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O luto materno no óbito fetal TCC

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MAICY BASTOS RODRIGUES 
 
 
 
 
 
 
 
O LUTO MATERNO NO ÓBITO FETAL 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado 
ao curso de Pós-Graduação em Psicologia 
Hospitalar da Faculdade de Ciências 
Médicas da Santa Casa de São Paulo, como 
requisito para a obtenção do título de 
especialista. 
 
 
 
 
 
 
 SÃO PAULO 
 2019 
 MAICY BASTOS RODRIGUES 
 
 
 
 
 
 
 
O LUTO MATERNO NO ÓBITO FETAL 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado 
ao curso de Pós-Graduação em Psicologia 
Hospitalar da Faculdade de Ciências 
Médicas da Santa Casa de São Paulo, como 
requisito para a obtenção do título de 
especialista. 
Orientadora: Prof. Ms. Renata Pereira Condes 
 
 
 
 
 
 SÃO PAULO 
 2019 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................1 
 
1.1 O Luto.................................................................................................1 
1.2 Maternidade e Óbito Fetal...................................................................5 
 
2. OBJETIVOS.............................................................................................11 
 
2.1 Obetivo geral........................................................................................11 
2.2 Objetivo específico...............................................................................11 
 
3. CASUÍSTICA E MÉTODO......................................................................11 
 
3.1 Delineamento de estudo.......................................................................11 
3.2 Casuística..............................................................................................12 
3.2.1 Critérios de inclusão...........................................................................12 
3.2.2 Critérios de exclusão...........................................................................12 
3.3 Instrumentos...........................................................................................12 
3.4 Procedimentos.........................................................................................12 
3.5 Análise de dados......................................................................................13 
3.6 Cronograma...............................................................................................14 
 
4. ANEXOS.........................................................................................................14 
 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................16 
 
