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Apostila de Política Social Conteúdo + 55 Questões Comentadas + 145 Questões Gabaritadas Carta ao Leitor Concurseiros de serviço social elaboramos esse material sobre o tema: Políticas Sociais. Esse conteúdo é sempre cobrado nos concursos de serviço social, dessa forma esse material auxiliará em sua aprovação. Concurseiros pedimos que não compartilhe esse material, nem COM FINS LUCRATIVOS e nem SEM FINS LUCRATIVOS, esse material é protegido pela lei de direitos autorais, dessa forma a reprodução dele a terceiros sem a devida autorização do grupo concurseiros de serviço social, constitui-se crime e quem o pratica está sujeito as penalidades legais. Esperamos que esse material te ajude em sua aprovação. Conheça também os nossos outros materiais, temos certeza que vários deles poderão te ajudar, estamos enviando uma lista de nossos materiais para você. Concurseiro caso necessite tirar alguma dúvida, ou fazer alguma reclamação, sugestão etc, entre em contato conosco e teremos prazer em auxiliá-lo. REDES SOCIAIS ´ Apostila de Política Social Sumário 1. Concepção de Estado 2. Política Social e Serviço Social 3. Política Pública x Política Social 4. Contexto Mundial 5.Contexto Nacional 6. Políticas Setoriais e Políticas Transversais Questões Comentadas Questões Gabaritadas APOSTILA DE POLÍTICA SOCIAL 1. CONCEPÇÃO DE ESTADO Estado Liberal O Estado Liberal caracteriza-se, principalmente pela separação entre Estado e economia e pela tentativa de reduzir a política à chamada sociedade política, isto é, por tentar despolitizar as relações econômicas e sociais. (TOLEDO, 1995, p.72). Segundo Behring e Boschetti (2011, p.56) tem como “seu principal sustentáculo: o princípio do trabalho como mercadoria e sua regulação pelo livre mercado”. Behring e Boschetti (2011, p. 61) citam como elementos essenciais ao liberalismo: Predomínio do Individualismo O bem-estar individual maximiza o bem-estar coletivo Predomínio da liberdade e competividade Naturalização da miséria Predomínio da lei da necessidade Manutenção de um Estado mínimo As políticas sociais estimulam o ócio e o desperdício A política social deve ser um paliativo Estado Social A decadência do liberalismo foi resultado não do triunfo teórico de um paradigma alternativo, mas das lutas sociais e políticas do século XIX e princípios do XX: o auge do movimento socialista e a decadência do assistencialismo cristão (TOLEDO, 1995, p.75) Novidades em relação ao Estado Liberal A redefinição das relações clássicas entre sociedade civil e política; A legalização da classe operária e de suas organizações; É em parte investidor econômico, em parte regulador da economia e dos conflitos, Estado Benfeitor que procura conciliar crescimento econômico com legitimidade da ordem social. O Estado Social capitalista, que se impôs em todo o mundo e dominou durante uns quarenta anos permitiu nesse lapso de tempo altas taxas de crescimento, ordem social e uma alternativa aos triunfantes socialismos reais. Mas a crise finalmente chegou, e o Estado Social decompôs-se desde os anos 70. Estado Neoliberal Características econômicas, políticas e ideológica dos novos Estados liberais (TOLEDO, 1995, p.78): Superioridade do livre mercado Individualismo Metodológico Liberdade x Igualdade Conceito Abstrato de Liberdade “No campo específico do bem-estar social, os neoliberais sustentam que ele pertence ao âmbito privado, e que as suas fontes ‘naturais’ são a família, a comunidade e os serviços privados. Por isso o Estado só deve intervir com o intuito de garantir um mínimo para aliviar a pobreza e produzir serviços que os privados não podem ou não querem produzir além daqueles que são, a rigor, de apropriação coletiva. Propõem uma política de beneficência pública ou assistencialista com um forte grau de imposição governamental sobre que programas instrumentar e quem incluir para evitar que se gerem ‘direitos’. Além disso para se ter acesso aos benefícios dos programas públicos, deve- se comprovar a condição de indigência. Rechaça-se o conceito de direitos sociais e a obrigação da sociedade de garanti-los através da ação estatal. Portanto, o neoliberalismo opõe-se radicalmente à universalidade, igualdade e gratuidade dos serviços sociais” (LAURELL, 1995, p.163). “A crítica neoliberal ao Estado de Bem-estar é centrada em oposição àqueles elementos da política social que implicam desmercantilização, solidariedade social e coletivismo. Essa crítica condena os direitos sociais, o universalismo, a dissociação entre benefícios e contribuição trabalhista, além da administração pública dos serviços” (LAURELL, 1995, p.163). Oposição entre Estado Liberal e Estado Social Segundo Behring e Boschetti (2011, p. 63) ”as primeiras iniciativas de políticas sociais podem ser entendidas na relação de continuidade entre Estado liberal e Estado social. Em outras palavras, não existe polarização irreconciliável entre Estado liberal e Estado social, ou de outro modo, não houve ruptura radical entre o Estado liberal predominante no século XIX e o Estado social capitalista do século XX. Houve, sim, uma mudança profunda na perspectiva do Estado, que abrandou seus princípios liberais e incorporou orientações social-democratas num novo contexto socioeconômico e da luta de classes, assumindo um caráter mais social, com investimento em políticas sociais (Pison, 1998). Não se trata, então, de estabelecer uma linha evolutiva linear entre o Estado liberal e o Estado social, mas sim de chamar a atenção para o fato de que ambos têm um ponto em comum: o reconhecimento de direitos sem colocar em xeque os fundamentos do capitalismo”. 2. Política Social e Serviço Social Segundo Behring e Boschetti (2011, p.13) “ a conexão entre política social e serviço social no Brasil surge com o incremento da intervenção estatal, pela via de processos de modernização conservadora no Brasil (Behring, 2003), a partir dos anos 1930. Essa expansão do papel do Estado, em sintonia com as tendências mundiais após a grande crise capitalista de 1929, mas mediada pela particularidade histórica brasileira, envolveu também a área social, tendo em vista o enfrentamento das latentes expressões da questão social, e foi acompanhada pela profissionalização do serviço social, como especialização do trabalho coletivo”. O tema política social quer seja de um ponto de vista histórico-conceitual, quer seja a partir de análises mais específicas, no Brasil e no mundo, tem-se apresentado como um tema central para a área de Serviço Social, no debate profissional, na pesquisa científica e na formação profissional nos anos 1990 (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.19). No que diz respeito a formação profissional de graduação, as Diretrizes Curriculares da ABEPSS (1996) a discussão das políticas sociais é centrada como forma de enfrentamento da questão social – objeto do trabalho profissional. Onde três matérias, indicadas nas Diretrizes Curriculares, apresentam conteúdos diretamente relacionados à política social: Economia Política Direito e Legislação Social Política Social Sobre a utilização das políticas sociais como um processo de mediação no processo de trabalho do assistente social Raichelis (2009) destaca que “as principais mediações profissionais (que não são as únicas) são, portanto, as políticas sociais que, apesar de historicamente revelarem sua fragilidade e pouca efetividade no equacionamento das respostas requeridas pelo nível crescente de pobreza e desigualdade social, têm sido a via por excelência para as classes subalternas terem acesso, mesmo que precários e insuficientes, aos serviços sociais públicos” 3. Política Pública x PolíticaSocial Política Pública – “Conjunto de sucessivas iniciativas, decisões e ações do regime político frente a situações socialmente problemáticas e que buscam a resolução das mesmas, ou pelo menos trazê-las a níveis planejáveis” (VELASQUEZ, 2009, p.61) Política Social – diz respeito a um “conjunto de medidas e instituições que tem por objeto o bem-estar e os serviços sociais” (LAURELL, 1995, p. 153). Toda Política Pública possui um caráter social e toda política social é uma política pública, mas nem toda política pública é uma política social. A política Social é uma gestão estatal da força de trabalho, articulando as pressões e movimentos sociais dos trabalhadores com as formas de reprodução exigidas pela valorização do capital e pela manutenção da ordem social (FALEIROS, 1995, p.59). Diferenciações Importantes sobre as políticas Políticas Distributivas x Políticas Redistributivas 1. Políticas Distributivas São aquelas que alocam bens ou serviços a determinados segmentos da sociedade através de recursos provenientes da sociedade como um todo. Podem estar ou não relacionadas ao exercício de um direito. Podem ser ou não assistencialistas. Podem ser ou não clientelistas. Desse tipo de política são exemplos: programas de renda mínima, benefícios de prestação continuada e etc. 2. Políticas Redistributivas São aquelas que distribuem bens ou serviços a segmentos específicos da população através de recursos provenientes de outros grupos específicos. Desse tipo de política são exemplos: reforma agrária, política tributária e etc. H. Salisbury 1. Políticas Distributivas São aquelas advindas da combinação de um padrão de demandas altamente fragmentado, pulverizado, com um sistema de decisão disperso. 