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55 Benefícios Serviços Programas e Projetos de Assistência Social Livro de Direito Previdenciário

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Livro de Direito Previdenciário
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55. Benefícios, Serviços, Programas e
Projetos de Assistência Social
Benefício de Prestação Continuada
(BPC)
O art. 203, V, da CF/88, determina que a assistência social será prestada aquem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social,e tem como um de seus objetivos a garantia de um salário mínimo de benefíciomensal à pessoa portadora de de�ciência e ao idoso que comprovem nãopossuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por suafamília, conforme dispuser a lei.
No ponto, deve-se ressaltar que a dignidade da pessoa humana é o fundamentoprincipal da democracia, sendo, em verdade, a sua meta ou objetivo. Estárelacionada no art. 1° de nossa Constituição Federal como um dos fundamentosda República Federativa do Brasil, correspondendo a um conjunto de atributospessoais que asseguram uma existência honrosa, respeitabilidade e autoestimaao cidadão. Apenas com a garantia do exercício de uma existência digna podeo Estado dar satisfatório resguardo aos direitos essenciais à vida, à igualdade, àintegridade física e à moral daqueles que se encontram sob sua proteção.
Nunca é demais lembrar que foi para a garantia da dignidade humana que oart. 203 da Constituição Federal conferiu ao Estado o dever de prestarassistência social para quem dela necessitar, independentemente decontribuição à seguridade social, quando constatada a presença de umobstáculo físico ou mental que impeça ou di�culte o exercício de umaatividade produtiva e a consequente obtenção de meios de se prover à própriamanutenção, desde que o cidadão esteja em um contexto familiar e social quenão o ampare.
O benefício de prestação continuada denominado amparo social possui, pois,natureza assistencial, não se caracterizando como mera liberalidade dolegislador pátrio, tampouco como favor concedido pelo Estado. Foi previsto noordenamento jurídico pátrio como instrumento necessário a trazer efetividadeàs normas constitucionais previstas no capítulo reservado à assistência social,
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que se pauta na dimensão ética de garantia de efetivação da inclusão socialdaqueles que não conseguem ter existência digna em função de sua extremavulnerabilidade social.
A regulamentação do preceito constitucional mencionado adveio com a Lei n.8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), por meio de seus arts.20, 21 e 21-A, e com o Decreto n. 6.214/2007.
Temos, portanto, conforme dispõe o art. 20 da Lei n. 8.742/1993, que “obenefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal àpessoa com de�ciência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais quecomprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-laprovida por sua família” (redação dada pela Lei n. 12.435/2011).
Atenção: A garantia do BPC ao idoso também está prevista no art. 34 da Lein. 10.741/2003 (Estatuto do Idoso).
Assim, o Benefício de Prestação Continuada (também conhecido como “amparosocial”) garante a transferência mensal de um salário mínimo à pessoa idosa eàquela com de�ciência, de qualquer idade, que, por força das condições físicasinerentes a essas vicissitudes, encontre-se incapacitada para prover a própriasubsistência ou de tê-la provida por sua família. É um direito de cidadania quegarante a proteção social não contributiva da Seguridade Social.
O Benefício de Prestação Continuada integra a proteção social básica noâmbito do Sistema Único de Assistência Social (Suas), instituído peloMinistério do Desenvolvimento Social e Agrário, em consonância com oestabelecido pela Política Nacional de Assistência Social (PNAS).
O Benefício de Prestação Continuada é constitutivo da PNAS e integrado àsdemais políticas setoriais, e visa ao enfrentamento da pobreza, à garantia daproteção social, ao provimento de condições para atender contingências sociaise à universalização dos direitos sociais, nos moldes de�nidos no parágrafoúnico do art. 2 . da Lei n. 8.742/1993 (LOAS).
A plena atenção à pessoa com de�ciência e ao idoso bene�ciário do Benefíciode Prestação Continuada exige que os gestores da assistência social mantenhamação integrada às demais ações das políticas setoriais nacional, estaduais,municipais e do Distrito Federal, principalmente no campo da saúde, segurançaalimentar, habitação e educação.
Atenção: Compete ao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário aimplementação, a coordenação-geral, a regulação, �nanciamento, omonitoramento e a avaliação da prestação do bene�cio, sem prejuízo dasiniciativas compartilhadas com Estados, Distrito Federal e Municípios, emconsonância com as diretrizes do SUAS e da descentralização político-administrativa, prevista no art. 204, I, da CF/88 e no art. 5 ., I, da Lei n.8.742/1993 (LOAS).
Não obstante seja uma prestação oriunda da assistência social, a pessoajurídica responsável por sua concessão, manutenção e �scalização é o INSS,
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nos termos do art. 29, parágrafo único, da Lei n. 8.742/1993. Nesse sentido, osrecursos de responsabilidade da União destinados ao �nanciamento dosbenefícios de prestação continuada devem ser repassados pelo Ministério daPrevidência diretamente ao INSS, órgão responsável pela sua execução emanutenção.
Contudo, a competência da Autarquia não implica reconhecer a naturezaprevidenciária do benefício de prestação continuada. Trata-se, ressalte-senovamente, de um benefício assistencial. Logo, a sua concessão independe decontribuição para a seguridade social. Certamente, o dever do INSS decorre dequestões logísticas: a Autarquia já dispõe de uma rede de agências espalhadaspor todo o território nacional, sem falar dos sistemas previdenciários quepossibilitam que a Administração veri�que o implemento dos requisitos legaisdo benefício.
Atenção: De acordo com o disposto no Decreto n. 7.788/2012, os recursosnecessários para o pagamento, operacionalização, gestão, informatização,pesquisa, monitoramento e avaliação do benefício de prestação continuadasão �nanciados pelo FNAS (Fundo Nacional de Assistência Social), cabendoao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário repassá-los diretamenteao INSS, por meio de celebração de termo de cooperação ou outroinstrumento de�nido em ato conjunto do Ministério do DesenvolvimentoSocial e Agrário e do Presidente do INSS.
Cuidado: Com a implantação do BPC foram extintos os benefícios de “rendamensal vitalícia”, “auxílio-natalidade” e “auxílio-funeral” que antesexistiam no âmbito da Previdência Social, conforme o então disposto na Lein. 8.213/1991 (arts. 139, 140 e 141).
Características
Do texto constitucional (art. 203, V, da CF/88) podemos extrair as seguintescaracterísticas do benefício assistencial:
é devido apenas a quem efetivamente dele necessitar (ou seja, apenasàqueles que estejam em situação de miserabilidade, assim entendido comoaquele que não tem condições de prover a sua própria subsistência ou de tê-la provida por sua família);
1. 
independe de contribuição (por isso não é pago abono natalino – 13º.salário);2. é personalíssimo (e assim não gera direito a pensão por morte, porexemplo); e3. é temporário (somente é devido enquanto permanecer a situação denecessidade).4. 
Atenção: A TNU, na sessão do dia 02/08/2011, ao julgar o PEDILEF0504108-62.2009.4.05.8200 (Representativo de Controvérsia: Tema n. 10),apreciou a questão referente a “Saber se há necessidade de renovação dorequerimento administrativo para concessão de benefício assistencial”, e�rmou a tese de que “O ajuizamento de ações visando o recebimento dobenefício previsto no art. 203, V, da Constituição Federal não exige arenovação bienal do requerimento administrativo, afastada a indevidaanalogiaao art. 21, da Lei n. 8.742/93”. A questão, contudo, foi objeto deRecurso Extraordinário (RE 914.797), ainda não julgado pelo STF.
Pressupostos legais
O benefício assistencial é devido ao idoso e ao de�ciente que comprovem nãopossuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por suafamília, conforme dispuser a lei. Há, portanto, duas espécies de benefícioassistencial (idoso e de�ciente). Em ambas, é indispensável que o bene�ciárioseja hipossu�ciente.
Cuidado: Suponha-se que Charles, idoso com 65 anos de idade, laborou nainformalidade, fazendo pequenos bicos, a maior parte de sua vida. Apenasrecentemente conseguiu um emprego de porteiro em um prédio residencial,pelo que ganha um salário mínimo. Não tem contribuições su�cientes parase aposentar. Vive com seus pais, sua esposa e 2 �lhos, e todos sobrevivemcom o salário mínimo que ele recebe, em situação de miserabilidade.Mesmo assim, Charles não tem direito ao Benefício de PrestaçãoContinuada (BPC) da LOAS, mesmo sua renda familiar per capita sendoinferior a ¼ do salário mínimo.   Isto porque a legislação garante opagamento de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadorade de�ciência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover àprópria manutenção ou de tê-la provida por sua família. Como ele (Charles)trabalha, recebendo salário, não pode receber o benefício.  Mas em suafamília, os pais dele vão ter direito ao LOAS, pois são maiores de 65 anos efazem parte de um grupo familiar que atende aos requisitos objetivos debaixa renda. E se algum dos �lhos dele for de�ciente, também pode terdireito ao benefício.   Mas ele (Charles) tem emprego, então não podereceber LOAS.
Atenção: Apesar de não existir expressa vedação legal, parece razoávelconcluir que o LOAS não deve ser pago à pessoa, idosa ou portadora dede�ciência, que estiver presa por qualquer motivo, pois o BPC destina-seprecipuamente àqueles que não conseguem prover o próprio sustento (outê-lo provido pela família) e no caso o sustento já está, ao menostecnicamente, sendo provido pelo Estado.
