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DIREITO
ADMINISTRATIVO
Profª. Tatiana Marcello
 
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Direito Administrativo 
 
Profª. Tatiana Marcello 
 
 
www.tatianamarcello.com.br 
@tatianamarcello 
 
 
PODERES ADMINISTRATIVOS 
 
O Estado age por meio de seus agentes públicos, aos quais são conferidas prerrogativas 
diferenciadas, a serem utilizadas para o alcanças os seus fins: a satisfação dos interesses 
públicos. Esse conjunto de prerrogativas denomina-se Poderes Administrativos, ou seja, são 
instrumentos conferidos à Administração para o atendimento do interesse público. 
Por outro lado, por tutelarem interesses coletivos, são impostos aos agentes públicos alguns 
Deveres Administrativos. 
Há hipóteses e que os Poderes se convertem em verdadeiros Deveres, pois enquanto na esfera 
privada o Poder é mera faculdade daquele que o detém, na esfera pública representa um Dever 
do administrador para com os administrados. Segundo a doutrina, trata-se do chamado Poder-
dever de agir, de forma que se o agente não agir, poderá responder por omissão. 
 
 
DEVERES
Eficiência
Prestação 
de contasProbidade
 
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 Poder Vinculado 
Também chamado de regrado, é o poder conferido pela lei à Administração para a prática de 
ato de sua competência, mas com pré-determinação dos elementos e requisitos necessários a 
sua formalização, ou seja, é aquele nos quais a liberdade de atuação do agente é mínima ou 
inexiste. 
Portanto, o poder vinculado difere-se do poder discricionário, pois neste há maior liberdade de 
atuação da Administração. 
Para alguns autores, a idéia de poder é contraditória nesse caso, já que o administrador está 
limitado a respeito dos elementos que compõem o ato (competência, finalidade, forma, motivo 
e objeto), não gozando de liberdade. 
 
 Poder Discricionário 
É o poder conferido à Administração que, embora deva estar de acordo com a lei, confere uma 
maior liberdade ao Administrador, que poderá adotar uma ou outra conduta de acordo com a 
conveniência e oportunidade, ou seja, a Lei faculta ao administrador a possibilidade de escolher 
as entre as condutas possíveis, a qual deve estar de acordo com o melhor atendimento do 
interesse público. 
Não se pode confundir discricionariedade com arbitrariedade (ilegalidade) ou livre arbítrio 
(fazer o que bem entender), pois a Administração Pública, ao revés dos particulares de modo 
geral, só pode fazer aquilo que a Lei determina ou autoriza. 
 
Poderes
Hierárquico
Vinculado
Polícia
Regulamentar
(normativo)
Discricionário
Disciplinar
 
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 Poder Regulamentar (ou Normativo) 
É o poder conferido aos chefes do Executivo para editar decretos e regulamentos com a 
finalidade de permitir a efetiva implementação da Lei. 
Enquanto as Leis são criadas no âmbito do Poder Legislativo, a Administração Pública poderá 
criar esses decretos e regulamentos para complementá-las. 
Decretos e regulamentos não podem contrariar, alterar, modificar as disposições da Lei. 
Incumbe à Administração, então, complementar as Leis, criando os mecanismos para sua efetiva 
implementação (Ex.: Lei 8.112 x Decreto 5.707). 
CF, art.84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
IV – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e 
regulamentos para sua fiel execução; 
VI - dispor, mediante decreto, sobre: 
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar 
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos. 
 
Princípio da Simetria Constitucional: os Chefes de Executivos dos Estados e Municípios possuem 
a mesma prerrogativa. Outras autoridades, como os Ministros, podem editar atos normativos 
(CF, art. 87 Parágrafo único, II), bem como entidades (ex.: agências reguladoras). 
 
