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Dos Atos processuais. CONCEITO DE ATO PROCESSUAL. ● A conduta humana voluntária que tem relevância para o processo. ● lsso afasta os atos irrelevantes e os que não se relacionem com o processo. ● Os atos processuais distinguem-se dos atos jurídicos em geral em razão de sua ligação com um processo e a repercussão que têm sobre ele. ● Não se confundem com os fatos processuais. OMISSÕES PROCESSUALMENTE RELEVANTES. ● Os atos pressupõem atividade comissiva. Mas as omissões podem ser de grande relevância para o processo civil, porque a lei pode prever importantes consequências processuais. ● A omissão só será processualmente relevante quando a lei determina a prática de determinado ato e impõe consequências para a sua não realização. Ex.: a omissão quanto ao ônus de oferecer contestação trará graves consequências processuais para o réu. Da prática eletrônica de atos processuais. O processo eletrônico. ● A busca pela efetividade e duração razoável do processo deu ensejo ao uso de meios eletrônicos e de informatização do processo. ● A Lei n. 11.280/2006 já havia acrescentado ao art. 154 do CPC de 1973 um parágrafo, autorizando os tribunais, no âmbito da respectiva jurisdição, a disciplinar a prática e a comunicação oficial dos atos processuais por meios eletrônicos, atendidos os requisitos de autenticidade, integralidade, validade jurídica e interoperabilidade da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira- ICP - Brasil. O processo eletrônico. ● Mas a informatização do processo judicial foi regulamentada pela Lei n. 11.419/2006, que tratou dos meios eletrônicos, da transmissão eletrônica e da assinatura eletrônica. ● O art. 2° autoriza o envio de petições, de recursos e a prática de atos processuais em geral por meio eletrônico, com a utilização da assinatura digital, baseada em certificado digital emitido pela autoridade certificadora; ou mediante cadastro do usuário no Poder Judiciário, que permita a identificação do interessado. ● O uso dos meios eletrônicos nos processos continua disciplinado por essa lei, mas o CPC, nos arts. 193 a 199, formula os princípios e regras gerais que devem ser observados. O processo eletrônico. ● O art. 193 autoriza que os atos processuais sejam praticados, total ou parcialmente, por meio digital, na forma da lei. ● Os sistemas de automação processual deverão respeitar o princípio da publicidade dos atos, o acesso e a participação das partes e seus procuradores, a garantia da disponibilidade, a independência da plataforma computacional e a acessibilidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações que o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções. ● Nesses sistemas, todos os atos de comunicação processual - como a citação, intimações, notificações - serão feitas por meio eletrônico, na forma da lei. ● Os arts. 8° a 13 da Lei n. 11.419/2006 regulamentam o uso de meios eletrônicos e digitais. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS. ● O CPC utiliza a classificação que leva em conta o sujeito, distinguindo entre atos das partes e atos judiciais. Atos das partes. ● De acordo com o art. 200 do CPC, os atos das partes consistem em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade. ● Os atos unilaterais são os mais comuns no processo: correspondem àqueles que a parte pratica sem necessitar da anuência da parte contrária. Por excelência, são os de postulação, como a petição inicial do autor e a contestação do réu, e os demais requerimentos que poderão fazer no curso do processo, como a apresentação de, réplica, o requerimento de provas, a interposição de recursos. ● O exemplo mais comum de ato bilateral é a transação, que provocará a extinção do processo, com resolução de mérito. Para que o ato seja jurídico-processual, é preciso que produza efeitos no processo, consistentes na constituição, modificação ou extinção de direitos processuais (CPC,art. 200). Pronunciamentos do juiz. ● São enumerados no art. 203 do CPC: sentença, decisão interlocutória e despachos. ● Esses são os pronunciamentos. ● Além deles, o juiz pratica outros atos no curso do processo, como o interrogatório das partes, a colheita de depoimentos, a inspeção judicial e outros atos materiais. ● Mas só os mencionados no art. 203 podem ser considerados pronunciamentos judiciais. Os demais são apenas atos materiais. Sentenças. ● De acordo com o CPC, art. 203, § 1°, "ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução". ● O art. 485 trata da extinção do processo sem resolução de mérito. As hipóteses, se