Buscar

Apostila Política Social

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 238 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 238 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 238 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Apostila de Política Social 
 
 
 
 
Conteúdo 
+ 
55 Questões Comentadas 
+ 
145 Questões Gabaritadas 
 
 
 
Carta ao Leitor 
Concurseiros de serviço social elaboramos esse material sobre o 
tema: Políticas Sociais. Esse conteúdo é sempre cobrado nos 
concursos de serviço social, dessa forma esse material auxiliará 
em sua aprovação. 
Concurseiros pedimos que não compartilhe esse material, nem 
COM FINS LUCRATIVOS e nem SEM FINS LUCRATIVOS, esse 
material é protegido pela lei de direitos autorais, dessa forma a 
reprodução dele a terceiros sem a devida autorização do grupo 
concurseiros de serviço social, constitui-se crime e quem o pratica 
está sujeito as penalidades legais. 
Esperamos que esse material te ajude em sua aprovação. Conheça 
também os nossos outros materiais, temos certeza que vários 
deles poderão te ajudar, estamos enviando uma lista de 
nossos materiais para você. 
Concurseiro caso necessite tirar alguma dúvida, ou fazer alguma 
reclamação, sugestão etc, entre em contato conosco e teremos 
prazer em auxiliá-lo. 
 
 
 
 
 
 
 
REDES SOCIAIS 
 
 
´ 
 
Apostila de Política Social 
Sumário 
1. Concepção de Estado 
2. Política Social e Serviço Social 
3. Política Pública x Política Social 
4. Contexto Mundial 
5.Contexto Nacional 
6. Políticas Setoriais e Políticas Transversais 
Questões Comentadas 
Questões Gabaritadas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE POLÍTICA SOCIAL 
1. CONCEPÇÃO DE ESTADO 
Estado Liberal 
O Estado Liberal caracteriza-se, principalmente pela separação entre Estado 
e economia e pela tentativa de reduzir a política à chamada sociedade política, 
isto é, por tentar despolitizar as relações econômicas e sociais. (TOLEDO, 
1995, p.72). 
Segundo Behring e Boschetti (2011, p.56) tem como “seu principal 
sustentáculo: o princípio do trabalho como mercadoria e sua regulação pelo 
livre mercado”. 
Behring e Boschetti (2011, p. 61) citam como elementos essenciais ao 
liberalismo: 
 Predomínio do Individualismo 
 O bem-estar individual maximiza o bem-estar coletivo 
 Predomínio da liberdade e competividade 
 Naturalização da miséria 
 Predomínio da lei da necessidade 
 Manutenção de um Estado mínimo 
 As políticas sociais estimulam o ócio e o desperdício 
 A política social deve ser um paliativo 
Estado Social 
A decadência do liberalismo foi resultado não do triunfo teórico de um 
paradigma alternativo, mas das lutas sociais e políticas do século XIX e 
 
princípios do XX: o auge do movimento socialista e a decadência do 
assistencialismo cristão (TOLEDO, 1995, p.75) 
Novidades em relação ao Estado Liberal 
 A redefinição das relações clássicas entre sociedade civil e política; 
 A legalização da classe operária e de suas organizações; 
 É em parte investidor econômico, em parte regulador da economia e 
dos conflitos, Estado Benfeitor que procura conciliar crescimento 
econômico com legitimidade da ordem social. 
O Estado Social capitalista, que se impôs em todo o mundo e dominou durante 
uns quarenta anos permitiu nesse lapso de tempo altas taxas de crescimento, 
ordem social e uma alternativa aos triunfantes socialismos reais. Mas a crise 
finalmente chegou, e o Estado Social decompôs-se desde os anos 70. 
Estado Neoliberal 
Características econômicas, políticas e ideológica dos novos Estados liberais 
(TOLEDO, 1995, p.78): 
 Superioridade do livre mercado 
 Individualismo Metodológico 
 Liberdade x Igualdade 
 Conceito Abstrato de Liberdade 
“No campo específico do bem-estar social, os neoliberais sustentam que ele 
pertence ao âmbito privado, e que as suas fontes ‘naturais’ são a família, a 
comunidade e os serviços privados. Por isso o Estado só deve intervir com o 
intuito de garantir um mínimo para aliviar a pobreza e produzir serviços que 
os privados não podem ou não querem produzir além daqueles que são, a rigor, 
de apropriação coletiva. Propõem uma política de beneficência pública ou 
 
assistencialista com um forte grau de imposição governamental sobre que 
programas instrumentar e quem incluir para evitar que se gerem ‘direitos’. 
Além disso para se ter acesso aos benefícios dos programas públicos, deve-
se comprovar a condição de indigência. Rechaça-se o conceito de direitos 
sociais e a obrigação da sociedade de garanti-los através da ação estatal. 
Portanto, o neoliberalismo opõe-se radicalmente à universalidade, igualdade 
e gratuidade dos serviços sociais” (LAURELL, 1995, p.163). 
“A crítica neoliberal ao Estado de Bem-estar é centrada em oposição àqueles 
elementos da política social que implicam desmercantilização, solidariedade 
social e coletivismo. Essa crítica condena os direitos sociais, o universalismo, 
a dissociação entre benefícios e contribuição trabalhista, além da 
administração pública dos serviços” (LAURELL, 1995, p.163). 
Oposição entre Estado Liberal e Estado Social 
Segundo Behring e Boschetti (2011, p. 63) ”as primeiras iniciativas de 
políticas sociais podem ser entendidas na relação de continuidade entre 
Estado liberal e Estado social. Em outras palavras, não existe polarização 
irreconciliável entre Estado liberal e Estado social, ou de outro modo, não 
houve ruptura radical entre o Estado liberal predominante no século XIX e o 
Estado social capitalista do século XX. Houve, sim, uma mudança profunda na 
perspectiva do Estado, que abrandou seus princípios liberais e incorporou 
orientações social-democratas num novo contexto socioeconômico e da luta 
de classes, assumindo um caráter mais social, com investimento em políticas 
sociais (Pison, 1998). Não se trata, então, de estabelecer uma linha evolutiva 
linear entre o Estado liberal e o Estado social, mas sim de chamar a atenção 
para o fato de que ambos têm um ponto em comum: o reconhecimento de 
direitos sem colocar em xeque os fundamentos do capitalismo”. 
 
 
2. Política Social e Serviço Social 
Segundo Behring e Boschetti (2011, p.13) “ a conexão entre política social e 
serviço social no Brasil surge com o incremento da intervenção estatal, pela 
via de processos de modernização conservadora no Brasil (Behring, 2003), a 
partir dos anos 1930. Essa expansão do papel do Estado, em sintonia com as 
tendências mundiais após a grande crise capitalista de 1929, mas mediada 
pela particularidade histórica brasileira, envolveu também a área social, 
tendo em vista o enfrentamento das latentes expressões da questão social, 
e foi acompanhada pela profissionalização do serviço social, como 
especialização do trabalho coletivo”. 
O tema política social quer seja de um ponto de vista histórico-conceitual, 
quer seja a partir de análises mais específicas, no Brasil e no mundo, tem-se 
apresentado como um tema central para a área de Serviço Social, no debate 
profissional, na pesquisa científica e na formação profissional nos anos 1990 
(BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.19). 
No que diz respeito a formação profissional de graduação, as Diretrizes 
Curriculares da ABEPSS (1996) a discussão das políticas sociais é centrada 
como forma de enfrentamento da questão social – objeto do trabalho 
profissional. Onde três matérias, indicadas nas Diretrizes Curriculares, 
apresentam conteúdos diretamente relacionados à política social: 
 Economia Política 
 Direito e Legislação Social 
 Política Social 
Sobre a utilização das políticas sociais como um processo de mediação no 
processo de trabalho do assistente social Raichelis (2009) destaca que “as 
 
principais mediações profissionais (que não são as únicas) são, portanto, as 
políticas sociais que, apesar de historicamente revelarem sua fragilidade e 
pouca efetividade no equacionamento das respostas requeridas pelo nível 
crescente de pobreza e desigualdade social, têm sido a via por excelência 
para as classes subalternas terem acesso, mesmo que precários e 
insuficientes, aos serviços sociais públicos” 
3. Política Pública x PolíticaSocial 
Política Pública – “Conjunto de sucessivas iniciativas, decisões e ações do 
regime político frente a situações socialmente problemáticas e que buscam a 
resolução das mesmas, ou pelo menos trazê-las a níveis planejáveis” 
(VELASQUEZ, 2009, p.61) 
Política Social – diz respeito a um “conjunto de medidas e instituições que 
tem por objeto o bem-estar e os serviços sociais” (LAURELL, 1995, p. 153). 
 
 
Toda Política Pública possui um caráter social e toda política social é uma 
política pública, mas nem toda política pública é uma política social. 
A política Social é uma gestão estatal da força de trabalho, articulando as 
pressões e movimentos sociais dos trabalhadores com as formas de 
reprodução exigidas pela valorização do capital e pela manutenção da ordem 
social (FALEIROS, 1995, p.59). 
 