6. RESUMO.......................................................................................................... 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
1.1 – O Luto 
Bowlby (1985/2004) afirma que luto reflete a frustração de uma necessidade 
básica de vinculação, que é manter-se próximo a uma figura significativa, assim 
como o rompimento de um significado de segurança na vida. 
O luto pode ser caracterizado como a vivência experienciada após uma situação 
de perda significativa. O sentido que o enlutado dá a essa experiência, assim como a 
relação que ele tinha com o objeto perdido são fundamentais para que se entenda a 
forma que ele vivencia o seu processo de luto. (Freitas, 2013). 
Freitas (2013) afirma que vivenciar o luto pela perda de um familiar, além de 
uma experiência sofrida e intensa, coloca o indivíduo em contato com a sua própria 
finitude. Encarar a morte de alguém próximo é pensar no quanto a mesma é inevitável. 
Para Mazorra (2009), o luto é um processo normal que se inicia após o 
rompimento de um vínculo e estende-se até o período de sua elaboração, quando o 
enlutado volta-se, novamente, ao mundo externo. Viver o luto é essencial para que o 
indivíduo possa se reconstruir e reorganizar diante do fim de algo. Falar de luto é falar e 
fim, é falar de algo que não existe como um dia existiu. Inclui transformação e 
ressignificação da relação com o que foi perdido. 
O conceito de luto é também entendido como a vivência da perda irreversível de 
outro ser humano, ou seja, ao fim de um vínculo que um dia existiu. (Bowlby, 
1985/2004; Franco, 2009) 
Existem vários tipos e fases do luto. Entender e falar sobre eles possibilita ao 
enlutado reconhecer aonde ele se encontra, perceber que existem outras pessoas que 
vivenciaram ou estão vivenciando o mesmo que ele, além de possibilitar uma melhor 
elaboração deste processo tão dolorido. (Casellato, 2005) 
Kubler-Ross (1996), dividiu as fases do luto em negação, raiva, barganha, 
depressão e aceitação. Na negação, o choque inicial da notícia da terminalidade faz com 
que o indivíduo mantenha em uso, como mecanismo de defesa, o “negar”. Ele não 
aceita a situação, procurando formas de não falar sobre isso e evitando entrar em 
contato com a realidade da perda. Na raiva, o indivíduo se sente injustiçado e 
extremamente aborrecido pelo que está vivenciando. Não conseguindo mais levar 
adiante a negação, entra em contato com a raiva, onde questiona o que está acontecendo 
e extravasa seu ressentimento aos que estão ao seu redor. Tudo o aborrece e pode ser 
uma fase difícil de lidar, que contrasta muito da negação. Após a raiva, viria a barganha, 
onde o indivíduo passa a negociar, prometendo mudanças positivas sobre si mesmo e 
melhorias na sua forma de viver, caso aquela situação se reverta. 
Na depressão, a realidade dos fatos se impõe e o contato com a tristeza é 
inevitável. O indivíduo sente uma impotência desesperadora, o que faz com que se sinta 
melancólico, apático, desmotivado e introspectivo, afastando-se das pessoas. 
Finalmente, na aceitação, a elaboração – que vinha ocorrendo durante todo o processo, 
se mostra de forma mais clase. É a fase em que o indivíduo consegue assimilar tudo que 
aconteceu e passa a pensar no futuro. Não significa que a pessoa não se sente mais triste 
ou não sente falta do objeto perdido, e sim que está conseguindo lidar com isso de 
forma mais saudável. (Kubler-Ross, 1996) 
Importante esclarecer que nem todos os enlutados vão vivenciar todas as fases e 
que nem sempre seguem essa ordem. Cada indivíduo é único e seu processo subjetivo, 
por isso, cada pessoa deve ser olhada de forma sistêmica, de forma que se possa 
entender o contexto em que está inserido. (Freitas, 2013). 
Franco (2010) explica que existem vários tipos de luto. O luto natural se trata de 
reações normais do indivíduo perante a perda de algo significativo, onde ele pode sentir 
desinteresse nas atividades cotidianas, isolamento social, falta de ânimo, tristeza, apatia, 
saudade, ansiedade, dor psíquica. Esses sintomas variam de pessoa para pessoa, assim 
como a forma e intensidade que vivenciam os mesmos. A autora ressalta que outro fator 
importante é o tipo de vínculo que se tinha, as causas e circunstâncias da perda. Quanto 
maior o vínculo, provavelmente maior a dor do luto. 
A dimensão do luto é proporcional ao apego que a pessoa tem sobre o objeto 
perdido. (Bowlby, 1985/2004) O tempo da duração de um luto é algo subjetivo e que é 
vivido de uma forma específica por cada indivíduo, mas segundo Franco (2010), 
estudos recentes sobre o luto mostram que é improvável que ele dure menos de um ano. 
A forma de vivência desse luto também depende de vários fatores, como o entender que 
função/significado aquela pessoa/animal/coisa tinha para quem a perdeu; em caso de 
morte, a idade da pessoa, a forma como a morte ocorreu, observar se os rituais de 
despedida foram possíveis de ser realizados, em que fase da vida aquela pessoa se 
encontra, observar se tem umarede de apoio e quais são os fatores de proteção, se 
utiliza, por exemplo, de recurso espiritual, etc. São vários fatores que influenciam na 
forma de vivência desse luto e que podem contribuir de forma positiva para a vivência 
de um luto normal, ou negativa, quando se evolui para um luto complicado. (Franco, 
2010). 
No luto, geralmente o indivíduo tem afetado sua dimensão intelectual, quando 
ele sente-se confuso, desorientado e com dificuldade de se concentrar. Sua dimensão 
emocional, quando sente raiva, descrença, depressão, solidão, alívio, culpa, ansiedade, 
desamparo. Sua dimensão física, tendo aperto no peito, sensação de angústia, 
taquicardia, choro frequente, fraqueza, apatia, falta de ar, exaustão, boca seca, 
diminuição na capacidade de experimentar prazer, queixas somáticas. Sua dimensão 
espiritual, quando aumenta ou diminui sua fé, sente raiva de Deus, questiona seus 
valores e sente-se desapontado com a igreja e seus membros. Na dimensão social, 
afasta-se do seu ciclo, diminui o contato com as pessoas e sente dificuldade em 
estabelecer vínculos. (Franco, 2009). 
É importante que o processo de luto seja vivenciado no tempo de cada um, para 
que possa ser elaborado e ressignificado. E para que isso aconteça, é preciso que haja 
aceitação. Aceitar não significa negar, fingir que não está sofrendo e que nada 
aconteceu. Aceitar é justamente lidar com tudo isso. Nesse ponto, a dor diminui e o 
enlutado vai, aos poucos, retomando suas atividades, recuperando os vínculos sociais e 
voltando a enxergar sentido na vida. (Casellato, 2015). 
Segundo Casellato (2015), a vivência do luto pode ser ainda mais complicada 
quando na relação estabelecida com o objeto perdido, existia ambivalência: a relação 
era confusa, não existia uma clareza e na falta de saber o que fazer e como demonstrar o 
que está sentindo com a perda, muitas vezes, o indivíduo não faz nada, não demonstra, 
não expressa, pois não sente espaço da sociedade para isso. Dessa forma, surge o luto 
não reconhecido. 
O luto não reconhecido tem como característica a não validação da sociedade 
para que o enlutado viva sua dor. Enquanto nos outros tipos de luto, a sociedade acolhe 
os sentimentos de tristeza de indivíduo, nesse, ela ignora e/ou reprime. Essa situação 
pode ser vista na perda gestacional, na morte de um animal de estimação, ser despedido 
de um emprego, aposentadoria, traição. São acontecimentos extremamente dolorosos e 
que trazem muito sofrimento, o que é potencializado pela dificuldade de poder 
expressar e vivenciar isso. A pessoa se sente desamparada e sem ter com quem contar e 
acaba se fechando em sua dor. Os sentimentos do luto não autorizado são os mesmos do 
luto “normal”. Desinteresse nas atividades cotidianas, isolamento social, falta de ânimo, 
tristeza, apatia, saudade, ansiedade, dor psíquica. Esses sintomas variam de pessoa pra 
pessoa, assim como a forma que vivenciam. (Casellato, 2005). 
 
Dentre as razões para que isso possa ocorrer, destaca-se nesse trabalho duas: 
quando o relacionamento não é reconhecido e quando a perda não é reconhecida. Na 
primeira, a morte de um feto – que a sociedade ainda não reconhece como filho 
concreto, como algo que já exista - a perda acontece antes do filho nascer e afeta de 
forma devastadora a vida dos pais e na segunda, a sociedade não reconhece a perda 
gestacional como fator de sofrimento, minimizando-a. Em ambas as situações, o 
enlutado sofre intensamente, mas não encontra autorização e nem espaço para 
demonstrar, falar e tentar elaborar o que sente. (Doka apud Casellato, 2005). 
 
