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TEORIA DO CONSUMIDOR E DEMANDA – AULA 1 1. Otimização e equilíbrio Sempre que tentamos explicar o comportamento d seres humanos, necessitamos de ter uma estrutura na qual a nossa análise possa basear-se. Em economia, utilizamos frequentemente uma estrutura baseada em dois princípios: a) Princípio da otimização: os consumidores tentam escolher o melhor padrão de consumo ao seu alcance b) Princípio do equilíbrio: os preços se ajustam até que o total que as pessoas demandam seja igual ao total ofertado 2. Preferências Vimos que os consumidores tentam escolher o melhor padrão de consumo ao seu alcance. 2.1. Palavras-chave: melhor padrão de consumo (preferências) e que esteja ao seu alcance (restrições orçamentárias) 2.2. Cesta de mercadorias: bens e serviços que as pessoas escolhem para consumir 3. Teoria da escolha Como um consumidor decide o quanto deseja consumir de um determinado bem? A teoria da escolha do consumidor busca responder a este tipo de pergunta, mostrando como cada consumidor escolhe a sua cesta de consumo.Os indivíduos todos os dias realizam decisões de consumo entre diversos bens disponíveis na economia. Essas escolhas ocorrem porque os indivíduos têm que fazer escolhas entre os bens que vão consumir e aqueles que não vão consumir. Isso ocorre porque os recursos são limitados, o que impede que os indivíduos consumam tudo o que querem na quantidade que desejam. A maioria das pessoas prefere consumir maiores quantidades de um bem ou bens de melhor qualidade. Entretanto, como os recursos são restritos, as pessoas acabam consumindo menos do que desejam. Logo, as pessoas decidem qual a combinação de bens elas vão consumir, dada a possibilidade de escolhas que elas possuem 4. A restrição orçamentária A restrição orçamentária mostra a combinação de bens e serviços que o consumidor pode adquirir. Ou seja, a restrição orçamentária mostra as possibilidades de consumo que o indivíduo pode realizar dados os seus recursos (limitados). Suponha que um indivíduo com renda w=1000 escolha entre dois bens, A e B, e que o preço do bem A seja Pa=2 e o preço do bem B seja Pb=5. Quais as possibilidades de consumo deste indivíduo? 2011/2 Seção 3 8 Restrição Orçamentária Bem B Bem A Figura 1: Restrição Orçamentária 500 200 (250,100) A figura 1 mostra que o indivíduo pode consumir... Zero unidade do bem A e 200 unidades do bem B, utilizando toda sua renda; 250 unidades do bem A e 100 unidades do bem B, utilizando toda sua renda; ou ainda. 500 unidades do bem A e zero unidade do bem B utilizando toda sua renda. Todos os pontos da linha reta e em seu interior são cestas de consumo possíveis. A inclinação da restrição orçamentária mostra a taxa pela qual se troca um bem pelo outro. O consumidor pode comprar 500 unidades do bem A ou 200 unidades do bem B. Isso significa que o consumidor troca uma unidade do bem B para adquirir 2,5 unidades do bem A. Logo, a inclinação de 2/5 representa o trade-off que o mercado oferece a consumidor: 5 unidades do bem A por 2 unidades do bem B. Esse valor é exatamente a razão dos preços Pa e Pb. Logo, a restrição orçamentária do consumidor pode ser descrita conforme: PaXa+PbXb=W, substituindo os valores propostos: 2Xa+5Xb=1000 Com isso a inclinação da curva é dada por: 5Xb=1000-2Xa Xb=200-(2/5) Xa E a inclinação é -2/5. A restrição orçamentária (R.O.) mostra as possibilidades de consumo que o consumidor possui dada a sua renda. As escolhas do consumidor não dependem apenas da restrição orçamentária (obviamente a cesta escolhida tem que estar contida na R.O.), mas também das preferências (gostos) do consumidor. As preferências do consumidor permitem que este escolha entre diferentes combinações dos bens A e B. Com isso, caso você ofereça duas combinações distintas dos bens A e B para um consumidor, ele escolherá aquela que atenda melhor às suas preferências. Quando duas combinações distintas de bens atendem igualmente a preferência do consumidor, dizemos que o consumidor é indiferente entre as duas combinações. Curva de indiferença: uma curva que mostra diversas combinações dos bens A e B que proporcionam o mesmo nível de satisfação ao consumidor. 