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1 AVC – AVALIAÇÃO CONTÍNUA FOLHA DE RESPOSTA Disci Resolução / Resposta Em 1985 temos como contexto um momento em que se exige do setor assistencial práticas inovadoras para demandas postas pela nova realidade nacional de transição democrática, em que um número crescente da população pedia respostas mais ágeis e efetivas de uma política assistencial. Desde então se discutiu mais intensamente o caminho para se formular uma política pública de assistência social através da inclusão de direitos sociais e, mais especificamente, do direito à seguridade social, e nela, a garantia à saúde, à assistência e previdência social na Constituição Federal. A partir da luta de diversos grupos e movimentos sociais, como sindicatos, partidos políticos, trabalhadores da área, intelectuais, profissionais liberais, parcelas da igreja, organizações públicas e privadas entre outros, foi-se discutindo e construindo uma proposta de Lei Orgânica e de Política de Assistência Social em favor das pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão. Na Constituição Federal de 1988 o marco legal para a compreensão das transformações e redefinições do perfil histórico da assistência social no País, que a qualifica como política de seguridade social. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. No que diz respeito às ações a serem desenvolvidas neste setor, dois princípios contidos, no artigo 204 da Constituição, são inovadores e de indiscutível importância para o seu completo êxito, ou seja, o que se refere à descentralização político-administrativa e o relativo à participação da sociedade brasileira na discussão dos temas afetos ao setor. A exposição de motivos da LOAS enfatiza que se levou em consideração, em sua elaboração, o comprometimento da assistência social com o estatuto da cidadania, entendendo-se que a assistência social somente será um direito social a medida que extrapolar os limites de sua ação convencional. O LOAS propõe a introdução de mudanças estruturais e conceituais na assistência social pública, transformando e criando, através dela, um novo cenário Disciplina: Seguridade Social: Assistência Social 2 com novos atores e, seguramente, novas estratégias e práticas, além de novas relações interinstitucionais e com a sociedade. LOAS deixa claro que a Assistência Social é direito do cidadão e dever do Estado e que se trata de uma política de seguridade social não contributiva, que deve prover os mínimos sociais através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. A realidade sócio-histórica brasileira convive com grandes desigualdades sociais e níveis inaceitáveis de miséria e pobreza, resultante da intensa concentração de renda, convivendo assim com o paradoxo: ser um país rico economicamente, embora desigual. Considera-se, portanto, a questão social como algo que é inerente ao modo de produção capitalista, o qual expande e intensifica as relações de desigualdade, miséria e pobreza, por conta da concentração de poder e riqueza em certos segmentos sociais. Para tanto, as políticas sociais se materializam na viabilização dos direitos sociais, tendo a presença do Estado e da sociedade civil como peças fundamentais nesse processo de execução, formulação e no seu planejamento. A crise de 1969-70, segundo os neoliberais, era fruto do poder dos sindicatos e do movimento operário, que desgastam as bases de acumulação, e do aumento dos gastos sociais do Estado, o que resulta em processos inflacionários. Diante do exposto, os neoliberais defendem a não intervenção do Estado no comércio exterior e na regulamentação dos mercados financeiros, no qual a estabilidade econômica é a principal meta a ser alcançada – o que só se efetivará se houver uma redução dos gastos sociais e a manutenção da taxa “natural” de desemprego, integrada a reforma fiscal, com diminuição do imposto para altos rendimentos. Já no período da Nova República, em meados da década de 80 as políticas sociais possuíam um caráter compensatório, isolado, emergencial e clientelístico, principalmente no fim do governo de Sarney. Nota-se também outra consequência advinda da reforma do Estado, que consiste em um mínimo estatal na área social, ocorrendo à privatização e a transferência das responsabilidades do Estado para a sociedade civil, surgindo conceitos como: voluntariado, solidariedade e cooperação. Dentro desse contexto, cria-se o programa “Comunidade Solidária” que tem como premissa o combate à pobreza, valendo ressaltar que recebeu demasiadas críticas, pois era visto como continuidade de um processo da assistência no seu pior sentido, resgatando as características das políticas sociais da década de 80, na Nova República, como um programa de natureza compensatória. 3 O contexto neoliberal implica na perda de identidade do coletivo, pautando-se na autonomia do indivíduo social e político de si mesmo, fragilizando o enfrentamento político e a luta pela diminuição das desigualdades sociais no Brasil. Atualmente, observa-se que a questão social passa por um processo de criminalização, retrocedendo e remetendo à concepção de que deve ser tratada como caso de polícia, naturalizando assim, as diversas desigualdades que permeiam as relações sociais contraditórias e desiguais da sociedade. No entanto, é necessário ressaltar que a questão social ganhou espaço na cena pública, demandando com isso a intervenção do Estado no reconhecimento e na viabilização de direitos dos sujeitos sociais. Verifica-se uma tendência atual onde as expressões da questão social recebem intervenção através de programas sociais, que por sua vez, compreendesse como um enfrentamento