas com problemas crônicos, como obesidade, diabetes, doença cardiovascular, câncer, asma e artrite”, (NIMH, 2006)”. Ao menos 50% das pessoas que já tiveram algum episódio de depressão, terão outro dentro de dez anos. Para quem teve dois episódios, as chances sobem para 90% de ter uma terceira crise, segundo estudos da US National Library of Medicine, de 1996. Durante o 1° Seminário Depressão na Adolescência Não é Drama. É Doença – as influências das drogas, a evolução ao suicídio e o papel essencial da família feita em São José dos Campos em abril de 2017, o psiquiatra Wander Filho trouxe dados sobre a prevalência da depressão nas escolas, que varia em menos de 1% na pré-escola americana e 3,7% entre os adolescentes.No Brasil, crianças até 6 anos possuem uma prevalência de 1,3% e até os 18 anos em 4%. Ao decorrer do seminário, a vereadora e psicóloga Patrícia Bezerra aponta os dados da Unicef: No Brasil, jovens entre 14 e 25 anos (21%) têm sintomas que indicam depressão. Entre as mulheres a proporção passa dos 25%. 8.2.1 Categorias Dentre os subgêneros da depressão, algumas costumam ser mais frequentes, são eles: ● Depressão Clássica ● Bipolaridade 8.2.1.1 Depressão Clássica Também conhecida como unipolar, clínica ou depressão maior, a depressão é vista com um estado sofrido para tudo virar um dilema, seja tomar um banho ou sair para comprar um pão na padaria. Pessoas entre 25 e 44 anos são os mais acometidos pela depressão clássica, segundo o Clínica Mayo, 2004. Sintomas 35 Autora do Mentes Depressivas, psiquiatra Ana Beatriz Souza conta que uma das palavras mais utilizadas por seus pacientes deprimidos é a exaustão. A psiquiatra traz em seu livro alguns dos sintomas psicológicos que a pessoa costuma sentir, são eles: Sentimento de impotência e sensação de perder o controle da vida; choro frequente e sem motivo em várias ocasiões durante o dia; sentimento de desesperança e menos-valia; mágoas constantes e autoestima reduzida; dificuldade em tomar decisões; redução na capacidade de atenção e leitura; esgotamento físico e mental; entre outros. Para um diagnóstico familiar/ de amigos, alguns sintomas costumam aparecer (segundo itens que Wander Filho traz) na Depressão Clássica: 36 Figura 7 - Sintomas depressão clássica Fonte - DSM (2015) 8.2.1.2 Bipolaridade Na astrologia é usada elementos da natureza para classificar temperamentos, como ar, água, terra e fogo. Alguns filósofos também classificam sentimentos em quatro tipos. Para entender a bipolaridade, é necessário pensar que, como nos signos, a pessoa também terá seus diversos humores. As pessoas costumam usar o termo bipolaridade para qualquer mudança de humor que presenciam, mas diferente do que pensam, o transtorno do espectro bipolar, termo que foi atualizado para o antigo psico maníaco-depressivo, é uma 37 doença grave e que atinge cerca de 4% da população mundial, ou seja, por volta de 27 milhões de pessoas, segundo a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). Iniciando por volta dos vinte anos, a bipolaridade tem caráter fortemente genético. Conhecidos pelo temperamento forte, pessoas do espectro bipolar possuem padrões de humor, sendo, segundo o Temperamento Forte e Bipolaridade, 2009: ● Hipertímicos: Costumam ser otimistas e aventureiros. Possuem boa liderança, mas podem se adaptar pouco a sistemas previsíveis, fazendo com que se tornem inquietos e irritados. ● Depressivos: Frequentemente pessimistas e tímidos. Possuem cautela em seus planejamentos, além de serem reservados, porém, a cautela em excesso pode gerar grande ansiedade. ● Ciclotímico: Característica essencial desse pessoal é a oscilação entre a autoconfiança baixa e alta. Costumam ser irônicos e extrovertidos, mas com seus momentos quietos e sonolentos. ● Irritáveis: A irritabilidade é constante. Costumam ser desconfiados e destrutivos. Para saber quando este humor está 'normal', procure perceber se ele é adequado para o momento. Apesar de os brasileiros usarem o termo mania como um hábito estranho ou incomum, o uso é completamente equivocado. Do grego μανία, a mania se caracteriza como um período de humor eufórico e acelerado ou irritável. A pessoa pode ter um nível mais brando, conhecido como hipomania, ou a mania (mais elevado e perigoso), segundo dados do Temperamento Forte e Bipolaridade, 2009. A bipolaridade possui tipo l, ll, lll e lV, quanto maior o número, menos grave o transtorno. A Bipolaridade l toda a variação de humor, porém com um nível bem mais alto, considerado a mania plena. A pessoa pode numa psicopatia a ponto de ter delírios e ouvir vozes, por exemplo. Na Bipolaridade ll a fase maníaca é mais serena, tendo também o nome de hipomania. Como no tipo l, a pessoa não é prejudicada significativamente, porém, a fase da depressão é mais profunda. 