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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA ELÉTRICA E DE COMPUTAÇÃO DIMENSIONAMENTO DE MOTORES E SELEÇÃO DO ACIONAMENTO PARA SISTEMAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA Graduandos: Kennedy Alves Vieira Saul Godino da Silva Filho Orientador: Prof. Dr. Antônio César Baleeiro Alves Goiânia 2004 1 Kennedy Alves Vieira Saul Godino da Silva Filho DIMENSIONAMENTO DE MOTORES E SELEÇÃO DO ACIONAMENTO PARA SISTEMAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA Projeto Final de Curso apresentado à Coordenação de Estágio e Projeto Final da Escola de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Federal de Goiás, como requisito parcial para integralização do currículo. Área de concentração: Engenharia Elétrica. Orientador: Prof. Dr. Antônio César Baleeiro Alves Escola de Engenharia Elétrica e Computação —UFG Goiânia 2004 2 Kennedy Alves Vieira Saul Godino da Silva Filho DIMENSIONAMENTO DE MOTORES E SELEÇÃO DO ACIONAMENTO PARA SISTEMAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA Projeto Final defendido e aprovado em ________de __________________________ de ________ pela Banca examinadora constituída pelos professores. _______________________________________________ Prof. Dr. Antônio César Baleeiro Alves Presidente da Banca _________________________________________________ Prof. Phd José Wilson Lima Nerys _________________________________________________ Eng. Antônio Marcos de Melo Medeiros, Mestrando EEEC/UFG 3 Agradecimentos Ao professor e orientador desta monografia, Antônio César Baleeiro Alves, pelo esforço e dedicação empenhada. Ao Eng. Antônio Marcos, pela grande contribuição, principalmente no fornecimento de material para a escolha da bomba e acionamento do motor. Agradecer aos presentes à reunião na Senha 9 Francisco Humberto, Eng. Civil, Senha 9 Luiz Carlos Carneiro, Eng. Eletricista, Saneago pela contribuição fundamental no melhoramento do programa. Aos familiares e amigos pelo constante apoio, compreensão e paciência. E a todos que colaboraram de forma direta ou indireta para este trabalho. 4 Sumário Lista de Figuras.................................................................................................................6 Lista de Tabelas.................................................................................................................8 Resumo..............................................................................................................................9 Introdução........................................................................................................................10 Capítulo 1 – Dimensionamento de um Sistema de Captação de Água...........................12 1- Hidráulica dos Sistemas de Recalque......................................................................12 1.1- Altura Manométrica.........................................................................................13 1.2- Potência dos Conjuntos Elevatórios................................................................14 1.3- Perda de Carga.................................................................................................15 1.3.1- Perdas Dinâmicas....................................................................................16 1.3.2- Perdas Localizadas..................................................................................17 1.3.2.1- O método dos Comprimentos Equivalentes...................................18 1.4- Diâmetros Econômicos....................................................................................20 2- Bombas Hidráulicas.................................................................................................22 3- Curvas Características..............................................................................................23 3.1- Curva do Sistema Versus Bomba.....................................................................23 4- Cavitação e NPSH....................................................................................................25 5- Motores de Indução Trifásicos.................................................................................28 5.1- Motor de Alto Rendimento..............................................................................29 6- Métodos de Acionamento de um Motor de Indução................................................30 6.1- Critérios para o Dimensionamento de um Soft-Starter...................................32 6.2- Aplicações de Inversores de Freqüência em Motores de Indução Trifásicos..35 5 7- Análise Econômica em Conservação de Energia.....................................................38 7.1- Tempo de Retorno de Capital..........................................................................40 Capítulo 2 – Manual do Usuário do Programa Prosk2003..............................................39 1- Apresentação............................................................................................................42 2- Ambiente de Trabalho...............................................................................................43 3- Exemplo de Dimensionamento de um Sistema de Recalque sem Tubulação Pré- Existente....................................................................................................................49 4- Exemplo de Dimensionamento de um Sistema de Recalque com Tubulação Pré- Existente....................................................................................................................60 4.1- Subsistema MB1...............................................................................................63 4.2- Subsistema MB2...............................................................................................73 Conclusão........................................................................................................................76 Referências Bibliográficas...............................................................................................77 Apêndices........................................................................................................................78 6 Lista de Figuras Figura 1.1 – Partes componentes de um sistema de recalque..........................................12 Figura 1.2 – Componentes da altura geométrica.............................................................13 Figura 1.3 – Classificação dos principais tipos de bomba...............................................22 Figura 1.4 – Gráfico de pré-seleção de uma bomba........................................................23 Figura 1.5 – Gráfico NPSHrequerido versus vazão..............................................................26 Figura 1.6 - Perdas em um motor de indução..................................................................28 Figura 1.7 – Comparativo entre métodos de partida.......................................................32 Figura 1.8 – Exemplo de fluxo de caixa..........................................................................38 Figura 2.1 – Iniciando o Prosk2003.................................................................................42 Figura 2.2 – Barra de menu e ferramentas.......................................................................43 Figura 2.3 – Novo projeto................................................................................................43Figura 2.4 – Menu cadastro.............................................................................................44 Figura 2.5 – Cadastro de componentes ou peças.............................................................44 Figura 2.6 – Cadastro de motores....................................................................................41 Figura 2.7 – Cadastro de tubos........................................................................................45 Figura 2.8 – Cadastro de inversores................................................................................45 Figura 2.9 – Cadastro de Soft-Starters.............................................................................46 Figura 2.10 – Menu ferramentas......................................................................................46 Figura 2.11 – Resultados da análise econômica..............................................................47 Figura 2.12 – Gerador de gráfico.....................................................................................48 Figura 2.13 – Projeto de sistema de recalque sem tubulação pré-existente.....................49 Figura 2.14 – Inserindo componentes na linha de sucção...............................................50 Figura 2.15 – Parâmetros e configuração do exemplo sem tubulação pré-existente preenchidos......................................................................................................................51 Figura 2.16 – Cálculo do diâmetro da tubulação para o exemplo sem tubulação pré- existente...........................................................................................................................52 Figura 2.17 – Cálculos obtidos