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TESTES PSICOLOGICOS: CONCEITOS, HISTORIA, TIPOS E USO. AVALIAÇÃO PSICOLOGICA ● Uma das manifestações técnicas da avaliação psicológica. Visa, através dos mais variados métodos e técnicas, descrever e classificar o comportamento dos outros com o objetivo de enquadra-lo dentro de alguma tipologia. Acrescenta algo de cunho cientifico por esta baseado no método científico da observação e inferências feitas a partir dela. AVALIAÇÃO NÃO-PROFISSIONAL ● Todos nós fazemos, constitui uma habilidade necessária para própria sobrevivência. Trata-se da habilidade do ser humano de poder interpretar o comportamento dos outros e, assim, realizar as adaptações necessárias em seu próprio comportamento para se inserir na comunidade e poder nela sobreviver. Deriva da capacidade de decodificar e interpretar o comportamento verbal e não-verbal, essas interpretações tendem a criar no outro, respostas de caráter afetivo a favor ou contra o sujeito que se comporta. AVALIAÇÃO PROFISSIONAL ● A necessidade de avaliar as condições e aptidões psicológicas de uma pessoa veem desde muito antigamente. A exigência da avaliação está fundamentada no fato de que todo o ser humano deve ser responsável, ou seja, dar conta do que faz. ● A avaliação psicológica deve ser constituir como um processo integrado, não se limitando somente a um certo tipo de técnica (testes psicológicos por exemplo, que predominam no campo), mas sim fazendo uso da técnica mais adequada a depender do caso, visando alguma intervenção. ● Assim ele comporta quatro etapas: identificar, integrar, inferir e intervir. CONCEITUAÇÃO DE TESTES PSICOLOGICOS ● Um teste é um procedimento sistemático para observar o comportamento e descreve-lo com a ajuda de escalas numéricas e categorias fixas. Consiste em inserir o sujeito numa situação em que ele deve executar algumas tarefas, também previamente definidas e estabelecidas, sendo suas respostas descritas geralmente por meio de números. ● Um conjunto de tarefas pré-definidas que o sujeito precisa executar numa situação geralmente artificializada ou sistematizada, em que o seu comportamento na situação vai ser observado, descrito e julgado, e essa descrição é feita geralmente usando numeros. ● Definir Testes Psicologicos no sentido episdemologico depende de duas visões opostas: Monista: entende no fundo o homem como um puro animal, um tanto sofisticado, e expressa essa sofisticação no adjetivo “racional”. Logo vai definir testes psicologicos como um conjunto de tarefas ou comportamentos para prever ou representar outro conjunto de comportamentos ou comportamentos futuros do sujeito. Dualista: entende o ser humano como um animal mais uma mente, esta ultima tendo o adjetivo “racional” a definindo. Logo também vai definir os testes como um conjunto de tarefas ou comportamentos sim, mas esses como representações físicas do objeto de interesse do psicologo, sendo esse objeto a mente. HISTORIA DOS TESTES PSICOLOGICOS ● Década de Galton (1880): seus trabalhos visavam avaliar as aptidões humanas através da medida sensorial, ele acreditava que as operações intelectuais poderiam ser avaliadas através de medidas sensoriais, uma vez que todas as informações chegariam pelos sentidos. Preocupou-se em estabelecer os parâmetros das dimensões ideias dos sentidos. Seu trabalho terá um enorme impacto na orientação prática e teórica da psicometria, essa contribuição ocorreu em três etapas: 1. Criação de testes antropométricos: medida da discriminação sensorial onde desenvolveu testes cujo os conceitos ainda são utilizados. 2. Criação de escalas de atitudes: escalas de pontos, questionários e associação livre, que ele utilizava após as medidas sensoriais para investigar as reações mais afetivas e emocionais do sujeito durantes os testes que fazia. 3. Desenvolvimento e simplificação de métodos estatísticos: método de análise quantitativa dos dados que coletava com seus testes, tarefa está levada adiante pelo seu famoso discípulo Karl Pearson. ● Década de Cattel (1890): desenvolveu suas medidas das diferenças individuais e inaugurou a terminologia “teste mental”. Elaborou sua tese sobre diferenças individuais no tempo de reação, estava em busca das diferenças individuais. Cattel seguiu as ideias de Galton, dando ênfase as medidas sensoriais, porque elas permitiam maior precisão. Percebeu que medidas objetivas para funções mais complexas não produziam efeitos condizentes com o desempenho acadêmico, com tudo seus próprios testes não apresentavam resultados congruentes entre sí e nem correspondiam ao desempenho dos alunos. ● Década de Binet (1900): predominava o interesse nas aptidões humanas visando a predição na área acadêmica e na área de saúde. Binet e Henri começaram com uma crítica aos testes até então utilizados alegando: 1. Ou eram puramente medidas de cunho sensorial que, embora permitindo maior precisão, não tinham relação importante com as funções intelectuais. 2. Ou eram testes de conteúdo intelectual que se dirigiam a atividades demasiadamente específicas (memorizar, calcular etc...) quando deviam se orientar para medir funções mais amplas como memória, imaginação, atenção, compreensão etc.. Desenvolveram o famoso teste dos 30 itens para cobrir uma gama variada de funções com o objetivo de avaliar o nível de inteligência de crianças e adultos, no qual estavam especialmente focados em detectar o retardo mental. Este foco em testes com conteúdo cognitivo (e não sensorial) e cobrindo funções mais amplas fez grande sucesso nos anos subsequentes, especialmente nos EUA, inaugurando de vez a era dos testes, inclusive com a introdução do Q.I., este coeficiente substituiu a forma de expressar o nível intelectual do sujeito em termos de idade mental. No que se refere especialmente a psicometria ou dos testes, essa década também teve Spearman como figura significante, que foi quem deu os fundamentos da teoria psicométrica básica. ● Era dos testes de inteligência (1910 – 1930): essa era se desenvolveu sob a influência de: 1. Testes de Inteligência de Binet e Simon. 2. Artigo de Spearman sobre o fator G. 3. A revisão do teste de Binet. 4. Impacto da primeira guerra mundial. A imposição de seleção rápida, eficiente e universal de recrutas para o exército. Temos uma quantidade grandede psicólogos trabalhando nessa área, Goddard avaliava os imigrantes que entravam no país, Cattel fundou o laboratório de psicologia, Joseph Jastrow desenvolveu 15 testes, Hugo Musterberg elaborou testes para crianças em seu laboratório, Edward L. Thorndike lançou um livro tratando de medidas mentais e educacionais, Cliff W. Stone publicou o primeiro teste padronizado em aritmética. ● Década da Análise Fatorial (1930): o entusiasmo com os testes de inteligência decaiu sobretudo porque se mostrou que dependiam muito da cultura normativa. Tais eventos determinou que psicólogos e estatísticos começassem a rever as ideias de Spearman (fator geral universal). Kelley, Thomson, Burt e Thurstone rompem com Spearman. Thurstone é especialmente relevante pois além de desenvolver a análise fatorial múltipla atuou no desenvolvimento da escalagem psicológica, fundando a Sociedade Psicométrica Americana. ● Era da Sintetização (1940-1980): Esta era é marcada por duas tendências opostas: trabalhos de síntese e os de crítica. Dos trabalhos de síntese: Guilford tentando sistematizar os avanços de psicometria até então conseguidos e buscou sintetizar uma teoria da inteligência, Gulliksen sistematizando a teoria clássica dos testes psicológicos, Thorgerson sistematizando a teoria sobre a medida escalar, Thurstone e Harman recolhem os avanços na área da análise fatorial, Cattel procurou sintetizar os dados das medidas em personalidade, Buros iniciou uma coletânea de todos os