 
 
 
Diferenciações Importantes sobre as políticas 
 Políticas Distributivas x Políticas Redistributivas 
 
1. Políticas Distributivas 
São aquelas que alocam bens ou serviços a determinados segmentos da 
sociedade através de recursos provenientes da sociedade como um todo. 
Podem estar ou não relacionadas ao exercício de um direito. Podem ser ou 
não assistencialistas. Podem ser ou não clientelistas. Desse tipo de política 
são exemplos: programas de renda mínima, benefícios de prestação 
continuada e etc. 
2. Políticas Redistributivas 
São aquelas que distribuem bens ou serviços a segmentos específicos da 
população através de recursos provenientes de outros grupos específicos. 
Desse tipo de política são exemplos: reforma agrária, política tributária e 
etc. 
H. Salisbury 
1. Políticas Distributivas 
 
São aquelas advindas da combinação de um padrão de demandas altamente 
fragmentado, pulverizado, com um sistema de decisão disperso. 
2. Políticas Redistributivas 
São aquelas que, devido ao padrão de conflito e às correlações de força que 
estabelecem entre os atores, exprimem demandas fortemente 
concentradas ou agregadas, processadas por um sistema decisório 
igualmente concentrado e centralizado para enfrentar as pressões dos 
atores em conflito. 
Políticas Compensatórias x Políticas Emancipatórias 
1. Políticas Compensatórias 
São políticas implementadas com o objetivo de minimizar distorções sociais 
profundas. Desse tipo de política são exemplos: Políticas de cotas, políticas 
de demarcação de terras indígenas e etc. 
2. Políticas Emancipatórias 
São políticas que se dirigem ao empoderamento e à autonomização dos 
grupos sociais inicialmente vulneráveis de modo a promover sua 
independência frente à ação do Estado. 
 
Políticas Universais x Políticas Focalizadas 
Políticas Universais 
São aquelas direcionadas a todos os cidadãos sem distinção, sem critérios 
seletivos. 
Políticas Focalizadas 
As políticas focalizadas são aquelas voltadas para determinado segmentos, 
focalizadas na pobreza absoluta possuído as seguintes características 
 São promovidas pelo objetivo da eficiência e estão subordinadas a 
um esquema de acumulação flexível; 
 
 Estão subordinadas a um sistema concentrador no econômico e 
excludente no social; 
 Promovem a “compensação” no nível microssocial, o assistencialismo 
focado na pobreza crítica em um contexto caracterizado pela 
transferência de renda para cima 
 
 
Histórico 
Contexto Mundial 
 
 Legislações inglesas (Protoformas de Políticas Sociais) 
 
Segundo Behring e Boschetti (2011, p. 47) não é possível “indicar com precisão 
um período específico de surgimento das primeiras iniciativas reconhecíveis 
de políticas sociais, pois, como processo social, elas se gestaram na 
confluência dos movimentos de ascensão do capitalismo com a Revolução 
1349 • Estatuto dos 
Trabalhadores
1563 • Estatuto dos Artesãos (Artifices)
1601
• Leis dos Pobres, 
com carater 
assistencial
1662 • Lei de domicilio
1795 • Speenhamland Act
1834
• Poor Law 
Amendment 
Act
 
Industrial, das lutas de classe e do desenvolvimento da intervenção estatal. 
Sua origem é comumente relacionada aos movimentos de massa social-
democratas e ao estabelecimento dos Estados-nação na Europa ocidental do 
final do século XIX (PIERSON), mas sua generalização situa-se na passagem 
do capitalismo concorrencial para o monopolista, em especial na sua fase 
tardia, após a Segunda Guerra Mundial (pós-1945)”. 
Ainda segundo Behring e Boschetti (2011) as chamadas sociedades pré-
capitalistas desenvolviam-se juntamente as ações de caráter filantrópicas, 
de caridade privada iniciativas pontuais com características assistenciais que 
são identificadas como protoformas de políticas sociais. No bojo dessas 
iniciativas destacam-se as leis inglesas desenvolvidas no período anterior a 
Revolução Industrial: 
 Estatuto dos Trabalhadores, de 1349. 
 Estatuto dos Artesãos (Artífices), de 1563. 
 Leis dos Pobres elisabetanas, que se sucederam entre 1531 e 1601. 
 Lei de Domicílio (Settlement Act), de 1662 
 Speenhanland Act, de 1795. 
 Lei Revisora das Leis dos Pobres, ou Nova Lei dos Pobres (Poor Law 
Amendment Act), de 1834. 
 
 
Castel (apud Behring e Boschetti 2011) destaca que estas legislações 
possuíam um “código coercitivo do trabalho”, na medida em que possuíam um 
imperativo para o trabalho, obrigação do pobre de aceitar qualquer trabalho 
que lhe fosse oferecido, proibindo desse modo a mendicância, nesse sentido 
ainda Pereira (apud Behring e Boschetti, 2011) afirma que elas apresentavam 
um caráter repressor e punitivo e não um caráter protetivo. 
Polanyi e Castel (apud Behring e Boschetti) as legislações (Poor law, a Lei de 
Domicílio de 1662, Speenhamland Act de 1795) “tinham como função principal 
manter a ordem de castas e impedir a livre circulação da força de trabalho”, 
no contexto da Revolução Industrial a Nova Lei dos Pobres de 1834, ao 
contrário, “tinha o sentido de liberar a mão-de-obra necessária à instituição 
da sociedade de mercado” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.48). 
Algumas Características dessas legislações: 
1883
•Primeiro seguro-saúde 
nacional obrigatório 
instituido por Otto Von 
Bismarck
1884
•Criação da cobertura para 
acidentes de trabalho na 
Alemanha
1889
•Criação do seguro 
invalidez e velhice na 
Alemanha
1935
•Social Security Act, 
criando a 
Previdência dos 
Estados Unidos
1942
•Plano Beveridge, incorpora 
um conceito ampliado de 
Seguridade Social
Década 
de 40 a 
60 
•Formação de sistemas de 
Welfare State nos paises 
do capitalismo central
Década 
de 70
•Crise de 
Welfare State 
e Ofensiva 
Neoliberal
 
 Princípio estruturador: obrigar o exercício do trabalho as pessoas 
aptas; 
 Ofereciam auxílios mínimos como alimentação e aos pobres reclusos 
Workhouses; 
 Critérios para acesso eram muito restritivos e seletivos 
 Estabeleciam distinção entre pobres “merecedores” (os inaptos para o 
trabalho) aos quais se garantia uma assistência mínima sustentada pela 
ideia de dever moral cristão, e não “merecedores (os aptos para o 
trabalho, ainda que seja uma capacidade mínima) 
De acordo com Behring e Boschetti (2011, p.49) a lei de Speenhamland de 
1795 possuía um caráter menos repressor, efetuando um abono financeiro 
complementar ao pagamento do trabalho, tendo seu valor baseado no preço 
do pão. Oferecia assistência a empregados e desempregados com 
remuneração abaixo de determinado valor, exigindo em contrapartida a 
fixação do trabalhador. Outra diferença dela em relação a Lei dos Pobres é 
que ela permitia a “negociação”, ainda que mínima, do trabalho. Em 1834 foi 
revogada pela Poor Law Amendment Act conhecida também como New Poor 
Law (Nova Lei dos Pobres) que com forte perspectiva liberal estabeleceu o 
trabalho como fonte exclusiva de renda revogando os direitos assegurados 
pela Speenhamland. 
“Se as legislações sociais pré-capitalistas eram punitivas, restritivas e agiam 
na intersecção da assistência social e do trabalho forçado,o “abandono” 
dessas tímidas e repressivas medidas de proteção no auge da Revolução 
Industrial lança aos pobres à “servidão da liberdade sem proteção”, no 
contexto de plena subsunção do trabalho ao capital, provocando o pauperismo 
como fenômeno mais agudo decorrente da chamada questão social. Foram as 
“lutas pela jornada normal de trabalho” (Marx, 1987) que provocaram o 
 
surgimento de novas regulamentações sociais e do trabalho pelo Estado 
(BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.51). 
Com a predominância dos ideais liberais no Estado capitalista “a resposta 
dada à questão social no final do século XIX foi sobretudo repressiva e 
apenas incorporou algumas demandas das classes trabalhadoras, 
transformando as reivindicações em leis que estabeleciam melhorias tímidas 
e parciais nas condições de vida dos trabalhadores, sem atingir, portanto, o 
cerne da questão social” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.63). 
O século XVIII foi palco de conquistas sociais na constituição dos direitos 
civis cuja maior expressão é a Declaração dos Direitos do Homem. Ao longo 
do século XIX, presencia-se a efetivação dos direitos políticos dos cidadãos, 
através da extensão do voto direto a diversos grupos sociais. No século XX a 
esfera do social e do econômico incorpora-se a noção de cidadania, à medida 
que padrões básicos de educação, saúde, bem-estar e segurança passam a ser 
reconhecidos como fundamentais na vida dos cidadãos e prioritários para o 
exercício das dimensões civil e política de cidadania (GUIMARÃES, 1993, p.5) 
“ O surgimento das políticas sociais foi gradual e diferenciado entre os 
países, dependendo dos movimentos de organização e pressão da classe 
trabalhadora, do grau de desenvolvimento das forças produtivas, e das 
correlações e composições de força no âmbito do Estado. Os autores são 
unânimes em situar o final do século XIX como o período em que o Estado 
capitalista passa a assumir de forma mais ampla, planejada, sistematizada e 
com caráter de obrigatoriedade” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.64). 
Elementos que segundo Pierson (1991) ajudam a demarcar a emergência das 
políticas sociais: 
 
