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BIANCA GOMES RODRIGUES RUIDOS NA AVIAÇÃO Rio de Janeiro 2008 ii BIANCA GOMES RODRIGUES RUIDOS NA AVIAÇÃO Monografia apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Aeronáutica. Orientadora: PROF DENISE Fernanda Corrêa Vieira Rio de Janeiro 2008 iii BIANCA GOMES RODRIGUES RUIDOS NA AVIAÇÃO Monografia apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Aeronáutica. Aprovada em 11 de dezembro de 2008 BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Prof. _____________________________________________ Prof. _____________________________________________ Prof. iv DETICATORIA Dedico essa monografia aos meus pais que me dão apoio material e emocional em todas as minhas realizações e mesmo com dificuldade, tornaram possível a minha formatura. v AGRADECIMENTOS Agradeço ao Bruno e ao “Danado” pela ajuda na execução desse trabalho final, a minha orientadora, Professora Denise, pelo material que me disponibilizou. vi EPÍGRAFE Não existe atalho para a experiência. (Autor desconhecido) vii RESUMO Ruído é um som ou conjunto de sons desagradáveis e/ou perigosos, capazes de alterar o bem estar fisiológico ou psicológico das pessoas, de provocar lesões auditivas que podem levar à surdez e de prejudicar a qualidade e quantidade do trabalho. Objetivo desse projeto é conscientizar as pessoas que trabalham diretamente expostas a níveis elevados de ruído, dos sérios problemas que pode acarretar para suas vidas. O foco desse projeto é analisar os diversos problemas que se pode ter, com exposições continuas e diárias, a níveis de ruído aeronáuticos, mostrando os diversos recursos que podem ser tomados pra que haja a diminuição de problemas com a audição, e programas de prevenção para que novos funcionários adotem as desde o início as medidas preventivas. No primeiro capitulo é abordado as generalidades sobre o som, sobre a audição e sobre o trauma sonoro, para melhor entendimento do quem vem a ser o problema com ruído. No segundo capítulo, a abordagem foi sobre a perda auditiva, os problemas de surdez por ruído e a sintomologia causada pela Perda de Audição Induzia por Ruído (PAIR). No Terceiro capitulo, são apresentado o Programa de Conservação da Audição (PCA), que compõem fase de implementação do PCA, prevenção, tipos de protetores, controle de exposição com o ruído, entre outras medidas de prevenção contra o problema de exposição ao ruído. viii ABSTRACT This project had the initial point analyze the various problems that may have been in continuous and daily exposure, the levels of aircraft noise, showing the various resources that can be taken for which there is a decrease of problems with the hearing, and prevention programs to adopt the new staff since the start preventive measures ix SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 01 CAPITULO I - GENERALIDADES ............................................................................. 03 1.1 Generalidade sobre o som .................................................................................. 03 1.2 Generalidade sobre a audição ............................................................................ 07 1.3 Generalidade sobre o trauma sonoro .................................................................. 08 CAPITULO II – PERDA AUDITIVA ........................................................................... 11 2.1 Etiopatagenia da surdez por ruído ...................................................................... 11 2.2 Sitomologia na PAIR ........................................................................................... 12 2.3 A PAIR relacionada ao trabalho .......................................................................... 13 CAPITULO III – PROGRAMA DE CONSERVAÇÂO DA AUDIÇÂO (PCA) ............... 14 3.1 Fase de implementação do PCA ......................................................................... 14 3.1.1 Identificação dos Riscos .................................................................................. 14 3.1.1.1 Medição dos níveis de ruído no local de trabalho ......................................... 