2. Políticas Redistributivas São aquelas que, devido ao padrão de conflito e às correlações de força que estabelecem entre os atores, exprimem demandas fortemente concentradas ou agregadas, processadas por um sistema decisório igualmente concentrado e centralizado para enfrentar as pressões dos atores em conflito. Políticas Compensatórias x Políticas Emancipatórias 1. Políticas Compensatórias São políticas implementadas com o objetivo de minimizar distorções sociais profundas. Desse tipo de política são exemplos: Políticas de cotas, políticas de demarcação de terras indígenas e etc. 2. Políticas Emancipatórias São políticas que se dirigem ao empoderamento e à autonomização dos grupos sociais inicialmente vulneráveis de modo a promover sua independência frente à ação do Estado. Políticas Universais x Políticas Focalizadas Políticas Universais São aquelas direcionadas a todos os cidadãos sem distinção, sem critérios seletivos. Políticas Focalizadas As políticas focalizadas são aquelas voltadas para determinado segmentos, focalizadas na pobreza absoluta possuído as seguintes características São promovidas pelo objetivo da eficiência e estão subordinadas a um esquema de acumulação flexível; Estão subordinadas a um sistema concentrador no econômico e excludente no social; Promovem a “compensação” no nível microssocial, o assistencialismo focado na pobreza crítica em um contexto caracterizado pela transferência de renda para cima Histórico Contexto Mundial Legislações inglesas (Protoformas de Políticas Sociais) Segundo Behring e Boschetti (2011, p. 47) não é possível “indicar com precisão um período específico de surgimento das primeiras iniciativas reconhecíveis de políticas sociais, pois, como processo social, elas se gestaram na confluência dos movimentos de ascensão do capitalismo com a Revolução 1349 • Estatuto dos Trabalhadores 1563 • Estatuto dos Artesãos (Artifices) 1601 • Leis dos Pobres, com carater assistencial 1662 • Lei de domicilio 1795 • Speenhamland Act 1834 • Poor Law Amendment Act Industrial, das lutas de classe e do desenvolvimento da intervenção estatal. Sua origem é comumente relacionada aos movimentos de massa social- democratas e ao estabelecimento dos Estados-nação na Europa ocidental do final do século XIX (PIERSON), mas sua generalização situa-se na passagem do capitalismo concorrencial para o monopolista, em especial na sua fase tardia, após a Segunda Guerra Mundial (pós-1945)”. Ainda segundo Behring e Boschetti (2011) as chamadas sociedades pré- capitalistas desenvolviam-se juntamente as ações de caráter filantrópicas, de caridade privada iniciativas pontuais com características assistenciais que são identificadas como protoformas de políticas sociais. No bojo dessas iniciativas destacam-se as leis inglesas desenvolvidas no período anterior a Revolução Industrial: Estatuto dos Trabalhadores, de 1349. Estatuto dos Artesãos (Artífices), de 1563. Leis dos Pobres elisabetanas, que se sucederam entre 1531 e 1601. Lei de Domicílio (Settlement Act), de 1662 Speenhanland Act, de 1795. Lei Revisora das Leis dos Pobres, ou Nova Lei dos Pobres (Poor Law Amendment Act), de 1834. Castel (apud Behring e Boschetti 2011) destaca que estas legislações possuíam um “código coercitivo do trabalho”, na medida em que possuíam um imperativo para o trabalho, obrigação do pobre de aceitar qualquer trabalho que lhe fosse oferecido, proibindo desse modo a mendicância, nesse sentido ainda Pereira (apud Behring e Boschetti, 2011) afirma que elas apresentavam um caráter repressor e punitivo e não um caráter protetivo. Polanyi e Castel (apud Behring e Boschetti) as legislações (Poor law, a Lei de Domicílio de 1662, Speenhamland Act de 1795) “tinham como função principal manter a ordem de castas e impedir a livre circulação da força de trabalho”, no contexto da Revolução Industrial a Nova Lei dos Pobres de 1834, ao contrário, “tinha o sentido de liberar a mão-de-obra necessária à instituição da sociedade de mercado” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.48). Algumas Características dessas legislações: 1883 •Primeiro seguro-saúde nacional obrigatório instituido por Otto Von Bismarck 1884 •Criação da cobertura para acidentes de trabalho na Alemanha 1889 •Criação do seguro invalidez e velhice na Alemanha 1935 •Social Security Act, criando a Previdência dos Estados Unidos 1942 •Plano Beveridge, incorpora um conceito ampliado de Seguridade Social Década de 40 a 60 •Formação de sistemas de Welfare State nos paises do capitalismo central Década de 70 •Crise de Welfare State e Ofensiva Neoliberal Princípio estruturador: obrigar o exercício do trabalho as pessoas aptas; Ofereciam auxílios mínimos como alimentação e aos pobres reclusos Workhouses; Critérios para acesso eram muito restritivos e seletivos Estabeleciam distinção entre pobres “merecedores” (os inaptos para o trabalho) aos quais se garantia uma assistência mínima sustentada pela ideia de dever moral cristão, e não “merecedores (os aptos para o trabalho, ainda que seja uma capacidade mínima) De acordo com Behring e Boschetti (2011, p.49) a lei de Speenhamland de 1795 possuía um caráter menos repressor, efetuando um abono financeiro complementar ao pagamento do trabalho, tendo seu valor baseado no preço do pão. Oferecia assistência a empregados e desempregados com remuneração abaixo de determinado valor, exigindo em contrapartida a fixação do trabalhador. Outra diferença dela em relação a Lei dos Pobres é que ela permitia a “negociação”, ainda que mínima, do trabalho. Em 1834 foi revogada pela Poor Law Amendment Act conhecida também como New Poor Law (Nova Lei dos Pobres) que com forte perspectiva liberal estabeleceu o trabalho como fonte exclusiva de renda revogando os direitos assegurados pela Speenhamland. “Se as legislações sociais pré-capitalistas eram punitivas, restritivas e agiam na intersecção da assistência social e do trabalho forçado,o “abandono” dessas tímidas e repressivas medidas de proteção no auge da Revolução Industrial lança aos pobres à “servidão da liberdade sem proteção”, no contexto de plena subsunção do trabalho ao capital, provocando o pauperismo como fenômeno mais agudo decorrente da chamada questão social. Foram as “lutas pela jornada normal de trabalho” (Marx, 1987) que provocaram o surgimento de novas regulamentações sociais e do trabalho pelo Estado (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.51). Com a predominância dos ideais liberais no Estado capitalista “a resposta dada à questão social no final do século XIX foi sobretudo repressiva e apenas incorporou algumas demandas das classes trabalhadoras, transformando as reivindicações em leis que estabeleciam melhorias tímidas e parciais nas condições de vida dos trabalhadores, sem atingir, portanto, o cerne da questão social” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.63). O século XVIII foi palco de conquistas sociais na constituição dos direitos civis cuja maior expressão é a Declaração dos Direitos do Homem. Ao longo do século XIX, presencia-se a efetivação dos direitos políticos dos cidadãos, através da extensão do voto direto a diversos grupos sociais. No século XX a esfera do social e do econômico incorpora-se a noção de cidadania, à medida que padrões básicos de educação, saúde, bem-estar e segurança passam a ser reconhecidos como fundamentais na vida dos cidadãos e prioritários para o exercício das dimensões civil e política de cidadania (GUIMARÃES, 1993, p.5) “ O surgimento das políticas sociais foi gradual e diferenciado entre os países, dependendo dos movimentos de organização e pressão da classe trabalhadora, do grau de desenvolvimento das forças produtivas, e das correlações e composições de força no âmbito do Estado. Os autores são unânimes em situar o final do século XIX como o período em que o Estado capitalista passa a assumir de forma mais ampla, planejada, sistematizada e com caráter de obrigatoriedade” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.64). Elementos que segundo Pierson (1991) ajudam a demarcar a emergência das políticas sociais: A introdução de políticas sociais orientadas pela lógica do seguro social na Alemanha, a partir de 1883. “Essa ‘novidade’ na intervenção estatal, no contexto de presença marcante da social-democracia alemã no parlamento e nas lutas sociais, marcaria o reconhecimento público de que a incapacidade para trabalhar devia-se a contingências (idade avançada, enfermidades, desemprego) que deveriam ser protegidas” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.64). “As políticas sociais passam a ampliar a ideia de cidadania e desfocalizar suas ações antes direcionadas apenas para a pobreza extrema” Tal situação é do ponto de vista de Pierson resultado de uma mudança da relação estabelecida entre o Estado e o cidadão em quatros direções: para além da manutenção da ordem social