verificadas, porão fim ao processo. Já o art. 487 cuida de situações em que há resolução de mérito, quando, em caso de procedência, não se porá fim ao processo, mas à fase cognitiva em que a sentença foi proferida, prosseguindo-se oportunamente com a fase de cumprimento de sentença. Sentenças. ● O conceito de sentença formulado pela lei vale-se de seu possível conteúdo (arts. 485 e 487), mas é determinado, sobretudo, pela aptidão de pôr fim ao processo, ou à sua fase cognitiva. ● O conteúdo do pronunciamento não é determinante, pois, com a admissão do julgamento antecipado parcial do mérito, haverá também decisões interlocutórias de mérito. Mas elas não poderão ser confundidas com a sentença, porque, sendo interlocutórias, são proferidas no curso do processo, sem pôr- lhe fim e sem encerrar a fase cognitiva. ● O prazo para o juiz proferir sentença é de 30 dias (art. 226, III, do CPC). Sentenças. ● O art. 204 ainda menciona, entre os pronunciamentos judiciais, os acórdãos, atribuindo essa denominação aos julgamentos dos Tribunais. São decisões proferidas por órgão colegiado. Decisões interlocutórias. ● Tem conteúdo decisório. ● Distingue-se das sentenças por seu caráter interlocutório, pelo fato de ser proferido no decurso de um processo, sem aptidão para finalizá-lo. E sem, ainda, pôr fim à fase de conhecimento em primeiro grau de jurisdição. ● Diferem dos despachos porque estes não têm conteúdo decisório e não podem trazer nenhum prejuízo ou gravame às partes. Se o ato judicial for capaz de provocar prejuízo e não puser fim ao processo ou à fase de conhecimento, será decisão interlocutória, e não despacho. ● O prazo para que o juiz profira decisões interlocutórias é de 10 dias. Despachos de mero expediente. ● São aqueles que servem para impulsionar o processo, mas não tem conteúdo decisório, sendo inaptos para trazer prejuízos às partes. Se o juiz abre vista a elas, se dá ciência de um documento juntado aos autos, se determina o cumprimento do acórdão ou se concede prazo para que as partes indiquem quais provas pretendem produzir, haverá despacho, contra o qual não caberá recurso, porque não há interesse para a interposição. Despachos de mero expediente. ● Mas um ato judicial que normalmente seria despacho pode assumir a condição de decisão, se dele puder advir prejuízo. Por exemplo: a remessa dos autos ao contador em regra é despacho. Mas, se o juiz determiná-la para instituir uma liquidação por cálculo do contador, que não mais existe, retardando com isso o início da execução, o prejudicado poderá agravar. ● O prazo para que o juiz profira despachos no processo é de cinco dias. Requisitos dos atos processuais. Requisitos gerais quanto ao lugar. ● Os atos processuais são praticados, em regra, na sede do juízo (CPC, art. 217); mas nem sempre, havendo numerosas exceções, como: → os atos de inquirição de pessoas que, em homenagem ao cargo que ocupam, podem ser ouvidas em sua residência ou local em queexercem suas funções (CPC, art. 454); → os atos que têm de ser praticados por carta; → os atos relativos à testemunha que, em razão de dificuldades de movimento ou locomoção, tem de ser ouvida em seu domicílio. Requisitos gerais quanto ao tempo. ● Os atos processuais devem ser praticados em um determinado prazo, em regra, sob pena de preclusão. ● Não há preclusão para que o juiz pratique os atos do processo e emita os pronunciamentos que lhe incumbem, mas, se desrespeitado o fixado por lei, ele ficará sujeito a sanções administrativas (prazos impróprios). ● O art. 235 enumera o procedimento a ser tomada pela parte, pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, em caso de atraso injustificado do juiz. ● O tempo no processo pode ser examinado por dois ângulos: o referente ao momento, à ocasião do dia, do mês e do ano em que os atos podem ser praticados; e os prazos que os participantes do processo deverão observar. Ocasião para a prática dos atos processuais. ● Os atos processuais devem ser praticados nos dias úteis, que não são feriados. ● De acordo com o CPC, art. 216, são feriados os sábados e domingos e os dias declarados tais por lei, que incluem 1° de janeiro, 21 de abril, 1° de maio, 7 de setembro, 12 de outubro, 2 de novembro, 15 de novembro e 25 de dezembro. ● São feriados forenses o dia 8 de dezembro (Dia da Justiça), a terça-feira de Carnaval e a Sexta-Feira Santa, bem como os dias em que não haja expediente forense. ● Há ainda feriados específicos da Justiça Federal, feriados estaduais e municipais. Ocasião para a prática dos atos processuais. ● Durante o dia, os atos