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5 - livro - vivencia e pratica do ensino das ciencias naturais e da saude - unidade 5

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Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 TROL 
Vivência e Prática do 
Ensino em Ciências 
Naturais e da Saúde 
 
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Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
118 
As Ciências Naturais e os 
Parâmetros Curriculares 
Nacionais 
5 
 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
119 
Nas unidades anteriores, você estudou diversos aspectos importantes da prática 
docente de forma mais geral. Esses aspectos formam o alicerce do 
comprometimento pedagógico do professor. Nesta última unidade, estudaremos 
aspectos voltados para a conceituação do que seja Ciência, pensamento científico, 
aspectos do fazer pedagógico em relação ao ensino das Ciências Naturais e o que 
estabelecem os PCNs do Ensino Médio para as disciplinas de Biologia, Física e 
Química. Esperamos que você possa elaborar e reelaborar e apropriar-se desses 
novos saberes. Aproveite-os bastante para fazer uma real interação com a sua 
vivência prática. 
 
Objetivos da unidade: 
 Estabelecer conceituações a respeito da Ciência; 
 Compreender os Parâmetros Curriculares Nacionais como agente 
norteador da prática educativa em caráter específico à disciplina. 
 
Plano da unidade : 
 Características do Conhecimento Científico 
 As Ciências Naturais 
 Competências e Habilidades dos Professores de Ciências 
 Competências e habilidades a serem desenvolvidas em Biologia 
(Ensino Médio) 
 Competências e habilidades a serem desenvolvidas em Física (Ensino 
Médio) 
 Competências e habilidades a serem desenvolvidas em Química 
(Ensino Médio) 
 
Bons estudos 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
120 
 
Características do Conhecimento Científico 
 
Antes de abordarmos o tema da Unidade 5, é necessário fazer uma 
conceituação inicial acerca da seguinte questão: o que é Ciência e quais são suas 
características? 
O vocábulo CIÊNCIA vem do latim Scientia, que é oriundo, por sua vez, do 
vocábulo Scire, (corresponde à ideia de um saber que apreende o objeto no 
tocante ao fato que o separa, recorta e subdivide em relação ao universo das coisas). 
O saber científico é o resultado da investigação reflexiva, metódica e sistemática 
da realidade. Ele se opõe à doxa, conceito grego que se refere à opinião popular e 
crenças comuns, o denominado senso-comum das coisas. Ao contrário da doxa, 
por sua vez, tem-se a episteme, que significa, segundo o platonismo, “o 
conhecimento verdadeiro, racional e científico, em contrapartida à opinião 
infundada ou irrefletida” (Dicionário Aulete Online). 
Segundo Siqueira, Karlmeyer-Mertens, Fumaga e Benevento, o conhecimento 
científico possui várias características: 
 