2011/2 Seção 3 25 Preferência do consumidor Bem B Bem A Figura 3: Curvas de Indiferença A C Propriedades das curvas de indiferença: As curvas mais elevadas (mais distantes da origem) são preferíveis. As curvas de indiferença se inclinam para baixo. As curva de indiferença não se cruzam. As curvas de indiferença são convexas em relação à origem. As curvas mais elevadas (mais distantes da origem) são preferíveis. Consumidores, normalmente, preferem mais bens a menos bens.Logo, curvas de indiferença mais elevadas são preferidas, pois oferecem uma maior quantidade de bens. 5. Escolha ótima O consumidor escolhe seu consumo de forma a obter a cesta de consumo que oferece o maior bem-estar possível. Logo, o consumidor escolhe o consumo na curva de indiferença mais distante da origem que ele pode comprar. A figura 6 mostra a escolha ótima do consumidor. 2011/2 Seção 3 31 Otimização Bem B Bem A Figura 6: Escolha ótima do consumidor I1 I3 B C ótimo I2 A O ponto A não é um ponto ótimo, pois o consumidor não consome toda sua renda, logo não é seu ponto ótimo. O mesmo ocorre com o ponto B. O ponto C não é o ponto ótimo porque apesar de o consumidor gastar toda sua renda, ele não escolhe uma cesta de consumo na curva de indiferença mais distante da origem. O ponto ótimo é aquele em que a curva de indiferença é tangente à restrição orçamentária (R.O.), sendo curva de indiferença mais distante da origem com cesta de consumo dentro da R.O. do consumidor. No ponto ótimo, a inclinação da curva de indiferença é igual à inclinação da R.O. 6. Variações no bem estar do consumidor a) Mudanças nos preços relativos: abordagem matemática b) Mudanças na renda monetária: abordagem matemática A TEORIA DA DEMANDA E DA OFERTA – AULA 2 1. Conceito geral A teoria da demanda e da oferta estuda os problemas relacionados à escolha eficiente em face da escassez de recursos. O foco principal é a investigação das variáveis que influenciam as decisões dos consumidores e dos produtores e sua interação. 2. Mercado Mercado é definido como um grupo de compradores e vendedores de um determinado bem ou serviço. Os mercados podem ser competitivos (feiras livres, por exemplo) e não competitivos (monopólio e oligopólio, por exemplo). Um mercado é considerado competitivo quando possui um grande número de compradores e vendedores de tal forma que nenhum deles possui o poder de afetar o preço de mercado. O modelo de oferta e demanda aqui estudado supõe competição perfeita. 3. A curva de demanda A quantidade demandada de um bem é a quantidade desse bem que os compradores podem e desejam comprar. Muitas coisas afetam a quantidade demandada de um determinado bem. Mas pode-se afirmar que existe uma relação negativa entre a quantidade demandada e o preço do bem, que pode ser expressa pela lei da demanda. A lei da demanda afirma que, tudo o mais constante (ceteris paribus), a quantidade demandada de um bem aumenta quando o preço diminui. A curva de demanda expressa a quantidade demandada para cada nível de preços. Por que a curva de demanda é negativamente inclinada? Porque cada unidade adicional que demandamos de um determinado bem nos proporciona um benefício marginal menor, reduzindo nossa disposição de pagar pelo bem. Por exemplo: A primeira fatia de pizza quando estamos com fome vale muito (logo estaríamos dispostos a pagar mais pela mesma). Entretanto, a décima fatia de pizza é bem menos valorizada por nós (logo pagaríamos menos por esta fatia doque pela primeira). Dessa forma, podemos escrever a demanda individual de um indivíduo pelo bem A: Preço do bem A Quantidade demandada do bem 10 1 9 2 8 3 7 4 6 5 5 6 4 7 Graficamente, temos a seguinte curva de demanda: 3.1. Deslocamentos da curva de demanda A curva de demanda pode ser deslocada por diversos fatores: Renda, Preços de bens relacionados; Gostos preferências; Expectativas e Número de compradores 4. A curva de oferta A quantidade ofertada de um bem é a quantidade