 Poder Hierárquico 
A hierarquia é inerente ao Poder Executivo (organização interna). 
No âmbito do Poder Legislativo ou Judiciário, onde ocorra o desempenho de função 
administrativa (atividade atípica desses poderes), poderá haver hierarquia; porém, em relação 
às funções típicas exercidas pelos membros desses dois poderes (legislativa e jurisdicional) não 
há hierarquia entre seus membros (parlamentares e membros da magistratura). 
O poder hierárquico tem íntima relação com o poder disciplinar e objetiva ordenar, coordenar, 
controlar e corrigir as atividades administrativas no âmbito interno da Administração. 
É através do poder hierárquico que a Administração escalona a função de seus órgãos, revê a 
atuação de seus agentes e estabelece a relação de subordinação entre seus servidores. 
Nas relações hierárquicas há vínculo de subordinação entre órgãos e agentes. 
Obs.: não há hierarquia entre administração direta e entidades da administração 
indireta! 
 
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 Poder Disciplinar 
O Poder Disciplinar é o exercido pela Administração para: 
 APURAR INFRAÇÕES 
 APLICAR PENALIDADES 
aos servidores e das demais pessoas que ficarem sujeitas à disciplina administrativa (ex.: 
empresas privadas contratadas para prestação serviços públicos; detentos de unidade prisional; 
alunos de escola pública). 
Decorre do escalonamento hierárquico: se ao superior é dado poder de fiscalizar os atos dos 
seus subordinados, por óbvio que, verificando o descumprimento de ordens ou normas, tenha 
a possibilidade de impor as devidas sanções previstas. 
Hely Lopes Meirelles conceitua o Poder Disciplinar como “faculdade de punir 
internamente as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à 
disciplina dos órgãos e serviços da Administração.” 
Muito embora Hely se refira a poder como uma “faculdade”, importante salientar que a 
apuração da infração não se trata de uma decisão discricionária da autoridade, já que diante de 
uma irregularidade, o agente tem o poder-dever de agir. 
Exemplificando, estabelece o art. 143 da Lei 8.112/90: A autoridade que tiver ciência de 
irregularidade no serviço público é obrigada a promover sua apuração imediata....”. Já em 
relação à penalidade a ser aplicada, em razão de adotarmos a chamada tipicidade aberta, há 
uma margem discricionária, de acordo com as circunstâncias, natureza ou gravidade de cada 
infração, desde que observando o princípio da adequação punitiva. 
 
 Poder de Polícia 
O Código Tributário Nacional - CTN, conceitua Poder de Polícia, dispondo em seu art. 78 
que: considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou 
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, 
em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, 
à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas 
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao 
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. 
Poder de Polícia, portanto, é a atividade do Estado que limita os direitos individuais em 
benefício do interesse público, ou seja, é o mecanismo de frenagem de que dispõe a 
Administração Pública para conter os abusos do direito individual (Hely Lopes Meirelles). 
O interesse público está relacionado com a segurança, moral, saúde, meio ambiente, 
consumidor, propriedade, patrimônio cultural. 
• Polícia Administrativa e Judiciária 
 
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O poder de polícia do Estado pode ocorrer em duas áreas: 
 na administrativa, feita pelos órgãos administrativos, atuando sobre as atividades do 
indivíduos (ex.: fiscalização da atividade de comércio); 
 na judiciária, executada pelos órgãos de segurança, atuando sobre o indivíduo que 
poderia cometer algum ilícito penal (ex.: polícia civil de um estado). 
 
Competência para Exercício 
O critério para determinação de competência para o exercício do Poder de Polícia é o que diz 
respeito ao poder de regular a matéria. 
Hely Lopes Meirelles: os assuntos de interesse nacional ficam sujeitos à regulamentação 
e policiamento da União (CF, art. 22 e 24); as matérias deinteresse regional sujeitam-se 
às normas e à polícia estadual (CF, art. 25, § 1º); os assuntos de interesse local 
subordinam-se aos regulamentos edilícios e ao policiamento administrativo municipal 
(CF, art. 32, § 1º). 
Ex.: 
 Regulação de mercados de título e valores imobiliários (compete à União, então ela 
exerce o poder de polícia); 
 Normas pertinentes a prevenção de incêndio (compete à esfera estadual, então ela 
inspeciona, vistoria, expede alvará...) 
 Planejamento e controle de uso de solo urbano (compete ao município, então ele 
concede licença, regula o funcionamento, aplica sanções...) 
 