Por não receberem amparo social, os enlutados acabam por não vivenciar os 
ritos de passagem e expressões necessárias e facilitadoras para a elaboração do luto. 
Esses ritos são de extrema importância, pois facilitam o contato real e a tomada de 
consciência nesse processo. A sociedade, ao não autorizar a expressão natural do luto, 
nega essa vivência aos enlutados, impedindo-os de externar seus sentimentos, o que 
torna-se um fator de risco para o desenvolvimento do luto complicado. (Farber, 2013). 
. 
O luto complicado (inicialmente conhecido como luto patológico) é definido por 
Franco (2010) como o luto que é vivenciado pelo indivíduo que não consegue elaborar a 
perda de uma forma satisfatória, vivenciando uma desorganização psíquica prolongada. 
Ele fica fixado em uma das etapas do luto e não consegue seguir em frente. 
O enlutado apresenta sintomas como apatia e/ou alteração de humor recorrente, 
não sente vontade em fazer as coisas que sempre fez, somatização, falta de prazer, 
dificuldade em realizar tarefas do cotidiano, isolamento social, assim como dificuldade 
em aceitar a morte, foco extremo na perda e na lembrança de quem se foi, impulso 
autodestrutivo que pode evoluir para ideação suicida, falta de estímulo para viver. É 
como se o estado de luto fosse interminável (Worden, 1998) 
Casellato (2002) fala de um fator de risco importante para desenvolver esse tipo 
de luto: a perda parental. A natureza da relação geralmente intensa que é estabelecida 
nesse tipo de vínculo e a inversão da ordem natural do ciclo vital podem complicar 
ainda mais o processo de luto. 
O fator que mais influencia a elaboração do luto é a personalidade de quem o 
vive. De que forma o enlutado costuma estabelecer vínculos? De que forma os mantém? 
De que forma lida com o rompimento dos mesmos? Como percebe o mundo? Como se 
relaciona? Essas são perguntas importantes para a compreensão subjetiva de cada 
vivência do luto. (Braz, Franco, 2017). 
Estudos recentes sobre luto materno mostram que a perda de um filho ainda no 
período gestacional é mais comum do que se imagina. Em “Quando a morte visita a 
maternidade: atenção psicológica durante a perda perinatal”, Iaconelli, Arrais, Muza, 
Souza (2013) utilizam o método qualitativo para entender que significado as famílias 
enlutadas dão para a perda perinatal e avaliam qual é intervenção psicológica nessas 
situações. Para isso, foram entevistadas cinco famílias que vivenciaram a perda 
perinatal em uma maternidade na cidade de Brasília, DF. Os instrumentos utilizados 
foram o prontuário psicológico e a avaliação psicológica pós-óbito. 
 
As autoras concluíram que o intenso luto sofrido por essas famílias independe de 
tempo de gestação e/ou convivência com o filho e recebe pouco suporte da equipe de 
saúde. O significado dessa perda é avassalador em todos os sentidos e se torna ainda 
mais difícil na falta de compreensão e da rede de apoio. O papel do psicólogo nesse 
momento é fundamental, pois promove um espaço de acolhimento,abrindo espaço para 
que os pais se apropriem da situação da perda, desconstruindo o investimento afetivo 
feito no bebê falecido, criando condições para o início da elaboração da perda, podendo 
falar abertamente sobre o que estão sentindo, dessa forma, podendo prevenir traumas 
futuros, o desenvolvimento do luto complicado e gravidez reparadoras. Acrescentam 
ainda a importância dos rituais fúnebres, que é trazido pelos pais como algo que 
gostariam de ter feito, além de entenderem a importância ritualística no auxílio da 
elaboração do luto. 
 
 A forma como os pais vivenciam o luto é também objeto de estudo em “Luto 
fetal: a interrupção de uma promessa”, de Aguiar, Zornig, 2016. No artigo, que surgiu a 
partir de acompanhamentos clínicos com famílias que vivenciaram perda gestacional, as 
autoras buscam entender, acompanhando mães que vivenciaram o óbito fetal, de que 
forma se dá o trabalho psicológico decorrente dessa perda e as particularidades e 
possíveis complicações desse tipo de luto, tendo em vista o seu não reconhecimento 
pela sociedade. 
 
 Nesse estudo, nota-se que a dificuldade da equipe de saúde em lidar com a morte 
no que deveria ser o início da vida é ainda mais agravante, dificulta a instalação do 
processo de luto nos pais, tendo posturas que inviabilizam o contato dosmesmos com o 
filho falecido. Mesma postura é vista na família, que busca “limpar” qualquer resquício 
de existência daquele bebê, se desfazendo de móveis e roupas que seriam do mesmo. O 
início de processo de luto é agravado pela não constatação real da perda e da existência, 
já que os pais não conseguem ter acesso a nada. Dessa forma, não reconhecendo a perda 
como real, a sociedade tira dos pais o direito de sofrer pelo filho. O papel do psicólogo é 
extremamente importante, pois dá espaço de fala e escuta, possibilitando a elaboração 
da perda. 
 
 A conclusão desse estudo é corroborada em: “Fica um grande vazio: relato de 
mulheres que experenciaram a morte fetal durante a gestação”, onde os autores, através 
de método qualitativo, utilizaram entrevista semi-dirigida com 05 mulheres buscando 
entender suas emoções frente ao óbito fetal. Foi concluído, mais uma vez, a importância 
de tanto a equipe de saúde como os familiares acolherem essas mães, dando voz a sua 
subjetividade e espaço para que a mesma fale e entenda o que está acontecendo, 
tomando decisões importantes sobre os rituais fúnebres e o que irá fazer com os 
pertences do filho. Sentir-se acolhida e ouvida é fundamental para que as mães possam 
dar início ao seu processo de luto. (Faria-Schützer et al, 2014) 
 
 É seguro afirmar que essa temática precisa de constantes estudos, tendo em vista 
sua relevância não só para as mães que perdem seus filhos, mas para toda sociedade que 
se solidariza com as mesmas e que tem papel fundamental como rede de apoio; assim 
como os profissionais da área da saúde que atuam em maternidades, que necessitam 
entender e se conscientizar da importância de práticas mais humanizadas nesse 
momento. A partir desse estudo, propõe-se ampliar o olhar dado ao luto materno na 
perda gestacional, contribuindo para melhores entendimentos sobre o tema, validar a 
dor e a perda subjetiva de cada mãe e conscientizar os profissionais da saúde de que 
certas práticas podem minimizar o sofrimento psicológico desde a hora da notícia, até os 
cuidados posteriores com essa mãe. 
 
