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Material - Atos Processuais - 2020-01 - academicos (2)

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1 
 
 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO 
 
 
 
 
 
 
Prof. Rodrigo Ferreira Rodrigues 
 
- BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente 
estruturado à luz do novo CPC – Lei n. 13.105, de 16-3-2015 / Cassio Scarpinella Bueno. 
São Paulo: Saraiva, 2015. 
 
- BRASIL. Código de Processo Civil. 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito – 1º semestre/2020 
 
2 
 
FONTE: 
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil : inteiramente estruturado à luz 
do novo CPC – Lei n. 13.105, de 16-3-2015 / Cassio Scarpinella Bueno. 20ª ed. São Paulo : 
Saraiva, 2019. 
ATOS PROCESSUAIS 
1. PARA COMEÇAR 
O Livro IV da Parte Geral do Novo Código de Processo Civil dedica-se aos 
“atos processuais”, dividindo sua disciplina em cinco Títulos, a saber: “Da forma, 
do tempo e do lugar dos atos processuais”, “da comunicação dos atos 
processuais”; “das nulidades”; “da distribuição e do registro” e “do valor da 
causa”. 
É o caso de estudar mais detidamente cada um deles. 
2. FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS 
O Título I do Livro IV da Parte Geral é dividido em três Capítulos, em que 
residem as normas relativas à forma (Capítulo I), ao tempo e ao lugar (Capítulo 
II) e aos prazos (Capítulo 3). 
Os Capítulos, por sua vez, são divididos em diversas Seções que, em linhas 
gerais, correspondem à divisão temática desenvolvida a seguir. 
As exceções que o prezado leitor observará à sequência adotada pelo próprio 
Código justificam-se para fins didáticos e para dar maior ênfase (e, 
consequentemente, maior importância) a determinados assuntos. É o caso, por 
exemplo, do que se dá com relação à disciplina relativa aos negócios 
processuais e ao calendário dos arts. 190 e 191, respectivamente. Aqueles 
dispositivos representam importante novidade trazida ao ordenamento jurídico 
pelo CPC de 2015 e têm o condão de gerar impacto importante à compreensão 
do direito processual civil da atualidade. 
 
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a 
prática dos atos processuais, quando for o caso. 
3 
 
§ 1o O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos 
somente serão modificados em casos excepcionais, devidamente 
justificados. 
§ 2o Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou 
a realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário. 
 
3. FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS 
Atos processuais devem ser compreendidos como todo o ato jurídico que tem 
significado para o, e no, processo, influenciando, por isso mesmo, a atuação do 
Estado-juiz ao longo de todo o procedimento. 
Atos praticados “fora” do processo (fora do plano processual) e antes dele têm 
o condão de acarretar consequência a ele. É o que se dá, por exemplo, com a 
eleição de foro (art. 63) ou com a “convenção de arbitragem” (art. 3º da Lei n. 
9.307/1996) e, de forma generalizada, com o art. 190, nas hipóteses em que o 
negócio processual seja entabulado antes do processo. 
 
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, 
é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento 
para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus 
ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o 
processo. 
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das 
convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos 
casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que 
alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. 
 
Ao lado dos atos processuais, inexiste razão para não entender serem 
relevantes para o processo também os fatos processuais. Adotando a clássica 
distinção entre atos e fatos jurídicos, o fato é um acontecimento que não 
depende da vontade humana, que não exterioriza, de alguma forma, um 
comportamento ou uma omissão de uma pessoa. O fato processual, portanto, é 
o fato jurídico que interessa ao processo. É o que se dá, por exemplo, com a 
morte da parte (caso em que o processo será suspenso para os fins de 
habilitação de herdeiros, art. 313, I); com a morte do advogado da parte (caso 
em que o processo será suspenso até que novo advogado assuma o patrocínio 
da causa, art. 313, I) e com a deflagração de greve de servidores da Justiça 
durante o transcurso de um prazo processual (que muito provavelmente levará 
4 
 
à suspensão ou, quando menos, à prorrogação dos atos processuais, art. 
221, caput). 
O CPC de 2015 trata da forma dos atos processuais a partir de elementos 
comuns, distinguindo-os quando sua prática for eletrônica e a depender de quem 
os pratica, se as partes, o magistrado, o escrivão ou quem lhe faça as vezes. 
Em termos gerais, os atos processuais não dependem de forma determinada, 
o que só ocorre nos casos em que a lei for expressa em sentido contrário. Mesmo 
nestes casos, ainda é o art. 188 que assim estabelece, os atos serão 
considerados válidos ainda que, realizados de modo diverso, atinjam a sua 
finalidade. Trata-se do “princípio da liberdade das formas”, inerente aos atos 
processuais, e responsável como guia das reflexões sobre as nulidades dos atos 
processuais. 
 
Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma 
determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se 
válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade 
essencial. 
 
A publicidade dos atos processuais é assegurada expressamente pelo art. 189, 
que concretiza adequadamente o “princípio da publicidade” (art. 93, IX, da CF e 
art. 11 do CPC de 2015), ao prescrever o sigilo apenas (I) quando exigir o 
interesse público ou social; (II) quando o processo disser respeito a casamento, 
separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e 
guarda de crianças ou adolescentes; (III) quando no processo houver dados ou 
informações protegidos pelo direito constitucional à intimidade e, ainda, (IV) 
quando se relacionarem a arbitragem, inclusive no que diz respeito ao 
cumprimento da carta arbitral, desde que a confidencialidade seja comprovada 
ao órgão jurisdicional. 
 
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de 
justiça os processos: 
I - em que o exija o interesse público ou social; 
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, 
união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; 
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; 
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta 
arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja 
comprovada perante o juízo. 
5 
 
§ 1o O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de 
justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus 
procuradores. 
§ 2o O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz 
certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha 
resultantes de divórcio ou separação. 
 
Nos casos de sigilo, a consulta aos autos e o pedido de certidões de seus atos 
é restrito às partes e aos seus procuradores (art. 189, § 1º). Eventual acesso de 
terceiro depende da demonstração do interesse jurídico e será limitado à 
obtenção de certidão da parte dispositiva da sentença, de inventário e partilha 
resultante de divórcio ou separação (art. 189, 2º). 
O uso da língua portuguesa é obrigatório em todos os atos e termos do 
processo. Eventual documento em língua estrangeira deverá ser acompanhado 
de tradução decorrente da via diplomática ou da autoridade central ou, ainda, 
elaborada por tradutor juramentado (art. 192). 
 
Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso da língua 
portuguesa. 
Parágrafo único. O documento redigido em língua estrangeira somente 
poderá ser juntadoaos autos quando acompanhado de versão para a língua 
portuguesa tramitada por via diplomática ou pela autoridade central, ou 
firmada por tradutor juramentado. 
 
3.1 Prática eletrônica de atos processuais 
Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, de 
forma a permitir que sejam produzidos, comunicados, armazenados e 
validados por meio eletrônico, na forma da lei. 
Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no que for cabível, à 
prática de atos notariais e de registro. 
 
O CPC de 2015 é tímido no que diz respeito à prática eletrônica dos atos 
processuais. Não há como duvidar, aliás, que ele poderia ter ido muito além 
neste específico tema, deixando de regular o processo em papel e suas práticas 
e costumes tão enraizados na cultura e na prática do foro. Poderia, até mesmo, 
ir além da disciplina hoje constante da Lei n. 11.419/2006, que, além de não 
alterada, foi preservada, pelo próprio CPC de 2015. 
6 
 
De qualquer sorte, esta falta de criatividade do CPC de 2015 não infirma a 
necessidade de serem estudadas as regras específicas que ele traz a respeito – 
e o faz em Seção própria – e as demais que, sobre o assunto, trata de maneira 
dispersa. 
Assim é que o art. 193 admite que os atos processuais sejam praticados total 
ou parcialmente de maneira digital de forma a viabilizar que sua produção, 
comunicação, armazenamento e validação deem-se por meio eletrônico “na 
forma da lei”, que é, justamente, a precitada Lei n. 11.419/2006. 
O parágrafo único do art. 193 espraia o seu comando, no que for cabível, aos 
atos notariais e de registro. 
Os sistemas de automação processual deverão respeitar a publicidade dos 
atos, o acesso e a participação das partes e de seus procuradores, inclusive nas 
audiências e sessões de julgamento, observadas as garantias 
da disponibilidade, independência da plataforma 
computacional, acessibilidade e a interoperabilidade dos sistemas, serviços, 
dados e informações que o Poder Judiciário administre no exercício de suas 
funções (art. 194). 
 
Art. 194. Os sistemas de automação processual respeitarão a publicidade 
dos atos, o acesso e a participação das partes e de seus procuradores, 
inclusive nas audiências e sessões de julgamento, observadas as garantias 
da disponibilidade, independência da plataforma computacional, 
acessibilidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e 
informações que o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções. 
 
Para o atingimento daquelas garantais – inerentes ao chamado “processo 
eletrônico”–, o art. 195 estabelece que “o registro de ato processual eletrônico 
deverá ser feito em padrões abertos, que atenderão aos requisitos de 
autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, conservação e, nos 
casos que tramitem em segredo de justiça, confidencialidade, observada a 
infraestrutura de chaves públicas unificada nacionalmente, nos termos da lei”, 
que, a falta de outra norma àquele respeito, é a Medida Provisória n. 2.200-
2/2001, preservada em vigor pelo art. 2º da EC n. 32/2001. 
 
Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá ser feito em padrões 
abertos, que atenderão aos requisitos de autenticidade, integridade, 
7 
 
temporalidade, não repúdio, conservação e, nos casos que tramitem em 
segredo de justiça, confidencialidade, observada a infraestrutura de chaves 
públicas unificada nacionalmente, nos termos da lei. 
 
A interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações referidos no 
art. 194 deverá ser facilitada pelo Conselho Nacional de Justiça e pelos próprios 
Tribunais, ainda que supletivamente, que regulamentarão a prática e a 
comunicação oficial de atos processuais por meio eletrônico, devendo velar pela 
compatibilidade dos sistemas, disciplinando a incorporação progressiva de 
novos avanços tecnológicos e editando, para esse fim, os atos que forem 
necessários. É o que dispõe o art. 196, exigindo, como pudesse ser diverso, que 
sejam “respeitadas as normas fundamentais deste Código”. 
 
Art. 196. Compete ao Conselho Nacional de Justiça e, supletivamente, aos 
tribunais, regulamentar a prática e a comunicação oficial de atos processuais 
por meio eletrônico e velar pela compatibilidade dos sistemas, disciplinando 
a incorporação progressiva de novos avanços tecnológicos e editando, para 
esse fim, os atos que forem necessários, respeitadas as normas 
fundamentais deste Código. 
 
Todos os Tribunais devem ter (e já têm) páginas na internet para a divulgação 
de todas as informações constantes de seu sistema de automação. A divulgação 
terá presunção de veracidade e confiabilidade (art. 197, caput). Eventual falha 
técnica no sistema ou erro ou omissão do responsável pelo lançamento das 
informações pode, consoante o caso, justificar justa causa para a renovação ou 
prática do ato processual nos termos do § 1º do art. 223 (art. 197, parágrafo 
único). 
 
Art. 197. Os tribunais divulgarão as informações constantes de seu sistema 
de automação em página própria na rede mundial de computadores, gozando 
a divulgação de presunção de veracidade e confiabilidade. 
Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do sistema e de erro ou 
omissão do auxiliar da justiça responsável pelo registro dos andamentos, 
poderá ser configurada a justa causa prevista no art. 223, caput e § 1o. 
 
O caput do art. 198, querendo concretizar o princípio do acesso à justiça, 
inclusive na perspectiva do hipossuficiente economicamente, impõe às unidades 
do Poder Judiciário que mantenham gratuitamente à disposição dos 
interessados equipamentos necessários não só à prática de atos processuais, 
8 
 
mas também à consulta e ao acesso ao sistema e aos documentos dele 
constantes. Sem isto, a abolição do “processo em papel” em prol do “processo 
eletrônico” significará, pura e simplesmente, inviabilizar àqueles que não tenham 
condições para tanto o acesso aos autos, fazendo ruir todas as garantias 
processuais. 
 
Art. 198. As unidades do Poder Judiciário deverão manter gratuitamente, à 
disposição dos interessados, equipamentos necessários à prática de atos 
processuais e à consulta e ao acesso ao sistema e aos documentos dele 
constantes. 
Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por meio não eletrônico no 
local onde não estiverem disponibilizados os equipamentos previstos 
no caput. 
 