Pessoa idosa
Para os �ns do reconhecimento do direito ao benefício, conforme disposto noart. 20 da Lei n. 8.742/1993, considera-se pessoa idosa aquele com idade desessenta e cinco anos ou mais. Vale dizer, não existe diferença de idade entrehomens e mulheres para �ns de percepção do benefício em comento.
Atenção: O art. 1º. da Lei n. 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) de�ne comoidosa a pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Daípoderia ser questionada a �xação da idade de 65 (sessenta e cinco) anospara �ns de BPC⁄LOAS, contudo, no próprio art. 34 da Lei n. 10.741/2003,de�ne-se que, para �ns de concessão do BPC⁄LOAS, a idade a serconsiderada é de 65 (sessenta e cinco) anos.
Pessoa com deficiência
Pessoa com de�ciência é aquela que tem impedimento de longo prazo, denatureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com umaou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedadeem igualdade de condições com as demais pessoas.
Desse modo, a de�ciência é um fenômeno multidimensional que abrangelimitação do desempenho de atividade e restrição da participação, comredução efetiva e acentuada da capacidade de inclusão social, emcorrespondência à interação entre a pessoa com de�ciência e seu ambientefísico e social.
Este conceito, em sua dimensão atual, foi estabelecido pela Lei n. 13.146/2015(Estatuto da Pessoa com De�ciência), e corresponde ao seu art. 2 .
A Lei n. 8.742/1993, por sua vez, determina que a concessão do benefício�cará sujeita à avaliação da de�ciência e do grau de impedimento, compostapor avaliação médica e avaliação social realizadas por médicos peritos e porassistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro Social – INSS.
Atualmente, contudo, essa avaliação deve ser feita segundo os parâmetrosestabelecidos pelo parágrafo primeiro do art. 2 . da Lei n. 13.146/2015,segundo o qual a avaliação da de�ciência, quando necessária, serábiopsicossocial, realizada por equipe multipro�ssional e interdisciplinar econsiderará: a) os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; b) osfatores socioambientais, psicológicos e pessoais; c) a limitação no desempenhode atividades; e d) a restrição de participação.
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Ademais, na hipótese de não existirem serviços de avaliação su�cientes nomunicípio de residência do bene�ciário, �ca assegurado o seuencaminhamento ao município mais próximo que contar com tal estrutura.
Por �m, veja-se que o desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras oueducacionais e a realização de atividades não remuneradas de habilitação ereabilitação, entre outras, não constituem motivo de suspensão ou cessação dobenefício da pessoa com de�ciência.
Atenção: Na redação originária da Lei n. 8.742⁄1993, a pessoa portadora dede�ciência era aquela incapacitada para a vida independente e para otrabalho.
O conceito era nitidamente falho, tanto assim que levou a TNU a editar aSúmula 29, segundo a qual a incapacidade para a vida independente nãoera apenas aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa,mas também que a impossibilita de prover ao próprio sustento, e também aSúmula 48, segundo a qual a incapacidade não precisava ser permanentepara �ns de concessão do benefício assistencial de prestação continuada.
Contudo, ao longo do tempo a de�nição foi sendo sucessivamenteaprimorada. Assim, com a Lei n. 12.435⁄2011 a pessoa com de�ciênciapassou a ser aquela que tem impedimentos de natureza física, intelectual ousensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir suaparticipação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas.
Com a Lei n. 12.470⁄2011 passou-se a prever também a de�ciência mentale a que o impedimento à participação na sociedade se desse em igualdadede condições com as demais pessoas.
Essas alterações feitas em 2011 visaram adequar a legislação brasileira àsdisposições da Convenção de Nova York (Convenção Internacional sobre osDireitos das Pessoas com De�ciência), promulgada pelo Decreto n.6.949⁄2009, e importaram em uma signi�cativa ampliação do conceitolegal de pessoa com de�ciência.
Por �m, com a Lei n. 13.146⁄2015 foi dada a atual dimensão ao conceitolegal de pessoa com de�ciência.
O Decreto n. 6.214/2007 (art. 4 , § 1 .), dispõe que para �ns dereconhecimento do direito ao Benefício de Prestação Continuada às crianças eadolescentes menores de dezesseis anos de idade, deve ser avaliada aexistência da de�ciência e o seu impacto na limitação do desempenho deatividade e restrição da participação social, compatível com a idade.
O Decreto n. 6.214/2007 (art. 16) dispõe ainda que a concessão do benefício àpessoa com de�ciência �cará sujeita à avaliação da de�ciência e do grau deimpedimento, com base nos princípios da Classi�cação Internacional deFuncionalidades, Incapacidade e Saúde – CIF, estabelecida pela Resolução daOrganização Mundial da Saúde n. 54.21, aprovada pela 54 . AssembleiaMundial da Saúde, em 22 de maio de 2001.
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A avaliação da de�ciência e do grau de impedimento deve ser realizada pormeio de avaliação social e avaliação médica.
A avaliação social deve considerar os fatores ambientais, sociais e pessoais,enquanto que a avaliação médica deve considera as de�ciências nas funções enas estruturas do corpo, e ambas considerarão a limitação do desempenho deatividades e a restrição da participação social, segundo suas especi�cidades.
A avaliação da de�ciência e do grau de impedimento tem por objetivo:
comprovar a existência de impedimentos de longo prazo de natureza física,mental, intelectual ou sensorial; e1. aferir o grau de restrição para a participação plena e efetiva da pessoa comde�ciência na sociedade, decorrenteda interação dos impedimentos a quese refere o inciso I com barreiras diversas.
2. 
Na hipótese de não existirem serviços pertinentes para avaliação da de�ciênciae do grau de impedimento no município de residência do requerente oubene�ciário, �ca assegurado o seu encaminhamento ao município maispróximo que contar com tal estrutura, devendo o INSS realizar o pagamentodas despesas de transporte e diárias com recursos oriundos do Fundo Nacionalde Assistência Social. Caso o requerente ou bene�ciário esteja impossibilitadode se apresentar no local de realização da avaliação da de�ciência e do grau deimpedimento, os pro�ssionais deverão deslocar-se até o interessado.
Estas avaliações são realizadas, respectivamente, pelo serviço social e pelaperícia médica do INSS, por meio de instrumentos desenvolvidosespeci�camente para este �m, instituídos pela Portaria Conjunta MDS⁄INSS n.2⁄2015.
Esta Portaria, assim, estabelece os critérios, procedimentos e instrumentos paraa avaliação social e médico-pericial da de�ciência e do grau de incapacidadeda pessoa com de�ciência requerente do Benefício de Prestação Continuada daAssistência Social – BPC.
A avaliação da de�ciência e do grau de incapacidade, nos termos da PortariaConjunta MDS⁄INSS n. 2⁄2015, é constituída pelos seguintes componentes,conforme de�nido nos seus Anexos I, II e III:
Fatores Ambientais;1. Atividades e Participação; e2. Funções e Estruturas do Corpo.3. 
Atenção: Em 2017 o STJ proferiu julgamento no sentido de que o grau daincapacidade para �ns de reconhecimento da de�ciência física não estáprevisto em lei, razão pela qual, não cabe ao intérprete a imposição derequisitos mais rígidos do que aqueles previsto na legislação para aconcessão do benefício. Concretamente, o STJ �xou que não se exige que aincapacidade seja total e permanente. Veja-se: “Regulamentando o comandoconstitucional, a Lei 8.742/1993, em seu art. 20, §2º, em sua redação originaldispunha que a pessoa portadora de de�ciência é aquela incapacitada para avida independente e para o trabalho. Em sua redação atual, dada pela Lei13.146/2015, considera-se pessoa com de�ciência aquela que tem impedimentode longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, eminteração com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena eefetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.  Veri�ca-se que em nenhuma de suas edições a lei previa a necessidade deincapacidade absoluta, como �xou o acórdão recorrido, que negou a concessãodo benefício ao fundamento de que o autor deveria apresentar incapacidadetotal, de sorte que não permita ao requerente do benefício o desempenho dequalquer atividade da vida diária e para o exercício de atividade laborativa.Não cabe ao intérprete a imposição de requisitos mais rígidos do que aquelesprevistos na legislação para a concessão do benefício” (REsp 1.404.019).
Atenção: A TNU, na sessão do dia 29/02/2012, ao julgar o PEDILEF0013826-53.2008.4.01.3200 (Representativo de Controvérsia: Tema n. 34),apreciou a questão referente a “saber se há necessidade de exame dascondições pessoais do requerente, para concessão de benefício assistencial,quando houver incapacidade parcial e temporária”, e �rmou a tese de que“para a concessão do benefício previsto no art. 203, V, da ConstituiçãoFederal, nos casos de incapacidade parcial e temporária, deve-se examinaras condições pessoais do requerente”.
Impedimento de longo prazo
Nos termos do § 10 do art. 20 da Lei n. 8.472⁄1993, considera-se impedimentode longo prazo aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.
Desse modo, a pessoa com de�ciência somente tem direito ao BPC da LOAS seo seu impedimento, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, que,em interação com uma ou mais barreiras, possa obstruir sua participação plenae efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas,produzir efeitos por, no mínimo, 2 (dois) anos.
Obviamente, “a incapacidade não precisa ser permanente para �ns de concessão dobenefício assistencial de prestação continuada” (Súmula TNU n. 48).