Atributos ou Características 
Os atributos costumeiramente apontados pela doutrina no que se refere aos atos resultantes 
do exercício regular do poder de polícia são 3: 
 discricionariedade (livre escolha de oportunidade e conveniência do que vai aplicar); 
 auto-executoriedade (decidir e executar diretamente sua decisão sem a intervenção do 
Judiciário); 
 coercibilidade (imposição coativa das medidas adotas pela Administração). 
 
polícia 
administrativa
atividade 
preventiva
polícia
judiciária
atividade 
repressiva
 
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Sanções decorrentes do Poder de Polícia 
As sansões são impostas pela própria Administração em procedimentos administrativos 
compatíveis com as exigências do interesse público, respeitando a legalidade da sanção e a sua 
proporcionalidade à infração. 
Exemplificando, podemos citar as seguintes sanções administrativas, em decorrência do 
exercício do Poder de Polícia: as multas, a interdição de atividades, demolição de construções 
irregulares, inutilização de gêneros, apreensão de objetos. 
Poder de polícia é delegável à pessoa jurídica de direito privado? 
 Regra: NÃO 
 Exceção: Atos Materiais 
Ciclos do Poder de Polícia: NO CO FI SA 
1. Normatizar/Ordem (preceito legal): não cabe delegação. 
2. Consentir (alvará, licença, autorização): cabe delegação. 
3. Fiscalizar: cabe delegação. 
4. Sancionar: não cabe delegação. 
 
 
 
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ATOS ADMINISTRATIVOS 
 
CONCEITO 
Segundo Hely Lopes Meirelles, ato administrativo é “toda manifestação unilateral de 
vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato 
adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor 
obrigações aos administrados ou a si própria”. 
Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro: “declaração do Estado ou de quem o represente, 
que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de 
direito público e sujeito a controle pelo Poder Judiciário”. 
Em suma, é uma manifestação de vontade do Estado ou de quem lhe faça as vezes, que tem 
por finalidade o interesse público. 
 
Quem emite atos administrativos? 
 Poder Executivo como função típica; 
 Poder Judiciário como função atípica (ex.: conceder férias aos servidores); 
 Poder Legislativo como função atípica (ex.: fazer um regimento interno); 
 Particulares que façam as vezes de Estado (ex.: concessionária). 
 
 
 
REQUISITOS ou ELEMENTOS 
Segundo a corrente clássica, defendida por Hely Lopes Meirelles e mais aplicada em concursos 
públicos, os “requisitos” (também chamados de “elementos”) são trazidos pela Lei n. 4.717/65 
 
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(Lei de Ação Popular), art. 2º, segundo o qual, “são nulos os atos lesivos ao patrimônio das 
entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: 
a) incompetência; 
b) vício de forma; 
c) ilegalidade do objeto; 
d) inexistência dos motivos; 
e) desvio de finalidade. 
 
Portanto, os requisitos do ato administrativo são: COM FIN FOR M OB 
COMPETÊNCIA ----- (quem?)* Autoridade competente pode ratificar. 
FINALIDADE ----- (para quê) 
FORMA ----- (como?)* Ato pode ser refeito pela forma correta. 
MOTIVO ----- (por que?) 
OBJETO ----- (o que?) 
* Vícios que podem ser sanados, convalidando-se o ato. 
Lei 9784/99, Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público 
nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados 
pela própria Administração. 
 
 Competência (quem?) 
Lei n. 4.717/65, art. 2º, p. ú, “a” - a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir 
nas atribuições legais do agente que o praticou. 
 O agente que pratica o ato deve ter poder legal para tal. 
 Lei 9784/99, Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos 
a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente 
admitidos. 
 (mesmo quando se delega ou avoca, se trata de transferência de exercício daquela 
atribuição, mas não da competência). 
 Delegação – regra é que posso delegar. Exceção: Não podem ser objeto de delegação (Lei 
9784/99, art. 13): 
I - a edição de atos de caráter normativo; 
II - a decisão de recursos administrativos; 
 
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III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. 
 
 A delegação é subdelegável, se a autoridade competente não proibir. 
 Se extrapolar a competência, ocorre o “excesso de poder” (ex.: tinha poder para aplicar 
suspensão, mas demitiu – a demissão não será válida por vício de competência). 
 Obs.: O vício de competência pode ser convalidado, não sendo necessária anulação. 
 