do exemplo sem tubulação pré-existente.......................53 Figura 2.18 – Gráfico de pré-seleção da bomba Mark-Peerless......................................54 Figura 2.19 – Dados da bomba escolhida........................................................................54 Figura 2.20 – Gráfico altura manométrica versus vazão da bomba Mark-Peerless........55 Figura 2.21 – Interseção da curva do sistema com a curva da bomba.............................56 7 Figura 2.22 – Ponto de projeto para o exemplo sem tubulação pré-existente.................56 Figura 2.23 – Resultado da escolha do motor para o exemplo sem tubulação pré- existente...........................................................................................................................57 Figura 2.24 – Escolha do motor.......................................................................................58 Figura 2.25 – Novo projeto com tubulação pré-existente...............................................61 Figura 2.26 – Esquema da tubulação de sucção..............................................................62 Figura 2.27 – Esquema da tubulação de recalque do subsistema MB1...........................62 Figura 2.28 – Parâmetros do sistema MB1......................................................................63 Figura 2.29 – Configuração dos trechos..........................................................................64 Figura 2.30 – Configuração do primeiro trecho da sucção..............................................65 Figura 2.31 – Configuração do segundo trecho da sucção..............................................65 Figura 2.32 – Resultados das linhas de sucção e recalque OC........................................67 Figura 2.33 – Configuração do trecho AD......................................................................68 Figura 2.34 – Resultados das linhas de sucção e recalque OD........................................68 Figura 2.35 – Gráfico de pré-seleção da bomba KSB.....................................................69 Figura 2.36 – Gráfico da bomba KSB modelo Meganorm 125-315...............................70 Figura 2.37 – Interseção dos gráficos da bomba e do sistema para o subsistema MB1.................................................................................................................................71 Figura 2.38 – Ponto de trabalho do subsistema MB1......................................................71 Figura 2.39 – Esquema da linha de recalque e sucção do subsistema MB2....................73 Figura 2.40 – Resultados do subsistema MB2................................................................74 Figura 2.41 – Gráfico de interseção das curvas da bomba e do sistema para o subsistema MB2..............................................................................................................75 Figura A.1 – Definições das alturas utilizadas no cálculo da altura geométrica.............78 Figura A.2 – Definições das alturas utilizadas no cálculo da altura geométrica (caso em que sh é negativo)............................................................................................................79 Figura A.3 – Tubulações de mesma rugosidade em paralelo (tubos múltiplos)..............82 Figura C.1 – Instalação de Soft-Starter em vários motores.............................................94 8 Lista de Tabelas Tabela 1.1 – Peso específico da água para diversas temperaturas...................................15 Tabela 1.2 - Comprimentos equivalentes, em metros, para tubo hidraulicamente liso...19 Tabela 1.3 – Valores de multiplicação para diversas categorias.....................................34 Tabela 2.1 – Componentes da linha de sucção................................................................50 Tabela 2.2 – Componentes da linha de recalque.............................................................51 Tabela 2.3 – Pontos da curva da bomba para o sistema sem tubulação existente...........55 Tabela 2.4 – Dados colhidos sobre o sistema de captação de água.................................60 Tabela 2.5 – Componentes do primeiro trecho da sucção...............................................64 Tabela 2.6 – Componentes do segundo trecho da sucção...............................................65 Tabela 2.7 – Componentes da linha de recalque trecho OA............................................66 Tabela 2.8 – Componentes da linha de recalque trecho AB............................................66 Tabela 2.9 – Componentes da linha de recalque trecho BC............................................66 Tabela 2.10 – Componentes da linha de recalque trecho AD..........................................67 Tabela 2.11 – Pontos para a interpolação do gráfico da bomba......................................70 Tabela 2.12 – Componentes da linha de sucção do subsistema MB2.............................73 Tabela 2.13 – Componentes da linha de recalque trecho CB..........................................74 Tabela 2.14 – Componentes da linha de recalque do trecho BD.....................................74 Tabela A.1 – Comprimentos virtuais de peças................................................................81 Tabela A.2 – Rugosidade relativa de tubulações.............................................................81 Tabela B.1 – Distância mínima recomendada para cabos...............................................89 9 Resumo Este trabalho aborda procedimentos de projeto de um típico sistema de captação de água para abastecimento de unidades consumidoras comerciais e industriais. Seguindo a análise dos elementos principais de um projeto de captação, incluindo tubulação, bomba, motor e acionamento eletrônico, os procedimentos são organizados sistematicamente sob a forma de um programa computacional. O programa oferece, de forma didática e interativa, recursos para o Dimensionamento de Motores e Seleção do Acionamento para Sistemasde Captação de Água. A primeira finalidade prática, a qual nos propomos a cumprir, é a determinação da bomba de sucção e do motor elétrico para atender as necessidades do sistema de captação de água e aos requisitos de projeto. Além desta, ressaltamos, como extremamente importante, a intenção de detalhar os procedimento técnicos para a correta especificação dos equipamentos que compõem um sistema de recalque, evitando-se assim o super dimensionamento. Após o dimensionamento do motor e bomba partiremos para a especificação do acionamento com inversor ou soft-starter, para o melhor ajuste de velocidade do motor e redução do impacto na partida. A minimização dos gastos com o consumo de energia elétrica e a redução do investimento inicial são certamente objetivos que norteiam este projeto, contemplando o aspecto econômico. 10 Introdução Atualmente, existe uma preocupação crescente com relação a eficientização de instalações e sistemas supridos por energia elétrica, visando reduzir desperdícios e eliminar investimentos desnecessários. A busca por soluções em eficientização e a divulgação dos resultados obtidos fazem com que as pessoas sejam, cada vez mais, exigentes quanto aos padrões de qualidade dos equipamentos e instalações que utilizam. Portanto, é importante que aqueles empresários que almejam melhores rendimentos de seus processos invistam em novas tecnologias que proporcionem a redução das perdas. Sabemos que, ao reduzirmos as perdas, estaremos diminuindo os gastos nos usos finais da energia elétrica e conseqüentemente reduzindo o custo de produção. Sendo assim, é crucial realizar o correto dimensionamento de uma planta industrial ou de uma instalação comercial, dentre os quais se inclui sistema de bombeamento d’água, presente nas empresas dos mais variados ramos de atividades. Isto posto, o que nos propomos a cumprir é justamente a determinação correta, ou seja, eficiente, das bombas de sucção e dos respectivos motores elétricos para atender necessidades quanto ao suprimento de água. Além disso, realizaremos a especificação dos inversores e soft- starters, que também fazem parte do conjunto de equipamentos modernos que compõem o sistema de recalque. O nosso propósito preliminar com este trabalho é mostrar os procedimentos técnicos que levam a um projeto otimizado de um sistema de captação de água. Como ferramenta que facilita o projeto foi desenvolvido um programa que contém os procedimentos para o correto dimensionamento do sistema de recalque. Para mostrar a aplicação do programa “Prosk2003” serão exemplificados o dimensionamento de dois sistemas de captação de água, culminando com suas corretas especificações. Em face da exigüidade do tempo e por se tratar de um projeto de graduação, não é alcançável a elaboração de um programa que atenda a todas as exigências normalmente requeridas de programas profissionais. O programa consiste em gerar com o auxílio do usuário, mediante dados que o mesmo forneça, resultados de um correto dimensionamento do sistema de captação de água e o seu acionamento, com algumas opções de interação e facilidade para a confecção de um relatório técnico. No capítulo 1 são apresentados os métodos utilizados para o