testes disponíveis no mercado e a Sociedade Psicométrica Americana estipulou normas na criação de testes psicométricos. Dos trabalhos de críticas: Stevens levantou o problema das escalas de medidas, Lord e Novick divulgaram a primeira grande crítica a teoria psicométrica clássica que iniciou o desenvolvimento de uma teoria alternativa, a teoria do traço latente, que vai desembocar na teoria moderna da Psicometria: a Teoria de resposta ao item. Outra crítica a psicometria clássica foi iniciada pela Psicologia Cognitiva com os trabalhos de Sternberg com seu modelo e pesquisas sobre os componentes cognitivos. ● Era da Psicometria Moderna, Teoria de Resposta ao item (1980): esta teoria embora seja o modelo no primeiro mundo ainda não resolveu todos os problemas fundamentais para se tornar o modelo definitivos de psicometria e também não veio para substituir a psicometria clássica, apenas parte dela. É o que há de mais novo no campo. TIPOS DE TESTES PSICOLÓGICOS ● Os testes podem ser divididos e subdivididos nas seguintes categorias: Objetividade e Padronização 1. Testes Psicométricos (descrição numérica) 2. Testes Impressionistas (descrição linguísticas) Constructo (Processo Psicológico) que medem: 1. Capacidade de Aptidão a. Aptidão Geral b. Aptidão Específica c. Psicomotricidade 2. Preferência a. Personalidade b. Atitudes e Valores c. Interesses Formas de Resposta: 1. Verbal 2. Escrito: papel-e-lápis 3. Motor 4. Via computador TESTES PSICOMÉTRICOS E TESTES IMPRESSIONISTAS ● O aspecto fundamental de diferença entre os dois é que os testes psicométricos se baseiam na teoria da medida, mais especificamente na Psicometria, e os teste os testes impressionistas, ainda que possam utilizar números não se baseiam na teoria da medida, mas na descrição linguística. ● Testes Psicométricos: fazem uso obrigatório da estatística e prima pela objetividade, portanto “medem” o indivíduo. Esses testes fazem suposições que os traços que eles medem são dimensões, isto é, atributos que possuem diferentes magnitudes, grandezas estas que são expostas através de números. Os testes psicométricos são maximamente padronizados em suas tarefas e em suas interpretações, tal que qualquer aplicador pode chegar aos mesmos resultados. A interpretação é baseada em perfis estipulados por meio de pesquisas anteriores. Por isso testes psicométricos usam respostas do tipo escolha forçada, escalas de respostas enunciadas com números na qual o indivíduo simplesmente marca eliminando a ambiguidade oferecendo menos riscos. Porem por restringir a abrangência de escolhas ele acaba empobrecendo a resposta do sujeito que fica limitado a um número de respostas. ● Testes Impressionistas: não necessitam da estatística, focam na subjetividade e “caracterizam” o indivíduo. Testes impressionistas normalmente apresentam tarefas não-estruturadas, sendo a decodificação e interpretação dependentes em grande parte do aplicador, de tal sorte que diferentes aplicadores podem chegar a resultados até mesmo contratantes. Requerem respostas livres dos sujeitos, tornando a sua apuração mais ambígua e sujeita aos vieses de interpretação do aplicador, se interessam mais pelo processo de testagem em sí. O psicólogo impressionista trabalha muito com a subjetividade: suas tarefas são pouco ou nada estruturadas e a apuração de resposta deixam margem para interpretações subjetivas. ● Psicometristas prezam o rigor e consideram os procedimentos dos impressionistas uma farsa, pura especulação. Já os impressionistas acreditam que os psicometristas não estão medindo nada utilizando artefatos estatísticos que aniquilam o psicológico com seus procedimentos reduzindo a riqueza da personalidade humana a secura árida e fria de números. TESTES SEGUNDO A FORMA DE RESPOSTA ● A resposta do sujeito pode ser dada verbalmente, ou um tipo de resposta motora, porem a mais utilizada e a resposta escrita. A grande vantagem da escrita é que um teste com ela pode ser aplicado a uma grande gama de sujeitos de uma vez, criando uma grande amostra em um curto espaço de tempo. ● Com a modernização e a utilização do computador, este vem se tornando a maneira mais pratica de aplicação de um teste. No caso do computador, é preciso distinguir dois usos muito distintos deste: ele pode ser usado como aplicador ou executor de testes. ● O computador como aplicador de testes (aplicação automatizada): Neste caso o computador substitui tanto o material utilizado como o próprio psicólogo aplicador. O computador pode: 1. Apresentar muito melhor as questões do teste: melhor qualidade no material, repetir quantas vezes forem necessárias sem se cansar, estipular tempo, intervalos e estímulos. 2. Corrigir respostas com muito mais rapidez. 3. Produzir um perfil de respostas do sujeito e imediatamente enquadra-lo nas tabelas de interpretação.4. Motivar os testando já que o computador não julga, tem total paciência, segue o ritmo da pessoa e etc.. Obviamente o computador não substitui o psicólogo na observação do comportamento do sujeito, a interpretação deste é muito mais abrangente que a do computador que é limitada. O computador é superior ao psicólogo naquilo que diz respeito a aspectos mecânicos da testagem. ● O computador como executor de testes (testagem adaptativa): O computador cria um teste na hora para cada testando, ele adapta a testagem ao testando. Para o computador se apresentar como executor de testes são necessárias duas condições a serem satisfeitas: o banco de itens e o algoritmo de sorteio. O banco de itens é um tipo de banco de dados que o computador tem a disposição e analisa a qualidade psicométrica e categoriza de acordo com sua carteira individual de identidade. Com esse arsenal de itens o computador pode criar testes sem fim, porem quem cria esses itens é o psicólogo e está sempre os atualizando pelo critério da Teoria de Resposta ao item. O algoritmo de sorteio diz para o computador que itens do banco de itens extrair para a construção do teste. OS TESTES SEGUNDO OS CONSTRUCTOS QUE MEDEM ● Classificar testes de acordo com os processos que medem é arriscado pois existe um número sem fim de processos. Entretanto os manuais apresentam uma tentativa de classificação que é: Teste de capacidade intelectual 1. Aptidão Geral a. Testes de inteligência Geral (Q.I.) b. Testes de Inteligência Diferencial (aptidões diferenciais, numérica, abstrata, verbal, espacial, mecânica, inteligência social etc..) 2. Testes de aptidões específicas: mecânico, música, psicomotricidade 3. Teste de desempenho acadêmico (provas educacionais) 4. Testes neuropsicológicos: testes de disfunções cerebrais e neurológicas. Teste de Preferência Individual 1. Testes de Personalidade 2. Testes de atitude, valores 3. Testes de interesses 4. Testes Projetivos 5. Testes situacionais, de observação de comportamentos, biografias. USO DOS TESTES PSICOLÓGICOS ● Testes servem para fornecer informações sobre o indivíduo, a partir das quais alguém deve tomar alguma decisão, visando fornecer dados confiáveis para alguma intervenção. ● Testes devem ter objetivos diferenciados, tanto que um mesmo teste pode ser útil e adequado em uma situação e em outra não. Portanto eles servem para qualquer proposito, mas para melhor especificação pode-se dizer que eles são utilizados para cinco finalidades: ● Classificação (Psicotécnico): Colocar dentro de uma categoria. Existe uma terminologia variada de classificação, depende apenas do contexto em que os testes são aplicados. 1. Triagem: quando se quer fazer uma investigação mais rápida e colocar o sujeito numa determinada categoria. 2. Certificação: requerida constantemente em certas profissões para a apuração de requisitos. 