 A introdução de políticas sociais orientadas pela lógica do seguro social 
na Alemanha, a partir de 1883. “Essa ‘novidade’ na intervenção estatal, 
no contexto de presença marcante da social-democracia alemã no 
parlamento e nas lutas sociais, marcaria o reconhecimento público de 
que a incapacidade para trabalhar devia-se a contingências (idade 
avançada, enfermidades, desemprego) que deveriam ser protegidas” 
(BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.64). 
 “As políticas sociais passam a ampliar a ideia de cidadania e 
desfocalizar suas ações antes direcionadas apenas para a pobreza 
extrema” Tal situação é do ponto de vista de Pierson resultado de uma 
mudança da relação estabelecida entre o Estado e o cidadão em 
quatros direções: para além da manutenção da ordem social o Estado 
revela uma preocupação no atendimento das necessidades sociais 
reivindicadas pelos trabalhadores; os seguros sociais passam a ser 
reconhecidos legalmente como conjunto de direitos e deveres; a 
concessão de direito não é um impeditivo da participação política e sim 
um recurso para o exercício da cidadania (incorporação dos direitos 
sociais como elemento de cidadania); incremento do investimento 
público nas políticas sociais com aumento do gasto social 
“Em meados do século XIX, os trabalhadores organizaram caixas de poupança 
e previdência (sociedade de mutualidade) como estratégia de fundo de 
cotização para fomentar a organização operária e manter os trabalhadores 
em greve”. “Essa forma de solidariedade de classe, contudo, foi 
completamente desvirtuada na Alemanha, quando o governo do Chanceler 
Otto Von Bismarck instituiu o primeiro seguro-saúde nacional obrigatório em 
1883, no contexto de fortes mobilizações da classe trabalhadora. As 
iniciativas tomaram a forma de seguro social público obrigatório, destinado a 
 
algumas categorias específicas de trabalhadores e tinham como objetivo 
desmobilizar as lutas. As medidas compulsórias de seguro social público têm 
como pressuposto a garantia estatal de prestações de substituição de renda 
em momentos de perda da capacidade laborativa, decorrente de doença, 
idade, ou incapacidade para o trabalho” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.65). 
Segundo Marshall (apud Behring e Boschetti, 2011) os seguros sociais 
começaram de forma incipiente, de forma privada, abrangendo determinadas 
categorias, mas se expandiram no final do século XIX e início do século XX, 
destacando que em 1938 de 30 países europeus: 20 tinham seguro contra 
doença; 24 possuíam alguma forma de aposentadoria contributiva; quase 
todos tinham planos para atender acidentes de trabalho e moléstias 
industriais; 8 tinham seguro contra desemprego; 3 cobriam as três situações 
clássicas de risco social doença, velhice e desemprego. 
Na França as primeiras intervenções estatais durante o século XIX foram 
denominadas pelos liberais de Etat Providence (Estado-Providência), onde 
alguns consideram o marco de emergência desse Estado-Providência o ano de 
1898, quando foi aprovada a primeira lei cobrindo os acidentes de trabalho, 
que estabelece a proteção social obrigatória aos trabalhadores, sob 
responsabilidade estatal. 
Iniciativas segundo Pierson (1991) que indicam a intervenção estatal no 
período de predomínio do liberalismo: 
 1883-1914, todos os países europeus implantaram um sistema estatal 
de compensação de renda para os trabalhadores na forma de seguros; 
 1883-1914, 11 dos 13 países europeus introduziram seguro-saúde e 9 
legislaram sobre pensão aos idosos; 
 Em 1920, 9 países tinham alguma forma de proteção ao desempregado. 
 
A crise do pensamento liberal ocorreu ao longo da segunda metade do século 
XIX e no início do século XX, como resultado de alguns processos político-
econômicos. 
 Crescimento do movimento operário, que passou a ocupar espaços 
políticos e sociais importantes, como o parlamento, obrigando a 
burguesia [...] a reconhecer direitos de cidadania política e social cada 
vez mais amplos para esses segmentos; (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, 
p.67); 
 Concentração e monopolização do capital, demolindo a utopia liberal do 
indivíduo empreendedor. E nesse momento a crise de 1929-1932 
(período conhecido com a Grande Depressão) coloca-se como uma 
inflexão que fez as elites político-econômicas começassem a 
reconhecer os limites do mercado se deixado a cargo dos supostos 
movimentos naturais. 
Essa foi a maior crise da economia mundial até aquele momento, iniciada no 
sistema financeiro que tem como marco o dia 24 de outubro de 1929 (Quebra 
da Bolsa de Nova York) que teve como consequências uma superabundância de 
capitais e escassez dos lucros, desemprego generalizado e queda do consumo. 
Tal situação levou a uma desconfiança da burguesia em relação aos ideais 
liberais. 
Nesse processo desenvolve-se o que se denominou de “revolução Keynesiana”. 
“As proposições de Keynes estavam sintonizadas com a experiência do NEW 
DEAL americano, e inspiraram especialmente as saídas europeias da crise, 
sendo que ambas têm um ponto em comum: a sustentação pública de um 
conjunto de medidas anticrise ou anticíclicas, tendo em vista amortecer as 
crises cíclicas de superprodução, superacumulação e subconsumo, ensejadas 
a partir da lógica do capital [...]. As políticas sociais se generalizam nesse 
 
contexto, compondo o rol de medidas anticíclicas” (BEHRING; BOSCHETTI, 
2011, p.71). 
“Para Keynes [...] o Estado [...] tem legitimidade para intervir por meio de um 
conjunto de medidas econômicas e sociais, tendo em vista gerar a demanda 
efetiva, ou seja, disponibilizar meios de pagamento e dar garantias ao 
investimento, até mesmo contraindo déficit público, para controlar o volume 
da moeda disponível e as flutuações da economia. Segundo Keynes, cabe ao 
Estado, a partir de sua visão deconjunto, o papel de restabelecer o equilíbrio 
econômico, por meio de uma política fiscal, creditícia e de gastos, realizando 
investimentos ou inversões reais que atuem nos períodos de depressão como 
estímulo à economia” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.85). Utiliza-se dos 
seguintes mecanismos para amortecer os efeitos das crises: 
 Planificação indicativa da economia, na perspectiva de evitar s riscos 
das amplas flutuações periódicas; 
 A intervenção na relação capital/trabalho através da política salarial e 
do “controle de preços”; 
 A distribuição de subsídios; 
 A oferta de créditos combinada a uma política de juros; 
 Políticas Sociais. 
Tal agenda era fundada em dois pilares: pleno emprego e maior igualdade 
social, que poderia ser alcançado a partir da ação estatal: 
 Gerar emprego dos fatores de produção via produção de serviços 
públicos, além da produção privada; 
 Aumentar a renda e promover maior igualdade, por meio da instituição 
de serviços públicos, dentre eles as políticas sociais. 
 
O Keynesianismo se uniu ao pacto fordista, da produção em massa e dos 
acordos coletivos com os trabalhadores do setor monopolista em torno dos 
ganhos de produtividade do trabalho. O fordismo, então foi bem mais que uma 
mudança técnica, com a introdução da linha de montagem e da eletricidade: 
foi também uma forma de regulação das relações sociais, em condições 
políticas determinadas. Assim, o keynesianismo e o fordismo, associativos, 
constituem os pilares do processo de acumulação acelerada de capital no pós-
1945, com forte expansão da demanda efetiva, altas taxas de lucros, elevação 
do padrão de vida das massas no capitalismo central, e um alto grau de 
internacionalização do capital, sob o comando da economia norte-americana”. 
“Houve naquele momento, uma melhoria efetiva das condições de vida dos 
trabalhadores fora da fábrica, com acessos ao consumo e ao lazer que não 
existiam no período anterior, bem como uma sensação de estabilidade no 
emprego, em contexto de pleno emprego keynesiano, diluindo a radicalização 
das lutas e levando a crer na possibilidade de combinar acumulação e certos 
níveis de desigualdade. A condução desse pacto pelos grandes partidos social-
democratas construídos desde fins do século XIX, com seu projeto de 
reforma do capitalismo e não de revolução, também tempera o ambiente 
sindical e operário nesse período”. 
WELFARE STATE 
Para Pierson três elementos marcam o processo de desenvolvimento do 
Welfare State: 
 O crescimento do orçamento social em todos os países da Europa que 
integravam a OCDE; 
 O crescimento incremental de mudança demográfica, expresso pelo 
aumento da população idosa dos países capitalistas centrais; 
 
 O Crescimento sequencial de programas sociais no período. Que de 
acordo com ele apresentou uma ordem semelhante na maioria dos 
países: primeiro a cobertura de acidentes de trabalhos, depois seguro-
doença e invalidez, pensões a idosos, seguro-desemprego e, por último, 
auxílio-maternidade; em relação à cobertura, os primeiros 
beneficiados foram os trabalhadores de indústrias estratégicas, 
seguidos pelos trabalhadores rurais, dependentes, trabalhadores 
autônomos, e por último, a população como um todo; além disso foram 
introduzidas amplas formas de acesso a benefícios. 
A política social aqui desenvolvida guiava-se pela lógica do seguro social 
bismarckiano. As ações e política social iniciadas com as reivindicações dos 
trabalhadores durante o século XIX foram ampliadas no “consenso pós-
guerra” ainda mais a partir da influência do Plano Beveridge, publicado na 
Inglaterra em 1942, que propunha uma nova lógica para a organização das 
políticas sociais, a partir da crítica aos seguros sociais bismarckianos. Para 
Marshal o que marca a emergência do Welfare State é a superação da lógica 
securitária de Bismarck para a incorporação de um conceito ampliado de 
seguridade social presente no Plano Beveridge. 
Para Mishra os princípios que estruturam o Welfare State são os mesmo do 
Plano Beveridge: 
 Responsabilidade estatal na manutenção das condições de vida dos 
cidadãos, por meio de um conjunto de ações em três direções: 
regulação da economia de mercado a fim garantir um elevado nível de 
emprego; prestação pública de serviços sociais universais; e um 
conjunto de serviços sociais pessoais. 
 Universalidade dos serviços sociais; 
 