14 3.1.2 Controle de exposição ...................................................................................... 14 3.1.2.1 Prevenção individual ..................................................................................... 16 3.1.2.2 Prevenção coletiva ........................................................................................ 16 3.1.3 Proteção do trabalhador ................................................................................... 17 3.1.3.1 Uso dos dispositivos de prevenção auditiva (DPA) ....................................... 17 3.1.3.2 Redução do tempo de exposição .................................................................. 19 3.1.4 Palestras ......................................................................................................... 19 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 21 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .......................................................................... 24 3 Capitulo I – GENERALIDADES 1.1 – Generalidade sobre o som O som é tudo o que soa ou impressiona o sentido do ouvido (ruído). Som pode ser entendido como uma variação de pressão muito rápida que se propaga na forma de ondas em um meio elástico. Em geral, o som é causado por uma vibração de um corpo elástico, o qual gera uma variação de pressão corresponde no meio à sua volta. Qualquer corpo elástico capaz de vibrar rapidamente pode produzir som e, nesse caso, recebe o nome de fonte sonora. Em geral percebemos o som através de variações de pressão no ar que atingem nosso ouvido. Para que possamos perceber o som é necessário que as variações de pressão que chegam aos nossos ouvidos estejam dentro de certos limites de rapidez e intensidade. Se essas variações ocorrem entre 20 e 20.000 vezes por segundo esse som é potencialmente audível. O som é a sensação auditiva provocada pelo deslocamento (vibração) das moléculas em um meio elástico. Desse deslocamento resulta uma sucessão de compressões e descompressões moleculares, cuja amplitude e freqüência darão ao som duas de suas propriedades básicas – altura e intensidade. A intensidade do som, normalmente expressa em dB (decibéis), depende da energia com o qual um som é produzido e esta diretamente ligada com a amplitude de onda sonora. Isto é, quanto maior for a Pressão Sonora, maior será a amplitude da onda e a intensidade do som. A altura do som, normalmente representada por cps (ciclos por minutos), em Hz (Hertz) ou simplesmente pelas notas musicais, é diretamente proporcional à 4 freqüência e inversamente proporcional ao comprimento de onda. Assim, quanto maior for um som, maior será sua freqüência e menor seu comprimento de onda. O timbre é a terceira propriedade básica do som, sua característica sonora nos permite distinguirse sons de mesma freqüência foram produzidos por fontes sonoras conhecidas e que nos permite diferenciá-las. Quando ouvimos, por exemplo uma nota tocada por um piano e a mesma nota (uma nota com a mesma altura) produzida por um violino, podemos imediatamente identificar os dois sons como tendo a mesma freqüência , mas com características sonoras muito distintas. O que nos permite diferenciar os dois sons é o timbre instrumental. De forma simplificada podemos considerar que o timbre é como a impressão digital sonora de um instrumento ou a qualidade de vibração vocal. Nunca ouvimos, no dia a dia, sons puros e sim sons complexos e/ou ruídos. Não é fácil conceituar a diferença entre som e ruído. Podemos dizer que enquanto ruído apresenta uma curva irregular, o som complexo apresenta uma curva irregular que se repete regularmente. http://pt.wikipedia.org/wiki/Som http://pt.wikipedia.org/wiki/Freq%C3%BC%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Fonte_sonora&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Fonte_sonora&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Nota http://pt.wikipedia.org/wiki/Piano http://pt.wikipedia.org/wiki/Altura_%28m%C3%BAsica%29 http://pt.wikipedia.org/wiki/Violino http://pt.wikipedia.org/wiki/Impress%C3%A3o_digital http://pt.wikipedia.org/wiki/Vibra%C3%A7%C3%A3o 5 A Portaria nº. 3214, de 08 de julho de 1978 do Ministério do