1.2 - Maternidade e Óbito Fetal 
Há três períodos importantes no ciclo vital da mulher que impactam grandes 
mudanças biológicas, emocionais, sociais e de identidade: adolescência, gravidez e 
climatério. Todas são consideradas fases críticas e requerem atenção. (Maldonado, 
2017). 
Falando em específico da gestação, é um momento único na vida da mulher, a 
maternidade é uma experiência singular, que traz mudança de identidade e de papéis. 
Existem muitos sentimentos positivos, mas é também um período de angústia, devido a 
reorganização psíquica que se faz necessária para a parentalidade.A mulher passa a ser 
vista de outra forma e questiona a forma que ela mesma se vê. Revisita a sua infância, 
entrando em contato com a forma que foi cuidada, com o relacionamento estabelecido 
com sua mãe e até na forma que convive com seu marido. (Maldonado, 2017; Oishi, 
2014). 
Para Maldonado (2017) e Oishi (2019), pode haver o desejo de ser melhor que seus 
pais, ou sentimentos de fracasso por pensar que não tem como superá-los. As mudanças 
são inúmeras, e não apenas psicológicas e bioquímicas – a gravidez traz consigo sérios 
questionamentos e preocupações socioeconômicas, pois agora, a gestante é responsável 
por outra pessoa, que por algum tempo, dependerá dela. É um período onde o 
sentimento de ambivalência se faz muito presente, pois existem muitos ganhos e perdas 
nessa transição. (Borsa, Dias, 2007) 
Na gestação, é possível que a mulher precise vivenciar alguns lutos pelos papéis que 
se “perdem” de alguma forma, como por exemplo, o luto pela infância, onde deixa de 
ser criança e somente filha e passa a ser mãe. É através desse luto que a mulher tem 
acesso ao papel materno. (Soifer, 1980). A relação da gestante com a figura materna 
também se faz importante, pois influenciará em sua forma de maternar. Se teve uma 
relação saudável, harmoniosa, de cuidados e afeto, será mais propensa a repetir essa 
forma e se em contrapartida, teve uma experiência negativa, a maternidade pode 
representar algo sofrido e desorganizador. (Felice, 2007) A regressão também se faz 
presente na gestação, conforme aponta Maldonado (2017), pois regredindo, a mãe 
encontra formas de se identificar com seu bebê. 
Quando a mulher se questiona o motivo de ter um filho, vários fatores, conscientes e 
inconscientes, interagem entre si para que se chegue a resposta dessa pergunta. 
Maldonado (2017) aponta o desejo de dar continuidade á si e a relação amorosa, 
resgatar ou manter um vínculo que ja estava desfeito, competição entre irmãos e com os 
pais, em especial com a própria mãe, preencher vazios – alimentando a esperança de 
que não irá ficar/morrer sozinha, entre outros. 
Os sentimentos e a forma como cada gestante vivencia sua gravidez é única e varia a 
cada trimestre, por isso, Maldonado (2017) dividiu os aspectos psicológicos da gestação 
em três trimestres, ressaltando que nem todas as mulheres passarão por todos e que a 
intensidade e forma de vivência varia muito. 
No primeiro trimestre, é comum o sentimento de ambivalência, como dúvidas sobre 
estar grávida ou não (a mãe ainda não sente o feto e não há alterações significativas e 
visíveis em seu corpo), e é também é quando se inicia o querer versus o não querer essa 
gestação. Não existe gravidez totalmente desejada ou totalmente rejeitada, essa 
ambivalência vai estar presente durante toda a gravidez, mesmo que não haja total 
consciência disso. Estar grávida, por si só, já poderia justificar ambivalência, levando 
em conta os ganhos e perdas que coexistem entre si. (Leite et al, 2014; Maldonado, 
2017) 
Fantasias sobre perder o bebê se iniciam, e a mulher pode sentir que o feto ainda não 
está “preso” em seu útero e que pode perdê-lo a qualquer momento, como na hora de 
defecar, por exemplo. Nesse período, a mulher, em geral, sente hipersônia, náuseas e 
vontade de vomitar com frequência (hiperemese). Algumas sentem desejos em comer 
alimentos que não gostavam e outras sentem repulsa/aversão por 
comidas/bebidas/cheiros que não sentiam antes. A alimentação também sofre alterações, 
podendo haver um aumento ou diminuição do apetite. Em todos os casos, a 
ambivalência está presente, como por exemplo, a vontade de comer em excesso e a 
culpa por não estar consumindo alimentos saudáveis e mantendo uma alimentação 
equilibrada. É também no primeiro trimestre que nota-se a oscilação de humor e 
aumento da sensibilidade. (Maldonado, 2017) 
Ainda segundo Maldonado (2017), o segundo semestre é considerado o mais estável 
emocionalmente da gestação, isso se dá por vários fatores, como por exemplo, o início 
dos movimentos do feto, fazendo com que a mãe o sinta, assim como seu 
desenvolvimento, que agora pode ser visto pelo ultrassom 3D. A partir dessas 
constatações, a mãe passa a atribuir características ao feto, podendo, através de seus 
movimentos, caracterizá-lo como carinhoso, agitado, tranquilo, delicado. Assim como, 
ao ver sua imagem no ultrassom, pode dizer que os traços se parecem com ela ou com o 
pai, é quando eles estão construindo/gestando o bebê imaginário, aquele que eles 
idealizam durante a gestação, quando imaginam como será seu rosto, seu corpo, 
atribuindo ao mesmo traços familiares; pensam no nome, dando a ele significado. É a 
partir daí que os pais passam a criar vínculo com o filho. (Condes, 2016) 
O desejo sexual e a manifestação do mesmo se alteram com mais intensidade no 
segundo semestre. Enquanto algumas mulheres sentem-se mais adultas com a gravidez, 
o que as faz se sentirem a vontade para sair de uma posição infantil e assumir uma 
posição mais madura no sexo, aumentando a frequência e se permitindo novas 
possibilidades, outras diminuem o desejo sexual, podendo ser por não se sentirem 
