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Direito Previdenciário para Concursos

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO PARA CONCURSOS 
| Módulo 1 – Prof. Leandro Macêdo 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
1 
 
 
OS: 0017/5/18-Gil 
CONCURSO: INSS 
 
ASSUNTO: 
 
1 – Previdência e Seguridade Social Brasileira 
2 – Fontes, Autonomia, Interpretação, Integração e Eficácia do Direito Previdenciário 
3 – Evolução Histórica da Previdência Social 
4 – Princípios da Seguridade Social 
5 – O Regime Geral de Previdência Social na Constituição Federal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
José Leandro Monteiro de Macêdo 
Procurador Federal. 
Mestre em Direito pela Universidade Federal do Ceará – UFC. 
Professor de Direito Previdenciário do Centro Universitário Sete de Setembro – UNI7 e do Curso Prime. 
 
 
1 PREVIDÊNCIA E SEGURIDADE SOCIAL BRASILEIRA 
 
No presente tópico, pretende-se definir previdência social, objeto do Direito Previdenciário, contextualizá-la no 
sistema maior de proteção social adotado pela Constituição Federal, a seguridade social, e detalhar os regimes de 
previdência existentes no Brasil. 
 
1.1. PREVIDÊNCIA SOCIAL: CONCEITO 
O substantivo previdência, etimologicamente, significa o ato de proteção em relação a contingências que 
causam necessidades. Mas a previdência que interessa ao nosso estudo é a previdência qualificada, adjetivada de social. 
Logicamente que esse qualificativo social irá especificar o tipo de proteção, de contingências e de necessidades que são 
próprias da previdência social. 
E quais as contingências que interessam à previdência qualificada de social? Analisando o contexto histórico-
social, podemos perceber que a previdência social surgiu e existe para proteger os trabalhadores e os seus dependentes 
econômicos. Proteger em relação a que? Proteger em relação aos eventos que repercutam negativamente na sua vida 
econômica. Todo evento que elimine ou diminua a capacidade de autossustento dos trabalhadores e/ou dos seus 
dependentes deve ser coberto pela previdência social. Esse aspecto econômico é fundamental para fins de qualificação da 
contingência social como objeto de proteção previdenciária. Ainda que esse evento seja querido e previsto, como, por 
exemplo, a maternidade e a existência de filhos menores de quatorze anos, a repercussão negativa na vida econômica do 
trabalhador e/ou dependente é determinante para sua qualificação como objeto de proteção previdenciária. Nesse sentido, 
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a previdência social prevê os benefícios de salário-maternidade e salário-família, justamente para proteger a mãe ou pai 
segurados após o nascimento ou adoção de filho e o trabalhador de baixa renda que tem filhos menores de quatorze anos ou 
inválidos, na perspectiva de que esses eventos, muito embora eventualmente queridos e previstos, comprometem ou 
eliminam a capacidade de autossustento dos mesmos. Desse modo, pode-se afirmar que as contingências sociais são todos 
os eventos que reduzem ou eliminam a capacidade de autossustento dos trabalhadores e/ou de seus dependentes. 
E qual o figurino da proteção de previdência social? Afirma-se, de início, que a previdência social é fenômeno 
típico do Estado Social, do Estado Intervencionista, razão pela qual o seu surgimento ocorreu justamente na passagem do 
Estado Liberal para o Estado Social. O ator, o artífice da proteção de previdência social é o Estado. A previdência social é 
proteção dada por terceiro, é heteroproteção. E o terceiro responsável por essa proteção é a sociedade politicamente 
organizada, ou seja, o Estado. 
Advirta-se, no entanto, que nem toda proteção estatal em razão de eventos que reduzem ou eliminam a 
capacidade de autossustento dos trabalhadores e/ou de seus dependentes é de previdência social. Relembre-se a noção de 
previdência (ato de proteção em relação a contingência que causa necessidade). Para que a proteção estatal seja de natureza 
previdenciária é necessário que o trabalhador previdentemente dela participe. E como o trabalhador participa da proteção 
previdenciária estatal? Contribuindo financeiramente para o custeio dessa proteção. Pagando a contribuição previdenciária. 
Sucede, porém, que o pagamento dessa contribuição não é facultativo. Pelo contrário, é compulsória, obrigatória. A proteção 
de previdência social, assim, não se dá de forma gratuita, mas de forma onerosa. O direito à proteção estatal requer do 
protegido a contraprestação contributiva. 
Ora, se o direito à proteção previdenciária requer do protegido a obrigação certa de pagar a contribuição 
previdenciária, se a relação jurídica de previdência social é complexa, ou seja, gera direitos e obrigações para ambas as 
partes envolvidas, se a proteção somente será concedida a quem estiver previamente filiado ao sistema, podemos afirmar 
que a proteção de previdência social assume a roupagem de um seguro obrigatório. É dizer, o trabalhador é ao mesmo 
tempo beneficiário da proteção previdenciária (junto com os seus dependentes) e contribuinte do sistema, razão pela qual a 
Lei o denomina de segurado, justamente porque a previdência social é um seguro. Não é um seguro ortodoxo, tradicional, 
facultativo, contratual, nos moldes do Direito Privado, mas um seguro heterodoxo, já que obrigatório, legal e gerido por um 
ente estatal. 
Feitos esses esclarecimentos, define-se previdência social como a técnica de proteção social destinada a 
debelar as necessidades sociais decorrentes de contingências sociais que reduzem ou eliminam a capacidade de 
autossustento dos trabalhadores e/ou de seus dependentes, instituída e gerida pelo Estado, por meio de um sistema de 
seguro social obrigatório, de caráter legal 
 
1.2. PREVIDÊNCIA SOCIAL: CONTEXTUALIZAÇÃO CONSTITUCIONAL 
Ultrapassada a tarefa de conceituação da previdência social, vamos agora contextualizá-la no ordenamento 
constitucional pátrio. O título VIII da Constituição Federal trata da Ordem Social, cujo capítulo I (composto de um único 
artigo, o de número 193) cuida da sua disposição geral, verbis: “A ordem social tem como base o primado do trabalho, e 
como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.” Essa disposição geral da Ordem Social (o primado do trabalho como base o e 
bem-estar e a justiça sociais como objetivo) irradia por todos os capítulos que compõem esse Título VIII da Constituição 
Federal. 
O capítulo II do Título VIII da Constituição Federal trata da Seguridade Social (arts. 194 a 204), capítulo este 
composto de quatro seções: 
CAPÍTULO II DO TÍTULO VIII - DA SEGURIDADE SOCIAL 
SEÇÃO I - DISPOSIÇÕES GERAIS (ARTS. 194 E 195) 
SEÇÃO II - DA SAÚDE (ARTS. 196 A 200) 
SEÇÃO III - DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (ARTS. 201 E 202) 
SEÇÃO IV - DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (ARTS. 203 E 204) 
Os artigos que cuidam das disposições gerais da seguridade social estão assim divididos: o art. 194, caput, 
define a seguridade social, o parágrafo único do art. 194 relaciona os objetivos (princípios) constitucionais da seguridade 
social e o art. 195 trata do financiamento das ações da seguridade social. Por outras palavras: as disposições gerais (arts. 194 
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e 195 da Constituição Federal) definem prescritivamente a seguridade social (não dizem o que a seguridade social é – 
descrição, mas o que a seguridade deve ser – prescrição), estabelecem as diretrizes que irão nortear o Poder Público na 
organização da seguridadesocial e, finalmente, tendo em vista que os direitos da seguridade social são direitos fundamentais 
de segunda geração (direitos prestacionais a serem concretizados pelo Estado na medida de suas possibilidades econômicas), 
as disposições gerais delineiam como a sociedade irá financiar os benefícios e serviços da seguridade social. 
A Constituição Federal assim define a seguridade social (art. 194, caput): “A seguridade social compreende um 
conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à 
saúde, à previdência e à assistência social.” Da leitura do art. 194 da Constituição Federal, percebe-se que a previdência 
social é espécie do gênero seguridade social, ou seja, a previdência social, ao lado da saúde e da assistência social, é um dos 
três ramos de atuação da seguridade social brasileira. 
Esquematicamente, temos: 
 