3. Seleção: situação na qual os sujeitos são submetidos a uma bateria de testes específicos para averiguar se satisfazem os requisitos do cargo que pretendem ocupar. ● Intervenção Psicoterápica (psicodiagnóstico) e Psicopedagogia: os testes psicológicos também são usados para definir um problema mental objetivando orientar o planejamento de um tratamento para o problema. Visa caracterizar em detalhes o problema para efetuar uma intervenção. ● Promoção do autodesenvolvimento: Uma pessoa pode requerer os testes simplesmente para se conhecer melhor, e reconhecer sua personalidade e habilidades. Algo mais técnico do que isso ocorre no teste de vocação profissional. ● Avaliação de Programas: os testes também podem ser usados para avaliar programas e instituições. ● Pesquisa Científica: os testes psicológicos além de serem aplicados em áreas práticas também são aplicados na própria investigação em psicologia. Para se decidir sobre verificações e hipóteses é muito útil se dispor de dados válidos e específicos e os testes permitem coletar esses dados. A APLICAÇÃO DE TESTES PSICOLOGICOS ● Testes são instrumentos técnicos de manejo do psicólogo preparado com o conhecimento necessário. Requerem uma série de regras para sua aplicação, as quais são expressas por meio da padronização da aplicação dos testes, ela implica: 1. Procedimentos de aplicação. 2. Direito dos testandos. 3. Controle dos vieses do aplicador. 4. Normas na divulgação do resultado. ● Administração dos testes: o procedimento de aplicação tem como objetivo garantir a validade da testagem, pois um teste nunca deixa de ser pertinente a um caso e podem produzir um resultado inválido se for mal aplicado. Um teste será válido se sua aplicação seguiu corretamente as recomendações do autor, que irão exigir ao menos duas condições de aplicação: ➢ Qualidade do ambiente físico da aplicação, eliminando assim fatores oriundos do ambiente. ➢ Qualidade do ambiente psicológico, que tipicamente significa uma atmosfera em que a ansiedade do testando seja reduzida ao mínimo. O princípio da isonomia prevê que todos os testandos tenham as mesmas condições ambientais físicas e psicológicas na hora de fazer um teste. ● Vieses do examinador: na aplicação do teste o aplicador é um elemento importante da situação. O modo de ser e de atuar do aplicador pode influenciar bastante os resultados do teste. Algumas questões sobre o aplicador: O examinador deve ser familiar ao testando? Encoraja, ajuda ou atrapalha o testando? O sexo do aplicador é relevante? A idade do aplicador é relevante? Seu estado emocional? Suas atitudes e opiniões? ● O direito dos Testandos: numa sociedade democrática esse direito é fundamental. A atuação do psicólogo numa testagem é considerada atividade pericial, por lei os peritos devem apresentar serviços de qualidade estando subjugados ao PROCOM. Isso significa que o psicólogo responde criminalmente por sua conduta nos testes. O consentimento do testando na pesquisa é fundamental. Direito a explicações em linguagem verbal compreensível. O direito de conhecer seus resultados. ● Sigilo e divulgação dos resultados: o testando tem direito a toda informação obtida com o teste, também tem direito o solicitante da testagem (apenas a informações estritamente referentes a resposta de solicitação). Os resultados dos testes devem seguir as normas de sigilo profissional entre aplicador etestando, assim os dados devem ser seguros de modo que ninguém não autorizado tenham acesso a eles, as identidades dos indivíduos devem ser codificadas FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS DOS TESTES PSICOLOGICOS ● Testes são instrumentos que produzem resultados confiáveis, logo: 1. Precisam ter embasamento científico 2. Precisam ser apropriadamente utilizados ● Os testes psicológicos e instrumentos psicológicos em sua grande maioria são testes psicométricos. ● Existem dois tipos de Psicometria: a teoria clássica dos testes (TCT) e a Teoria de resposta ao item (TRI). A TEORIA DA MEDIDA CIÊNCIA E MATEMÁTICA ● Os testes psicológicos são operações empíricas através dos quais a psicologia estuda cientificamente os processos psíquicos e o comportamento deles decorrentes. Contudo, descrevendo esses processos através de números e não de linguagem, sendo assim: medindo. ● Os testes psicológicos supõem que a melhor maneira de se estudar a psique é através dos números. ● A ciência e a matemática são dois tipos de saber epistemologicamente distintos LEGITMIDADE DA MEDIDA: O PRINCÍPIO DO ISOMORFISMO ● Será válido o uso de números na observação somente se ao proceder a medida, sejam salvos tanto os axiomas do número quanto os dos fenômenos naturais que as ciências estudam. AXIOMAS DOS NUMEROS ● Axiomas do número: Axioma é uma verdade evidente, uma ponte de partida de um sistema lógico. Russell definiu 27 axiomas que definem a natureza dos números, esses axiomas podem ser caracterizados por três grandes vertentes: os axiomas de identidade, da ordem e da atividade. 1. Axiomas da identidade: Uma coisa é igual a si mesma e somente ela é idêntica a si mesma, e se distingue de toda as outras coisas, sendo o número uma dessas coisas. Nesse axioma esta: A. Reflexividade: se a=a, então a≠b. B. Simetria: se a=b então b=a. C. Transitividade se a=b, b=c então c=a. 2. Axiomas da ordem: Os números não somente são diferentes entre si sob qualquer aspecto, mas essa diferença se dá também por meios de termos de quantidade, grandeza e magnitude. Logo eles podem ser colocados em uma sequência linear e crescente. Nesse esse axioma está: A. Assimetria: se a>b, então b≠a. A ordem dos termos não pode ser invertida pois a e maior que b. B. Transitividade: se a>b e b>c então a>c. C. Conectividade: ou a>b ou b>a. Pode existir somente uma afirmação pois as duas se excluem mutuamente. D. Ordem-denso: o intervalo entre dois números inteiros não é vazio, existe sempre um número racional entre eles. 3. Axiomas da Atividade: os números podem ser somados e produzem um terceiro número com a grandeza dos dois anteriores. Os números se criam uns aos outros, basta definir o que é 0 e 1 e a regra de continuidade, a soma estabelece as outras funções da matemática. Nesse axioma esta: A. Comutatividade: a+b e igual a b+a. B. Associatividade: (a+b)+c é igual a (c+b)+a. AXIOMAS DA MEDIDA ● A medida, ao usar números para descrever a realidade, deve salvar nessa operação os axiomas dos números. Quanto mais axiomas dos números forem salvos na medida, mais útil está se torna na descrição da realidade empírica, caso se salve somente um axioma, não existe muita vantagem em utilizar os números em relação a linguagem, quanto mais axiomas forem salvos, mais útil a medida se torna. Todos os atributos da realidade possuem dimensões, ou seja, magnitude, por isso são cabíveis de medida. ● Axioma da identidade: a mesma propriedade dos números também é evidente para os fenômenos naturais pois cada um deles é único no cosmos nada é idêntico se não a si mesmo. Quando se fala em identidade, fala-se de identidade total, não de semelhança. Uma coisa pode ser semelhante a outra, mas somente ela é idêntica a si mesma, consequentemente se encontra aqui um isomorfismo completo entre número e realidade empírica, justificando a medida. Os números auxiliam a distinguir dois objetos diferentes sem fazer com que eles pareçam semelhantes. ● Axioma da ordem: a ordem dada aos números sendo atribuídos a diversos objetos expressam também uma ordem nesses objetos, ou seja, a ordem dada aos números corresponde a ordem dada aos objetos empiricamente. Quando temos muitos objetos, basta colocarmos um ao lado do outro e ordena-los de forma que aquele que aparece acima dos outros será o primeiro da fila e o que aparece abaixo o último, obtendo uma ordem empírica crescente dos objetos. ● Axioma de atividade: Esse axioma diz respeito ao fato de que as grandezas podem ser somadas para produzir uma