atraentes com o novo formato do corpo, pelas crenças de que a maternidade é algo puro,os medos de machucar o bebê. (Maldonado, 2017). 
Maldonado (2017) fala de um medo recorrente para a mulher nesse período: as 
alterações corporais. Existe um temor de não voltar a forma anterior a gestação, 
pensando se ficarão ficando flácidas após o parto. Estes medos podem ter um 
significado simbólico mais profundo: o da mudança da maternidade como pessoa 
significar a perda de sua própria identidade, nunca mais voltando a quem era antes. 
(Melo, Lima, 2000) 
É também no segundo trimestre que a mulher se retrai mais em seu próprio mundo. 
Mostra-se mais introvetida e passiva, sente-se menos disposta e menos ativa, o que 
ocorre por modificações metabólicas necessárias na preparação para o papel da mãe. A 
mulher também demanda mais afeto e atenção nesse período, em especial do marido, 
que muitas vezes sente-se cobrado, justamente quando os mesmos acham que estão 
recebendo menos atenção. (Maldonado, 2017; Melo, Lima, 2000) 
Maldonado (2017) afirma que no terceiro trimestre, a ansiedade com a proximidade 
do parto e com as mudanças na rotina de vida da mulher e do casal aumentam, 
principalmente quando a data esperada para o parto é ultrapassada. Novamente aí 
apresenta-se a ambivalência: ora desejam que o bebê nasça para que a gravidez acabe e 
ora querem que ele permaneça na barriga com medo das mudanças que virão. O maior 
medo das gestantes nesse período está relacionado a fantasias sobre o medo do parto 
(não ter passagem, sentir dor, morrer), medo das mudanças em relação a amamentação, 
rotina, medo que o filho nasça com algum problema de saúde. 
Percebe-se que em todos os períodos da gestação existe a vinculação da mãe com 
esse feto, a qual considera filho – a esse fato, dá-se o nome de apego pré-natal. Já foi 
constatado, inclusive, que o vínculo mãe-bebê pode se iniciar no planejamento da 
gravidez e vai crescendo na medida que esta se confirma, sendo desejada e esperada 
pela mãe. O apego ao filho que está gerando se inicia em seu imaginário, mesmo antes 
deste filho existir de forma concreta. (Peppers, Knapp, 1980). Por outro lado, o feto 
passa a se desenvolver e estabeler uma relação afetiva com a mãe, pois ambos se 
comunicam de forma fisiológica. Ele sente o investimento afetivo dela para com ele. 
(Wilheim, 1992). Entende-se então que a vinculação de ambas as partes existe 
independente de tempo de gestação. 
Dessa forma, a perda de um filho nesse momento, quando ele e a mãe ainda estão 
construindo sua forma de se relacionar, construindo um vínculo afetivo, é tido como 
algo catastrófico. O medo de não conseguir manter o filho vivo torna-se real e a culpa 
pelos sentimentos de ambivalência (do querer x não querer o filho) crescem e a mãe 
acredita que seus sentimentos hostis levaram a perda do filho. No óbito fetal, os pais 
não conseguem expressar com clareza o que foi perdido. Nesse filho, estavam suas 
projeções e expectativas. Essa morte impede que as expectativas dos pais transcendam e 
interrompe as projeções existenciais que os mesmos depositaram nessa gestação. A 
mãe, que investiu de forma intensa psiquicamete nesse feto, precisa rapidamente 
desinvestir com a notícia de sua morte. (Aguiar, Zornig, 2016; Duarte, Turato, 2009). 
O Ministério da Saúde (2009) define que óbito fetal é a morte do produto da 
concepção, que deve ocorrer antes da expulsão ou de sua extração completa do corpo 
materno, não importando o tempo da gestação. Constata-se a morte do feto, quando 
após a separação, o mesmo não indica nenhum sinal de vida – sem respirar, sem 
batimentos cardíacos, sem pulsação. A mortalidade fetal é dividida em precoce (abortos 
que ocorrem no período entre a concepção e a vigésima semana de gestação, quando o 
feto pesa po volta de 500g) intermediária (ocorre entre a 20ª e a 28ª semana de gestação, 
quando o feto pesa entre 500 e 1000g) e tardia ( entre a 28ª semana de gestação e o 
parto, com o feto pesando a partir de 1000g). 
Perder um filho remete a mãe a uma sensação de fracasso por não ter conseguido 
mantê-lo vivo, sentindo-se cobrada socialmente, carregando uma culpa por ter falhado 
em sua função materna. Muitas mães podem interpretar a perda como castigo por algo 
de ruim que fizeram ou pensaram, o que aumenta ainda mais a culpa. O sentimento de 
frustração e inferiorização surge por não ter “conseguido” gerar o próprio filho. A forma 
como a mãe vai lidar com essa perda vai depender do vínculo que havia estabelecido 
com esse filho, assim como o momento pessoal e profissional que essa mulher se 
encontra. (Caselatto, Motta, 2002; Freitas, 2009; Bartilotti, 2007) 
A dor da morte um filho é tida como uma das maiores que alguém pode 
vivenciar. É uma lógica inversa ao ciclo de vida que a sociedade está acostumada e 
naturalizada, é como se a ordem não estivesse certa. A sociedade, nesse caso, tem mais 
facilidade em acolher a situação, proporcionando apoio e suporte emocional aos 
pais.Mas quando se trata de um óbito fetal, as pessoas ao redor tem dificuldade de 
entender o sofrimento dos mesmos, pois para eles, aquela criança nunca existiu. A 
crença de que a dor e a intensidade da mesma é proporcional ao tempo de convivência é 
comum. É acolhido então uma leve tristeza, mas ao mesmo tempo, é cobrado que 
aqueles pais superem a perda rapidamente e voltem ao normal, ouvindo frases como: 
“antes agora, do que quando ele fosse maior”, “vocês são novos, já terão outro”, “já 
chega de chorar”, “mas ainda triste por isso?” – o que mostra o quanto existe uma 
desvalorização e não reconhecimento dessa dor e desse luto, reprimindo as mesmas, não 
permitindo que ela siga seu curso (Aguiar, Zornig, 2016; Bartilotti, 2007). 