 
A Constituição Federal, além de definir o gênero seguridade social, conceitua cada área de atuação da 
seguridade social, começando pela saúde: “A saúde é direito de todos e dever do estado, garantido mediante políticas sociais 
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e 
serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (art. 196). Percebe-se, assim, que saúde é política de seguridade social 
não contributiva e universal. Ricos e pobres, pretos e brancos, contribuintes e não contribuintes, todos, indistintamente, 
serão protegidos pela saúde. 
A assistência social, por sua vez, é definida pela art. 203 Carta Magna, verbis: 
“A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem 
por objetivos: 
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; 
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; 
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; 
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; 
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não 
possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.” 
A assistência social, segundo a definição constitucional, é política de seguridade social não contributiva e 
focalizada nos necessitados. Vige na assistência social o binômio contingência-necessidade. É dizer: a proteção social 
assistencial exige, além da ocorrência da contingência social legalmente prevista, a comprovação do estado de necessidade. 
Nesse contexto, a assistência social tem caráter subsidiário, ou seja, somente será provida na impossibilidade do próprio 
assistido e/ou de sua família garantirem o mínimo social. É por isso que se afirma que a assistência social é a terceira 
instância de proteção do necessitado: primeira o próprio assistido; segunda, a sua família e, terceira, o Estado. 
A previdência social, finalmente, é assim definida pelo art. 201, caput, Constituição Federal: 
“A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, 
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: 
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; 
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; 
SEGURIDADE 
SOCIAL
SAÚDE
PREVIDÊNCIA 
SOCIAL
ASSISTÊNCIA 
SOCIAL
RESPONSABILIDADE 
PELA SEGURIDADE 
SOCIAL
PODERES 
PÚBLICOS
SOCIEDADE
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III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; 
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; 
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto 
no § 2º.” 
Da análise do art. 201 da Carta Maior, conclui-se que a previdência social é política de seguridade social 
contributiva, o que significa afirmar que a proteção previdenciária requer a contraprestação contributiva. Daí a legislação 
denominar o seu beneficiário direto de segurado, alguém que, para ter direito à proteção securitária, necessita contribuir. 
Para os que exercem atividade laborativa remunerada, a filiação (vinculação) à previdência social é imposta legalmente, 
sendo compulsória. A vinculação do trabalhador à previdência social independe de sua vontade. Assim, quem exerce 
atividade laborativa remunerada está automaticamente e compulsoriamente vinculado à previdência social. Nesse contexto, 
a relação jurídica entre o trabalhador e a previdência social é ex lege, e não ex voluntate. 
A filiação obrigatória, no entanto, não impede que haja a possibilidade legal daqueles que não exercem 
atividade laborativa remunerada se filiarem à previdência social por ato de vontade e mediante contribuição. São os 
denominados segurados facultativos. Para os trabalhadores, a Constituição Federal deixa claro que a vinculação à previdência 
social é obrigatória. Para os que não trabalham remuneradamente, fica a opção pela filiação à previdência social por ato de 
vontade e mediante contribuição, concretizando, no âmbito previdenciário, o princípio constitucional da universalidade de 
atendimento da seguridade social – universalidade de participação nos planos previdenciários (art. 194, parágrafo único, 
inciso I, da Constituição Federal). 
Das definições constitucionais de saúde, previdência social e assistência social, sobressai claro que o sistema de 
seguridade social engendrado pelo legislador constituinte brasileiro, por adotar técnicas de proteção social diferenciadas, 
não constitui um sistema homogêneo. Considerando que a previdência social é de caráter contributivo e de filiação 
obrigatória (art. 201 da Constituição Federal), ao passo que a assistência social será prestada a quem dela necessitar, 
independentemente de contribuição (art. 203 da Constituição Federal), e que a saúde é direito de todos e dever do Estado, 
sendo o acesso às suas ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação universal e igualitário (art. 196 da 
Constituição Federal), é possível afirmar que o sistema de seguridade social brasileiro é composto de dois subsistemas: o 
contributivo e o não-contributivo. 
A vertente contributiva do sistema de seguridade social brasileiro é a previdência social, que, além de ser de 
caráter contributivo, é de filiação obrigatória (art. 201 da Constituição Federal). A proteção previdenciária exige a 
contribuição direta do protegido no custeio de suas ações como condição necessária para a qualificação do direito subjetivo 
à proteção previdenciária. Nesta área de atuação da seguridade social não basta a existência da necessidade social advinda 
da contingência social legalmente prevista. Existe a limitação subjetiva dos protegidos. Somente aqueles que estiverem 
previamente filiados e, portanto, ostentarem a qualidade de contribuintes do sistema terão direito à proteção previdenciária. 
E pelas contingências citadas no art. 201 da Constituição Federal as pessoas a serem protegidas pela previdência social, e que 
terão também o ônus de contribuir para o sistema, constituem justamente o universo dos trabalhadores. 
No subsistema não contributivo a proteção de seguridade social é conferida a título gratuito. Não se cogita da 
qualidade de contribuinte da pessoa a ser protegida como requisito necessário para a concessão do benefício, a exemplo do 
que ocorre na previdência social. A saúde é direito de todos e dever do Estado e o acesso às suas ações e serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação é universal e igualitário(art. 196 da Constituição Federal).1 A assistência social será 
prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição (art. 203 da Constituição Federal).2 
Para ilustrar esse caráter heterogêneo do sistema de seguridade social brasileiro, tomemos em consideração a 
idade avançada, evento listado no art. 201, inciso I, e no art. 203, inciso V, da Constituição Federal, como objeto de cobertura 
tanto pela previdência social como pela assistência social. De outra forma: a proteção estatal, na hipótese de idade avançada, 
é conferida tanto pela previdência social como pela assistência social. Os requisitos para a percepção da respectiva proteção 
estatal, contudo, variam, quer se trate da previdência social, quer se trate da assistência social. Para ter direito à proteção 
assistencial, bastará o idoso comprovar a idade avançada3 e a falta de condições de prover a própria manutenção ou de tê-la 
 
1 “A saúde é direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício” (art. 
2.º, caput, da Lei 8.080, de 19.09.1990). 
2 “A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos 
sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às 
necessidades básicas” (art. 1.º da Lei 8.742, de 07.12.1993). 
3 Sessenta e cinco anos, nos termos do art. 20, caput, da Lei 8.742/93. 
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provida por sua família,4 isto é, o estado de necessidade. Não se verificará se o idoso é contribuinte ou não do sistema de 
seguridade social como condição para a concessão do benefício. A proteção previdenciária ao idoso, por seu turno, além da 
comprovação da idade avançada e de outros requisitos, terá como condição indispensável a verificação da qualidade de 
segurado.5 Sem esta, não será deferida a proteção estatal na modalidade de previdência social. 
O caráter heterogêneo do sistema de seguridade social pode ser assim esquematizado: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.3. REGIMES DE PREVIDÊNCIA SOCIAL 
Pode-se afirmar que a proteção previdenciária brasileira não é a mesma para todos os trabalhadores, dada a 
diversidade de regimes de previdência social. Todos os trabalhadores estão protegidos pela previdência social, mas as regras 
de proteção variam de acordo com a atividade laboral exercida. 
Cabe inicialmente ressaltar a existência da previdência privada6 e da previdência pública (previdência social 
propriamente dita). A previdência privada está assim definida pela Constituição Federal, em seu art. 202, caput, com a 
redação dada pela Emenda Constitucional 20/1998: “O regime de previdência privada, de caráter complementar e 
organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição 
de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar”.7 Da definição constitucional extrai-se 
que a previdência privada é facultativa (a sua contratação não é obrigatória) e complementar (complementa as prestações 
devidas pela previdência pública). 
 A previdência privada subdivide-se em aberta e fechada.8 A previdência privada aberta é aquela que pode ser 
contratada por qualquer pessoa, sem limitação de acesso.9 A fechada é a previdência complementar acessível apenas aos 
empregados de uma empresa ou grupo de empresas e aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, entes denominados patrocinadores e aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, 
classista ou setorial, denominadas instituidores.10 Esquematicamente, temos: 
 
4 Na forma do art. 20, § 3.º, da Lei 8.742/1993. 
5 Nos termos do art. 3.º, § 1.º, da Lei 10.666/2003, a perda (e não a falta) da qualidade de segurado somente será desconsiderada para 
a concessão de aposentadoria por idade no Regime Geral de Previdência Social, desde que cumprido o tempo de contribuição 
correspondente ao período de carência do citado benefício. 
6 A previdência privada, logicamente, pelo seu caráter contratual, não pode ser qualificada como social, embora topograficamente 
esteja inserta na Constituição Federal na Seção referente à previdência social (Seção III do Capítulo II do Título VIII). Contudo, a 
previdência privada integra o sistema de seguridade social com a função específica de complementar a previdência pública (social). 
7 A Lei Complementar 109, de 29.05.2001, regulamenta o Regime de Previdência Complementar. 
8 Ver art. 4.º da Lei Complementar 109/2001. 
9 Ver art. 36 da Lei Complementar 109/2001. 
10 Ver art. 31 da Lei Complementar 109/2001. 
SISTEMA DE 
SEGURIDADE 
SOCIAL
SUBSISTEMA 
CONTRIBUTIVO
PREVIDÊNCIA 
SOCIAL
SUBSISTEMA 
NÃO 
CONTRIBUTIVO
ASSISTËNCIA 
SOCIAL
SAÚDE
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Quanto à fiscalização e regulação da previdência privada, tem-se a seguinte divisão: 
 
