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Laís Kemelly – M6P1 abertura Intoxicação introdução Agentes tóxicos são substâncias químicas capazes de causar danos a um sistema biológico, alterando uma função ou levando-o à morte. ↳ A intensidade de ação do agente depende de fatores como concentração e tempo de exposição. Intoxicação é a manifestação do efeito tóxico e corresponde ao conjunto de sinais e sintomas decorrentes do desiquilíbrio produzido pela interação do agente tóxico com o organismo. Toxicidade é a capacidade inerente e potencial do agente tóxico de provocar efeitos nocivos em organismos vivos. ↳ Fatores que influenciam: frequência de exposição, duração da exposição, via de administração da substância. Ação tóxica é a maneira pela qual um agente tóxico exerce sua atividade sobre as estruturas teciduais, seu mecanismo de ação. Quando um organismo é exposto à várias substâncias de forma simultânea, os fatores que interferem na toxicidade delas podem ser alterados. Logo, a resposta final também pode ser alterada, podendo ter: • Efeito aditivo: efeito final é a soma dos efeitos de cada um dos agentes envolvidos • Efeito sinérgico: o efeito final dessa associação é maior do que a soma do efeito de cada agente separadamente • Potencialização: o efeito de um agente é aumentado quando ele é combinado com outro, que não precisa ser tóxico. • Antagonismo: efeito diminuído, inativado ou eliminado devido à combinação. • Reação idiossincrática: um efeito inesperado no organismo, reação anormal. Pode ser uma reação adversa à quantidades muito baixas de intoxicantes ou uma tolerância à doses letais • Reação alérgica: quando o organismo é sensibilizado por ter tido contato prévio com a substância e desenvolve uma resposta imune para ela. classificações De acordo com o tempo de exposição: • Intoxicação aguda: pode ser por um único contato ou por múltiplos contatos no período de 24 horas. Os efeitos podem ser imediatos ou aparecer em até 2 semanas. • Intoxicação sobreaguda: exposição durante até 24h a um mês • Intoxicação subcrônica: exposição durante 1 a 3 meses. • Intoxicação crônica: exposição durante período prolongado, de 3 meses até anos. De acordo com severidade: • Leve: intoxicações rapidamente reversíveis, efeitos desaparecem com o fim da exposição maior do que a soma oma efeito aumentado quando ele é combinado iminuído, Laís Kemelly – M6P1 abertura • Moderada: distúrbios reversíveis e não são suficientes para provocar danos. • Severa: mudanças irreversíveis e que podem causar lesões graves/morte Segundo a EPA: • Local aguda: efeitos sobre a pele, membranas mucosas e olhos, exposição de segundos até horas. • Sistêmica aguda: efeitos nos diversos sistemas orgânicos após absorção de substâncias por diversas vias, exposição de segundos até horas. • Local crônica: efeitos sobre pele e olhos após repetidas exposições durante meses e anos. • Local sistêmica: efeitos nos sistemas orgânicos após repetidas exposições por longos períodos de tempo. Local -> mucosas Sistêmica -> absorção Os agrotóxicos também são classificados quanto aos seus efeitos à saúde: • Classe I: extremamente tóxico • Classe II: altamente tóxico • Classe III: medianamente tóxico • Classe IV: pouco tóxico • Classe V: muito pouco tóxico intoxicação É um processo patológico marcado por desequilíbrio fisiológico devido às alterações bioquímicas que o agente toxicante causa no organismo. O processo de intoxicação possui quatro fases: • Exposição: contato das superfícies do organismo (interna ou externa) com o toxicante. Fatores como a via de introdução, frequência e duração da exposição, propriedades do agente, dose e concentração interferem na evolução do processo. • Toxicocinética: processos que interferem na relação entre a disponibilidade química e a concentração do agente em diferentes locais do organismo. Possui fases: absorção, distribuição, armazenamento, biotransformação e excreção. • Toxicodinâmica: interação entre as moléculas do intoxicante e os sítios de ação dos órgãos. É aqui que acontece