Note-se que, nos termos do art. 16, § 6 ., do Decreto n. 6.214/2007, obenefício poderá ser concedido mesmo nos casos em que não seja possívelprever a duração dos impedimentos, mas exista a possibilidade de que seestendam por longo prazo.
Nesta hipótese, contudo, e desde que o impedimento não tenha sidoconsiderado permanente, os bene�ciários deverão ser prioritariamentesubmetidos a novas avaliações social e médica, com intervalo mínimo de doisanos, de acordo com o tipo de impedimento constatado, na forma estabelecidaem ato conjunto dos Ministros de Estado do Desenvolvimento Social e Agrário,da Fazenda e do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.
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Atenção: Uma importante questão que se coloca diz respeito àconstitucionalidade da limitação do direito ao BPC da LOAS aos de�cientescom impedimentos de longo prazo, assim considerados como aqueles comduração superior a 2 (dois) anos.
Como se percebe, o art. 203 da CF estabelece a garantia de um saláriomínimo de benefício mensal à pessoa portadora de de�ciência e ao idosoque comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou detê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Embora não haja, no texto constitucional, qualquer menção ao prazo deduração da de�ciência, por outro lado é certo que o próprio dispositivomenciona a necessidade de regulamentação do benefício por lei ordinária.
Pois bem. Concretamente, então, a questão é a seguinte: poderia (ou não) alei ordinária estabelecer esta limitação, constante do § 10 do art. 20 da Lein. 8.472⁄1993 ( “Considera-se impedimento de longo prazo, para os �ns do§ 2 deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois)anos”), tendo sido incluído pela Lei n. 12.470⁄2011.
Por um lado, a resposta positiva é muito natural e lógica, pois segundo elao legislador infra-constitucional simplesmente teria agido dentro dos limitesda conformação do benefício, dando concretude ao mandamentoconstitucional.
Por outro lado, contudo, invoca-se a necessidade de os dispositivos quetratam da Seguridade Social serem interpretados de forma a possibilitar ummaior equilíbrio social e humanitário, de modo a concluir que a limitaçãoinfra-constitucional teria extrapolado a mera concretização do benefício, noponto em que criou limitador não previsto no texto constitucional.
De fato, a norma questionada acaba por provocar a redução de um cidadãoa um estado de indigência, caso o seu impedimento para prover o seupróprio sustento seja inferior a dois anos, ainda que presentes os demaisrequisitos para concessão do benefício.
Nada impede, por óbvio, que se �xe um prazo para avaliação dacontinuidade das condições que deram origem ao benefício, tal comoestipulado pelo art. 21 da Lei n. 8.472⁄1993, devendo ser afastada,contudo, a exigência deste prazo mínimo de impedimento, queconcretamente acaba por se travestir num prazo mínimo de indigênciaderivado da impossibilidade de percepção de renda ou de obtenção deauxílio dos membros da família.
Assim, até mesmo por aplicação da norma fundamental de garantia dadignidade da pessoa humana, não se pode admitir que a mera �xação deum prazo para a duração do impedimento que acomete o cidadão, inferiora dois anos, impossibilite essa pessoa de obter uma prestação estatal queassegure a sua subsistência, relegando essa pessoa assim a uma situação denecessidade comprometedora, inclusive, de sua própria existência.
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Família incapaz de prover a
manutenção da pessoa com
deficiência ou do idoso
O § 3º. do art. 20 da Lei n. 8.742/1993 dispõe que “considera-se incapaz deprover a manutenção da pessoa com de�ciência ou idosa a família cujarendamensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário-mínimo”.
De acordo com o disposto no art. 39 da Lei n. 8.742/1993, o ConselhoNacional de Assistência Social (CNAS), por decisão da maioria absoluta de seusmembros, respeitados o orçamento da seguridade social e a disponibilidade doFundo Nacional de Assistência Social (FNAS), pode propor ao Poder Executivoa alteração dos limites de renda mensal per capita de�nidos no § 3º do art. 20.Essa providência, contudo, nunca foi adotada.
Em 1998, o STF, ao julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 1232,considerou constitucionais os critérios estabelecidos no parágrafo 3º do artigo20 da LOAS para o pagamento do benefício, em especial, o que exige umarenda mensal per capita inferior a um quarto do salário mínimo.
Note-se que já nesta época existia a Súmula TNU n. 11, no sentido de que “arenda mensal, per capita, familiar, superior a ¼ (um quarto) do salário mínimonão impede a concessão do benefício assistencial previsto no art. 20, § 3º daLei n. 8.742 de 1993, desde que comprovada, por outros meios, amiserabilidade do postulante”. Contudo, em razão da decisão do STF na ADI1232, tal súmula foi cancelada em 2006.
Contudo, em 2013, o STF reviu seu entendimento anterior e declarouinconstitucional o parágrafo 3º do artigo 20 da Lei Orgânica da AssistênciaSocial (Lei n. 8.742/1993), por ocasião do julgamento do RecursoExtraordinário (RE) 567.985, com repercussão geral (Tema n. 27).
O STF considerou que o critério legal está defasado para caracterizar a situaçãode miserabilidade, pois ao longo dos últimos anos houve uma “proliferação deleis que estabeleceram critérios mais elásticos para a concessão de outrosbenefícios assistenciais”. Nesse sentido, foram citadas diversas normas, como aLei n. 10.836/2004, que criou o Bolsa Família; a Lei n. 10.689/2003, queinstituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; e a Lei n.10.219/2001, que criou o Bolsa Escola.
Conforme destacado no julgamento, essas leis abriram portas para a concessãodo benefício assistencial fora dos parâmetros objetivos �xados pelo artigo 20da LOAS, e juízes e tribunais passaram a estabelecer o valor de meio saláriomínimo como referência para aferição da renda familiar per capita.
Isto porque os programas de assistência social no Brasil utilizam atualmente ovalor de meio salário mínimo como referencial econômico para a concessãodos respectivos benefícios, e para o STF este é um indicador bastante razoávelde que o critério de um quarto do salário mínimo utilizado pela LOAS estácompletamente defasado e inadequado para aferir a miserabilidade dasfamílias, que, de acordo com o artigo 203, parágrafo 5º, da Constituição,possuem o direito ao benefício assistencial.
Conforme asseverado então, ao longo dos vários anos desde a suapromulgação, a norma passou por um “processo de inconstitucionalizaçãodecorrente de notórias mudanças fáticas, políticas, econômicas, sociais ejurídicas”. Com esses argumentos,   o STF declarou a inconstitucionalidadeincidental do artigo 20, parágrafo 3º, da LOAS, sem determinar, no entanto, anulidade da norma.
Entendeu o STF, portanto, que o artigo 20, parágrafo 3º, da LOAS estámaculado de inconstitucionalidade em virtude de omissão parcial, contudocomo a suspensão de sua aplicação ou sua cassação acabaria por agravar aindamais o estado de inconstitucionalidade, pois não haveria mais lei que regulasseo BPC, teve por bem a Corte em valer-se do disposto no art. 27, c, da Lei n.9.868/1999, e assim declarar a inconstitucionalidade da norma sem apronúncia de sua nulidade.
Caberia, contudo, ao legislador providenciar a superação da situaçãoinconstitucional, o que até o momento não ocorreu, embora tenha sido editada,em 2015, a Lei n. 13.146, que acrescentou o § 11 ao art. 20 da Lei n.8.742/1993, dispondo que “para concessão do benefício de que trata o caputdeste artigo, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da condiçãode miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade”.
Assim, atualmente, a renda per capita não é mais o único fator de averiguaçãoda condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação devulnerabilidade.
Obviamente, a relativização do critério expresso no § 3º. do art. 20 da Lein. 8.742/1993 deve ser vista em seus dois aspectos:
1. o primeiro, de que tratamos até aqui, no sentido de que uma renda mensalper capta superior a ¼ (um quarto) do salário-mínimo não inviabiliza, por sisó, a concessão do benefício; e
Nesse sentido, o conteúdo expresso na Súmula TNU n. 11 (revogada), queacabou por prevalecer posteriormente então.
2. o segundo, no sentido de que a constatação de que a renda mensal percapta é inferior a ¼ (um quarto) do salário-mínimo não é su�ciente, por sisó, para determinar a concessão do benefício.
Quanto a este segundo aspecto, em 2014 a TNU decidiu, no julgamento doPEDILEF 5009459-52.2011.4.04.7001, que a renda inferior a ¼ do saláriomínimo não induz presunção absoluta quanto ao estado de miserabilidade,
alterando assim o entendimento que até então adotava. Constou desta decisão,expressamente, que a miserabilidade não pode ser presumida, muito menos deforma absoluta, sobretudo quando outros elementos de convicção apontam nosentido da sua ausência, pois a Seguridade Social é regida, dentre outros, peloprincípio da seletividade (art. 194, II, da CF/88), traduzido na noção de que osseus benefícios e serviços devem ser oferecidos e prestados nos casos de realnecessidade. Constou ainda que como a economia brasileira ainda é marcadapor alto percentual de informalidade, não são raros os casos de famílias que, adespeito de não registrarem renda formal, ostentam qualidade de vidasatisfatória, de modo a reforçar o argumento no sentido de que a renda inferiora ¼ do salário mínimo não induz presunção absoluta quanto ao estado demiserabilidade.