grandeza ainda maior que a a soma das duas iniciais. Para validar esse axioma na natureza nós aproveitamos das propriedades extensivas (tempo, peso etc..). Duas grandezas menores concatenadas produzem uma grandeza maior (que é a soma das menores) e de mesma natureza. NÍVEIS DA MEDIDA ● Existem níveis diferentes de medidas, umas muito primitivas e outras mais sofisticadas, essa diferença de descrição se dá pela quantidade de axiomas salvos na medida. ● Para medida ser justificada basta salvar minimamente um axioma, contudo, quanto mais axiomas ela salvar, melhor e mais adequada será a medida. ● O axioma de identidade é o mais facilmente salvo, dado que qualquer fenômeno só pode ser idêntico a si mesmo. Porém o papel desempenhado por esse axioma é apenas de classificação dando aos números uma função de “etiquetagem”. Medir é atribuir aos números as propriedades dos objetos e não os próprios objetos como acontece na classificação. ● Logo, pode-se dizer que a medida começa, em seu sentido restrito, quando se salva algum axioma de ordem do número. Pois a função de mensuração só aparece a partir do axioma de ordem e toda medida deve ter essa função. ● A medida se aprimora dependendo de quantas características dos números ela salvar. Porém, se ela salvar apenas a ordem e não o intervalo constante que os números apresentam (axioma de atividade), a medida não passa de ordinal. Assim temos vários níveis de medida: 1. Medida ordinal: salva os axiomas da ordem. 2. Medida Intervalar: além dos da ordem, salva aspectos da distância igual dos intervalos, características dos axiomas de atividade. 3. Medida de Razão: salva todos osaxiomas de identidade, ordem e atividade. PROCEDIMENTOS DE MEDIDA ● Não há uma única forma de medir as propriedades das coisas. Os elementos a serem medidos detém propriedades, são elas: ● Propriedades Extensivas: permitem uma mensuração direta, ex: peso, altura, comprimento. ● Propriedades Intensivas: não permitem uma mensuração direta. Ex: cores, habilidades e etc. ● A existência de uma unidade-básica para a mensuração empírica só existe praticamente em elementos com propriedades extensivas. FORMAS DE MEDIDA ● Taxonomia: definir grupos e características em comum. ● A taxonomia distingue três formas de mensuração: a medida fundamental, a medida derivada e a medida por teoria. ● Medida Fundamental: ocorre com praticamente com propriedades extensivas da realidade. O objeto que se quem medir possui a mesma propriedade que a ferramenta (mensurante) usada para medi-lo. Basta emparelhar o mensurante com o mensurado para ver quais pontos do mensurante coincide com os pontos finais do mensurado, a relação de grandeza entre os pontos determina a grandeza do mensurado. ● Medida derivada: quando não se permite uma medida fundamental direta usamos a medida por derivada. A propriedade sendo medida é resultante de dois ou mais objetos que permitem a medida fundamental, usando axiomas de atividade. Por exemplo a gravidade, ela é um elemento de uma fórmula que consiste em peso e massa (que permitem a medida fundamental), a partir disso conseguimos medir a gravidade. ● Medida por Teoria: quando uma propriedade não permite medida fundamental nem derivada. Procura-se medir propriedades outras do objeto ou propriedades de outro objeto que permitam a medida fundamental ou derivada com as quais a propriedade que se quer medir mantenha alguma relação mesmo não sendo componentes dela. A diferença desta para a medida derivada é que as propriedades medidas relacionadas não fazem parte do objeto, porem demonstrou-se empiricamente que a uma relação constante entre eles. Ex: lei do reforço no behaviorismo, diz-se que o estimulo está relacionado com a resposta do sujeito, mas o estímulo não é um componente da resposta (no sentido de medida derivada), porem ficou empiricamente comprovado que existe uma relação. UNIDADES DE MEDIDA ● Atributos possuem propriedades na realidade que podem assumir diferentes magnitudes, isto é, dimensões. ● Na física ainda se procura uma magnitude mínima para se usar de unidade-base para definir todas as magnitudes. Procura que culminou em 7 unidades-base da física: 1. Comprimento 2. Massa 3. Tempo 4. Corrente-elétrica 5. Temperatura 6. Intensidade da Luz 7. Massa atômica ● De resto, a grande maioria dos fenômenos na física são medidos por meio da medida derivada. A procura de unidades básicas em ciências psicossociais parece inexistente no momento, se é que faz algum sentido procura-las. MEDIDA EM CIÊNCIAS PSICOSSOCIAIS ● Nas ciências psicossociais não é cabível a medida fundamental, nem a medida derivada. Consequentemente a medida por teoria se faz dominante, nesta ciência, este tipo de medida pode-se distinguir-se em dois níveis: a medida por lei e a medida por teoria propriamente dita. ● Medida por lei: no caso da psicologia ela ocorre comumente na psicofísica e na análise experimental. Como por exemplo, as leis do reflexo ou lei do reforço. Fala-se em medida por lei quando se possui uma relação entre dois atributos estruturalmente distintos, mas que foram demonstrados de modo empírico que estão sistematicamente relacionados, de sorte que se manipularmos um deles o outro varia de maneira sistemática. Assim se podemos medir um deles, é possível estabelecer a medida também do outro. Duas condições devem ser demonstradas: 1. Os atributos em questão são estruturalmente diferentes. Ex: estimulo (evento ambiental) e resposta (evento de um organismo vivo). 2. Os atributos distintos mantem uma relação sistemática entre eles que foi demonstrada empiricamente. ● Medida por teoria: Quando a relação entre dois atributos não tem demonstração empírica, mas é estabelecida por meio de alguma teoria científica. Possui três grandes vertentes: 1. A teoria da detecção do sinal em psicofísica: trabalha com dois parâmetros, a detecção do sinal e a disposição do sujeito em ver o sinal quando está presente. 2. A teoria dos jogos em Psicologia Social: trabalha com o conceito de probabilidade e utilidade. A variável representa a preferência do sujeito na escolha de uma alternativa de ação entre várias possíveis, ela é definida pela probabilidade e a disposição subjetiva do sujeito. 3. A teoria dos testes psicológicos em Psicometria: trata da medida dos traços latentes expressos em comportamentos verbais ou motores. A medida é feita ao nível do comportamento, porem este é entendido apenas como manifestação dos traços latentes. Trabalha com parâmetros de dificuldade, discriminação dos itens, validade e precisão dos instrumentos. O PROBLEMA DO ERRO NA MEDIDA ● Não existe procedimento empírico isento de erro. ● Na medida há apenas a justa posição entre o objeto medidor e o objeto a ser medido, consiste somente em coincidência entre os pontos e não em “fusão” entre os pontos. ● Logo essa justaposição não se dá em alinhamento e sim entre intervalos, esses intervalos também não possuem pontos específicos que se possam indicar. Consequentemente a medida produz um número que não é exatamente matemático já que esse número não possui dimensões. ● O número da medida é um número estatístico, ele representa um intervalo sob forma de um ponto como média, justamente por isso que todo número estatístico vem acompanhado de um desvio padrão que representa o provável erro cometido na medida do objeto. TIPOS DE ERROS DE MEDIDA ● Existem duas grandes fontes de erros principais: erros devido ao próprio método da ciência (observação) e erros devido a amostragem. ● Erros de Observação: Ocorrem no próprio ato de observar por isso estão intrínsecos no método típico das ciências, podem ser devidos há: 1. Erro pessoal: Diferenças individuais, a medida produzida por diferentes sujeitos ou pelo mesmo sujeito em ocasiões diferentes será sempre um pouco diferente. 