o Estado revela uma preocupação no atendimento das necessidades sociais reivindicadas pelos trabalhadores; os seguros sociais passam a ser reconhecidos legalmente como conjunto de direitos e deveres; a concessão de direito não é um impeditivo da participação política e sim um recurso para o exercício da cidadania (incorporação dos direitos sociais como elemento de cidadania); incremento do investimento público nas políticas sociais com aumento do gasto social “Em meados do século XIX, os trabalhadores organizaram caixas de poupança e previdência (sociedade de mutualidade) como estratégia de fundo de cotização para fomentar a organização operária e manter os trabalhadores em greve”. “Essa forma de solidariedade de classe, contudo, foi completamente desvirtuada na Alemanha, quando o governo do Chanceler Otto Von Bismarck instituiu o primeiro seguro-saúde nacional obrigatório em 1883, no contexto de fortes mobilizações da classe trabalhadora. As iniciativas tomaram a forma de seguro social público obrigatório, destinado a algumas categorias específicas de trabalhadores e tinham como objetivo desmobilizar as lutas. As medidas compulsórias de seguro social público têm como pressuposto a garantia estatal de prestações de substituição de renda em momentos de perda da capacidade laborativa, decorrente de doença, idade, ou incapacidade para o trabalho” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.65). Segundo Marshall (apud Behring e Boschetti, 2011) os seguros sociais começaram de forma incipiente, de forma privada, abrangendo determinadas categorias, mas se expandiram no final do século XIX e início do século XX, destacando que em 1938 de 30 países europeus: 20 tinham seguro contra doença; 24 possuíam alguma forma de aposentadoria contributiva; quase todos tinham planos para atender acidentes de trabalho e moléstias industriais; 8 tinham seguro contra desemprego; 3 cobriam as três situações clássicas de risco social doença, velhice e desemprego. Na França as primeiras intervenções estatais durante o século XIX foram denominadas pelos liberais de Etat Providence (Estado-Providência), onde alguns consideram o marco de emergência desse Estado-Providência o ano de 1898, quando foi aprovada a primeira lei cobrindo os acidentes de trabalho, que estabelece a proteção social obrigatória aos trabalhadores, sob responsabilidade estatal. Iniciativas segundo Pierson (1991) que indicam a intervenção estatal no período de predomínio do liberalismo: 1883-1914, todos os países europeus implantaram um sistema estatal de compensação de renda para os trabalhadores na forma de seguros; 1883-1914, 11 dos 13 países europeus introduziram seguro-saúde e 9 legislaram sobre pensão aos idosos; Em 1920, 9 países tinham alguma forma de proteção ao desempregado. A crise do pensamento liberal ocorreu ao longo da segunda metade do século XIX e no início do século XX, como resultado de alguns processos político- econômicos. Crescimento do movimento operário, que passou a ocupar espaços políticos e sociais importantes, como o parlamento, obrigando a burguesia [...] a reconhecer direitos de cidadania política e social cada vez mais amplos para esses segmentos; (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.67); Concentração e monopolização do capital, demolindo a utopia liberal do indivíduo empreendedor. E nesse momento a crise de 1929-1932 (período conhecido com a Grande Depressão) coloca-se como uma inflexão que fez as elites político-econômicas começassem a reconhecer os limites do mercado se deixado a cargo dos supostos movimentos naturais. Essa foi a maior crise da economia mundial até aquele momento, iniciada no sistema financeiro que tem como marco o dia 24 de outubro de 1929 (Quebra da Bolsa de Nova York) que teve como consequências uma superabundância de capitais e escassez dos lucros, desemprego generalizado e queda do consumo. Tal situação levou a uma desconfiança da burguesia em relação aos ideais liberais. Nesse processo desenvolve-se o que se denominou de “revolução Keynesiana”. “As proposições de Keynes estavam sintonizadas com a experiência do NEW DEAL americano, e inspiraram especialmente as saídas europeias da crise, sendo que ambas têm um ponto em comum: a sustentação pública de um conjunto de medidas anticrise ou anticíclicas, tendo em vista amortecer as crises cíclicas de superprodução, superacumulação e subconsumo, ensejadas a partir da lógica do capital [...]. As políticas sociais se generalizam nesse contexto, compondo o rol de medidas anticíclicas” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.71). “Para Keynes [...] o Estado [...] tem legitimidade para intervir por meio de um conjunto de medidas econômicas e sociais, tendo em vista gerar a demanda efetiva, ou seja, disponibilizar meios de pagamento e dar garantias ao investimento, até mesmo contraindo déficit público, para controlar o volume da moeda disponível e as flutuações da economia. Segundo Keynes, cabe ao Estado, a partir de sua visão deconjunto, o papel de restabelecer o equilíbrio econômico, por meio de uma política fiscal, creditícia e de gastos, realizando investimentos ou inversões reais que atuem nos períodos de depressão como estímulo à economia” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.85). Utiliza-se dos seguintes mecanismos para amortecer os efeitos das crises: Planificação indicativa da economia, na perspectiva de evitar s riscos das amplas flutuações periódicas; A intervenção na relação capital/trabalho através da política salarial e do “controle de preços”; A distribuição de subsídios; A oferta de créditos combinada a uma política de juros; Políticas Sociais. Tal agenda era fundada em dois pilares: pleno emprego e maior igualdade social, que poderia ser alcançado a partir da ação estatal: Gerar emprego dos fatores de produção via produção de serviços públicos, além da produção privada; Aumentar a renda e promover maior igualdade, por meio da instituição de serviços públicos, dentre eles as políticas sociais. O Keynesianismo se uniu ao pacto fordista, da produção em massa e dos acordos coletivos com os trabalhadores do setor monopolista em torno dos ganhos de produtividade do trabalho. O fordismo, então foi bem mais que uma mudança técnica, com a introdução da linha de montagem e da eletricidade: foi também uma forma de regulação das relações sociais, em condições políticas determinadas. Assim, o keynesianismo e o fordismo, associativos, constituem os pilares do processo de acumulação acelerada de capital no pós- 1945, com forte expansão da demanda efetiva, altas taxas de lucros, elevação do padrão de vida das massas no capitalismo central, e um alto grau de internacionalização do capital, sob o comando da economia norte-americana”. “Houve naquele momento, uma melhoria efetiva das condições de vida dos trabalhadores fora da fábrica, com acessos ao consumo e ao lazer que não existiam no período anterior, bem como uma sensação de estabilidade no emprego, em contexto de pleno emprego keynesiano, diluindo a radicalização das lutas e levando a crer na possibilidade de combinar acumulação e certos níveis de desigualdade. A condução desse pacto pelos grandes partidos social- democratas construídos desde fins do século XIX, com seu projeto de reforma do capitalismo e não de revolução, também tempera o ambiente sindical e operário nesse período”. WELFARE STATE Para Pierson três elementos marcam o processo de desenvolvimento do Welfare State: O crescimento do orçamento social em todos os países da Europa que integravam a OCDE; O crescimento incremental de mudança demográfica, expresso pelo aumento da população idosa dos países capitalistas centrais; O Crescimento sequencial de programas sociais no período. Que de acordo com ele apresentou uma ordem semelhante na maioria dos países: primeiro a cobertura de acidentes de trabalhos, depois seguro- doença e invalidez, pensões a idosos, seguro-desemprego e, por último, auxílio-maternidade; em relação à cobertura, os primeiros beneficiados foram os trabalhadores de indústrias estratégicas, seguidos pelos trabalhadores rurais, dependentes, trabalhadores autônomos, e por último, a população como um todo; além disso foram introduzidas amplas formas de acesso a benefícios. A política social aqui desenvolvida guiava-se pela lógica do seguro social bismarckiano. As ações e política social iniciadas com as reivindicações dos trabalhadores durante o século XIX foram ampliadas no “consenso pós- guerra” ainda mais a partir da influência do Plano Beveridge, publicado na Inglaterra em 1942, que propunha uma nova lógica para a organização das políticas sociais, a partir da crítica aos seguros sociais bismarckianos. Para Marshal o que marca a emergência do Welfare State é a superação da lógica securitária de Bismarck para a incorporação de um conceito ampliado de seguridade social presente no Plano Beveridge. Para Mishra os princípios que estruturam o Welfare State são os mesmo do Plano Beveridge: Responsabilidade estatal na manutenção das condições de vida dos cidadãos, por meio de um conjunto de ações em três direções: regulação da economia de mercado