A estes argumentos some-se o fato de que também não raro pessoas sem rendaencontram amparo para suas necessidades de sobrevivência com um mínimode dignidade em parentes, os quais inclusive têm, pela lei civil, a obrigaçãolegal de prestar alimentos, como está previsto nos arts. 1.694 a 1.710 doCódigo Civil (Lei n. 10.406/2002).
Ademais, na sessão do dia 14/04/2016, ao julgar o PEDILEF5000493-92.2014.4.04.7002 (Representativo de Controvérsia: Tema n. 122), aTNU apreciou a questão referente a “saber se o atendimento do critérioobjetivo da renda para a concessão do benefício assistencial pode ser afastadopor outros meios de prova”, e �rmou a tese de que “o critério objetivoconsubstanciado na exigência de renda familiar per capita inferior a ¼ dosalário-mínimo gera uma presunção relativa de miserabilidade, que pode,portanto, ser afastada por outros elementos de prova”.
Atenção: Um elemento muito importante para a averiguação da condição demiserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade é amoradia. Se existe moradia especí�ca ou se o requerente é um desabrigado.Existindo, quais são suas características – localização, tamanho, tipo deconstrução (alvenaria, madeira, barro, etc.), telhado (telhas, palha,madeira, etc.), piso (terra, cimento, cerâmica, etc.), banheiro (se existe,etc.), cozinha, entre outros – e qual é o seu estado de conservação. Estasconsiderações, normalmente, são bastante elucidativas da situação�nanceira do grupo familiar.
Em 2017 esse entendimento foi rea�rmado por ocasião do julgamento doPEDILEF 5000404-66.2014.4.04.7003.
Cuidado: Em 2018, contudo, o TRF da 4ª. Região �rmou, no julgamento doIRDR n. 12, o entendimento de que a renda familiar per capita inferior a ¼do salário-mínimo gera uma presunção absoluta de miserabilidade para �nsde concessão do Benefício Assistencial (LOAS), �xando a tesede que “olimite mínimo previsto no art. 20, § 3º, da Lei 8.742/93 (‘considera-se incapazde prover a manutenção da pessoa com de�ciência ou idosa a família cuja rendamensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo’) gera,para a concessão do benefício assistencial, uma presunção   absoluta   demiserabilidade” (Processo n. 5013036-79.2017.4.04.0000).
Conceito de grupo familiar para cálculo
da renda “per capita”
Para os efeitos da Lei n. 8.742/1993, família é o conjunto de pessoas compostopelo requerente, o cônjuge ou  companheiro, os pais e, na ausência de umdeles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os �lhos e enteadossolteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.
Dessa forma, é requisito geral que as pessoas vivam sob o mesmo teto, paraque possam ser consideradas como integrantes do mesmo grupo familiar.
Note-se, contudo, que mesmo vivendo sob o mesmo teto, há pessoas quepodem �car excluídas do grupo, como por exemplo aqueles sem relação deparentesco, e até mesmo alguns parentes tais como �lhos e enteados casados(ou divorciados, ou viúvos), netos, irmãos casados (ou divorciados, ou viúvos),sobrinhos e avós, entre outros.
Mas deve-se ressaltar que esta conceituação de grupo familiar é dada pelo art.20, § 1º., da Lei n. 8.742/1993, com redação dada pela Lei n. 12.435/2011,com a única e exclusiva �nalidade de se calcular a renda per capta.
A Lei n. 8.742/1993, em sua redação original, dispunha que família era aunidade mononuclear, vivendo sob o mesmo teto, cuja economia é mantidapela contribuição de seus integrantes. A Lei n. 9.720/1998 mudou esseconceito, passando a se entender por família o conjunto de pessoas elencadasno art. 16 da Lei n. 8.213/1991 (o cônjuge, a companheira, o companheiro e o�lho, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido), desde que vivamsob o mesmo teto. A conceituação atual somente adveio com a Lei n.12.435/2011.
Ainda no ponto, note-se que a TNU, na sessão do dia 16/08/2012, ao julgar oPEDILEF 2006.63.01.052381.5 (Representativo de Controvérsia: Tema n. 73),apreciou a questão referente a “saber qual a composição do grupo familiarpara concessão do benefício assistencial, no período anterior à Lei n.12.453/2011”, e �rmou a tese de que “o grupo familiar deve ser de�nido apartir da interpretação restrita do disposto no art. 16 da Lei n. 8.213/91 e noart. 20 da Lei n. 8.742/93, esta última na sua redação original”.
Nesse linha, no julgamento do PEDILEF 2007.70.95.01.0663-7, a TNU excluido grupo familiar a sobrinha do idoso, que com ele residia, uniformizando oentendimento de que o conceito de grupo familiar deve ser obtido medianteinterpretação restrita das disposições contidas no § 1º. do art. 20 da Lei n.8.742/1993 e no art. 16 da Lei n. 8.213/1991.
Apesar da modi�cação da redação do art. 20, §1º, da Lei 8.742/93 (LOAS),
agora determinada pela Lei 12.435/2011, a orientação restritiva aindapermanece no âmbito da TNU.
Assim, por exemplo, no julgamento do PEDILEF 0054205-83.2011.4.03.6301,a TNU decidiu que o curador da pessoa de�ciente, sem vínculo de parentesco,não integra o grupo familiar, ainda que vivam sob o mesmo teto, �xando atexe se que, no momento da análise do grupo familiar, deve-se fazer umainterpretação restritiva do comando legal.
Também exempli�cativamente veja-se o julgamento do PEDILEF0500964-42.2012.4.05.8502, no qual a TNU excluiu do grupo familiar o �lhocasado, a nora e os netos menores, embora residissem sob o mesmo teto que oidoso, rea�rmando que o conceito legal deve ser interpretado restritivamente.
Ademais, note-se que a   Lei n. 12.453/2011 incluiu no conceito de grupofamiliar apenas irmãos solteiros, �lhos solteiros e enteados solteiros. Contudo,ainda que formalmente solteiros, caso vivam maritalmente, devem eles serexcluídos do conceito de grupo familiar.
Cuidado: O Benefício de Prestação Continuada será devido a mais de ummembro da mesma família enquanto atendidos os requisitos legais exigidos.
Por �m, veja-se que no julgamento do PEDILEF 2007.72.95.006472-6, emsessão de 27/03/2009, a TNU considerou, excepcionalmente, avó e neto comopertencentes ao mesmo núcleo familiar. A decisão não representa adoção deinterpretação extensiva, mas apenas uma excepcionalidade em ante ascircunstâncias do caso concreto daqueles autos, pois como consta do voto-vistaa avó somente foi considerada porquanto exercia a condição de guardiã doneto, na ausência de seus pais. A questão não constou do voto-ementavencedor e nem em destaque no acórdão, pois está apenas no voto-vista, o quejá causou alguma confusão, mas acabou esclarecido por ocasião do julgamentodo PEDILEF 23.038-21.2010.4.01.3300.
Renda mensal bruta familiar
Considera-se renda mensal bruta familiar a soma dos rendimentos brutosauferidos mensalmente pelos membros da família, composta de salários,proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ouprivada, seguro-desemprego, comissões, pró-labore, outros rendimentos dotrabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo,rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício dePrestação Continuada.
Além disso, o Decreto n. 6.214/2007 (art. 4 , § 2 .), dispõe que não serãocomputados para os �ns de cálculo da renda familiar:
benefícios e auxílios assistenciais de natureza eventual e temporária;1. 
o o
valores oriundos de programas sociais de transferência de renda;2. bolsas de estágio supervisionado;3. pensão especial de natureza indenizatória e benefícios de assistênciamédica;4. rendas de natureza eventual ou sazonal, a serem regulamentadas em atoconjunto do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário e do INSS; e5. rendimentos decorrentes de contrato de aprendizagem.6. 
De acordo com o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei n.10.471/2003), o benefício assistencial ao idoso, já concedido a qualquermembro da família, não será computado para os �ns do cálculo da rendafamiliar per capita a que se refere a Lei n. 8.742/93.
Ocorre que o STF, por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário580.963,   com repercussão geral (Tema n. 312), também declarou ainconstitucionalidade (por omissão parcial) desta norma, sem pronúncia denulidade.
O fundamento agasalhado pelo STF consiste na presença de similitude entre orecebimento de benefício assistencial ao idoso e ao de�ciente, e até mesmo debenefícios previdenciários no valor de um salário mínimo, sendo que peladisposição legal apenas o primeiro (benefício ao idoso) não deve sercomputado no cálculo da renda.
Desta forma, a norma continua válida, e além disso a regra também deve serextendia aos benefícios previdenciários no valor de um salário mínimo.
Nesse sentido, ao julgar o PEDILEF 2008.70950021545 a TNU decidiu que“outro benefício assistencial ou previdenciário, de até um salário mínimo, pagoa idoso, ou aposentadoria por invalidez de valor mínimo paga à pessoa dequalquer idade, não deverão ser considerados para �ns de renda per capita;devendo-se excluir tanto a renda quanto a pessoa do cômputo para aferição dorequisito”.
Nesse mesmo sentido o STJ decidiu no julgamento do Resp 1.355.052 (RecursoRepetitivo: Tema n. 640), tendo sido �rmada a seguinte tese: “Aplica-se oparágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/03), poranalogia, a pedido de benefício assistencial feito por pessoa com de�ciência a�m de que benefício previdenciário recebido por idoso, no valor de um saláriomínimo, não seja computado no cálculo da renda per capita prevista no artigo20, § 3º, da Lei n. 8.742/93”.