38 A Bipolaridade lll tem essa classificação pelo motivo de a pessoa chegar à fase hipomaníaca ou maníaca submetida por meio de algum medicamento, ou seja, o polo positivo só é exposto a partir do uso dessas drogas. Já na Bipolaridade IV, a pessoa não atinge os picos da mania e hipomania, mas sim, tem um histórico de humor mais irritável e extasiado. A Ciclotimia tem padrão de oscilação, mas sem chegar aos extremos (depressão e mania), podendo, mais tarde, manifestar episódios mistos ou de ansiedade. Alguns sintomas gerais (dados presentes no site da Associação de Apoio aos Doentes e Depressivos e Bipolares) podem ser observados por amigos e parentes: Figura 8 - Sintomas bipolaridade (depressão e mania) Fonte - DSM (2015) 39 Segundo Diogo Lara, algumas características que pessoas bipolares possuem podem ser consideradas parte de um 'armamento' psicológico de ataque, como: criatividade, entusiasmo, liderança e inovação, além da vocação para a conquista. "Muitas pessoas do perfil bipolar têm baixa tolerância à frustração e usam predominantemente os mecanismos dedefesa menos maduros" (LARA,2009). Bipolares são conhecidos por quererem 'tudo para ontem', como diz o ditado brasileiro. Diogo traz um exemplo didático para explicar o sentimento da pessoa que possui bipolaridade: "Se o peso ideal é 51 quilos, 49 não é um pouco mais magra, é um palito! E 54 é uma baleia!". Alguns artistas com espectro bipolar tiveram fama e exuberância, porém, tiveram fins trágicos, são eles: Elvis e Marilyn Monroe (americanos), Elis Regina, Cazuza e Renato Russo (brasileiros). Apesar de a bipolaridade não ser um transtorno exclusivamente dos artistas, estudos mostram que ele é bem mais frequente entre os 'famosos' do que na população geral. (LARA, 20309). 8.3 Suicídio Um levantamento da OMS de 2015 mostra que mais de 1,2 milhão de adolescentes morrem por causas evitáveis a cada ano, sendo o suicídio em segundo lugar entre jovens de 15 a 29 anos, perdendo apenas para acidentes de trânsito. Em Seminário feito em São José dos Campos1, deputado e médico, Carlos Bezerra cita um estudo sobre como o suicídio é tratado nas redes sociais. Em cerca de um milhão de postagens sobre o assunto que pegaram para o estudo, mais de 30% deles correspondiam a brincadeiras e gozações sobre o tema. A ONU nos traz um estudo de 2012 em que mostra mais de 800 mil óbitos causados por suicídio, ou seja, média de uma morte a cada 40 segundos, sendo de 7 a 8% menores de 19 anos. Setenta e cinco por cento delas ocorre em países de baixa e média renda. 11° Seminário: Depressão na adolescência não é drama. É doença! A influência das drogas, a evolução ao suicídio e o papel essencial da família. Seminário feito na Câmara de São José dos Campos em 16 de abril de 2018 (das 19h às 22h). 40 Carlos nos traz dados sobre o Brasil, em que alguns estados da região sul chegam a ter o suicídio como principal morte. Em 2014 foram quase 11 mil mortes. No mesmo seminário, ao iniciar a palestra sobre as mudanças físicas e comportamentais, o psiquiatra Wander Filho diz que 'cão que late, não morde' é um erro, e que as pessoas podem nos enganar ao apresentar uma felicidade e calma, quando na verdade ela está passando por vários problemas. Seguindo a palestra, ele nos traz alguns fatores sociodemográficos para o suicídio, são eles: ser do sexo masculino, adultos jovens (entre 19 e 49 anos) ou idosos, ser viúvo, divorciado ou solteiro. Ser homossexual, ateu, ou estar em grupos étnicos minoritários. Tabela 4- Fatores psicossociais e individuais (suicídio) Fatores psicossociais Fatores individuais Abuso físico ou sexual, - além de violência doméstica Histórico familiar com o suicídio Perda ou separação dos pais durante a infância Abuso de álcool e drogas Instabilidade na família Agressividade Desemprego ou aposentadoria Doença Mental: Cerca de 90% Bullying Tentativas de suicídio no passado Fonte - DSM (2015) Tabela 5 - Sintomas na crise suicida Em crises suicidas, sintomas: Transtornos psiquiátricos Tentativas prévias Suicídio na família Abuso na infância Impulsividade ou agressividade Fonte - DSM (2015) 41 Tabela 6 - Fatores precipitantes (suicídio) Fatores Precipitantes: Desilusão amorosa Separação conjugal Derrocada financeira Perda de emprego Vergonha de alguma situação Embriaguez Acessos aos meios - como armas e afins Fonte - DSM (2015) Algumas frases de alerta podem