 Finalidade (para quê) 
Lei n. 4.717/65, art. 2º, p. ú, “e” - o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o 
ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. 
 É o objetivo do ato, que deve buscar o interesse público. 
 Se não atender a finalidade, haverá “desvio de finalidade ou desvio de poder” (espécie 
de abuso de poder) tornando o ato inválido (ex.: sou eleito prefeito e meu primeiro ato 
é desapropriar imóvel do meu inimigo político; ex.: remoção de ofício como forma de 
punição). 
 Obs.: desvio de finalidade é vício insanável; obriga a anulação. 
 
 Forma (como?) 
Lei n. 4.717/65, art. 2º, p. ú, “b” - o vício de forma consiste na omissão ou na observância 
incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato; 
 Em regra, a forma é a escrita, mas excepcionalmente existem outras formas, como por 
exemplo, forma verbal, sinalização de trânsito, etc. 
 Ex.: auto de infração sem assinatura; aplicação de penalidade ao servidor sem PAD. 
 Obs.: O vício de forma pode ser convalidado, exceto se a lei estabelecer que 
determinada forma é essencial à validade do ato, caso este em que será nulo o ato (não 
podendo ser convalidado). 
 
 Motivo (por que?) 
Lei n. 4.717/65, art. 2º, p. ú, “d” - a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria 
de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou 
juridicamente inadequada ao resultado obtido; 
 Situação de fato ou de direito que determina ou autoriza a realização do ato 
administrativo. 
 Motivo é diferente de motivação. 
 
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Ex.: servidora ficou grávida e tenho que conceder licença gestante; o motivo do ato é a gravidez. 
Ex.: servidor praticou uma conduta que levou à pena de demissão; o motivo do ato é a infração. 
Obs.: o vício quanto ao motivo é insanável; obriga a anulação. 
 
Teoria dos Motivos Determinantes 
Ao motivar um ato (seja ele vinculado ou discricionário), a Administração fica vinculada à 
existência e adequação daqueles motivos declarados como causa determinante do ato, 
podendo sofrer controle de legalidade/legitimidade pela própria Administração Pública ou pelo 
Poder Judiciário caso esses motivos não existam ou sejam inadequados. 
Isso ocorre mesmo em atos discricinários em que não precisa motivação, mas que se forem 
motivados vinculam a Administração. 
Ex.: para exonerar o servidor ocupante de CC não é necessário motivação; entretanto, se a 
autoridade motivar, terá que haver existência e adequação daquele motivo; Ex.: a exoneração 
foi motivada na falta de assiduidade do servidor, este poderá requerer a anulação do ato caso 
prove que era assiduo; algo quenão seria possível ser contestado caso a autoridade não tivesse 
motivado (já que a lei não obriga a motivar nesse caso). 
 
 Objeto (o que?) 
Lei n. 4.717/65, art. 2º, p. ú, “c” - a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato 
importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo; 
 É o conteúdo do ato, que tem por objeto a criação, modificação ou comprovação de 
situações concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à ação do Poder Público. É 
aquilo que quero alcançar quando pratico o ato administrativo. 
Ex.: servidora ficou grávida e tenho que conceder licença gestante; o motivo do ato é a gravidez; 
o objeto do ato é a licença. 
Ex.: servidor praticou um ato que levou à aplicação de pena de suspensão; o motivo do ato é a 
infração; o objeto do ato é a pena de suspensão. 
Obs.: o vício do objeto (objeto ilegal) é insanável; obriga a anulação. 
 
• Ex.: ato de demissão do servidor 
COMPETÊNCIA ----- (quem pode aplicar a pena de demissão?) 
FINALIDADE ----- (para quê? Interesse público corrigir) 
FORMA ----- (como? Através de um processo administrativo) 
MOTIVO ----- (por que? Praticou infração) 
 
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OBJETO ----- (o que? demissão) 
 
• Ex.: ato de aposentadoria compulsória do servidor 
COMPETÊNCIA ----- (quem? Ministro de Estado) 
FINALIDADE ----- (para quê? Interesse público/renovar os servidores) 
FORMA ----- (como? Escrita por Portaria) 
MOTIVO ----- (por que? Completou 75 anos) 
OBJETO ----- (o que? Aposentadoria compulsória) 
 
