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Direito das Coisas
DIREITO CIVIL IV
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Direito de Propriedade:
Conceito: Segundo Carlos Roberto Gonçalves, “o direito de propriedade pode ser definido como o poder jurídico atribuído a uma pessoa de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, em sua plenitude e entro dos limites estabelecidos na lei, bem como de reivindica-lo de quem injustamente o detenha” (Direito Civil brasileiro. v. V, cit. P. 206-207).
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Direito de Propriedade
Relação entre pessoas: entende-se que a propriedade se constitui por uma relação entre sujeitos (pessoas) e não simplesmente entre pessoa-objeto, isso porque como a propriedade exerce-se com efeito erga omnes suas faculdades (usar, gozar, fruir, dispor e reinvindicar) são impostas a sujeitos indeterminados e em face deles a propriedade será exercida. 
Relação complexa: o proprietário é ao mesmo tempo sujeito ativo e passivo da obrigação, uma vez que ele tem o direito de exercer suas faculdades erga omnes, mas tem o dever de dar função social à propriedade. 
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Propriedade x Domínio
“O termo “propriedade” é mais abrangente do que a expressão “domínio”; este se refere à dominação sobre coisas corpóreas, enquanto a propriedade compreende outros bens além das coisas. Certo é que o CC de 2002 suprimiu a maior parte das referências ao domínio, optando pelo termo propriedade.”
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Função Social: 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. (Função social, limitador constitucional)
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. (Abuso do direito de propriedade)
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Abuso de Propriedade x Abuso de Direito
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
A configuração do abuso de propriedade como vem disposto no art. 1.228, §2º, exige o elemento subjetivo (intenção do sujeito), contudo quando se fala em abuso de direito, não há vinculação do direito subjetivo, o que gera uma incongruência entre as duas normas. Por ser mais protetiva e mais fácil de aferir, os doutrinadores entendem que deve-se manter a regra do art. 187 também para discussão sobre o direito de propriedade, principalmente nas relações de direito de vizinhança. 
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Estrutura do Direito de Propriedade
Faculdade de usar
O uso pode ser direto ou indireto (pelo fâmulo da posse). O uso concede ao seu titular acesso aos frutos naturais da coisa. 
Faculdade de gozar/fruir
Exploração econômica da coisa, mediante extração de frutos e produtos, que ultrapassem a percepção de simples frutos naturais. Está fruindo ao obter frutos industriais e os frutos civis.
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Estrutura do Direito de Propriedade
Faculdade de dispor
Alterar a substância da coisa. Pode ser disposição material, que seria a destruição ou abandono, bem como a disposição jurídica (total – alienação– ou parcial –ônus reais–). Perceba que a separação dos poderes dominiais (disposição jurídica) não ofende a essência do direito subjetivo de propriedade, que continua pertencendo exclusivamente a seu titular.
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Formas de Aquisição da Posse
Faculdade de reivindicar
Os anteriores se tratavam de elementos internos ou econômicos do direito de propriedade, por onde o proprietário obtém vantagens pecuniárias decorrentes de sua titularidade. Aqui, temos o elemento externo ou jurídico da propriedade, representando a pretensão do direito subjetivo de excluir terceiros de indevida ingerência sobre a coisa, permitindo que o proprietário mantenha sua dominação sobre o bem.
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Atributos da Propriedade
São os seguintes:
1) Direito complexo: 
Reúne um conjunto de poderes (usar, gozar/fruir, dispor, reivindicar).
2) Absoluta:
É oponível erga omnes.
3) Perpétua: 
Não se extingue pelo lapso temporal, pelo não uso, e pode ser passada de geração em geração.
* “Mitigações”:
- Lembrando que o não uso pode acarretar algumas consequências, tais como a desapropriação pela falta do cumprimento da função social (CF art. 184 e art. 1.276 CC). E a “perpetuidade” pode ser mitigada pelo usucapião.
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Atributos da Propriedade
4) Exclusiva (em regra)
A propriedade não pode ser de mais de uma pessoa, salvo a hipótese do condomínio (caso seja pro indiviso).
OBS: Na verdade, a exclusividade é do domínio, e não da propriedade em si. Só uma pessoa pode usar, fruir e dispor o objeto. Mesmo quando atue isoladamente o condômino exercitará o domínio na integralidade e não apenas na proporção de sua fração. O domínio é uno e indivisível. 
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Atributos da Propriedade
5) Elástica:
Pode ser distendida ou contraída, sem perder a sua essência. Pode ser cedido algum ou alguns dos poderes inerentes ao direito de propriedade (exemplo: usufruto, onde se cedem o uso e gozo), contraindo-o. Depois os poderes retornam ao titular restabelecendo o direito de propriedade. 
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Extensão da Propriedade
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. (atenção ao abuso de direito de propriedade!!)
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.
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