ajudar amigos e familiares a notarem o perigo: 42 Figura 9- Frases de alerta (suicídio) Fonte - DSM (2015) Patrícia Bezerra, psicóloga, na mesma palestra, apresenta dados fazendo um comparativo entre os anos 80 e 2014: A taxa de suicídio entre brasileiro de 14 a 29 anos aumentou 27,2%, segundo dados do SIM (Sistema de Informação de Mortalidade). Com o tratamento correto, 90% dos suicídios podem ser evitados. Ainda segundo Patrícia, para cada suicídio cometido, cerca de seis a dez pessoas próximas irão sofrer de adoecimento emocional pela falta de quem morreu. Ela mostra que o Brasil é o oitavo país no mundo em número de suicídios, porém é o segundo em 'suicídio adolescente'. O primeiro país é a Nova Zelândia, segundo a OMS, sendo quase 16 suicídios para cada 100 mil pessoas. Apesar de ser um país de primeiro mundo, essa elevada taxa de mortes por suicídio vem da pobreza na infância e gravidez na adolescência. 43 Figura 10 - Laço forca (suicídio) Conhecido como um dos países com piores índices de bullying, de acordo com a própria fundação de saúde mental da nova Zelândia.Entre os neozelandeses existe uma alta taxa de abuso infantil, violência familiar e pobreza, fazendo com que o índice de tirar a própria vida aumente ainda mais. Uma das causas possíveis pelo alto índice - segundo Patrícia, pode ser que no país existe o estereótipo de 'homem durão que bebe cerveja', ou seja, demonstrar fraqueza não é bem visto. Outra causa pode ser que entre os habitantes existe a cultura de 'resolver tudo sem ajuda', isso pode fazer com que jovens e adultos acumulem seus sentimentos, até chegar em seu último limite. Como o CVV brasileiro, lá possui um sistema (bem sobrecarregado, por sinal) que atende pessoas que querem abordar seus problemas pessoais. Nos últimos dez anos, o serviço aumentou 70%, enquanto os casos de suicídio aumentaram 30% em apenas quatro anos. Com o aumento espantoso nos números, o país decidiu colocar a questão no topo da agenda política, fazendo com o tema seja pauta dos debates por todo o país, a fim de reduzir essa quantidade absurda de depressão e suicídio. 9 PAPEL DA SOCIEDADE NA ABORDAGEM DA DEPRESSÃO E ANSIEDADE 44 Todos possuem algum papel quando relacionado às pessoas com algum transtorno psicológico, seja na cura ou piora do distúrbio. Começando pela família, geralmente em que o ansioso/depressivo recorrerá primeiro, até a mídia como um todo: redes sociais ou na televisão, por exemplo. 9.1 Papel da Família A família tem um papel imprescindível no transtorno do ente. O apoio faz toda a diferença no debate e tratamento da pessoa em questão. A pesquisa qualitativa feita para o livro - entre 2017 e 2018, obteve 100% das respostas negativas sobre a reação da família ao distúrbio. Todas - com idades entre 16 e 25, disseram a mesma frase: "falta de Deus". Isso mostra o quanto pais precisam rever seus conceitos em relação a ansiedade e depressão. Para Bueno (2007), as experiências vividas entre família podem ter grande influência na geração de conflitos emocionais. Em sua pesquisa feita com quase 60 jovens com idade média de 24 anos, indicou correlação negativa em relação à depressão e à percepção de suporte familiar. "Quando o grupo familiar cumpre suas funções básicas como comunicação e integração, potencializam a promoção de saúde de seus membros". (BUENO, 2007). É necessário ter uma reciprocidade de ambos, assim, gerando efeitos positivos tanto na pessoa com depressão/ansiedade quanto sua família. 9.2 Papel da Mídia Segundo Julio Ribeiro, "a palavra mídia, quando pronunciada para pessoas que não convivem com marketing e comunicação, normalmente causa perplexidade (...) para os profissionais de marketing e comunicação não causa perplexidade, mas distanciamento. Para estes, quase sempre a palavra, o profissional e a atividade de mídia significam coisa que não dá para entender." A mídia tem o objetivo principal de passar um determinado conteúdo, muitas vezes, sem filtro, nunca sabemos com o que iremos nos deparar.Ela tem grande influência na capacidade psicológica da pessoa, ou seja, ela pode trazer diversos benefícios e conhecimentos, mas também pode causar graves consequências mentais, chegando ao óbito. 45 Para a psicanalista Jam, a 'publicidade' é um dos maiores motivos do aumento expressivo dos transtornos mentais: "Com os graus extremos de riqueza e pobrezano mundo, que são acentuados pela mídia, o bem-estar da mente humana é afetado negativamente". Ela diz que somos bombardeados com publicidade e isso nos afeta de maneira óbvia, mas também subliminar. Para ela, as pessoas vulneráveis são as mais atingidas. 