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O negro e sua influência na cozinha brasileira Novembro-2019 Campo belo-MG Escola Estadual Abílio Neves Trabalho de filosofia Nomes: Rafaella Julia Raphaella Antunes Yasmin Regina Layla Carolina Professor: Ricardo Série: 3º ano Turma: A Introdução Este trabalho tem como objetivo discutir a influência da culinária negra na dieta alimentar dos brasileiros. Por mais de três séculos, cerca de 4 milhões de africanos vieram escravizados para o Brasil para trabalhar nas mais diversas atividades produtivas. Nesse processo, trouxeram não só a sua força de trabalho, mas também sua cultura e seus valores civilizacionais. Um bom exemplo do legado africano para a nossa sociedade são algumas das deliciosas comidas que consumimos no dia a dia. A influência dos negros na cozinha brasileira é importantíssima,logo para se caracterizar e compreender as origens dos hábitos alimentares brasileiros é preciso recordar o passado, os costumes indígenas, a colonização, os efeitos da escravidão e a evolução da sociedade como um todo até se chegar ao período atual. História da Alimentação no Brasil Os alimentos carregam consigo muitos elementos culturais, ou seja, são portadores de significados sociais que, em última instância, nos revelam a história humana através dos tempos. No passado, a busca e o consumo de determinados alimentos motivou guerras, pesados investimentos econômicos, proibições religiosas, etc. Por exemplo, há três mil anos atrás, na China, reinos rivais se envolveram em uma guerra pelo controle das reservas de sal. Naquele período, e até os dias atuais, o sal era extremamente valorizado na conservação e tempero dos alimentos – carnes, verduras, etc. -, haja vista a inexistência de conservantes artificiais. Daí que o produto servia como importante moeda de troca comercial. Era com o sal que os romanos remuneram os plebeus e também os soldados. E foi daí que se originou a palavra salário. Como se sabe, o hábito alimentar dos brasileiros foi formado a partir das matrizes indígena, européia e africana . Por força do protagonismo da colonização, o europeu imprimiu grande influência nos hábitos alimentares dos brasileiros – embora tenham, também, sofrido forte influência das culturas subjugadas. Já a base alimentar africana veio para as terras brasileiras com a introdução maciça, já em primórdios do século XVI, de escravizados para o trabalho nos engenhos de açúcar e demais atividades produtivas da colônia. Segundo CASCUDO é muito provável que, nos primórdios da colonização, os próprios senhores se encarregaram de trazer da África alguns dos alimentos nativos do continente, como estratégia de dominação e adaptação dos escravizados em terras brasileiras. Nos séculos seguintes, como a perenidade do tráfico atlântico de escravos, é possível que os próprios africanos tenham se ocupado de tais atividades. Na África, os povos africanos se alimentavam de carnes provenientes da caça, de inhames, arroz e muita pimenta. Em contrapartida, consumiam pouco peixe e poucas hortaliças. É justamente no decorrer do contato com indígenas e europeus que se dará a troca de saberes e de sabores entre as três matrizes culturais, num processo que irá muito além do território brasileiro; haja vista que os africanos retornados levaram consigo muitos alimentos originários da América Portuguesa, a exemplo do caju, da mandioca, do milho, das batatas, goiabas, do amendoim, etc. A culinária brasileira tem como base outras três cozinhas: Os portugueses trouxeram para o Brasil diversas espécies de alimentos de suas mais distantes colônias orientais e africanas, como sementes, raízes, “mudas” e bulbos.A disseminação da mandioca, do milho, da batata e do amendoim brasileiros tiveram uma intensidade, rapidez e precisão incomparáveis. O café, o açúcar, o cacau e o fumo também se expandiram, ainda que mais lentamente. Culinária Afro-Brasileira A influência africana na dieta do brasileiro possui dois aspectos. O primeiro diz respeito ao modo de preparar e temperar os alimentos. O segundo, à introdução de ingredientes na culinária brasileira. A condição de escravo foi determinante para explicar como a técnica culinária dos africanos desenvolveu-se no Brasil. Tendo sido aprisionados na África e viajado em péssimas condições, os negros não traziam consigo nenhuma bagagem, muito menos ingredientes culinários. Isso reforçou a necessidade da improvisação para