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TRABALHO ESTÁCIO PROCESSO CIVIL COLETIVO- MINERAÇÃO SUL AFRICANA

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
PÓS-GRADUAÇÃO EM PROCESSO E DIREITO CIVL 
 
Resenha Crítica de Caso : Mineração Sul- Africana e 
doenças relacionadas ao amianto ou asbestos(a) 
 
ANA KAROLINA REDIVO DA COSTA 
 
 
 
Trabalho da disciplina: Processo Civil Coletivo 
 Tutor: CARLOS EDUARDO 
ANNECHINO M MIGUEL 
 
TANGARÁ DA SERRA-MT 
2020 
http://portal.estacio.br/
 
 
 
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PROCESSO CIVIL COLETIVO 
Referência: Caso Harvard sobre Mineração Sul- Africana e doenças relacionadas 
ao amianto ou asbestos(a),Harvard Bussines School . Acesso em: 20 de Abril de 
2020. 
Introdução: O artigo elaborado conta a história de mineradores sul- africanos 
explorados pela indústria no amianto , dando maior enfoque a história apresentada 
por Audrey van Schalwyk, que desde muito cedo fora explorada pelas grandes 
indústrias, haja vista esta sempre acompanhar seus pais no referido labo desde os 
doze anos.Este conta não somente os danos físicos e morais experimentados pelos 
minerados sul-africanos no decorrer do tempo, mas também suas dificuldades de 
terem tais danos reparados judicialmente, mostrando a diversidade em relação aos 
trabalhadores na Grã-Bretanha, que tinham amparo legislativo para reparar e conter 
o avanço das doenças causadas pelo amianto, como por exemplo a realização de 
avaliação periódica da saúde de seus mineradores. 
 
RESUMO: Em 1950 a maior mina de amianto azul estava localizada Koegas , cidade 
localizada no continente Sul- Africano , que contavam com muitas famílias que 
viviam da extração do referido minério, tendo participação de toda família no referido 
processo . Audrey van Schalkwyk, uma enfermeira sênior da referida cidade, 
acompanhou seus pais desde muito cedo no referido labor, desde os 12 anos esta e 
sua mãe, quebravam as grandes pedras de amianto azul com suas mãos e 
martelos, enquanto seu pai lascava estas dentro da mina, que eram posteriormente 
levadas a fábrica. 
Esta laborou nas minas até três anos antes de terminar seus estudos para se tornar 
enfermeira, onde acabou contraindo asbestose , doença incurável desenvolvida em 
decorrência do contato com o referido minério . Toda sua família fora diagnosticada 
com asbestose , vindo seu pai a falecer em 1993. Como enfermeira, Audrey van 
Schalkwyk enfrentou um grande desafiou, cuidar daqueles que possuíam a mesma 
enfermidade que esta, e pior, acompanhar muitas vezes o processo que levaram 
centenas dessas a morte, o que lhe deixou extremamente assustada. 
 
 
 
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Esta doença se espalhou por 100 anos em diversas cidades do Cabo Setentrional e 
Limpopo na África do Sul , chamada naquela época de Província Setentrional. No 
ano de 1990, a maioria das minas instaladas nas referidas regiões haviam sido 
fechadas , porém a referida substancia já havia se alastrado , estando presente em 
todos os cenários daquela comunidade, “ a poeira azul cobria campos de golfe, 
balanços no playground e comidas nas despensas dos aldeões”. Bem como, durante 
o funcionamento das mesmas, o amianto azul predominava nas vestes dos 
mineradores, que posteriormente lavavam suas vestes nos rios , invadindo como 
uma erva daninha vida e saúde daquele povo. Tanto, que por muitos anos, esta fora 
chamada como pedra azul assassina pelo prefeito de Priska, região que era 
considerada o “ coração” das atividades. 
Infelizmente, esta muita das vezes fora uma doença silenciosa, haja vista demorar 
cerca de 15 a 40 anos para se manifestar no organismo do indivíduo, podendo até 
alcançar comunidades que estavam a longas distancias de onde se concentravam a 
extração do amianto, contaminando as ruas, prédios, telhados, bem como garagem 
daquelas comunidades. 
A principal empresa responsável pela administração da maioria das minas de 
amianto na África do Sul no referido período fora a Cape plc , empresa esta com “ 
base britânica” que esteve em funcionamento no referido continente até 1979. 
Haviam grandes reclamações a cerca das condições de trabalho oferecida nas 
minas , onde em 1997 três ex operários negros da mineradora Egnep de Penge, 
pleitearam ação de reparação contra a empresa da Egnep, Cape plc, haja vista a 
sociedade ter se conscientizado a cerca de todo o maleficio causado pela 
mineradoras de amianto no referido continente, no que tange em relação as mortes 
e doenças causadas pela inalação do referido minério. 
Ocorre, que o cumprimento das sentenças proferidas em favor dos mineradores não 
foram efetivas, em decorrência de que muitas das grandes empresas se quer ainda 
estavam em funcionamento naquela localidade. Bem como, muitos daqueles 
atingidos pelos malefícios do amianto, não puderam se quer pleitear a referida 
indenização , haja vista que muitos se quer tinham provas de que laboraram nas 
 