2. Erro instrumental: Podem ocorrer porque os instrumentos de observaçãonão estão devidamente calibrados. 3. Erro sistemático: Podem ocorrer devido a algum fator sistemático que interfere na observação. Ex: medir a temperatura da agua num nível diferente do nível do mar. 4. Erro aleatório: podem ocorrer devido a uma série de fatores que simplesmente não conhecemos ou não temos capacidade de controlar. ● Erros de Amostragem: Uma pesquisa científica não pode ser feita com todos os elementos de uma população, então selecionamos alguns elementos dessa população (amostra) e estudamos esses elementos e generalizamos o resultado. Nunca sabemos se todos os aspectos que interessam a pesquisa estão presentes na amostra, mesmo quando bem-feitas, é perceptível que as amostras sempre deixam a desejar no sentido de serem perfeitamente representativas a população. TEORIA DO ERRO ● O erro constitui uma ameaça a tomada de decisões, por isso os esforços para elimina-lo ou pelo menos reduzir seus impactos. Porém no erro aleatório não existe a possibilidade de controlar experimentalmente o erro, uma vez que suas causas são totalmente desconhecidas. Para estes casos recorre-se a teoria do erro, já que se trata de um evento casualóide, ou seja, que pode ser abordado pela probabilidade. ● Um evento é dito aleatório se sua ocorrência não puder ser predita a partir dos eventos que ocorram antes dele, ele é totalmente independente com relação ao que ocorreu antes com ele. A teoria do erro assume que o erro é um evento aleatório. ● Lei dos grandes números: encontramos desordem e aleatoriedade no pequeno e ordem e constância nos grandes. ● O teorema de Bernoulli afirma que as amostras devem ser grandes. Uma amostra de 30 casos é grande o suficiente para se aproximar de uma distribuição normal. ● O erro da medida é expresso pelo erro padrão da medida (EPM). ● O erro padrão afirma que a medida correta de um atributo se situa em torno da média. Isto é, média + um erro padrão ou média – um erro padrão. IMPORTÂNCIA DA MEDIDA ● A grande vantagem da medida é sua pura precisão. Embora ela não esteja destituída de erro ela pode definir limites dentro dos quais os reais valores dos atributos medidos se situam. ● Outra grande vantagem da medida é a possibilidade de simulação que permite manipular a natureza através dos modelos matemáticos, que de outra forma seriam inviáveis ou eticamente condenáveis. A medida produz realidade. A MEDIDA PSICOMÉTRICA ● A Psicometria é uma das formas de se medir em Psicologia. Ela também trabalha com o modelo de estrutura latente, ou traço latente. ● Traço Latente: este conceito cobre todo o mundo do propriamente psicológico, dos processos mentais e experiências subjetivas em oposição com os processos da física ou comportamentais. Quanto a sua realidade os traços latentes são tão reais quanto as coisas físicas, mas dizem respeito a um estado mental (em oposição ao físico). Sua realidade é atestada no momento em que o estado mental interfere no meio físico (corpo). A Psicometria trabalha com um conceito fatorista de traço latente. Existem diferentes maneiras de conceber este conceito quando se trata de definir sua estrutura elementar ou seus processos elementares: 1. Concepções elementaristas: entendem o traço latente como uma única grande estrutura psicológica global. 2. Concepções holísticas: embora pareçam como os elementares, concebem que os fatores apresentam ainda um caráter globalizante. ● Sistema ou processo: Sistema significa algum objeto organizado, uma coisa, uma entidade. Pode ser entendido simplesmente como um processo. Um sistema pode ser concebido em níveis de universalidade maiores ou menores, logo existem sistemas universais e sistemas locais. Na Psicologia o sistema universal seria a própria estrutura psicológica e os sistemas locais seriam infinitos. O nível do sistema depende do investigador, para quem estiver interessado em estudar o raciocínio verbal poderia considera como sistema o objeto do qual esse raciocínio faz parte, a inteligência, cognição etc. Portanto Sistema se constitui em função do objeto imediato de interesse dentro de um delineamento de estudo. ● Propriedade: Um sistema possui uma série de características que o distingue de outros sistemas. Na realidade, nós não conhecemos os sistemas em si, mas suas propriedades, sendo o sistema na verdade uma conjectura, uma teoria. O sistema se apresenta pelas suas propriedades. ● Magnitude: Quantidades ou dimensões, ou seja, magnitudes. É um postulado matemático e se define em função de axiomas de ordem e de atividade dos números. Nos referimos a ordem monotonica crescente, pois na medida nem sempre somos capazes de salvar os axiomas de atividade. O PROBLEMA DA REPRESENTAÇÃO COMPORTAMENTAL ● Os traços latentes (processos psicológicos) são abordados cientificamente somente através da representação comportamental, isto é, eles devem ser expressos somente em comportamento, porque é unicamente nesse nível que se pode trabalhar cientificamente (empiricamente) em psicologia? ● Com isso, um traço latente que não se manifeste por meio do comportamento se torna um traço metafísico, não um traço psicológico. O problema fundamental da Psicometria está em demonstrar legitimidade do isomorfismo traço latente e comportamento, justamente pela concepção de traço latente com dimensões, ou seja, com magnitudes e capaz de ser mensurável. ● Postula-se que operar sobre os comportamentos estamos operando sobre os traços latentes. ● A Psicometria analisa uma série de características dos comportamentos (itens) para decidir se eles são ou não representantes válidos, legítimos e adequados de tal traço latente. PARAMETROS PSICOMÉTRICOS DOS TESTES PSICOLOGICOS ● Os testes psicológicos são instrumentos de medida em psicologia. E devem possuir duas características fundamentais para que sejam considerados legítimos e confiáveis: validade e precisão. VALIDADE ● Ao se medir comportamentos (itens), que são a representação do traço latente, está se medindo o próprio traço latente. A validade só é possível se existir uma teoria prévia do traço que fundamente que a tal representação comportamental constitui uma hipótese dedutível dessa teoria, a validade então se da pela testagem empírica da verificação da hipótese. ● Oteste para validar a representação do traço apresenta dificuldades que se situam em três momentos desse processo: 1. Nível da Teoria: a teoria psicológica encontra-se ainda em estado embrionário, sem uma sistemática unilateral, resultando em diversas teorias com pontos de vista completamente diferentes. Havendo essa confusão no campo teórico do constructo ou traço latente, torna-se extremamente difícil para o psicometrista formular hipóteses psicologicamente úteis. 2. Coleta empírica de informação: a definição inequívoca de grupos critérios onde esses constructos possam ser idealmente estudados. 