Trabalho, estabelece os limites de tolerância para ruídos contínuos e intermitentes através da norma reguladora NR-15, conforme mostra a tabela. NÍVEL MÉDIO DE PRESSÃO SONARA PERMISSÍVEL – DB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos Tabela 1 - NR-15 do Ministério do trabalho (Limites de tolerância para ruído continuo ou intermitente). Essa portaria estabelece os tempos máximos permitidos de exposição de diversos níveis de ruído durante uma jornada de trabalho; estabelece que ainda não seja permitida a exposição a níveis acima de 115 dB para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. Alem de problemas fisiológicos que podem advir na exposição ao ruído, existem os problemas da perda do desconforto acústico, necessário para a execução de certos tipos de tarefas, como esforço intelectual. Essa perda normalmente resulta de numa diminuição da eficiência e da qualidade do trabalho do trabalho a ser executado. Os níveis de conforto acústico variam de acordo com o 6 tipo de trabalho desenvolvido e, para obtenção desses níveis, existem normas internacionais que determinam os valores adequados para cada atividade. No Brasil, a norma regulamente sobre esse assunto é a NBR – 10152/1987 – Níveis de Ruído para Conforto Acústico, da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, como mostra a tabela abaixo. LOCAL NÍVEL RECOMENDADO DB (A) Hospitais – aptos, enfermarias berçários, centros cirúrgicos 35-40 Laboratórios – áreas para uso público 40-50 Serviços 45-55 Escolas – bibliotecas, salas de música e de desenho 35-45 Salas de aula e laboratórios 40-50 Circulações 45-55 Hotéis – apartamentos 35-45 Restaurantes e salas de bem estar 40-50 Portaria, recepção e áreas de circulação 45-55 Residência – dormitórios 35-45 Sala de estar 40-50 Auditórios – salas de concertos e teatros 30-40 Salas de conferência, cinema e salas de uso múltiplo 35-45 Restaurantes 40-50 Escritórios – salas de reunião 30-40 Salas de gerência, projetos e administração 35-45 Salas de computadores 45-65 Salas de mecanografia 50-60 Tabela 2 – NBR 10152/1987/ABNT (Níveis de ruído para conforto acústico). Outras propriedades do som são: a velocidade, a reflexão e a difração. A velocidade do som é diretamente proporcional à densidade do meio no qual a onda sonora se propaga, ou seja, o som se propaga mais velozmente num meio sólido do que num meio liquido ou gasoso. Ao se propagar através de meios de densidades diferentes, a onda sonora se reflete e/ou se refrata, a exemplo da onda luminosa. 7 1.2 – Generalidades sobre a audição Em última analise ouvimos com o cérebro. Todavia, antes da onda sonora ser transformada em sensação consciente, percorrerá intrincando caminho, no qual sofrerá importantes transformações bioquímicas e biofísicas. Para fins didáticos, o aparelho auditivo pode ser dividido em duas partes básicas – aparelho condutor e aparelho neuro-sensorial. Faz parte do aparelho condutor externo: o ouvido externo, o ouvido médio e os líquidos labirínticos. O ouvido externo é composto por pavilhão auricular (parte externa cartilaginosa do aparelho auditivo, ligada diretamente ao canal do ouvido externo. No Brasil, orelha é o termo adotado para todo o aparelho auditivo) e condutor auditivo externo (estabelece a comunicação entre a orelha média e o meio externo, tem cerca de três centímetros de comprimento e está escavado em nosso osso temporal. É revestido internamente por pêlos e glândulas, que fabricam uma substância gordurosa e amarelada, denominada cerume ou cera). O ouvido médio atua como prensa hidraulica e a energia produzida pela vibração da menbrana timpânica, chega ao ouvido inteno amplificando em cerca de 26 dB, na faixa da palavra. Isto é suficiente para compensar a dissipação supracitada. Ele é o tal transformador e é composto por membrana timpânica (separa o ouvido externo do ouvido médio. Liga-se aos ossículos responsáveis por transmitir o som para a cóclea - ouvido interno), cadeia ossicular ( São composta por três ossos: Martelo, Estribo e Bigorna) e tuba faringo – timpânica (Serve como um canal para transmissão de ar, da nasofaringe à orelha média, ventilando-a e