desse bem que os vendedores podem e desejam vender. Muitas coisas afetam a quantidade ofertada de um determinado bem. Mas pode-se afirmar que existe uma relação positiva entre a quantidade ofertada e o preço do bem, que pode ser expressa pela lei da oferta. A quantidade ofertada de um bem é a quantidade desse bem que os vendedores podem e desejam vender. Muitas coisas afetam a quantidade ofertada de um determinado bem. Mas pode-se afirmar que existe uma relação positiva entre a quantidade ofertada e o preço do bem, que pode ser expressa pela lei da oferta. A lei da oferta afirma que, tudo o mais constante (ceteris paribus), a quantidade ofertada de um bem aumenta quando o preço aumenta. A curva de oferta expressa a quantidade ofertada para cada nível de preços. Por que a curva de oferta é positivamente inclinada? Porque os custos marginais de produção são crescentes. Por exemplo, para começar a produzir feijão em uma determinada área, basta contratar trabalhadores. Entretanto, a partir de certo ponto, para elevar a produção é necessário utilizar adubo e outras técnicas que elevam os custos de produção, elevando o preço mínimo pelo qual o produtor está disposto a ofertar o produto. Dessa forma, podemos escrever a oferta individual de um produtor do bem A: Preço do bem A Quantidade ofertada de A 10 20 9 18 8 16 7 14 6 12 5 10 4 8 O gráfico abaixo mostra a curva de oferta do mercado: A curva de oferta também pode ser interpretada como o preço mínimo que o mercado cobra para ofertar determinada quantidade. É importante lembrar que qualquer variação nos preços muda a quantidade ofertada, ocasionando um deslocamento ao longo da curva e NÃO um deslocamento da curva de oferta 4.1. Deslocamentos da curva de oferta A curva de oferta pode ser deslocada por diversos fatores: Preço dos insumos; Preços de bens alternados; Tecnologia; Mudanças climáticas; Expectativas e Número de vendedores 5. Equilíbrio no mercado de bens As curvas de oferta e demanda juntas determinam o equilíbrio no mercado, indicando preço e quantidade de equilíbrio. No equilíbrio, a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada. Essa situação é chamada de equilíbrio, porque nenhum dos agentes está disposto a mudar a sua decisão de ofertar ou demandar bens e serviços. Isso ocorre porque, ao preço de equilíbrio, todos os agentes dispostos a comprar o bem por aquele preço compram o produto, e todos os produtores dispostos a vender vendem o produto. Os consumidores representados na curva de demanda à direita do ponto de equilíbrio estão dispostos a pagar um preço inferior àquele que os produtores estão dispostos a ofertar o produto. Logo, nenhum deles mudará a sua decisão de comprar ou vender os produtos. O equilíbrio nesse mercado ocorre de forma natural. Vejamos: suponha que o preço esteja acima do preço de equilíbrio. Nesse caso, existe um excesso de oferta, pois existem mais bens sendo vendidos àquele preço do que consumidores dispostos a comprar o bem. Com isso, os produtores reduzem seus preços para evitar o “encalhe” do produto, o que eleva a demanda pelo mesmo. Esse processo ocorre até a economia atingir o ponto de equilíbrio, em que vendedores e consumidores encontram-se satisfeitos. O equilíbrio nesse mercado ocorre de forma natural. Logo, o mercado sempre atinge o equilíbrio, não importa se o preço estiver acima ou abaixo do preço de equilíbrio. Quando há um excesso de oferta, os produtores passam a ofertar seus produtos a preços mais baixos, até que a economia atinja o equilíbrio. Quando há um excesso de demanda, os consumidores passam a ofertar preços mais elevados pelos bens e serviços, até que a economia atinja o equilíbrio. Lei da Oferta e Demanda: o preço de qualquer bem se ajusta para trazer a quantidade ofertada e a quantidade demandada desse bem para o equilíbrio. Análise de mudanças no mercado. Como visto anteriormente, diversos fatores afetam a oferta e a demanda no mercado. Logo, para analisar seus efeitos no mercado, realizamos uma estatística comparativa. Para tanto, devemos fazer esta análise em três etapas: Avaliar se o acontecimento afeta a curva de oferta, demanda ou ambas. Verificar em qual direção a curva é deslocada. Verificar como a(s) alteração(ções) afetam o equilíbrio. Efeito da elevação do preço margarina no mercado de manteiga Efeito da elevação do preço do adubo no mercado de soja 6. Variações reais versus variações nominais 7. Elasticidades É uma medida de resposta da quantidade demandada ou da quantidade ofertada a variações em suas determinantes. As elasticidades que serão estudadas nesta seção são: Elasticidade-preço da demanda. Elasticidade-renda da demanda. Elasticidade-preço cruzada da demanda. Elasticidade-preço da oferta. 7.1. Elasticidade preço da demanda Elasticidade-preço da demanda mede quanto a quantidade demandada de um bem varia para uma dada variação no preço do bem, sendo a variação percentual da quantidade demandada dividida pela variação percentual do preço. Ep = A elasticidade-preço da demanda está relacionada com a inclinação da curva de demanda. Quanto mais horizontal for a curva de demanda, maior a variação da quantidade demandada para uma variação do preço. Quanto mais vertical for a curva de demanda, menor a variação da quantidade demandada para uma variação do preço. 7.2. Elasticidade renda da demanda A elasticidade-renda da demanda está relacionada ao tamanho do deslocamento da curva de demanda em relação a uma variação na renda. A elasticidade-renda da demanda é positiva quando o bem é normal, ou seja, um aumento de renda gera uma elevação da quantidade demandada. A elasticidade-renda da demanda é negativa quando o bem é inferior, ou seja, um aumento de renda gera uma redução da quantidade demanda. 7.3. Elasticidade cruzada da demanda Elasticidade-preço cruzada da demanda mede quanto a quantidade demandada de um bem responde a uma variação do preço de um outro bem. A elasticidade-preço cruzada da demanda está relacionada ao tamanho do deslocamento da curva de demanda em relação a uma variação do preço de um bem relacionado. A elasticidade-preço cruzada da demanda é positiva quando os bens são substitutos. Ou seja, uma elevação no preço de um bem substituto eleva a demanda pelo bem. A elasticidade-preço cruzada da demanda é negativa quando os bens são complementares. Ou seja, uma elevação no preço de um bem complementar reduz a demanda pelo bem. 8. Elasticidade preço da oferta Elasticidade-preço da oferta mede quanto a quantidade ofertada de um bem responde a uma variação de seu preço, sendo a variação percentual da quantidade ofertada dividida pela variação percentual do preço. A elasticidade-preço da oferta está relacionada com a inclinação da curva de oferta. Quanto mais horizontal for a curva de oferta, maior a variação da quantidade ofertada para uma variação do preço. Ou seja, mais elástica é a oferta. Quanto mais vertical for a curva de oferta, menor a variação da quantidade ofertada para uma variação do preço. Ou seja, mais inelástica é a oferta. Existem dois casos extremos de elasticidadeda oferta: Perfeitamente elástica: a curva de oferta é horizontal (elasticidade infinita). Nesse caso, qualquer pequena elevação de preço leva a grandes variações na quantidade ofertada. Perfeitamente inelástica: a curva de demanda é vertical (elasticidade zero). Nesse caso, mesmo grandes elevações de preço não geram qualquer variação na quantidade ofertada. TEORIA DO BEM ESTAR – AULA 3 Quando um consumidor vai ao supermercado comprar uma mercadoria pode ficar desapontados ao verificar que o preço da mercadoria está muito alto. Ao mesmo tempo, o produtor desse bem gostaria que o preço estivesse ainda mais alto. Em outras palavras, o consumidor sempre gostaria de pagar menos e o produtor sempre gostaria de receber mais. Entretanto, sempre haverá um preço justo que satisfaça a ambos. Vimos que as forças de demanda e oferta determinam o preço e a quantidade de equilíbrio, Isto é, uma alocação de recursos desejável para ambos. O preço da mercadoria se ajusta para garantir que a quantidade ofertada seja igual à quantidade demandada. Neste conteúdo, vamos discutir a economia do bem estar, isto é, o estudo de como a alocação de recursos afeta o bem estar econômico. 