9.2.1 Papel do Jornalismo Apesar de jornalismo estar atrelado às mídias como um todo, formar-se curso requer, no mínimo, um capítulo à parte sobre o assunto, especialmente porque toda forma de veiculação de informação tem um traço jornalístico em seu meio. Segundo o folheto para jornalistas, disponível no site do Ministério da Saúde, o jornalista precisa ter responsabilidade, sensibilidade e ética ao abordar o suicídio nas mídias. A cartilha é dividida entre ‘o que não fazer’ e ‘o que fazer’ ao relatar o assunto: ● Não se deve dar destaque à notícia e sempre tentar evitar repetições e atualizações (principalmente com figuras públicas). O intuito é sempre passar o acontecimento. Em casos de suicídio, dar enfoque a ele pode causar constrangimentos. Não usar o termo suicídio em títulos de matérias é essencial. A palavra suicídio é rodeada de termos pejorativos. ● Não divulgar o método realizado, publicar fotos, e divulgar cartas suicidas, são de longe, os termos mais importantes da cartilha. As três opções podem causar graves gatilhos em quem está com a autoestima baixa ou já com idealização do suicídio. ● Não divulgar o local do acontecimento, não descrever o ato como inexplicável e não apresentar causas. Divulgar o local é um desnecessário, visto que a morte em si da pessoa é o assunto principal. Descrever o ato como inexplicável e apresentar as causas são outros exemplos que podem causar gatilhos em quem estiver lendo. ● Não mostrar o suicídio como única saída, não tratar o suicídio como crime, não falar de epidemia e estar sempre atento à linguagem utilizada.O suicídio nunca será a única saída (mesmo que a pessoa tenha escrito isso em uma 46 carta de suicídio, por exemplo). Essa frase é uma das mais perigosas, e quem já estiver com ideais, pode achar que aquilo é um empurrão a mais. Suicídio não é crime e nem uma forma de epidemia. Falar dessa maneira, além de ser antiética, é quase desumano. ● Para abordar o tema, é preciso sensibilizar o público sobre o assunto, afinam, depressão e suicídio são termos que geram desconfiança, tabu, além da falta de informação. O leitor precisa compreender o que está lendo, ainda mais se tem uma ideia errada sobre o assunto. ● Informar com descrição é o mínimo, já que, como dito nos tópicos anteriores, uma palavra errada já pode causar o gatilho.Mostrar telefones úteis e como buscar ajuda é de grande-valia. Muitas pessoas estão passando por momentos ruins e não sabem a quem recorrer, e ao ler uma matéria sobre o assunto, irá se deparar com o que pode ser sua salvação. ● Alertar os sinais e consultar especialistas em prevenção são de extrema importância, já que, quem estiver lendo, poderá ter um novo olhar sobre as pessoas que a rodeia, além disso, conversar com um especialista fará com que a matéria passe mais segurança aos leitores. E claro, sempre mantendo respeito à pessoa que morreu. 9.2.2 Revistas Nacionais Algumas revistas nacionais já abordaram os transtornos psicológicos de maneira eficaz. Considerado tabu para muitas pessoas, reportagens sobre o tema podem ser de extrema ajuda para quem não está habituado a ler na internet, e claro, procurar o assunto específico, já que em caso das revistas - especialmente para quem é assinante, a chance de a pessoa compreender o assunto é bem provável. Começando pela Superinteressante, na edição 368 – novembro de 2016, eles fizeram quase toda a revista voltada aos transtornos psicológicos - a mente, como um todo, uma das matérias traz um glossário dos termos mais utilizados na psicologia - que as pessoas costumam ter uma ideia errada sobre, sendo: 47 Tabela 7 - Glossário Superinteressante Glossário Ansiedade Autismo Consciência Depressão Esquizofrenia Felicidade Freud Inconsciente Intuição Medo Psiquiatria Psicanálise Psicologia TDAH Tentação Tédio Timidez TOC Transtorno de personalidade Fonte - Dados da revista Superinteressante Seguindo as páginas da revista, você se depara com um texto sobre como 'nós viramos nós'. Apesar de ser uma breve reportagem, o texto consegue abordar alguns transtornos que podem mudar o nosso inconsciente, como: Anosognosia, Blindsight, Múltipla Personalidade, Síndrome da Mão Alien, Síndrome de Cotard. 