a fim garantir um elevado nível de emprego; prestação pública de serviços sociais universais; e um conjunto de serviços sociais pessoais. Universalidade dos serviços sociais; Implantação de uma “rede de segurança” de serviços de assistência social. Pochmann destaca que a formação dos sistemas de Welfare State, de um modo geral, apresentavam três condicionantes estruturais em comum: Lógica industrial Moderna – O processo de industrialização constitui uma das primeiras condicionalidades estruturais para a emergência do Estado de Bem-Estar Social. Diferente de modos anteriores a lógica industrial moderna colocou sob um mesmo espaço físico uma grande quantidade de empregados com condições de trabalho e de vidas semelhantes, onde devido ao intenso ritmo de produção em grande escala somado a introdução de novas tecnologias com gestão mais racional da mão-de-obra ocasionaram certas inseguranças no trabalho como: doenças profissionais, invalidez precoce de pessoas idosas, obsolescência ocupacional para pessoas de baixa escolaridade, subocupação de crianças e adolescentes, desemprego de adultos e etc. assim, na medida em que haviam muitos trabalhadores aglomerados sob o mesmo espaço condicionou-se a formação de um novo sindicalismo com preocupações direcionadas a melhora das condições de trabalho e de vida para todos. Outro fator é que houve um crescimento da capacidade produtiva com produção em larga escala o que oferece riscos associados a formação de uma crise relacionada à superprodução e por outro lado exigiu uma maior rigidez na contratação de empregados. Desse modo “a redistribuição de parte dos ganhos de produtividade com empregados ocupados (aumento real de salários e diminuição da jornada de trabalho), com consumidores (redução real dos preços) e com setor público (crescimento da carga tributária) permitiu a convivência menos agressiva no capitalismo desenvolvido, apontando para a consolidação de um padrão de consumo. Não se tratava mais do repasse individual dos ganhos de produtividade, mas sim por meio do contrato coletivo de trabalho, da homogeneização dos ganhos entres trabalhadores do chão da fábrica e de ocupações intermediárias de chefia e supervisão”. Democracia de Massa – Com a universalização do voto, superando o estágio da democracia formal, meramente censitária Sociedade Salarial – A terceira condicionalidade estrutural na emergência do Estado de Bem-Estar Social, destaca-se a conformação de sociedades salarias nos países centrais, isto é, sociedades constituídas a partir de mercados de trabalho organizadas e assalariados, inclusive com intervenção nos Estados. A presença de medidas de natureza trabalhista e social protetoras e de bem-estar social foi fundamental para atingir maior homogeneidade social no centro do capitalismo mundial. Em outras palavras o pleno emprego transformou-se no principal fundamento do processo de estruturação do mercado de trabalho organizado a partir do assalariamento, bem como possibilitou o acesso a um padrão relativamente homogêneo de bem-estar, a partir do assalariamento, bem como possibilitou o acesso a um padrão relativamente homogêneo de bem-estar, a partir das altas taxas de crescimento econômico entre o final da II Guerra Mundial e o fim da Guerra do Mundial. Tipos de Welfare State. Duas tipologias sobre o Welfare State destacam-se, a tipologia de Esping- Andersen e a tipologia de Titmus. PARA ESPING-ANDERSEN: Social-democrata Desenvolvido fundamentalmente no norte da Europa, principalmente nos países escandinavos. O Welfare State caracteriza-se por um sistema de proteção social abrangente, com coberturauniversal e com benefícios garantidos como direitos. Conservador Marcado por um alto intervencionismo estatal destinado a promover lealdade e subordinação ao Estado. Esse tipo de Welfare State predominou na Alemanha, França, Bélgica e etc. Liberal As políticas sociais no regime liberal são desenhadas de modo a maximizar o status de mercadoria do trabalhador individual. Característico de países de tradição anglo-saxônica como EUA, Canadá, Suíça e etc. PARA TITMUS: Residual A intervenção possui caráter temporal limitado, devendo cessar com a superação da situação de emergência que provocou a ação. Para o autor constitui o Welfare State desenvolvido nos EUA Meritocrático-particularista Nesse tipo de Welfare State tem-se a ideia de que cada um deve estar em condições de resolver suas próprias necessidades, em base a seu trabalho, a seu mérito, à sua performance profissional A política social intervém apenas parcialmente corrigindo as ações do mercado. O sistema de Welfare State atua de forma complementar as instituições econômicas. Institucional redistributivo Os bens e serviços são distribuídos aos cidadãos, estando assim cobertos e protegidos segundo os critérios mais universalistas. Devendo ser garantido a todos os cidadãos uma renda mínima e a provisão de serviços essenciais. Segundo Guimarães (1993, p.5) “em termos gerais, a definição de Welfare State encontra-se relacionada ao conjunto de instituições e práticas estatais que se desenvolveram nas sociedades capitalistas avançadas a partir da 2ª Guerra Mundial. A autora destaca que a apesar da diferença dos “Welfare State” desenvolvidos nos diferentes países existe um elemento-chave do Welfare State: a noção de cidadania. Crise do Welfare State No final dos anos 1960 a fase expansiva do capitalismo maduro começou a dar sinais de esgotamento em um momento de estagnação que se aprofunda com a crise do capital que se inicia nos anos de 1970, de ordem financeira que teve forte incidência no aumento do desemprego sendo um golpe num dos pilares de sustentação do Welfare State (o pleno emprego). As saídas para a crise podem ser resumidas em duas perspectivas que fazem parte de um mesmo movimento: o neoliberalismo e a reestruturação produtiva, que sinaliza o rompimento com o pacto fordista-keynesiano base sob a qual foi construída os sistemas de Welfare State. Pochmann (2004) sobre a crise do Welfare State afirma que “o Estado de Bem-Estar Social passou a enfrentar limites consideráveis e obstáculos crescentes à sua continuidade no centro do capitalismo mundial. Diante de um novo ambiente econômico marcado pela profunda desregulação da concorrência intercapitalista e por modificações importantes na base tecnológica, em meio ao predomínio das altas finanças, o Estado de Bem-Estar Social passou a ser questionado a partir da crise do final dos anos 70”. Segundo Pochmann (2004) a crise econômica dos anos 70 as condicionalidades estruturais do Welfare State entraram em crise. Devido ao baixo crescimento econômico foi posto um obstáculo no que concerne a continuidade do pleno emprego, bem como o processo de reestruturação produtiva que inseriu novas formas de trabalho muitas vezes à margem de contratações coletivas ou legislações existentes, a nova lógica de produção em redes mundiais, com a perda da importância do emprego industrial “fragilizou compromissos sociais entre empregados e patrões, comprometendo as bases da sociedade salarial e esvaziando o conteúdo dos regimes democráticos”. “A crise do Welfare State explicita o fracasso do único ordenamento sociopolítico que, na ordem do capital, visou expressamente compatibilizar a dinâmica da acumulação e da valorização capitalista com a garantia de direitos políticos e sociais mínimos” (NETTO, 2007). Contexto Nacional Acerca das origens da política social no Brasil Behring e Boschetti (2011, p.78) afirmam que seu surgimento “não acompanha o mesmo tempo histórico dos países de capitalismo central. Não houve no Brasil escravista do século XIX uma radicalização das lutas operárias, sua constituição em classe para si, com partidos de organizações fortes. A questão social já existente num país de natureza capitalista, com manifestações objetivas de pauperismo e iniquidade, e especial após o fim da escravidão e com a imensa dificuldade de incorporação dos escravos libertos no mundo do trabalho, só se colocou como questão política a partir da primeira década do século XX, com as primeiras lutas de trabalhadores e as primeiras iniciativas de legislação voltadas ao mundo do trabalho”. Segundo as autoras “a criação dos direitos sociais no Brasil resulta da luta de classes e expressa a correlação de forças predominante” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.78-79). Por um lado, os direitos sociais, sobretudo trabalhistas e previdenciários, são pauta de reivindicação dos movimentos e manifestações da classe trabalhadora. Por outro, representam a busca de legitimidade das classes dominantes em ambiente de restrição de direitos políticos e civis. Quanto a legislação social não existia até o ano e 1887, havendo no ano de 1888 é criada uma caixa de socorro para a burocracia pública. Em 1889 é concedido o direito à pensão e 15 dias de férias para os funcionários da Impressa Nacional e os ferroviários que é estendido no ano seguinte para os funcionários do Ministério da Fazenda. No ano de 1891 é criada a primeira legislação em relação a assistência a infância que regulamenta o trabalho infantil. E em 1892 os funcionários da