1. Excedente do consumidor: são os benefícios que os compradores recebem por sua participação no mercado. Isto é, é a quantia que um consumidor está disposto a pagar menos a quantia que ele efetivamente paga. Exemplo: dado um preço de mercado igual a R$5,00/unidade, o consumidor estaria disposto a pagar até R$15,00 pela primeira unidade, até R$12,00 pela segunda , etc....No entanto ele tem que pagar apenas o preço fixado pelo mercado. Seu excedente pode ser demonstrado no gráfico abaixo: 15 12 5 1 2 Outro exemplo: considere que a curva de demanda de um consumidor seja expressa por: Q = 12 – 8P. O preço praticado pelo mercado é igual a R$ 0,2. Qual o excedente desse consumidor? Q= 12 – 8(0,2) Q= 10,4 unidades Q= 0 ...........p= 1,5 ou seja , substituindo 0 na equação de demanda 1,5 0,2 10,4 EC = área do triângulo = (10,4 x 1,3)/2 = R$ 6,76 2. Excedente do Produtor: é o ganho em bem estar pelo fato do produtor receber um preço maior ( preço de mercado) que o mínimo que viabiliza sua produção, ou seja aquele preço que cobre seus custos Exemplo: dado um preço de mercado igual a 120, o produtor estaria disposto a receber, para produzir a primeira unidade, um preço de 60, 70 p[ela segunda , etc..., mas ele recebe o preço de mercado,ganhando a diferença. 120 Exemplo numérico: suponha que a curva de oferta do produtor seja a seguinte: Q = 60 P Se o preço de mercado for igual a 2, seu excedente será igual a $120 2 3. Avaliação privada e Avaliação social: a) Avaliação privada: voltada para os resultados da empresa em particular b) Avaliação social: voltada para toda sociedade Exemplo: Quando uma empresa implantar uma indústria poluente, alem dos custos dessa implantação que essa empresa incorre, tem-se que considerar os custos sociais, derivados, por exemplo, do aumento da poluição. A diferença entre a avaliação sob a ótica privada e a ótica social é dada pelas externalidades que podem ser positivas ou negativas. Externalidades representam as alterações de custos e benefícios para a sociedade, derivados da produção de uma empresa. Exemplo de externalidade positiva: os produtores agrícolas contarem com um bom serviço público de estradas vicinais que permitam escoar a produção com menor custo de transporte. Exemplo de externalidade negativa: uma indústria química poluidora dos rios impõem externalidades negativas à indústria de pesca. TEORIA DA FIRMA – AULA 4 1. Aspectos gerais A teoria da firma divide-se em teoria da produção e teoria dos custos. Vamos discutir cada um desses temas abaixo, assumindo que uma firma tem como objetivo maximizar seus lucros. 2. Teoria da produção Produção é o processo pelo qual uma firma transforma recursos ou fatores de produção em produtos ou serviços, usando uma dada tecnologia. A relação entre a quantidade produzida de um produto ou serviço e os fatores de produção é denominada de função de produção. Assim, podemos escrever a seguinte relação: Q = f ( k, l, t......), onde Q é a quantidade produzida, k, l e t fatores de produção A escolha do processo de produção depende de sua eficiência, que pode ser técnica ou econômica. Eficiência técnica entre dois ou mais processos é aquele que permite produzir uma mesma quantidade de produto, utilizando menor quantidade de fatores de produção. Eficiência econômica entre dois ou mais processos, por sua vez, é aquele que permite produzir a mesma quantidade de produtos com menor custo de produção 2.1. Fatores de produção fixos e variáveis no curto e longo prazos Os fatores de produção fixos são aqueles que não se alteram quando há variações na produção, enquanto fatores variáveis se alteram com a variação na produção. Exemplos de fatores fixos: instalações da empresa/capacidade instalada.Exemplos de fatores variáveis: mão de obra e matéria prima Curto prazo é o período de tempo em que pelo menos um fator de produção é fixo. No longo prazo todos os fatores de produção são variáveis. 