a) Objetivo, fático: por apreender os fenômenos do mundo como objetos de 
conhecimento; visam determiná-lo tais como seriam de fato, independente de 
qualquer interferência externa ao interesse científico. Baseia-se em fatos dados 
pela experiência, conhecidos por “empíricos”; 
b) Analítico: pois aborda os problemas delimitados em sua alçada um a um, 
decompondo-os em seus elementos. Assim, a análise é a tentativa de entender a 
situação total de um objeto (seus mecanismos e causas de sua ocorrência) a partir 
de seus termos; 
c) Específico: Atendo-se a um tema, que determinará inclusive o modo com 
que metodologicamente seu objeto seria abordado; 
d) Claro: buscando os resultados com exatidão sem correr o risco de gerar 
dúvidas capazes de invalidá-lo. Nesse intuito, a ciência visa formular suas 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
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proposições de maneira objetiva; inequívoca em seus enunciados; definindo a 
maioria de seus conceitos; adequando seu discurso à explicação do seu objeto; 
avaliando e registrando produtos de sua experiência, comunicando-os à 
comunidade científica para que este seja público e possa ser verificável. 
e) Distinto: na medida em que se seus resultados (obtidos a partir dos 
experimentos) podem ser distinguidos dos outros diferentes e dados por variáveis; 
f) Universal, comunicável, público: Não se pretendendo restrito apenas em 
um setor social ou região do planeta, ele é público. A linguagem científica é, 
portanto, comunicável a quem quer que se interesse saber; formando-se, mesmo 
por ela. Sua explicitação tem forma essencialmente dissertativa e função 
informativa e não expressiva ou prescritiva (COPI, 1981). 
g) Verificável: considerando que todo conhecimento científico apoia-se em 
um fundamento sólido capaz de sustentar firmemente sua certeza, afirmarmos que 
este é conhecimento certo, obtendo estas certezas por meio de uma averiguação 
ou exame experimental chamado verificação, ou como o próprio termo indica em 
suas raízes latinas: um fixar (ficare) o verdadeiro (verum). 
h) Metódico: como dito, o conhecimento científico não é adquirido com a 
tentativa e a repetição até o acerto, mas consiste em um conhecimento planejado 
(sem errância). O método compara um conjunto finito de objetos não 
estabelecendo previamente o critério geral para reuni-los em um conjunto 
limitado (ao levar em conta sua estrutura), apenas registra os objetos encontrados 
que não são idênticos. Opera desta forma seguindo a ordem que as razões que a 
própria investigação lhe oferece. 
i) Sistemático: encontra-se ordenado de maneira que proposições científicas 
estejam atreladas a um princípio que as fundamente. O sistema opera 
privilegiando uma proposição fundamental e relaciona através dele todos os 
objetos; portanto, classifica e propõe relacionando um critério; neutralizando as 
compatibilidades ou incompatibilidades provenientes de outros pontos (podemos 
distinguir método do sistema afirmando que: enquanto no sistema se o critério 
produz as diferenças, no método as diferenças produzem o critério). 
j) Legal: pois, busca determinar supostas “leis naturais” capazes de explicar a 
ordem e a regularidade das ocorrências (efeitos) do mundo, e suas relações com 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
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suas causas. Move-se no âmbito dessas leis inferindo novos conhecimentos por 
meio destas. 
k) Explicativo: intentando explicar os princípios, processos e as leis que 
regulam os fenômenos objetivados. Propõe assim uma descrição detalhada; 
procurando responder renovadamente como ocorrem certos fatos sujeitos à 
investigação. Quanto a isto, Bunge (1980, p. 30) assevera: “A história da ciência 
ensina que as explicações científicas se corrigem ou descartam sem cessar”. 
l) Previsível: não se limitando ao que já apreendido na experiência, mas 
projetando-se a empreendimentos e realizações de futuros conhecimentos. A 
previsão permitida pela ciência torna eficaz o conhecimento, o planejamento, a 
administração e controle da situação de um estado de coisas, permitindo sua 
eficiência no asseguramento de suas conclusões. Constrói-se por meio de 
formulação de hipóteses que prenunciam uma ocorrência provável capaz de ser 
validada por meio dos métodos e técnicas de que a ciência dispõe (KAHLMEYER-
MERTENS, 2005). 
A Ciência, portanto, deve ir além das simples percepções imediatas das coisas, 
do senso-comum, particularizando um dado objeto de estudo (fenômeno) e 
buscando descobrir suas relações de forma a conhecer leis, normas ou 
regularidade nas suas variações. O objetivo da Ciência é formular teorias 
verificáveis que expliquem os fenômenos, as quais, por sua vez, devem ser, se 
possível, capazes de determinar leis gerais que controlam a produção desses 
mesmos fenômenos (previsibilidade). 
Existem várias subdivisões da Ciência: 
 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
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As Ciências Naturais 
 
Mas, e as Ciências Naturais? Segundo o site “Significados.com.br”, temos a 
seguinte definição para Ciências Naturais: 
 
Ciências naturais são ciências que descrevem, ordenam e 
comparam os fenômenos naturais,isto é, os objetos da 
Natureza e os processos que nela têm lugar, e determinam 
as relações existentes entre eles, formulando leis e regras. 
Pode distinguir-se entre ciências exatas (como a física e 
química) e ciências predominantemente descritivas 
(biologia, incluindo a microbiologia e a paleontologia, 
geografia, geologia, cristalografia, etc). O campo de 
atividade das ciências naturais é constituído 
principalmente pela investigação sem uma aplicação 
concreta. Fazem parte das ciências naturais a Biologia, a 
Geologia ou a Medicina. 
 