Marinha conquistam o direito à pensão. Na passagem para o século XX é marcado pela criação dos primeiros sindicatos, em 1903 na área da agricultura e nas indústrias rurais em 1907 dos demais trabalhadores urbanos, processo esse influenciado pela chegada dos imigrantes que trouxeram os ideais anarquistas e socialistas europeus, e como resultado desse novo cenário em 1911 a jornada de trabalho foi reduzida para 12 horas diárias, porém essa determinação foi descumprida. No ano de 1919 é regulamentada os acidentes de trabalho, porém é tratada sob a ótica do inquérito policial enfatizando a responsabilidade individual em detrimento do caráter coletivo. Como destaque para a conformação da política social no Brasil temos como marco histórico: a aprovação da Lei Eloy Chaves no ano de 1923 que instituiu a obrigatoriedade de criação das Caixas de Aposentadorias e Pensão (CAPS) para algumas categorias estratégicas de trabalhadores, como os ferroviários e marítimos. A regulamentação dessas categorias é estratégica, pois nesse momento a economia brasileira basicamente era baseada na monocultura de café voltada para a exportação, desse modo foi assegurado o direito a essas categorias que estavam diretamente relacionados no processo de produção e circulação das mercadorias (BEHRING, 2011). “As CAPs foram as primeiras formas originárias da previdência social brasileira, junto com os Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPs), sendo o dos funcionários públicos o primeiro a ser fundado, em 1926. Por fim, em 1927 foi aprovado o famoso Código Menores, de conteúdo claramente punitivo da chamada delinquência juvenil” (BEHRIG; BOSCHETTI, 2011, p.80). Desde o princípio do século XIX mostrava-se um avanço no que diz respeito ao processo de organização da classe trabalhadora, com ênfase para o ano de 1907 quando se tem o reconhecimento da livre organização sindical, com total autonomia do Estado. Em 1922 sob influência da Revolução Russa de 1917 é fundado o Partido Comunista Brasileiro. Nesse momento temos o advento da crise mundial de 1929-1932 que ocasionou uma mudança na correlação forças no interior das classes dominantes, que exerceu influência na chamada “Revolução de 1930”, estando Vargas “à frente de uma ampla coalizão de forçasem 1930”. Os primeiros sete anos do que hoje se denomina de “Era Vargas” “foram marcados por uma forte disputa de hegemonia e da direção do processo modernização” (BEHRIG; BOSCHETTI, 2011, p.105). E “em 1937 instaura-se a ditatura do Estado Novo, com Vargas à frente” (IBIDEM) O Governo Vargas enfrentou, assim como outros governos, como questão de polícia os segmentos mais radicais dos movimentos da classe trabalhadora, porém a partir de 1935, principalmente, “ele soube combinar essa atitude com uma forte iniciativa política: a regulamentação das relações de trabalho no país, buscando transformar a luta de classes em colaboração de classes, e o impulso à construção do Estado social, em sintonia com os processos internacionais, mas com nossas mediações internas particulares (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p.106) Draibe (apud Behring e Boschetti, 2011) considera os anos de 1930-1943 o momento de introdução da política social no Brasil. Em relação a esfera do trabalho a sequência da cobertura dos riscos seguiu a referência dos países desenvolvidos (regulação dos acidentes de trabalho – aposentadorias e pensões – auxílios doença – maternidade – família – seguro-desemprego). No ano de 1930 foi criado o Ministério do Trabalho e no de 1932 a Carteira de Trabalho (que se consolidou como uma espécie de documento da cidadania, pois alguns direitos foram assegurados as pessoas com emprego registrado na Carteira). Behring e Boschetti (2011, p.106) destacam assim que “essa é uma das características do desenvolvimento do Estado Social brasileiro: seu caráter corporativo e fragmentado, distante da perspectiva da universalização de inspiração beveridgiana” Quanto ao sistema público de previdência teve início com os IAPs (Institutos de Aposentadoria e Pensões) que se expandiram no ano de 1930, que realizava a cobertura de riscos relacionados a perda da capacidade laborativa (velhice, morte, invalidez e doença), em categorias estratégicas, apresentando planos poucos uniformizados, seguindo uma lógica contributiva de seguro. O primeiro foi o IAPM dos marítimos, criado em 1933, iniciando um processo de extinção das CAPs que se consolidou em 1953. Nos IAPs os trabalhadores participavam da direção e eram oferecidos um conjunto de benefícios e serviços de acordo cm as contribuições dos trabalhadores, dos empresários e do Estado, que não apresentavam um padrão uniforme. Em relação a saúde no ano de 1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública e o Conselho Nacional de Educação e o Conselho Consultivo de Ensino Comercial. É a partir de 1930 que se inicia uma intervenção efetiva do Estado na saúde que seguiu os seguintes eixos: A Saúde Pública conduzida por meio de campanhas sanitárias coordenadas pelo Departamento Nacional de Saúde, que foi criado em 1937; A medicina Previdenciária ligada aos IAPs, para as categorias que tinham acesso. Desenvolveu-se nesse momento a saúde privada e filantrópica, no atendimento médico-hospitalar. Em relação a Assistência Social Draibe e Aureliano (apud Behring e Boschetti, 2011) “consideram que é difícil estabelecer com precisão o âmbito específico dessa política no Brasil devido ao caráter fragmentado, diversificado, desorganizado, indefinido e instável das suas configurações. É possível identificar uma certa centralização em âmbito federal a partir da criação da Legião Brasileira de Assistência (LBA), no ano de 1942, com o objetivo de atender às famílias dos praças que estavam envolvidos na Segunda Guerra Mundial, sendo coordenado pela primeira-dama, Darci Vargas, possuindo características clientelísticas, de tutela e favor. Esse enfoque assistencialista, seletivo e de primeiro-damismo perdura na política por muitos anos. Na área da Infância e Juventude o Código de Menores se desdobra no Serviço de Assistência ao Menor (SAM), no ano de 1941 onde prevalece a coerção e maus-tratos aos jovens (pobres, delinquentes) apesar de se declarar com um instrumento de proteção. A Constituição de 1937 afirmava a necessidade de reconhecimento das categorias dos trabalhadores pelo Estado. E em 1943 foi promulgada a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) “que sela o modelo corporativista e fragmentado do reconhecimento dos direitos no Brasil, o que Santos (1987) caracterizou como ‘cidadania regulada’. Até 1964 ocorreu uma expansão lenta, fragmentada e seletiva das políticas sociais com destaque para o aperfeiçoamento institucional como a separação do Ministério da Saúde do da Educação no ano de 1953, além da criação de novos IAPs. Em 1960 foi promulgada a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) e a regulamentação da Previdência Rural em 1963 (propostas em pauta desde o final da ditadura Vargas, mas que não se consolidaram devido a disputa de projetos que caracterizava o momento político). No ano de 1964 temos o golpe militar que instaura uma ditadura no país, para Faleiros (apud Behring e Boschetti, 2011, p.136) “no contexto de perdas de liberdades democráticas, de censura, prisão e tortura para as vozes dissonantes, o bloco militar-tecnocrático-empresarial buscou adesão e legitimidade por meio da expansão e modernização de políticas sociais”. No ano de 1966 temos a uniformização, unificação e centralização da previdência social no Instituto Nacional de Previdência (INPS), onde os trabalhadores não participam da gestão da Previdência Social. Os acidentes de trabalho em 1967 os acidentes de trabalho passam para a gestão do INPS. No ano de 1971 foi criado o Funrural, que possuía um caráter redistributivo na medida em que não era baseada na contribuição dos trabalhadores e sim numa pequena taxação dos produtores (no valor de meio salário mínimo). A cobertura previdenciária alcançou as empregadas domésticas no ano de 1972, em 1973 os jogadores de futebol e autônomos, em 1978 os ambulantes. No ano de 1974 é criado a Renda Mensal Vitalícia para os idosos pobres que tinha o valor de um salário mínimo, e para ter direito era necessário ter contribuído para a previdência pelo período mínimo de um ano. Em 1974 é criado o Ministério da Previdência e Assistência Social, que incorpora a LBA, a Fundação Nacional para o Bem-Estar do Menor, a FUNABEM que foi criado em 1965 em substituição ao SAM que foi extinto em 1964, a Central de Medicamentos (CEME) e a Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (Dataprev). E como resultado da união dessas instituições que com uma ampla reforma administrativa transformaram-se no SINPAS, Sistema Nacional de Assistência e Previdência Social, em 1977, além das instituições referidas compreendia o INPS, o Instituto Nacional de Assistência Médica (Inamps) e o Instituto Nacional de Administração da Previdência Social (Iapas). É válido destacar que nessa associação entre saúde e previdência, a saúde desenvolveu-se com características como: forte medicalização, atendimento