48 Figura 11 - Capa da Superinteressante A próxima grande reportagem da revista aborda a Psicopatia. Tema de importante relevância no mundo psiquiátrico e que as pessoas costumam ter a visão errada do transtorno. Mesclando histórias, com dados e explicações do distúrbio, o texto é bem embasado e consegue transparecer o assunto de maneira eficaz. As próximas matérias são sobre Dé-Jávu; Memória e Felicidade; Falsos Loucos – que aborda pessoas que usaram da loucura para conseguir coisas; Possibilidade de mudas a própria personalidade e finaliza com a Epidemia do Mal- Estar. Famosa, essa última página costuma pegar um assunto e dilui-lo em dados e gráficos, excelente para quem gosta de algo mais direto para entender de um determino conteúdo. Dentre os dados interessantes apresentados nesta última página, temos: 49 ● Caso existisse, a república dos depressivos seria o quarto país mais populoso do mundo. ● A cada dez pessoas com depressão, apenas três procuram ajuda, e destas, 75% decidem após a recomendação de parentes ou amigos. ● Em 2012, os brasileiros gastaram mais de R$42 milhões com antidepressivos no geral. ● Dentre os sofrimentos mais relatados nos depressivos são: insônia, ansiedade e dores. Outra revista que costuma abordar bastante o tema é a Mundo Estranho. Na edição 197 - julho 2017 expõe um tema polêmico e sensível: é verdade que divulgar suicídios causa mais suicídios? O texto ressalta que há várias maneiras de se abordar o tema, então, obviamente pode causar mais suicídios, sim. Como comentando anteriormente, a reportagem também comenta da série 13 Reasons Why, que apesar de ter levantado um debate importante, pode servir de gatilho para milhares de pessoas. Figura 12 - Analogia à série 13RW Fonte - Dados da revista Mundo Estranho Finalizando, em janeiro de 2018, a edição 204 trouxe uma grande reportagem sobre domar o cérebro. Dentre os inúmeros exemplos dados, o texto apresenta dicas de como lidar com uma crise de ansiedade/pânico, em como gerar uma 50 depressão, além de elevar a autoestima, vencer a insônia/sono durante o dia - sintomas comuns em muitos transtornos. Figura 13 - Revista Mundo Estranho/2018 9.2.3 Internet e Juventude A Baleia Azul, originalmente chamado de Blue Whale começou em 2015 em uma rede social russa - semelhante ao Facebook. O jogo se baseava na relação entre os desafiantes e os curadores. Envolvendo 50 etapas, era feito por meio de fotos com hashtag em resposta ao desafio do dia. Esses desafios iam desde assistir a filmes de terror até o 50° que o jogador deveria tirar a própria vida. O desafio se espalhou pelo mundo e fez dezenas de vítimas. O perfil desses jogadores variava entre 12 e 14 anos - e geralmente já havia uma tendência à depressão. Acredita-se que o criador do jogo tenha sido o russo 51 Filipp Budeykin, que ao ser preso, contou que tinha a intenção de fazer uma "limpeza na sociedade2". 9.2.4 Redes Sociais O Instagram é considerado a pior rede social para saúde mental dos jovens, segundo pesquisa feita pela Sociedade Real para Saúde Pública, na Grã-Bretanha. O estudo envolveu 1.479 pessoas, com idades entre 14 e 24 anos, eles avaliaram aplicativos famosos em quesitos como ansiedade, depressão, solidão, bullying e imagem corporal. O estudo mostra que jovens usuáriosconstantes de internet - superior a duas horas por dia, tendem a ter uma maior tendência aos transtornos psicológicos, em especial ansiedade e depressão. O instagram, por ser uma rede social de fotos e momentos pode fazer com o adolescente compare sua vida com as pessoas em que segue na rede social, geralmente assim melancolia, angústia, inveja e raiva. Segundo o relatório, outro problema recorrente é o sono, e dormir bem está ligado diretamente em distúrbios mentais. Gráfico disponível no artigo: 2Entrevista com a delegada Fernanda Fernandes, feita pelo jornal O Globo 52 Figura 14 - Mídia social e saúde mental e bem-estar dos jovens Fonte - Figura disponível pela Sociedade Real para Saúde Pública O terceiro fator mais comum nas redes sociais é a Imagem Corporal, problema esse que pode causar transtorno alimentar, como anorexia e bulimia. o quarto item é o cyberbullying. Mais de 90% dos jovens que relataram cyberbullying não tiveram nenhuma ação em resposta. E a última seria o FoMO - Fear of Missing Out, que são os jovens constantemente conectados por medo de perder algo importante. Conduzido por uma instituição de caridade britânica chamada Scope, um estudo feito com 1.500 adultos britânicos mostrou que entre os usuários do Facebook e Twitter, mais de 60% afirmaram se sentir inadequados em comparação com outros usuários, e 60% sentiam inveja. Destes, metade dos entrevistados com idades entre 18 e 34 anos disseram que se sentem pouco atraentes por causa das mídias, e 30% que isso os faz sentirem-se sozinhos. Já outra pesquisa feita com 1.000 mulheres britânicas mostrou que mais de 80% delas faziam edições nas fotos durante feriados