 Implantação de uma “rede de segurança” de serviços de assistência 
social. 
Pochmann destaca que a formação dos sistemas de Welfare State, de um 
modo geral, apresentavam três condicionantes estruturais em comum: 
 Lógica industrial Moderna – O processo de industrialização constitui 
uma das primeiras condicionalidades estruturais para a emergência do 
Estado de Bem-Estar Social. Diferente de modos anteriores a lógica 
industrial moderna colocou sob um mesmo espaço físico uma grande 
quantidade de empregados com condições de trabalho e de vidas 
semelhantes, onde devido ao intenso ritmo de produção em grande 
escala somado a introdução de novas tecnologias com gestão mais 
racional da mão-de-obra ocasionaram certas inseguranças no trabalho 
como: doenças profissionais, invalidez precoce de pessoas idosas, 
obsolescência ocupacional para pessoas de baixa escolaridade, 
subocupação de crianças e adolescentes, desemprego de adultos e etc. 
assim, na medida em que haviam muitos trabalhadores aglomerados sob 
o mesmo espaço condicionou-se a formação de um novo sindicalismo 
com preocupações direcionadas a melhora das condições de trabalho e 
de vida para todos. Outro fator é que houve um crescimento da 
capacidade produtiva com produção em larga escala o que oferece 
riscos associados a formação de uma crise relacionada à 
superprodução e por outro lado exigiu uma maior rigidez na 
contratação de empregados. Desse modo “a redistribuição de parte 
dos ganhos de produtividade com empregados ocupados (aumento real 
de salários e diminuição da jornada de trabalho), com consumidores 
(redução real dos preços) e com setor público (crescimento da carga 
tributária) permitiu a convivência menos agressiva no capitalismo 
 
desenvolvido, apontando para a consolidação de um padrão de consumo. 
Não se tratava mais do repasse individual dos ganhos de produtividade, 
mas sim por meio do contrato coletivo de trabalho, da homogeneização 
dos ganhos entres trabalhadores do chão da fábrica e de ocupações 
intermediárias de chefia e supervisão”. 
 Democracia de Massa – Com a universalização do voto, superando o 
estágio da democracia formal, meramente censitária 
 Sociedade Salarial – A terceira condicionalidade estrutural na 
emergência do Estado de Bem-Estar Social, destaca-se a conformação 
de sociedades salarias nos países centrais, isto é, sociedades 
constituídas a partir de mercados de trabalho organizadas e 
assalariados, inclusive com intervenção nos Estados. A presença de 
medidas de natureza trabalhista e social protetoras e de bem-estar 
social foi fundamental para atingir maior homogeneidade social no 
centro do capitalismo mundial. Em outras palavras o pleno emprego 
transformou-se no principal fundamento do processo de estruturação 
do mercado de trabalho organizado a partir do assalariamento, bem 
como possibilitou o acesso a um padrão relativamente homogêneo de 
bem-estar, a partir do assalariamento, bem como possibilitou o acesso 
a um padrão relativamente homogêneo de bem-estar, a partir das altas 
taxas de crescimento econômico entre o final da II Guerra Mundial e 
o fim da Guerra do Mundial. 
 
Tipos de Welfare State. 
Duas tipologias sobre o Welfare State destacam-se, a tipologia de Esping-
Andersen e a tipologia de Titmus. 
 
PARA ESPING-ANDERSEN: 
 
 Social-democrata 
Desenvolvido fundamentalmente no norte da Europa, principalmente nos 
países escandinavos. O Welfare State caracteriza-se por um sistema de 
proteção social abrangente, com coberturauniversal e com benefícios 
garantidos como direitos. 
 Conservador 
Marcado por um alto intervencionismo estatal destinado a promover lealdade 
e subordinação ao Estado. Esse tipo de Welfare State predominou na 
Alemanha, França, Bélgica e etc. 
 Liberal 
As políticas sociais no regime liberal são desenhadas de modo a maximizar o 
status de mercadoria do trabalhador individual. Característico de países de 
tradição anglo-saxônica como EUA, Canadá, Suíça e etc. 
 
PARA TITMUS: 
 Residual 
A intervenção possui caráter temporal limitado, devendo cessar com a 
superação da situação de emergência que provocou a ação. Para o autor 
constitui o Welfare State desenvolvido nos EUA 
 Meritocrático-particularista 
Nesse tipo de Welfare State tem-se a ideia de que cada um deve estar em 
condições de resolver suas próprias necessidades, em base a seu trabalho, a 
seu mérito, à sua performance profissional A política social intervém apenas 
parcialmente corrigindo as ações do mercado. O sistema de Welfare 
State atua de forma complementar as instituições econômicas. 
 Institucional redistributivo 
 
Os bens e serviços são distribuídos aos cidadãos, estando assim cobertos e 
protegidos segundo os critérios mais universalistas. Devendo ser garantido a 
todos os cidadãos uma renda mínima e a provisão de serviços essenciais. 
Segundo Guimarães (1993, p.5) “em termos gerais, a definição de Welfare 
State encontra-se relacionada ao conjunto de instituições e práticas estatais 
que se desenvolveram nas sociedades capitalistas avançadas a partir da 2ª 
Guerra Mundial. A autora destaca que a apesar da diferença dos “Welfare 
State” desenvolvidos nos diferentes países existe um elemento-chave do 
Welfare State: a noção de cidadania. 
Crise do Welfare State 
No final dos anos 1960 a fase expansiva do capitalismo maduro começou a dar 
sinais de esgotamento em um momento de estagnação que se aprofunda com 
a crise do capital que se inicia nos anos de 1970, de ordem financeira que teve 
forte incidência no aumento do desemprego sendo um golpe num dos pilares 
de sustentação do Welfare State (o pleno emprego). As saídas para a crise 
podem ser resumidas em duas perspectivas que fazem parte de um mesmo 
movimento: o neoliberalismo e a reestruturação produtiva, que sinaliza o 
rompimento com o pacto fordista-keynesiano base sob a qual foi construída 
os sistemas de Welfare State. 
Pochmann (2004) sobre a crise do Welfare State afirma que “o Estado de 
Bem-Estar Social passou a enfrentar limites consideráveis e obstáculos 
crescentes à sua continuidade no centro do capitalismo mundial. Diante de um 
novo ambiente econômico marcado pela profunda desregulação da 
concorrência intercapitalista e por modificações importantes na base 
tecnológica, em meio ao predomínio das altas finanças, o Estado de Bem-Estar 
Social passou a ser questionado a partir da crise do final dos anos 70”. 
 
Segundo Pochmann (2004) a crise econômica dos anos 70 as condicionalidades 
estruturais do Welfare State entraram em crise. Devido ao baixo 
crescimento econômico foi posto um obstáculo no que concerne a continuidade 
do pleno emprego, bem como o processo de reestruturação produtiva que 
inseriu novas formas de trabalho muitas vezes à margem de contratações 
coletivas ou legislações existentes, a nova lógica de produção em redes 
mundiais, com a perda da importância do emprego industrial “fragilizou 
compromissos sociais entre empregados e patrões, comprometendo as bases 
da sociedade salarial e esvaziando o conteúdo dos regimes democráticos”. 
“A crise do Welfare State explicita o fracasso do único ordenamento 
sociopolítico que, na ordem do capital, visou expressamente compatibilizar 
a dinâmica da acumulação e da valorização capitalista com a garantia de 
direitos políticos e sociais mínimos” (NETTO, 2007). 
 