Exemplo: Adolpho e Adelina formam um casal de idosos, sem �lhos. Sempreviveram em di�culdades, obtendo o mínimo necessário para seu sustentocom a prestação de pequenos serviços comopinturas, jardinagem etc, semvínculo empregatício. Hoje ambos não têm mais condições físicas detrabalhar. Eles não possuem renda alguma e não recebem nenhum benefícioda seguridade social. Adelina protocolou um requerimento administrativo eobteve o deferimento em 2015, quando completou 65 anos. Em 2020,quando Adolpho completar 65 anos, também poderá requerer o BPC/LOAS,mesmo que com o benefício de sua esposa a renda familiar per capitaultrapasse o limite estabelecido na legislação, de ¼ do salário mínimo, poisde acordo com o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso (Lei n.10.471/2003), o benefício assistencial ao idoso, já concedido a qualquermembro da família, não será computado para os �ns do cálculo da rendafamiliar per capita a que se refere a Lei n. 8.742/93.
Esse entendimento, em última análise, parece estar fundamentado na ideia deque o eventual recebimento de um benefício, assistencial ou previdenciário, novalor de um salário mínimo, pelo idoso, apenas lhe assegura o mínimoexistencial, que deve ser preservado diante a existência de parente sem rendaque integre o seu grupo familiar.
Exemplo: Numa casa moram três pessoas: um casal com um �lho. Os pais,idosos, recebem aposentadoria por idade. O �lho, de�ciente, pleiteia LOAS.No cálculo da renda mensal do grupo familiar, os benefícios previdenciáriosdo pai e da mãe são excluídos, assim como eles próprios. Assim, considera-se apenas a �gura do �lho, sem nenhuma renda. Contudo, essa situação(ausência de renda do de�ciente), por si só, não gera o direito ao benefício,mas apenas uma presunção relativa de miserabilidade, que pode, portanto,ser afastada por outros elementos de prova (PEDILEF5000493-92.2014.4.04.7002 – Representativo de Controvérsia: Tema n.122). Assim, se �car comprovado que o requerente não se encontra emsituação de miserabilidade, tendo suas necessidades básicas atendidas,ainda que em decorrência do sustento de seus pais, ele não terá direito aorecebimento do BPC.
A questão, contudo, ainda comporta outra controvérsia: a possibilidade (ounão) da exclusão do rendimento do trabalho no valor de um salario mínimo,recebido por idoso, no cômputo da renda familiar para apuração damiserabilidade.
Inscrição no CadÚnico
O Decreto n. 6.214/2007 exigia a inscrição no CPF (Cadastro de PessoasFísicas), mantido pelo Ministério da Fazenda, para a concessão do BPC/LOAS,ressalvando que a ausência de inscrição da pessoa neste cadastro não impediaa apresentação do requerimento e nem a análise do processo administrativo,
mas tão somente a concessão do benefício (art. 12).
Com o Decreto n. 8.805/2016 (que alterou o art. 12 do Decreto n.6.214/2007), contudo, passou-se a exigir como requisito para a concessão, amanutenção e a revisão do benefício, além da inscrição no CPF, também ainscrição no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal –CadÚnico, instituído pelo Decreto n. 6.135/2007.
E mais: a inscrição no CadÚnico deve ter sido realizada ou atualizada nosúltimos dois anos, tanto para a concessão como também para a manutenção dobenefício.
Dessa forma, até mesmo os bene�ciários que já recebiam o BPC antes de 2016tiveram que realizar sua inscrição ou atualização no CadÚnico, sob pena deterem seu bene�cio suspenso.
Atenção: O Decreto n. 8.805/16, acrescendo os parágrafos 3 . e 4 . ao art.41 do Decreto n. 6.214/2007, trouxe a previsão de que o Ministério doDesenvolvimento Social e Agrário e o INSS deverão integrar suas bases dedados quanto às informações que compõem a base de dados do CadÚnico ecompartilhá-las com o Cadastro-Inclusão, instituído pelo art. 92 da Lei n.13.146/2015, quando se tratar de informação referente a pessoa comde�ciência. Até que esteja concluída esta integração das bases de dados, oMinistério do Desenvolvimento Social e Agrário deverá fornecer ao INSS,mensalmente, as informações do CadÚnico necessárias à concessão e àmanutenção do Benefício de Prestação Continuada, em especial aquelasrelativas à composição do grupo familiar, à renda de todos os integrantes.
O Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) é um instrumento decoleta de dados e informações com o objetivo de identi�car todas as famíliasde baixa renda existentes no País. Devem ser cadastradas as famílias com rendamensal de até meio salário mínimo por pessoa. Famílias com renda superior aesse critério poderão ser incluídas no CadÚnico, desde que sua inclusão estejavinculada à seleção ou ao acompanhamento de programas sociaisimplementados pela União, estados ou municípios.
O CadÚnico é constituído por sua base de dados, instrumentos, procedimentose sistemas eletrônicos, e sua base de informações pode ser usada pelosgovernos municipais, estaduais e federal para obter o diagnósticosocioeconômico das famílias cadastradas. Dessa forma, o CadÚnico possibilitaa análise das principais necessidades das famílias cadastradas e auxilia o poderpúblico na formulação e gestão de políticas voltadas a esse segmento dapopulação.
A coleta dos dados das famílias deve ser realizada por meio do preenchimentodo formulário do CadÚnico. Cada formulário deve identi�car apenas umafamília. Os cadastros são processados pelo Agente Operador do Cadastro Único(Caixa Econômica Federal – CEF), que é responsável por atribuir a cada pessoada família cadastrada um número de identi�cação social (NIS) de caráterúnico, pessoal e intransferível. Por meio do NIS os operadores do Cadastro
o o
Único podem localizar as pessoas cadastradas, atualizar dados do cadastro,veri�car a situação do benefício (caso exista) e realizar as ações de gestão debenefícios.
As principais informações das famílias cadastradas são:
características do domicílio (número de cômodos, tipo de construção,tratamento da água, esgoto e lixo);1. composição familiar (número de componentes, existência de pessoas com,de�ciência);2. identi�cação e documentação de cada componente da família;3. quali�cação escolar dos componentes da família;4. quali�cação pro�ssional e situação no mercado de trabalho;5. remuneração; e6. despesas familiares (aluguel, transporte, alimentação e outros).7. 
Declaração de renda
As informações para o cálculo da renda familiar mensal per capita devem serdeclaradas no momento da inscrição da família do requerente no CadÚnico,�cando o declarante sujeito às penas previstas em lei no caso de omissão deinformação ou de declaração falsa.
Por ocasião do requerimento do benefício, o requerente deve rati�car asinformações declaradas no CadÚnico.
Na análise do requerimento do benefício, o INSS confrontará as informações doCadÚnico, referentes à renda, com outros cadastros ou bases de dados deórgãos da administração pública disponíveis, prevalecendo as informações queindiquem maior renda se comparadas àquelas declaradas no CadÚnico.
Compete ao INSS e aos órgãos autorizados pelo Ministério do DesenvolvimentoSocial e Agrário, quando necessário, veri�car junto a outras instituições,inclusive de previdência, a existência de benefício ou de renda em nome dorequerente ou bene�ciário e dos integrantes da família.
Na hipótese de as informações do CadÚnico serem insu�cientes para a análiseconclusiva do benefício, o INSS comunicará o interessado, o qual deveráatualizar seu cadastro junto ao órgão local responsável pelo CadÚnico no prazode trinta dias.
Quando o requerente for pessoa em situação de rua deve ser adotado, comoreferência, o endereço do serviço da rede sócioassistencial pelo qual estejasendo acompanhado, ou, na falta deste, de pessoas com as quais mantémrelação de proximidade, assim considerada como sendo aquela que seestabelece entre o requerente em situação de rua e as pessoas indicadas pelopróprio requerente como pertencentes ao seu ciclo de convívio que podem
facilmente localizá-lo.
Será consideradofamília do requerente em situação de rua o cônjuge, ocompanheiro, a companheira, os pais e, na ausência de um deles, a madrastaou o padrasto, os irmãos solteiros, os �lhos e enteados solteiros e os menorestutelados, desde que convivam com o requerente na mesma situação.
Pagamento do BPC
O BPC é devido após o cumprimento, pelo requerente, de todos os requisitoslegais e regulamentares exigidos para a sua concessão, inclusive apresentaçãoda documentação necessária, devendo o seu pagamento ser efetuado em atéquarenta e cinco dias após cumpridas todas as exigências.
Atenção: Fica o INSS obrigado a emitir e enviar ao requerente o aviso deconcessão ou de indeferimento do benefício, e, neste caso, com indicaçãodo motivo. Do indeferimento do benefício caberá recurso à Junta deRecursos do Conselho de Recursos da Previdência Social, no prazo de trintadias, a contar do recebimento da comunicação.
O Benefício de Prestação Continuada não está sujeito a desconto de qualquercontribuição e não gera direito ao pagamento de abono anual.
O Benefício de Prestação Continuada é intransferível, não gerando direito àpensão por morte aos herdeiros ou sucessores.
Contudo, o valor do resíduo não recebido em vida pelo bene�ciário será pagoaos seus herdeiros ou sucessores, na forma da lei civil.