processuais podem ser realizados das 6h00 às 20h00, mas o art. 212 do CPC estabelece algumas exceções: ● Quando, iniciados antes do limite do horário, não puderem ser concluídos e o adiamento puder ser prejudicial; ou quando tratar-se de citação, intimação e penhora, que poderão realizar-se durante as férias forenses onde houver, em dias não úteis, ou fora do horário normal, independentemente de autorização judicial. Ocasião para a prática dos atos processuais. ● As leis de organização judiciária, de âmbito estadual, têm autonomia para estabelecer horários do fechamento do protocolo, o que terá grande relevância sobre os prazos processuais em autos não eletrônicos, já que a petição ou manifestação da parte deve ser protocolada até a última hora do último dia do prazo. ● Em São Paulo, o protocolo fecha às 19h00, e as petições em autos não eletrônicos têm de ser apresentadas até essa hora. ● A prática eletrônica do ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 24h00 do último dia do prazo. ● Os atos externos -como citações e intimações - poderão estender-se até as 20h00, ou até mais tarde, nas hipóteses do art. 172. Férias forenses. ● A Emenda Constitucional n. 45 acrescentou à Constituição Federal dispositivo (art. 93, XII) que extinguiu a possibilidade de férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau. Com isso, desapareceram as férias coletivas nesses órgãos, razão pela qual não tem eficácia o disposto nos arts. 214 e 215, ambos do CPC, naquilo que diz respeito a férias, em relação aos processos que tramitam nessas instâncias. ● Mas pode haver férias forenses nos tribunais superiores, período no qual não são praticados atos processuais (CPC, art. 214). Essa regra, porém, não é absoluta, pois existem certos atos que podem ser praticados durante as férias e alguns processos que, nesse período, correm regularmente, não se suspendendo pela superveniência delas. Férias forenses. ● É preciso distinguir então entre aqueles processos que correm ou não durante as férias. Mesmo nestes, há alguns atos excepcionais, os de urgência, que a lei autoriza sejam praticados, apesar de suspenso o processo. ● Os atos que, em qualquer tipo de processo, podem ser praticados nas férias são os mencionados no art. 212, § 2° (citações, intimações e penhoras), e as tutelas de urgência. ● Os processos que não se suspendem com a superveniência das férias são os de jurisdição voluntária; os necessários para a conservação de direitos, quando puderem ser prejudicados pelo adiamento; as ações de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor e curador; e os demais processos que a lei determinar (art. 215). Dos prazos para a prática dos atos processuais. Dos prazos para a prática dos atos processuais. ● Para que o processo não se eternize, a lei estabelece um prazo para que os atos processuais sejam praticados. Por prazo entende-se a quantidade de tempo que deve mediar entre dois atos. ● Quando a lei determina que o prazo para contestação é de quinze dias a contar da data da juntada aos autos do mandado de citação, estabelece o prazo para a prática do ato. Se for desrespeitado, o ato será intempestivo. Tipos de prazos processuais: Prazos próprios e impróprios. ● Os prazos podem ser próprios (também chamados preclusivos) ou impróprios. ● Os das partes (incluindo do Ministério Público quando atua nessa condição) e dos terceiros intervenientes, em regra, são próprios, têm que ser respeitados, sob pena de preclusão temporal, de perda da faculdade processual de praticar aquele ato. Nesse sentido, o CPC 233: "Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que o não realizou por justa causa". Tipos de prazos processuais: Prazos próprios e impróprios. ● Mas alguns atos das partes e seus advogados não serão preclusivos. Por exemplo: ● o de formular quesitos e indicar assistentes técnicos no prazo de quinze dias, quando for determinada prova pericial, pois há numerosas decisões do STJ que permitem a apresentação até o início dos trabalhos periciais; ● o de restituir os autos, retirados do cartório; ● o de indicar bens que possam ser penhorados. ● Os prazos do juiz, de seus auxiliares e do Ministério Público, quando atua como fiscal da ordem jurídica, são impróprios, não implicam a perda da faculdade, nem o desaparecimento da obrigação de praticar o ato, mesmo depois de superados. Tipos de prazos processuais: Prazos próprios e impróprios. ● O juiz não se exime de sentenciar, nem o Promotor de Justiça de se manifestar, porque foi ultrapassado o prazo previsto em lei. Da mesma forma, em relação aos