Contexto Nacional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Acerca das origens da política social no Brasil Behring e Boschetti (2011, 
p.78) afirmam que seu surgimento “não acompanha o mesmo tempo histórico 
dos países de capitalismo central. Não houve no Brasil escravista do século 
XIX uma radicalização das lutas operárias, sua constituição em classe para 
si, com partidos de organizações fortes. A questão social já existente num 
país de natureza capitalista, com manifestações objetivas de pauperismo e 
iniquidade, e especial após o fim da escravidão e com a imensa dificuldade de 
incorporação dos escravos libertos no mundo do trabalho, só se colocou como 
questão política a partir da primeira década do século XX, com as primeiras 
lutas de trabalhadores e as primeiras iniciativas de legislação voltadas ao 
mundo do trabalho”. 
Segundo as autoras “a criação dos direitos sociais no Brasil resulta da luta de 
classes e expressa a correlação de forças predominante” (BEHRING; 
BOSCHETTI, 2011, p.78-79). 
 Por um lado, os direitos sociais, sobretudo trabalhistas e 
previdenciários, são pauta de reivindicação dos movimentos e 
manifestações da classe trabalhadora. 
 Por outro, representam a busca de legitimidade das classes dominantes 
em ambiente de restrição de direitos políticos e civis. 
Quanto a legislação social não existia até o ano e 1887, havendo no ano de 
1888 é criada uma caixa de socorro para a burocracia pública. Em 1889 é 
 
concedido o direito à pensão e 15 dias de férias para os funcionários da 
Impressa Nacional e os ferroviários que é estendido no ano seguinte para os 
funcionários do Ministério da Fazenda. No ano de 1891 é criada a primeira 
legislação em relação a assistência a infância que regulamenta o trabalho 
infantil. E em 1892 os funcionários da Marinha conquistam o direito à pensão. 
Na passagem para o século XX é marcado pela criação dos primeiros 
sindicatos, em 1903 na área da agricultura e nas indústrias rurais em 1907 
dos demais trabalhadores urbanos, processo esse influenciado pela chegada 
dos imigrantes que trouxeram os ideais anarquistas e socialistas europeus, e 
como resultado desse novo cenário em 1911 a jornada de trabalho foi reduzida 
para 12 horas diárias, porém essa determinação foi descumprida. No ano de 
1919 é regulamentada os acidentes de trabalho, porém é tratada sob a ótica 
do inquérito policial enfatizando a responsabilidade individual em detrimento 
do caráter coletivo. 
Como destaque para a conformação da política social no Brasil temos como 
marco histórico: a aprovação da Lei Eloy Chaves no ano de 1923 que instituiu 
a obrigatoriedade de criação das Caixas de Aposentadorias e Pensão (CAPS) 
para algumas categorias estratégicas de trabalhadores, como os ferroviários 
e marítimos. A regulamentação dessas categorias é estratégica, pois nesse 
momento a economia brasileira basicamente era baseada na monocultura de 
café voltada para a exportação, desse modo foi assegurado o direito a essas 
categorias que estavam diretamente relacionados no processo de produção e 
circulação das mercadorias (BEHRING, 2011). “As CAPs foram as primeiras 
formas originárias da previdência social brasileira, junto com os Institutos 
de Aposentadoria e Pensão (IAPs), sendo o dos funcionários públicos o 
primeiro a ser fundado, em 1926. Por fim, em 1927 foi aprovado o famoso 
 
Código Menores, de conteúdo claramente punitivo da chamada delinquência 
juvenil” (BEHRIG; BOSCHETTI, 2011, p.80). 
Desde o princípio do século XIX mostrava-se um avanço no que diz respeito 
ao processo de organização da classe trabalhadora, com ênfase para o ano de 
1907 quando se tem o reconhecimento da livre organização sindical, com total 
autonomia do Estado. Em 1922 sob influência da Revolução Russa de 1917 é 
fundado o Partido Comunista Brasileiro. Nesse momento temos o advento da 
crise mundial de 1929-1932 que ocasionou uma mudança na correlação forças 
no interior das classes dominantes, que exerceu influência na chamada 
“Revolução de 1930”, estando Vargas “à frente de uma ampla coalizão de 
forçasem 1930”. Os primeiros sete anos do que hoje se denomina de “Era 
Vargas” “foram marcados por uma forte disputa de hegemonia e da direção 
do processo modernização” (BEHRIG; BOSCHETTI, 2011, p.105). E “em 1937 
instaura-se a ditatura do Estado Novo, com Vargas à frente” (IBIDEM) 
O Governo Vargas enfrentou, assim como outros governos, como questão de 
polícia os segmentos mais radicais dos movimentos da classe trabalhadora, 
porém a partir de 1935, principalmente, “ele soube combinar essa atitude com 
uma forte iniciativa política: a regulamentação das relações de trabalho no 
país, buscando transformar a luta de classes em colaboração de classes, e o 
impulso à construção do Estado social, em sintonia com os processos 
internacionais, mas com nossas mediações internas particulares (BEHRING; 
BOSCHETTI, 2011, p.106) 
Draibe (apud Behring e Boschetti, 2011) considera os anos de 1930-1943 o 
momento de introdução da política social no Brasil. Em relação a esfera do 
trabalho a sequência da cobertura dos riscos seguiu a referência dos países 
desenvolvidos (regulação dos acidentes de trabalho – aposentadorias e 
pensões – auxílios doença – maternidade – família – seguro-desemprego). No 
 
ano de 1930 foi criado o Ministério do Trabalho e no de 1932 a Carteira de 
Trabalho (que se consolidou como uma espécie de documento da cidadania, 
pois alguns direitos foram assegurados as pessoas com emprego registrado 
na Carteira). Behring e Boschetti (2011, p.106) destacam assim que “essa é 
uma das características do desenvolvimento do Estado Social brasileiro: seu 
caráter corporativo e fragmentado, distante da perspectiva da 
universalização de inspiração beveridgiana” 
Quanto ao sistema público de previdência teve início com os IAPs (Institutos 
de Aposentadoria e Pensões) que se expandiram no ano de 1930, que realizava 
a cobertura de riscos relacionados a perda da capacidade laborativa (velhice, 
morte, invalidez e doença), em categorias estratégicas, apresentando planos 
poucos uniformizados, seguindo uma lógica contributiva de seguro. O primeiro 
foi o IAPM dos marítimos, criado em 1933, iniciando um processo de extinção 
das CAPs que se consolidou em 1953. Nos IAPs os trabalhadores participavam 
da direção e eram oferecidos um conjunto de benefícios e serviços de acordo 
cm as contribuições dos trabalhadores, dos empresários e do Estado, que não 
apresentavam um padrão uniforme. 
Em relação a saúde no ano de 1930 foi criado o Ministério da Educação e 
Saúde Pública e o Conselho Nacional de Educação e o Conselho Consultivo de 
Ensino Comercial. É a partir de 1930 que se inicia uma intervenção efetiva do 
Estado na saúde que seguiu os seguintes eixos: 
 A Saúde Pública conduzida por meio de campanhas sanitárias 
coordenadas pelo Departamento Nacional de Saúde, que foi criado em 
1937; 
 A medicina Previdenciária ligada aos IAPs, para as categorias que 
tinham acesso. 
 
Desenvolveu-se nesse momento a saúde privada e filantrópica, no 
atendimento médico-hospitalar. 
Em relação a Assistência Social Draibe e Aureliano (apud Behring e Boschetti, 
2011) “consideram que é difícil estabelecer com precisão o âmbito específico 
dessa política no Brasil devido ao caráter fragmentado, diversificado, 
desorganizado, indefinido e instável das suas configurações. É possível 
identificar uma certa centralização em âmbito federal a partir da criação da 
Legião Brasileira de Assistência (LBA), no ano de 1942, com o objetivo de 
atender às famílias dos praças que estavam envolvidos na Segunda Guerra 
Mundial, sendo coordenado pela primeira-dama, Darci Vargas, possuindo 
características clientelísticas, de tutela e favor. Esse enfoque 
assistencialista, seletivo e de primeiro-damismo perdura na política por 
muitos anos. Na área da Infância e Juventude o Código de Menores se 
desdobra no Serviço de Assistência ao Menor (SAM), no ano de 1941 onde 
prevalece a coerção e maus-tratos aos jovens (pobres, delinquentes) apesar 
de se declarar com um instrumento de proteção. 
A Constituição de 1937 afirmava a necessidade de reconhecimento das 
categorias dos trabalhadores pelo Estado. E em 1943 foi promulgada a 
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) “que sela o modelo corporativista e 
fragmentado do reconhecimento dos direitos no Brasil, o que Santos (1987) 
caracterizou como ‘cidadania regulada’. Até 1964 ocorreu uma expansão lenta, 
fragmentada e seletiva das políticas sociais com destaque para o 
aperfeiçoamento institucional como a separação do Ministério da Saúde do 
da Educação no ano de 1953, além da criação de novos IAPs. Em 1960 foi 
promulgada a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) e a regulamentação 
da Previdência Rural em 1963 (propostas em pauta desde o final da ditadura 
 
Vargas, mas que não se consolidaram devido a disputa de projetos que 
caracterizava o momento político). 
No ano de 1964 temos o golpe militar que instaura uma ditadura no país, para 
Faleiros (apud Behring e Boschetti, 2011, p.136) “no contexto de perdas de 
liberdades democráticas, de censura, prisão e tortura para as vozes 
dissonantes, o bloco militar-tecnocrático-empresarial buscou adesão e 
legitimidade por meio da expansão e modernização de políticas sociais”. No 
ano de 1966 temos a uniformização, unificação e centralização da previdência 
social no Instituto Nacional de Previdência (INPS), onde os trabalhadores 
não participam da gestão da Previdência Social. Os acidentes de trabalho em 
1967 os acidentes de trabalho passam para a gestão do INPS. No ano de 1971 
foi criado o Funrural, que possuía um caráter redistributivo na medida em que 
não era baseada na contribuição dos trabalhadores e sim numa pequena 
taxação dos produtores (no valor de meio salário mínimo). A cobertura 
previdenciária alcançou as empregadas domésticas no ano de 1972, em 1973 
os jogadores de futebol e autônomos, em 1978 os ambulantes. No ano de 1974 
é criado a Renda Mensal Vitalícia para os idosos pobres que tinha o valor de 
um salário mínimo, e para ter direito era necessário ter contribuído para a 
previdência pelo período mínimo de um ano. 
Em 1974 é criado o Ministério da Previdência e Assistência Social, que 
incorpora a LBA, a Fundação Nacional para o Bem-Estar do Menor, a 
FUNABEM que foi criado em 1965 em substituição ao SAM que foi extinto 
em 1964, a Central de Medicamentos (CEME) e a Empresa de Processamento 
de Dados da Previdência Social (Dataprev). E como resultado da união dessas 
instituições que com uma ampla reforma administrativa transformaram-se no 
SINPAS, Sistema Nacional de Assistência e Previdência Social, em 1977, 
além das instituições referidas compreendia o INPS, o Instituto Nacional de 
 