dimensionamento do sistema de captação de água contemplando os princípios básicos da hidráulica, os 11 quais envolve o cálculo da perda de carga e altura manométrica. Determinando o valor da potência mecânica requerida pelo conjunto elevatório partimos para o acionamento do motor, onde podemos escolher entre o inversor ou o soft-starter, sendo que o primeiro tem como função principal controlar a velocidade do motor em substituição aos tradicionais métodos de fluxo, permitindo a otimização e adequação das condições de operação da bomba para cada valor de vazão desejado, reduzindo perdas, ruídos e desgastes mecânicos. O soft-starter é projetado principalmente para suavizar a partida de motores, reduzindo correntes de partida, tensões bruscas, vibração e outros. No capítulo 2 tem-se o guia do usuário com a aplicação de dois exemplos de dimensionamento de sistema de captação utilizando o software Prosk2003. Um dos exemplos é aplicado a sistema de captação sem tubulação pré-existente, onde é feito o dimensionamento do diâmetro adequado das tubulações de recalque e sucção utilizando o método do diâmetro econômico, e logo a seguir a escolha do conjunto moto-bomba com o sistema de acionamento. Na parte de dimensionamento de sistema de captação com tubulação pré-existente é apresentado um exemplo de uma indústria dividida em dois subsistemas. Nos Apêndices têm-se algumas considerações sobre o cálculo da altura manométrica, instalação de inversores, soft-starters e um esquema de captação de água de uma indústria aplicado na seção 4. 12 Capítulo 1 Dimensionamento de um Sistema de Captação de Água 1- Hidráulica dos Sistemas de Recalque O conjunto constituído pelas canalizações e pelos meios mecânicos de elevação denomina-se Sistema de Recalque (figura 1.1) [1]. Suas partes principais são: a) Tubulação de sucção; b) Conjunto moto-bomba; c) Tubulação de recalque. Figura 1.1 – Partes componentes de um sistema de recalque. 13 A tubulação de sucção mergulha no poço de mesmo nome e vai até a entrada da bomba. A tubulação de recalque parte da boca de saída da bomba e vai ao reservatório superior. Os sistemas de acionamento eletrônico, bem como os componentes elétricos e mecânicos (válvulas, reduções, registros) não estão representados na figura 1.1. 1.1 – Altura Manométrica Altura manométrica é definida como sendo a altura geométrica da instalação mais as perdas de carga ao longo da trajetória do fluxo. Altura geométrica é a soma das alturas de sucção e recalque (figura 1.2). Fisicamente, é a quantidade de energia hidráulica que a bomba deverá fornecer à água para que a mesma seja transportada a uma certa altura, vencendo, inclusive, as perdas de carga. Figura 1.2 – Componentes da altura geométrica. No Apêndice A têm-se em mais detalhes a definição de altura manométrica e o cálculo das perdas de carga, mas podemos expressá-la de acordo com a equação 1.1. 14 fgm HHH += (1.1) Sendo: Hm altura manométrica da instalação (m); Hg altura geométrica, onde srg HHH += (m); Hf perda de carga total (m). 1.2 - Potência dos Conjuntos Elevatórios Para elevar a vazão Q de um líquido, de peso específico γ, de um reservatório de água A para B, entre os quais há um desnível Hg, devemos instalar um conjunto moto-bomba que deverá apresentar potência mecânica suficiente para vencer as resistências representadas pelas distâncias geométricas, pelas características das tubulações e pelas perdas na condução do fluido. A grandeza que permite a especificação do conjunto elevatório moto-bomba é a potência mecânica [1], designada por Pm e dada de acordo com a expressão 1.2. mb m m HQ P ηη γ ×× ××= 75 (1.2) Sendo: Pm é a potência mecânica em cavalos-vapor (cv); γ é o peso específico do fluido bombeado, em 3mkgf ; Q é a vazão, em sm3 ; Hm é a altura manométrica, em m; ηb é o rendimento da bomba hidráulica; ηm é o rendimento do motor elétrico. O peso específico γ depende da temperatura do fluido. Na tabela 1.1 temos alguns valores para peso específico para diversas temperaturas. 15 Temperatura °C Peso específico γ(kN/m³) Peso específico γ(kgf/m³) Pressão de vapor(m) 15 9,798 999,118 0,170 20 9,789 998,2000,250 25 9,777 996,977 0,330 30 9,764 995,651 0,440 40 9,730 992,184 0,760 50 9,689 988,003 1,260 60 9,642 983,210 2,030 70 9,589 977,806 3,200 80 9,530 971,790 4,960 90 9,466 965,263 7,180 100 9,399 958,431 10,330 Tabela 1.1 – Peso específico da água para diversas temperaturas. O valor de pressão de vapor é utilizado para o cálculo do NPSHdisponível (ver fórmula 1.14), dado importante para evitar o fenômeno de cavitação da bomba. Uma vez conhecidas as grandezas que figuram no segundo membro da equação, a potência mecânica é então calculada. Com o valor da potência podemos fazer a seleção do motor elétrico adequado. 1.3 - Perda de Carga Perda de carga refere-se à energia perdida pela água no seu deslocamento por alguma tubulação [1]. Essa perda de energia é provocada por atritos entre a água e as paredes da tubulação, devido à rugosidade da mesma e também pelo contato do fluido com os componentes. Portanto, ao projetar uma estação de bombeamento, deve-se considerar essas perdas de energia que são classificadas em dois tipos: 9 Perdas dinâmicas: São aquelas relativas às perdas ao longo de uma tubulação, sendo função do comprimento, material e diâmetro. 9 Perdas localizadas: São aquelas proporcionadas por elementos que compõem a tubulação, exceto a tubulação propriamente dita. Portanto, são perdas de energia observadas em peças, como curvas de 90o ou 45o, registros, válvulas, luvas, reduções e ampliações. 16 Para o cálculo da perda de carga total, normalmente trabalha-se com o método dos comprimentos equivalentes. Isto é feito através de tabelas, convertendo-se a perda localizada em perda de carga equivalente a um determinado comprimento de tubulação. Isso significa que, ficticiamente, seria como substituir, por exemplo, uma curva de 90o por um comprimento de tubo, e a perda de carga dinâmica nesse comprimento equivale à perda sofrida no tubo. 1.3.1 - Perdas Dinâmicas Para o cálculo das perdas dinâmicas utiliza-se a fórmula empírica de Hazen- Williams [1], que relaciona a velocidade do fluido com os parâmetros de rugosidade e raio hidráulico e perda de carga unitária, conforme indica a equação 1.3. 87,485,1 85,1 641,10 DC QJ ××= (1.3) Sendo: J a perda de carga unitária, em mm ; Q a vazão, em sm3 ; D diâmetro da tubulação, em m ; C coeficiente de rugosidade, depende da natureza do material empregado na fabricação dos tubos e das condições de suas paredes internas. Como é uma fórmula empírica, elaborada com base em inúmeros experimentos, deve-se ter o cuidado de utilizá-la observando restrições relativas às condições em que foram obtidas, quais sejam: 9 O escoamento deve ser turbulento de transição; 9 Diâmetro dos condutos deve ser maior ou igual a 4” (100 mm); 9 A aplicação em redes de distribuição de água, adutoras, sistemas de recalque. Para obter a perda de carga dinâmica total, calculamos o comprimento virtual da tubulação. Matematicamente, define-se perda de carga como a equação 1.4. 17 ef LJH ×= (1.4) Sendo: Hf perda de carga de uma instalação, em m ; J perda de carga unitária, em mm ; Le comprimento equivalente da tubulação, em m . O cálculo dos comprimentos virtuais deve levar em conta as perdas localizadas além do comprimento da própria tubulação em seus correspondentes trechos. 1.3.2 - Perdas Localizadas As instalações para transporte de água sob pressão, de qualquer porte, são constituídas por tubulações montadas em seqüência, unidas por acessórios de natureza diversa como válvulas, curvas, derivações, registros, conexões de qualquer tipo e, eventualmente, uma máquina hidráulica como uma bomba ou uma turbina. Nos trechos retilíneos, de diâmetro constante e de mesmo material, a perda de carga unitária é constante, desde que o regime seja permanente. A presença de qualquer um destes acessórios concorre para que haja, localmente, alteração de módulo ou de direção da velocidade média e, conseqüentemente, de pressão. Há, portanto, um acréscimo de turbulência que produz perdas de carga que devem ser somadas às perdas distribuídas. Tais perdas recebem o nome de Perdas de Carga Localizadas ou Perdas de Carga Singulares. Para a maioria dos acessórios e conexões utilizados não existe um tratamento analítico para o cálculo da perda de carga. É um campo experimental, pois a avaliação dessas perdas depende de diversos fatores de difícil quantificação. De forma geral, para cada acessório, a perda de carga pode ser expressa pela equação 1.5. g VKH f 2 2 ×= (1.5) 18 Sendo: Hf perda de carga de uma instalação, em m ; K coeficiente adimensional que depende da geometria da conexão, do número de Reynolds, da rugosidade da parede e, em certos casos, das condições do escoamento. V velocidade de referência, em geral a velocidade média, em sm . O coeficiente K é determinado experimentalmente e, na prática, assume-se que tenha um valor constante, independente do número de Reynolds. Na literatura, este valor é apresentado em tabelas e gráficos [2]. Para o cálculo dos comprimentos virtuais em termos de número de diâmetros da tubulação para a avaliação das perdas localizadas utilizamos o método dos comprimentos equivalentes descrito na seção 1.3.2.1. 