3. Análise estatística da informação: Pela lógica da elaboração do instrumento, a verificação da hipótese da legitimidade da representação dos constructos se faz pela análise fatorial, que procura identificar nos dados empíricos, os constructos previamente operacionalizados no instrumento. A análise fatorial faz umas postulações fortes que não compactuam com a realidade dos fatos. ● Diante das dificuldades os psicometristas recorrem a uma série de técnicas para validar seus testes, essas técnicas podem ser reduzidas a três grandes classes: que visam a validade do constructo, validade de conteúdo e validade de critério. ● Validade de Constructo: é considerada a forma mais fundamental de validade dos instrumentos psicométricos. Constitui a maneira direta de verificar a hipótese da legitimidade da representação comportamental dos traços latentes. Conceito de validade de constructo: característica de um teste enquanto mensuração de um atributo ou qualidade, o qual não tenha sido definido operacionalmente. Constructos só são cientificamente pesquisáveis somente se forem passiveis de representação comportamental adequada, o problema é que vários autores partiram do teste ao invés da teoria psicométrica que fundamenta a elaboração da teoria do constructo (traços latentes), ou seja, estavam tentando descobrir se a representação (teste) constitui uma representação legítima, adequada do constructo. A validade de constructo pode ser trabalhada por dois ângulos: 1. Análise da Representação: São utilizadas duas técnicas como demonstração da adequação da representação do constructo: análise fatorial e análise da consistência interna. a) Análise da Consistência interna: consiste em verificar a homogeneidade dos itens que compõe o teste. Assim o escore total se torna critério de decisão, e a correlação entre cada item e este escore total decide a qualidade do item: sendo a alta correlação o item é detido. O índice Alpha de Cronbach é usado como indicador sumário da consistência interna do teste e, consequentemente dos itens que o compõe. Ela também pressupõe que todos os itens sejam uma representação do mesmo traço, porem os itens não garantem por si só serem a representação de um mesmo constructo. b) Análise Fatorial: tem como lógica verificar quantos constructos em comum são necessários para explicar as intercorrelações entre os itens. As correlações entre os itens são explicadas pela análise fatorial, como resultantes de traços latentes que seriam causas dessas intercorrelações. Ela também postula que um menor número de traços latentes é o suficiente para explicar um número maior de variáveis observadas (itens). A partir de uma teoria que foi construído um teste que mede um único traço latente, a análise fatorial verifica se o teste realmente mede um único traço e se as intercorrelações podem ser explicadas por um único fator, validando se o teste constitui uma representação empírica de um único constructo. 2. Análise por Hipótese: esta análise se fundamenta no poder de um teste psicológico ser capaz de discriminar ou predizer um critério externo a ele mesmo. Este critério é procurado de várias formas, havendo quatro entre as mais salientes e comumente utilizadas: validação convergente-discriminante, idade, outros testes do mesmo constructo e experimentação. a) Validação convergente-discriminante: parte do princípio de que para demonstrar a validade de constructo de um teste é preciso determinar duas coisas: ▪ O teste deve-se correlacionar significativamente com outras variáveis com as quais o constructo medido pelo teste deveria estar relacionado (validade convergente). ▪ Não se correlacionar com variáveis com as quais teoricamente ele deveria diferir (validade discriminante). b) Idade: é utilizada como critério para a validação de um constructo quando o teste mede traços que são intrinsecamente dependentes de mudanças do desenvolvimento cognitivo/afetivo dos indivíduos. A hipótese é que um teste que mede um traço X que muda claramente com a idade, é capaz de discriminar grupos de idade diferentes. c) Correlação com outros testes: o argumento para essa validação é de que se o teste X mede validamente o traço Z e o novo teste N se correlaciona altamente com o teste X, então o novo teste mede o mesmo traço medido por aquele teste. d) Intervenção experimental: aparece como uma das melhores técnicas para a validação de um constructo. Esta técnica consiste em verificar se o teste discrimina claramente grupos-critérios “produzidos” experimentalmente em termos do traço latente medido no teste. Assim um teste que mede a ansiedade (traço latente) teria validade se discriminasse grupo ansioso de grupo não ansioso, definindo esses grupos nos termos do experimento. ● Validade de Critério: concebe-se como validade de critério de um teste o grau o grau de eficácia que ele tem em predizer um desempenho específico de um sujeito. O desempenho do sujeito torna-se então o critério o qual a medida obtida pelo teste é avaliada. Evidentemente esse desempenho é avaliado através de técnicas que são independentes do próprio teste que se quer avaliar. Costuma-se distinguir dois tipos de validade de critério: 1. Validade preditiva: caso os dados sobre os critérios sejam coletados após a coleta da informação sobre o teste 2. Validade concorrente: se as coletas de dados sobre o critério e a coleta de informação forem simultâneas. Esse fato da coleta da informação se antes ou depois do teste não é relevante para a validade do teste, mas sim para a determinação de um critério válido. A dificuldade central desse tipo de validação é: 1. Definir um critério adequado 2.Medir, válida e independentemente do próprio teste. Quanto aos critérios existem uma série deles utilizados: desempenho acadêmico, desempenho em treinamento especializado, desempenho profissional, diagnostico psiquiátrico, diagnostico subjetivo e outros testes disponíveis... ● Validade de Conteúdo: um teste tem validade de conteúdo se ele constitui uma amostra representativa de um universo finito de comportamentos. É aplicável quando se pode delimitar a priori um universo de comportamentos. Para viabilizar um teste com validade de conteúdo é preciso so que se façam as especificações do teste antes da construção dos itens, para estas especificações comportam a definição de três grandes temas: 1. Definição de conteúdo: trata-se de detalha-lo em termos de tópicos e subtópicos e de explicitar a importância relativa de cada tópico dentro do teste, tais critérios evitam super-representação (ou o contrário) de alguns tópicos. 2. Explicitação dos processos psicológicos a serem avaliados: um teste psicológico não deve ser elaborado para avaliar exclusivamente um processo 3. Determinação da proporção relativa de representação no teste de cada tópico do conteúdo. PRECISÃO ● O conceito de precisão ou fidedignidade refere-se a quanto o score obtido no teste se aproxima do escore verdadeiro do sujeito num traço qualquer, isto é, fidedignidade do teste está intimamente ligada ao conceito de variância erro, sendo este definido como variabilidade nos escores produzidas por fatores estranhos ao constructo. A fidedignidade de um teste depende da questão do erro da medida, especificamente do erro pelo erro produzido pelo próprio instrumento: quando o score do teste se distancia do valor teta individual na TRI. ● A fidedignidade da medida depende do tamanho da variância do erro, que é precisamente a variabilidade nos resultados provocada por fatores aleatórios e pela imprecisão do instrumento. ● Dependendo da técnica utilizada para demonstrar a precisão de um teste, surgem vários tipos de precisão: ● Precisão teste-reteste: A precisão aqui consiste em calcular a correlação entre as distribuições de escores obtidos num mesmo teste pelos mesmos sujeitos em duas ocasiões diferentes de tempo. , ● Precisão de formas alternativas: os sujeitos respondem a duas formas paralelas do mesmo teste, e a correlação entre as duas distribuições de escores constitui o coeficiente de precisão do teste. A condição necessária para que a análise seja válida é de que os itens em ambas as formas sejam equivalentes ● Precisão na consistência interna: As técnicas de estabelecer esse tipo de precisão visam verificar a consistência interna (homogeneizar) das amostras de itens do teste. Técnicas utilizadas: 1. Precisão das duas metades: Sujeitos respondem ao teste numa única ocasião. Os testes são divididos em duas partes equivalentes e a correlação é calculada entre os escores obtidos nas duas metades. 2. Precisão de Kuder-Richardson: se baseia na análise individual de cada item do teste. 