No ponto, vale notar que a Portaria Conjunta SPS/INSS/SNAS   n. 2, de19/09/2014, admitia expressamente, no âmbito administrativo, o pagamentode resíduo aos herdeiros de bene�ciário do BPC: ” Art. 47. O BPC éintransferível, não gerando direito à pensão por morte aos herdeiros ousucessores do titular. Parágrafo único. O valor do resíduo não recebido em vidapelo bene�ciário será pago aos seus herdeiros ou sucessores, na forma da leicivil, mediante alvará judicial ou escritura pública, observada a legislaçãoaplicável”. Essa portaria, contudo,   foi revogada pela Portaria ConjuntaMDSA/INSS n. 1, de 03/01/2017.
No julgamento do PEDLEF 0176818-18.2005.4.03.6301, a TNU �rmouentendimento de que o resíduo ou os atrasados do benefício de amparo social,mesmo em se tratando de vantagem de natureza personalíssima, pode ser pagoaos herdeiros, em caso de falecimento do bene�ciário.  A TNU entendeu que amorte do requerente do benefício não deve impedir a veri�cação do mérito dopedido, sobretudo se comprovada a existência de requerimento administrativoque pode dar ensejo a pagamento retroativo do benefício, entre a Data daEntrada do Requerimento (DER) e a Data do Óbito. Assim, comprovados os
requisitos legais, o benefício deve ser concedido mesmo em caso de óbitoposterior ao requerimento, mas apenas para �ns de pagamento das parcelasatrasados, ou seja, das parcelas devidas a partir do requerimento e até o óbitodo bene�ciário. Isto porque apesar do benefício ser personalíssimo e nãocontributivo, o direito às parcelas atrasadas (resíduos) é inquestionável.
A TNU, assim, con�rmou o entendimento de que a impossibilidade detransferência do benefício assistencial recai tão somente no direito aorecebimento e fruição de tal benefício, mas não sobre o direito a eventualrecebimento de resíduos e atrasados dele decorrentes.
No mesmo sentido foi o julgamento do PEDILEF 0003238-80.2011.4.03.6318.
O benefício será pago pela rede bancária autorizada e, nas localidades ondenão houver estabelecimento bancário, o pagamento será efetuado por órgãosautorizados pelo INSS.
O pagamento do Benefício de Prestação Continuada poderá ser antecipadoexcepcionalmente, nos casos de estado de calamidade pública decorrente dedesastres naturais, reconhecidos por ato do Governo Federal, aos bene�ciáriosdomiciliados nos respectivos municípios.
O benefício será pago diretamente ao bene�ciário ou ao procurador, tutor oucurador.
O procurador, tutor ou curador do bene�ciário deverá �rmar, perante o INSSou outros órgãos autorizados pelo Ministério do Desenvolvimento Social eAgrário termo de responsabilidade mediante o qual se comprometa acomunicar qualquer evento que possa anular a procuração, tutela ou curatela,principalmente o óbito do outorgante, sob pena de incorrer nas sançõescriminais e civis cabíveis.
Havendo indícios de inidoneidade acerca do instrumento de procuraçãoapresentado para o recebimento do Benefício de Prestação Continuada ou doprocurador, tanto o INSS como qualquer um dos órgãos autorizados peloMinistério do Desenvolvimento Social e Agrário, poderão recusá-los, semprejuízo das providências que se �zerem necessárias para a apuração daresponsabilidade e aplicação das sanções criminais e civis cabíveis.
O bene�cio devido ao bene�ciário incapaz será pago ao cônjuge, pai, mãe,tutor ou curador, admitindo-se, na sua falta, o pagamento a herdeironecessário, mediante termo de compromisso �rmado no ato do recebimento,por período não superior a seis meses, que poderá ser prorrogado por iguaisperíodos, desde que comprovado o andamento do processo legal de tutela oucuratela.
O bene�ciário, ou seu representante legal, deve informar ao INSS alteraçõesdos dados cadastrais correspondentes à mudança de nome, endereço e estadocivil, a fruição de qualquer benefício no âmbito da Seguridade Social ou deoutro regime, a sua admissão em emprego ou a percepção de renda dequalquer natureza elencada.
Acompanhamento e inserção do
beneficiário e de sua família
Constituem garantias do Suas o acompanhamento do bene�ciário e de suafamília, e a inserção destes à rede de serviços socioassistenciais e de outraspolíticas setoriais.
O acompanhamento do bene�ciário e de sua família visa a favorecer-lhes aobtenção de aquisições materiais, sociais, socieducativas, socioculturais parasuprir as necessidades de subsistência, desenvolver capacidades e talentos paraa convivência familiar e comunitária, o protagonismo e a autonomia.
O acompanhamento deve abranger as pessoas que vivem sob o mesmo tetocom o bene�ciário e que com este mantém vínculo parental, conjugal, genéticoou de a�nidade.
Para o cumprimento destes objetivos, bem como para subsidiar o processo dereavaliação bienal do benefício, os bene�ciários e suas famílias deverão sercadastrados no Cadastro Único para Programas Sociais do GovernoFederal – CadÚnico, previsto no Decreto n. 6.135/2007.
Acumulação, revisão, cessação,
cancelamento e suspensão do BPC
O benefício assistencial de prestação continuada (BPC), ao idoso ou aode�ciente, não pode ser acumulado pelo bene�ciário com qualquer outrobenefício no âmbito da seguridade social ou de outro regime, inclusive oseguro-desemprego, ressalvados os de assistência médica e a pensão especial denatureza indenizatória.
Atenção: A acumulação do benefício com a remuneração advinda docontrato de aprendizagem pela pessoa com de�ciência é limitada ao prazomáximo de dois anos.
A condição de acolhimento em instituições de longa permanência, comoabrigo, hospital ou instituição congênere, não prejudica o direito do idoso ouda pessoa com de�ciência ao benefício de prestação continuada.
O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anospara avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem
(de�ciência e hipossu�ciência econômica).
O Decreto n. 8.805/16, acrescendo os parágrafos 1 ., 2 . e 3 . ao art. 42 doDecreto n. 6.214/2007, trouxe a previsão de que a revisão bienal doBPC/LOAS será feita na forma estabelecida em ato conjunto dos Ministros deEstado do Desenvolvimento Social e Agrário, da Fazenda e do Planejamento,Desenvolvimento e Gestão, e incluirá:
o cadastramento ou a atualização cadastral, a ser realizado Ministério doDesenvolvimento Social e Agrário, dos bene�ciários inscritos no CadÚnico,a cada dois anos;
1. 
a confrontação contínua pelo INSS de informações do CadÚnico com oscadastros de benefícios, emprego, renda ou outras bases dedados de órgãosda administração pública disponíveis, referentes à renda da família dorequerente;
2. 
o cruzamento de dados para �ns de veri�cação de acúmulo do benefíciocom outra renda no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime; e3. a reavaliação médica e social da condição de de�ciência constatadaanteriormente, desde que o impedimento não tenha sido consideradopermanente e que o bene�ciário não tenha superado os requisitos de rendafamiliar mensal per capita.
4. 
Identi�cada a superação de condição para manutenção do benefício, após aatualização das informações junto ao CadÚnico, o INSS deverá suspender oucessar o benefício, conforme o caso.
Serão de�nidos critérios de prioridade e de dispensa da reavaliação dade�ciência, considerados o tipo e a gravidade do impedimento, a idade dobene�ciário e a duração do benefício.
O pagamento do benefício cessa no momento em que forem superadas ascondições legais, ou em caso de morte do bene�ciário, hipótese na qual nãogera pensão por morte aos seus dependentes.
Atenção: O desenvolvimento das capacidades cognitivas, motoras oueducacionais e a realização de atividades não remuneradas de habilitação ereabilitação, entre outras, não constituem motivo de suspensão ou cessaçãodo benefício da pessoa com de�ciência.
A cessação do benefício de prestação continuada concedido à pessoa comde�ciência, inclusive em razão do seu ingresso no mercado de trabalho, nãoimpede nova concessão do benefício, desde que atendidos os requisitos legais.
O benefício será cancelado quando se constatar irregularidade na suaconcessão ou manutenção, ou se veri�cada a não continuidade das condiçõesque lhe deram origem.
Cuidado: Antes do efetivo cancelamento deve haver oportunidade de defesapara o bene�ciário, que é regulada pelo art. 47 do Decreto n. 6.135/2007.
O benefício de prestação continuada será suspenso em caráter especial quando
o o o
a pessoa com de�ciência exercer atividade remunerada, inclusive na condiçãode microempreendedor individual, mediante comprovação da relaçãotrabalhista ou da atividade empreendedora.
Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora e, quando for ocaso, encerrado o prazo de pagamento do seguro-desemprego e não tendo obene�ciário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário, poderá serrequerida a continuidade do pagamento do benefício suspenso, semnecessidade de realização de perícia médica ou reavaliação da de�ciência e dograu de incapacidade para esse �m, respeitado o período de revisão de 2 (dois)anos.
Cuidado: A contratação de pessoa com de�ciência como aprendiz nãoacarreta a suspensão do benefício de prestação continuada, limitado a 2(dois) anos o recebimento concomitante da remuneração e do benefício.
Do benefício assistencial como
obrigação estatal subsidiária
Como visto, o benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com de�ciência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco)anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própriamanutenção nem de tê-la provida por sua família.