O parágrafo único do art. 198, antevendo (infelizmente) a possível realidade 
da regra Brasil afora, admite a prática de atos por meio não eletrônico nos casos 
em que os equipamentos não forem disponibilizados. 
Estabelecendo importante política de inclusão, o art. 199 determina ao 
Judiciário que assegure às pessoas com deficiência acessibilidade aos seus 
sítios na rede mundial de computadores, ao meio eletrônico de prática de atos 
judiciais, à comunicação eletrônica dos atos processuais e à assinatura 
eletrônica. Que assim seja. 
 
Art. 199. As unidades do Poder Judiciário assegurarão às pessoas com 
deficiência acessibilidade aos seus sítios na rede mundial de computadores, 
ao meio eletrônico de prática de atos judiciais, à comunicação eletrônica dos 
atos processuais e à assinatura eletrônica. 
 
3.2 Atos das partes 
Os três dispositivos da Seção III do Capítulo I do Título I do Livro IV da Parte 
Especial não devem ser entendidos como se todos os atos das partes 
esgotassem-se na sua disciplina. Na verdade, os atos praticados pelas partes 
vão muito além das regras aí inseridas e, por isso mesmo, são examinadas ao 
longo deste Manual. É o que ocorre, por exemplo, quando se estuda a petição 
9 
 
inicial, a contestação, a petição que inaugura a etapa de cumprimento de 
sentença ou a elaboração de um determinado recurso. 
 
Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou 
bilaterais de vontade produzem imediatamente a constituição, modificação ou 
extinção de direitos processuais. 
Parágrafo único. A desistênciada ação só produzirá efeitos após 
homologação judicial. 
 
Para cá, importa destacar que os atos das partes que veicularem declarações 
unilaterais ou bilaterais de vontade produzem imediatamente a constituição, 
modificação ou extinção de direitos processuais (art. 200, caput), isto é, 
independem da concordância ou da homologação prévia pelo magistrado. 
Exceção reside no parágrafo único do dispositivo: a “desistência da ação”, isto 
é, a vontade de o autor deixar de pretender, ao menos momentaneamente, que 
o Estado-juiz tutele o direito que afirma ter em face do réu, só produzirá efeito 
depois da homologação judicial e, a depender do instante em que aquele ato 
dispositivo é praticado, ela dependerá da prévia concordância do réu (art. 485, § 
4º), sendo vedada após o proferimento da sentença (art. 485, § 5º). 
O art. 201 assegura às partes o direito de exigirem recibo de petições, 
arrazoados, papéis e documentos que entregarem em cartório. É o que a prática 
do foro consagra, por metonímia, com o nome de protocolo. Sim, prezado leitor, 
é um típico caso de metonímia – os mais antigos falarão em sinédoque –, em 
que a finalidade do ato (a entrega formal do ato processual perante o servidor 
judiciário competente) acabou por denominar ele próprio. 
 
Art. 201. As partes poderão exigir recibo de petições, arrazoados, papéis e 
documentos que entregarem em cartório. 
 
O art. 202, por sua vez, veda que cotas marginais ou interlineares sejam 
lançadas nos autos. O correto é que as manifestações das partes, de todas elas, 
sejam feitas por petições. Havendo-as, a despeito de proibição, o magistrado 
determinará que elas sejam riscadas, impondo multa a seu responsável no valor 
correspondente à metade do salário mínimo. 
 
10 
 
Art. 202. É vedado lançar nos autos cotas marginais ou interlineares, as 
quais o juiz mandará riscar, impondo a quem as escrever multa 
correspondente à metade do salário-mínimo. 
 
Para além dessa disciplina, cabe dar destaque nessa sede ao § 4º do art. 966. 
Trata-se de dispositivo muito mal alocado no CPC de 2015 – que, no particular, 
seguiu os passos do CPC de 1973 –, embora seja enorme o seu interesse para 
a disciplina dos atos das partes no processo. Por ele, “os atos de disposição de 
direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e 
homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso 
da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei”. 
Trata-se de regra que permite questionar a validade do ato das partes na 
perspectiva do direito material, mesmo quando seus efeitos sejam projetados 
para serem produzidos no plano do processo e que, nessa perspectiva, devem 
dialogar com a previsão genérica do caput do art. 200. 
3.3 Pronunciamentos do juiz 
O magistrado profere, ao longo do processo, diversos pronunciamentos. 
Alguns têm conteúdo decisório, são as decisões; outros, os despachos, não têm 
conteúdo decisório, residindo sua finalidade precípua no mero impulso 
processual ou no exercício de algum dever-poder que lhe compete. É este o 
sentido do caput do art. 203, ao estabelecer que “os pronunciamentos do juiz 
consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos”. 
 
Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões 
interlocutórias e despachos. 
§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, 
sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento 
nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem 
como extingue a execução. 
§ 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza 
decisória que não se enquadre no § 1o. 
§ 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no 
processo, de ofício ou a requerimento da parte. 
§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, 
independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e 
revistos pelo juiz quando necessário. 
 
11 
 
Os dois primeiros parágrafos do art. 203 querem distinguir os pronunciamentos 
com conteúdo decisório praticados pelo juiz da primeira instância: as sentenças 
das decisões interlocutórias, ou melhor, definir o que são as sentenças, para, no 
§ 2º, estabelecer que quaisquer outras decisões são interlocutórias. 
Sentença é o ato do juiz que, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à 
etapa de conhecimento (“fase cognitiva”) do procedimento comum e também a 
que “extingue a execução”. Que se trata de conceito que se baseia, ao mesmo 
tempo, no conteúdo (ter fundamento nos arts. 485 ou 487) e na finalidade do ato 
(pôr fim à etapa cognitiva do procedimento comum ou à execução), não duvido. 
 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: 
I - indeferir a petição inicial; 
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das 
partes; 
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor 
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; 
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de 
desenvolvimento válido e regular do processo; 
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa 
julgada; 
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; 
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando 
o juízo arbitral reconhecer sua competência; 
VIII - homologar a desistência da ação; 
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por 
disposição legal; e 
X - nos demais casos prescritos neste Código. 
§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada 
pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias. 
§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão 
proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será condenado 
ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado. 
§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e 
IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito 
em julgado. 
§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do 
réu, desistir da ação. 
§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença. 
§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa 
pelo autor depende de requerimento do réu. 
§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos 
deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se. 
 
 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; 
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou 
prescrição; 
III - homologar: 
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na 
reconvenção; 
12 
 
b) a transação; 
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. 
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e a 
decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes 
oportunidade de manifestar-se. 
 