ATRIBUTOS (PATI) 
 
Presunção de Legitimidade (veracidade/legalidade) - o ato é válido (e legítimo) e deve ser 
cumprido até que se prove o contrário (presunção relativa); presente em todos os atos. 
Autoexecutoriedade – o Estado pode executar seus atos sem precisar de manifestação prévia 
do Judiciário (ex.: apreensão de mercadoria, interdição de estabelecimento, aplicação de 
multa...); mas, posteriormente o Judiciário pode analisar legalidade do ato. Obs.: a 
Administração pode aplicar multa, mas para cobrar tem que ser no Judiciário. 
Tipicidade – respeito às finalidades especificadas em lei; ato não é lei, mas tem por base uma 
lei, então deve atender a figuras definidas previamente pela lei. 
Imperatividade – o ato cria unilateralmente obrigação ao particular; o Estado impõe 
coercitivamente (coercibilidade) o ato e tem que ser respeitado, concordando ou não. 
 
INVALIDAÇÃO/EXTINÇÃO (anulação e revogação) 
Lei 9.784/1999, art. 54: A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de 
vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados 
os direitos adquiridos. 
 Súmula do STF 473 – A Administração pode anular seus próprios atos quando eivados 
de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, 
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e 
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. 
 Súmula do STF 346 - A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios 
atos. 
 
Anulação e revogação: decorrem do “Princípio da Autotutela”. 
 
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 Revogação - é a invalidação de ato legal e eficaz, que pode ser realizado apenas pela 
Administração, quando entender que o mesmo é inconveniente ou inoportuno (mérito), 
com efeitos não retroativos (ex nunc). 
 Anulação é a invalidação de um ato ilegítimo, que poderá se dar pela Administração ou 
pelo Poder Judiciário (efeitos retroativos – ex tunc). 
Desses dispositivos conclui-se que, em relação aos atos, a Administração pode ANULAR ou 
REVOGAR, porém, o Poder Judiciário pode apenas ANULAR. 
 
 
Anulação e Revogação de Atos Administrativos 
 
A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode 
revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. 
 
 
• ANULAR quando ILEGAIS
• REVOGAR quando INCONVENIENTES OU 
INOPORTUNOS
ADMINISTRAÇÃO
• ANULAR quando ILEGAISPODER JUDICIÁRIO
 
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SERVIÇOS PÚBLICOS 
 
Conceito: 
• José dos Santos Carvalho Filho – toda atividade prestada pelo Estado ou por seus 
delegados, basicamente sob regime jurídico de direito público, com vistas à satisfação 
de necessidades essenciais e secundárias da coletividade. 
• Hely Lopes Meirelles – serviço público é todo aquele prestado pela administração ou 
por seus delegados, sob normas e controle estatais, para satisfazer necessidades 
essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniências do Estado. 
• Maria Sylvia Di Pietro – serviço público é toda atividade material que a lei atribui ao 
Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo 
de satisfazer concretamente as necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou 
parcialmente público. 
 
Princípios elencados na Lei 8.987/95 (Concessões e Permissões de serviços públicos) 
 Art. 6º, § 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de: 
• Regularidade – frequência na prestação; respeito a intervalos de tempo. 
• Continuidade/Permanência – não pode sofrer interrupção (Não se caracteriza como 
descontinuidade a interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, 
quando: I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, II 
- por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade). 
• Eficiência – qualidade; perfeição; rendimento. 
• Segurança – prevenção de riscos. 
• Atualidade – modernidade; conservação; melhorias. 
• Generalidade – prestado indistintamente, alcançando o máximo de pessoas. 
• Cortesia na sua prestação – urbanidade; respeito. 
• Modicidade das tarifas – taxas e tarifas acessíveis. 
 
 
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Disposições Preliminares 
 
• CF - Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime 
de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços 
públicos. 
 Parágrafo único. A lei disporá sobre: 
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter 
especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, 
fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; 
II - os direitos dos usuários; 
III - política tarifária; 
IV - a obrigação de manter serviço adequado. 
 