Por parte da equipe de saúde e dos familiares/amigos próximos, há uma 
tendência a tentar privar os pais – em especial, a mãe, da vivência do luto. Muitas vezes, 
na tentativa de ajudar, não a deixam sozinha, não a deixam chorar, não permitem que 
fale sobre o filho, sobre a perda do mesmo e sobre o que está sentindo, o que dificulta 
ainda mais o momento para a mesma. Além disso, há uma espécie de varredura por 
parte da família, que sai recolhendo e eliminando tudo o que estaria ligado a esse bebê – 
como roupas, móveis do quarto e utensílios. Nos hospitais, dificilmente se vê uma 
preparação emocional para dar suporte a essa mãe, e a mesma não é incentivada a ver o 
filho e se despedir do mesmo. O vazio toma conta da mãe, que sente como se seu filho 
nunca tivesse existido. (Aguiar, Zonig, 2016; Kennel, Klaus, 1992; Casellato, Mota, 
2002). 
Nesse momento, a equipe de saúde muitas vezes encontra dificuldades também 
por estar lidando com sua fantasia de onipotência, pela falta de preparo para lidar com a 
dor do outro e com sua dificuldade em relação a morte. Os profissionais entram em 
negação e um dos fatores primordiais é o fato da morte estar ocorrendo na maternidade, 
local que se associa a vida, à chegada do novo, de alegria. Ao pensar em formas que a 
equipe de saúde pode ajudar os pais, seria assumindo uma postura humana, acolhedora, 
abrindo espaço para que essa mãe fale sobre seu filho, perguntar a ela se deseja vê-lo, 
segurá-lo,sugerir se faz sentido que lhe deem um nome, organizar um funeral. Essas 
medidas facilitam o contato com a realidade, tornam a perda mais paupável, mais real e 
auxiliam no processo de elaboração do luto. (Bartilotti, 2007). 
A perda de um filho impacta, na mãe, em sua dimensão individual, na sua 
relação conjugal, no sistema familiar e na sociedade. Indivualmente, quando uma mãe 
perde um filho, perde também um pouco de si mesma. Perde um pouco do seu futuro, 
de sua identidade, de sua possibilidade de continuar a existir – tendo em vista que 
muitas entendem o filho como uma continuação, uma extensão biológica e psicológica 
delas mesmas. Dessa forma, ao se falar de perda de um filho, não se fala apenas da 
vivência do luto por essa perda, mas pela perda de uma parte de si mesma, o que pode 
inclusivelevar a mãe a transtornos psiquiátricos. Essas mães sentem o luto de forma 
intensa, tendo como característica marcante a necessidade extrema de repassar o 
ocorrido e tentar entender o que aconteceu, a culpa, o pesar, a identificação com o filho 
morto e ampla necessidade de falar sobre isso e sobre sua dor (Casellato, Mota, 2002). 
Na relação conjugal, essa mãe é afetada de forma que muitas temem novos 
relacionamentos por vergonha e culpa pelo seu “fracasso” na maternidade. Quando 
casadas, seu matrimônio é intensamente afetado pelas diferentes formas que cada um os 
cônjuges vivencia o seu luto, podendo se distanciar, ter problemas sexuais e se 
divorciar. Na família, há um desequilíbro sistêmico, que desorganiza a homeostase, 
sendo necessário que haja uma reorganização de papéis, o que pode afetar a convivência 
com seus membros, com consequências para os irmãos sobreviventes. (Casellato, 
Motta, 2002). 
Nota-se que a perda afeta a vida de mãe em vários aspectos. O luto existe 
quando há um vínculo afetivo importante que é rompido. Dessa forma, é importante 
entender que o luto materno no óbito fetal é real e precisa ser entendido e cuidado. Da 
mesma forma que a mãe gestava esse bebê, gestava nela também uma mãe. O vínculo 
era construído nessa relação, um vínculo que se inicia mesmo antes da concepção e é 
bruscamente rompido com a morte. Enquanto a mãe se vê buscando sentido e 
reorganização psíquica, as pessoas que a rodeiam sentem dificuldade de entender o que 
ela está passando, pois não validam a existência daquela criança, o que dificulta mais 
ainda a vivência do luto materno. (Duarte, Turato, 2009; Kennel, Klaus, 1992). 
Ao perder um filho, a mãe vivencia um momento de choque. Ela sente como se 
uma verdadeira tragédia estivesse acontecendo, experimentando sentimentos de raiva, 
tristeza, vazio, desamparo, solidão, angústia, impotência e sofrimento agudo. (Iaconelli, 
2007). No luto materno, a autoestima da mulher é muito abalada, pois sente que a morte 
do filho é um pouco a sua morte também. (Bartilotti, 2007). 
Segundo Motta e Casellato (2002), o luto materno traz muita culpa, o que pode 
ser agravado dependendo do tipo de morte (acidente, doença grave, suicídio). Como a 
mãe sente-se extremamente responsável por aquele feto, sente que é dela também a 
responsabilidade por sua morte. Isso pode ser especialmente agravado em datas 
comemorativas, como aniversário de vida e de morte, assim como em reuniões de 
família, onde se vê outras crianças e até os próprios filhos, e isso gera lembranças 
dolorosas. Dessa forma, a autoestima dessa mulher é muitas vezes abandonada, 
deixando de lado sua vaidade, auto cuidado e projetos de vida. Não sente o direito de ser 
feliz e isso pode levar ao fim de seu casamento, dificuldade em criar novos vínculos, 
isolamento social. 
Outros sentimentos constantes no luto materno: a negação e o entorpecimento. A 
negação é um mecanismo de defesa e inicialmente, pode ser considerado como 
minimante saudável, uma vez que a mãe faz uso dela para conseguir se manter sã e 
seguir a vida em frente, tentando racionalizar a perda para evitar o sofrimento e o 
contato com a dor. No entanto, quando esse mecanismo é utilizado de forma prolongada 
(o que pode facilmente acontecer no luto materno), agrava o fator de risco para a 
elaboração do luto.Já no entorpecimento, as mães vivem como se nada tivesse 
acontecido. (Mota; Caselatto, 2002) 
 