 A iniciativa do CPC de 2015, aliás, foi a de evitar as críticas – corretas, aliás 
– dirigidas ao § 1º do art. 162 do CPC de 1973, que se baseava no conteúdo da 
sentença, e não na sua finalidade, o que acabou sendo evidenciado pela maioria 
da doutrina. 
Ocorre, contudo, que a previsão do precitado § 1º do art. 203 é insuficiente. 
Mesmo que o § 1º do art. 203 excepcione de seu alcance “as disposições 
expressas dos procedimentos especiais”, era mister que fosse expressado que 
se trata de ato passível de ser praticado pelos órgãos jurisdicionais de primeira 
instância (só eles proferem sentenças). 
Mas não só. É também indispensável que se entenda a locução final não só 
com relação à extinção do processo de execução, isto é, a execução fundada 
em título executivo extrajudicial, mas também com relação à etapa de 
cumprimento de sentença. Ocorre que, para estescasos, o “fundamento” 
respectivo não reside nos arts. 485 e 487, e sim no art. 924, que trata dos 
possíveis conteúdos da sentença que será necessariamente proferida para os 
fins do art. 925. Não há como deixar de levar em conta estas informações para 
saber quais decisões proferidas na primeira instância devem ser rotuladas de 
sentença. 
Se a decisão não se amoldar ao que o § 1º do art. 203 exige para se ter uma 
sentença – e não deixe de lado, prezado leitor, os complementos que evidenciei 
no parágrafo anterior –, a hipótese é de decisão interlocutória. É o que 
estabelece com admirável precisão, mas que nada significa, o § 2º do art. 203. 
O prezado leitor, sobretudo aquele que agora começa seus caminhos pelo 
direito processual civil – e que passa a se perguntar diante de discussões como 
esta, se estes caminhos serão cada vez mais tortuosos ou sinuosos –, 
perguntará por que tanto debate em torno do assunto. A resposta está no 
passado, na Lei n. 11.232/2005, que, querendo, pertinentemente, desvencilhar 
a noção de sentença da de extinção do processo, não encontrou fórmula 
adequada, ao menos do ponto de vista redacional. Não me parece que o CPC 
13 
 
de 2015 tenha conseguido solucionar a questão, menos ainda no § 1º do seu art. 
203. Tanto assim que em diversas outras passagens o CPC de 2015 acaba se 
referindo não mais à extinção do processo, mas ao proferimento de sentença 
sem ou com resolução de mérito (arts. 485 e 487, por exemplo), com isto 
querendo significar que o processo não será necessariamente extinto com 
aqueles atos. Porque pode haver recurso da sentença ou, ainda, pode ocorrer o 
início de uma nova etapa no (mesmo) processo, a de cumprimento de sentença. 
De qualquer sorte, não obstante eventuais dificuldades que o tema coloca, a 
distinção entre sentenças e decisões interlocutórias é absolutamente 
fundamental para o CPC de 2015 (e de forma mais ampla para a legislação 
processual civil extravagante). É que a depender da natureza do ato judicial, o 
recurso cabível é um (a apelação para as sentenças) e outro (o agravo de 
instrumento para algumas interlocutórias). Como o CPC de 2015 indica quais as 
interlocutórias imediatamente recorríveis pelo agravo de instrumento (art. 1.015), 
o problema, nesta perspectiva, pode, assim espero, ser minorado. Isso não 
significa dizer, contudo, que a distinção entre cada um daqueles atos decisórios 
não seja relevante. 
O § 3º do art. 203 também define os despachos por exclusão, entendendo-os 
como os demais pronunciamentos, e que, portanto, só podem ser os que não 
têm conteúdo decisório, independentemente de eles serem praticados de ofício 
ou em resposta a algum requerimento. 
Em se tratando de meros atos de impulso processual, chamados de “atos 
ordinatórios” pelo § 4º do art. 203, que os exemplifica como a juntada e a vista 
obrigatória dos autos, é o servidor que os praticará de ofício, isto é, 
independentemente de qualquer determinação, cabendo, nem poderia ser 
diferente, sua revisão pelo magistrado quando for necessário. O que distingue 
tais atos dos despachos é a pessoa que os pratica. 
Acórdão, por sua vez, é o nome dado às decisões colegiadas no âmbito dos 
Tribunais (art. 204). É indiferente qual seja seu conteúdo ou a sua finalidade, o 
que, em rigor, coloca em xeque a utilidade (teórica e prática) da distinção que os 
§§ 1º e 2º do art. 203 querem estabelecer para eles e para a identificação do 
recurso deles cabível. 
 
14 
 
Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais. 
 
Não se tratando de ato colegiado, os membros do Tribunal, quando 
individualmente se pronunciarem, proferirão decisões, às quais a prática 
consagrou o emprego do adjetivo “monocráticas” para identificar que se trata de 
decisões proferidas isoladamente, e não pelo colegiado. Para elas também é 
indiferente seu conteúdo ou sua finalidade para fins recursais. A elas o CPC de 
2015 refere-se em diversos artigos, mas, principalmente, em seu art. 932 e, com 
relação ao recurso cabível, no art. 1.021. 
O art. 205 impõe exigências formais para os despachos, as decisões (inclusive 
as monocráticas proferidas no âmbito dos Tribunais), as sentenças e os 
acórdãos. Eles serão redigidos, datados e assinados, inclusive eletronicamente 
(§ 2º), pelos magistrados. Quando forem proferidos oralmente, o servidor os 
documentará, cabendo aos magistrados sua revisão e assinatura (§ 1º). Por 
força do princípio da publicidade, o § 3º do mesmo dispositivo exige que os 
despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo (parte final das sentenças) 
e a ementa dos acórdãos (a suma do caso julgado e a decisão tomada) sejam 
publicados no Diário da Justiça, órgão oficial de divulgação dos atos 
processuais. 
 
Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos serão 
redigidos, datados e assinados pelos juízes. 
§ 1o Quando os pronunciamentos previstos no caput forem proferidos 
oralmente, o servidor os documentará, submetendo-os aos juízes para 
revisão e assinatura. 
§ 2o A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser feita 
eletronicamente, na forma da lei. 
§ 3o Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo das sentenças 
e a ementa dos acórdãos serão publicados no Diário de Justiça Eletrônico. 
 
3.4 Atos do escrivão ou do chefe de secretaria 
Os arts. 206 a 211 tratam dos atos a serem praticados pelo escrivão ou pelo 
chefe de secretaria. 
15 
 
O art. 206 indica os elementos a serem observados na autuação da petição 
inicial, isto, na abertura dos cadernos processuais, em que os atos respectivos 
serão documentados, e nos volumes que forem se formando. 
 