http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecido_cartilaginoso http://pt.wikipedia.org/wiki/Aparelho_auditivo http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouvido_externo http://pt.wikipedia.org/wiki/Orelha_m%C3%A9dia http://pt.wikipedia.org/wiki/Meio_externo http://pt.wikipedia.org/wiki/Osso_temporal http://pt.wikipedia.org/wiki/Osso_temporal http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%AAlos http://pt.wikipedia.org/wiki/Gl%C3%A2ndulas http://pt.wikipedia.org/wiki/Cerume http://pt.wikipedia.org/wiki/Cera http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouvido_externo http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouvido_m%C3%A9dio http://pt.wikipedia.org/wiki/Oss%C3%ADculo http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3clea http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouvido_interno 8 mantendo o equilíbrio de pressão entre a parte interna e a parte externa da membrana do tímpano). Os líquidos labirínticos são compostos por endolinfa (líquido transparente contido no labirinto membranoso do ouvido interno) e perilinfa (líquido contido no ouvido, no espaço existente entre o labirinto membranoso e o ósseo). Figura1 - Anatomia da orelha interna humana. 1.3 – Generalidades sobre o trauma sonoro Trauma Sonoro (TS) é a designação que se dá as lesões auditivas pelo ruido. Podemos distinguir o TS agudo e crônico. O TS agudo ou perda auditiva induzida pelo som é freqüente em indivíduos expostos a estímulos sonoros excessivos e de maneira continuada ou repetida, sendo a patologia essencialmente sensorial e, em geral, as células ciliadas externas do órgão de Corti são as primeiras a serem comprometidas. Nas lesões mais graves, as células de sustentação e as células ciliadas internas também sofrem http://pt.wikipedia.org/wiki/Labirinto_membranoso http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouvido_interno http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouvido http://pt.wikipedia.org/wiki/Labirinto_membranoso http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Labirinto_%C3%B3sseo&action=edit&redlink=19 alterações. É a situação típica das explosões de fogos de artifícios, dinamites, etc. Apresenta um cortejo marcante de sintomas e sinais, dos quais destacamos a dor, hipoacusia (deficiência da acuidade auditiva), zumbidos e, freqüentemente tonturas e sangramentos. A intensidade da pressão sonora pode produzir dilaceração da membrana timpânica, luxação da cadeia ossicular e lesões mais ou monos intensas no ouvido interno. O TS agudo, apesar de dramático, é eventual e, necessita de uma grande importância. O TS crônico é o resultado da exposição reiterada a níveis de intensidade menor e infinitamente mais encontradiços do que procedentes. Com a produção cadê vez mais de maquinas de grande potência (motores de avião, motores diesel de navios e locomotivas, foguetes, etc.), esses ruídos se fazem mais e mais presentes onde estejamos. Inclusive atividades aparentemente inócuas, tais como sessões de “rock-and-roll” e tiro ao alvo, podem ser tanto ou mais prejudiciais do que a exposição profissional ao ruído. Os sintomas e sinais são mais discretos no início, e muitas das vezes passam despercebidos até a data onde as lesões já são antigas e evoluíram produzindo certa deficiência auditiva. As perdas por TS surgem geralmente em torno de 4000 Hz e são quase sempre bilaterais e simétricas. Também, não podemos deixar de admitir a possibilidade de lesões unilaterais por TS (Figura 2). Podem existir diferenças significativas entre: os lados direito e esquerdo do aparelho auditivo de um mesmo individuo (Figura 3). Sabe-se que a freqüência, a intensidade e a duração do ruído; são os fatores mais importantes na determinação das lesões por TS. Também parece ter especial valor a suscetibilidade individual ao ruído. Existe apreciável evidência de que fatores 10 que influenciam essa susceptibilidade são: o sexo, a idade, as alterações vasculares funcionais e orgânicas, as drogas ototóxicas (afeções iatrogênicas1 provocadas por drogas medicamentosas que alteram o ouvido interno) e fumo. Entre os efeitos não auditivos do ruído podemos citar a alteração da