auxiliares do juízo. ● Mas se o Promotor de Justiça, ainda que fiscal da ordem jurídica, quiser recorrer, deve fazê-lo no prazo, sob pena de preclusão, já que o prazo de recurso é sempre próprio. Tipos de prazos processuais: Prazos dilatórios e peremptórios. ● Tradicionalmente, costumava-se distinguir entre prazos peremptórios e dilatórios, sendo os primeiros aqueles cogentes, que não podiam ser modificados pela vontade das partes, e os segundos aqueles que podiam ser alterados por convenção das partes, desde que a alteração fosse requerida antes de eles vencerem e estivesse fundada em motivo legítimo, caso em que o juiz deveria fixar o dia de vencimento da prorrogação, respeitada a convenção. Tipos de prazos processuais: Prazos dilatórios e peremptórios. ● Mas essa distinção tem pouca utilidade no sistema do CPC atual, diante do que dispõem os arts. 190 e 191, que não fazem nenhuma distinção entre prazos peremptórios ou dilatórios, permitindo que, por convenção, nos processos que admitem autocomposição, as partes capazes estipulem mudanças no procedimento e convencionem sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, podendo as partes, de comum acordo com o juiz, fixar um calendário para a prática de atos processuais quando for o caso. Tipos de prazos processuais: Prazos dilatórios e peremptórios. ● Não havendo nenhuma restrição ao poder de convenção daspartes, exceto aquele estabelecido no parágrafo único do art. 190, mesmo os prazos anteriormente considerados peremptórios estarão sujeitos à alteração, por vontade das partes, sob a fiscalização do juiz. ● Com isso, desaparece a utilidade da distinção entre prazos peremptórios e dilatórios, que era fundada exclusivamente na possibilidade de haver convenção das partes para modificá- los. Como a lei não restringe esse poder em nenhum tipo de prazo, a distinção perdeu o sentido. Tipos de prazos processuais: Prazos dilatórios e peremptórios. ● Na legislação anterior, essa classificação se justificava porque, dada a natureza pública do processo, era limitado o poder das partes de alterar prazos. Aqueles instituídos para comodidade dos litigantes poderiam ser alterados por eles, convencionalmente; os que eram estabelecidos para melhor andamento do processo eram cogentes e inderrogáveis. ● O CPC atual, ainda que continue atribuindo natureza pública ao processo, não impede a convenção das partes sobre o procedimento e a negociação processual, desde que o processo admita autocomposição. Por isso, todos os prazos no processo atual podem ser objeto de alteração por convenção das partes, desde que haja controle judicial. Tipos de prazos processuais: Prazos dilatórios e peremptórios. ● Sem a convenção das partes, o juiz tem poderes apenas para dilatar prazos processuais, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito (art. 155, VI). ● Afora essa hipótese, em que a dilação decorre da necessidade do processo, só é dado ao juiz aumentar o prazo, por até dois meses, nas comarcas, seções ou subseções judiciárias, onde for difícil o transporte (art. 222). ● O juiz pode também, sem a anuência das partes, reduzir os prazos meramente dilatórios. Os peremptórios. só se houver concordância da parte (art. 222, § 1°), sendo essa a única situação em que ainda permanece útil a distinção entre esses dois tipos de prazo. Contagem de prazo. ● A contagem de prazo pode ser feita por anos, meses, dias, horas ou minutos: o prazo da ação rescisória é de dois anos; as partes podem convencionar a suspensão do processo por até seis meses; o de contestação é de quinze dias; para que a intimação das partes as obrigue ao comparecimento, é preciso que seja feita com 48 horas de antecedência; e o prazo para as partes manifestaram-se, nas alegações finais apresentadas em audiência, é de vinte minutos. ● Os prazos são fixados por lei; na omissão desta, pelo juiz. ● Se não houver nem lei nem determinação judicial, o prazo será de cinco dias (CPC, art. 218, § 3°). ● Também pode ser fixado pelas próprias partes, por convenção, nos termos do art. 190 e 191 do CPC. Contagem de prazo. ● Na contagem do prazo, exclui-se o dia do começo e inclui- se o do vencimento, computando-se, na contagem do prazo em dias, apenas os dias úteis (art. 219). Por exemplo: se o réu é citado para contestar em quinze dias, o prazo corre da juntada aos autos do mandado de citação, porém a contagem não começa no dia da juntada, mas no primeiro dia útil subsequente. ● O prazo será contado de maneira contínua, excluindo-se os dias não úteis, e se concluirá no final do expediente forense do 15° dia do