PREV. FECHADA PREV. ABERTA 
ÓRGÃO REGULADOR 
Conselho Nacional de Previdência 
Complementar 
Conselho Nacional de Seguros 
Privados 
ÓRGÃO FISCALIZADOR 
Superintendência de Previdência 
Complementar – PREVIC 
Superintendência de Seguros 
Privados – SUSEP 
MINISTÉRIO PREVIDÊNCIA FAZENDA 
 
Pode-se ilustrar o papel da previdência privada em relação à previdência pública do regime geral da seguinte 
forma: 
 
A previdência pública (previdência social propriamente dita), por sua vez, divide-se em dois grandes regimes: o 
Regime Geral de Previdência Social e os Regimes Próprios de Previdência dos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo. 
As regras sobre a previdência social, portanto, variam de acordo com o regime ao qual o trabalhador se encontre vinculado. 
O Regime Geral de Previdência Social, disciplinado pelo art. 201 da Constituição Federal, abrange todos os 
trabalhadores da iniciativa privada (empregados, empregados domésticos, contribuintes individuais, trabalhadores avulsos e 
segurados especiais).11 Em nível infraconstitucional, o Regime Geral de Previdência Social é disciplinado pela Lei 8.212/1991 
 
11 Art. 11 da Lei 8.213/1991. 
PREVIDÊNCIA PRIVADA
ABERTA
Pode ser contratada por 
qualquer pessoa, sem 
limitação de acesso
FECHADA
Acessível apenas aos empregados de uma empresa ou 
grupo de empresas e aos servidores da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, entes 
denominados patrocinadores e aos associados ou 
membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, 
classista ou setorial, denominadas instituidores.
PREVIDÊNCIA 
PRIVADA 
 
PREVIDÊNCIA 
PÚBLICA 
R$ 5.645,80 
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(plano de custeio) e pela Lei 8.213/1991 (plano de benefícios). Regulamenta ambas as Leis o Decreto 3.048/1999. A entidade 
gestora das prestações previdenciárias desse Regime é o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia federal 
vinculada ao Ministério da Previdência Social. 
Além dos trabalhadores da iniciativa privada, cuja filiação é obrigatória, é possível a filiação facultativa (nãoobrigatória) ao Regime Geral de Previdência Social, nos termos do art. 13 da Lei 8.213/1991. A filiação facultativa tem como 
pressuposto o fato de o interessado estar excluído do Regime Geral de Previdência Social como segurado obrigatório (art. 13, 
parte final, da Lei 8.213/1991) e não pertencer a Regime Próprio de Previdência Social, ex vi do art. 201, § 5.º, da 
Constituição Federal.12 
O Regime Próprio de Previdência Social do servidor civil está disciplinado no art. 40 da Constituição Federal, de 
acordo com a redação dada pela Emenda Constitucional 41/2003, que em seu caput dispõe: “Aos servidores titulares de 
cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é 
assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos 
servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial”. Pela 
redação do art. 40, caput, da Constituição Federal, acima transcrito, os regimes próprios de previdência social são destinados 
somente aos servidores ocupantes de cargo efetivo,13 visto que “Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em 
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, 
aplica-se o regime geral de previdência social” (conforme § 13 do art. 40 da Constituição Federal). Também pertencerão ao 
Regime Geral de Previdência Social os servidores públicos ocupantes de cargo efetivo não amparados por Regime Próprio de 
Previdência Social, ou seja, os servidores públicos ocupantes de cargo efetivo em ente federativo que não instituiu Regime 
Próprio de Previdência Social. Esquematicamente, temos: 
 
Podemos representar os regimes de previdência social da seguinte maneira: 
 
12 “É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime 
próprio de previdência” (art. 201, § 5.º, da Constituição Federal). 
13 Os membros da Magistratura (art. 93, inciso VI, da Constituição Federal), do Ministério Público (art. 129, § 4.º, da Constituição 
Federal) e dos Tribunais de Contas (art. 73, § 3.º, c/c o art. 75, da Constituição Federal) submetem-se às regras do art. 40 da 
Constituição Federal, tal qual o servidor ocupante de cargo efetivo. 
REGIMES DE 
PREVIDÊNCIA 
PÚBLICA
RPPS
Servidores ocupantes de cargo efetivo 
em ente federativo que tenha regime 
próprio e os membro da magistratura, 
ministério públicos e dos tribunais de 
contas
RGPS
Trabalhadores que exercem 
atividade remunerada no âmbito do 
regime geral e os segurados 
facultativos
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Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo 
Regime Geral de Previdência Social, tornar-se-ão segurados obrigatórios em relação a essas atividades.14 Nessa hipótese, o 
servidor pertencerá a dois regimes de previdência social: ao Regime Geral de Previdência Social e ao Regime Próprio de 
Previdência Social. 
No caso de migração entre regimes de previdência pública, para efeito de aposentadoria, é assegurada a 
contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em 
que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei. 
Aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplicam-se as seguintes normas 
constitucionais sobre inatividade: a) teto remuneratório (art. 37, inciso XI); b) tempo de contribuição federal, estadual e 
municipal será contado para fins de aposentadoria e o tempo de serviço respectivo para efeito de disponibilidade (art. 40, 
§ 9.º); e c) proibição de acumular proventos de inatividade com remuneração de cargo, emprego ou função pública, 
ressalvados os casos de acumulação na forma da Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em 
lei de livre nomeação e exoneração (art. 37, § 10). No que concerne aos militares da União (art. 142, § 3.º, VIII), aplica -se o 
disposto no art. 37, inciso XI e § 10. A pensão dos militares, por sua vez, será objeto de lei específica do respectivo ente 
estatal. Percebe-se que a Constituição Federal não adotou expressamente a técnica de previdência social para proteger os 
militares nas situações de perda ou diminuição de rendimentos, visto não instituir qualquer obrigação contributiva como 
contraprestação dessa proteção. Assim, a definição da proteção social dos militares da União, dos Estados e do Distrito 
Federal ficou a cargo de lei específica dos respectivos entes federativos. 15 
Com base no art. 24, inciso XII, da Constituição Federal, que trata das matérias objeto de competência 
legislativa concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal, foi editada a Lei 9.717/1998, que estabeleceu regras 
gerais para a organização e o funcionamento dos Regimes Próprios de Previdência Social dos servidores públicos civis da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal. Significa dizer que a 
instituição de Regimes Próprios de Previdência Social só será possível se atendidos os requisitos estabelecidos no 
mencionado diploma normativo. 
Para consolidar o entendimento acerca dos destinatários dos regimes de previdência pública, cumpre 
responder algumas indagações básicas; 
1. O servidor público não titular de cargo efetivo ou não integrante da magistratura, ministério público ou tribunal de 
contas pode pertencer a Regime Próprio de Previdência Social? A resposta é não. Somente esses servidores estão 
autorizados constitucionalmente a pertencer a regime próprio da previdência social. 
2. Todo servidor público titular de cargo efetivo pertence necessariamente a Regime Próprio de Previdência Social? Não. 
Caso o servidor ocupe cargo efetivo em ente federativo que não tem regime próprio, nesse caso a vinculação será ao 
Regime Geral, na qualidade de segurado empregado. 
 