2.2. Produção com dois fatores, um fixo e outro variável no curto prazo 2.2.1. Produto total: é a quantidade produzida em determinado período de tempo 2.2.2. Produto ou produtividade média: é a relação entre o produto total e a quantidade de fatores de produção. Representa a contribuição média de cada fator ao produto total 2.2.3. Produto ou produtividade marginal: é a variação no produto decorrente de variação de uma unidade no uso do fator variável Exemplo: suponha que um processo produtivo no qual são combinados capital (fator fixo) e trabalho (fator variável) apresenta os seguintes resultados: K L Produto total Produto médio Produto marginal 10 0 0 - - 10 1 3 3 3 10 2 8 4 5 10 3 12 4 4 10 4 15 3,75 3 10 5 17 3,4 2 10 6 17 2,8 0 10 7 16 2,3 -1 10 8 13 1,6 -3 3. Teoria dos custos de produção Na teoria da produção no preocupamos com as condições tecnológicas e físicas entre fatores de produção e produto. Agora, em teoria dos custos no preocuparemos com a remuneração desses fatores. Discutiremos, também, como a visão do economista difere daquela do contador, no que se refere aos custos de oportunidades e custos sociais, incorporados pelos economistas no estudo dos custos de produção de uma firma. 3.1. Custos de oportunidade e custos contábeis a) Custo de oportunidade As ofertas de bens e serviços são determinadas pelos custos de produção. Custos representam os dispêndios efetuados por uma organização na aquisição de recursos (meios, fatores, etc) necessários à produção de seu produto. Contudo, sua despesa efetiva constitui apenas uma parte da estrutura de custos. Uma vez que a disponibilidade de recursos econômicos numa economia é limitada em relação às necessidades humanas, quando alguns desses recursos são utilizados na produção de determinado produto, a sociedade deve prescindir de outros produtos que em que tais recursos poderiam ser empregados. Suponha que certa espécie de mão de obra pode ser empregada na produção de máquinas de lavar, então necessariamente, a sociedade renuncia dos refrigeradores que tais unidades de mão de obra poderiam produzir. Os economistas definem custos de produção de um produto como o valor dos produtos alternativos renunciados que seria possível obter com os recursos considerados. Chama-se isso de custo de oportunidade! No exemplo acima, da mão de obra, seu custo na produção de máquinas de lavar é o valor dos refrigeradores que poderia serproduzido. É importante observar que a microeconomia diverge da contabilidade na conceituação do custo de um fator de produção. Na microeconomia e, consequentemente, na decisão de aplicação de capital, importa o custo de oportunidade, mais do que seu custo explícito. custo de oportunidade de um fator é a melhor remuneração que seria obtida por ele em um uso alternativo. A ideia é que, quando a organização decide empregar um fator na produção de um bem ou serviço, ela está perdendo oportunidade de empregá-lo de outras formas. A remuneração que seria obtida por esse fator na melhor oportunidade perdida é o custo que deve ser atribuído ao seu uso na produção do bem. b) Custos explícitos ou contábeis de produção Custos explícitos são aqueles dispêndios feitos pela organização. Consistem de pagamentos explícitos realizados pela utilização dos recursos. São exemplos: pagamento pela matéria prima, salários, etc... São esses os custos que os contadores registram como despesas da organização Os custos explícitos podem ser de natureza fixa e de natureza variável (esses conceitos foram discutidos nas aulas anteriores...). Voltaremos a esse assunto mais tarde!!! c) Custos implícitos de produção São aqueles que frequentemente são desprezados no cálculo dos custos de uma organização. O proprietário dos recursos que não fixa salário para si mesmo, mas que recebe parte dos lucros como pagamento pelos seus serviços é um exemplo. De acordo com o conceito de custo de oportunidade, o custo dos serviços de um proprietário na produção de um produto é o valor alternativo que poderia obter se estivesse trabalhando para outras pessoas, empregando capacidade semelhante. Em outras palavras, o custo implícito