profundidade, qualidade e duração do sono; a alteração da altitude e capacidade de trabalho; a diminuição da atividade sexual; as anomalias do desenvolvimento fetal; a vasoconstrição periférica e o aumento da adesividade plaquetária. Não existe ainda nenhuma medicação comprovadamente efetiva e aceita como tratamento do TS. O mais importante é a profilaxia feita através de um Programa de Conservação da Audição (PCA). Figura 2 - Relaciona a freqüência da perda auditiva uni e bilateral 1 Doença que são provocadas por um remédio 11 Figura 3 - Relaciona a perda auditiva no ouvido direito e esquerdo CAPÍTULO II – PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO (PAIR) 2.1 – Etiopatogenia da Surdez por Ruído Ao abordar o tema surdez por ruído, devemos atentar para a possibilidade de dois tipos de apresentação no indivíduo: o trauma acústico e a perda auditiva induzida por ruído. No trauma acústico, o individuo tem uma lesão nos mecanismos auditivos dentro do ouvido interno, causada por ruído excessivamente alto. Já na perda auditiva induzida por ruído (PAIR), há a necessidade da ação de uma energia suficiente e aplicada de uma forma repetitiva durante um longo período de tempo, para que a doença seja produzida. A perda auditiva na PAIR é causada por qualquer exposição que ultrapasse uma média de 90 dB, por cerca de oito horas por dia, regularmente, por vários anos. As exposições moderadas podem, inicialmente, causar perdas auditivas temporárias, denominadas desvios temporários dos limiares (TTS). Exposições 12 repetidas e sons que causam TTS podem gradualmente causar perdas auditivas permanentes, denominadas desvios permanentes dos limiares (PTS). 2.2 – Sintomatologias na PAIR A sintomatologia pode ser dividida em dois grandes quadros: os sintomas auditivos e os não auditivos. Podemos observar que dentre os sintomas auditivos há a perda auditiva que pode ser conseqüente a um trauma acústico, ou por uma exposição crônica, que seria a perda auditiva induzida pelo ruído (a qual é o objeto deste trabalho). Inicialmente, na perda auditiva induzida pelo ruído, o indivíduo começa a ter dificuldade para perceber os sons agudos, passando a comprometer as freqüências da área de conversação e, assim, afetando o reconhecimento da fala. Outros sintomas também podem estar presentes, mas não necessariamente, tais como os zumbidos. Este é uma sensação sonora produzida na ausência de uma fonte externa geradora de som. Geralmente, os pacientes acusam que há interferência nas atividades diárias, tais como: a conversação pelo telefone. Os problemas auditivos são mais freqüentes, de uma forma geral, entre os idosos, porém, no caso de PAIR eles não dependem da idade do indivíduo. Nos sintomas não auditivos, observamos a presença de alguns transtornos,sendo eles transtorno na comunicação, transtorno digestivo, transtorno neurológico, transtorno cardiovascular e transtornos hormonais, porem o mais importante para o estudo em questão é o transtorno na comunicação, onde a deficiência auditiva relacionada aos níveis críticos de ruído em determinado local de trabalho, leva até um conseqüente isolamento social do indivíduo. 13 2.3 – A PAIR relacionada ao trabalho. O Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva definiu e caracterizou a perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR) relacionada ao trabalho. A PAIR é sempre neurossensorial, em razão do dano causado as células do órgão de Corti (é parte integrante do sistema auditivo. Apresenta em sua superfície células sensitivas que reagem a sons provocando vibrações de fibras nervosas e enviando ao cérebro um impulso de determinada freqüência).Tratando-se de uma doença predominantemente coclear, o portador da PAIR relacionada ao trabalho pode apresentar intolerância a sons intensos, e prejuízo do processo de comunicação, uma vez cessada a exposição ao ruído não deverá haver progressão da PAIR. A PAIR relacionada ao trabalho é principalmente influenciada pelos seguintes fatores: características físicas do ruído (tipo, espectro e nível de pressão sonora), tempo de exposição e suscetibilidade individual. A PAIR geralmente atinge o nível máximo para as