Art. 206. Ao receber a petição inicial de processo, o escrivão ou o chefe de 
secretaria a autuará, mencionando o juízo, a natureza do processo, o número 
de seu registro, os nomes das partes e a data de seu início, e procederá do 
mesmo modo em relação aos volumes em formação. 
 
Todas as folhas serão numeradas e rubricadas (art. 207, caput), sendo 
facultado à parte, ao procurador, ao membro do Ministério Público, ao defensor 
público e aos auxiliares da justiça rubricar as folhas correspondentes aos atos 
que praticarem (art. 207, parágrafo único). 
 
Art. 207. O escrivão ou o chefe de secretaria numerará e rubricará todas as 
folhas dos autos. 
Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao membro do Ministério Público, 
ao defensor público e aos auxiliares da justiça é facultado rubricar as folhas 
correspondentes aos atos em que intervierem. 
 
Os termos de juntada, vista, conclusão e outros semelhantes constarão de 
notas datadas e rubricadas pelo escrivão ou pelo chefe de secretaria (art. 208). 
É certo, outrossim, que não são admitidos nos atos e termos processuais 
espaços em branco, salvo os que forem inutilizados, assim como entrelinhas, 
emendas ou rasuras, exceto quando expressamente ressalvadas (art. 211). 
 
Art. 208. Os termos de juntada, vista, conclusão e outros semelhantes 
constarão de notas datadas e rubricadas pelo escrivão ou pelo chefe de 
secretaria. 
 
Art. 211. Não se admitem nos atos e termos processuais espaços em branco, 
salvo os que forem inutilizados, assim como entrelinhas, emendas ou rasuras, 
exceto quando expressamente ressalvadas. 
 
Os atos e os termos do processo serão assinados pelas pessoas que neles 
intervierem; quando estas não puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão 
ou o chefe de secretaria certificará a ocorrência (art. 209, caput). Em se tratando 
de processo total ou parcialmente documentado em autos eletrônicos, os atos 
processuais praticados na presença do juiz poderão ser produzidos e 
16 
 
armazenados de modo integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, na 
forma da lei, mediante registro em termo, que será assinado digitalmente pelo 
juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos advogados das 
partes (§ 1º). Eventuais contradições natranscrição devem ser levantadas 
oralmente no momento de realização do ato, sob pena de preclusão, devendo o 
juiz decidir de plano, e ordenar o registro da alegação e da decisão no termo (§ 
2º). 
Art. 209. Os atos e os termos do processo serão assinados pelas pessoas 
que neles intervierem, todavia, quando essas não puderem ou não quiserem 
firmá-los, o escrivão ou o chefe de secretaria certificará a ocorrência. 
§ 1o Quando se tratar de processo total ou parcialmente documentado em 
autos eletrônicos, os atos processuais praticados na presença do juiz 
poderão ser produzidos e armazenados de modo integralmente digital em 
arquivo eletrônico inviolável, na forma da lei, mediante registro em termo, que 
será assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, 
bem como pelos advogados das partes. 
§ 2o Na hipótese do § 1o, eventuais contradições na transcrição deverão ser 
suscitadas oralmente no momento de realização do ato, sob pena de 
preclusão, devendo o juiz decidir de plano e ordenar o registro, no termo, da 
alegação e da decisão. 
 
O art. 210 permite o uso de outros métodos de documentação dos atos 
processuais, desde que idôneos, tais como a taquigrafia, estenotipia. Não se 
trata, aqui, de incentivar o emprego de técnicas que, em rigor, são muito bem 
substituídas pelas novas tecnologias, mas de a lei federal prever que nem 
sempre as novas tecnologias estarão disponíveis indistintamente em todo e 
qualquer órgão judiciário em território nacional. 
 
Art. 210. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia ou de outro método 
idôneo em qualquer juízo ou tribunal. 
 
3.5 Negócios processuais 
Dentre a disciplina dos “atos em geral” reside o art. 190, importante novidade 
trazida pelo CPC de 2015 que merece ser destacada, a justificar a criação de 
um número próprio para examinar mais de perto a regra por ele anunciada. 
 
17 
 
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, 
é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento 
para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus 
ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o 
processo. 
 
O dispositivo admite que as partes realizem verdadeiros acordos de 
procedimento para otimizar e racionalizar a atividade jurisdicional nos seguintes 
termos: “versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é 
lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para 
ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, 
poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo”. 
A regra está a autorizar que partes capazes – o que exclui de sua incidência, 
portanto, qualquer espécie de incapacidade – ajustem alterações no 
procedimento (ajustando-o às especificidades da causa), além de poderem 
convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais. 
O caput do art. 190 admite que os acordos sejam feitos antes do processo (em 
cláusula de contrato, por exemplo, como sempre ocorreu com o chamado foro 
de eleição) ou durante sua tramitação (razão pela qual é importante entender 
que o incentivo à auto composição feito desde os §§ 2º e 3º do art. 3º deve se 
voltar também ao próprio processo, e não só ao direito material controvertido). 
 
Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 
(...) 
§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos 
conflitos. 
§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de 
conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos 
e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. 
 
Em qualquer caso, contudo, importa que o processo (futuro ou presente) diga 
respeito a “direitos que admitam auto composição”, conceito mais amplo (e mais 
preciso) que o mais tradicional, de direitos patrimoniais disponíveis. Sim, porque 
há aspectos de direitos indisponíveis que admitem alguma forma de auto 
composição. 
Trata-se, nessa perspectiva, de regra inequivocamente voltada às partes e 
que, bem entendida, deveria estar alocada ao lado dos demais atos das partes, 
indo além das disposições que ocupam os arts. 200 a 202. 
18 
 
 
Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou 
bilaterais de vontade produzem imediatamente a constituição, modificação ou 
extinção de direitos processuais. 
Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após 
homologação judicial. 
 
Art. 201. As partes poderão exigir recibo de petições, arrazoados, papéis e 
documentos que entregarem em cartório. 
 
Art. 202. É vedado lançar nos autos cotas marginais ou interlineares, as 
quais o juiz mandará riscar, impondo a quem as escrever multa 
correspondente à metade do salário-mínimo. 
 