1.3.2.1 - O Método dos Comprimentos Equivalentes O método consiste em adicionarmos ao comprimento real da tubulação, somente para efeito de cálculo, comprimentos de tubo, com o mesmo diâmetro do conduto em estudo, capazes de provocar as mesmas perdas de carga ocasionadas pelas peças que substituem. A tubulação adquire um certo comprimento virtual e a perda de carga total é calculada pela fórmula de determinação das perdas de carga contínuas. As perdas de carga distribuídas ao longo das canalizações podem ser determinadas pela fórmula de Darcy-Weisbach (equação 1.6) ou fórmula universal [1]. g V D fLH f 2 2 ××= (1.6) Sendo: Hf perda de carga de uma instalação em m ; L comprimento virtual em m ; 19 f coeficiente de atrito; D diâmetro da tubulação em m ; V velocidade média em sm . Por outro lado, as perdas localizadas são calculadas com a expressão geral 1.7. g VKH f 2 2 ×= (1.7) Observamos que as perdas de carga locais variam com a mesma potência da velocidade que aparece no cálculo das perdas de carga contínuas, na fórmula indicada. Em virtude desta coincidência, igualando as expressões acima, obtemos a equação 1.8. f DKLe ×= (1.8) Onde Le é chamado de comprimento equivalente, encontrado tabelado em manuais para diversos materiais e dimensões de singularidades. Na tabela 1.2 temos alguns valores de comprimentos equivalentes fornecidos pela NBR 5626/1998. Tipo de conexão Diâmetro Nominal Cotovelo 90° Cotovelo 45° Curva 90° Curva 45° Tê Passagem Direta Tê Passagem Lateral 15 1,1 0,4 0,4 0,2 0,7 2,3 20 1,2 0,5 0,5 0,3 0,8 2,4 25 1,5 0,7 0,6 0,4 0,9 3,1 32 2,0 1,0 0,7 0,5 1,5 4,6 40 3,2 1,0 1,2 0,6 2,2 7,3 50 3,4 1,3 1,3 0,7 2,3 7,6 60 3,7 1,7 1,4 0,8 2,4 7,8 75 3,9 1,8 1,5 0,9 2,5 8,0 100 4,3 1,9 1,6 1,0 2,6 8,3 125 4,9 2,4 1,9 1,1 3,3 10,0 150 5,4 2,6 2,1 1,2 2,8 11,1 Tabela 1.2 - Comprimentos equivalentes, em metros, para tubo hidraulicamente liso. 20 Dividindo os componentes obtidos na tabela 1.2 pelos respectivos diâmetros, verificamos que os resultados apresentam pequena variação. Deste modo, os comprimentos virtuais podem ser expressos em número de diâmetros, como mostrado na tabela A.1. Parao cálculo da perda de carga total, utilizando o método dos comprimentos equivalentes, tomamos a soma dos valores da tabela A.1 correspondente aos componentes pertencentes à linha e multiplicamos pela perda unitária equivalente daquele trecho, fazendo assim a conversão da perda acidental em perda de carga equivalente a um determinado comprimento de tubulação. Isso significa que estamos substituindo, por exemplo, uma curva de 90° por um comprimento de tubo, e a perda de carga contínua nesse comprimento equivale à perda localizada na curva. Para isto utilizamos a equação 1.6. 1.4 - Diâmetros Econômicos Como notamos, em quaisquer das fórmulas práticas indicadas, a vazão e a perda de carga unitária crescem com a velocidade média do escoamento. Como efeito, fazendo o recalque com velocidades de escoamento baixas, resultam diâmetros relativamente grandes, implicando em custos elevados da tubulação e menores gastos com as bombas e energia elétrica, porque as alturas manométricas são menores. Velocidades altas requerem diâmetros menores, de custos mais baixos, mas que provocam grandes perdas de carga. Como conseqüência, as alturas manométricas são maiores, os conjuntos mais potentes e mais caros, exigindo maior consumo de energia elétrica. Para o dimensionamento da tubulação, vamos utilizar o critério de velocidade econômica, onde a velocidade pode variar de 0,6 a 2,4m/s. Para determinar o diâmetro a partir deste critério, procede-se através da fórmula de Bresse (equação 1.9), de grande utilidade prática [1]. QkD = (1.9) Sendo: 21 D diâmetro do tubo, em m; k coeficiente experimental; Q vazão dado, em sm /3 . Cabe ao projetista eleger convenientemente o valor de k. Em realidade, escolher o valor de k equivale fixar a velocidade. Realmente, levando na equação da continuidade o valor de Q tirado da fórmula de Bresse (equação 1.9), vem à equação 1.10 [1]. 2 4 k V ×= π (1.10) Sendo: V velocidade da água em sm / ; k coeficiente experimental. Substituindo a velocidade na equação 1.10 por um valor entre 0,6 e 2,4m/s temos o valor do coeficiente k, o qual é necessário para obtenção do diâmetro na equação 1.9. A partir do valor calculado, usa-se o diâmetro comercial imediatamente acima para a tubulação de sucção, e o diâmetro comercial imediatamente abaixo no recalque. 22 2 – Bombas Hidráulicas Bombas são máquinas hidráulicas geratrizes ou operatrizes cuja finalidade é realizar o deslocamento de um líquido por escoamento. Elas transformam o trabalho mecânico que recebe para seu funcionamento em energia, que é comunicada ao líquido sob formas de energia de pressão e cinética [2]. As bombas podem ser classificadas pela sua aplicação ou pela forma com que a energia é cedida ao fluido. O quadro da figura 1.3 mostra resumidamente a classificação dos principais tipos de bombas. Figura 1.3 – Classificação dos principais tipos de bomba. Quanto à posição do eixo da bomba em relação ao nível da água: a) Bomba de sucção positiva: quando o eixo da bomba situa-se acima do nível do reservatório. b) Bomba de sucção negativa, “afogada”: quando o eixo da bomba situa- se abaixo do nível do reservatório. Especiais slizantesPalhetasDe Parafuso Lóbulos sEngrenagen Rotativas Diafragma Embolo Pistão asAlternativ positivo todeslocamenou asVolumétric FrancisTipo RadiaisPuras AxialFluxo MistoFluxo sCentrífuga sturbobombaou Dinâmicas )( 23 3 - Curvas Características A figura 1.4 apresenta um gráfico de pré-seleção de bombas de uma determinada marca, a partir do qual o usuário tem uma idéia de quais catálogos consultarem a respeito da seleção propriamente dita, locando o ponto de trabalho neste gráfico e determinando qual a “família” ideal de bombas. Figura 1.4 – Gráfico de pré-seleção de uma bomba [11]. 3.1 - Curva do Sistema Versus Bomba A curva do sistema, também conhecida como curva da tubulação é uma curva traçada no gráfico altura manométrica versus vazão e sua importância está na determinação do ponto de trabalho da bomba, pois esse é obtido no encontro dessa curva com a curva característica da bomba (figura 2.37). Para traçá-la, é necessário retornar à definição de altura manométrica, fazendo com que a equação 1.1 tenha a forma ( )QfH m = através dos passos descritos a seguir. Assim, Hf pode também ser definida pela equação 1.11. 24 852,1QkH f ×= (1.11) Sendo: 852,1 63,2355,0 4 ××××= DCLek π (1.12) Ou seja, basta desmembrar a vazão da equação de Hazen-Willians [1] da perda de carga unitária e multiplicar o comprimento equivalente pela outra parte da equação. Dessa forma, a equação ( )QfH m = , tem a forma da equação 1.13. 852,1QkHGH m ×+= (1.13) Em um projeto de um sistema de recalque, tem-se o conhecimento da vazão necessária e da altura manométrica (altura geométrica mais perdas de carga); a altura geométrica é a soma da altura de sucção com a altura de recalque. Assim, basta substituir esses pontos conhecidos, na equação acima, para encontrar k, completando a equação. Definida a equação, constrói-se a curva do sistema, criando uma tabela de valores de vazão pela altura manométrica. Em seguida, plota-se os valores no gráfico altura manométrica versus vazão e unindo-os, tem-se a curva do sistema. A curva da bomba e obtida através do catálogo do fabricante, mas podemos expressa-lá genericamente na forma da expressão 1.14. 852,1QAHH om ×−= (1.14) Sendo: Ho altura de carga no fechamento, em m; A coeficiente de determinação; Q vazão do sistema, em hm /3 . O coeficiente de determinação depende das características próprias de cada bomba, sendo de estudo do fabricante. Através do ponto de intersecção entre a curva do sistema e a curva da bomba, figura 2.37, encontra-se o ponto de trabalho da bomba que, na maioria das vezes, é diferente do ponto proveniente do projeto. 