14 Art. 12, § 1.º, da Lei 8.213/1991. 
15 Quanto aos militares dos Estados e do Distrito Federal aplicam-se as normas gerais veiculadas pela Lei 9.717/98. 
REGIMES DE 
PREVIDÊNCIA 
SOCIAL
PREVIDÊNCIA 
PÚBLICA
RGPS RPPS
PREVIDÊNCIA 
PRIVADA
ABERTA FECHADA
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3. O servidor público ocupante de cargo efetivo pode pertencer ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS em razão da 
titularidade desse cargo? Sim. Na hipótese do ente federativo no qual ocupa o cargo efetivo não possuir regime próprio 
de previdência social. 
4. Todo servidor titular de cargo em comissão pertence necessariamente ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS? 
Não. Somente o servidor público ocupante exclusivamente, ou seja, sem vínculo efetivo com o serviço público, é que 
pertencerá ao Regime Geral. 
5. Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime 
Geral de Previdência Social, tornar-se-ão segurados obrigatórios em relação a essas atividades? Sim. Nesse caso haverá 
vinculação a regimes de previdência diversos, com mais de uma contribuição e, consequentemente, com direito a mais 
de uma proteção previdenciária. 
6. É vedada a filiação ao Regime Geral de Previdência Social- RGPS, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa 
participante de regime próprio de previdência? Sim. O art. 201, § 5º, da Constituição Federal veda expressamente. 
7. É possível que pessoas que não trabalham remuneradamente se filiem ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS? 
Sim. É a denominada filiação facultativa, autorizada pela legislação previdenciária. 
8. O servidor público ocupante de cargo temporário pertence a qual regime de previdência social? Nos termos do art. 40, 
§ 13, da Magna Carta, ao Regime Geral. 
9. Qualquer pessoa, incondicionalmente, pode se filiar ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS como segurado 
facultativo? Não. Somente as pessoas que não exercem atividade remunerada, seja no âmbito do Regime Geral, seja no 
âmbito de regime próprio da previdência social. 
10. Como a Constituição Federal desenhou a proteção social dos militares? A Magna Carta deixou a cargo da União, dos 
Estados e do Distrito Federal, por leis próprias, a regulamentação da proteção social dos respectivos militares. 
 
2 FONTES, AUTONOMIA, INTERPRETAÇÃO, INTEGRAÇÃO E EFICÁCIA DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
 
Neste tópico iremos abordar a competência legislativa acerca da seguridade social e as principais normas dos 
seus três ramos de atuação, bem como a autonomia didática do Direito Previdenciário, sua interpretação, integração e 
eficácia espacial e temporal. 
 
2.1 FONTES DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
O Direito disciplina condutas, expressando-se por meio de normas. Daí a normatividade do Direito. A questão 
das fontes do Direito, sendo a norma a sua expressão formal, reside em indicar os tipos normativos pelos quais o Direito é 
veiculado. Definem-se, assim, as fontes do Direito como os meios pelos quais o Direito se expressa. 
Utiliza-se também a expressão “fontes do Direito” para indicar os fatos (religiosos, econômicos, políticos etc.) 
da vida social que dão nascimento às normas jurídicas. São os fatores que redundam na elaboração das normas jurídicas. 
Designam-se tais fontes do Direito como materiais, em contraposição aos modos pelos quais o Direito se expressa, que são as 
fontes formais. O estudo das fontes materiais do Direito refoge ao interesse imediato do jurista, sendo matéria adstrita 
principalmente à Sociologia, mais precisamente à Sociologia Jurídica. 
Importa ao nosso estudo tão somente as fontes formais do Direito Previdenciário, ou seja, os modos pelos 
quais o Direito Previdenciário se expressa. Nesse sentido, a fonte matriz das normas do Direito Previdenciário brasileiro é a 
Constituição Federal de 1988. A previdência social está tratada na Seção III (Da Previdência Social) do Capítulo II (Da 
Seguridade Social) do Título VIII (Da Ordem Social) da Lei Maior. Além dessa regulamentação específica, vários outros 
dispositivos da Constituição versam sobre a previdência social, tais como o art. 6.º (definição da Previdência Social como um 
dos direitos sociais), o art. 7.º (seguro-desemprego, 13.º salário com base na remuneração integral ou no valor da 
aposentadoria, salário-família, licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, aposentadoria etc.), art. 22, inciso 
XXIII (competência para legislar sobre seguridade social), art. 24, inciso XII (competência para legislar sobre previdência 
social, proteção e defesa da saúde), art. 40 (previdência social dos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo), art. 149 
(competência para instituir contribuições sociais) e art. 195 (financiamento da seguridade social). 
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Em relação à seguridade social como um todo, a competência legislativa é privativa da União Federal, nos 
termos do art. 22, inciso XXIII, da Constituição Federal. Significa dizer que compete privativamente à União regulamentar a 
seguridade social como sistema, ou seja, estabelecer a organicidade da seguridade social (como as três áreas de atuação da 
seguridade social deverão interagir sistematicamente). A União Federal exerceu a competência legislativa em termos de 
seguridade social editando a Lei 8.212/1991, conhecida como Lei Orgânica da Seguridade Social.16 
Observe-se, contudo, que a competência legislativa privativa da União para disciplinar o sistema de seguridade 
social não obsta o exercício da competência legislativa das demais pessoas políticas para legislarem sobre assistência social e 
saúde, uma vez que, repita-se, a competência privativa da União é para legislar sobre a seguridade social como um todo, 
como sistema, ou na dicção do art. 194, caput, da Constituição Federal, como conjunto integrado de ações. Com efeito, 
segundo o art. 23, inciso II, da Constituição Federal, é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios cuidar da saúde e da assistência pública. É sabido que a competência material das pessoas políticas implica, em 
razão do princípio da legalidade, a competência legislativa. Assim, em termos de saúde e assistência social, todas as pessoas 
políticas da Federação têm competência legislativa, cabendo à União estabelecer, tal qual acontece com a seguridade social 
como um todo, a organicidade dessas áreas de atuação da seguridade social. Nesse mister, a Lei 8.742/1993 organiza a 
assistência social (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS) e a Lei 8.080/1990 organiza a saúde (Lei Orgânica da Saúde – 
LOS). Assim, as pessoas políticas da Federação, ao legislarem sobre saúde e assistência social, deverão observar as diretrizes 
estabelecidas nas referidas Leis editadas pela União Federal. 
Em termos de competência legislativa sobre previdência social, faz-se necessário dividi-la entre o Regime Geral 
de Previdência Social e o Regime Próprio de Previdência Social. No que tange ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), a 
competência legislativa da União é exclusiva, seja em razão do caráter nacional de abrangência do Regime Geral (não há 
espaço para regulamentação local), seja pelo fato de a União Federal deter competência exclusiva para instituir contribuições 
previdenciárias para o Regime Geral (art. 149, caput, da Constituição Federal). Por outro lado, o art. 24, inciso XII, da 
Constituição Federal atribui competência legislativa concorrente à União, Estados e Distrito Federal para legislar sobre a 
previdência social. Ora, se a competência legislativa sobre a previdência social do Regime Geral é exclusiva da União Federal, 
como visto antes, impõe-se a conclusão de que a previdência social a que se refere o art. 24, inciso XII, da Magna Carta só 
pode ser a do Regime Próprio. Assim, quanto ao Regime Próprio de Previdência Social, como a competência legislativa é 
concorrente, cabe à União Federal estabelecer as normas gerais (art. 24, § 1.º, da Constituição Federal).17 A competência 
legislativa na previdência social do Regime Próprio fica assim estabelecida: a União Federal concentra o poder de estabelecer 
as normas gerais naqueles temas que demandam tratamento padronizado, principalmente na regulamentação do art. 40 da 
Constituição Federal.18 Caberá às pessoas políticas da Federação, observadas as normas constitucionais e as normas gerais 
editadas pela União Federal, legislar sobre o Regime Próprio de Previdência Social dos seus servidores ocupantes de cargo 
efetivo, por lei específica de cada ente federativo.19 Esquematicamente, tem-se: 
 