3. Alfa de Cronbach: é uma extensão da Kuder-Richardson. Aplicável somente quando a resposta do item é dicotômica: certo ou errado. ● Precisão na apuração do escores: diz respeito a apuração dos resultados de testes não objetivos, é preciso mais de um apurador para garantir o resultado preciso no teste. A concordância que é expressa pela correlação entre as avaliações de diferentes apuradores, produzira um índice de precisão entre os apuradores. ● Erro na medida padrão: para estabelecer a precisão de um teste, pode no lugar de calcular o coeficiente de fidedignidade, calcular o erro provável da medida incorrido pelo teste. PADRONIZAÇÃO DOS TESTES PSICOLOGICOS – AS NORMAS ● Padronização se refere a necessária existência de uniformidade em todos os procedimentos no uso de um teste válido e preciso: desde precauções a serem tomadas na aplicação do teste até o desenvolvimento de critérios e parâmetros para a interpretação dos resultados. 1. Padronização = Uniformidade na aplicação dos testes. 2. Normatização = Uniformidade na interpretação dos escores do teste. PADRONIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DOS TESTES PSICOLÓGICOS ● Tem como precaução garantir que a coleta de dados dos sujeitos seja de boa qualidade. A má aplicação não invalida a qualidade psicométrica do teste, mas torna o protocolo do sujeito inválido. Para garantir uma boa administração dos testes psicológicos e preciso atender a requisitos referentes aos seguintes temas: ● O material da testagem: duas condições devem ser atendidas: 1. Qualidade do teste: o teste tem que ser válido e preciso. 2. Pertinência do teste: o teste deve ter pertinência ao problema apresentado pelo testando, o aplicador deve escolher um teste que atenda às necessidades do testando. O teste escolhido deve se adaptar ao nível do candidato. ● Ambiente da testagem: três condições devem ser atendidas: 1. O ambiente físico: o ambiente físico de testagem deve ser tal que o candidato se sinta em suas melhores condições para responder o teste sem a presença de distratores ambientais. 2. O ambiente Psicológico: devem ser atendidas três condições: a) O testando deve estar em condições normais de saúde física. b) O testando deve compreender com clareza o que lhe é pedido no teste. c) Esclarecer o rapport com o testando: o aplicador deve fazer um papel amigável com o testando, não de carrasco ou estranho com o objetivo de reduzir a ansiedade do testando. Para manter a seriedade o aplicador deve dar comandos ao grupo. 3. A ocasião: o tempo de aplicação do teste será determinado no momento em que as duas condições acima estiverem asseguradas. 4. Situações adversas: na maioria das vezes o testando não vai estar em condições de fazer o teste devido a condição da própria testagem (concurso ou perícia), nessas situações não a muito o que fazer pois a constituição garante o direito a isonomia. ● O aplicador: deve ser um psicólogo e seguir os seguintes parâmetros: 1. Conhecimento: O aplicador deve conhecer profundamente o material utilizado. 2. Aparência: apresentar boa impressão nas suas roupas evitando extravagancias. 3. Comportamentos durante a testagem: o orientador está ali para conduzir a testagem, assim ele deve mantera ordem, respeito e orientação sem fazer interferências e interrupções desnecessárias. 4. Gravar a sessão: somente com o consentimento do paciente. NORMATIZAÇÃO DOS TESTES PSICOLOGICOS ● Diz respeito a como se deve interpretar os escores que um sujeito recebeu no teste, isso porque um escore necessita ser contextualizado para ser interpretado. Uma norma permite situar o escore de um sujeito permitindo que: 1. Determinar a posição que o sujeito ocupa no traço medido pelo teste que produziu tal escore. 2. Comparar o escore desse sujeito com o escore de qualquer outro sujeito de acordo com o nível de desenvolvimento humano e pelas normas intragrupo. ● Normas de Desenvolvimento: as normas de interpretação dos testes são baseadas e se fundamentam no desenvolvimento progressivo (cognição, maturação psicomotora etc.)pelo qual o indivíduo humano passa ao longo de sua vida. São utilizados como critério de norma três fatores: 1. A idade mental: Binet separou uma série de questões que falavam de nível mental, as questões eram respondidas corretamente pela média de crianças/sujeitos de uma idade cronológica X e definiam o nível/idade mental correspondente a essas idades cronológicas. 2. Série escolar: Utilizado para testes de desempenho acadêmico, faz sentido para disciplinas oferecidas em uma sequência de várias séries escolares, daí compara-se o escore do aluno com o escore típico de cada série. 3. Estágio de desenvolvimento: Utilizado por pesquisadores que estudam o desenvolvimento mental e psicomotor em sucessivas fases do desenvolvimento. ● Normas Intragrupo: O critério de referência é a população para a qual o teste foi construído. O escore da população é tipicamente inferido a partir do escore de uma amostra representativa. Os resultados são idênticos para distribuições perfeitamente normais. Referenciado em termos de: 1. Posto Percentílico: O escore do sujeito é expresso em termos do percentil. Um posto percentílico indica o percentual de sujeitos da população(amostra) que possui um escore menor que o sujeito avaliado. 2. Desvio normal (z): Representa o quanto o sujeito se afasta da média em termos de desvios padrões. Duas maneiras de calcular: a) Escore padrão linear: é calculado diretamente por uma fórmula. b) Escore padrão normalizado: Calculado através de tabelas da curva normal, a partir dos percentis. TRANSFORMAÇÕES DO ESCORE PADRÃO ● Transformações lineares: Escore transformado = a + bz ● Classes normalizadas (estaninos): Mais uma transformação cosmética. Consiste em dividir o escore z (de -3 a +3) em categorias. Os números de classes mais utilizados são 5, 7, 9 e 11. Caso utilizássemos 5 classes, as categorias podem ser batizadas de: 1. Superior 2. Médio superior 3. Médio 4. Médio inferior 5. Inferior FUNDAMENTOS DA TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM ● A TRI é uma alternativa a teoria clássica dos testes (TCT), que tinha um problema fundamental observado por Thurstone : o instrumento construído dependia intrinsecamente do objeto medido, os testes psicológicos elaborados dentro da Psicometria Clássica são dependentes dos itens que os compõem. Ao se querer medir a inteligência de um sujeito, o resultado vai depender muito do instrumento utilizado (teste). De tal forma que o objeto medido, afeta diretamente o instrumento utilizado, o objeto medido acaba sendo definido pelo instrumento utilizado. ● A solução para o problema, veio baseado na teoria do traço latente. Lazersfeld, Lord e Rasch fizeram trabalhos que seriam a base para a TRI moderna, que também é conhecida pelo nome de Teoria do traço latente. ● A solução dada ao problema que a TRI propôs apresentava algoritmos matemáticos de tal complexidade que a tecnologia computacional da época era incapaz de resolver de uma maneira útil e prática. Com o avanço da tecnologia da informática e da disponibilidade de softwares apropriados, este problema foi solucionado e a TRI entrou em moda. PROBLEMAS DA PSICOMETRIA CLÁSSICA ● Além do problema do instrumento, a TCT apresentada outros problemas como: 1. Afirma que os parâmetros dos itens de um teste dependem da amostra de sujeitos em que eles foram calculados. Assim, um item qualquer se torna mais difícil ou mais fácil dependendo da amostra ser composta de sujeitos mais inteligentes ou menos inteligentes. Desta forma, o parâmetro de dificuldade do item vai variar de pesquisa para pesquisa em função da amostra de sujeitos, este parâmetro é dependente dos sujeitos utilizados na pesquisa. 