Concluindo, de forma muito resumida, Ciência se constitui na observação dos 
fenômenos da natureza, a experimentação desses fenômenos e a consequente 
busca de elaboração de uma lei geral que os expliquem. 
 
Competências e Habilidades dos Professores de Ciências 
 
Após esta breve conceituação, abordaremos o tema das Ciências voltado para 
a formação dos professores. Segundo Carvalho e Pérez (2001:18): 
 
(...) qualquer estudo sobre metodologia e 
epistemologia da Ciência revela certas exigências para o 
trabalho científico tão amplas como as do trabalho 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
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docente; contudo, a nenhum cientista é exigido que 
possua o conjunto de conhecimentos e destrezas 
necessários para o desenvolvimento científico: é muito 
claro que se trata de uma tarefa coletiva. Do mesmo modo, 
o trabalho docente tampouco é, ou melhor, não deveria ser 
uma tarefa isolada, e nenhum professor deve se sentir 
vencido por um conjunto de saberes que, com certeza, 
ultrapassam as possibilidades de um ser humano. O 
essencial é que possa ter-se um trabalho coletivo em todo 
o processo de ensino-aprendizagem: da preparação das 
aulas até a avaliação. 
 
Neste sentido, o que deverão “saber” e “saber fazer” os professores de 
Ciências? Carvalho e Pérez apresentam uma proposta baseada, de um lado, na 
ideia de aprendizagem como construção de conhecimentos com as características 
de uma pesquisa científica e, de outro, na necessidade de transformar o 
pensamento espontâneo do professor. (Carvalho e Pérez, 2001:19) 
 
 
 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
125 
Um aspecto importante enfocado no diagrama é o que se refere ao domínio, 
por parte do professor, dos conteúdos a serem ensinados aos alunos. Novamente 
nos apoiando em Carvalho e Pérez, apresentamos um quadro que resume essas 
competências: 
 
A. Conhecer os problemas que originaram a construção dos conhecimentos 
científicos (sem o que os referidos conhecimentos surgem como 
construções arbitrárias). Conhecer, em especial, quais foram as 
dificuldades e obstáculos epistemológicos (o que constitui uma ajuda 
imprescindível para compreender as dificuldades dos alunos). 
B. Conhecer as orientações metodológicas empregadas na construção dos 
conhecimentos, isto é, a forma como os cientistas abordam os problemas, 
as características mais notáveis de sua atividade, os critérios de validação 
e aceitação das teorias científicas. 
C. Conhecer as interações Ciência/Tecnologia/Sociedade associadas á 
referida construção, sem ignorar o caráter, em geral, dramático, do papel 
social das Ciências; a necessidade da tomada de decisões. 
D. Ter algum conhecimento dos desenvolvimentos científicos recentes e 
suas perspectivas, para poder transmitir uma visão dinâmica, não-
fechada, da Ciência. Adquirir, do mesmo modo, conhecimentos de outras 
matérias relacionadas, para poder abordar problemas afins, as interações 
entre os diferentes campos e os processos de unificação. 
E. Saber selecionar conteúdos adequados que deem uma visão correta da 
Ciência e que sejam acessíveis aos alunos e suscetíveis de interesse. 
F. Estar preparado para aprofundar os conhecimentos e para adquirir outros 
novos. 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
126 
 