Ao magistrado cabe, de ofício ou a requerimento, controlar a validade destas 
convenções – que vêm sendo chamadas de “negócios processuais” –, 
recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade, de inserção abusiva 
em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta 
situação de vulnerabilidade (art. 190, parágrafo único). É o que basta para 
afastar que as partes têm a primeira e a última palavra do que pode ser objeto 
de negociação para os fins do caput do dispositivo. 
Que as partes capazes podem realizar acordos pelas mais diversas formas em 
relação ao direito controvertido que admita auto composição, não há por que 
duvidar. A novidade do caput do art. 190 é o objeto destes acordos. Segundo o 
dispositivo, eles podem dizer respeito a mudanças no procedimento (ajustando-
o às especificidades da causa) e convencionar sobre os seus ônus, poderes, 
faculdades e deveres processuais. 
A dificuldade reside menos em listar exemplos de negociação processual e 
mais em saber os limites destes negócios processuais, máxime quando, de 
acordo com o “modelo constitucional do direito processual civil”, as regras 
relativas ao procedimento são de competência dos Estados, consoante o 
absolutamente ignorado, inclusive pelo próprio CPC de 2015 como um todo e 
pelo dispositivo agora em foco, inciso XI do art. 24 da CF. 
 
CF 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
(...) 
XI - procedimentos em matéria processual; 
 
19 
 
Para tanto, é mister ter presente o disposto no parágrafo único do art. 190, que 
permite ao magistrado, controlando sua validade, negar aplicação aos negócios 
processuais em três hipóteses: quando entendê-los inválidos; quando inseridos 
de forma abusiva em contrato de adesão; ou, ainda, quando alguma parte se 
encontrar em manifesta situação de vulnerabilidade. 
A primeira situação, de invalidade, relaciona-se com o que merece ser 
chamado de ordem pública processual ou, se se preferir, de normas cogentes. 
Tudo aquilo que estiver fora do alcance negocial das partes com relação ao plano 
do processo não pode ser objeto de negócio processual. Uma coisa, enfatizo, é 
atestar a plena capacidade negocial das partes diante de um direito que aceita 
auto composição. Outra, bem diferente, é querer comunicar esta liberdade para 
o modo de atuação do Estado-juiz, isto é, para o plano do processo. As tais 
normas de ordem pública ou cogentes o são a ponto de não se poder querer 
desprezá-las, desconsiderá-las, esquecê-las. É esta a sua característica. 
Confesso, prezado leitor, que ainda não me convenci sobre a possibilidade de 
um alcance muito amplo e generalizado do art. 190. Muito pelo contrário. As 
escolhas feitas pelo legislador nos mais diversos campos do direito processual 
civil não podem ser alteradas pelas partes. Sua liberdade com relação ao 
procedimento, aos seus ônus, poderes, faculdades, deveres processuais fica 
restrita àqueles casos em que o ato processual não é regido por norma cogente. 
Não se trata de exigir ou deixar de exigirforma específica. Disto se ocupa 
suficientemente o art. 188. Trata-se, isto sim, de negar validade e aplicação a 
negócios processuais que queiram alterar o que não é passível de alteração nos 
precisos termos do parágrafo único do art. 190. 
Por mais intenso que seja – e deve ser – o diálogo entre os planos material e 
o processual, inclusive para criar condições ótimas de resolução do conflito, a 
liberdade dada às partes para “ajustá-lo às especificidades da causa” referida 
pelo caput do art. 190 encontra limites no modelo de atuação estatal. 
Não se trata, insisto, de hipertrofiar o “processo” em detrimento do “direito”, 
mas de ter consciência dos limites que existem para o exercício da função 
jurisdicional – sempre e invariavelmente desde o “modelo constitucional” –, e que 
o processo, o procedimento e, de forma ampla, a atuação das partes não estão 
sujeitos a negociações que atritem com o seu núcleo duro, muito bem 
20 
 
representado pelas normas de ordem pública ou cogentes. Não pode a lei 
federal, passando por cima do inciso XI do art. 24 da CF, em verdade 
desconsiderando-o, “delegar” liberdade a determinados sujeitos do processo 
para estabelecer o seu próprio procedimento ou os seus próprios ônus, poderes, 
faculdades e deveres processuais. 
Por tal razão, ao menos por ora, não vejo como aceitar convenções 
processuais sobre: (I) deveres-poderes do magistrado ou sobre deveres 
regentes na atuação das partes e de seus procuradores; (II) sobre a força 
probante dos meios de prova; (III) sobre os pressupostos de constituição e 
desenvolvimento válido do processo e/ou do exercício do direito de ação; (IV) 
sobre as hipóteses (e o regime) da tutela provisória; (V) sobre as formas e 
técnicas de cumprimento da sentença, inclusive o provisório, e de execução; (VI) 
sobre a coisa julgada; (VII) sobre o número de recursos cabíveis ou interponíveis; 
ou (VIII) sobre as hipóteses de rescindibilidade. 
De outro lado, tenho menos dúvidas sobre a possibilidade de as partes 
aperfeiçoarem, consoante as necessidades de cada caso concreto, as diversas 
(e amplas) possibilidades típicas de negócios processuais, reconhecidas pelo 
próprio CPC de 2015. Para além da clássica eleição de foro (art. 63), menciono 
as seguintes hipóteses: (I) escolha do conciliador, do mediador ou da câmara 
privada de conciliação ou de mediação (art. 168); (II) suspensão do processo 
(art. 313, II, respeitado, contudo, o limite temporal do § 4º); (III) escolha do perito 
(art. 471); ou (IV) escolha do administrador-depositário no caso de penhora de 
frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel (art. 869). No que diz respeito 
aos prazos, não vejo problemas em eles serem reduzidos, consoante as 
necessidades do caso. É o próprio § 1º do art. 222, a propósito, a aceitar que os 
chamados prazos peremptórios podem ser reduzidos desde que concordem as 
partes. O aumento dos prazos é dever-poder do magistrado (art. 139, VI), o que 
basta para entender que esta possibilidade está fora do campo de auto 
composição das partes. O que pode ocorrer é a fixação de verdadeiro “calendário 
processual”, que pressupõe prévia concordância do magistrado e das partes 
(bem ao estilo do processo cooperativo do art. 6º e bem diferente do que autoriza 
o art. 190), portanto, e que conduz ao art. 191, objeto de exame no número 
seguinte. 
21 
 
 
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, 
incumbindo-lhe: 
(...) 
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios 
de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir 
maior efetividade à tutela do direito; 
 
Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o 
transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses. 
§ 1o Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes. 
§ 2o Havendo calamidade pública, o limite previsto no caput para prorrogação 
de prazos poderá ser excedido. 
 