25 4 – Cavitação e NPSH A cavitação pode ocorrer em qualquer máquina trabalhando com líquido sempre que a pressão estática local cair abaixo da pressão de vapor do líquido. Quando isso ocorre, o líquido pode vaporizar-se instantaneamente, formando uma cavidade de vapor e alterando a configuração do escoamento em relação à condição sem cavitação. A cavidade de vapor muda a forma efetiva da passagem do fluxo, assim alterando o campo de pressão local. Como o tamanho e a forma da cavidade de vapor são influenciados pelo campo de pressão local, o escoamento pode passar a não- pernamente. Essa condição pode causar oscilação em todo o escoamento e vibração na máquina [6]. Quando a cavitação começa, o efeito é a rápida redução do desempenho da bomba ou da turbina. A cavitação, portanto, deve ser evitada, a fim de manter a operação estável e eficiente. Além disso, as pressões de superfície locais podem tornar- se altas quando a cavidade de vapor implode, causando avarias por erosão generalizada ou localizada. As avarias podem ser severas a ponto de destruir uma máquina fabricada com material quebradiço de baixa resistência. Obviamente, a cavitação deve ser evitada, também, para assegurar uma longa vida para a máquina. Numa bomba, a cavitação tende a começar na seção onde o escoamento é acelerado para dentro do impelidor. A cavitação numa turbina começa onde a pressão é menor. A tendênciaa cavitar aumenta à medida que a velocidade do escoamento local aumenta, isto ocorre sempre que a vazão ou a velocidade de operação da máquina aumenta [6]. A cavitação pode ser evitada se a pressão em todos os pontos da máquina for mantida acima da pressão de vapor do líquido de operação. A velocidade constante, isto requer que uma pressão positiva (maior do que a pressão de vapor do líquido) seja mantida na entrada da bomba (a aspiração). Por causa das perdas de pressão na entrada da bomba, a pressão de aspiração pode ser abaixo da atmosférica. Por conseguinte, é importante limitar cuidadosamente a queda de pressão na tubulação de aspiração. A altura de aspiração acima da pressão de vapor (NPSH) é definida como a diferença entre a pressão absoluta de estagnação no escoamento, na aspiração da bomba, e a pressão de vapor do líquido, expressa em altura do líquido que flui [6]. A altura de aspiração acima da pressão de vapor requerida (NPSHrequerido) por uma bomba específica 26 a fim de eliminar a cavitação varia com o líquido bombeado, com a sua temperatura e com a condição da bomba (por exemplo, as características geométricas críticas da bomba são afetadas pelo desgaste). O NPSHrequerido pode ser medido numa bancada de teste de bombas controlando-se a pressão na entrada. Os resultados são plotados na curva de desempenho. O NPSHdispomível na entrada da bomba deve ser maior do que o NPSHrequerido para que não haja cavitação. A pressão cai na tubulação de aspiração e na entrada da bomba com o aumento da vazão em volume. Assim, para qualquer sistema, o NPSHdisponível diminui quando a vazão em volume do sistema aumenta, as curvas de NPSHdisponível e NPSHrequerido versus vazão eventualmente se cruzam. Para qualquer sistema de entrada, existe uma vazão que não pode ser excedida sob pena de haver cavitação na bomba. As perdas de pressão na entrada podem ser reduzidas aumentando- se o diâmetro do tubo de aspiração. Para o correto dimensionamento da bomba evitando o fenômeno da cavitação deve-se obter o NPSHrequerido diretamente da curva característica correspondente do modelo de bomba escolhido (figura 1.5) e compará-lo com o NPSHdisponível calculado pelo programa. Consulte no catálogo o gráfico NPSHrequerido versus vazão da bomba selecionada e verifique para o valor da vazão de projeto o valor do NPSHrequerido e compare com o NPSHdisponível, observe que a condição NPSHdisponível > NPSHrequerido deve ser verdadeira para que não haja problemas de cavitação, caso contrário deverão ser feitas alterações no projeto. Figura 1.5 – Gráfico NPSHrequerido versus vazão. 27 Esse NPSH deve ser estudado pelo projetista da instalação, através da seguinte expressão 1.15. )( sf v s atm disponível H PHPNPSH ++−= γγ (1.15) Sendo: NPSHdisponível energia disponível na instalação para sucção, em m; Patm pressão atmosférica local, em 2mkgf ; γ densidade da água, em 3mkgf ; Hs altura de sucção, é negativa quando a bomba está afogada, e positiva quando estiver acima do nível d´água, em m; Pv pressão de vapor do fluido em função da sua temperatura; Hfs perda de carga total na linha de sucção, em m; O projetista pode, dentro de certos limites, alterar o NPSHdisponível modificando a cota do eixo da bomba ou outros elementos, observando que seu valor deve ser, pelo menos 15% maior que o NPSHrequerido. O NPSHrequerido é a "carga energética líquida requerida pela bomba" para promover a sucção. Esse NPSH é objeto de estudo do fabricante, sendo fornecido graficamente através de catálogos. Observa-se, portanto, que a energia disponível na instalação para sucção deve ser maior que a energia requerida pela bomba, logo NPSHdisponível ≥ NPSHrequerido. Caso contrário haverá cavitação em decorrência de uma sucção deficiente. 28 5 - Motores de Indução Trifásicos Muito embora os motores de indução trifásicos sejam máquinas intrinsecamente eficientes, estes se constituem como um grande potencial de conservação de energia. Tal fenômeno pode ser explicado através de duas razões principais, quais sejam, a grande quantidade de motores instalados e a aplicação ineficiente dos mesmos. De fato, uma pesquisa recente mostrou que, em média, cerca de 50% das cargas elétricas industriais são compostas por motores de indução, chegando a 70% em algumas regiões do país [2]. Por outro lado, é muito comum encontrar-se o chamado motor sobre dimensionado, ou seja, motores acionando cargas muito inferiores à sua capacidade nominal, acarretando em baixos fatores de potência e rendimentos, contribuindo para a sua aplicação ineficiente. Basicamente, o motor é um conversor eletromecânico que, baseado em princípios eletromagnéticos, converte energia elétrica em energia mecânica, ou vice- versa, quando passa a se chamar gerador. Naturalmente, esta conversão não é completa devido a uma série de perdas que ocorrem no interior da máquina durante este processo. Tais perdas podem ser agrupadas da seguinte forma: perdas Joule no estator, perdas Joule no rotor, perdas no ferro, perdas por dispersão e perdas por atrito e ventilação. A potência elétrica absorvida da rede menos as perdas resulta na potência mecânica disponível no eixo do motor. O rendimento será dado pela relação entre a potência mecânica e a potência elétrica. A distribuição das perdas em um motor varia de acordo com o seu carregamento.A figura 1.6 apresenta a relação de proporção e distribuição média das perdas em um motor operando em condições nominais [2]. Figura 1.6 - Perdas em um motor de indução. Atrito e Ventilação 7,5% Rotor 20% Dispersão 12,5% Ferro 20% Estator 40% 29 5.1 - Motor de Alto Rendimento Os motores de alto rendimento se apresentam como uma boa alternativa, muito embora não sejam as soluções definitivas para todos os problemas energéticos relacionados aos motores de indução, posto que são tão suscetíveis a fatores exógenos (condições do alimentador, método de partida, ambiente de trabalho, etc.) quanto os motores de projeto padronizado. A principal característica destes motores é a melhoria em pontos vitais onde se concentra a maioria das perdas. Como exemplo, pode-se citar: 9 O aumento da quantidade de cobre nos enrolamentos do estator, incluindo o projeto otimizado das ranhuras; 9 O super dimensionamento das barras do rotor para diminuir as perdas por efeito Joule; 9 Diminuição da intensidade de campo magnético e utilização de chapas magnéticas de boa qualidade para reduzir as perdas no ferro e a corrente de magnetização; 9 Emprego de rolamentos adequados e otimização do projeto dos ventiladores para diminuir as perdas por atrito e ventilação; 9 Regularidade do entreferro, melhoria no isolamento e tratamento térmico das chapas do estator e do rotor para reduzir as perdas adicionais. Estas medidas podem acarretar uma redução de até 30% das perdas, o que significa uma real economia de energia [2]. 30 6 – Métodos de Acionamento de um Motor de Indução Quando se liga um motor de indução, isto é, “dá-se partida”, a corrente absorvida é 3, 4, 5 e até maior número de vezes superior à corrente nominal a plena carga. Este número depende do tipo e das características construtivas do motor. À medida que o motor vai atingindo sua potência nominal, a corrente vai decrescente e a velocidade aumentando, até que atinja a velocidade de regime, o que se dará quando o motor estiver fornecendo a potência nominal para a qual foi previsto funcionar, em condições normais [5].Vê-se que, ao dar partida, o motor consome mais de 600% da corrente a plena carga. Quanto maior a inércia das partes a receberem a ação ou os efeitos do conjugado motor, maior será o tempo necessário para que a corrente atinja o valor nominal a plena carga [5]. A maneira mais simples de partir um motor de indução é a partida direta, a qual o motor é ligado à rede diretamente através de um contator e disjuntor. Porém, deve-se observar que para este tipo de partida existem restrições de utilização. Para motores de até 5cv, ligados à rede secundária trifásica, podem-se usar chaves de partida direta. Acima desta potência, deve-se empregar um dispositivo de partida que limite a corrente de partida a um máximo de 225% da corrente nominal do motor, como chaves estrela-triângulo, compensadoras de partida e soft-starter. No caso em que a corrente de partida do motor é elevada podem ocorrer o aumento da queda de tensão no sistema de alimentação da rede. Em função disto, provocará a interferência em equipamentos instalados no sistema. O sistema de proteção (cabos, contatores) deverá ser super dimensionado, ocasionando um custo elevado. Caso a partida direta não seja possível, devido aos problemas citados acima, pode-se usar sistema de partida indireta para reduzir a corrente de partida: 9 Chave estrela-triângulo 9 Chave compensadora 9 Partida eletrônica (soft-starter) As chaves estrela-triângulo são utilizadas para motores de potência de até 130cv. Estabelece de início a ligação do estator do motor em estrela