a alteração do equilíbrio homeostático. • Clínica: quando sinais e sintomas são evidenciados e existem alterações patológicas detectáveis devido à interação do intoxicante com o organismo. toxicocinética É a fase que o organismo atua sobre o agente tóxico com o objetivo de diminuir ou impedir a ação nociva que ele desencadeará. Ao fim de todo o processo, o que resulta é a quantidade de toxicante que vai, de fato, interagir com o sítio-alvo. 1. ABSORÇÃO Quando o agente tóxico passa do meio externo para o interno, sendo introduzido no organismo e entrando na circulação sistêmica. É a interação do agente químico com a membrana celular da mucosa pela qual ele será absorvido: vias respiratórias, via dérmica ou via intestinal. VIA DÉRMICA A pele é composta por diversas camadas e confere proteção ao organismo. Porém, algumas substâncias químicas conseguem ser absorvidas, principalmente através dos folículos pilosos e células epidérmicas. As células de Langerhans, presentes na camada espinhosa da pele, podem fagocitar o agente químico estranho e favorecer sua entrada na circulação sistêmica Laís Kemelly – M6P1 abertura Essa é a via mais frequente na intoxicação por agrotóxicos. Fatores como tempo de exposição, hidro e lipossolubilidade, tamanho da molécula, temperatura e etc. interferem na absorção por essa via. Efeitos tópicos podem ser corrosão, sensibilização e mutação. Os sistêmicos resultam na ação do toxicante em tecidos distantes. VIAS RESPIRATÓRIAS Muitas intoxicações ocupacionais (no ambiente de trabalho) ocorrem por aspiração de susbtâncias contidas no ar. Como o fluxo sanguíneo nesse sistema é continuo, a dissolução dos agentes químicos é favorecida. Agentes passíveis de sofrer absorção pulmonar: gases, vapores, aerodispersóides. As partículas podem ficar retidas nas vias aéreas superiores, mas isso depende de fatores como: diâmetro da partícula, hidrossolubilidade, condensação e temperatura. Quanto maior a hidrossolubilidade da partícula, maior sua chance de ficar retida no local, já que o trato respiratório é um ambiente úmido. Os alvéolos são os locais de contato entre duas fases: a gasosa (ar alveolar) e a líquida (sangue). Por isso, quando um agente tóxico é inalado ele pode passar para a circulação sistêmica durante o processo de hematose. O agente pode se dissolver fisicamente no sangue ou combinar-se quimicamente com elementos sanguíneos. De ambas as formas, alcançará a circulação sistêmica. Nem todas as partículas são removidas ou absorvidas, podendo ficar retidas na região alveolar. Quando isso acontece, as pneumoconioses são causadas. VIA ORAL/DIGESTIVA Passando pelo TGI, o agente pode ser absorvido da boca até o reto. A absorção na mucosa oral é limitada devido ao pouco tempo de contato com esse local. A maior parte da absorção é feita no intestino, tal como uma absorção normal, por conta da presença das microvilosidades. 2. DISTRIBUIÇÃO É o transporte do agente tóxico para o resto do organismo. Enquanto está circulando para atingir seu sitio-alvo, o agente pode ser biotransformado, ligar-se ao sitio de ação, ser eliminado, ligar- se a eritrócitos ou ser armazenado. Fatores que interferem na distribuição e acúmulo do agente: • Irrigação do órgão: quanto maior a vascularização do local, maior a possibilidade do agente ser dissolvido e ter sua distribuição facilitada. • Conteúdo aquoso ou lipídico: o agente tóxico terá afinidade por ambientes apolares ou não, a depender de sua composição química. Principais locais de armazenamento: • Proteínas plasmáticas • Fígado • Rins • Tecido ósseo • Tecido adiposo 3. BIOTRANSFORMAÇÃO Quando processo enzimáticos geram alterações químicas ou estruturais nas substâncias presentesno organismo, com o objetivo de diminuir ou cessar sua toxicidade e facilitar a excreção Reduzir a possibilidade de uma substância causar uma resposta tóxica por mecanismos de defesa do organismo. Laís Kemelly – M6P1 abertura Pode ocorrer em qualquer órgão ou tecido orgânico, mas é preferencialmente realizada no fígado. Ao fim do processo, produtos