A análise do quadro demonstra claramente que o professor de Ciências deve 
cultivar as características de um profissional ledor, pesquisador, afinado com as 
atuais teorias acerca da prática pedagógica e das metodologias de transmissão 
desses conteúdos aos seus alunos, sempre colocando em pauta o caráter de 
motivador do conhecimento, respeitador das diferenças e dos conhecimentos 
trazidos pelos discentes. 
Entretanto, deve o educador da área de Ciências, dadas as características do 
tipo de conhecimento que as constitui, com base no pensamento científico, 
questionar as ideias docentes de “senso comum” sobre o ensino e aprendizagem 
das Ciências, ao que Carvalho e Pérez denominam de “pensamento espontâneo do 
que é ensinar Ciências, fruto de uma impregnação ambiental” que torna difícil sua 
transformação e deve ser analisado criticamente. Como exemplos, citam os autores 
(Carvalho e Pérez, 2001, 28-29): 
 
a. Questionar a visão simplista do que é Ciência e o trabalho científico; 
b. Questionar a redução habitual do aprendizado das Ciências a certos 
conhecimentos e (se muito) a algumas destrezas, esquecendo 
aspectos históricos, sociais etc.; 
c. Questionar o caráter “natural” do fracasso generalizado dos alunos e 
alunas nas disciplinas científicas e as expectativas negativas que se 
derivam: questionar o determinismo biológico – alunos “espertos” e 
“medíocres” – e o sociológico – nada pode ser feito com alunos 
“marcados” por meios culturalmente desfavorecidos; 
d. Questionar a atribuição de atitudes negativas em relação à Ciência e 
sua aprendizagem a causas externas (sociais, etc.), ignorando o papel 
desempenhado pelo tipo de ensino, atitude e expectativas dos 
professores com relação aos alunos; 
e. Questionar o autoritarismo (explícito ou latente) da organização 
escolar e no polo oposto, o simples “laissez-faire”; 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
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f. Questionar o clima generalizado de frustração associado á atividade 
docente; 
g. Questionar, em síntese, a ideia de que ensinar é fácil. 
 
A respeito da capacidade do professor em adquirir conhecimentos teóricos 
sobre a aprendizagem das Ciências, Carvalho e Pérez (2001:33) citam que se deve: 
 
Reconhecer a existência de concepções espontâneas e sua 
origem, difíceis de ser substituídas por conhecimentos 
científicos se não mediante uma mudança conceitual e 
metodológica; saber que os alunos aprendem 
significativamente construindo conhecimentos, o que 
exige aproximar a aprendizagem das Ciências às 
características do trabalho científico; saber que os 
conhecimentos são respostas a questões, o que implica 
propor a aprendizagem a partir de situações problemáticas 
de interesse para os alunos; conhecer o caráter social da 
construção de conhecimentos científicos e saber organizar 
a aprendizagem de forma consequente; conhecer a 
importância que possuem, na aprendizagem das Ciências, 
o ambiente da sala de aula e o das escolas, as expectativas 
do professor, seu compromisso pessoal com o progresso 
dos alunos etc. 
 
Dentre outras competências do professor de Ciências, Carvalho e Pérez 
acrescentam que o professor deve: 
 Saber analisar criticamente o ensino “tradicional”, buscando 
conhecer as limitações dos currículos enciclopédicos e reducionistas, 
as limitações da forma habitual de introduzir conhecimentos, as 
limitações dos trabalhos práticos habitualmente propostos, as 
limitações dos problemas habitualmente propostos, as limitações 
das formas de avaliação habituais, as limitações das formas de 
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organização escolar habitual e que não favorecem um trabalho de 
pesquisa efetivo; 
 Saber preparar atividades capazes de gerar uma aprendizagem 
efetiva propondo situações problemáticas, estudos qualitativos das 
situações problemáticas, orientar o tratamento científico dos 
problemas propostos, colocar a manipulação reiterada dos novos 
conhecimentos em uma variedadede situações, favorecendo 
atividades de síntese, elaboração de produtos e a concepção de 
novos problemas; 
 Saber dirigir o trabalho dos alunos, apresentando adequadamente 
as atividades a serem realizadas, dirigir de forma ordenada as 
atividades, realizar sínteses e reformulações que valorizem as 
contribuições dos alunos, facilitar de maneira oportuna as 
informações necessárias aos alunos, criar um bom clima de 
funcionamento da aula, contribuir para estabelecer formas de 
organização escolar que favoreçam interações frutíferas entre a aula, 
a escola e o meio exterior e saber agir como especialista capaz de 
dirigir o trabalho de várias equipes de “pesquisadores iniciantes”, 
transmitindo seu próprio interesse pela atarefa e pelos avanços de 
cada aluno. 
 Saber avaliar, conhecendo e utilizando a avaliação como 
instrumento de aprendizagem que permita fornecer um feedback 
adequado para promover o avanço dos alunos, ampliar o conceito e 
a prática da avaliação ao conjunto dos saberes e atitudes que 
interesse contemplar na aprendizagem das Ciências, superando sua 
habitual limitação á rememoração repetitiva de conteúdos 
conceituais e introduzir formas de avaliação de sua própria tarefa 
docente como instrumento de melhoria do ensino. 
 Adquirir a formação necessária para associar ensino e pesquisa 
didática. 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
129 
 