e, quando o rotor 31 atinge a velocidade nominal, mudam a ligação para triângulo. Com isto, a corrente de linha na partida (ligação em estrela) fica reduzida de 1/3 da ligação em triângulo, e a tensão de fase aplicada fica reduzida de 31 . Como o conjugado-motor é proporcional ao quadrado da tensão, ele fica reduzido de 1/3 em relação à ligação-triângulo. As chaves estrela-triângulo podem ser de comando manual local (até 60A) ou automáticas, à distância (até 630A) por botão, chaves de nível, etc. As chaves são aplicáveis a motores cuja tensão nominal em triângulo coincide com a tensão nominal entre fases da rede alimentadora [5]. Como o conjugado de partida fica muito reduzido na fase de ligação em estrela, só se deve usar chave estrela-triângulo quando o motor tiver conjugado elevado, para partida a plena carga, somente quando as cargas forem leves. Chaves compensadoras de partida são chaves automáticas utilizadas em carga de motores trifásicos com rotor em gaiola. Reduzem a corrente de partida, evitando sobrecarregar-se a rede alimentadora. Deixam, porém, o motor com um momento suficiente para o arranque, embora o reduzam em cerca de 64% [5]. Na partida, um contator liga em estrela um autotransformador e, por um contator auxiliar, liga um relé de tempo. A tensão na chave compensadora é reduzida através de um autotransformador com taps para 50, 65 e 80% da tensão normal [5]. O motor parte, assim, em tensão reduzida. Após o tempo ajustado para a entrada do motor na velocidade nominal, o relé de tempo desliga o contator e introduz no circuito um outro contator, o qual liga o motor diretamente à rede. São usados na partida de compressores, britadores, calandras, bombas helicoidais e axiais e grandes ventiladores. Podem ser acionadas por botão local ou por chaves de comando. Com a crescente necessidade na otimização de sistemas e processos industriais, algumas técnicas foram desenvolvidas, principalmente levando-se em consideração conceitos e tendências voltados à automação industrial. Olhando para o passado podemos claramente perceber o quanto estas técnicas tem contribuído para este fim. Um dos mais claros exemplos são os sistemas de acionamento para motores de indução, largamente utilizado em praticamente todos os segmentos, seja ele residencial ou industrial pela eficiência em minimizar o valor da corrente de partida (figura 1.7) e a economia de energia que ele nós fornece. 32 Figura 1.7 – Comparativo entre métodos de partida [13]. Em particular nós iremos analisar e avaliar, uma técnica que tornou-se muito utilizada na atualidade, as chaves de partida soft-starters. Estes equipamentos eletrônicos vêm assumindo significativamente o lugar de sistemas previamente desenvolvidos. 6.1 – Critérios para o Dimensionamento de um Soft-Starter Nesta seção iremos estabelecer os critérios mínimos e necessários para efetuar o correto dimensionamento de uma chave soft-starter. Devemos garantir que o motor ao ser acionado por um soft-starter tenha condições de acelerar a carga da rotação zero até sua rotação nominal (ou próximo disto) onde haverá então o equilíbrio. Fisicamente, o motor deverá ser capaz de produzir um conjugado dinâmico tal, que seja este o suficiente para vencer o conjugado resistente da carga e a inércia refletida em seu eixo. Como vimos anteriormente, o motor sofre algumas alterações nas suas características de conjugado em virtude de aplicarmos a ele uma tensão reduzida, trazendo como principais benefícios a redução da corrente e do conjugado de partida respectivamente. Para podermos especificar um soft-starter é muito importante obtermos algumas informações relacionadas principalmente com as características do motor, da 33 carga, do ambiente, condições de operação, rede de alimentação, acoplamento entre o motor e a carga. Desta forma trataremos de verificar estes pontos e definir critérios que nos possibilitem especificar o modelo ideal de chave estática. Em relação aos aspectos acima expostos devemos levantar os seguintes dados para o motor: 9 Corrente nominal; 9 Potência nominal; 9 Tensão de alimentação; 9 Número de pólos; Algumas observações sobre a instalação da proteção e o acionamento de vários motores são feitas no Apêndice C. Devemos frisar com relação aos dados do motor que a mais importante informação é a corrente nominal, pois a corrente do soft-starter será dimensionada em relação a ela. Desta forma podemos estabelecer o primeiro critério de dimensionamento de acordo com a expressão 1.16. motornomstartersoftnom II ≥− (1.16) Muitas vezes todas as informações do motor não estarão disponíveis e desta forma teremos que aplicar fatores para o dimensionamento do soft-starter. Isto por sinal é muito comum, pois muitas vezes a chave será aplicada em máquinas mais antigas, retrofitting ou em ampliações das instalações. Partindo desta realidade poderemos estabelecer duas situações possíveis, uma quando temos todas as informações disponíveis e outra quando não temos. Na situação normal não poderemos dispor de informações mais detalhadas, assim seremos obrigados a considerar critérios de dimensionamento baseados em resultados empíricos, ou seja, colhidos através da experiência. Dessa forma estabeleceremos fatores de multiplicação que deverão ser aplicados à corrente nominal do motor. A tabela 1.3 nos mostra estes fatores. 34 Aplicação Carga Inércia Fator Bomba Centrífuga Baixa Baixa 1.0 Compressores (parafuso) Baixa Baixa 1.0 Compressores (alternativo) Média Baixa 1.0 1.2 até 22kW Ventiladores Quadrático Média/Alta 1.5 acima de 22kW Misturadores Média Média 1.5-1.8 Moinhos Média/Alta Média 1.8-2.0 Transportadores Média/Alta Alta 1.8-2.0 Centrífugas Baixa Muito-Alta 1.8-2.0 Tabela 1.3 – Valores de multiplicação para diversas categorias. Os valores da tabela 1.3 são válidos para regime de serviço normal, ou seja, com número de partidas não superior a 10 partidas por hora. Consideramos também, a inérciae conjugado resistente da carga referidos ao eixo do motor. Vamos considerar um motor WEG, 175cv – 4 pólos – 380V – 60Hz. Acionando uma bomba centrífuga em uma estação de tratamento de água. Devemos considerar a corrente nominal do motor. Procurando as informações necessárias no catálogo de motores para o cálculo encontramos Inom = 253,88 A; Pelo critério da tabela 1.3 vemos que devemos considerar o fator 1.0; Logo o soft-starter indicado para este caso é o SSW-03.255/220-440/2 (ver catálogo). Não há dúvida que esta maneira de dimensionar as chaves soft-starters é muito mais simples, porém ela torna-se muito vulnerável a erros, já que em virtude das poucas informações oferecidas é muito difícil garantir o acionamento. Nestes casos é sempre oportuno consultar o fabricante do soft-starter para que este possa avaliar melhor a situação e assim indicar uma solução mais adequada. 35 6.2 - Aplicações de Inversores de Freqüência em Motores de Indução Trifásicos O uso de motores elétricos de indução alimentados por inversores de freqüência para acionamento de velocidade variável tem crescido significativamente nos últimos anos em virtude das vantagens inerentes proporcionadas por esta aplicação, tais como a facilidade de controle, a economia de energia e a redução no preço dos inversores, liderada pelo desenvolvimento de componentes eletrônicos cada vez mais baratos. Tais acionamentos são aplicados principalmente em bombas, ventiladores, centrífugas e bobinadeiras. As características construtivas de um motor de indução alimentado por uma rede senoidal são determinadas em função das características desta rede, das características da aplicação e das características do meio ambiente. No entanto, quando alimentado por inversor de freqüência, também as características próprias do inversor exercem significativa influência sobre o comportamento do motor, determinando-lhe novas características construtivas ou de operação. Outra influência sobre as características construtivas do motor alimentado por inversor de freqüência está relacionada com o tipo de aplicação, mais especificamente com a faixa de velocidade na qual o motor irá trabalhar. Observa-se, portanto, que existem diferenças na maneira de especificar um motor de indução sem variação de velocidade alimentado por uma rede senoidal e um motor com variação de velocidade alimentado por inversor de freqüência. As seguintes características devem ser observadas quando for utilizado um inversor de freqüência: 9 Corrente nominal: O inversor deverá ter sempre a sua corrente nominal igual ou maior que a corrente nominal do motor. Deve-se tomar cuidado porque um mesmo inversor poderá ter várias correntes nominais diferentes em função do tipo de carga e da freqüência de chaveamento. Normalmente existem dois tipos de carga: torque constante e torque variável. 