estáveis devem ser gerados. Caso a biotransformação ainda resulte em intermediários reativos, eles passarão por processo de desintoxicação enzimática. Se esse processo não for efetivo, o agente poderá causar seus efeitos • Citotoxicicade: propriedade nociva de uma célula em relação às outras, uma célula mata outra. • Genotoxicidade: quando os agentes danificam o material genético de uma célula. • Sensibilização: capacidade adquirida de reagir a um composto após o primeiro contato com ele. (organismo produz anticorpos que ficam de prontidão para próximas exposições) 4. EXCREÇÃO Pode ser através da urina, bile, fezes, ar expirado, leite, suor e outras secreções. Existem classes de excreção, são elas: • Através de secreções (biliar, sudorípara, lacrimal, etc) • Através de excreções (urina, fezes, catarro) • Pelo ar expirado Assim como em todos os processos, existem fatores que interferem na velocidade e via de excreção. • Via de introdução: interfere em todos os processos porque está intimamente ligada ao modo pelo qual a substância foi absorvida • Afinidade por elementos do sangue e outros tecidos: o agente é mais fácil de ser liberado se estiver em sua forma livre. Ou seja, quando menor for sua afinidade e capacidade de ligação com outros elementos, maior sua taxa de excreção. • Facilidade de biotransformação: quando a substância tem características polares (afinidade com a água), a excreção via urina é facilitada. • Frequência respiratória: interfere na eliminação pelo ar expirado. • Função renal: é a principal via de excreção, já que é responsável pelo processo de filtração do sangue e etc. Disfunções renais interferem na velocidade e proporção da excreção e contribuem para aumento dos efeitos tóxicos no organismo. toxicodinâmica É o processo de interação do agente com seus sítios- alvo, levando ao processo de intoxicação propriamente dito. Alterações bioquímicas, morfológicas e funcionais. É nessa fase que ocorrem as interações entre substâncias (foi citado lá no início), que podem aumentar ou diminuir o efeito tóxico. • Adição: efeito induzido pelos dois é a soma de seus efeitos individuais • Sinergismo: o efeito da associação é maior do que o efeito da soma de cada um • Potenciação: quando um tóxico e um não tóxico interagem, e essa interação acaba aumentando os efeitos do tóxico sobre o organismo. • Antagonismo: redução dos efeitos de um agente quando ele é combinado com outros Laís Kemelly – M6P1 abertura agrotóxicos São substâncias químicas utilizadas no controle de pragas e doenças de plantas. Entretanto, podem apresentar efeitos nocivos à saúde, sendo classificados de acordo com sua toxicidade em níveis de 1 (extremamente tóxico) a 4 (pouco tóxico). Como eles têm esse potencial de toxicidade, devem passar pela etapa obrigatória de registro, que é um instrumento básico do processo de controle ambiental. Esse processo tem o objetivo de maximizar benefícios e diminuir riscos, e avalia: • Características agronômicas, toxicológicas e ecotoxicologicas de cada substância. • Estabelece restrições de uso e as recomendações necessárias para o uso de cada tipo. A proibição de registro ocorre em casos de: • Agrotóxicos para os quais o Brasil não disponha de métodos para a desativação de seus componentes • Para os quais não haja antidoto ou tratamento eficaz no país • Que tenham características teratogênicas (comprometimento do desenvolvimento fetal), cinogênicas ou mutagênicas • Com características que causem danos ao meio ambiente Organofosforados Organoclorados Carbamatos Piretróides Raticidas Cumarínicos organofosforados e carbamatos Mecanismo de ação: inibição da acetilcolinesterase: o estímulo não cessa. Enzima importante na degradação da Ach, neurotransmissor responsável pela transmissão dos impulsos no SNC e SNP. Essa degradação garante a “reciclagem” da Ach após a transmissão do impulso nervoso. Causam um distúrbio de crise colinérgica: constante estimulação, já que a enzima não é degradada. Nos organofosforados, o fósforo forma uma ligação covalente e estável com a