 
 
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minas, ou seja, eram “ invisíveis aos olhos da justiça”, bem como, muitos já haviam 
falecido em decorrência de complicações em relação as doenças contraídas. 
O amianto causa grandes danos a saúde, e é material com grande potencia 
cancerígena, podendo causar câncer no pulmão, cólon, bem como esôfago. A 
complicação em relação a ingestão involuntária do amianto se da em decorrência 
deste possuir fibras tão pequenas que não são detectadas pelas esferas 
respiratórias , que ao passar para dentro do organismo, esta não consegue remove-
las , pois fica presa aos pulmões e tecidos do corpo. 
As principais doenças que se associam a exposição do amianto são:câncer de 
pulmão, asbestose, efusão pleural e mesotelioma , doenças essas que não possuem 
cura. 
A extração em amianto começou no Cabo Setentrional e em Limpopo, se 
expandindo posteriormente a Mpumalanga no ano de 1880. Já em 1950, 97% do 
amianto azul do mundo era produzido na continente Sul Africano, variedade mais 
letal da família do referido minério onde uma pequena quantidade é fatal ao ser vivo. 
Após a 2ª Guerra Mundial a produção de amianto se expandiu, chegando a contar 
com quase 15,000 funcionários em 1976. Ademais, fora introduzido o martelo 
pneumático na referida produção, alastrando a poeira do amianto nas cidades de 
Kuruman, Pomfret, Koegas e Prieska, cidades esta centro da indústria do amianto 
azul. A extração e trituração de amianto em Prieska fora finalizada em 1960,quando 
Kuruman veio a se tornar a principal produtora de amianto naquela continente. 
Os minerados que estavam presentes na extração de amianto tinha como maioria 
negra, que em decorrência do apartheid acabou piorando a situação de trabalho nas 
minas.Além de negros, as minas também contavam com a colaboração de 
imigrantes, que viviam em situação desumana, pois as empresas não forneciam 
qualquer estrutura de trabalho, muito menos comida e moradia para estes. Estes 
viviam com deficiências de vitaminas em seu organismo, bem como eram forçados a 
comprar mantimentos de lojas das próprias mineradoras, que revendiam os produtos 
por preços abusivos , no momento em que iam levar a fábrica a fibra de amianto 
extraídas, era enganados pelos gerentes desta, que contabilizavam um peso 
diferente do real, qual seja menor das que eram levadas a estes. 
 
 
 