Ambas as listas, prezado leitor, querem ser exemplificativas no sentido de 
terem como finalidade precípua ilustrar os limites e as possibilidades dos 
negócios processuais a que se refere o caput do art. 190. 
 
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, 
é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento 
para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus 
ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o 
processo. 
 
As duas outras hipóteses em que o magistrado, controlando a validade dos 
negócios processuais, negará sua aplicação, tal qual prevê o parágrafo único do 
art. 190, não parecem despertar maiores questionamentos. Para aqueles casos, 
mesmo supondo que o objeto do negócio processual esteja dentro dos limites 
que acabei de aventar, a circunstância de eles estarem inseridos em contratos 
de adesão (inesgotáveis fontes de conflito dada a sua própria natureza, máxime 
em economias massificadas como a atual) ou terem aptidão de gerar situação 
de desequilíbrio marcante entre as partes envolvidas é fator que, por si só, pode 
conduzir o magistrado a negar sua aplicação. Aqui e lá é o próprio princípio da 
isonomia que, depositado nas mãos do magistrado, viabilizará não só a 
invalidade da cláusula (pronunciada de ofício, após o prévio e regular 
contraditório), mas também a sua ineficácia. É como se a convenção não 
estivesse escrita. E vivam os deveres-poderes do magistrado! 
Mesmo sendo mais restritivo com relação ao campo de incidência do art. 190, 
menos pelo que se lê do seu caput e mais pelo que se lê do seu parágrafo único, 
22 
 
que redunda, na existência de limites para a celebração dos negócios 
processuais, não vejo por que não aplaudir a regra que, mesmo nos seus 
devidos confins, permitirá, ao lado do incentivo da busca de outros meios de 
resolução de conflitos além do jurisdicional (art. 3º, § 3º), que as próprias partes, 
ainda quando se valham do aparato jurisdicional, otimizem os atos de acordo 
com suas conveniências e interesses. O próprio órgão jurisdicional, nestes 
casos, tenderá a ter trabalho reduzido, o que significará, em termos diretos, a 
possibilidade de dedicar mais de seu tempo e esforços a outros casos que não 
admitam este tipo de solução. 
Chegado ao fim deste número, prezado leitor, tenha ciência de que sei que 
esta visão do Manual pode vir a ser criticada, quiçá taxada de hiperpublicista, de 
conservadora, de, até mesmo, autoritária. Tudo porque vejo limites no direito de 
as partes disporem sobre o que não é seu, justamente porque o processo não 
se confunde com o direito material nele discutido e que reclama prestação de 
tutela jurisdicional. Diálogo entre os dois planos, sim; sobreposição, nunca. 
Modelo cooperativo de processo, sim; privatista, não. 
Não obstante eventuais críticas, a questão resume-se em ser livre para pensar 
e refletir, de assumir uma (ou outra) ideologia, uma (ou outra) forma de ver todo 
o fenômeno processual, como método (estatal) de solução de conflitos; de dar 
maior ou menor ênfase às normas cogentes e ao maior ou ao menor espaço 
deixado por elas às partes para definirem, elas próprias, ainda que de comum 
acordo, sobre como o Estado-juiz atuará para resolver o seu conflito, o que é 
sempre bem diferente, preste atenção, prezado leitor, por favor, de as partes 
acordarem sobre a própria sorte de seu direito material (e, ainda aqui, 
observados os limites do ordenamento jurídico). 
Nada de diferente, portanto, do que dá a tônica a este trabalho, é lê-lo desde 
a sua epígrafe, convidando o leitor a fazê-lo também. Se um dia encontrar algum 
argumento valioso, alterarei, justificadamente, e com imenso prazer intelectual, 
a minha forma de pensar. Até agora, contudo, não o encontrei. 
3.6 Calendário processual 
23 
 
O caput do art. 191 autoriza que as partes e o magistrado, de comum acordo, 
estabeleçam verdadeirocalendário para a prática de atos processuais, quando 
for o caso. É campo fértil, aqui sim, para reduzir (art. 222, § 1º) 
ou ampliar prazos, antecipando e generalizando o disposto no inciso VI do art. 
139. 
 
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a 
prática dos atos processuais, quando for o caso. 
§ 1o O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos 
somente serão modificados em casos excepcionais, devidamente 
justificados. 
§ 2o Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou 
a realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário. 
 
 
Por pressupor acordo entre os sujeitos processuais já indicados, o calendário 
vincula-os e os prazos nele estabelecidos serão modificados em casos 
excepcionais, quando devidamente justificados. A regra, estampada no § 1º do 
art. 191, é decorrência clara do art. 5º e da boa-fé objetiva nele constante. 
Com o estabelecimento do calendário, é dispensada, pertinentemente, a 
realização de intimações para a prática de atos processuais ou para audiências 
nele previstas (art. 191, § 2º). A razão de ser da regra repousa na 
desnecessidade de prévia intimação para a prática ou comparecimento em atos 
processuais que, de antemão, são conhecidos por todos. É um caso claro de 
aplicação concreta da eficiência processual (art. 4º). 
 
Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral 
do mérito, incluída a atividade satisfativa. 
 
Pergunta sofisticada, prezado leitor, é saber se o calendário pode ser 
controlado pelo juiz, recusando-o por alguma razão. A resposta é 
inequivocamente positiva. Também aqui se está no campo do direito público. O 
que o caput do art. 191 quer – e o CPC de 2015, desde o § 3º de seu art. 
3º incentiva – é que sejam buscados meios alternativos de resolução de 
conflitos, considerando (sempre com a observância dos devidos limites) eventual 
alteração das normas relativas ao procedimento, aos ônus, poderes, faculdades 
24 
 