Assistência Médica (Inamps) e o Instituto Nacional de Administração da 
Previdência Social (Iapas). É válido destacar que nessa associação entre 
saúde e previdência, a saúde desenvolveu-se com características como: forte 
medicalização, atendimento curativo, individual e especializado, em 
detrimento da saúde pública. 
Além disso a ditadura impulsionou a política nacional de habitação com a 
criação do Banco Nacional de Habitação (BNH), combinada a essa política 
houve a criação de fundos de indenização aos trabalhadores enquanto 
mecanismos de poupança forçada para o financiamento da política 
habitacional, como o FGTS, PIS e PASEP dentre outras. Ao mesmo tempo a 
ditadura abriu espaço para a existência de previdência, saúde e educação 
privadas o que Behring e Boschetti (2011, p.137) denominaram de um sistema 
dual de acesso às políticas sociais: para quem pode e para quem não pode 
pagar”. Para as autoras essa é a grande herança da ditadura para as políticas 
sociais considerando que esse aspecto nos aproxima mais do sistema norte-
americano de proteção social do que ao Welfare State europeu. 
A partir de 1974 o projeto tecnocrático de modernização conservadora 
começa a dar seus primeiros sinais de esgotamento,devido aos impactos da 
economia internacional que está em crise iniciando-se o processo lento e 
gradual de abertura política, rumo a redemocratização do Estado brasileiro. 
Soma-se a isso a crise da dívida dos anos 1980 inicia-se uma série de medidas 
de estabilização e ajustes financeiros. 
A abertura política foi fortemente tencionada pelas classes dominantes 
mantendo-se ainda presente as exigências da agenda neoliberal. Desse modo 
Behring e Boschetti (2011, p.141) afirmam que “a Constituinte foi um processo 
duro de mobilizações e contramobilizações de projetos e interesses mais 
específicos, configurando campos definidos de forças. O texto constitucional 
 
refletiu a disputa de hegemonia, contemplando avanços em alguns aspectos a 
exemplo dos direitos sociais”, porém manteve alguns traços conservadores. 
Por esse caráter “híbrido entre o velho e o novo” (BEHRIG; BOSCHETTI, 
2011, p.142) é que Nogueira (apud Behring e Boschetti, 2011, p.142) afirma 
que a Constituição de 1988 “não se tornou a Constituição ideal de nenhum 
grupo nacional” expressando “a tendência societal (e particularmente das 
elites políticas) de entrar no futuro com os olhos do passado, ou mais ainda 
de fazer história de costas para o futuro” 
Nos anos 1980 (final da ditadura e governo Sarney) houve iniciativas de pouca 
expressão no campo das políticas sociais. No Governo Sarney o programa de 
maior expressão da política social era o Programa do Leite, com 
características clientelistas, mantendo-se nesse período “o caráter 
compensatório, seletivo, fragmentado e setorizado da política social 
brasileira, subsumida à crise econômica, apesar do agravamento das 
expressões da questão social” (BEHRIG; BOSCHETTI, 2011, p.144). 
Nesse momento histórico é a redemocratização com forte mobilização no 
sentido reformista, no sentido de que a Constituição expressasse avanços nas 
políticas sociais, que fossem orientadas pelos princípios da “universalização, 
responsabilidade pública e gestão democrática” (BEHRIG; BOSCHETTI, 
2011, p.144). Dessa mobilização resulta a incorporação do conceito de 
seguridade social, que articula previdência, saúde e assistência, assegurando 
cobertura previdenciária aos trabalhadores rurais no valor de um salário 
mínimo e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para idosos e pessoas 
com deficiência. Nesse processo destaca-se a luta para que a assistência se 
consolidasse como política pública de seguridade e se afastasse de suas 
características históricas: clientelistas, fragmentadas, aleatórias, 
improvisadas. E na saúde principalmente pelo movimento de Reforma 
 
Sanitária, consolidada na VIII Conferência Nacional de Saúde (1986) 
propondo a criação do Sistema Único e Descentralizado de Saúde (SUDS) e 
do conceito ampliado de saúde, que considera além dos determinantes 
biológicos os determinantes sociais da saúde. Na previdência foram 
conquistados alguns avanços como: licença-maternidade de 120 dias, 
extensiva aos trabalhadores rurais, empregadas domésticas; redução do 
limite de idade para aposentadoria. Houve ainda a luta pelo direito das 
crianças e adolescentes resultando na promulgação do Estatuto da Criança e 
do Adolescente (1990). 
Os anos 1990 não são favoráveis para o campo das políticas sociais, sendo de 
“contrarreforma do Estado e de obstaculização e/ou redirecionamento das 
conquistas de 1988” (BEHRIG; BOSCHETTI, 2011, p.147). Ao longo desses 
anos foi propagada a necessidade de realização de reformas, que marcou o 
governo FHC, mas que já vinha desde Collor. “O principal documento 
orientador dessa projeção foi o Plano Diretor da Reforma do Estado 
(PDRE/MARE, 1995), amplamente afinado com as formulações de Bresser 
Pereira, então à frente do Ministério da Administração e da Reforma do 
Estado (MARE) (BEHRIG; BOSCHETTI, 2011, p.148). 
No que concerne as políticas sociais “ a tendência geral tem sido a de 
restrição e redução de direitos, sob o argumento da crise fiscal do Estado, 
transformando as políticas sociais - a depender da correlação de forças entre 
as classes sociais e segmentos de classe e do grau de consolidação da 
democracia e da política social nos países – em ações pontuais e 
compensatórias direcionadas para os efeitos perversos da crise. As 
possibilidades preventivas e até eventualmente redistributivas tornam-se 
mais limitadas, prevalecendo o já referido trinômio articulado do ideário 
neoliberal para as políticas sociais, qual seja: a privatização, a focalização e a 
 
descentralização” (BEHRIG; BOSCHETTI, 2011, p.156). A descentralização 
ocorre em dois sentidos: 
 Transferência de responsabilidades entre os entes da federação; 
 Transferência de responsabilidades para as instituições privadas. 
A privatização das políticas sociais opera uma separação entre os que podem 
e os que não podem pagar, gerando uma dualidade. Em relação a isso Vianna 
(apud Behring e Boschetti, 2011) caracteriza como uma americanização 
perversa da proteção social brasileira, onde apesar do conceito de seguridade 
social ser de inspiração beveridgiana consolidou-se nos moldes bismarckianos, 
principalmente em relação aos direitos previdenciários. Para Behring e 
Boschetti (2011, p.160-161) a “imbricação histórica entre elementos próprios 
à assistência e elementos próprios ao seguro social poderia ter provocado a 
instituição de uma ousada seguridade social, de caráter universal, 
redistributiva, pública, com direitos amplos fundados na cidadania. Não foi, 
entretanto, o que ocorreu, e a seguridade social brasileira, ao incorporar uma 
tendência de separação entre a lógica do seguro (bismarckiana) e a lógica da 
assistência (beveridgiana), e não de reforço à clássica justaposição 
existente, acabou materializando políticas com características próprias e 
específicas que mais se excluem do que se complementam, fazendo com que, 
na prática, o conceito de seguridade fique no meio do caminho, entre o seguro 
e assistência [...] os direitos mantidos pela seguridade social se orientam, 
sobretudo, pela seletividade e privatização, em detrimento da universalidade 
e estatização”. A previdência sofreu retrocesso devido as reformas nela 
realizada. A saúde sofre pela falta de recursos. “A assistência Social é a 
política que mais vem sofrendo para se materializar como política pública e 
para superar algumas características históricas como: morosidade na sua 
regulamentação como direito (a LOAS só foi sancionada em 1993 e efetivada 
 
a partir de 1995); redução e residualidade na abrangência, visto que os 
serviços e programas atingem entre 15% e 25% da população que deveria ter 
acesso aos direitos; manutenção e mesmo reforço do caráter filantrópico, 
com forte presença de entidades privadas na condução de diversos serviços, 
sobretudos os dirigidos às pessoas idosas e com deficiência; e permanência 
de apelos e ações clientelistas (Behring, 2000b; Boschetti, 2003) e ênfase 
nos programas de transferência de renda de caráter compensatório” 
Opera-se uma verdadeira reconfiguração dos direitos assegurados pela 
Seguridade Social com a profusão de planos privados de previdência e saúde, 
bem como a transferência de responsabilidade dada a ênfase a práticas 
voluntárias, de solidariedade e cooperação que indicam segundo Behrig e 
Boschetti (2011, p.162) estar fundamentadas numa perspectiva de Welfare 
Pluralism ou Welfare Mix em contraposição ao Welfare State Keynesiano. 
Nesse momento retorna-se a família e apela-se as organizações não lucrativas 
enquanto alternativas para a viabilização do bem-estar, o que Yazbeck 
denomina de refilantropização das políticas sociais. 
Welfare State no Brasil 
Existe uma polêmica no debate sobre a existência do Estado de Bem-Estar 
Social ou Welfare State no Brasil. Draibe (1989) defende que o Brasil 
conformou um Estado de Bem-Estar Social do tipo meritocrático-
particularista. 
Escorel (1993), Oliveira (1999), Fiori (1995),ao contrário, defendem que 
no Brasil não houve a formação de um Estado de Bem-Estar Social. 
 