2. OBJETIVOS 
 
2.1 Geral 
- Compreender o processo de luto de mulheres que perderam um filho por óbito 
fetal. 
2.2 Específicos 
 - Verificar o que as mulheres relatam como dificuldade após a perda, 
- Identificar o que as mulheres usam como fator de proteção após a perda, 
- Averiguar que tipo de intervenção as mulheres consideram importante da 
equipe de saúde nesse momento. 
3. Casuística e Método 
3.1. Delineamento de estudo 
A metodologia utilizada será a pesquisa de campo qualitativa, exploratória – 
descritiva. A escolha por esse método se dá pela necessidade de avaliar de forma 
subjetiva a experiência emocional vivida pelo sujeito e também, visando descrever e 
descobrir as relações entre os envolvidos, considerando todos os aspectos envolvidos. 
Para Minayo (2010) o fenômeno parte da empiria e sistematização progressiva 
do conhecimento, até a compreensão lógica interna de um grupo ou do processo 
estudado. Tem como objetivo estudar a história, as percepções, as crenças, as 
representações e as opiniões a partir de interpretações que os seres humanos fazem a 
respeito de suas experiências, construindo a partir disso, seus sentimentos e 
pensamentos. 
3.2 Casuística 
 O estudo será realizado no Hospital Central da Irmandade de Santa Casa de 
Misericórdia de São Paulo, no ambulatório de gestação de alto risco, com mães que 
vivenciaram o óbito fetal. 
 3.2.1 Critérios de Inclusão 
 Concordar em participar da pesquisa mediante assinatura do termo de 
consentimento livre e esclarecido (TCLE) – (Anexo 1), 
 Somente mulheres maiores de 18 anos, 
 Mulheres que são acompanhadas no ambulatório de gestação de alto risco, 
 Mulheres que vivenciaram o óbito fetal. 
 
3.2.2 Critérios de Exclusão 
 Não atender os critério de inclusão descritos acima, 
 Mulheres com transtornos mentais. 
 
3.3 - Instrumentos 
 Nesta pesquisa, o instrumento utilizado sera um questionário de entrevista semi-
estruturada (Anexo 2) para a coleta de dados, desenvolvido pela pesquisadora 
para esta finalidade especifica. A partir desta, busca-se compreender o sentido 
que o sujeito dá a experiência vivida por ele, deixando-o com a narrativa livre, 
porém sem fugir da temática da pesquisa. 
Minayo (2010) afirma que a entrevista semi-estruturada obedece a um roteiro 
feito previamente pelo pesquisador, para facilitar e assegurar que suas hipóteses 
serão cobertas na entrevista. 
 
3.4 – Procedimentos 
 O presente projeto de pesquisa será primeiramente encaminhado a Comissão 
Cientifica do Serviço de Psicologia da ISCMSP e, após aprovação, ao Diretor do 
Departamento de Psicologia, sendo então encaminhado ao Instituto de Pesquisa 
e, posteriormente, ao Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da 
ISCMSP. 
Os participantes serão selecionados a partir do diagnóstico de óbito fetal e que 
estejam em acompanhamento no ambulatório de gestação de alto risco do Hospital 
Santa Casa de São Paulo. A pesquisadora ira propor um parceria com a equipe do 
ambulatório de gestação de alto risco, com a finalidade de selecionar as participantes 
que se encaixem no critério de inclusão. Depois de previamente selecionados, a 
pesquisadora entrará em contato telefônico com as mães, se apresentará e falará sobre a 
pesquisa. Caso aja aceitação, será marcado entre um a dois encontros de em média 50 
minutos, a depender do que foi observado na entrevista. A mesma será realizada no 
prédio Conde de Lara, em uma sala reservada para a psicologia, onde não haverá 
interrupções, garantindo o bom curso da entrevista. Após esclarecidos os objetivos da 
pesquisa, as participantes expressarão consentimento via assinatura do TCLE, conforme 
resolução n. 466/12, ficando com uma via em seu poder. 
Será aplicada a entrevista semi-estruturada, informado que a mesma será 
gravada. A pesquisadora fornecerá as instruções da mesma e permanecerá disponível 
para o esclarecimento de dúvidas que se fizerem necessárias. Caso haja mobilização 
emocional, a pesquisadora entrará em contato com a Psicóloga da equipe de gestação de 
alto risco para promover suporte emocional. 
3.5 Análise de Dados 
O referencial metodológico utilizado será o de análise de conteúdo. As 
entrevistas serão transcritas na íntegra e a análise ocorrerá nessa ordem: pré-análise, 
exploração do material e tratamento dos resultados. Com esse material em mãos, os 
dados da entrevista serão minunciosamente avaliados, buscando nas respostas trechos 
que correspondam a temáticada pesquisa. 
A seleção dos conteúdos se dará por processo de comparação, agrupando as 
unidades de significado por similaridades e diferenças que gerarem as categorias 
(Minayo, 2010). 
 