freqüências de 3, 4 e 6 kHz nos primeiros 10 a 15 anos de exposição, sob condições estáveis de ruído. Com o passar do tempo, a progressão da lesão torna-se mais lenta e relacionada ao trabalho pode ser agravada pela exposição simultânea a outros agentes, como por exemplo, produtos químicos e vibrações. A PAIR é uma doença passível de prevenção e pode acarretar ao trabalhador alterações funcionais e psicossociais capazes de comprometer sua qualidade de vida. http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula http://pt.wikipedia.org/wiki/Nervo http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9rebro http://pt.wikipedia.org/wiki/Freq%C3%BC%C3%AAncia 14 CAPITULO III – PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO DA AUDIÇÃO (PCA) 3.1 – Fase de implementação do PCA Na fase de implementação do PCA, cinco itens se relacionam entre si: 3.1.1– Identificação dos riscos 3.1.1.1 – Medição dos Níveis de Ruído no Local de Trabalho a) Instalações Administrativas São efetuadas medições nas diversas instalações objetivando caracterizar os níveis de ruído. Para obter o máximo de veracidade nesses levantamentos, procura-se observar as peculiaridades de funcionamento das salas, como por exemplo, a permanência de portas e janelas abertas. Há também a preocupação no que se refere à distinção entre ruídos provocados por operação aeronáutica e os produzidos no interior desses locais. b) Aéreas externas próximas aos hangares e pátios de estacionamento de aeronaves. São levantados parâmetros que visam caracterizar os níveis de ruído produzidos em função das fontes geradoras (aeronaves, armas, tratores...)através de medições individuais. As condições acústicas a que estão submetidas às instalações dos hangares são obtidas através de medições de longa duração (uma hora ou mais). 15 c) Avaliação individual Com a utilização de dosímetros (instrumentos de bolso que permitem medir a dose de ruído a que está exposto um trabalhador) é possível realizar o acompanhamento de pessoas que, pela própria natureza de suas atribuições, não permanecem muito tempo em um único local ou instalação, como, motoristas, mecânicos de aeronaves ou pilotos. Desta forma, são estabelecidas, para cada acompanhamento, as doses percentuais correspondentes aos níveis médios de ruído recebido por essas pessoas durante uma jornada de trabalho. d) Testes de motor de aeronaves São realizadas medições de um teste de motor com aeronaves no local onde normalmente esta situação ocorre, para avaliar os níveis de ruído aos quais os mecânicos responsáveis por este trabalho ficam expostos. Alem das posições normais ocupadas pelos mecânicos, são realizadas medições em instalações próximas deste local. 3.1.2 – Controle de Exposição A constância da exposição ao ruído se confirma pela gradual piora da audição dos indivíduos com o aumento do tempo de serviço, qualquer que seja a função. Em todas as funções nota-se que é a partir dos 10 anos de idade que começam a aparecer maiores percentagens de indivíduos com perdas auditivas ocupacionais o que torna claro que o fato de um sujeito apresentar audição normal 16 antes de completar 10 anos de serviço, não invalida a possibilidade dele ainda vir a ser lesado, no decorrer do tempo. Sendo assim, toda e qualquer medida preventiva deve ser tomada antes dos 10 anos de trabalho, preferencialmente no inicio da vida profissional. Se for impossível recuperar uma perda auditiva já existente, deve-se, ao menos, evitar que ocorra a progressão da mesma. Essas medidas podem estar relacionadas à redução na fonte geradora ou na trajetória do som. Na possibilidade da aplicação dessas 2 formas, podemos pensar em prevenção individual. 