 
16 Essa Lei também institui o Plano de Custeio da Seguridade Social. 
17 Se o enunciado da questão de concurso se referir apenas a previdência social, sem especificar o regime, deve ser considerada correta a 
assertiva que afirma que a competência para legislar sobre a previdência social é concorrente, com base no art. 24, XII, da 
Constituição Federal. 
18 Exemplosde leis editadas pela União que estabelecem normas gerais acerca do Regime Próprio de Previdência Social são: Lei 
9.717/1998 (dispõe sobre regras gerais para organização e o funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos 
servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal e dá 
outras providências) e Lei 10.887/2004 (dispõe sobre a aplicação de disposições da Emenda Constitucional 41, de 19.12.2003, altera 
dispositivos das Leis 9.717, de 27.11.1998, 8.213, de 24.07.1991, 9.532, de 10.12.1997, e dá outras providências). 
19 Registre-se que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios têm competência tributária para a instituição de contribuição 
previdenciária dos seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40 (art. 149, § 
1.º, Constituição Federal). 
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Quanto ao Regime Geral, já ficou dito, a competência legislativa é exclusiva da União Federal. Disciplinam as 
normas constitucionais sobre a previdência social do Regime Geral as Leis 8.212/1991 e 8.213/1991, que tratam, 
respectivamente, da organização da seguridade social e do seu plano de custeio (a primeira) e dos planos de benefícios da 
previdência social (a segunda). Esses são os dois grandes diplomas que contêm praticamente todas as normas de Direito 
Previdenciário do Regime Geral no âmbito legal. Regulamentando essas Leis, tem-se o Decreto 3.048/1999,20 que aprova o 
Regulamento da Previdência Social. Vale registrar, também, nada obstante o seu caráter regulamentar (não inovador da 
ordem jurídica), as normas expedidas pelo Poder Executivo, mais especificamente pelo Ministério da Previdência Social e 
pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Essas normas, dada a sua especificidade, têm a virtude de esclarecer várias 
situações ocorrentes no dia a dia das repartições públicas (principalmente nas Agências do Seguro Social do INSS), 
situações que passam ao largo do disciplinamento genérico da norma legal.21 
A previdência privada, por sua vez, será regulamentada exclusivamente pela União Federal (art. 21, inciso 
VIII, e art. 22, inciso VII, da Constituição Federal), por intermédio de lei complementar (art. 202 da Constituição Federal). 
Regulamentam o art. 202 da Constituição Federal a Lei Complementar 109/2001 (dispõe sobre o Regime de Previdência 
Complementar e dá outras providências) e a Lei Complementar 108/2001 (dispõe sobre a relação entre a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e outras entidades 
públicas e suas respectivas entidades fechadas de previdência complementar, e dá outras providências). 
O Direito Previdenciário, por tutelar interesse público (proteção estatal da parcela da população que trabalha e 
os seus dependentes econômicos), integra o chamado Direito Público (em que prevalece o interesse público e a relação é de 
subordinação). Como ramo do Direito Público, as normas de Direito Previdenciário são eminentemente legais, já que ao 
administrador só cabe fazer o que determina a lei (o que não está expressamente previsto na lei é vedado – princípio da 
legalidade). 
É comum, em razão do fenômeno da globalização, que o trabalhador preste serviços em mais de um país, 
surgindo a necessidade de regular os seus direitos previdenciários quando ausente do país de origem. Para tanto, são 
celebrados os acordos internacionais com o objetivo principal de garantir os direitos previdenciários previstos nas legislações 
dos dois países, especificados no respectivo acordo, aos trabalhadores e dependentes legais, residentes ou em trânsito nos 
países acordantes. 
Os Acordos de Previdência Social entre países caracterizam-se como uma norma de caráter internacional para 
a coordenação das legislações nacionais em matéria de previdência com objetivo de ampliar a cobertura, garantindo o direito 
aos eventos de velhice, tempo de serviço, invalidez, incapacidade temporária, maternidade e morte, conforme previsto em 
cada Acordo, a isenção da contribuição para trabalhadores em deslocamento temporário com o objetivo de evitar a dupla 
 
20 Trata-se de um único regulamento para as duas Leis (8.212 e 8.213, ambas de 1991). 
21 Nesse sentido, cita-se a Instrução Normativa INSS/PRES 77/2015, que estabelece critérios a serem adotados pela área de Benefício 
do Instituto Nacional do Seguro Social. 
SEGURIDADE
SOCIAL
SAÚDE
COMPETÊNCIA
CONCORRENTE –
UNIÃO EXPEDE
NORMAS GERAIS
ASSISTÊNCIA
SOCIAL
COMPETÊNCIA
CONCORRENTE 
–
UNIÃO EXPEDE
NORMAS GERAIS
PREVIDÊNCIA
SOCIAL
RGPS
COMPETÊNCIA
EXCLUSIVA DA
UNIÃO
RPPS
COMPETÊNCIA
CONCORRÊNTE –
UNIÃO EXPEDE
NORMAS GERAIS
COMPETÊNCIA
PRIVATIVA DA
UNIÃO
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tributação e, em alguns Acordos, a cobertura na área da saúde. Conforme art. 85-A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, o 
Acordo de Previdência Social será interpretado como lei especial. 
 No Brasil os Acordos de Previdência Social são autorizados pelo Congresso Nacional e promulgados pelo 
Presidente da República. As pessoas amparadas pelos Acordos de Previdência Social, as quais estão ou estiveram filiadas aos 
regimes previdenciários desses países acordantes, bem como seus dependentes, têm direito aos benefícios neles previstos e 
ficam sujeitas à legislação nacional do país acordante para o qual tenha encaminhado o requerimento. 
2.2 AUTONOMIA DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
Indaga-se da autonomia do Direito Previdenciário. É o Direito Previdenciário um ramo autônomo do Direito ou 
ainda está subordinado a outra disciplina jurídica? 
A autonomia de um ramo do Direito é delimitada por quatro aspectos: autonomia legislativa, autonomia 
científica, autonomia didática e autonomia administrativa. Possuindo uma disciplina jurídica esses quatro tipos de 
autonomia, pode-se afirmar que adquiriu maturidade e constitui-se um ramo autônomo do Direito. 
A autonomia legislativa diz respeito à existência de um corpo de normas próprias pertinentes ao ramo do 
Direito, ou seja, se existe uma legislação específica para a disciplina jurídica. Não se pode negar que o Direito Previdenciário 
possui autonomia legislativa. O Direito Previdenciário, além do regramento constitucional, tem vultosa legislação 
infraconstitucional, toda ela sistematizada, citando-se as Leis 8.212/1991 (com 105 artigos) e 8.213/1991 (com 156 artigos) e 
o Decreto 3.048/1999 (com 382 artigos, afora os anexos).22 
À autonomia científica interessa saber se o ramo do Direito tem um conjunto de conceitos e princípios 
próprios, que o diferenciam dos demais ramos do Direito. O Direito Previdenciário conta com vários princípios próprios, tais 
como o da solidariedade social, da obrigatoriedade, da universalidade, da unidade, da suficiência, da supletividade etc. 
Possui, também, conceitos e termos que lhe são peculiares, tais como período de graça, período de espera, salário de 
contribuição, salário de benefício, renda mensal inicial, contingência social, qualidade de segurado etc. Outorga-se, por via de 
consequência, a autonomia científica ao Direito Previdenciário. 
Cuida a autonomia didática da verificação da existência da disciplina jurídica nos currículos das faculdades de 
Direito. Efetivamente o Direito Previdenciário é matéria constante (seja em caráter opcional ou obrigatório) da maioriados 
cursos jurídicos nacionais, razão pela qual não há de negar-lhe também a autonomia didática. 
A previdência social brasileira, no que tange às prestações do seu Regime Geral, é gerida por um ente público, 
dotado, portanto, de personalidade jurídica própria: o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Tem o Direito 
Previdenciário, nesse sentido, autonomia administrativa, visto que existe um ente específico na estrutura administrativa do 
Estado responsável pela aplicação e operacionalização de suas regras. 
Por outro lado, a afirmação de que o Direito Previdenciário é um apêndice do Direito do Trabalho não se 
sustenta mais. A relação jurídica regulada pelo Direito do Trabalho envolve precipuamente empregado e empregador e tem 
por objeto a prestação do trabalho subordinado, remunerado, não eventual e com pessoalidade. As relações jurídicas de 
Direito Previdenciário não envolvem empregado e empregador, mas o Estado e todas as pessoas que exercem atividade 
remunerada e que são qualificadas como segurados obrigatórios (contribuinte individual, segurados especiais etc.). Mesmo 
aquelas pessoas que não exercem atividade remunerada podem manter relações jurídicas previdenciárias, como é o caso do 
segurado facultativo e dos dependentes. O objeto das relações jurídicas previdenciárias não é a prestação de serviços do 
empregado ao empregador, mas, principalmente, o pagamento de contribuições e o provimento das prestações 
previdenciárias por parte do órgão gestor da previdência social. Não há, portanto, de cogitar que o Direito Previdenciário faz 
parte do Direito do Trabalho.23 
Em resumo, o Direito Previdenciário, por possuir autonomias legislativa, científica, didática e administrativa, é 
um ramo autônomo do Direito. 
 