36 A carga tipo torque constante é aquela onde o torque permanece constante ao longo de toda a faixa de variação de velocidade como, por exemplo, correias transportadoras, extrusoras, bombas de deslocamento positivo, elevação e translação de cargas. A carga tipo torque variável é aquela onde o torque aumenta com o aumento da velocidade, como é o caso de bombas e ventiladores centrífugos. Os inversores especificados para cargas com torque variável não necessitam de uma grande capacidade de sobrecarga (10% a 15% é suficiente) e por isso a sua corrente nominal pode ser maior. Este mesmo inversor, se aplicado em uma carga com torque constante, necessitará de uma capacidade de sobrecarga maior (normalmente 50%) e, portanto, a sua corrente nominal será menor [14]. A freqüência de chaveamento também influi na corrente nominal do inversor. Quanto maior a freqüência de chaveamento do inversor, mais a corrente se aproxima de uma senóide perfeita e, por isso, o ruído acústico de origem magnética gerado pelo motor é menor. Por outro lado, as perdas no inversor são maiores devido ao aumento na freqüência de operação dos transistores (perdas devido ao chaveamento). Normalmente a corrente nominal é especificada para uma temperatura máxima de 40ºC e uma altitude máxima de 1000m. Acima destes valores deverá ser aplicado um fator de redução na corrente nominal. 9 Tensão nominal: A tensão nominal do inversor é a mesma do motor. A alimentação do conversor é trifásica para potências acima de 5cv. Até 3cv pode-se ter alimentação monofásica ou trifásica. A desvantagem da alimentação monofásica é o desequilíbrio de corrente causado na rede de distribuição (trifásica) e a maior geração de correntes harmônicas na rede. Para alimentação trifásica deve-se cuidar para que o desbalanceamento entre fases não seja maior do que 2%, uma vez que um desbalanceamento maior pode provocar um grande desbalanceamento de corrente na entrada, danificando os diodos de entrada. 37 9 Geração de harmônicas: A norma IEEE STD 519/92 recomenda valores máximos para as harmônicas de corrente geradas por um equipamento. Na maioria dos casos é possível atender à norma desde que se coloque na entrada do inversor uma reatância de rede dimensionada para uma queda de tensão de 4% em relação à tensão fase-neutro, com corrente nominal; e desde que a potência total dos inversores instalados não ultrapasse a 20% da potência total da instalação. Se ultrapassar, haverá necessidade de outras medidas que dependerão de uma análise detalhada da instalação (sistema) elétrica. 9 Compatibilidade eletromagnética: Para altas freqüências de chaveamento (acima de 9kHz), o inversor atua como “gerador” não intencional. Isto significa que equipamentos sensíveis às altas freqüências (por exemplo, controladores de temperatura a termopar, sensores diversos etc.) podem sofrer perturbação na sua operação devido ao inversor. Deve-se, portanto, verificar no manual do inversor os cuidados a serem tomados na sua instalação, para que se evite problemas de compatibilidade eletromagnética. No Apêndice B esclarecemos alguns pontos importantes na instalação de um inversor de freqüência. 38 7 - Análise Econômica em Conservação de Energia As decisões de investimento em alternativas e projetos de economia e uso eficiente da energia passam, necessariamente, por uma análise de viabilidade econômica. Tais questões podem se apresentar de duas formas: ou deseja-se decidir sobre a escolha entre duas alternativas mutuamente excludentes, ou deseja-se conhecer a economia de uma dada alternativa. Estas análises, em geral, utilizam-se de índices econômicos que permitem traduzir a atratividade de um investimento. Dentre estes índices pode-se destacar o valor presente líquido, o valor anual uniforme, a taxa interna de retorno e o tempo de retorno de capital. Para a execução de tais análises procura-se moldar o problema real em uma forma padrão, um fluxo de caixa, o que permite utilizar-se de certas equações previamente concebidas e, assim, avaliar economicamente o projeto. O fluxo de caixa é uma maneira simplificada de se representar graficamente as receitas e as despesas de um projeto ao longo do tempo. Nesta modelagem, tudo o que for ganho, benefício, receita e semelhantes, é representado por uma seta apontando para cima. Por outro lado, tudo o que for gasto, despesa, investimento, custos é representado por uma seta para baixo. A figura 1.8 apresenta um fluxo de caixa onde foi feito um investimento I no instante zero (seta para baixo) que resultará em um retorno anual A (seta para cima) durante n períodos de tempo, ou em um valorfuturo F após este mesmo período. Figura 1.8 – Exemplo de fluxo de caixa. 39 A unidade de tempo utilizada pode ser qualquer uma. Análises anuais e mensais são mais comuns, uma vez que a maturação destes projetos normalmente está inserida dentro deste período de tempo. Neste ponto é importante introduzir o que vem a ser a taxa de juros i. O conceito da taxa de juros procura exprimir o que vem a ser o “valor do dinheiro”. Por exemplo, desprezada qualquer inflação, para um indivíduo, mais vale receber mil reais hoje do que esperar para receber daqui a um ano. Esta é uma questão bastante intuitiva e individual, pois, pois na verdade, cada um sabe o quanto estaria disposto a receber por esperar. Considerando a taxa de juros como sentido um prêmio para que este indivíduo espere para receber o que lhe é devido, pode-se usar a taxa de juros para relacionar o valor futuro F com o valor presente P (equação 1.17). )1( iPiPPF +×=×+= (1.17) Quando se considera mais de um período de tempo, ou seja, para n períodos, obtém-se a equação 1.18. niPF )1( +×= (1.18) No caso da análise de investimento com várias anualidades o valor futuro será dado pela soma das contribuições de cada anuidade corrigida pela taxa de juros. Se as anuidades e os intervalos de tempo forem iguais, caracterizando a chamada série uniforme, pode-se obter uma equação generalizada (equação 1.19). i iAF n 1)1( −+×= (1.19) Combinando-se as equações 1.18 e 1.19 obtemos importantes relações. ( ) ( ) 11 1 −+ ×+= n n i iiFRC (1.20) 40 n n ii iFVP )1( 1)1( +× −+= (1.21) CEFRCCA ×= (1.22) Em que FRC é o fator de recuperação do capital (decimal), FVP é o fator de valor presente, i é a taxa de juros (decimal), n é período de amortização (anos ou meses), CA é o custo anualizado (R$ ano-1) ou mensal (R$ mês-1) e CE é o custo do equipamento (R$). Podemos considerar duas situações para aquisição de um equipamento: 9 Através de financiamento, gerando-se anuidades, sob dada taxa de juros, suficientes para pagamento no tempo estipulado pelo contrato que, normalmente, está em torno de 5 anos; 9 Aquisição sem necessidade de empréstimo, podendo-se amortizar ao longo de toda a vida útil do equipamento que, conforme fabricante, é de 15 anos. Nesta última situação os retornos deverão ser superiores a aqueles gerados por aplicações financeiras compatíveis com o valor do equipamento, como caderneta de poupança, que atualmente possui taxas anuais de 6%. 7.1 – Tempo de Retorno de Capital Para uma análise de viabilidade econômica de motores, o critério do tempo de retorno de capital, ou payback, é sem dúvida o mais difundido no meio técnico, principalmente devido à sua facilidade de aplicação. Nestes termos fala-se do chamado payback não descontado, isto é, um procedimento de cálculo onde não se leva em consideração o custo de capital, ou seja, a taxa de juros. Essa análise é feita apenas dividindo-se o custo da implantação do empreendimento pelo benefício auferido. Em outras palavras, este critério mostra quanto tempo é necessário para os benefícios se igualem ao investimento. A avaliação consiste da comparação entre os benefícios e os custos, ambos mensais. Os benefícios foram calculados a partir da redução de energia consumida 41 devido ao uso do motor de alto rendimento ao longo do mês; este cálculo consiste da determinação da redução de consumo de energia produzida pelo equipamento em relação ao motor de baixo rendimento, multiplicando-a pelo tempo de funcionamento durante o ano e pelo preço da energia. O tempo de retorno descontado é o número de períodos que zera o valor líquido presente, ou anual, do empreendimento. Neste caso, a taxa de juros adotada é o próprio custo de capital. Igualando o valor presente a zero, tem-se a expressão 1.23. I ii iA n n −+× −+× )1( 1)1( (1.23) O tempo de retorno do capital pode ser calculado algebricamente a partir da expressão 1.23, no que resulta a equação 1.24. ( ) )1ln( 1ln i iAIn + ×−−= (1.24) Sendo: n retorno do capital, em n período; I investimento feito no instante zero, em R$; A retorno por período, em R$; i taxa de juros, em decimal. 42 Capítulo 2 Manual do Usuário do Programa Prosk2003 1 – Apresentação Neste capítulo iremos apresentar um guia do usuário, demonstrando de uma melhor forma o método de utilização deste software através de exemplos, mostrando a grande excelência deste produto para o dimensionamento de um sistema de captação de água. O Prosk2003 é uma ferramenta importante para o desenvolvimento e implementação da otimização e eficientização dos sistemas de captação de água, o qual oferece ao usuário um ambiente interativo e de fácil configuração. No dimensionamento do sistema de captação de água é utilizada a seqüência de métodos descritos no capítulo 1. Na construção do programa foi utilizada a ferramenta de programação DELPHI, trabalhando com o banco de dados Paradox. Para dar início ao programa vá à tela inicial do Windows clique, botão Iniciar → Programas → Prosk2003. Figura 2.1 – Iniciando o Prosk2003. 