antes de publicá-las, a fim de garantir que elas seriam mostradas com a maior vantagem. Quase 80% delas 53 manifestaram vergonha ao se deparar com fotos postadas por amigos ou familiares que os incluíram. Em 2016, mais de um milhão de jovens britânicos passaram por alguma experiência envolvendo o bullying, sendo que metade deles não chegaram a contatar ninguém, seja por constrangimento, medo ou até por receio de não terem nenhum suporte. Os impactos relatados pelas vítimas incluem depressão, sendo que um a cada quatro achavam formas de se auto flagelar como um mecanismo de enfrentamento. “Os jovens que têm alguma dificuldade de aprendizagem ou física ou que se identificam como LGBT + são os mais propensos a sofrerem bullying. A raça e a religião também estavam ligadas às taxas de bullying, feito por alunos identificados como "brancos/europeus", um dos mais prováveis de fazerem o bullying ". (Tradução: The-Annual-Bullying-Survey, 2017). The Annual Bullying Survey é feito anualmente em parceria com escolas e faculdades em todo o Reino Unido. O estudo capta dados como religião, etinia, gênero e idade. Na pesquisa, 21% já haviam excluído alguém socialmente do grupo, mais de 30% falaram algo desagradável a fim de ofender na internet e 13% começaram algum boato sobre alguma pessoa que não gostavam. 9.2.5 Youtube Muitos famosos têm feito relatos por meio do YouTube. Os youtubers confessam suas angústias e dão seus conselhos pessoais. Entre eles, o PC Siqueira fala abertamente sobre sua saúde mental. Dando conselhos e contando como o transtorno funciona, ele tenta passar clareza e a quebra de preconceitos que as pessoas possuem sobre a doença. Dentre seus inúmeros vídeos, um dos mais marcantes é sobre seu relato com a síndrome do pânico e o suicídio. Ele aborda sobre essa no canal em conjunto com o Cauê Moura e Rafinha Bastos, onde declaram suas opiniões acerca do tabu. 9.2.6 Filmes Sucesso do início dos anos 2000, Geração Prozac foi um dos primeiros passos da mídia ao abordar como transtornos psicológicos funcionam, incluindo os fármacos. Um dos remédios mais utilizados no mundo, faz parte da família de ISRS 54 – Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina, o Prozac é comumente conhecido como a pílula da felicidade. No Brasil, cerca de 45% dos brasileiros já usaram algum antidepressivo – sendo Prozac, Rivotril, e afins, sendo um dos maiores consumidores desses remédios. 9.2.7 Documentários TheMask You Live In, documentário feito por uma mulher, aborda como a ideia do homem dominante afeta psicologicamente crianças, jovens e, no futuro, adultos. A Diretora Jennifer Siebel Newsom, por meio de dezenas de entrevistas, mostra como a criação com expressões "seja homem!”, “não chore” e “controle suas emoções” podem afetar completamente a estrutura psicológica na vida adulta dos meninos, fazendo-os com que desenvolvam transtornos psicológicos no futuro. O documentário foi feito com adultos e crianças americanas. Mostrando o dia a dia, os segredos dos meninos, e como diz o título, essa máscara que eles utilizam como forma de encobrir todos os sentimentos e já no início do vídeo, é passado dezenas de manchetes da TV, mostrando menino que roubaram a arma dos pais e se mataram, que levaram a arma para a escola e machucaram várias crianças, entre outros. Sensível e forte ao mesmo tempo, meninos de várias idades revelam sentimentos que, se fosse no dia a dia não falariam. O primeiro especialista, educador e sociólogo, Michael Kimmel afirma que já nos primeiros anos da juventude é possível perceber pequenos traços de 'menino machinho' entre um grupo de crianças brincando num parque, por exemplo. Desde cedo, os meninos já são ensinados a não serem mulherzinhas, a não chorar e ser sempre o melhor. São ensinados a terem raiva e reprimir qualquer nuance de tristeza. Isso, conforme o crescimento, vai se acumulando e transformando um menino doce, num adolescente com problemas na escola, e futuramente, um adulto que tira a própria vida em meio a uma crise, por exemplo. Em pesquisa feita no documentário mostrou que um a cada quatro meninos dizem sofrer bullying na escola, e apenas 30% deles conseguem conversar com algum adulto. 