pontual da pobreza, em detrimento de uma intervenção sistemática do Estado na viabilização das necessidades básicas, desse modo, a questão social é tratada através de uma assistência focalizada. Em apenas um ano, o Brasil passou a ter quase 2 milhões de pessoas a mais vivendo em situação de pobreza. A pobreza extrema também cresceu em patamar semelhante. É o que mostra a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada nesta quarta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a pesquisa, em 2016 havia no país 52,8 milhões de pessoas em situação de pobreza no país. Este contingente aumentou para 54,8 milhões em 2017, um crescimento de quase 4%, e representa 26,5% da população todal do país, estimada em 207 milhões naquele ano (em 2016, eram 25,7%). Já a população na condição de pobreza extrema aumentou em 13%, saltando de 13,5 milhões para 15,3 milhões no mesmo período. Do total de brasileiros, 7,4% estavam abaixo da linha de extrema pobreza em 2017. Em 2016, quando a população era estimada em cerca de 205,3 milhões, esse percentual era de 6,6%. “A renda do trabalho compõe a maior parte da renda domiciliar. A taxa de desocupação continuou elevada neste ano, por isso a pobreza aumentou”, destacou. Segundo o IBGE, é considerada em situação de extrema pobreza quem dispõe de menos de US$ 1,90 por dia, o que equivale a aproximadamente R$ 140 por mês. Já a linha de pobreza é de rendimento inferior a US$ 5,5 por dia, o que corresponde a cerca de R$ 406 por mês. Essas linhas foram definidas pelo Banco Mundial para acompanhar a pobreza global. O rendimento médio mensal domiciliar per capita (a soma das rendas de todos os moradores do domicílio, dividida pelo número de pessoas) obtido no país foi de R$ 1.511 em 2017. • Desafio do SUAS na atualidade é comum a existência de Prefeitos e Secretários Municipais de Assistência Social que não aceitam ou não adotam osprincípios e as normativas do SUAS. 4 Nesses casos, a condução das políticas assistenciais continua sendo feita com base na antiga cultura da benemerência (concessão de cestas básicas, pagamento de consultas, doação de óculos, distribuição de remédios, etc.) ou com base em critérios populistas ou patrimonialistas. • Devido, em parte, à permanência da cultura assistencialista tradicional e, em parte, às dificuldades orçamentárias dos municípios, ainda é comum que certos serviços socioassistenciais tipificados no SUAS sejam implantados por gestores municipais tendo em vista, acima de tudo, a obtenção de recursos federais e a redução da probabilidade de ocorrência de eventuais conflitos no relacionamento entre o município e o Ministério do Desenvolvimento Social. Para alguns gestores municipais, a obtenção de recursos financeiros frequentemente é mais importante que a atenção às normas que deveriam orientar a implantação e operação dos serviços. • Na visão dos entrevistados, é comum a existência de vereadores nas Câmaras Municipais que também não aceitam a lógica do SUAS e os princípios da proteção e da promoção de direitos que devem fundamentar seu funcionamento. • Boa parte da população (e, em especial, um amplo contingente dos usuários do SUAS) também não tem suficiente informação e compreensão acerca das normas legais que devem regular a política pública de assistência social. Por seu turno, alguns municípios oferecem nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) apenas cursos elementares e não articulados de forma consistente a demandas e oportunidades do mercado de trabalho (por exemplo, cursos de bordado, pintura em tela e outros artesanatos simples, em geral destinados ao público feminino, que pouco contribuem para a inclusão produtiva sustentável das famílias). É rara a articulação de parcerias intersetoriais, envolvendo Secretarias Municipais, ONGs, empresas e organizações representativas dos trabalhadores, que favoreçam a profissionalização dos usuários e abram para eles portas de saída da assistência social. As condições de trabalho vigentes nesses contextos geram baixa produtividade, descumprimento de cargas horárias, vínculo frágil com o trabalho e alta rotatividade entre os profissionais. • Em virtude da falta de recursos financeiros e da precariedade das condições de trabalho, em alguns municípios a infraestrutura física e humana para a adequada implantação dos serviços tipificados no SUAS é claramente frágil. Mesmo em municípios onde o regime de contratação é adequado e os serviços são relativamente estruturados, os técnicos não conseguem alcançar o 5 contingente da população que deveria ser atendido segundo os critérios do SUAS. Em especial, frequentemente os representantes da sociedade civil ainda expressam uma visão da assistência social baseada na benemerência e distanciada dos princípios que orientam o SUAS. • Para os entrevistados, em alguns municípios as ações da assistência social ainda se organizam quase que exclusivamente no interior dos CRAS, que tendem a atuar de forma reativa e não proativa e articuladora. Nesses casos, a assistência social tende a funcionar como um “plantão social” que se limita a atender de forma burocrática as demandas de quem a procura e não estimula a participação ativa das comunidades, nem promove a articulação das potencialidades existentes nos territórios para a restauração de direitos ou a criação de condições sustentáveis para a melhoria da qualidade de vida da população vulnerável. 6 FONTE BIBLIOGRAFICA • BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm>. • LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993. LOAS. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742.htm 7
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