 
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Concessão e Permissão de serviços públicos 
• Prevê a CF que: Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou 
sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de 
serviços públicos. 
Parágrafo único. A lei disporá sobre: 
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter 
especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, 
fiscalização e rescisão da concessão ou permissão. 
A Lei 8.987/95 não faz distinção entre concessão e permissão, limitando-se a tratar das 
concessões; apenas referindo no parágrafo único do art. 40 que “Aplica-se às permissões o 
disposto nesta Lei”. 
Portanto, o regramento jurídico aplicável às concessões é o mesmo aplicável às permissões, 
sedo que as diferenciações são mais no campo acadêmico do que prático. 
Aliás, o próprio STF já afirmou que a CF “afastou qualquer distinção conceitual entre permissão 
e concessão, ao conferir àquela o caráter contratual desta”. 
 
ADMINISTRAÇÃO DIRETA
U, E, DF, M
Administração 
Indireta
(outorga – por lei)
- Autarquias;
- Fundações Públicas;
- Empresas Públicas;
- Sociedade de Economia Mista.
Iniciativa Privada
(delegação – por 
contrato ou ato)
- Concessionárias;
- Permissionárias;
- Autorizatários (exceção).
 
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Art. 2o Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se: 
I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município, em cuja competência 
se encontre o serviço público, precedido ou não da execução de obra pública, objeto de 
concessão ou permissão; 
II - concessão de serviço público: a delegação desua prestação, feita pelo poder concedente, 
mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas 
que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo 
determinado; 
IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação, da 
prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que 
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. 
 
 
 
 
Poder 
concedente
(U, E, DF e M)
- Concessionárias
- Permissionárias
 
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LICITAÇÃO 
 
Introdução e Fundamentos Constitucionais da Licitação 
 
• O art. 37, XXI da CF prevê o preceito mais genérico existente em nosso ordenamento 
jurídico sobre a obrigatoriedade de a Administração Pública realizar licitações para suas 
contratações: 
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações 
serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de 
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, 
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as 
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das 
obrigações. 
 
Desse dispositivo, constata-se que a própria CF admite a possibilidade de a lei estabelecer 
hipóteses excepcionais de contratações de obras, serviços, compras e alienações sem licitações 
– chamada contratação direta. 
Entretanto, ao prever os contratos de concessão e permissão de serviços públicos, a CF não 
deixou margem para exceções, sendo necessária sempre a realização de licitação: 
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão 
ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. 
• Lei 8.666/93 - Art. 22. São MODALIDADES de licitação: 
I - concorrência 
II - tomada de preços 
III - convite 
 
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IV - concurso 
V - leilão 
Lei 10.520/2002 - Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada 
a licitação na modalidade de pregão. 
• Há ainda a consulta (modalidade licitatória das Agências Reguladoras). 
 
 
 
 
 
 
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Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão 
determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação: 
• ATENÇÃO: as modalidades de licitação convite, tomada de preços e concorrência são 
determinadas conforme os valores da contratação. Entretanto, esses valores foram 
atualizados pelo Decreto nº 9.412/2018. A lei continua com a mesma redação, porém, 
os valores a serem considerados para a prova são os atualizados do Decreto, conforme 
abaixo: Os valores estabelecidos nos incisos I e II do caput do art. 23 da Lei nº 8.666, de 
21 de junho de 1993, ficam atualizados nos seguintes termos: 
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão 
determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação: 
• I - para obras e serviços de engenharia: 
a) convite - até R$ 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais); 
b) tomada de preços - até R$ R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais); 
c) concorrência: acima de R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais); 
 
• II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior: 
a) convite - até R$ 176.000,00 (cento e setenta e seis mil reais); 
b) tomada de preços - até R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta mil reais); 
c) concorrência - R$ 1.430.000,00 (um milhão, quatrocentos e trinta mil reais). 
 
 
 
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Art. 23, § 4o Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada de 
preços e, em qualquer caso, a concorrência. 
Art. 23, § 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qualquer que seja o valor de 
seu objeto, tanto na compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19 
(leilão), como nas concessões de direito real de uso e nas licitações internacionais, admitindo-
se neste último caso, observados os limites deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão 
ou entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores ou o convite, quando não 
houver fornecedor do bem ou serviço no País. 
Art. 22, § 8º - É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação das 
referidas neste artigo. 
 