2. Problemas com o cálculo do parâmetro de discriminação do item. Esta análise dentro da TCT, é feita baseada no escore total de um teste, seja utilizando grupos critério ou coeficientes de correlação. Ocorre incongruência lógica, pois a discriminação de cada item é testada contra o escore total que é constituído por todos os itens do teste, inclusive o item que se está analisando. Isto supõe que os outros itens sejam adequados. Mas se o são, então por que se fazer a análise? E se não o são, então a análise está simplesmente falha. 3. No cálculo da fidedignidade de um teste. Esta é definida comumente em termos de formas paralelas de um teste, que precisam ser estritamente paralelas produzindo um escore verdadeiro idêntico e variâncias também iguais. A obtenção de formas assim paralelas de um mesmo teste é algo difícil de ser conseguido. Os sujeitos, ao tomar uma forma paralela, nunca serão exatamente os mesmos, pois há os problemas de maturação, tais como a aprendizagem, o cansaço, a motivação, etc. que muda da aplicação de uma forma para outra, inclusive diferencialmente para diferentes sujeitos, tornando a comparação entre as duas formas não mais paralela. 4. Suposição da TCT de que a variância dos erros de medida é a mesma para todos os testandos, suposição de difícil sustentação, pois parece óbvio que alguns testandos realizam a tarefa mais consistentemente que outros e que a consistência varia em função da habilidade dos sujeitos. Por exemplo um teste com itens medianamente fáceis poderá diferenciar mais os sujeitos com habilidade média, mas não irá diferenciar da mesma maneira os sujeitos com habilidade superior que provavelmente obterão escores perto dos mais altos. Consequentemente, o erro demedida neste segundo grupo será maior que no primeiro. 5. A condição típica dos testes de aptidão construídos dentro dos moldes da TCT. Os testes são elaborados para avaliar maximamente os sujeitos de habilidades medianas, sendo, por isso, bem menos apropriados e válidos para avaliar sujeitos com habilidades superiores ou de pouca habilidade. De sorte que aplicando testes de dificuldade média diferente a sujeitos de diferentes níveis de aptidão irá produzir resultados nem sempre comparáveis, pois é óbvio que obter 50 num teste fácil não é a mesma que coisa obter 50 num teste mais difícil que meça a mesma aptidão. A tarefa de comparar os sujeitos em tais situações é de difícil manejo dentro dos modelos tradicionais de análise. HISTORIA ● TRI foi sendo elaborada aos poucos desde os anos 50 por vários autores, embora suas raízes remontem há mais de uma década anterior. Entre estes precursores: 1. Richardson (1936): comparando os parâmetros dos itens obtidos pela teoria clássica da Psicometria com os moldes que hoje usa a TRI. 2. Lawley (1943, 1944): indicando alguns métodos para estimar os parâmetros dos itens, os quais se afastavam da teoria clássica. 3. Tucker (1946): parece ter sido o primeiro a utilizar a expressão curva característica do item que constitui um conceito chave na TRI. 4. Lazersfeld (1950): introduziu o conceito de traço latente, ainda que no contexto da medida das atitudes, conceito novamente que se constituiu num parâmetro chave da nova TRI. 5. Frederic Lord (1952, 1953): por ter elaborado, não somente um modelo teórico, mas ainda métodos para estimar os parâmetros dos itens dentro da nova teoria, utilizando o modelo da ogiva normal. 6. Samejima (1969, 1972): elaborou modelos para tratar respostas politômicas e mesmo para dados contínuos. 7. Birnbaum (1957): ao substituir as curvas de ogiva por curvas logísticas, isto é, baseadas nos logaritmos, tornando o tratamento matemático dos dados bem mais fácil. 8. O avanço da informática. Como a complexidade matemática no campo da TRI é enorme, o progresso vertiginoso nas máquinas de processamento possibilitou a viabilização dos cálculos que o modelo TRI exige em Psicometria. TEORIA BÁSICA DA RESPOSTA AO ITEM ● A TRI leva em seu fundamento o conceito de traço latente, esse conceito supõe que as variáveis observáveis (resposta) emitidos pelo sujeito são consequência de traços hipotéticos (traço latente), aptidões, não observáveis. Assim, quando temos um estímulo (item) que é apresentado ao sujeito e ele responde a ele, a resposta emitida depende do nível de traço latente desse sujeito. ● Para poder medir o traço latente é preciso que se hipotetizem relações entre as respostas observadas do sujeito e o seu nível neste mesmo traço latente. ● Quando se expressa essa relação hipotetizada em uma fórmula matemática temos variáveis e constante. As constantes seriam as respostas do sujeito que podem ser medidas, pois acontecem no meio físico, as variáveis o traço latente do qual queremos medir. Assim, se conhecemos as características das variáveis observadas (como os itens de um teste), estas se tornam constantes na equação e está se torna solucionável, permitindo que se estime então o nível do traço latente ou a aptidão do sujeito e vice-versa, isto é, se for conhecido o nível do traço latente é possível serem estimadas as características dos itens respondidos por este sujeito. ● Existem um número de equações infinitas para matematizar essa relação hipotetizada. A TRI se apropriou das que achou mais adequada ou produtivas. ● O fundamental da teoria do traço latente consiste em expressar numa fórmula matemática a relação existente entre variáveis observadas e variáveis hipotéticas, chamadas estas de traços latentes. ● Assim, a TRI faz dois postulados básicos, a saber: 1. O desempenho do sujeito numa tarefa (item de um teste) pode ser predito a partir de um conjunto de fatores ou variáveis hipotéticas, ditos aptidões ou traços latentes (identificados na TRI com a letra grega teta: q); o teta sendo a causa e o desempenho o efeito. Trata-se de modelagem latente, ou seja, comportamento = função (traço latente). 2. A relação entre o desempenho e os traços latentes pode ser descrita por uma equação matemática monotônica crescente, chamada de Curva Característica do Item – CCI. VANTAGENS DA TRI ● Pelo princípio da parcimônia em ciência, a TRI sendo mais complexa que a TCT não deveria ser uma alternativa a mesma, porem como teoria a TRI consegue explicar muito mais coisas que a TCT, portanto mesmo sendo complexa é aceita. Porém a TRI não veio para substituir totalmente a TCT, apensa partes dela (análise dos itens e no tema da fidedignidade da medida). ● A TRI trouxe cinco grandes avanços no campo da Psicometria, sendo três deles particularmente importantes: 1. O cálculo do nível de aptidão do sujeito independe da amostra de itens utilizados. A habilidade do sujeito é independente do teste, o que não acontecia na TCT onde dependendo do teste aplicado o que se estava medindo apresentava scores diferentes. Na TRI não importa que item você esteja utilizando, desde que esteja medindo o mesmo traço latente irão produzir o mesmo nível de aptidão do sujeito. 2. O cálculo dos parâmetros dos itens independe da amostra de sujeitos utilizada: Na clássica, os parâmetros dependiam muito dos sujeitos amostrados possuírem maior ou menor aptidão. 3. A TRI permite emparelhar itens com a aptidão do sujeito. Isto quer dizer que se avalia a aptidão de um sujeito, utilizando itens com dificuldade tal que se situam em torna do tamanho da aptidão do sujeito, sendo, assim, possível utilizar itens mais fáceis para sujeitos com habilidades inferiores e itens mais difíceis para sujeitos mais aptos, produzindo escores comparáveis em ambos os casos. Na psicometria clássica sempre era aplicado o mesmo teste. 4. A TRI constitui um modelo que não precisa fazer suposições que aparentam serem improváveis tais como os erros de medida serem iguais para todos os testandos. 5. A TRI não necessita trabalhar com testes estritamente paralelos como exige a psicometria clássica. ● A TRI trabalha com o score teta (q) que tem uma
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