prazo, considerados apenas os dias úteis. ● Os que não forem dias úteis deverão ser excluídos do cômputo. Contagem de prazo. ● Se a intimação for feita pelo Diário Oficial, a prazo começará a correr no primeiro dia útil seguinte à publicação. ● Se for eletrônico, a publicação considera-se feita no primeiro dia útil subsequente à disponibilização da informação (art. 4°, § 3°, da Lei n. 11.419/2006). Suspensão e interrupção do prazo. ● Distingue-se a suspensão da interrupção de prazo porque, na primeira, ele fica paralisado, mas volta a correr do ponto em que parou, quando incidiu a causa suspensiva. ● Já a interrupção provoca o retorno do prazo à estaca zero, como se nada tivesse corrido até então. ● Iniciada a contagem, o prazo não será suspenso, salvo a existência das hipóteses previstas no art. 313, I a VIII, do CPC, ou se houver algum obstáculo que impeça a parte de se manifestar, como, por exemplo, a retirada dos autos pelo adversário, a remessa deles ao contador, o movimento grevista que paralisa as atividades forenses. Suspensão e interrupção do prazo. ● Mas não tem sido admitida como causa de suspensão a falha no serviço de remessa de intimações ao advogado pelo respectivo órgão ou entidade de classe. ● As causas interruptivas são raras, podendo ser mencionadas duas: quando o réu requer o desmembramento do processo, em virtude de litisconsórcio multitudinário; e quando as partes opõem embargos de declaração. Alguns benefícios de prazo. Ministério Público, Fazenda Pública e Defensoria Pública ● O Ministério Público (art. 180, caput), a Fazenda Pública (art. 183) e a Defensoria Pública (art. 186) gozarão de prazo em dobro para manifestar-se nos autos. ● Esse dispositivo não ofende o princípio constitucional da isonomia, porque a quantidade de processos em que atuam é maior do que a comum, razão pela qual fazem jus a um prazo maior, para contestar e responder. ● A Fazenda Pública, a que a lei se refere, abrange todas as pessoas jurídicas de direito público: União, Estados, Municípios, Distrito Federal, autarquias e fundações públicas. ● Não têm privilégio de prazo as empresas públicas e as sociedades de economia mista, pessoas jurídicas de natureza privada. Alguns benefícios de prazo. Ministério Público, Fazenda Pública e Defensoria Pública ● O Ministério Público tem o prazo maior, tanto na condição de parte como na de fiscal da ordem jurídica. Alguns benefícios de prazo. Litisconsortes com advogados diferentes ● Quando houver litisconsortes que tenham diferentes procuradores, todos os prazos legais ser-lhe-ão contados em dobro: para contestar, recorrer, contrarrazoar e falar nos autos em geral. ● É preciso que os procuradores sejam diferentes e que não pertençam ao mesmo escritório de advocacia (art. 229). A dobra de prazo não se aplica aos processos de autos eletrônicos {art. 229, § 2°). ● Ainda que os litisconsortes tenham, cada qual, vários advogados, o prazo será simples se houver um que seja comum a todos. Alguns benefícios de prazo. Litisconsortes com advogados diferentes ● Questão controvertida é a relacionada ao prazo de contestação, quando, citados os litisconsortes, não é ainda possível saber se todos contratarão advogados e se serão os mesmos. ● Tem prevalecido o entendimento de que, se houver dois réus e um deles permanecer revel, ainda assim o outro terá prazo em dobro para contestar, porque não tinha como saber se o corréu contrataria ou não advogado. Nesse sentido: "Não me parece razoável que a parte, já sabedora de que atuará com advogado próprio, tenha de aguardar a defesa da outra- se existirá ou não - para que possa fruir do prazo em dobro, correndo o risco de, se o litisconsorte for revel, ter sua peça de defesa inadmitida por intempestiva" (RSTJ- 4• Turma, REsp 683.956, Rei. Min. Aldir Passarinho). Alguns benefícios de prazo. Litisconsortes com advogados diferentes ● Não há necessidade de pedir ao juiz a dobra de prazo, que será decorrência automática da contratação de advogados distintos pelos litisconsortes. ● Tem-se entendido que, se a constituição do advogado diferente ocorreu no curso do prazo, só correrá em dobro o restante. Assim, se o advogado novo for constituído no 10° dia de um prazo de quinze, somente os cinco faltantes serão dobrados. ● Importante, ainda, a Súmula 641 do STF: "Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido". Alguns benefícios de prazo. Litisconsortes com advogados diferentes● Tem prevalecido o entendimento de que o art. 229 do CPC não se aplica aos Juizados Especiais Cíveis, porque é incompatível com a celeridade que se exige