O § 3º. do art. 20 da Lei n. 8.742/1993 dispõe que “considera-se incapaz deprover a manutenção da pessoa com de�ciência ou idosa a família cuja rendamensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário-mínimo”, sendo que,para os efeitos da Lei n. 8.742/1993, família é o conjunto de pessoas compostopelo requerente, o cônjuge ou  companheiro, os pais e, na ausência de umdeles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os �lhos e enteadossolteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.
A questão que se coloca, então, é a seguinte: subsiste (ou não) o direito aobenefício mesmo havendo parentes que, embora não incluídos no conceito defamília da Lei n. 8.742/1993, ostentem condição �nanceira de prover àmanutenção da pessoa com de�ciência ou idosa.
Exemplo: Imagine-se que João e Maria, casal de idosos, moram sozinhos e jánão mais trabalham. Maria sempre foi dona de casa e João era dono de umpequeno comércio informal. Eles nunca tiveram emprego formal e nuncacontribuíram para a Previdência como contribuinte individual (ele) oucomo contribuinte facultativo (ela), e por isso não são aposentados. Vivemhoje muito modestamente numa casa própria na periferia de uma grandecidade, e conseguem se manter graças a doações de vizinhos e uma cestabásica que ganham todo mês da Prefeitura. A princípio, teria direito areceber o Benefício de Prestação Continuada (BPC) da LOAS. Contudo, elestêm um �lho, que é médico na mesma cidade, mas que se desentendeu comos pais anos atrás e nunca mais falou com eles, e não contribuí para osustento dos seus ascendentes, embora tenha renda mensal superior a R$20.000,00.
Sob a ótica estrita da Lei n. 8.742/1993, subsiste o direito ao benefício mesmohavendo parentes que, embora não incluídos no conceito de família da Lei n.8.742/1993, ostentem condição �nanceira de prover à manutenção da pessoacom de�ciência ou idosa.
Contudo, a questão deve ser analisada de uma forma mais ampla. Assim,importa ressaltar que a legislação civil prevê a obrigação dos parentes, doscônjuges e dos companheiros de prestar alimentos, especi�camente nos arts.1.694 a 1.710 do Código Civil (Lei n. 10.406/2002).
Em suma, dispõe o CC/02 que:
Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros osalimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a suacondição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação;
1. 
Os alimentos devem ser �xados na proporção das necessidades doreclamante e dos recursos da pessoa obrigada;2. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem benssu�cientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, eaquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque donecessário ao seu sustento;
3. 
O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e �lhos, eextensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximosem grau, uns em falta de outros;
4. 
Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada aordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos comounilaterais;
5. 
Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver emcondições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer osde grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos,todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentadaação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide;
6. 
Se, �xados os alimentos, sobrevier mudança na situação �nanceira de quemos supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz,conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo;e
7. 
A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, oudar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar onecessário à sua educação, quando menor.
8. 
Neste contexto, temos que, que sob a ótica sistemática, a obrigação estatal deassistência social, especi�camente quanto aos benefícios assistenciais deprestação continuada previstos no art. 20 da Lei n. 8.742/1993, é subsidiária àobrigação dos parentes, dos cônjuges e dos companheiros, prevista nos arts.1.694 a 1.710 do Código Civil (Lei n. 10.406/2002).
Assim, cabe primeiramente aos parentes, aos cônjuges e aos companheiros,podendo, prover à subsistência uns dos outros. Apenas na falta deles ou naimpossibilidade de fazê-lo é que cumpre ao Estado, subsidiariamente, assumireste ônus, para garantia da vida e da dignidade da pessoa humana.
Exemplo: Na situação anteriormente exposta, o �lho de João e Maria, aindaque nem mesmo se relacione mais com seus pais, tem o dever leal deprestar-lhes alimentos.Assim, o casal deve ter seus alimentos providos porele (seu �lho), e não pelo Estado.
No ponto, cumpre notar que no julgamento do PEDILEF0517397-48.2012.4.05.8300, a TNU �rmou a tese segundo a qual o “benefícioassistencial de prestação continuada pode ser indeferido se �car demonstradoque os devedores legais podem prestar alimentos civis sem prejuízo de suamanutenção”, em obediência ao princípio da subsidiariedade.
Tal decisão foi fundamentada no próprio texto constitucional, como denota aseguinte passagem:  “A Constituição da República de 1988, a par do deverestatal de assistência social, dispõe que os pais têm o dever de assistir, criar eeducar os �lhos menores, e os �lhos maiores têm o dever de ajudar e ampararos pais na velhice, carência ou enfermidade (art. 229), bem como que   afamília, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade ebem-estar e garantindo-lhes o direito à vida” (art. 230). Essas disposiçõesconstitucionais estão relacionadas à concorrência comum da família, dasociedade e do Estado no desenvolvimento e manutenção de laços decooperação que possam assegurar as condições mínimas de existência digna àspessoas em situação de vulnerabilidade. As condições fáticas e jurídicas quepossam conformar o conjunto dessas prestações não impedem que sejadestacada a relevância da graduação constitucional, expressa no art. 230, dosdeveres de assistência expressamente impostos sucessivamente à família, àsociedade e ao Estado. (…) Nesse sentido, a interpretação do art. 20, §1º, daLei n. 8.742/93, conforme as normas veiculadas pelos arts. 203, V, 229 e 230,da Constituição da República de 1988, deve ser no sentido de que a assistênciasocial estatal não deve afastar a obrigação de prestar alimentos devidos pelosparentes da pessoa em condição de miserabilidade sócio-econômica (arts. 1694e 1697, do Código Civil), em obediência ao princípio da subsidiariedade”.
Assim, temos que o benefício assistencial de prestação continuada somentedeve ser concedido se o requerente não puder ter afastada sua condição de
miserabilidade mediante a prestação de alimentos civis pelos devedores legais.
Estrangeiro residente no Brasil
O artigo 1º. da Lei Orgânica de Assistência Social (Lei n. 8.742/1993) assimdispõe: “A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política deSeguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizadaatravés de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e dasociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas”.
Defende-se, com base neste dispositivo legal, que a nacionalidade é requisitopara a concessão do BPC/LOAS, vez que a Assistência Social é, apenas, direitodo cidadão brasileiro.
Nesse sentido, desde a primeira regulamentação do BPC/LOAS, que veio com aedição do Decreto n. 1.744/1995, limita-se a concessão do benefícioassistencial aos brasileiros natos e naturalizados residentes no país: “Art 4°. Sãotambém bene�ciários os idosos e as pessoas portadoras de de�ciênciaestrangeiros naturalizados e domiciliados no Brasil, desde que não amparadospelo sistema previdenciário do país de origem”.
Ou seja, desde a primeira regulamentação, o estrangeiro residente não poderiareceber o BPC/LOAS, a não ser que se naturalizasse, mantivesse residência noBrasil e não estivesse coberto pelo sistema previdenciário do seu país deorigem.
O artigo 7º., do Decreto n. 6.214/2007, que regulamenta o referido benefício,manteve essa mesma linha, no sentido de limitar a concessão do PPC/LOAS aosbrasileiros natos e aos naturalizados com domicílio no Brasil. O dispositivosofreu modi�cações em sua redação pelo Decreto n. 6.564/2008 e pelo Decreton. 7.617/2011, mantendo contudo sua essência.
Em 2016, com o Decreto n. 8.805/2016, o dispositivo foi novamente alterado,de modo que sua redação atual é a seguinte: “O Benefício de PrestaçãoContinuada é devido ao brasileiro, nato ou naturalizado, e às pessoas denacionalidade portuguesa, em consonância com o disposto no Decreto n.7.999, de 8 de maio de 2013, desde que comprovem, em qualquer dos casos,residência no Brasil e atendam a todos os demais critérios estabelecidos nesteRegulamento”.
Ou seja, a regulamentação optou por destinar o BPC/LOAS apenas aosbrasileiros – natos ou naturalizados – e aos portugueses que residam emterritório nacional. Os demais estrangeiros residentes foram excluídos daproteção, mesmo que estejam fora do sistema previdenciário de seu país deorigem.
A base para tal discrímen é a seletividade e distributividade, que permitiriam
ao legislador escolher quais são os bene�ciários atingidos e seus requisitos (art.194, III, da CF/88).
Outro argumento trazido é a falta de reciprocidade de proteção aos brasileirosresidentes nos países estrangeiros. Assim, se o brasileiro residente em umdeterminado país estrangeiro não tem direito à proteção assistencial, oestrangeiro nacional de tal país também não poderia ser tutelado pelo nossosistema nacional de assistência social.
E, como ainda não há tratados internacionais �rmados pelo Brasil acerca decooperação em Assistência Social, não pode haver tal tutela especial, devendoser pago, apenas, aos nacionais brasileiros que residam neste território.
Argumenta-se também que não há prévia fonte de custeio total para obenefício, vez que a lei só tutela os nacionais residentes.
Por �m, especula-se que a concessão do BPC/LOAS a estrangeiros pode gerar aimigração de pessoas em estado de miserabilidade oriundas de países vizinhosao Brasil.
Contudo, essa exigência não deve prosperar. Isto porque o estrangeiroresidente em território nacional tem autorização para tal e, por isso, deve sertutelado. Só assim o sistema de Assistência Social será universal, e sematerializará o comando constitucional que coloca a vida e a dignidade dapessoa humana como fundamentos da República Federativa do Brasil, eexpressamente veda qualquer tipo de discriminação e prega a solidariedadesocial.