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Em decorrência do apartheid no século 20, a África do Sul não se preocupou com a 
situação de trabalho nas minas de amianto, haja vista as empresa responsáveis pela 
extração era de “ brancos”, o que fez com que o governo deixasse de implementar 
qualquer regulamento de segurança aos trabalhadores da época. Muitos chegavam 
até mesmo a elogiar a maneira com que estes conduziam os negócios, houve 
governantes que fecharam os olhos para a monstruosidade que estava ocorrendo 
naquele continente. 
Apenas em 1987 que a condição de trabalho nas minas melhorou, quando 
sindicatos negros se tornaram legítimos , a diferença de condições de trabalho nas 
minas geridas pelas mesmas empresas no continente africano e em outros países 
não africanos era pequenaFez com que fossem fechadas minas que estavam em 
funcionamento desde 1970, tendo principalmente como causa a queda do preço do 
minério, ademais, as empresas se quer restauraram o meio ambiente degradado 
pela atividade mineradora daquelas áreas extraídas por muito tempo. 
Em 1983 uma filial da a empresa Caple plc, foi incorporada na Grã Bretanha , 
abrindo unidades fabris de amianto naquela localidade. As enfermidades causadas 
pelo amianto naquela local recebera muita atenção desde a primeira morte relatada 
em 1924, onde se era exigido ventilação e limpeza nas fábricas , bem como a 
realização de exames médicos periódicos em seus operários. 
A indústria tinha conhecimento dos riscos trazidos à saúde pela exposiçao ao 
amianto desde 1930, porém se manteve inerte não oferecendo segurança a 
população mineradora e daqueles que residiam perto das minas. Ou seja, a indústria 
em geral, bem como a Cape tirou proveito da vaga legislação trabalhista da época ,e 
da mão de obra barata, trabalhadores e aqueles que residiam perto das minas, 
foram expostos a níveis 30 vezes mais altos que o limite legal. Em Joanesburgo em 
1959, fora realizada uma conferencia sobre pneumoconiose , onde os estudos 
relatados na referida conferencia sugeriam haver uma relação próxima entre o 
amianto azul a mesotelioma. Os pesquisadores verificaram que mesmo aqueles que 
não haviam morado nas áreas de Prieska, Koegas , Kuruman e Penge , mesmo não 
tendo sofrido exposição industrial e inalação do amianto estavam suscetíveis a 
contrair Asbestose, e que havia grande número de casos de pessoas que haviam 
 
 
 
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contraído a mesoteliona em pessoas que tinham vivido no norte do cabo ocidental, 
que não eram de natureza industrial.O funcionário do governo responsável pela 
pesquisa, Dr. L.G Walters, enfatizou a necessidade do Departamento de Minas e 
Indústria realizar avaliações para controlar a poeira, bem como, métodos para 
descartar o referido minério, a fim de serem eficazes a proteção a saúde. 
As três principais empresas mineradoras no Sul Africanos foram as responsáveis 
pelo financiamento das pesquisas em relação a exposição do amianto , porém, estes 
pressionavam pela não divulgação das referidas pesquisas, haja vista ser prejudicial 
aos negócios, fazendo com que fosse realizada por mais 15 anos a extração do 
referido minério, se comportando como se este não fosse prejudicial, como se os 
danos não existissem. Os mais afetados com isso, bem como os últimos a tomarem 
conhecimento da realidade foram os mineradores, principalmente os rurais, que 
tinham contato diário com a substancia. Ademais, estes quando deixaram seus 
empregos, não tinham informações de seus direitos, principalmente ao direito a 
realização de exames após o desligamento com a empresa. Diferente ocorreu na 
Grã Bretanha, onde devido as doenças ocasionada pelo amianto, a Cape fechou 
suas portas. Sendo verificado posteriormente pelo inspetor de saúde Dr. Gerrit 
Scheepers que os níveis de poeira de amianto na mina Pense da Cape em 
Limpopo(Sul da África) eram em limites muito maiores do que ocorrera na Grã 
Bretanha. Após o conhecimento de toda Europa, Estados Unidos, a Cape culpou o 
amianto azul como culpado principal, decidindo focar seus empreendimentos no 
amianto branco, denominado crisólito. Em 1994, a África do Sul elaborou uma 
Constituição para garantir os direitos fundamentais do trabalhadores , porém esta 
não era eficaz, pois havia falta de recursos e acesso a justiça ,havia impedimento 
de indenização de funcionário que sofresse doença ocupacional, o tribunal era 
conservador em relação indenização por dor e sofrimento, não havia maneira eficaz 
de se provar os danos sofridos, idade avançada e saúde comprometida, e entre 
outros, sendo assim, tanto Audrey Van Schalkwyk e todos aqueles que sofreram 
com o amianto não tiveram a reparação merecida, e lutam até hoje para manter pelo 
menos sua saúde .

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