3.6 - Cronograma 
 
 Maio 
18 
Jun 
18 
Jul 
18 
Ago 
18 
Set 
18 
Out 
18 
Nov 
18 
Dez 
18 
Jan 
19 
Fev 
19 
Mar 
19 
Abr 
19 
Aprovação 
Institucional 
do projeto 
 
X 
 
X 
 
Preparação 
dos 
instrumentos 
 
X 
 
X 
 
Coleta de 
dados 
 
X 
 
X 
 
X 
 
X 
 
Análise dos 
dados 
 
X 
 
X 
 
Relatório 
final e 
apresentação 
 
X 
 
X 
 
4. ANEXOS 
 Anexo 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 
O Serviço de Psicologia da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São 
Paulo, na responsabilidade do(a) pesquisador(a) Renata Pereira Condes – CRP 06/ e 
do(a) Psicólogo(a) Especializando(a) Maicy Bastos Rodrigues – CRP 06/000766 IS 
está realizando uma pesquisa que não inclui medicamento ou qualquer outra forma de 
intervenção sobre os participantes intitulada Luto Materno no Óbito Fetal. A pesquisa 
tem como objetivo compreender o processo de luto de mulheres que perderam um filho 
por óbito fetal. 
Ao aceitar participar deste estudo, o indivíduo será abordado via telefone pelo 
psicólogo(a) especializando(a), sob orientação do(a) pesquisador(a) responsável do 
Serviço de Psicologia, que realizará uma explicação da entrevista a ser realizada no 
Hospital Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em um encontro de cinquenta 
minutos. A pesquisadora fornecerá as instruções da mesma e permanecerá disponível 
para o esclarecimento de dúvidas que se fizerem necessárias., assegurando todo apoio e 
em caso de mobilização emocional, entrará em contato com a equipe de psicologia da 
gestação de alto risco para fornecer o suporte necessário. 
As participantes têm a liberdade de retirar seu consentimento a qualquer 
momento e abandonar o estudo, sem que isto lhe traga qualquer prejuízo quanto ao seu 
tratamento na Instituição. Os dados obtidos serão mantidos em lugar seguro, codificados 
e a identificação só será realizada pelos pesquisadores. 
Caso o material venha a ser utilizado para publicação científica ou atividades 
didáticas, os participantes não serão identificados, estando garantidos a 
confidencialidade, o sigilo e a privacidade, conforme a Resolução nº 466 de 12 de 
Dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde. 
As pessoas que aceitarem participar da pesquisa podem receber resposta a 
qualquer pergunta ou esclarecimento de qualquer dúvida acerca dos assuntos a ela 
relacionados. Os pesquisadores estarão à disposição no telefone (11) 2176-7980, no 
Serviço de Psicologia da Santa Casa de São Paulo, situado à Rua Santa Isabel, 305, 7º 
andar, Santa Cecília, São Paulo. Para esclarecimentos de questões éticas referentes à 
presente pesquisa entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres 
Humanos da Santa Casa de São Paulo, situado à Rua Santa Isabel, 305, 4º andar, Santa 
Cecília, São Paulo, telefone (11) 2176-7689. 
Declaro que li as informações e recebi todos os esclarecimentos necessários 
junto aos pesquisadores e concordo em participar do estudo. 
Recebi uma via desse documento, que ficará em meu poder. 
 
São Paulo, de de 2019. 
Nome do Participante:_______________________________________ 
Documento de Identificação (RG):______________________________ 
Assinatura do Participante:____________________________________ 
Assinatura do Pesquisador: ___________________________________ 
 
 Anexo 2 – Entrevista Semi- Estruturada 
Identificação 
Nome: 
Data de Nascimento: 
Estado civil: 
Gênero: 
Telefone: 
 
1. Como foi para você receber a notícia da morte do seu filho? 
1.1 O que sentiu? Como isso chegou pra você? O que pensou? 
 
2. Você pensou em alguma providência prática ao receber a notícia? 
2.1 Rituais? O que fazer com os pertences? 
 
3. Como foram os primeiros dias após a morte? 
3.1Como você se sentia? De que forma passava seus dias? O que fazia? 
 
4. O que você sentiu que realmente te ajudou nesse processo de luto? 
 
5. O que você sentiu que te atrapalhou nesse processo de luto? 
 
 
6. Você imagina como será o futuro? 
6.1 Faz planos? Pensa em engravidar novamente? 
 
7. Que tipo de atendimento você recebeu da equipe de saúde? 
7.1 Se sentiu acolhida? O que achou da forma que te trataram? 
8. Tem alguma atitude da equipe de saúde que você acha que poderia ter sido 
diferente e isso a faria sentir melhor? 
 
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