55 Por volta dos 12 anos, 34% dos meninos americanos já começou a beber. Aos 13, um menino normal já experimentou algum tipo de droga. Exatamente pela criação que tiveram em não expressar sentimento, boa parte dos meninos acabam descontando na bebida e drogas. Um a cada quatro meninos consome bebida alcoólica compulsivamente. "A exposição a mídias violentas pode deixar a criança menos sensível à dor e ao sofrimento dos outros. Pode deixá-los mais temerosos em relação ao mundo, e pode levá-lo a ter comportamentos mais agressivos em relação a outros e a si mesmo." (The Mask You Live In, 2015). Um menino normal passa em torno de 40 horas por semana vendo televisão, esportes ou filmes, 15 horas jogando videogame - cerca de 30% deles se dizem viciados, e duas horas assistindo pornô. Em todos esses meios, o homem é mostrado como forte, superior, inalcançável. É o cara quieto, centrado, que não divide emoções e está sempre no controle de tudo, e tudo isso tenderá a levá-lo para os piores transtornos psicológicos possíveis. Nos Estados Unidos, o suicídio é a terceira causa de morte mais comum entre os meninos. A cada dia, três ou mais meninos cometem suicídio. Entre 15 e 19 anos, a taxa de suicídio entre eles é cinco vezes maior que entre meninas. E entre 20 e 24 anos, esse número aumenta para sete vezes. Menos de 50% dos jovens e adultos masculinos recorrem a algum tipo de ajuda. 9.2.8 Séries Famosa e polêmica, 13 Reasons Why ‘revolucionou’ a mídia expondo um dos maiores tabus: suicídio. A série aborda vários outros temas proibidos e constantemente censurados como estupro, depressão e homossexualidade. A ideia inicial da série é admirável: Tentar mostrar o quanto esses pontos que dificilmente vemos são importantes e precisam de atenção do mundo. Em matéria feita pelo UOL em abril de 2017, um porta-voz do CVV (Centro de Valorização da Vida)afirmou que após a série, os números de chamadas à ONG duplicaram. Muitas dessas pessoas alegaram ter encontrado o número de telefone na página brasileira da série. Apesar da defesa dos atores em relação às cenas delicadas e ao incentivo dos voluntários do CVV às pessoas que ligavam para eles, a Netflix não contou com o gatilho que os episódios poderiam vir causar às dezenas de adolescentes pelo mundo. 56 Em estudo publicado em 2017 pelo Journal of the American Medical Association, mostrou que o fim da série aumentou em 26% a busca no Google de ‘como se suicidar’. ‘Como se matar’ aumentou quase 10%. Após toda a polêmica envolta da série, a segunda temporada foi lançada. Pelo alto índice de críticas sobre a última temporada, a trama fez algumas mudanças no decorrer da história. A cada novo episódio, os atores se apresentam e reforçam que a série é uma ficção, apesar de abordar assunto delicados, e caso a pessoa não esteja se sentindo bem, talvez não seja o momento ideal de assistir. Uma das críticas à série foi o fato de a personagem principal não recorrer à família quando estava mal, e como resposta, eles passaram a recomendar que a pessoa conversasse com quem lhe trouxesse confiança, seja pais, amigos ou alguém da área. Apesar da mudança positiva, a série ainda conseguiu assombrar os fãs com cenas profundas e aterrorizantes. 9.3 Governo No Brasil temos o Sistema Único de Saúde, mais conhecido como o SUS, programa público disponível para todos os brasileiros. Como para os vários outros tratamentos disponíveis pelo sistema, como câncer, por exemplo, eles também disponibilizam recursos para tratar os mais variados transtornos mentais, seja por meio da medicação ou terapia (geralmente feita em grupo). O País disponibiliza alguns serviços gratuitos como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e os leitos de atenção integral. "O Programa de Volta para Casa que oferece bolsas para egressos de longas internações em hospitais psiquiátricos, também faz parte desta Política". Algumas pessoas entrevistadas para o livro disseram que conseguem usufruir apenas da parte medicamentosa disponibilizada pelo SUS, pois terapia havia apenas em grupo (muitos não se adaptaram) ou nem havia outro meio. Porém, de acordo com o site oficial da Saúde, a rede CAPS poderá ter investimentos no futuro, já "que vêm se mostrando efetivos na substituição do modelo hospitalocêntrico, como componente estratégico de uma política destinada a 57 diminuir a ainda significativa lacuna assistencial no atendimento a pacientes com transtornos mentais mais graves". Ainda segundo o site, o Governo tem alguns objetivos como: ● Reduzir os leitos psiquiátricos de baixa qualidade; ● Incluir as ações da saúde mental na atenção básica; ● Implementar política de atenção voltada a usuários de álcool e drogas; ● Implantar o programa "De Volta Para Casa"; Manter um programa permanente de formação de recursos humanos para reforma psiquiátrica; ● Promover direitos de usuários e familiares incentivando a participação no cuidado; ● Avaliar hospitais psiquiátricos por meio do Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares. O Ministério da Saúde lançou a Agenda Estratégica de Prevenção do Suicídio, lançada no Setembro Amarelo (feito em comemoração ao dia 10: Dia Mundial de Prevenção do Suicídio) e nela, alguns pontos são bem importantes em como o governo se manifesta/manifestará em relação aos aumentos desses transtornos, em especial o suicídio: ● A redução da taxa de mortalidade faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. ● O Brasil está entre os países que assinou o Plano de Ação em Saúde Mental 2015-2020 lançado pela OPAS com objetivo de acompanhar o número anual de mortes e o desenvolvimento de programas de prevenção. ● A existência de CAPS no município reduz em 14% o risco de suicídio. ● Materiais direcionados aos profissionais de saúde, população e jornalistas. ● Discussão permanente de Grupo de Trabalho envolvendo as Secretarias de Vigilância, de Atenção à Saúde e de Saúde Indígena. O governo pretende reforçar a entrega de material à população mostrando sinais de alerta além de locais que podem procurar ajuda. Apesar de vermos que o governo possui várias metodologias de lidar com o aumento dos transtornos e suicídios, boa parte da população simplesmente não consegue aproveitar os benefícios que possuem, ou seja, o sistema é falho. 58 11 PAPEL SOCIAL E PROCESSOS DE CONTRAPONTO À BANALIZAÇÃO DOS TRANSTORNOS A evolução aqui, nada mais é, que a parte em resposta a todo o resto: família, amigos, a mídia. Formas criadas para tentar ajudar pessoas que estão se sentindo para baixo, ou mesmo em casos emergentes como o suicídio. Apesar de todas também serem formas de comunicação, elas foram idealizadas a socorrer os mais necessitados. 11.1 Baleia Rosa Em resposta ao Blue Whale (Baleia Azul), jogo que surgiu na Rússia e que correspondia a jogos perigosos, chegando a morte – foi registrado mais de100 suicídios supostamente ligados aos desafios (segundo o site do Canal Tech), um designer e uma publicitária paulistana criaram a Baleia Rosa. No site oficial você já se depara com os seguintes dizeres: “Com o intuito de provar que a internet pode ser usada para viralizar o bem, nasceu a Baleia Rosa. Espalhe o amor nesse desafio do bem! ”, ou seja, sendo o oposto dos desafios arriscados da Baleia Azul, nessa nova brincadeira a pessoa é motivada a fazer o que é bom. Dentre as dezenas de frases postadas nas redes sociais, é possível encontrar um desafio novo a cada dia: “28. Doe o que você não usa mais”, “30. Conte uma piada para você mesmo” ou “34. Desenhe um animal imaginário”. 11.2 Centro de Valorização da Vida Criado em 1962, o Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma associação sem fins lucrativos que tem o objetivo maior de ajudar na prevenção do suicídio. Com a ajuda de voluntários treinados, a instituição está de prontidão 24 horas. Atendendo anualmente por volta de dois milhões de pessoas, o CVV possui mais de dois mil voluntários espalhados por 19 estados, além do Distrito Federal (segundo a página oficial). Recebendo ligações pelo número 188 ou 141 (se for nos estados do Paraná, Bahia, Maranhão e Pará), a instituição possui quase 90 postos de atendimento, como também o chat/email. 59 11.3 Janeiro Branco Janeiro Branco é conhecido por ser o mês da saúde mental. Criado com o intuito de fazer as pessoas refletirem sobre suas vidas e o quanto elas conhecem de si mesmas, a campanha também tem o objetivo de sensibilizar a tv e as mídias sobre os cuidados com a saúde mental. Criada sem fins lucrativos, a ação maior da campanha é promover a psicoeducação das pessoas e instituições. 11.4 Setembro Amarelo As primeiras atividades do projeto foram iniciadas em 2015, pelo Centro de Valorização da Vida. Em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Setembro Amarelo foi feito em comemoração ao dia 10: Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Com o lema Falar é a melhor solução, a campanha busca conscientizar sobre a prevenção do suicídio, mostrando os números alarmantes da realidade do Brasil e no mundo. 12 PRODUTO 12.1 Livro O item escolhido para o projeto foi o livro. Como foram abordados sete transtornos, além do suicídio, o livro foi a melhor escolha já que me permitiu ter liberdade de apresentar o assunto de maneira aprofundada, dando ênfase a cada detalhe preciso. 12.1.1 Capa Com o nome Serotonina, a escolha foi por ser abordado o tema em boa parte dos transtornos. A serotonina é o neurotransmissor responsável pelo humor da pessoa, ou seja, atuará na regulagem do humor, sono, apetite,
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