 
 
 
Modelo Bismarckiano Modelo Beveridgiano 
 
O Seguro Social é uma modalidade 
de proteção social que não apresenta 
caráter universal. 
”O Modelo Bismarckiano é 
identificado como sistema de 
seguros sociais, pois suas 
características assemelham-se à de 
seguros privados. Em relação aos 
direitos, os benefícios cobrem, 
principalmente (e às vezes 
exclusivamente) os trabalhadores 
contribuintes e suas famílias; o 
acesso é condicionado a uma 
contribuição direta anterior e o 
montante das prestações é 
proporcional à contribuição 
efetuada. Quanto ao financiamento, 
os recursos provêm 
fundamentalmente das 
contribuições diretas de empregado 
e empregadores, baseadas nas 
folhas de salários. Quanto à gestão, 
os seguros eram originalmente 
organizados em caixas estruturadas 
por tipos de risco social: caixas de 
 
Segundo Martins o 
Plano Beveridge tinha por objetivos 
(a) unificar os seguros sociais 
existentes; (b) estabelecer o 
princípio da universalidade, para que 
a proteção se estendesse a todos os 
cidadãos e não apenas aos 
trabalhadores; (c) igualdade de 
proteção; (d) tríplice forma de 
custeio, porém com predominância 
do custeio estatal”. O 
Plano Beveridge tinha cinco pilares: 
(a) necessidade; (b) doença; (c) 
ignorância; (d) carência 
(desamparo); (e) desemprego. Era 
universal e uniforme. Visava ser 
aplicado a todas as pessoas e não 
apenas a quem tivesse contrato de 
trabalho. Os princípios 
fundamentais do sistema eram: 
horizontalidade das taxas de 
benefícios de subsistência, 
horizontalidade das taxas de 
contribuição, unificação da 
responsabilidade administrativa, 
 
aposentadoria; caixas de seguro-
saúde, e assim por diante, e eram 
geridos pelos contribuintes, ou seja, 
por empregadores e empregados”. 
(BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 
66). 
adequação dos benefícios, 
racionalização e classificação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A parte a seguir da apostila vai expor brevemente o aparato legal que 
sustenta algumas políticas sociais no Brasil atualmente. O enfoque se dará 
sobre os aspectos mais gerais tais como: diretrizes, princípios, objetivos. 
 
Políticas Setoriais e Política Transversais 
Política Setorial 
São políticas voltadas para um determinado setor da vida social, buscam a 
garantia de um determinado direito como: as políticas de seguridade social 
(previdência social, assistência, social e saúde), as políticas de infraestrutura 
(habitação, urbanismo, saneamento básico) e políticas de trabalho e renda. 
Educação. Desenvolvimento agrário e Cultura. 
Estas políticas podem ser de proteção e de promoção. 
Políticas de Proteção Social 
São aquelas voltadas para reduzir contingências, necessidades e riscos que 
os indivíduos são expostos numa sociedade de mercado. 
Políticas de Promoção Social 
São políticas que a partir de determinados instrumentos, pretendem garantir 
aos cidadãos oportunidades e resultados mais amplos e equânimes de acesso 
aos recursos conquistados pela sociedade em sua trajetória histórica 
 
 
Política Transversal 
Política de corte transversal que podem ter caráter tanto de proteção como 
de promoção social que desenvolvem ações relacionadas a igualdade de gênero 
e racial, relacionadas a determinados ciclos da vida (políticas para crianças e 
adolescentes, juventude e idosos). 
 
Políticas Transversais 
Políticas para Pessoas com Deficiência 
 
Quem é Pessoa com Deficiência 
De acordo com a lei 13.146/2015 em seu art. 2o: Considera-se pessoa com 
deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, 
mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais 
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em 
igualdade de condições com as demais pessoas. 
LEGISLAÇÃO PERTINENTE 
Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) 
Segundo a lei 13.146/2015 em seu art. 4°: Toda pessoa com deficiência tem 
direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá 
nenhuma espécie de discriminação. E em seu art. 8°: É dever do Estado, da 
sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a 
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à 
paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à 
profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à 
reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao 
turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e 
tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e 
comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Convenção 
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e 
das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e 
econômico. 
Direitos ou Garantias 
Em relação à moradia 
 
Art. 32. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com 
recursos públicos, a pessoa com deficiência ou o seu responsável goza de 
prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o 
seguinte: 
I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das unidades habitacionais 
para pessoa com deficiência; 
Em relação ao transporte e à mobilidade 
Art. 47. Em todas as áreas de estacionamento aberto ao público, de uso 
público ou privado de uso coletivo e em vias públicas, devem ser reservadas 
vagas próximas aos acessos de circulação de pedestres, devidamente 
sinalizadas, para veículos que transportem pessoa com deficiência com 
comprometimento de mobilidade, desde que devidamente identificados. 
§ 1° As vagas a que se refere o caput deste artigo devem equivaler a 2% 
(dois por cento) do total, garantida, no mínimo, 1 (uma) vaga devidamente 
sinalizada e com as especificações de desenho e traçado de acordo com as 
normas técnicas vigentes de acessibilidade. 
Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem reservar 10% (dez por 
cento) de seus veículos acessíveis à pessoa com deficiência 
Em relação ao acesso à informação e à comunicação 
Art. 63. 
 
§ 2° Telecentros comunitários que receberem recursos públicos federais 
para seu custeio ou sua instalação e lan houses devem possuir equipamentos 
e instalações acessíveis. 
§ 3° Os telecentros e as lan houses de que trata o § 2o deste artigo devem 
garantir, no mínimo, 10% (dez por cento) de seus computadores com 
recursos de acessibilidade para pessoa com deficiência visual, sendo 
assegurado pelo menos 1 (um) equipamento, quando o resultado percentual 
for inferior a 1 (um). 
 
 
Lei Complementar n° 142 de 2013 
Regulamenta o § 1° do art. 201 da Constituição Federal, no tocante à 
aposentadoria da pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de 
Previdência Social - RGPS. 
Art. 3° É assegurada a concessão de aposentadoria pelo RGPS ao segurado 
com deficiência, observadas as seguintes condições: 
Em caso de deficiência Grave 
Tempo de Contribuição: 
Homens: 25 anos 
Mulheres: 20 anos 
Em caso de Deficiência Moderada 
Tempo de Contribuição 
Homens: 29 anos 
 
Mulheres: 24 anos 
Em caso de Deficiência Leve 
Tempo de Contribuição 
Homens: 33 anos 
Mulheres: 28 anos 
Independente do Grau de Deficiência 
Homens: 60 anos de idade 
Mulheres: 55 anos de idade 
OBS: Desde que cumprido tempo mínimo de contribuição de 15 anos e 
comprovada a existência de deficiência em igual período 
De acordo com o Art. 8°: A renda mensal da aposentadoria devida ao segurado 
com deficiência será calculada aplicando-se sobre o salário de benefício, 
apurado em conformidade com o disposto no art. 29 da Lei no 8.213, de 24 de 
julho de 1991, os seguintes percentuais: 
Em caso de aposentadoria por tempo de contribuição: 
100% (cem por cento) 
Em caso de aposentadoria por idade70% (setenta por cento) mais 1% (um por cento) do salário de benefício por 
grupo de 12 (doze) contribuições mensais até o máximo de 30% (trinta por 
cento) 
Benefício de Prestação Continuada 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213cons.htm#art29
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213cons.htm#art29
 
É a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso, 
com idade de sessenta e cinco anos ou mais, que comprovem não possuir meios 
para prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. 
 Incapacidade: fenômeno multidimensional que abrange limitação do 
desempenho de atividade e restrição da participação, com redução efetiva e 
acentuada da capacidade de inclusão social, em correspondência à interação 
entre a pessoa com deficiência e seu ambiente físico e social. 
Família incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou do 
idoso: aquela cuja renda mensal bruta familiar dividida pelo número de seus 
integrantes seja inferior a um quarto do salário mínimo. 
Família para cálculo da renda per capita: conjunto de pessoas composto 
pelo requerente, o cônjuge, o companheiro, a companheira, os pais e, na 
ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos 
e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo 
teto. 
Renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos auferidos 
mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, 
pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, 
seguro-desemprego, comissões, pro-labore, outros rendimentos do trabalho 
não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos 
auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação 
Continuada, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 19. 
Impedimento de longo prazo: aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo 
de dois anos. 
 
Para fazer jus ao Benefício de Prestação Continuada, a pessoa com 
deficiência deverá comprovar: 
 A existência de impedimentos de longo prazo de natureza física, 
mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas 
barreiras, obstruam sua participação plena e efetiva na sociedade em 
igualdade de condições com as demais pessoas, na forma prevista neste 
Regulamento; 
 Renda mensal bruta familiar do requerente, dividida pelo número de 
seus integrantes, inferior a um quarto do salário mínimo; e 
 Por meio de declaração, que não recebe outro benefício no âmbito da 
Seguridade Social ou de outro regime, inclusive o seguro-desemprego, 
exceto o de assistência médica e a pensão especial de natureza 
indenizatória. 
 O Benefício de Prestação Continuada deverá ser revisto a cada dois anos, 
para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. 
Apesar de o INSS ser responsável pela operacionalização do Benefício 
de Prestação Continuada, este integra a proteção social básica no 
âmbito do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, instituído pelo 
Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, em consonância com o 
estabelecido pela Política Nacional de Assistência Social – PNAS. 
 