22 Essa a quantidade de artigos da versão original dos diplomas normativos, desconsiderando os dispositivos revogados e acrescentados 
por legislação posterior. 
23 Sobre a autonomia das relações jurídicas de seguro social e a empregatícia, assim se posicionou o Ministro Carlos Ayres Britto: “(...) o 
direito à aposentadoria previdenciária, uma vez objetivamente constituído, se dá no âmago de uma relação jurídica entre o 
‘segurado’ do Sistema Geral de Previdência e o Instituto Nacional de Seguro Social. Às expensas, portanto, de um sistema atuarial-
financeiro que é gerido por esse Instituto mesmo. Não às custas desse ou daquele empregador. O que já significa dizer que o 
financiamento ou a cobertura financeira do benefício da aposentadoria passa a se desenvolver do lado de fora da própria relação 
empregatícia, pois apanha o obreiro já na singular condição de titular de um direito à aposentadoria, e não propriamente assalariado 
de quem quer que seja” (ADI 1.721). 
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2.3 INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
A expressão formal do Direito são as normas jurídicas. O Direito disciplina condutas por intermédio de normas 
jurídicas. Contudo, toda norma, para ser aplicada, requer o desvendamento do seu sentido. É dizer: a aplicação do Direito 
demanda o prévio trabalho de interpretação das normas jurídicas. 
O Direito Previdenciário, como qualquer ramo do Direito, submete-se aos métodos tradicionais de 
interpretação, quais sejam; gramatical, lógico, histórico, sistemático e teleológico ou sociológico. A intepretação gramatical 
tem por objetivo desvendar o sentido de cada palavra utilizada no texto normativo. A intepretação lógica faz a ligação entre 
as palavras usadas no texto normativa para extrair-lhe o sentido. A intepretação histórica leva em consideração o contexto 
social, político, econômico e legislativo do qual brotou o texto normativo. A interpretação sistemática contextualiza o texto 
normativo com os demais enunciados normativos integrantes da disciplina jurídica tratada pelo texto normativo. A 
interpretação teleológica ou sociológica vislumbra o escopo, o fim a ser alcançado pelo texto normativo. 
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDIB (Decreto-lei 4.657/42) preconiza a adoção do 
método teleológico ou sociológico, as dispor que, na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às 
exigências do bem comum. 
O art. 85-A da Lei 8.212/1991 dispõe que “Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que 
Estado estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão 
interpretados como lei especial”. Diante dessa orientação interpretativa de origem legal (norma de sobredireito), em caso de 
antinomia aparente entre lei previdenciária local e tratados, convenções e outros acordos internacionais que tratem de 
matéria previdenciária, prevalecem estes últimos diplomas normativos, em razão da adoção do critério da especialidade 
aplicável na resolução de conflito normativo (lex specialis derogat generali). 
Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de 
direito, é o que determina o art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB (Decreto-lei 4.657/42). 
Assim, diante da lacuna da Lei, deve o aplicador do direito procurar uma norma que regule caso semelhante (analogia). Em 
seguida, deve recorrer às práticas reiteradas da sociedade tidas como obrigatórias (costumes). Finalmente, o caso deverá ser 
decidido de acordo com os valores máximos que presidem o sistema jurídico, ou seja, os princípios gerais do direito. Registre-
se, no entanto, que no Direito Previdenciário, por integrar o Direito Público, no qual prevalece o interesse público sobre o 
interesse individual, a lei tem lugar quase que exclusivo, não havendo espaço para a aplicação de normas extralegais. 
2.4 EFICÁCIA DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO NO TEMPO E NO ESPAÇO 
A eficácia das normas de Direito Previdenciário no âmbito temporal obedece à regra geral do art. 1.º da Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro, segundo a qual são eficazes quarenta e cinco dias depois de oficialmente 
publicadas, salvo disposição em contrário. A única especificidade da eficácia temporal das normas previdenciárias diz 
respeito àquelas que instituírem ou majorarem contribuições sociais de seguridade social, que somente poderão ser exigidas 
após noventa dias decorridos da data de sua publicação, conforme o art. 195, § 6.º, da Constituição Federal. 
Quanto à eficácia espacial do Direito Previdenciário, a regra é a territorialidade, ou seja, a Lei previdenciária 
aplica-se no território nacional. Contudo, a lei previdenciária vincula determinados trabalhadores que exercem atividade fora 
do território nacional ao Direito Previdenciário nacional. Nesse sentido, pertencem ao Regime Geral de Previdência Social o 
brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado no exterior, em sucursal ou 
agência de empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sede e administração no País; o brasileiro ou o estrangeiro 
domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior com maioria do 
capital votante pertencente à empresa constituída sob as leis brasileiras, que tenha sede e administração no País e cujo 
controle efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e 
residentes no País ou de entidade de direito público interno; o brasileiro civil que trabalha para a União no exterior, em 
organismos oficiais internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se 
amparado por Regime Próprio de Previdência Social; o brasileiro civil que presta serviços à União no exterior,em repartições 
governamentais brasileiras, lá domiciliado e contratado, inclusive o auxiliar local de que trata a Lei 8.745, de 9.12.1993, este 
desde que, em razão de proibição legal, não possa filiar-se ao sistema previdenciário local; o brasileiro civil que trabalha no 
exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo 
quando coberto por Regime Próprio de Previdência Social.24 
 
 
24 Conforme art. 11 da Lei 8.213/1991 e art. 9.º do Decreto 3.048/1999. 
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3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 
 
 
A exata compreensão de uma realidade exige a sua contextualização histórica. O que hoje conhecemos como 
previdência social é fruto de um lento e gradativo evolver histórico. O objetivo do presente tópico é justamente traçar as 
principais etapas evolutivas da previdência social. 
 