alimentarem-se no novo território, que, por sua vez, tinha uma estrutura ainda pouco eficaz. A própria elite tinha de importar vários gêneros. Nos engenhos de açúcar, para onde foram levados, as cozinhas eram entregues às negras, pois, no começo, os colonizadores vieram sem suas mulheres. Responsáveis pela alimentação dos senhores brancos e com a necessidade de suprir sua própria demanda, os negros passaram a adaptar seus hábitos culinários aos ingredientes da colônia. Na falta do inhame, usaram a mandioca; carentes das pimentas africanas, usaram e abusaram do azeite-de-dendê, que já conheciam da África (as primeiras árvores vieram no começo do século 16). Adeptos da caça, incorporaram à sua dieta os animais a que tinham acesso: tatus, lagartos, cutias, capivaras, preás e caranguejos, preparados nas senzalas. A cozinha africana privilegia os assados em detrimento das frituras. O caldo é um item importante, proveniente do alimento assado ou simplesmente preparado com água e sal. É utilizado na mistura com a farinha obtida de diversos elementos. No Brasil, essa prática popularizou o pirão já conhecido pelos índios, mistura do caldo com farinha de mandioca e o angu (caldo com farinha de milho). O modo africano de cozinhar e temperar incorporou elementos culinários e pratos típicos portugueses e indígenas, transformando as receitas originais e dando forma à cozinha brasileira. Da dieta portuguesa vieram, por exemplo, as galinhas e os ovos. Em princípio, eram dados apenas a negros doentes, pois acreditava-se que fossem alimentos revigorantes. Aos poucos, a galinha passou a ser incluída nas receitas afro-brasileiras que nasciam, como o vatapá e o xinxim, e que resistem até hoje, principalmente nos cardápios regionais. Da dieta indígena, a Culinária Afro-Brasileira incorporou, além da essencial mandioca, frutas e ervas. O prato afro-indígena brasileiro mais famoso é o caruru. Originalmente feito apenas de ervas socadas no pilão, com o tempo ganhou outros ingredientes, como peixe e legumes cozidos. O acarajé, hit da cozinha afro-brasileira, mistura feijão-fradinho, azeite-de-dendê, sal, cebola, camarões e pimenta. A popular pamonha de milho, por sua vez, origina-se de um prato africano, o acaçá. A vinda dos africanos não significou somente a inclusão de formas de preparo e ingredientes na dieta colonial. Representou também a transformação da sua própria culinária. Muitos pratos afro-brasileiros habitam até hoje o continente africano, assim como vários pratos africanos reinventados com o uso de ingredientes do Brasil, como a mandioca, também fizeram o caminho de volta. No que se refere aos ingredientes africanos que vieram para o Brasil durante a colonização, trazidos pelos traficantes de escravos e comerciantes, esses constituem hoje importantes elementos da cultura brasileira. Seu consumo é popular e sua imagem constitui parcela importante dos ícones do imagináriodo país. Vieram da África, entre outros, o coco, a banana, o café, a pimenta malagueta e o azeite-de-dendê. Sobre este, dizia Camara Cascudo: O azeite-de-dendê acompanhou o negro como o arroz ao asiático e o doce ao árabe. No Nordeste, são também populares o inhame, o quiabo, o gengibre, o amendoim, a melancia e o jiló. Conclusão Como vimos no decorrer deste trabalho, a história da alimentação pode nos revelar importantes aspectos da sociedade. Vimos que os alimentos podem motivar guerras, descobertas e colonizações, promover encontros e trocas culturais e demarcar importantes rituais sociais. Ao abordarmos a influência da culinária dos povos africanos nos hábitos alimentares dos brasileiros, vimos que estes nos transmitiram tanto técnicas de preparo como também introduziram novos alimentos em nossa mesa. Embora muitos não saibam disso, grande parte do que comemos e até mesmo a forma como que temperamos e preparamos estas iguarias tiveram suas origens na cultura africana. Dessa forma, nessa breve unidade, tivemos oportunidade de saber um pouco mais o quanto de África há em todos nós. Referências ● https://www.portalsaofrancisco.com.br/culinaria/culinaria-afro-brasileira ● CASCUDO, Luís da Câmara. A cozinha africana no Brasil. Luanda. Publicações do Museu de Angola, 1964. Negras vendendo angu na praia. Fonte: DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. Ed. Universidade de São Paulo, 1989. Comidas tradicionais do dia a dia do brasileiro.
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