As competências e habilidades em ciências da natureza 
 
Como uma introdução, destacamos que: 
 
A LDB/96, ao considerar o Ensino Médio como última e 
complementar etapa da Educação Básica, e a Resolução 
CNE/98, ao instituir as Diretrizes Curriculares Nacionais para 
o Ensino Médio, que organizam as áreas de conhecimento 
e orientam a educação à promoção de valores como a 
sensibilidade e a solidariedade, atributos da cidadania, 
apontam de que forma o aprendizado de Ciências e de 
Matemática, já iniciado no Ensino Fundamental, deve 
encontrar complementação e aprofundamento no Ensino 
Médio. Nessa nova etapa, em que já se pode contar com 
uma maior maturidade do aluno, os objetivos educacionais 
podem passar a ter maior ambição formativa, tanto em 
termos da natureza das informações tratadas, dos 
procedimentos e atitudes envolvidas, como em termos das 
habilidades, competências e dos valores desenvolvidos. 
Mais amplamente integrado à vida comunitária, o 
estudante da escola de nível médio já tem condições de 
compreender e desenvolver consciência mais plena de suas 
responsabilidades e direitos, juntamente com o 
aprendizado disciplinar. 
 
E mais: 
 
Os objetivos do Ensino Médio em cada área do 
conhecimento devem envolver, de forma combinada, o 
desenvolvimento de conhecimentos práticos, 
contextualizados, que respondam às necessidades da vida 
contemporânea, e o desenvolvimento de conhecimentos 
mais amplos e abstratos, que correspondam a uma cultura 
geral e a uma visão de mundo. Para a área das Ciências da 
Natureza, Matemática e Tecnologias, isto é particularmente 
verdadeiro, pois a crescente valorização do conhecimento 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
130 
e da capacidade de inovar demanda cidadãos capazes de 
aprender continuamente, para o que é essencial uma 
formação geral e não apenas um treinamento específico. 
 
Observados esses aspectos, cumpre abordar, de forma mais específica, o que 
os PCNs estabelecem a respeito das competências e habilidades que devem ser 
desenvolvidas em Biologia. São elas: 
 
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS EM BIOLOGIA 
(ENSINO MÉDIO) 
 
REPRESENTAÇÃO E COMUNICAÇÃO 
 
 Descrever processos e características do ambiente ou de seres 
vivos, observados em microscópio ou a olho nu. 
 Perceber e utilizar os códigos intrínsecos da Biologia. 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
131 
 Apresentar suposições e hipóteses acerca dos fenômenos 
biológicos em estudo. 
 Apresentar, de forma organizada, o conhecimento biológico 
apreendido, através de textos, desenhos, esquemas, gráficos, 
tabelas, maquetes, etc. 
 Conhecer diferentes formas de obter informações (observação, 
experimento, leitura de texto e imagem, entrevista), selecionando 
aquelas pertinentes ao tema biológico em estudo. 
 Expressar dúvidas, ideias e conclusões acerca dos fenômenos 
biológicos. 
 