enzima. Essa reação é irreversível e a regeneração da enzima é lenta, não acontece de maneira espontânea. O retorno da normalidade depende da formação de novas moléculas de acetilcolinesterase. No caso dos carbamatos, a inibição da enzima é mais reversível (aka, a ligação entre eles e a enzima é mais fraca do que nos organofosforados). A acetilcolinesterase pode voltar à sua atividade normal de forma rápida e espontânea. Formação de um complexo reversível (1), que sofre carbamilação irreversível (2) da enzima. Ou seja, não tem como voltar, espontaneamente, para a fase anterior. Em seguida, ocorre a descarbimilação (3) por hidrólise, que libera a Ach e o carbamato, já sem atividade. EFEITOS TÓXICOS Os sintomas surgem em poucos minutos ou em até 12 horas após o contato. A intensidade deles depende da toxicidade da substância, da dose, via de exposição, taxa de absorção, biotransformação e eliminação e se houveram ou não exposições prévias. estimulação da transmissão -> depressão -> paralisia Inseticidas Laís Kemelly – M6P1 abertura Efeitos muscarínicos: salivação excessiva, lacrimejamento, liberação de esfíncter vesical (causa contração da parede), broncoconstrição. Efeitos nicotínicos: fraqueza muscular, taquicardia (excitatório do coração), miose TRATAMENTO Medidas de ordem geral • Oxigenação: fundamental para evitar convulsões e manter a função cardiorrespiratória. • Lavagem gástrica: em casos de ingestão em até 24h. A emêse não é recomendada, pois seria um segundo contato das mucosas com o agente. Administrar carvão ativado após o término da lavagem. • Lavar com solução alcalina: em casos de exposição cutânea, pois os compostos são instáveis em meio alcalino. Recomenda-se bicarbonato de sódio. • Diazepam: inibe os potenciais efeitos no SNC Medidas específicas • Administração de atropina: é um fármaco de ação anticolinérgica com efeito antimuscarínico (só deve ser administrada em quadros que esses efeitos são evidentes) • Administração de oximas: capacidade de regenerar a colinesterase e permite o retorno à função normal, pois se ligam ao fosforado e “a liberam”. A eficácia depende do tempo que levou para iniciar o tratamento. organoclorados Mecanismo de ação: lentificam o fechamento dos canais de sódio voltagem-dependentes. Permite maior entrada de íons positivos no meio intracelular, dificultando a repolarização e permitindo estímulo contínuo. Podem ser absorvidos via oral, transdérmica ou inalatória. Eles têm alta lipossolubilidade e alta capacidade de acumular-se nas células gordurosas dos organismos. Por isso, podem permanecer no ambiente por muitos anos -> bioacumulação/biomagnificação piretróides Mecanismo de ação: prolongam período de abertura dos canais de sódio. Os piretróides são classificados em Tipo I e Tipo II, de acordo com sua estrutura química (ausência ou não do ciano em sua cadeia alfa). Piretróides tipo I: causam descargas neuronais repetidas e um período maior de repolarização. No entanto, essas descargas não são acompanhadas de uma grande despolarização da membrana, logo, não há o bloqueio na condução do impulso. Piretróides tipo II: maior atraso na inativação do canal de Na+, causando despolarização persistente na membrana, bloqueiona condução nos axônios e estimulação repetitiva de fibras musculares e órgãos sensoriais. TRATAMENTO É de suporte, para controle dos sintomas, já que não há antídoto específico. • Manter funções vitais e controle de convulsões por Diazepam. • Lavar o local com água fria e sabonete para o contato dérmico. • Administração de carvão ativado e lavagem gástrica em casos de altos níveis de ingestão. cumarínicos Mecanismo de ação: inibidores da vitamina K. Essa inibição interfere diretamente na ativação de fatores importantes para a coagulação, como 2, 7, 9, 10. Isso prolonga o tempo de protrombina. Laís Kemelly – M6P1 abertura EFEITOS TÓXICOS Sangramentos espontâneos, sintomas de anemia. TRATAMENTO Transfusão de plasma fresco congelado ou cristaloides para reposição volêmica.
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