3.1. EVOLUÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL 
Aponta-se, como primeira manifestação de uma preocupação com a proteção social em terras brasileiras, a 
instituição das santas casas, em 1543. A criação de um montepio beneficiando a guarda pessoal do Rei D. João VI, em 1808, é 
também mencionada. A Constituição Imperial, de 1824, referiu-se tão somente, em seu artigo 179, n. 31, aos socorros 
públicos, sem, porém, avançar na definição do que seriam. 
Em 1835 ocorreu a instituição do Montepio Geral da Economia dos Servidores do Estado (Mongeral), entidade 
privada organizada segundo o mutualismo (sistema pelo qual várias pessoas se associam e se cotizam para a cobertura de 
certos riscos, mediante a repartição dos encargos com todo o grupo). Trata-se de um antecessor dos modernos fundos de 
pensão. 
O Código Comercial, de 1850, dispôs, em seu artigo 79, que “acidentes imprevistos e inculpados, que 
impedirem aos prepostos o exercício de suas funções, não interromperão o vencimento de seu salário, contanto que a 
inabilitação não exceda três meses contínuos”, norma que revela preocupação com citados obreiros. O Regulamento 737, de 
25.11.1850, também assegurava aos empregados acidentados no trabalho os salários por no máximo três meses. 
A Constituição de 1891, em seu artigo 175, previu a concessão de aposentadoria exclusivamente a funcionários 
públicos por invalidez no serviço. 
Ao longo do século XX, porém, o Estado passa a legislar e a intervir em diversos aspectos relacionados com a 
seguridade social. Em 1919 é editado o Decreto Legislativo 3.724, que impôs aos empregadores a responsabilidade pelos 
acidentes sofridos pelos empregados. Em 1923 tem-se o advento da Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo 4.682, de 
24.01.1923), que criou as caixas de aposentadorias e pensões para os ferroviários, a serem instituídas em cada empresa, e 
que, mediante a cobrança de uma contribuição, custeariam as prestações oferecidas (aposentadoria por invalidez, ordinária, 
pensão por morte e assistência médica). Constitui o marco inicial da previdência social no Brasil. Verifica-se que beneficiou 
segmento importante e organizado da força de trabalho nacional. Em 1926, o Decreto Legislativo 5.109 estendeu os 
benefícios da Lei Eloy Chaves aos empregados portuários e marítimos. A Lei 5.485, de 1928, por sua vez, estendeu o regime 
da Lei Eloy Chaves ao pessoal das empresas de serviços telegráficos e radiotelegráficos. Essa fase de estruturação da 
previdência social por empresas, através das Caixas de Aposentadorias e Pensões se estendeu até o final da década de vinte 
do século passado. 
A partir de 1930, com o advento do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e do intervencionismo que 
marcou a chamada Era Vargas, assiste-se à criação de diversos institutos de aposentadorias e pensões, que substituem as 
antigas caixas. A proteção previdenciária deixa, assim, de ser organizada por empresa, passando a ser organizada por 
categoria profissional. Surgem o IAPM (Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos), em 1933; o IAPC 
(comerciários), em 1934; o IAPB (bancários) e o Iapi (industriários), em 1936; e o Iapetec (transportadores de cargas), em 
1938. Tais institutos, diferentes das antigas caixas, subordinam-se ao Estado, tendo natureza de autarquias, revelando, ao 
lado da intenção de um maior e mais eficiente controle estatal, o interesse do Poder Público de gerir os recursos oriundos 
das contribuições cobradas. Também em 1938 foi criado o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado 
(Ipase). 
Com a Constituição de 1934 foi estabelecido pela primeira vez, em seu artigo 121, § 1.º, alínea h, o tríplice 
critério de custeio: contribuições compulsórias e iguais do setor público, dos empregadores e do empregado, destinadas a 
custear “previdência” a favor da “velhice, da invalidez, da maternidade e nos casos de acidentes de trabalho ou de morte”. 
Seu artigo 170 tratava das aposentadorias dos funcionários públicos, dispondo seu § 7.º que os “os proventos da 
aposentadoria ou jubilação não poderão exceder os vencimentos da atividade”. 
A Constituição outorgada de 1937 refere-se tão somente à instituição de seguros de velhice, de invalidez, de 
vida e para os casos de acidentes de trabalho, predominando a expressão “seguro social” e não previdência social. 
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Com a redemocratização, em 1946, a Constituição passa a falar em previdência social, custeada pela tríplice 
contribuição da União, do empregador e do empregado, bem como na obrigatoriedade de instituição do seguro pelo 
empregador contra acidentes de trabalho. Em 1953, foi criado o IAPFESP, abrangendo os trabalhadores de ferrovias e 
serviços públicos. 
Novo marco na história da proteção previdenciária ocorre em 1960, com a Lei Orgânica da Previdência Social 
(LOPS) – Lei 3.807/1960. Tal diploma consolidou a legislação previdenciária e disciplinou novos benefícios. A Lei Orgânica da 
Previdência Social (LOPS), portanto, promove a unificação legislativa da previdência social brasileira. 
Em 1963, a Lei 4.214, de 2 de março, criou o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), no âmbito 
do Estatuto do Trabalhador Rural. Somente quarenta anos após a Lei Eloy Chaves, portanto, é que foi editada norma 
específica destinada aos trabalhadores rurais. 
Em 1966, a LOPS sofre modificações importantes, decorrentes do Decreto-lei 66, afetando, sobretudo, os 
trabalhadores autônomos. Ocorre também a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), a partir da unificação 
dos antigos institutos de aposentadorias e pensões. Destarte, a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) 
representa a unificação administrativa da previdência social brasileira. 
A Constituição de 1967 inovou tão somente no tocante à previsão do seguro-desemprego. Nem ela, nem a 
Emenda 1, de 1969, inovaram substancialmente o sistema previdenciário brasileiro. 
Em 1971, com a Lei Complementar 11, foi instituído o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (Prorural), 
de caráter assistencial, atribuindo ainda natureza autárquica ao Funrural, que passou a administrar referido programa. 
O advento do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (Sinpas), por força da Lei 6.439/1977, 
pretendeu reorganizar e racionalizar a previdência social brasileira. Era constituído pelo INPS, responsável pela concessão e 
manutenção dos benefícios; pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps),ao qual incumbia 
prestar assistência médica; o Instituto de Administração Financeira da Previdência Social (Iapas), responsável pela 
arrecadação, fiscalização e cobrança de contribuições; pela Legião Brasileira de Assistência (LBA), à qual cabia a assistência 
social à população carente; pela Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor (Funabem); pela Empresa de Processamento de 
Dados da Previdência Social (Dataprev) e pela Central de Medicamentos (Ceme). 
A Constituição de 1988 passa a falar em seguridade social, como gênero abrangendo a previdência social, a 
assistência social e a saúde. A saúde passa a ser organizada como um sistema único (SUS), vindo a ser disciplinada pela Lei 
8.080/1990. 
Ainda em 1990, a reforma administrativa do Governo Collor atrela o Inamps ao Ministério da Saúde; o INPS e 
Iapas são fundidos no INSS, autarquia vinculada ao então Ministério do Trabalho e da Previdência Social (MTPS). 
Em 1991 e 1992 são editadas as Leis 8.212/1991 (Plano de custeio e organização da Seguridade Social) e 
8.213/1991 (Plano de benefícios da Previdência Social), e os respectivos regulamentos, Decretos 612/1992 (ROCSS) e 
611/1992 (RBPS). Em 1992, surgem o Ministério da Previdência Social e o Ministério do Trabalho e da Administração. 
O INAMPS é extinto em 1993, por força da Lei 8.689/1993. Também neste ano é editada a Lei 8.742/1993 (Lei 
Orgânica da Assistência Social). Outrossim, em 1993, em decorrência da Emenda Constitucional 3, o § 6.º do art. 40 da 
Constituição passa a prever que as aposentadorias e pensões dos servidores públicos federais serão custeadas com recursos 
provenientes da União e das contribuições dos servidores, na forma da lei. 
Alteração importante é levada a cabo em 1998, com a aprovação e publicação da Emenda Constitucional 
20/1998 (DOU de 16.12.1998), dispondo sobre a Seguridade Social brasileira. As Leis 9.639/1998, 9.711/1998 e 9.732/1998 
são editadas, modificando o Regime Geral de Previdência Social, assim como a Lei 9.717/1998, estabelecendo normas gerais 
para os sistemas de previdência dos servidores públicos. 
Em 1999 o Decreto 3.048, de 6 de maio, aprova o Regulamento da Previdência Social, unificando as normas 
relativas a custeio e a benefícios. A Lei 9.796, de 05.05.1999, dispõe sobre a compensação financeira entre o Regime Geral de 
Previdência Social e os regimes de previdência dos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
nos casos de contagem recíproca de tempo de contribuição para efeito de aposentadoria. A Lei 9.876/1999 modifica a forma 
de cálculo do valor dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, instituindo o fator previdenciário. 
No ano 2000 é editada a Lei Complementar 101, de 04.05.2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), a qual 
estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, e também dispõe sobre despesas 
com benefícios previdenciários. A Lei 9.983, de 14 de julho, por sua vez, altera a Lei 8.212/1991 e o Código Penal, 
disciplinando os crimes previdenciários. 
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Em 2001 são editadas as Leis Complementares 108 e 109, de 29.05.2001, que versam, respectivamente, sobre 
a relação entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia 
mista e empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto patrocinadoras de entidades fechadas de previdência 
complementar, e suas respectivas entidades fechadas e sobre as regras gerais atinentes à previdência privada, revogando a 
Lei 6.435/1977. 
A Lei Complementar 123, de 14.12.2006 (DOU 15.12.2006), possibilitou a contribuição com a alíquota reduzida 
de 11% sobre o valor correspondente ao limite mínimo mensal do salário de contribuição do segurado contribuinte individual 
que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado, e do segurado facultativo que 
optarem pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição. 
Em 2007, a Lei 11.457, de 16.03.2007 (DOU 19.03.2007), criou a Receita Federal do Brasil, unificando a 
arrecadação de todos os tributos federais, inclusive as contribuições previdenciárias, nesse órgão, passando o INSS a gerir 
basicamente as prestações previdenciárias do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). No ano de 2008 a Lei 11.718, de 
20.06.2008 (DOU 23.06.2008), regulamentou com maior riqueza de detalhes a situação do segurado especial e a Lei 
Complementar 128, de 19.12.2008 (DOU 22.12.2008), criou o Microempreendedor Individual – MEI. Em 2009, a Lei 11.941, 
de 27.05.2009 (DOU 28.05.2009), fruto da conversão da Medida Provisória 449/2008, alterou várias regras sobre as 
contribuições previdenciárias, com o intuito principal de adequá-las às regras aplicáveis aos demais tributos federais. 
3.1.1 Normas de seguridade social nas Constituições Federais do Brasil 
Iremos destacar, de modo sumariado, as principais normas de proteção social veiculadas pelas Constituições 
brasileiras: 
1824 – preconizava a constituição de socorros públicos (art. 179); 
1891 – previa unicamente a concessão de aposentadoria aos funcionários públicos em casos de invalidez a serviço da Nação 
(art. 75); 
1934 – fixou a proteção social ao trabalhador (assistência, previdência e saúde) e estabeleceu, pela primeira vez, a forma 
tríplice de custeio: ente público, empregado e empregador, sendo obrigatória a contribuição; 
1937 – previu, em apenas duas alíneas, seguros e assistências (art. 137); 
1946 – utilizou pela primeira vez a expressão “previdência social”, consagrou a previdência, mediante contribuição da 
União, do empregador e do empregado, em favor da maternidade e contra as consequências da doença, da velhice, 
da invalidez e da morte e determinou a obrigatoriedade da instituição do seguro pelo empregador contra os 
acidentes do trabalho; 
1967 – foi a primeira Constituição em que constou o benefício do seguro-desemprego; 
1988 – estabelece o gênero seguridade social, englobando previdência social, assistência social e saúde. 
 