3.1.2.1 – Prevenção Individual Para a escolha do Protetor Auditivo Individual devemos considerar: Vedação – tampar bem a entrada do ruído no ouvido. Eficiência – proporcionar o nível de atenuação necessário para a situação de risco encontrada. Conforto – o protetor deve ser leve, confortável, durante o uso sem machucar o ouvido. Fácil utilização – prático e simples de usar. Compatível com outros EPI (Equipamento de Proteção Individual) – permitir o uso concomitante com outros equipamentos de segurança, tais como capacetes, óculos, respiradores,etc. 3.1.2.2 – Prevenção Coletiva O controle do ruído na fonte geradora compreende a eliminação do ruído pelo isolamento da fonte ou sua redução pela modificação das partes geradoras. Todas 17 as alterações possíveis na máquina devem ser feitas desde a mudança de processos até a troca de peças ou equipamentos. Embora seja o mais eficiente, é o menos utilizado pelas empresas, com a alegação de ser o mais oneroso e de difícil e demorada execução. Nem sempre o controle na fonte sonora é tão oneroso. Às vezes, simples aspectos de manutenção, como lubrificação, substituição de peças soltas ou gastas, folgas, ausência de tampas ou pequenas alterações na operação em si, são medidas que podem reduzir o ruído. Um cuidado que deve ser observado na tentativa da redução do ruído nas ações de substituição é evitar a eliminação de um risco, produzindo outro. Na impossibilidade de controle na fonte são procuradas medidas de controle na trajetória, isto é, entre a fonte sonora e o trabalhador exposto. Neste caso, o ambiente seria dotado de isolamentos acústicos, visando à redução do ruído durante o seu percurso. O uso de suportes antivibratórios, materiais acústicos absorventes isolantes ou mistos, a colocação de barreiras entre a fonte e o trabalhador, são exemplos de medidas de redução do ruído na trajetória. 3.1.3 – Proteção do Trabalhador 3.1.3.1 – Uso dos Dispositivos de Prevenção Auditiva (DPA) O uso dos dispositivos de proteção auditiva (DPA) ou protetores auditivos deve ser obrigatório para todas as pessoas que trabalham ou transitam nas áreas de ruído intenso. Os pilotos e tripulação em vôo devem usar “plugs” para os casos em que é possível a amplificação do radio sem o uso dos fones. 18 No caso da necessidade de utilizar os fones para a recepção de mensagens, deve-se garantir que fones ofereçam perfeita vedação de ruídos externos. Os sujeitos que trabalham na pista, próximo as aeronaves, precisam utilizar protetores combinados “plug” + abafador (Figura 4 e Figura 5). Ao abandonar a pista e retornar ao hangar, o abafador pode ser retirado, mantendo-se o “plug”. Recomenda-se também retirar os “plugs” apenas nos horários de refeições e nos momentos em que os equipamentos, máquinas motores ou aeronaves estiverem desligados, tomando os devidos cuidados com a higiene ao recolocá-lo, a fim de evitar contaminações. Nos hangares, o tipo de DPA pode ser compatível com a preferência e a disponibilidade de equipamentos. O melhor protetor é aquele que atende individualmente aos seguintes atributos: Atenuação de ruídos externos indesejáveis; Manutenção da qualidade de recepção dos sons falados; e Conforto, aceitação e durabilidade. A adequação do uso do DPA (colocação correta, integridade do equipamento, atenuação necessária) é fundamental para a proteção. O aparecimento de perdas auditivas ocupacionais em sujeitos que afirmam utilizar protetores auditivos pode ser explicado por varias situação: Colocação inadequada no conduto auditivo; Escolha incorreta ou da combinação ideal para determinados níveis de ruídos; Não utilização por todo o tempo que durou cada exposição; e Inicio do uso depois de adquirir a lesão. 19 Figura 4 – Protetor auricular tipo plug. Figura 5 – Protetor auricular tipo abafador 3.1.3.2 – Redução do Tempo de Exposição Essa é uma medida alternativa sempre que for inviável o uso de protetores auditivos, seja por razões técnicas ou pessoais. Nesses casos deve-se respeitar o limite de permanência diária nas seções, sem protetores, considerando-se os níveis de ruído equivalente encontrados. Nos locais de trabalho, a permanência diária sem o uso de protetores auditivos não deve passar de 110 db, nesse caso não deverá haver exposição sem o uso obrigatório de protetores combinados (“plug”+abafador). 