Pelo acima exposto evidencia-se o caráter transversal das políticas para 
a pessoa com deficiência em sua relação com a política de Habitação, 
com a política de Previdência, com a política de Assistência Social e etc. 
 
 
Políticas para Crianças e Adolescentes 
Previsão Constitucional 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, 
à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. 
Quem é criança? 
Pessoas até 12 (doze) anos de idade incompletos 
Quem é adolescente? 
Pessoas entre 12 (doze) anos e 18 (dezoito) anos incompletos 
Lei 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) 
A garantia de prioridade compreende: 
1. Primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 
2. Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância 
pública; 
3. Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; 
4. Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas 
com a proteção à infância e à juventude. 
Políticas para a Juventude 
 
Lei 12.852/2013 (Estatuto da Juventude) 
Quem é jovem? 
Pessoas entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos 
Os Jovens entre 15 (quinze) e 18 (dezoito) anos aplica-se a Lei n° 8.069/1990 
e, excepcionalmente a Lei 12.852/2013 em casos não conflitantes. 
Princípios: 
 Promoção da autonomia e emancipação dos jovens; 
 Valorização e promoção da participação social e política, de forma 
direta e por meio de suas representações; 
 Promoção da criatividade e da participação no desenvolvimento do País; 
 Reconhecimento do jovem como sujeito de direitos universais, 
geracionais e singulares; 
 Promoção do bem-estar, da experimentação e do desenvolvimento 
integral do jovem; 
 Respeito à identidade e à diversidade individual e coletiva da 
juventude; 
 Promoção da vida segura, da cultura da paz, da solidariedade e da não 
discriminação; e 
 Valorização do diálogo e convívio do jovem com as demais gerações. 
Diretrizes: 
 Desenvolver a intersetorialidade das políticas estruturais, programas 
e ações; 
 Incentivar a ampla participação juvenil em sua formulação, 
implementação e avaliação; 
 
 Ampliar as alternativas de inserção social do jovem, promovendo 
programas que priorizem o seu desenvolvimento integral e participação 
ativa nos espaços decisórios; 
 Proporcionar atendimento de acordo com suas especificidades perante 
os órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população, 
visando ao gozo de direitos simultaneamente nos campos da saúde, 
educacional, político, econômico, social, cultural e ambiental; 
 Garantir meios e equipamentos públicos que promovam o acesso à 
produção cultural, à prática esportiva, à mobilidade territorial e à 
fruição do tempo livre; 
 Promover o território como espaço de integração; 
 Fortalecer as relações institucionais com os entes federados e as 
redes de órgãos, gestores e conselhos de juventude; 
 Estabelecer mecanismos que ampliem a gestão de informação e 
produção de conhecimento sobre juventude; 
 Promover a integração internacional entre os jovens, 
preferencialmente no âmbito da América Latina e da África, e a 
cooperação internacional; 
 Garantir a integração das políticas de juventude com os Poderes 
Legislativo e Judiciário, com o Ministério Público e com a Defensoria 
Pública; e 
 Zelar pelos direitos dos jovens com idade entre 18 (dezoito) e 29 (vinte 
e nove) anos privados de liberdade e egressos do sistema prisional, 
formulando políticas de educação e trabalho, incluindo estímulos à sua 
reinserção social e laboral, bem como criando e estimulando 
oportunidades de estudo e trabalho que favoreçam o cumprimento do 
regime semiaberto. 
 
Direitos ou Garantias 
Território e Mobilidade 
No sistema de transporte coletivo interestadual, observar-se-á, nos 
termos da legislação específica: 
 A reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para jovens de 
baixa renda; 
 A reserva de 2 (duas) vagas por veículo com desconto de 50% 
(cinquenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para os 
jovens de baixa renda, a serem utilizadas após esgotadas as vagas 
citadas acima. 
Cultura 
É assegurado aos jovens de até 29 (vinte e nove) anos pertencentes a 
famílias de baixa renda e aos estudantes, na forma do regulamento, o 
acesso a salas de cinema, cineclubes, teatros, espetáculos musicais e 
circenses, eventos educativos, esportivos, de lazere entretenimento, em 
todo o território nacional, promovidos por quaisquer entidades e realizados 
em estabelecimentos públicos ou particulares, mediante pagamento da 
metade do preço do ingresso cobrado do público em geral. 
 A concessão do benefício da meia-entrada é limitada a 40% 
(quarenta por cento) do total de ingressos disponíveis para cada 
evento. 
 
Políticas para o Idoso 
 
Lei 10.741/2003 
Quem é idoso? 
Pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos 
Direitos ou Garantias 
Educação, Cultura, Esporte e Lazer 
A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será 
proporcionada mediante descontos de pelo menos 50% (cinquenta por 
cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de 
lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais. 
Assistência Social 
Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios 
para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é 
assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei 
Orgânica da Assistência Social – Loas. 
No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a cobrança de 
participação do idoso no custeio da entidade. Nesses casos o Conselho 
Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da Assistência Social 
estabelecerá a forma de participação, que não poderá exceder a 70% 
(setenta por cento) de qualquer benefício previdenciário ou de assistência 
social percebido pelo idoso. 
Habitação 
 
Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos 
públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia 
própria, observado o seguinte: 
 Reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades 
habitacionais residenciais para atendimento aos idosos 
 Implantação de equipamentos urbanos comunitários voltados ao 
idoso; 
 Eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para garantia 
de acessibilidade ao idoso; 
 Critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos de 
aposentadoria e pensão. 
As unidades residenciais reservadas para atendimento a idosos devem 
situar-se, preferencialmente, no pavimento térreo. 
Transporte 
Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade 
dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos 
serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços 
regulares. 
 Nesses veículos serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos 
para os idosos, devidamente identificados com a placa de reservado 
preferencialmente para idosos. 
 Idosos entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos ficará a 
critério da legislação local os critérios para a gratuidade. 
 
No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-á, nos termos 
da legislação específica 
 A reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com 
renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos; 
 Desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no valor das 
passagens, para os idosos que excederem as vagas gratuitas, com 
renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos. 
É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco 
por cento) das vagas nos estacionamentos públicos e privados, as quais 
deverão ser posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao 
idoso. 
 
Lei 8.842/1994 
Objetivo: Assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para 
promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. 
Princípios: 
 A família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso 
todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na 
comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida; 
 O processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, 
devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos; 
 O idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza; 
 O idoso deve ser o principal agente e o destinatário das 
transformações a serem efetivadas através desta política; 
 
 As diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as 
contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser 
observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral. 
Diretrizes: 
 Viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e 
convívio do idoso, que proporcionem sua integração às demais gerações; 
 Participação do idoso, através de suas organizações representativas, 
na formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, 
programas e projetos a serem desenvolvidos; 
 Priorização do atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, 
em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não 
possuam condições que garantam sua própria sobrevivência; 
 Descentralização político-administrativa; 
 Capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria 
e gerontologia e na prestação de serviços; 
 Implementação de sistema de informações que permita a divulgação da 
política, dos serviços oferecidos, dos planos, programas e projetos em 
cada nível de governo; 
 Estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de 
informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais 
do envelhecimento; 
 Priorização do atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados 
prestadores de serviços, quando desabrigados e sem família; 
 Apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao 
envelhecimento. 
Benefício de Prestação Continuada 
 
É a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso, 
com idade de sessenta e cinco anos ou mais, que comprovem não possuir meios 
para prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. 
Idoso: aquele com idade de sessenta e cinco anos ou mais. 
Família incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou do 
idoso: aquela cuja renda mensal bruta familiar dividida pelo número de seus 
integrantes seja inferior a um quarto do salário mínimo 
Família para cálculo da renda per capita: conjunto de pessoas composto 
pelo requerente, o cônjuge, o companheiro, a companheira, os pais e, na 
ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos 
e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo 
teto 
renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos auferidos 
mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, 
pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, 
seguro-desemprego, comissões, pro-labore, outros rendimentos do trabalho 
não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos 
auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação 
Continuada, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 19 
Para fazer jus ao Benefício de Prestação Continuada, o idoso deverá 
comprovar: 
1. Contar com sessenta e cinco anos de idade ou mais; 
2. Renda mensal bruta familiar, dividida pelo número de seus integrantes, 
inferior a um quarto do salário mínimo; e 
 
3. Não possuir outro benefício no âmbito da Seguridade Social ou de 
outro regime, inclusive o seguro-desemprego, salvo o de assistência 
médica e a pensão especial de natureza indenizatória 
Questão 
CESPE, STJ, 2015 
Conforme as diretrizes da Política Nacional do Idoso, o atendimento aos 
idosos deve ocorrer, prioritariamente, por meio de suas próprias famílias, e 
não por meio de asilos; isso, contudo, não exime os órgãos e as entidades 
públicas de prestarem serviços e desenvolverem ações específicas para essa 
população. 
Gabarito: CERTO 
Comentário: 
Segundo a Lei 8.842/94 (Política Nacional do Idoso) em seu art. 4° estabelece 
as seguintes diretrizes: 
 Viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e 
convívio do idoso, que proporcionem sua integração às demais gerações; 
 Participação

Continue navegando