Concorrência 
Art. 22, § 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na 
fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação 
exigidos no edital para execução de seu objeto. 
A concorrência é a mais complexa das modalidades de licitação. 
Concorrência
Engenharia – acima de R$ 3.300.000,00 
Demais obras e serviços – acima de R$ 1.430.000,00
Tomada de Preços
Engenharia – até 
R$ 3.300.000,00 
Demais obras e serviços – até 
R$ 1.430.000,00
Convite
Engenharia – até R$ 
330.000,00 
Demais obras e serviços – até
R$ 176.000,00
 
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Art. 23, § 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qualquer que seja o valor de 
seu objeto, tanto na compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19 
(leilão), como nas concessões de direito real de uso e nas licitações internacionais, admitindo-
se neste último caso, observados os limites deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão 
ou entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores ou o convite, quando não 
houver fornecedor do bem ou serviço no País. 
 
Tomada de Preços 
Art. 22, § 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente 
cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o 3º dia 
anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. 
A Tomada de Preços é utilizada para a celebração de contratos de obras, serviços e compras de 
menor vulto do que as que exigem a concorrência. 
A habilitação, que corresponde ao cadastramento, é preliminar à abertura do procedimento. 
Quem ainda não for cadastrado, poderá cadastrar-se até o 3º dia anterior à data do 
recebimento das propostas, desde que atendam às condições de qualificação exigidas (mesmas 
exigência para o cadastramento). 
 
Convite 
 
Art. 22, § 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu 
objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 pela unidade 
administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o 
estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu 
interesse com antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas. 
Diferentemente das demais modalidades de licitação, que têm como instrumento convocatório 
o edital, a modalidade convite tem como instrumento convocatório a carta-convite, que será 
enviada diretamente aos interessados. 
Como não há edital, não há publicação na imprensa oficial, apesar de haver a necessidade de 
afixação da cópia do instrumento em local apropriado, a fim de que os demais cadastrados (não 
convidados) possam participar (manifestando-se 24h antes da entrega das propostas). 
O convite tem procedimentos mais simples, sendo utilizado para contratações de menor valor. 
Excepcionalmente, a carta-convite pode ser enviada a menos de 3 interessados, caso haja 
limitação de mercado ou desinteresse dos convidados, tornado impossível a obtenção de um 
número mínimo (tal fato deverá ser justificado no processo, sob pena de ter que repetir o 
procedimento). 
 
 
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Concurso 
Art. 22, § 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha 
de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração 
aos vencedores, conforme critériosconstantes de edital publicado na imprensa oficial com 
antecedência mínima de 45 dias. 
A natureza do objeto é que determina a realização da modalidade concurso, 
independentemente do valor do contrato. 
Art. 13, § 1o Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os contratos para a prestação 
de serviços técnicos profissionais especializados deverão, preferencialmente, ser celebrados 
mediante a realização de concurso, com estipulação prévia de prêmio ou remuneração. 
O julgamento é feito por uma comissão especial, formada por pessoas de reputação ilibada e 
reconhecido conhecimento da matéria, sejam servidores públicos ou não. 
 
Leilão 
Art. 22, § 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de 
bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou 
penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior 
lance, igual ou superior ao valor da avaliação. 
• Portanto, o leilão destina-se à venda ou alienação de: 
a) bens móveis inservíveis para a administração; 
b) produtos legalmente apreendidos ou penhorados; 
c) bens imóveis cuja aquisição derivou de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento 
(art. 19). 
 
 
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Pregão 
Pregão é a sexta modalidade de licitação, prevista na Lei 10.520/02. 
Pregão é a modalidade de licitação, sempre do tipo menor preço, destinada à aquisição de bens 
e serviços comuns, que pode ser utilizada para qualquer valor de contrato (Marcelo Alexandrino 
e Vicente Paulo). 
Trata-se de uma modalidade pouco complexa, possibilitando maior celeridade na contratação 
de bens e serviços comuns. 
A disputa entre os licitantes é realizada mediante propostas e lances em sessão pública. 
 
Consulta 
 
A consulta não consta na Lei 8.666/93, pois aplica-se apenas às Agências Reguladoras.

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