é o valor de um recurso, neste nosso exemplo, mão de obra, no seu melhor uso alternativo. d) Custos sociais de produção Representam o sacrifício que se faz, em termos do que se deixa de produzir, ao optarmos por uma da produção, isto é, representa a quantidade de um bem que foi renunciada para se obter unidades de outro bem. 3.2. O custo e o tempo a) Curtíssimo prazo: período de tempo em que todos os fatores de produção são fixos e, por isso, a produção e a oferta não variam. b) Curto prazo: período de tempo em pelo menos um fator de produção é fixo. c) Longo prazo: período de tempo em que todos os fatores de produção são variáveis. 3.3. Custos de produção no curto prazo a) Custo total: é o pagamento que uma firma realiza na compra de fatores de produção. Esses pagamentos remuneram o uso de fatores fixos e de fatores variáveis. Se o pagamento é feito a um fator fixo, o custo é fixo, enquanto que se o fator é variável, o custo é variável. b) Custo variável: é a remuneração pelo uso do fator variável. É uma função da quantidade produzida. Quanto maior for a produção, maior será o custo variável total. CV = f ( Q ) c) Custo fixo: é a remuneração pelo uso do fator fixo. Independe da quantidade produzida CF = F (K), k é uma constante. 3.4. Custos médios de produção São custos por unidade produzida. Temos: a) Custo fixo médio: é o custo fixo total dividido pela quantidade produzida. b) Custo variável médio: é o custo variável total dividido pela quantidade produzida. c) Custo total médio: é a soma do custo fixo médio e do variável médio. 4. Lucro econômico versus lucro contábil Uma firma tem custos contábeis (explícitos) que implicam desembolso de recursos, com a compra de matéria prima e, também, custos implícitos, como a rentabilidade que seria obtida caso o capital da firma fosse aplicado de outra forma. O conceito de lucro contábil não leva em consideração os custos implícitos, mas apenas os explícitos. Mas o conceito de lucro econômico inclui todos os custos, explícitos e implícitos. 5. Aplicações da teoria dos custos 5.1. Ponto de nivelamento Sob a ótica contábil-financeira, ponto de nivelamento corresponde ao nível de produção em que a receita total iguala ao custo total e a partir do qual a firma começa a obter lucro operacional. Trata-se de um conceito contábil, pois não incorporam no custo total os custos de oportunidades. Matematicamente essa relação é a seguinte: 5.2. Grau de alavancagem operacional Representa o efeito desproporcional entre a força efetuada numa ponta (Nível de Produção), e a força obtida ou resultante na outra (a do Lucro), ou seja, pode ser definido como sendo a variação percentual nos lucros operacionais, relacionada com determinada variação percentual no voluma de vendas. A fórmula para o cálculo do GAO é a seguinte: CUSTOS DE PRODUÇÃO – AULA 5 1. Custo de Oportunidade As ofertas de bens e serviços são determinadas pelos custos de produção. Custos, sob a ótica da economia, representam os dispêndios efetuados por uma organização na aquisição de recursos (meios, fatores, etc) necessários à produção de seu produto. Contudo, sua despesa efetiva constitui apenas uma parte da estrutura de custos. Uma vez que a disponibilidade de recursos econômicos numa economia é limitada em relação às necessidades humanas, quando alguns desses recursos são utilizados na produção de determinado produto, a sociedade deve prescindir de outros produtos que em que tais recursos poderiam ser empregados. Suponha que certa espécie de mão de obra pode ser empregada na produção de máquinas de lavar, então necessariamente, a sociedade renuncia dos refrigeradores que tais unidades de mão de obra poderiam produzir. Os economistas definem custos de produção de um produto como o valor dos produtos alternativos renunciados que seria possível obter com os recursos considerados. Chama-se isso de custo de oportunidade! No exemplo acima, da mão de obra, seu custo na produção de máquinas de lavar é o valor dos refrigeradores que poderiam ser produzidos. É importante observar que a microeconomia diverge