43 2 – Ambiente de Trabalho Ao carregar o programa Prosk2003, a barra de menu e ferramentas estará distribuída de acordo com a figura 2.2. Figura 2.2 – Barra de menu e ferramentas. O uso da barra de ferramentas pode ser útil para o acesso rápido aos comandos utilizados com maior freqüência. No menu Projeto (figura 2.3), podemos dar inicio a um novo projeto: 9 Com tubulação pré-existente: para sistema de recalque já implementado, no qual iremos apresentar o correto dimensionamento do conjunto moto- bomba e a seleção do sistema de acionamento; 9 Sem tubulação pré-existente: além do dimensionamento citado na opção acima teremos o cálculo do diâmetro da tubulação de recalque e sucção através do método do diâmetro econômico. Figura 2.3 – Novo projeto. 44 Em menu Cadastro (figura 2.4) temos a alternativa de alterar o banco de dados presente no programa, adicionando ou removendo tipos de componentes, motores, inversores, soft-starters e tubos. Figura 2.4 – Menu cadastro. Indo em Cadastro → Componentes ou peças podemos observar que temos a opção de excluir, alterar ou adicionar um novo componente com seu respectivo número de diâmetro (figura 2.5). Figura 2.5 – Cadastro de componentes ou peças. O mesmo acontece no cadastro de motores (figura 2.6), onde podemos adicionar novos itens discriminados por fabricante, número de pólos, rotação, rendimento e fator de potência. Tendo motores trifásicos de alto rendimento e Standard como alternativa de melhor escolha para o projeto de sistema de recalque. Em Cadastro → Tubos (figura 2.7) podemos alterar itens, acrescentando ou excluindo tipos de tubos com seu respectivo coeficiente de rugosidade, mantendo o banco de dados atualizado. 45 Figura 2.6 – Cadastro de motores. Figura 2.7 – Cadastro de tubos. Na opção Cadastro → Inversores podemos acrescentar novos modelos através da opção Novo (figura 2.8), além de alterar a configuração do modelo já presente ou fazer uma busca de um modelo. Figura 2.8 –Cadastro de Inversores. 46 Para Cadastro → soft-starters temos as mesmas opções de configuração e busca de elementos (figura 2.9). Figura 2.9 – Cadastro de Soft-Starters. Figura 2.10 – Menu ferramentas. No menu Ferramentas (figura 2.10) o programa oferece algumas opções, dentre elas: 9 Análise econômica aplicada a motores de indução trifásicos num cenário de conservação de energia. Na análise econômica o programa através do método do payback descontado apresenta uma comparação de tempo de retorno do investimento feito em um motor de alto rendimento em relação a um comum. Com está análise podemos determinar a melhor escolha de motor para o nosso sistema de captação de água. Para fazer a análise devemos selecionar os dois motores no banco de dados presente no programa, ou digitar manualmente os dados dos motores. 47 Nesta análise vamos considerar que os motores estão funcionando a plena carga, ou seja, fornecendo 100% de sua potência nominal (ponto ótimo de rendimento) com um funcionamento em regime contínuo. Com um motor de alto rendimento WEG 75cv – 1775rpm e um Standard WEG 75cv – 1770rpm, trabalhando a uma carga de 12 horas por dia, apresentando um custo de R$ 3100 e 1800 respectivamente, teremos como resultado da análise econômica a figura 2.11. Figura 2.11 – Resultados da análise econômica. Observando na figura 2.11 vemos que o motor de alto rendimento tem uma economia de R$ 37,47 por mês em relação ao motor Standard, compensando de certa forma seu valor superior de R$ 1300. Na escolha do motor de alto rendimento teremos o retorno do investimento em 50 meses, podendo ser uma boa alternativa. 48 9 Gerador de gráfico pelo método dos mínimos quadrados. Esta ferramenta é de grande utilidade para situações onde o usuário necessita plotar alguma curva. Com no mínimo de três pontos o programa interpola uma equação de 2° grau que mais se aproxima dos pontos inseridos (figura 2.12). Quanto mais pontos forem inseridos, melhor será a aproximação da curva desejada. Figura 2.12 – Gerador de gráfico. Nas próximas seções apresentaremos dois exemplos de dimensionamento de sistema de recalque utilizando o programa. 49 3 – Exemplo de Dimensionamento de um Sistema de Recalque sem Tubulação Pré-existente Vamos iniciar o exemplo de uma instalação de recalque sem tubulação pré- existente, na qual o objetivo é dimensionar uma instalação para atender a demanda de 200m3/h de vazão durante 24hs/dia, bombeando a uma altura de 24m. Para dá inicio ao projeto vá em Novo projeto → Sem tubulação pré-existente. A simulação consiste em 6 passos que devem ser navegados através dos botões Passo anterior e Próximo passo. • Passo 1 No Passo 1 temos os parâmetros e a configuração do sistema que devem ser preenchidos de acordo com o projeto a ser aplicado (figura 2.13). Figura 2.13 – Projeto de sistema de recalque sem tubulação pré-existente. 50 Começamos preenchendo os dados do sistema, como a vazão requerida de 200m3/h, velocidade da água de 1,5m/s, altitude do local de 900m e a temperatura da água de cerca de 25°C. Na parte de sucção usaremos uma tubulação de ferro fundido novo com a posição da bomba acima do nível do poço de sucção (bomba de sucção positiva) possuindo a composição da tabela 2.1. Quantidade Sucção 1 Válvula de pé com crivo 1 curva de 90° 6 m comprimento da tubulação 2 m altura de sucção Tabela 2.1 – Componentes da linha de sucção. Para inserir um elemento pertencente à linha de sucção basta clicar no botão na janela Componentes ou peças na sucção (figura 2.14) e acrescentar com a quantidade correspondente. Figura 2.14 – Inserindo componentes na linha de sucção. Feito a configuração da parte de sucção partimos para a linha de recalque a qual também utilizaremos uma tubulação de ferro fundido novo. A composição da linha de recalque é de acordo com a tabela 2.2. 51 Quantidade Recalque 1 Válvula de retenção 3 curvas de 90° 2 curvas de 45° 1 registro de gaveta 1 saída de tubulação 1000 m comprimento da tubulação 24 m altura do recalque Tabela 2.2 – Componentes da linha de recalque. Para a configuração da linha de recalque proceda-se da mesma forma, entrando com os valores da altura de recalque, comprimento, tipo de tubulação e os componentes. Depois de configurado a linha de recalque e sucção, teremos finalizado este passo, tendo a tela preenchida de acordo com a figura 2.15. Figura 2.15 – Parâmetros e configuração do exemplo sem tubulação pré-existente preenchido. 52 • Passo 2 No Passo 2 temos os valores calculados do diâmetro da tubulação para o dimensionamento da linha de recalque e sucção. Figura 2.16 – Cálculos obtidos do exemplo sem tubulação pré-existente. Na parte de cálculos como podemos observar na figura 2.16, os valores comerciais dos diâmetros de sucção e recalque devem ser fornecidos, respectivamente, acima do calculado para a sucção e abaixo do calculado para o recalque. Após preenchidos os valores do diâmetros, clicamos no botão calcular. Os resultados são apresentados de uma forma que podemos analisar separadamente os trechos de sucção e de recalque, analisando os valores de perda de carga parcial de cada linha e o valor total apresentado no sistema (figura 2.17). Finalizado está parte, agora podemos passar para o próximo passo. No passo seguinte partimos para a especificação da bomba e determinação do ponto de trabalho. 53 Figura 2.17 – Cálculos obtidos do exemplo sem tubulação pré-existente. • Passo 3 Através do gráfico de pré-seleção de bombas de uma determinada marca, o usuário terá informações de quais catálogos consultar a respeito da seleção propriamente dita. Locando o ponto de trabalho neste gráfico é determinado qual é a “família” ideal de bombas para o projeto em análise. Como a vazão requerida é de 200m3/h e a altura manométrica e de 42,78m, utilizando o gráfico de pré-seleção da bomba Mark-Peerless (figura 2.18) encontramos a “família” de bombas RO 16 como sendo a mais adequada para a situação criada. O modelo escolhido, compatível com o projeto, possui um diâmetro de rotor de 310mm e rotação de 1750rpm. Para o correto dimensionamento da bomba evitando o fenômeno da cavitação deve-se obter o NPSHrequerido diretamente da curva característica correspondente do modelo da bomba escolhida, e compará-la com o NPSHdisponível calculado pelo programa. Consulte no catálogo o gráfico NPSHrequerido versus Vazão da bomba 54 selecionada (figura 1.5) e verifique para o valor da vazão de projeto o valor do NPSHrequerido e compare com o NPSHdisponível, observe que a condição NPSHdisponível > NPSHrequerido deve ser verdadeira para que não haja problemas de cavitação. Neste caso a bomba Mark-Peerless modelo RO 16 possui, de acordo com a curva característica, um NPSHrequerido = 0,8m, sendo menor do que o NPSHdisponível calculado pelo programa. Figura 2.18 – Gráfico de pré-seleção da bomba Mark-Peerless. Depois de escolhido a bomba podemos inserir os dados informativos sobre ela na parte inferior da tela do Passo 3 (figura 2.19). Figura 2.19 – Dados da bomba escolhida. 55 • Passo 4 No Passo 4 consulte no catálogo o gráfico altura manométrica versus
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