INVESTIGAÇÃO E COMPREENSÃO 
 
 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
132 
 Relacionar fenômenos, fatos, processos e ideias em Biologia, 
elaborando conceitos, identificando regularidades e diferenças, 
construindo generalizações. 
 Utilizar critérios científicos para realizar classificações de animais, 
vegetais, etc. 
 Relacionar os diversos conteúdos conceituais de Biologia (lógica 
interna) na compreensão de fenômenos. 
 Estabelecer relações entre parte e todo de um fenômeno ou 
processo biológico. 
 Selecionar e utilizar metodologias científicas adequadas para a 
resolução de problemas, fazendo uso, quando for o caso, de 
tratamento estatístico na análise de dados coletados. 
 Formular questões, diagnósticos e propor soluções para 
problemas apresentados, utilizando elementos da Biologia. 
 Utilizar noções e conceitos da Biologia em novas situações de 
aprendizado (existencial ou escolar). 
 Relacionar o conhecimento das diversas disciplinas para o 
entendimento de fatos ou processos biológicos (lógica externa). 
 
 CONTEXTUALIZAÇÃO SOCIOCULTURAL 
 Reconhecer a Biologia como um fazer humano e, portanto, 
histórico, fruto da conjunção de fatores sociais, políticos, 
econômicos, culturais, religiosos e tecnológicos. 
 Identificar a interferência de aspectos místicos e culturais nos 
conhecimentos do senso comum relacionados a aspectos biológicos. 
 Reconhecer o ser humano como agente e paciente de transformações 
intencionais por ele produzidas no seu ambiente. 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
133 
 Julgar ações de intervenção, identificando aquelas que visam à 
preservação e à implementação da saúde individual, coletiva e do 
ambiente. 
 Identificar as relações entre o conhecimento científico e o 
desenvolvimento tecnológico, considerando a preservação da vida, as 
condições de vida e as concepções de desenvolvimento sustentável. 
 
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS EM FÍSICA 
(ENSINO MÉDIO) 
 
REPRESENTAÇÃO E COMUNICAÇÃO 
 Compreender enunciados que envolvam códigos e símbolos físicos. 
Compreender manuais de instalação e utilização de aparelhos. 
 Utilizar e compreender tabelas, gráficos e relações matemáticas 
gráficas para a expressão do saber físico. Ser capaz de discriminar e 
traduzir as linguagens matemática e discursiva entre si. 
 Expressar-se corretamente utilizando a linguagem física adequada e 
elementos de sua representação simbólica. Apresentar de forma 
clara e objetiva o conhecimento apreendido, através de tal 
linguagem. 
 Conhecer fontes de informações e formas de obter informações 
relevantes, sabendo interpretar notícias científicas. 
 Elaborar sínteses ou esquemas estruturados dos temas físicos 
trabalhados. 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
134 
 
INVESTIGAÇÃO E COMPREENSÃO 
 
 Desenvolver a capacidade de investigação física. Classificar, 
organizar, sistematizar. Identificar regularidades. Observar, estimar 
ordens de grandeza, compreender o conceito de medir, fazer 
hipóteses, testar. 
 Conhecer e utilizar conceitos físicos. Relacionar grandezas, 
quantificar, identificar parâmetros relevantes. Compreender e utilizar 
leis e teorias físicas. 
 Compreender a Física presente no mundo vivencial e nos 
equipamentos e procedimentos tecnológicos. Descobrir o “como 
funciona” de aparelhos. 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
135 
 Construir e investigar situações-problema, identificara situação 
física, utilizar modelos físicos, generalizar de uma a outra situação, 
prever, avaliar, analisar previsões. 
 Articular o conhecimento físico com conhecimentos de outras áreas 
do saber científico. 
 
CONTEXTUALIZAÇÃO SOCIOCULTURAL 
 Reconhecer a Física enquanto construção humana, aspectos de sua 
história e relações com o contexto cultural, social, político e 
econômico. 
 Reconhecer o papel da Física no sistema produtivo, compreendendo 
a evolução dos meios tecnológicos e sua relação dinâmica com a 
evolução do conhecimento científico. 
 Dimensionar a capacidade crescente do homem propiciada pela 
tecnologia. 
 Estabelecer relações entre o conhecimento físico e outras formas de 
expressão da cultura humana. 
 Ser capaz de emitir juízos de valor em relação a situações sociais que 
envolvam aspectos físicos e/ou tecnológicos relevantes. 
 