curativo, individual e especializado, em detrimento da saúde pública. Além disso a ditadura impulsionou a política nacional de habitação com a criação do Banco Nacional de Habitação (BNH), combinada a essa política houve a criação de fundos de indenização aos trabalhadores enquanto mecanismos de poupança forçada para o financiamento da política habitacional, como o FGTS, PIS e PASEP dentre outras. Ao mesmo tempo a ditadura abriu espaço para a existência de previdência, saúde e educação privadas o que Behring e Boschetti (2011, p.137) denominaram de um sistema dual de acesso às políticas sociais: para quem pode e para quem não pode pagar”. Para as autoras essa é a grande herança da ditadura para as políticas sociais considerando que esse aspecto nos aproxima mais do sistema norte- americano de proteção social do que ao Welfare State europeu. A partir de 1974 o projeto tecnocrático de modernização conservadora começa a dar seus primeiros sinais de esgotamento,devido aos impactos da economia internacional que está em crise iniciando-se o processo lento e gradual de abertura política, rumo a redemocratização do Estado brasileiro. Soma-se a isso a crise da dívida dos anos 1980 inicia-se uma série de medidas de estabilização e ajustes financeiros. A abertura política foi fortemente tencionada pelas classes dominantes mantendo-se ainda presente as exigências da agenda neoliberal. Desse modo Behring e Boschetti (2011, p.141) afirmam que “a Constituinte foi um processo duro de mobilizações e contramobilizações de projetos e interesses mais específicos, configurando campos definidos de forças. O texto constitucional refletiu a disputa de hegemonia, contemplando avanços em alguns aspectos a exemplo dos direitos sociais”, porém manteve alguns traços conservadores. Por esse caráter “híbrido entre o velho e o novo” (BEHRIG; BOSCHETTI, 2011, p.142) é que Nogueira (apud Behring e Boschetti, 2011, p.142) afirma que a Constituição de 1988 “não se tornou a Constituição ideal de nenhum grupo nacional” expressando “a tendência societal (e particularmente das elites políticas) de entrar no futuro com os olhos do passado, ou mais ainda de fazer história de costas para o futuro” Nos anos 1980 (final da ditadura e governo Sarney) houve iniciativas de pouca expressão no campo das políticas sociais. No Governo Sarney o programa de maior expressão da política social era o Programa do Leite, com características clientelistas, mantendo-se nesse período “o caráter compensatório, seletivo, fragmentado e setorizado da política social brasileira, subsumida à crise econômica, apesar do agravamento das expressões da questão social” (BEHRIG; BOSCHETTI, 2011, p.144). Nesse momento histórico é a redemocratização com forte mobilização no sentido reformista, no sentido de que a Constituição expressasse avanços nas políticas sociais, que fossem orientadas pelos princípios da “universalização, responsabilidade pública e gestão democrática” (BEHRIG; BOSCHETTI, 2011, p.144). Dessa mobilização resulta a incorporação do conceito de seguridade social, que articula previdência, saúde e assistência, assegurando cobertura previdenciária aos trabalhadores rurais no valor de um salário mínimo e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para idosos e pessoas com deficiência. Nesse processo destaca-se a luta para que a assistência se consolidasse como política pública de seguridade e se afastasse de suas características históricas: clientelistas, fragmentadas, aleatórias, improvisadas. E na saúde principalmente pelo movimento de Reforma Sanitária, consolidada na VIII Conferência Nacional de Saúde (1986) propondo a criação do Sistema Único e Descentralizado de Saúde (SUDS) e do conceito ampliado de saúde, que considera além dos determinantes biológicos os determinantes sociais da saúde. Na previdência foram conquistados alguns avanços como: licença-maternidade de 120 dias, extensiva aos trabalhadores rurais, empregadas domésticas; redução do limite de idade para aposentadoria. Houve ainda a luta pelo direito das crianças e adolescentes resultando na promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). Os anos 1990 não são favoráveis para o campo das políticas sociais, sendo de “contrarreforma do Estado e de obstaculização e/ou redirecionamento das conquistas de 1988” (BEHRIG; BOSCHETTI, 2011, p.147). Ao longo desses anos foi propagada a necessidade de realização de reformas, que marcou o governo FHC, mas que já vinha desde Collor. “O principal documento orientador dessa projeção foi o Plano Diretor da Reforma do Estado (PDRE/MARE, 1995), amplamente afinado com as formulações de Bresser Pereira, então à frente do Ministério da Administração e da Reforma do Estado (MARE) (BEHRIG; BOSCHETTI, 2011, p.148). No que concerne as políticas sociais “ a tendência geral tem sido a de restrição e redução de direitos, sob o argumento da crise fiscal do Estado, transformando as políticas sociais - a depender da correlação de forças entre as classes sociais e segmentos de classe e do grau de consolidação da democracia e da política social nos países – em ações pontuais e compensatórias direcionadas para os efeitos perversos da crise. As possibilidades preventivas e até eventualmente redistributivas tornam-se mais limitadas, prevalecendo o já referido trinômio articulado do ideário neoliberal para as políticas sociais, qual seja: a privatização, a focalização e a descentralização” (BEHRIG; BOSCHETTI, 2011, p.156). A descentralização ocorre em dois sentidos: Transferência de responsabilidades entre os entes da federação; Transferência de responsabilidades para as instituições privadas. A privatização das políticas sociais opera uma separação entre os que podem e os que não podem pagar, gerando uma dualidade. Em relação a isso Vianna (apud Behring e Boschetti, 2011) caracteriza como uma americanização perversa da proteção social brasileira, onde apesar do conceito de seguridade social ser de inspiração beveridgiana consolidou-se nos moldes bismarckianos, principalmente em relação aos direitos previdenciários. Para Behring e Boschetti (2011, p.160-161) a “imbricação histórica entre elementos próprios à assistência e elementos próprios ao seguro social poderia ter provocado a instituição de uma ousada seguridade social, de caráter universal, redistributiva, pública, com direitos amplos fundados na cidadania. Não foi, entretanto, o que ocorreu, e a seguridade social brasileira, ao incorporar uma tendência de separação entre a lógica do seguro (bismarckiana) e a lógica da assistência (beveridgiana), e não de reforço à clássica justaposição existente, acabou materializando políticas com características próprias e específicas que mais se excluem do que se complementam, fazendo com que, na prática, o conceito de seguridade fique no meio do caminho, entre o seguro e assistência [...] os direitos mantidos pela seguridade social se orientam, sobretudo, pela seletividade e privatização, em detrimento da universalidade e estatização”. A previdência sofreu retrocesso devido as reformas nela realizada. A saúde sofre pela falta de recursos. “A assistência Social é a política que mais vem sofrendo para se materializar como política pública e para superar algumas características históricas como: morosidade na sua regulamentação como direito (a LOAS só foi sancionada em 1993 e efetivada a partir de 1995); redução e residualidade na abrangência, visto que os serviços e programas atingem entre 15% e 25% da população que deveria ter acesso aos direitos; manutenção e mesmo reforço do caráter filantrópico, com forte presença de entidades privadas na condução de diversos serviços, sobretudos os dirigidos às pessoas idosas e com deficiência; e permanência de apelos e ações clientelistas (Behring, 2000b; Boschetti, 2003) e ênfase nos programas de transferência de renda de caráter compensatório” Opera-se uma verdadeira reconfiguração dos direitos assegurados pela Seguridade Social com a profusão de planos privados de previdência e saúde, bem como a transferência de responsabilidade dada a ênfase a práticas voluntárias, de solidariedade e cooperação que indicam segundo Behrig e Boschetti (2011, p.162) estar fundamentadas numa perspectiva de Welfare Pluralism ou Welfare Mix em contraposição ao Welfare State Keynesiano. Nesse momento retorna-se a família e apela-se as organizações não lucrativas enquanto alternativas para a viabilização do bem-estar, o que Yazbeck denomina de refilantropização das políticas sociais. Welfare State no Brasil Existe uma polêmica no debate sobre a existência do Estado de Bem-Estar Social ou Welfare State no Brasil. Draibe (1989) defende que o Brasil conformou um Estado de Bem-Estar Social do tipo meritocrático- particularista. Escorel (1993), Oliveira (1999), Fiori (1995),ao contrário, defendem que no Brasil não houve a formação de um Estado de Bem-Estar Social. Modelo Bismarckiano Modelo Beveridgiano O Seguro Social é uma modalidade de proteção social que não apresenta caráter universal. ”O Modelo Bismarckiano é identificado como sistema de seguros sociais, pois suas características assemelham-se à de