3.1.2 Normas de previdência social na legislação infraconstitucional brasileira 
Neste subtópico, iremos relacionar as principais normas infraconstitucionais que cuidaram da previdência 
social brasileira: 
1923 – Decreto Legislativo 4.682, de 24.01.1923 (Lei Eloy Chaves) – Cria as Caixas de Aposentadoria e Pensões para os 
ferroviários. É a primeira norma de previdência social do Brasil. A partir de 1930, o sistema previdenciário brasileiro 
deixa de ser estruturado localmente por empresas (Caixas de Aposentadorias e Pensões – CAPs), passando a 
abranger nacionalmente categorias profissionais (Institutos de Aposentadorias e Pensões – IAPs, tais como Instituto 
de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos – IAPM, Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários – 
IAPC, Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários – IAPB, Instituto de Aposentadorias e Pensões dos 
Transportadores de Cargas – IAPTC); 
1960 – Lei 3.807, de 26.08.1960 (Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS), padronizou o sistema previdenciário – 
unificação legislativa; 
1966 – Decreto-lei 72, de 21.11.1966, unificou os IAPs, centralizando a organização previdenciária no INPS – unificação 
administrativa; 
1967 – o sistema de seguro de acidente do trabalho é integrado no sistema previdenciário com a Lei 5.316, de 14.09.1967; 
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1976 – a Consolidação das Leisde Previdência Social – CLPS foi editada pela primeira vez por meio do Decreto 77.077, de 
24.01.1976; 
1977 – a Lei 6.439, de 1.º.07.1977, institui o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (Sinpas), que tinha por 
objetivo integrar as atividades da previdência social, da assistência médica e da assistência social entre as entidades 
vinculadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social. O Sinpas dividia-se em: 
• Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) – concessão e manutenção de benefícios e demais prestações 
previdenciárias; 
• Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) – assistência médica; 
• Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA) – assistência social à população carente; 
• Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (Funabem) – execução da política de bem-estar do menor; 
• Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (Dataprev) – processamento de dados da previdência 
social; 
• Instituto de Administração Financeira da Previdência Social (Iapas) – promover a arrecadação, fiscalização e 
cobrança das contribuições e outros recursos pertinentes à previdência e assistência social; 
• Central de Medicamentos (Ceme) – distribuição de medicamentos; 
1979 – os Decretos 83.080 e 83.081, de 24.01.1979, aprovam, respectivamente, os regulamentos de benefícios e de custeio 
da previdência social; 
1984 – Decreto 89.312, de 23.01.1984, reorganiza nova Consolidação das Leis da Previdência Social (CLPS); 
1990 – a Lei 8.029, de 12.04.1990, cria o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (fusão do Iapas e do INPS) e a Lei 8.080, 
de 19.09.1990, organiza a saúde; 
1991 – as Leis 8.212 e 8.213, ambas de 24.07.1991, instituem os planos de custeio e de benefícios da previdência social, 
respectivamente. Essas Leis foram regulamentadas pelos seguintes Decretos: 356 (custeio) e 357 (benefícios), de 
07.12.1991, 611 (benefícios) e 612 (custeio), de 21.07.1992, 2.172 (benefícios) e 2.173 (custeio), de 05.03.1997, e 
3.048, de 06.05.1999 (custeio e benefício); 
1993 – Lei 8.742, de 07.12.1993, organiza a assistência social, regulamentada pelo Decreto 1.744, de 08.12.1995; 
1998 – Emenda Constitucional 20, de 15.12.1998 (publicada em 16.12.1998), que instituiu a primeira reforma da Previdência 
Social; 
1999 – Lei 9.876, de 29.11.1999, que alterou o critério de cálculo dos benefícios previdenciários; 
2003 – Emenda Constitucional 41, de 19.12.2003 (publicada em 31.12.2003), que reformou a Previdência Social do servidor 
público; 
2005 – Emenda Constitucional 47, de 05.07.2005, complementou a reforma da previdência introduzida pela Emenda 
Constitucional 41/2003; 
2006 – a Lei Complementar 123, de 14.12.2006 (DOU 15.12.2006), possibilitou a contribuição de 11% sobre o valor 
correspondente ao limite mínimo mensal do salário de contribuição do segurado contribuinte individual que 
trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado, e do segurado facultativo que 
optarem pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição; 
2007 – a Lei 11.457, de 16.03.2007 (DOU 19.03.2007), criou a Receita Federal do Brasil, unificando a arrecadação de todos 
os tributos federais, inclusive as contribuições previdenciárias, nesse órgão, passando o Instituto Nacional do Seguro 
Social (INSS) a gerir basicamente as prestações previdenciárias do Regime Geral de Previdência Social (RGPS); 
2008 – a Lei 11.718, de 20.06.2008 (DOU 23.06.2008), regulamentou, com mais detalhes, a caracterização do segurado 
especial e a Lei Complementar 128, de 19.12.2008 (DOU 22.12.2008), criou a figura do Microempreendedor 
Individual – MEI; 
2009 – a Lei 11.941, de 27.05.2009 (DOU 28.05.2009), fruto da conversão da Medida Provisória 449/2008, alterou várias 
regras sobre as contribuições previdenciárias, com o intuito principal de adequá-las às regras aplicáveis aos demais 
tributos federais. 
 
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4 PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL 
 
No presente tópico abordam-se os princípios constitucionais da seguridade social, que são os objetivos 
(diretrizes) da seguridade social albergados no texto constitucional, bem como os princípios específicos da previdência social. 
 
4.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA SEGURIDADE SOCIAL 
O constituinte de 1988, no art. 193 da Magna Carta, estabeleceu que a Ordem Social, da qual a seguridade 
social faz parte, tem como base o primado do trabalho e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. A seguridade social, 
portanto, deverá ser interpretada, aplicada e conformada sempre tendo presente o objetivo do bem-estar e da justiça 
sociais, sob pena de ser decretado inconstitucional o ato que fira esse objetivo. 
Além desse objetivo geral da Ordem Social, a seguridade social possui objetivos (diretrizes) próprios, elencados 
no parágrafo único do art. 194 e no § 5.º do art. 195 da Lei Maior, que constituem os princípios constitucionais da seguridade 
social. 
 
4.2.1 Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento 
A seguridade social, como técnica de proteção social, deverá atender todas as pessoas necessitadas e cobrir 
todas as contingências sociais. A universalidade de atendimento respeita aos sujeitos protegidos (universalidade subjetiva), 
ao passo que a universalidade de cobertura refere-se às contingências cobertas (universalidade objetiva). 
Esquematicamente, tem-se: 
 
A universalidade de atendimento na saúde é, constitucionalmente, irrestrita, na medida em que, por definição, 
ela é direito de todos e de acesso universal. Assim, a saúde é, das três áreas de atuação da seguridade social, a mais 
universal. A universalidade de atendimento na previdência social, por sua vez, significa que todos podem participar dos 
planos previdenciários, mesmo aqueles que não estão classificados como segurados obrigatórios. Noutros termos, a 
universalidade de atendimento, na previdência social, fica garantida pela possibilidade de qualquer integrante da 
comunidade participar dos planos previdenciários, mediante contribuição. Eis o fundamento constitucional da figura do 
segurado facultativo. Na assistência social, a universalidade de atendimento preconiza que todas as pessoas que padecem 
em situação de vulnerabilidade econômica devem ser assistidas pela assistência social. 
 
4.2.2 Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais 
O princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais 
propugna que as prestações da seguridade social serão idênticas para toda a população, independentemente do local 
UNIVERSALIDADE
OBJETIVA
Todas as 
contingências 
sociais devem ser 
cobertas
SUBJETIVA
Todas as pessoas 
deverão ser 
atendidas
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onde residam ou trabalhem as pessoas (uniformidade dos benefícios e serviços), e que deverão ter valores iguais 
(equivalência dos benefícios e serviços). A uniformidade significa mesmas prestações e equivalência importa em 
prestações de igual valor. 
 
 
 
 
 
 
 
Este princípio visa a eliminar a discriminação irrazoável, principalmente no âmbito previdenciário, entre os 
moradores do campo e os da cidade. Tendo em vista o princípio da igualdade consagrado no art. 5.º da Magna Carta, não 
poderá haver nenhuma discriminação em razão do local onde trabalhem ou residam as pessoas. 
Tal princípio visa, principalmente, eliminar a

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