do procedimento. Nesse sentido, aplica-se o Enunciado 123 do Fórum Nacional dos Juizados Especiais. ● Aplicação cumulativa de mais de uma causa de dobra: Imagine-se que determinado processo tenha dois réus e que um deles seja a Fazenda Pública. Qual seria o prazo para manifestar-se nos autos? Se aplicarmos conjuntamente os arts. 183 e 229, ele seria multiplicado por quatro. Mas não é assim: se estão presentes as hipóteses de aplicação do art. 183 e do art. 229, o juiz só aplicará uma delas. Portanto, apenas duplicará o prazo. Alguns benefícios de prazo. O art. 5°, §5°, da Lei n. 1.060/50 ● Os beneficiários da Justiça Gratuita não têm prazo especial em geral. Mas, quando patrocinados por órgãos públicos da assistência judiciária, como a Defensoria Pública e a Procuradoria do Estado, passam a ter em dobro todos os prazos para falar nos autos. ● Não há ofensa à isonomia, porque tais órgãos atuam em grande quantidade de processos, o que justifica o benefício. ● Equiparam-se, para os fins de dobra do prazo, aos órgãos públicos os entes que exercem funções equivalentes, como os Centros Acadêmicos de Universidades Públicas que, por força de convênio com o Estado, prestam serviço de assistência judiciária, mas não têm o benefício os advogados particulares, que atuam por força de convênio, prestando serviço de assistência. Da verificação dos prazos e das penalidades. Preclusão. ● É mecanismo de grande importância para o andamento do processo, que, sem ele, se eternizaria. Consiste na perda de uma faculdade processual por: → não ter sido exercida no tempo devido (preclusão temporal); → incompatibilidade com um ato anteriormente praticado (preclusão lógica); → já ter sido exercida anteriormente (preclusão consumativa). ● Preclusão temporal: Os prazos próprios são aqueles que, se não respeitados, implicam a perda da faculdade de praticar o ato processual. Haverá a preclusão temporal para aquele que não contestou ou não recorreu no prazo estabelecido em lei. Da verificação dos prazos e das penalidades. Preclusão. ● Preclusão lógica: Consiste na perda da faculdade processual de praticar um ato que seja logicamente incompatível com outro realizado anteriormente. Por exemplo, se a parte aquiesceu com a sentença e cumpriu o que foi nela determinado, não poderá mais recorrer (CPC, art. 1.000). ● Preclusão consumativa: O ato que já foi praticado pela parte ou pelo interveniente não poderá ser renovado. Se o réu já contestou, ainda que antes do 15° dia, não poderá apresentar novos argumentos de defesa, porque já terá exaurido sua faculdade. O mesmo em relação à apresentação de recurso: se já recorreu, ainda que antes do término do prazo, não poderá oferecer novo recurso ou novos argumentos ao primeiro. Da verificação dos prazos e das penalidades. Preclusão. ● Preclusão "pro judicato“: Conquanto os prazos judiciais sejam impróprios, para que o processo possa alcançar o seu final, é preciso que também os atos do juiz fiquem sujeitos à preclusão. Não se trata de preclusão temporal, mas da impossibilidade de decidir novamente aquilo que já foi examinado. Não há a perda de uma faculdade processual, mas vedação de reexame daquilo que já foi decidido anteriormente, ou de proferir decisões incompatíveis com as anteriores. ● O tema é de difícil sistematização, porque, no curso do processo, o juiz profere numerosas decisões, sobre os mais variados assuntos de direito material e processual. Da verificação dos prazos e das penalidades. Preclusão. ● Nem todas estarão sujeitas à preclusão pro judicato. O juiz não pode voltar atrás nas que: → deferem a produção de provas; → concedem medidas de urgência; → decidem matérias que não são de ordem pública, como as referentes a nulidades relativas. ● Mas, mesmo nelas, o juiz poderá modificar a decisão anterior, se sobrevierem fatos novos, que justifiquem a alteração. E se a decisão foi objeto de agravo de instrumento, pode exercer o juízo de retratação, enquanto ele não for julgado. Da verificação dos prazos e das penalidades. Preclusão. ● Há outras decisões que, mesmo sem recurso e sem fato novo, podem ser alteradas pelo juiz. Não estão sujeitas, portanto, à preclusão pro judicato. Podem ser citadas: → aquelas que examinam matéria de ordem pública, como falta de condições da ação e pressupostos processuais, requisitos de admissibilidade dos recursos; → aquelas em que há indeferimento de provas, porque, por força do art. 370 do CPC, o juiz pode, a qualquer tempo, de ofício, determinar as provas necessárias ao seu convencimento.
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