seguros privados. Em relação aos direitos, os benefícios cobrem, principalmente (e às vezes exclusivamente) os trabalhadores contribuintes e suas famílias; o acesso é condicionado a uma contribuição direta anterior e o montante das prestações é proporcional à contribuição efetuada. Quanto ao financiamento, os recursos provêm fundamentalmente das contribuições diretas de empregado e empregadores, baseadas nas folhas de salários. Quanto à gestão, os seguros eram originalmente organizados em caixas estruturadas por tipos de risco social: caixas de Segundo Martins o Plano Beveridge tinha por objetivos (a) unificar os seguros sociais existentes; (b) estabelecer o princípio da universalidade, para que a proteção se estendesse a todos os cidadãos e não apenas aos trabalhadores; (c) igualdade de proteção; (d) tríplice forma de custeio, porém com predominância do custeio estatal”. O Plano Beveridge tinha cinco pilares: (a) necessidade; (b) doença; (c) ignorância; (d) carência (desamparo); (e) desemprego. Era universal e uniforme. Visava ser aplicado a todas as pessoas e não apenas a quem tivesse contrato de trabalho. Os princípios fundamentais do sistema eram: horizontalidade das taxas de benefícios de subsistência, horizontalidade das taxas de contribuição, unificação da responsabilidade administrativa, aposentadoria; caixas de seguro- saúde, e assim por diante, e eram geridos pelos contribuintes, ou seja, por empregadores e empregados”. (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 66). adequação dos benefícios, racionalização e classificação. A parte a seguir da apostila vai expor brevemente o aparato legal que sustenta algumas políticas sociais no Brasil atualmente. O enfoque se dará sobre os aspectos mais gerais tais como: diretrizes, princípios, objetivos. Políticas Setoriais e Política Transversais Política Setorial São políticas voltadas para um determinado setor da vida social, buscam a garantia de um determinado direito como: as políticas de seguridade social (previdência social, assistência, social e saúde), as políticas de infraestrutura (habitação, urbanismo, saneamento básico) e políticas de trabalho e renda. Educação. Desenvolvimento agrário e Cultura. Estas políticas podem ser de proteção e de promoção. Políticas de Proteção Social São aquelas voltadas para reduzir contingências, necessidades e riscos que os indivíduos são expostos numa sociedade de mercado. Políticas de Promoção Social São políticas que a partir de determinados instrumentos, pretendem garantir aos cidadãos oportunidades e resultados mais amplos e equânimes de acesso aos recursos conquistados pela sociedade em sua trajetória histórica Política Transversal Política de corte transversal que podem ter caráter tanto de proteção como de promoção social que desenvolvem ações relacionadas a igualdade de gênero e racial, relacionadas a determinados ciclos da vida (políticas para crianças e adolescentes, juventude e idosos). Políticas Transversais Políticas para Pessoas com Deficiência Quem é Pessoa com Deficiência De acordo com a lei 13.146/2015 em seu art. 2o: Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. LEGISLAÇÃO PERTINENTE Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) Segundo a lei 13.146/2015 em seu art. 4°: Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. E em seu art. 8°: É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico. Direitos ou Garantias Em relação à moradia Art. 32. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, a pessoa com deficiência ou o seu responsável goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o seguinte: I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das unidades habitacionais para pessoa com deficiência; Em relação ao transporte e à mobilidade Art. 47. Em todas as áreas de estacionamento aberto ao público, de uso público ou privado de uso coletivo e em vias públicas, devem ser reservadas vagas próximas aos acessos de circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que transportem pessoa com deficiência com comprometimento de mobilidade, desde que devidamente identificados. § 1° As vagas a que se refere o caput deste artigo devem equivaler a 2% (dois por cento) do total, garantida, no mínimo, 1 (uma) vaga devidamente sinalizada e com as especificações de desenho e traçado de acordo com as normas técnicas vigentes de acessibilidade. Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem reservar 10% (dez por cento) de seus veículos acessíveis à pessoa com deficiência Em relação ao acesso à informação e à comunicação Art. 63. § 2° Telecentros comunitários que receberem recursos públicos federais para seu custeio ou sua instalação e lan houses devem possuir equipamentos e instalações acessíveis. § 3° Os telecentros e as lan houses de que trata o § 2o deste artigo devem garantir, no mínimo, 10% (dez por cento) de seus computadores com recursos de acessibilidade para pessoa com deficiência visual, sendo assegurado pelo menos 1 (um) equipamento, quando o resultado percentual for inferior a 1 (um). Lei Complementar n° 142 de 2013 Regulamenta o § 1° do art. 201 da Constituição Federal, no tocante à aposentadoria da pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de Previdência Social - RGPS. Art. 3° É assegurada a concessão de aposentadoria pelo RGPS ao segurado com deficiência, observadas as seguintes condições: Em caso de deficiência Grave Tempo de Contribuição: Homens: 25 anos Mulheres: 20 anos Em caso de Deficiência Moderada Tempo de Contribuição Homens: 29 anos Mulheres: 24 anos Em caso de Deficiência Leve Tempo de Contribuição Homens: 33 anos Mulheres: 28 anos Independente do Grau de Deficiência Homens: 60 anos de idade Mulheres: 55 anos de idade OBS: Desde que cumprido tempo mínimo de contribuição de 15 anos e comprovada a existência de deficiência em igual período De acordo com o Art. 8°: A renda mensal da aposentadoria devida ao segurado com deficiência será calculada aplicando-se sobre o salário de benefício, apurado em conformidade com o disposto no art. 29 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, os seguintes percentuais: Em caso de aposentadoria por tempo de contribuição: 100% (cem por cento) Em caso de aposentadoria por idade70% (setenta por cento) mais 1% (um por cento) do salário de benefício por grupo de 12 (doze) contribuições mensais até o máximo de 30% (trinta por cento) Benefício de Prestação Continuada https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213cons.htm#art29 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213cons.htm#art29 É a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso, com idade de sessenta e cinco anos ou mais, que comprovem não possuir meios para prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. Incapacidade: fenômeno multidimensional que abrange limitação do desempenho de atividade e restrição da participação, com redução efetiva e acentuada da capacidade de inclusão social, em correspondência à interação entre a pessoa com deficiência e seu ambiente físico e social. Família incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou do idoso: aquela cuja renda mensal bruta familiar dividida pelo número de seus integrantes seja inferior a um quarto do salário mínimo. Família para cálculo da renda per capita: conjunto de pessoas composto pelo requerente, o cônjuge, o companheiro, a companheira, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. Renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, seguro-desemprego, comissões, pro-labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 19. Impedimento de longo prazo: aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de dois anos. Para fazer jus ao Benefício de Prestação Continuada, a pessoa com deficiência deverá comprovar: A existência de impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, obstruam sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, na forma prevista neste Regulamento; Renda mensal bruta familiar do requerente, dividida pelo número de seus integrantes, inferior a um quarto do salário mínimo; e Por meio de declaração, que não recebe outro benefício no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, inclusive o seguro-desemprego, exceto o de assistência médica e a pensão especial de natureza indenizatória. O Benefício de Prestação Continuada deverá ser revisto a cada dois anos, para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. Apesar de o INSS ser responsável pela operacionalização do Benefício de Prestação Continuada, este integra a proteção social básica no âmbito do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, instituído pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, em consonância com o estabelecido pela Política Nacional de Assistência Social – PNAS. Pelo acima exposto evidencia-se o caráter transversal das políticas para a pessoa com deficiência em sua relação com a política de Habitação, com a política de Previdência, com a política de Assistência Social e etc. Políticas para Crianças e Adolescentes Previsão Constitucional Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Quem é criança? Pessoas até 12 (doze) anos de idade incompletos Quem é adolescente? Pessoas entre 12 (doze) anos e 18 (dezoito) anos incompletos Lei 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) A garantia de prioridade compreende: 1. Primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 2. Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; 3. Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; 4. Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. Políticas para a Juventude Lei 12.852/2013 (Estatuto da Juventude) Quem é jovem? Pessoas entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos Os Jovens entre 15 (quinze) e 18 (dezoito) anos aplica-se a Lei n° 8.069/1990 e, excepcionalmente a Lei 12.852/2013 em casos não conflitantes. Princípios: Promoção da autonomia e emancipação dos jovens; Valorização e promoção da participação social e política, de forma direta e por meio de suas representações; Promoção da criatividade e da participação no desenvolvimento do País; Reconhecimento do jovem como sujeito de direitos universais, geracionais e singulares; Promoção do bem-estar, da experimentação e do desenvolvimento integral do jovem; Respeito à identidade e à diversidade individual e coletiva da juventude; Promoção da vida segura, da cultura da paz, da solidariedade e da não discriminação; e Valorização do diálogo e convívio do jovem com as demais gerações. Diretrizes: Desenvolver a intersetorialidade das políticas estruturais, programas e ações; Incentivar a ampla participação juvenil em sua formulação, implementação e avaliação; Ampliar as alternativas de inserção social do jovem, promovendo programas que priorizem o seu desenvolvimento integral e participação ativa nos espaços decisórios; Proporcionar atendimento de acordo com suas especificidades perante os órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população, visando ao gozo de direitos simultaneamente nos campos da saúde, educacional, político, econômico, social, cultural e ambiental; Garantir meios e equipamentos públicos que promovam o acesso à produção cultural, à prática esportiva, à mobilidade territorial e à fruição do tempo livre; Promover o território como espaço de integração; Fortalecer as relações institucionais com os entes federados e as redes de órgãos, gestores e conselhos de juventude; Estabelecer mecanismos que ampliem a gestão de informação e produção de conhecimento sobre juventude; Promover a integração internacional entre os jovens, preferencialmente no âmbito da América Latina e da África, e a cooperação internacional; Garantir a integração das políticas de juventude com os Poderes Legislativo e Judiciário, com o Ministério Público e com a Defensoria Pública; e Zelar pelos direitos dos jovens com idade entre 18 (dezoito) e 29 (vinte e nove) anos privados de liberdade e egressos do sistema prisional, formulando políticas de educação e trabalho, incluindo estímulos à sua reinserção social e laboral, bem como criando e estimulando oportunidades de estudo e trabalho que favoreçam o cumprimento do regime semiaberto. Direitos ou Garantias Território e Mobilidade No sistema de transporte coletivo interestadual, observar-se-á, nos termos da legislação específica: A reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para jovens de baixa renda; A reserva de 2 (duas) vagas por veículo com desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para os jovens de baixa renda, a serem utilizadas após esgotadas as vagas citadas acima. Cultura É assegurado aos jovens de até 29 (vinte e nove) anos pertencentes a famílias de baixa renda e aos estudantes, na forma do regulamento, o acesso a salas de cinema, cineclubes, teatros, espetáculos musicais e circenses, eventos educativos, esportivos, de lazere entretenimento, em todo o território nacional, promovidos por quaisquer entidades e realizados em estabelecimentos públicos ou particulares, mediante pagamento da metade do preço do ingresso cobrado do público em geral. A concessão do benefício da meia-entrada é limitada a 40% (quarenta por cento) do total de ingressos disponíveis para cada evento. Políticas para o Idoso Lei 10.741/2003 Quem é idoso? Pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos Direitos ou Garantias Educação, Cultura, Esporte e Lazer A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais. Assistência Social Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas. No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a cobrança de participação do idoso no custeio da entidade. Nesses casos o Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma de participação, que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benefício previdenciário ou de assistência social percebido pelo idoso. Habitação Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o seguinte: Reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades habitacionais residenciais para atendimento aos idosos Implantação de equipamentos urbanos comunitários voltados ao idoso; Eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para garantia de acessibilidade ao idoso; Critérios de financiamento compatíveis com os rendimentos de aposentadoria e pensão. As unidades residenciais reservadas para atendimento a idosos devem situar-se, preferencialmente, no pavimento térreo. Transporte Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares. Nesses veículos serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os idosos, devidamente identificados com a placa de reservado preferencialmente para idosos. Idosos entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos ficará a critério da legislação local os critérios para a gratuidade. No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-á, nos termos da legislação específica A reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos; Desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para os idosos que excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao idoso. Lei 8.842/1994 Objetivo: Assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Princípios: A família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida; O processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos; O idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza; O idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através desta política; As diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral. Diretrizes: Viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, que proporcionem sua integração às demais gerações; Participação do idoso, através de suas organizações representativas, na formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos; Priorização do atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições que garantam sua própria sobrevivência; Descentralização político-administrativa; Capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços; Implementação de sistema de informações que permita a divulgação da política, dos serviços oferecidos, dos planos, programas e projetos em cada nível de governo; Estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento; Priorização do atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados prestadores de serviços, quando desabrigados e sem família; Apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento. Benefício de Prestação Continuada É a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso, com idade de sessenta e cinco anos ou mais, que comprovem não possuir meios para prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. Idoso: aquele com idade de sessenta e cinco anos ou mais. Família incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou do idoso: aquela cuja renda mensal bruta familiar dividida pelo número de seus integrantes seja inferior a um quarto do salário mínimo Família para cálculo da renda per capita: conjunto de pessoas composto pelo requerente, o cônjuge, o companheiro, a companheira, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, seguro-desemprego, comissões, pro-labore, outros rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 19 Para fazer jus ao Benefício de Prestação Continuada, o idoso deverá comprovar: 1. Contar com sessenta e cinco anos de idade ou mais; 2. Renda mensal bruta familiar, dividida pelo número de seus integrantes, inferior a um quarto do salário mínimo; e 3. Não possuir outro benefício no âmbito da Seguridade Social ou de outro regime, inclusive o seguro-desemprego, salvo o de assistência médica e a pensão especial de natureza indenizatória Questão CESPE, STJ, 2015 Conforme as diretrizes da Política Nacional do Idoso, o atendimento aos idosos deve ocorrer, prioritariamente, por meio de suas próprias famílias, e não por meio de asilos; isso, contudo, não exime os órgãos e as entidades públicas de prestarem serviços e desenvolverem ações específicas para essa população. Gabarito: CERTO Comentário: Segundo a Lei 8.842/94 (Política Nacional do Idoso) em seu art. 4° estabelece as seguintes diretrizes: Viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, que proporcionem sua integração às demais gerações; Participação
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