Ademais, pode-se ainda argumentar o seguinte:
O uso da expressão “direito do cidadão e dever do Estado” no artigo 1º. daLei Orgânica de Assistência Social (Lei n. 8.742/1993) nitidamente não teveo intuito de destinar a concessão do benefício BPC/LOAS apenas aosnacionais residentes no território nacional. Parece óbvio que o legisladorvaleu-se apenas de uma expressão comum no Brasil para tão somenteressaltar o caráter não contributivo da assistência social. E cidadania sequeré sinônimo de nacionalidade, entendida como vínculo do nacional com oseu Estado Pátrio, o qual gera certos direitos decorrentes de tal condição. Jácidadania é uma condição que permite ao nacional o gozo de certos direitospolíticos. Mais especi�camente, tendo como pressuposto a condição denacional, o indivíduo adquire a cidadania de forma gradual, a partir daidade superior a 16 anos, mediante alistamento eleitoral, que consiste naquali�cação e inscrição perante a Justiça Eleitoral para habilitação aoexercício do direito de voto. Partindo do pressuposto que a LOAS utilizou aterminologia jurídica correta, o nacional brasileiro menor de 16 anos jamaispoderia ser objeto de atuação da Assistência Social. Obviamente que talutilização terminológica está totalmente equivocada, vez que a proteção àinfância é um dos objetivos da Assistência Social. Assim, mais do queevidente que a Lei não quis ser restritiva quando colocou a expressão“cidadão” em seu texto. Interpretar de tal maneira seria, por demais,
1. 
equivocado, impossibilitando a atuação da Assistência Social a uma grandeparcela da população que integra seus objetivos.O Estatuto do Estrangeiro (Lei n. 6.815/1980) garante expressamente otratamentoigualitário entre estrangeiros residentes e os nacionaisbrasileiros em seu art 95: “O estrangeiro residente no Brasil goza de todosos direitos reconhecidos aos brasileiros, nos termos da Constituição e dasleis”. Ora, se o estrangeiro residente no Brasil goza dos mesmos direitosreconhecidos aos brasileiros, nos termos da Constituição e das Leis,impossível excluí-lo do âmbito de concessão do BPC/LOAS.
2. 
Relembre-se que o BPC/LOAS é um dos objetivos constitucionais daAssistência Social (art. 203, V, CF/88), e a Constituição não o restringeapenas aos idosos e às pessoas com de�ciências brasileiros: a CFexpressamente determina que a assistência social será prestada a quem delenecessitar.
3. 
A própria Lei n. 8.742/1993, a despeito do uso da expressão “cidadão” emseu art. 1 ., de forma geral e abstrata, não repetiu igual expressão quandotratou especi�camente do BPC/LOAS em seu art. 20, garantindo o BPC àpessoa com de�ciência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou maisque comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem detê-la provida por sua família, sem fazer qualquer distinção entre brasileirosnatos, naturalizados ou estrangeiros para a sua concessão.
4. 
Por �m, a Lei n. 8.742/1993 instituiu o princípio da “igualdade de direitosno acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza” (art.4º, IV).
5. 
Por todos estes motivos, parece claro que o Decreto n. 6.214/2007, queregulamenta a Lei n. 8.742/1993, extrapolou o poder regulamentar, sendoassim ilegal a limitação do direito ao BPC/LOAS apenas a nacionais brasileiros,natos ou naturalizados, pois tal limitação não encontra o devido amparo na Leique visa regulamentar, é contrária a regra expressa do Estatuto do Estrangeiro,e ainda mais se mostra con�itante com diversos princípios constitucionais.
A questão foi julgada pelo STF no RE 587.970, cuja repercussão geral do temafoi reconhecida em 25/06/2009, in verbis: “Possui repercussão geral acontrovérsia sobre a possibilidade de conceder a estrangeiros residentes no paíso benefício assistencial previsto no artigo 203, inciso V, da Carta da República”(Tema n. 173).
Em 2017 o julgamento foi concluído. Por unanimidade, o pleno do SupremoTribunal Federal (STF) �xou a tese de que “os estrangeiros residentes no paíssão bene�ciários da assistência social prevista no artigo 203, inciso V, daConstituição Federal, uma vez atendidos os requisitos constitucionais e legais”.
Em seu voto, o relator do recurso, ministro Marco Aurélio, destacou acontribuição dos estrangeiros na formação da nação brasileira, a�rmando quea Constituição Federal não fez distinção entre brasileiro nato ou naturalizado eestrangeiro residente no país quando assegurou assistencial social aosdesamparados. “Ao lado dos povos indígenas, o país foi formado porimigrantes, em sua maioria europeus, os quais fomentaram o desenvolvimentoda nação e contribuíram sobremaneira para a criação e consolidação da cultura
o
brasileira”, a�rmou. “Desde a criação da nação brasileira, a presença doestrangeiro no país foi incentivada e tolerada, não sendo coerente com ahistória estabelecer diferenciação tão somente pela nacionalidade,especialmente quando a dignidade está em xeque, em momento de fragilidadedo ser humano, idade avançada ou algum tipo de de�ciência”.
O relator citou o artigo 5º (caput) da Constituição Federal, que trata doprincípio da igualdade e da necessidade de tratamento isonômico entrebrasileiros e estrangeiros residentes no país. “São esses os parâmetros materiaisdos quais se deve partir na interpretação da regra questionada”, observou. Parao ministro Marco Aurélio, o fato de a Lei Orgânica da Assistência Social (Lei8.742/1993) silenciar quanto à concessão de benefícios aos estrangeirosresidentes no país não se sobrepõe ao espírito da Constituição. “O textofundamental estabelece que a assistência social será prestada a quem delanecessitar, sem restringir os bene�ciários somente aos brasileiros natos ounaturalizados”, asseverou. “Quando a vontade do constituinte foi de limitareventual direito ou prerrogativa a brasileiro ou cidadão, não deixou margempara questionamentos”.
Segundo o relator, ao delegar ao legislador ordinário a regulamentação dobenefício, o texto constitucional o fez tão somente quanto à forma decomprovação da renda e das condições especí�cas de idoso ou portador denecessidades especiais. “Não houve delegação relativamente à de�nição dosbene�ciários, pois esta de�nição já está contida no inciso V do artigo 203 daConstituição Federal. No confronto de visões, deve prevalecer aquela quemelhor concretiza o princípio constitucional da dignidade humana, deobservância prioritária no ordenamento jurídico”, concluiu.
Ao acompanhar o voto do relator, o ministro Alexandre de Moraes observouque o critério adotado pela Constituição para assegurar direitos aosestrangeiros foi o da territorialidade (estar residindo no Brasil), e não denacionalidade, não havendo qualquer exigência de reciprocidade por parte deoutros países aos brasileiros residentes no exterior, como alegou o INSS. Oministro também rejeitou a alegação de que a decisão teria impactomigratório, pois, dentre os estrangeiros o�cialmente residentes no país, sãopoucos aqueles que pedem tal benefício.
Para o ministro Edson Fachin, o desate jurídico da questão não pode reduzir oconceito de pessoa previsto na Constituição. A ministra Rosa Weber concordouque a nacionalidade brasileira não pode ser requisito para a concessão dobenefício, e que a interpretação da legislação infraconstitucional precisa serfeita “sempre à luz do norte constitucional”.
O ministro Luiz Fux ressaltou que o caput do artigo 5º da Constituição é claroao dispor que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquernatureza entre os brasileiros e os estrangeiros residentes no país. O ministroRicardo Lewandowski classi�cou de “retrógrada e ofensiva ao princípio dadignidade da pessoa humana” a tese do INSS. A presidente do STF, ministraCármen Lúcia, a�rmou que a decisão dá concretude ao princípio da dignidadehumana.
De todo modo, é imperativo diferenciar um estrangeiro irregular e oestrangeiro residente para �ns de concessão do BPC/LOAS. Isto porque não étodo e qualquer estrangeiro que pode permanecer no território brasileiro,havendo requisitos para a concessão do visto permanente.
No ponto, note-se que o Brasil não requer visto de entrada para os nacionais damaioria dos países da América latina e da Europa ocidental. O ingresso de umestrangeiro com passaporte não visado faz presumir que sua presença no paísserá temporária: jamais a dispensa do visto poderia interpretar-se comoabertura generalizada à imigração.
Assim, não é porque para alguns países o Brasil não exige visto de entrada queo estrangeiro pode aqui ingressar e livremente permanecer. Se aquipermanecer de forma irregular ou clandestina pode e deve ser deportado pelasautoridades.
Estrangeiro só pode ser residente no território nacional se expressamentepermitido, através da concessão de um visto especial.
Os requisitos para a concessão do visto permanente estão previstos no Estatutodo Estrangeiro, Lei nº 6.815, de 1980.
Conforme dispõe o EE, o visto permanente poderá ser concedido ao estrangeiroque pretenda se �xar de�nitivamente no Brasil. A imigração objetivará,primordialmente, propiciar mão-de-obra especializada aos vários setores daeconomia nacional, visando à Política Nacional de Desenvolvimento em todosos aspectos e, em especial, ao aumento da produtividade, à assimilação detecnologia e à captação de recursos para setores especí�cos. Para obter vistopermanente o estrangeiro deverá satisfazer, além dos requisitos referidos

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