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS EM QUÍMICA 
(ENSINO MÉDIO) 
 
REPRESENTAÇÃO E COMUNICAÇÃO 
 Descrever as transformações 
químicas em linguagens discursivas. 
 Compreender os códigos e símbolos 
próprios da Química atual. 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
136 
 Traduzir a linguagem discursiva em linguagem simbólica da Química 
e vice-versa. Utilizar a representação simbólica das transformações 
químicas e reconhecer suas modificações ao longo do tempo. 
 Traduzir a linguagem discursiva em outras linguagens usadas em 
Química: gráficos, tabelas e relações matemáticas. 
 Identificar fontes de informação e formas de obter informações 
relevantes para o conhecimento da Química (livro, computador, 
jornais, manuais etc.). 
 
INVESTIGAÇÃO E COMPREENSÃO 
 
 Compreender e utilizar conceitos químicos dentro de uma visão 
macroscópica (lógicoempírica). 
 Compreender os fatos químicos dentro de uma visão 
macroscópica (lógico-formal). 
 Compreender dados quantitativos, estimativa e medidas, 
compreender relações proporcionais presentes na Química 
(raciocínio proporcional). 
 Reconhecer tendências e relações a partir de dados experimentais 
ou outros (classificação, seriação e correspondência em Química). 
 Selecionar e utilizar ideias e procedimentos científicos (leis, 
teorias, modelos) para a resolução de problemas qualitativos e 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
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quantitativos em Química, identificando e acompanhando as 
variáveis relevantes. 
 Reconhecer ou propor a investigação de um problema 
relacionado à Química, selecionando procedimentos 
experimentais pertinentes. 
 Desenvolver conexões hipotético-lógicas que possibilitem 
previsões acerca das transformações químicas. 
 
 
CONTEXTUALIZAÇÃO SOCIOCULTURAL 
 Reconhecer aspectos químicos relevantes na interação individual e 
coletiva do ser humano com o ambiente. 
 Reconhecer o papel da Química no sistema produtivo, industrial e 
rural. 
 Reconhecer as relações entre o desenvolvimento científico e 
tecnológico da Química e aspectos sócio-político-culturais. 
 Reconhecer os limites éticos e morais que podem estar envolvidos 
no desenvolvimento da Química e da tecnologia. 
 
Chegamos ao final de das unidades de estudo, e você está finalizando mais 
uma etapa de sua formação. Em Vivência e Prática Docente I, procuramos lhe 
oferecer uma sustentação sólida para o exercício da docência, além de fornecer 
elementos que, com certeza, contribuirão em muito para sua inserção no mercado 
de trabalho. 
Sabemos que você está iniciando na área da licenciatura, por isso, é 
importante lembrar que o desenvolvimento de competências profissionais tem sua 
base no domínio do conhecimento. Tenha a certeza de que o trabalho de 
construção do conhecimento não termina aqui, ele continua através da leitura, da 
autoavaliação, da resolução de exercícios, da análise, da pesquisa... 
Vivência e Prática do Ensino em Ciências Naturais e da Saúde 
 
 
138 
Esperamos ter atendido às suas expectativas, desejamos que você tenha 
construído novos saberes e que esteja se preparando para um segundo momento 
de Vivência Docente. 
 
Leitura Complementar 
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio1 
O Ensino de Ciências no Brasil: História, Formação de Professores e Desafios 
Atuais. revista histedbr on-line, campinas, n.39, p. 225-249, set.2010 - issn: 1676-
25842 
 
 
É HORA DE SE AVALIAR! 
Não se esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo, Elas 
irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo 
de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as 
envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). 
Interaja conosco! 
 
_________________________________________________ 
1. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencian.pdf. Acesso em: 
31/03/2014. 
2. Disponível em http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/39/art14_39.pdf

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