da contabilidade na conceituação do custo de um fator de produção. Na microeconomia e, consequentemente, na decisão de aplicação de capital, importa o custo de oportunidade, mais do que seu custo histórico. O custo de oportunidade de um fator é a melhor remuneração que seria obtida por ele em um uso alternativo. A ideia é que, quando a organização decide empregar um fator na produção de um bem ou serviço, ela está perdendo oportunidade de empregá-lo de outras formas. A remuneração que seria obtida por esse fator na melhor oportunidade perdida é o custo que deve ser atribuído ao seu uso na produção do bem. 2. Custos explícitos de produção Custos explícitos são aqueles dispêndios feitos pela organização. Consistem de pagamentos explícitos realizados pela utilização dos recursos. São exemplos: pagamento pela matéria prima, salários, etc... São esses os custos que os contadores registram como despesas da organização Os custos explícitos podem ser de natureza fixa e de natureza variável (esses conceitos foram discutidos nas aulas anteriores...). Voltaremos a esse assunto mais tarde!!! 3. Custos implícitos de produção São aqueles que frequentemente são desprezados no cálculo dos custos de uma organização. O proprietário dos recursos que não fixa salário para si mesmo, mas que recebe parte dos lucros como pagamento pelos seus serviços é um exemplo. De acordo com o conceito de custo de oportunidade, o custo dos serviços de um proprietário na produção de um produto é o valor alternativo que poderia obter se estivesse trabalhando para outras pessoas, empregando capacidade semelhante. Em outras palavras, o custo implícito é o valor de um recurso, neste nosso exemplo, mão de obra, no seu melhor uso alternativo. 4. O custo e o tempo A maneira pela qual os custos de produção de uma organização variam, na medida em que há variação naprodução, por unidade de tempo, irá diferir segundo o período de templo considerado. Na análise de custos são considerados curtíssimo prazo, curto prazo e longo prazo. - curtíssimo prazo: é o período de tempo em que todos os fatores de produção são fixos e, portanto, nesse período a empresa não tem como ampliar sua produção. A oferta é fixa! - curto prazo: é o período de tempo tão curto que pelo menos um recurso pode variar. Os demais são fixos - longo prazo: é o período de tempo suficiente longo para que a firma possa variar as quantidades de todos os recursos utilizados na produção. As organizações dispõem de tempo suficiente para variar seu tamanho (escala). É também chamado de horizonte de planejamento. 5. Custos unitários ou médios de produção Custos unitários ou médios medem o custo por unidade de produto: Custo fixo médio é o custo fixo dividido pela quantidade produzida. Quanto maior a produção, menor é o custo fixo por unidade, isto é, quanto mais intensamente utilizar o fator fixo (capacidade instalada) menor será o custo fixo por unidade. Custo variável médio é o custo variável dividido pela quantidade produzida. O formato em “U” da curva de custo variável médio é explicado pela teria da produção. Suponha que uma fábrica seja planejada para empregar no máximo 100 trabalhadores. A sua capacidade instalada (fator fixo) é fixa, não se modifica e somente a mão de obra é variável. Se for utilizado apenas um trabalhador no processo produtivo, a quantidade de produto obtida será pequena, mas se for empregado mais um trabalhador, os dois podem dividir o trabalho e mais do que duplicar a produção. Isto mostra que a produtividade média de cada trabalhador aumenta com o emprego de um trabalhador adicional. Se o dobro do custo da mão de obra mais do que duplica a produção, os custos da mão de obra por unidade de produto irão decrescer. É a fase de rendimentos crescentes Se persistir empregar trabalhadores adicionais acima da capacidade instalada (máximo 100 trabalhadores), a produtividade média cai e, portanto, o custo variável por unidade de produto aumenta. Custo médio total é a soma do custo fixo médio e do variável médio. -
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