3.1.4 – Palestras Um dos itens mais importantes do PCA é a realização de palestras periodicamente, onde serão abordados como objetivo como objetivo a específico a orientação, motivação e educação do programa, enfatizando que: Deve-se utilizar o protetor auricular; não existe nenhuma medicação efetiva para o tratamento da lesão auditiva; 20 a perda inicial não é percebida pelo portador, mas pode progredir e acabar por destruir sua audição social; os zumbidos devem ser encarados como sinal de sofrimento do órgão auditivo; o fumo e as drogas ototóxicas podem tornar a cóclea (ouvido interno) mais vulnerável ao ruído. Porem pode-se ressaltar que nenhuma PCA terá sucesso sem o apoio e a colaboração irrestrita das chefias, em todos os níveis. 21 CONCLUSÃO O PCA visa fornecer subsídios para uma proteção eficaz contra o ruído e os conseqüentes danos aos indivíduos que, durante suas atividades normais, estão expostos a ruídos incompatíveis com a natureza humana, influenciando a qualidade e a quantidade de sua produção. A ação do PCA no componente “Fator Humano” fornece, dessa forma, uma contribuição efetiva para redução dos acidentes aeronáuticos. O trabalhador sem orientação não utiliza qualquer que seja o tipo de protetor auditivo que lhe é oferecido.Educar as pessoas que trabalham em ambientes com muito ruído é um processo gradual, que visa o esclarecimento das metas do programa de prevenção da PAIR, alertando sobre a importância de sua cooperação, participação na elaboração e cumprimento das propostas. Esforços em educar os patrões e empregados sobre os perigos das exposições a ruído excessivo resultam numa melhor qualidade de vida e proteção do trabalhador e diminuição dos custos para as empresas, já que o afastamento de trabalhadores especializados gera a necessidade de novos investimentos em capacitação profissional de pessoal, além de estar evitando as aposentadorias precoces, por invalidez. Muitos trabalhadores consideram o ruído como um componente inerente ao trabalho industrial e as perdas auditivas induzidas pelo ruído como conseqüências inevitáveis. Essa idéia faz com que eles sejam relutantes em cumprir as etapas dos programas de prevenção, muitas das vezes deixando de usar os protetores auriculares. 22 É de extrema importância a conscientização dessas pessoas, orientando-as quanto à necessidade de se manterem protegidas permanentemente, e esclarecendo os efeitos nocivos que o ruído provoca. Algumas características técnicas e funcionais dos protetores, especialmente dos “plugs” e abafadores, devem ser devidamente explicadas, para que além de assegurar a proteção desejada, evite outros problemas decorrentes de falhas no manuseio ou higiene do protetor. Mudanças no comportamento dos trabalhadores expostos ao ruído intenso são necessárias para a prevenção das perdas auditivas ocupacionais. Filmes educativos interessantes, de curta duração, cartazes com mensagens chamativas e palestras têm sido usados como elementos fundamentais, motivando os trabalhadores a voltarem sua atenção para a preservação auditiva. Finalizando, fica evidenciado o perigo que representa a pessoa ficar exposta a uma sobrecarga de ruído sem devidas precauções para não comprometer seu bem estar auditivo e sem deteriorar seu desempenho. Discutiu-se a generalidades sobre o som, audição e trauma sonoro, que pode ser considerada um produto final de todos os outros fatores que possam vir a contribuir para a perda auditiva e o conservação da audição que corresponde a métodos que deveram ser utilizados para que haja uma diminuição na perda auditiva. Com isso foi constatada a necessidade de conscientizar todas as pessoas que trabalham com uma sobrecarga de ruído, mostrando que isso é um problema que compromete o bem estar do trabalhador e que já causou vários danos auditivos permanentes a quem se expõe a um nível muito elevado de ruído sem a devida proteção, sendo que a melhor forma de se livrar desse perigo é o autoconhecimento, ou seja, o trabalhador deve conhecer os perigos que envolvem tal exposição. 23 Este estudo pela sua importância não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas simplesmente é um ponto de partida de novas discussões a serem realizadas. 24 Referências Bibliográficas SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 22.ed, São Paulo: Cortez, 2002. TEIXEIRA, RC.M. Medicina aeroespacial – história e evolução. In: Temporal, Waldo (org) Medicina Aeroespacial. Rio de Janeiro, 2005. 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