e deveres processuais. Para tanto, é possível – e o art. 191 deixa isto claro – a 
elaboração de verdadeiro calendário para atos processuais em geral, que 
afetará, não há por que duvidar, o procedimento, sempre compreendido no 
correto sentido de organização dos atos (e fatos) que dizem respeito ao 
processo. 
Para além do diálogo idealizado pelo caput do art. 191 que, 
evidentemente, pressupõe concordância do magistrado com relação aos termos 
do calendário, não há como negar que o magistrado, justamente por discordar 
dele, negue aplicação ao ajuste das partes. Nada de diferente, portanto, do que 
pode se dar com relação aos negócios processuais em geral, como se lê, com 
toda a clareza, do parágrafo único do art. 190, estando naquele dispositivo 
referencial amplo o suficiente para justificar esta decisão do magistrado. 
Aquele dispositivo, aliás, até o último estágio do processo legislativo, era amplo 
o suficiente para se referir, a um só tempo, aos negócios processuais em geral 
e ao calendário. É que ambos os institutos, desde seu nascimento no Projeto da 
Câmara, faziam parte de um só dispositivo legal (o art. 189), que tinha, então, 
quatro parágrafos. O quarto deles correspondia, justamente, à cláusula de 
controle ampla, que se referia indistintamente à “validade das convenções 
previstas neste artigo” que, com a aprovação do CPC de 2015, foi parar no 
parágrafo único do art. 190. Certamente para dificultar (ou impedir) o 
entendimento aqui sustentado, da possibilidade de o magistrado recusar 
validade e eficácia também ao calendário processual, caso discorde dele. 
E como isso se deu, perguntará o prezado leitor? Esta é uma boa questão. A 
resposta é que o desmembramento daquele art. 189 do Projeto da Câmara – 
que havia sido aprovado pelo Senado – simplesmente apareceu no texto 
enviado à sanção presidencial no dia 24 de fevereiro de 2015, após mais de dois 
meses de revisão, o que apelidei de limbo revisional. Como assim, insistirá o 
prezado leitor, isto não tem cabimento, viola o devido processo legislativo, 
extrapola os limites do art. 65 da CF! E o pior: o Senado Federal, responsável 
pelo encaminhamento do texto à sanção presidencial, estava em recesso. Como 
pretender desmembrar em dois o texto que o Plenário daquela Casa havia 
aprovado como um só? Mais perguntas pertinentes. 
 
25 
 
CF 
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em 
um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se 
a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar. 
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora. 
 
As respostas a elas, muito provavelmente, estão guardadas com algum arauto 
da liberdade processual que, deixando de lado os limites constitucionais 
do devido processo legislativo, resolveu aplicá-la, no âmbito do processo 
legislativo, para impor sua própria visão do problema, para o espanto e para a 
surpresa de todos aqueles que acompanhavam e participavam aberta e 
francamente daquele mesmo processo. Trata-se de verdadeiro contrassenso, de 
verdadeiro paradoxo, que faz ruir as normas fundamentais eleitas pelo próprio 
CPC de 2015. E sou eu a perguntar: é este o tipo de liberdade possível (ou 
desejável) em um Estado Constitucional? O prezado leitor, bem sei, sabe a 
resposta. 
Justamente porque a cláusula de controle foi modificada de modo indevido, a 
única forma de superar a inconstitucionalidade formal da modificação que aqui 
noticio e lamento é entendê-la aplicável também ao calendário processual. Em 
suma, o parágrafo único do art. 190 aplica-se também, como fator de controle, 
para o calendário do art. 191, a permitir ao magistrado, diante daqueles 
pressupostos fáticos, negar sua validade e eficácia. 
4. TEMPO DOS ATOS PROCESSUAIS 
Os atos processuais devem ser praticados nos dias úteis no período das seis 
à vinte horas (art. 212, caput). Feriados para efeito forense, é o art. 216 quem 
estabelece, são os sábados, os domingos e os dias, inclusive os estabelecidos 
por leis estaduais ou municipais, em que não há expediente forense. 
 
Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 
20 (vinte) horas. 
§ 1o Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, 
quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano. 
§ 2o Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e 
penhoras poderão realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, 
e nos feriados ou dias úteis fora do horário estabelecido neste artigo, 
observado o disposto no art. 5o, inciso XI, da Constituição Federal. 
26 
 
§ 3o Quando o ato tiver de ser praticado por meio de petição em autos não 
eletrônicos, essa deverá ser protocolada no horário de funcionamento do 
fórum ou tribunal, conforme o disposto na lei de organização judiciária local. 
 
Quando a prática do ato tenha se iniciado antes das vinte horas e seu 
adiamento puder prejudicá-lo ou causar grave dano, é permitida sua conclusão 
após aquele horário (art. 212, § 1º). 
O § 2º do art. 212, por sua vez, estabelece que, independentemente de 
autorização judicial, as citações, intimações e penhoras poderão realizar-se no 
período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do 
horário estabelecido no artigo, observado o direito de inviolabilidade garantido 
pelo inciso XI do art. 5º da CF. 
 
CF 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar 
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou 
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinaçãojudicial; 
 
Quando se tratar de ato a ser praticado por meio de petição em autos não 
eletrônicos, o seu protocolo respectivo deverá ser feito de acordo com o horário 
de funcionamento do fórum ou tribunal estabelecido por suas normas de 
regência (art. 212, § 3º). 
Sendo eletrônicos, os autos, prevalece o disposto no art. 213 (idêntico ao 
parágrafo único do art. 3º e ao § 1º do art. 10 da Lei n. 11.419/2006, específico 
para a hipótese) e a possibilidade de sua prática até às vinte e quatro horas do 
dia do último dia do prazo. Neste caso, de acordo com o parágrafo único do art. 
213, prevalece o horário vigente no órgão jurisdicional perante o qual o ato deve 
ser praticado. Não se esqueça, prezado leitor, dos fusos horários do Brasil. 
 
Art. 213. A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer 
horário até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia do prazo. 
Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante o qual o ato deve ser 
praticado será considerado para fins de atendimento do prazo. 
 
27 
 
No período de férias forenses e nos feriados, é vedada, em regra, a prática de 
atos processuais (art. 214, caput). As exceções, constantes dos dois incisos 
daquele dispositivo, são as referidas no § 2º do art. 212, acima indicadas, e as 
relacionadas às tutelas provisórias com fundamento em urgência. 
 
Art. 214. Durante as férias forenses e nos feriados, não se praticarão atos 
processuais, excetuando-se: 
I - os atos previstos no art. 212, § 2o; 
II - a tutela de urgência. 
 
Mesmo nos locais onde houver, as férias forenses não inibem a prática dos 
atos relativos aos procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários à 
conservação de direitos, quando puderem ser prejudicados pelo adiamento, os 
relativos a alimentos e de nomeação ou remoção de tutor e curador, além de 
outras causas previstas em lei, como, por exemplo, os processos relativos às 
locações de imóveis urbanos (art. 58, I, da Lei n. 8.245/1991). É o que determina 
o art. 215 e se completa com o dispositivo do artigo 216. 
 
Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as houver, e não se 
suspendem pela superveniência delas: 
I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários à conservação 
de direitos, quando puderem ser prejudicados pelo adiamento; 
II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor e 
curador; 
III - os processos que a lei determinar. 
 
Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito forense, os 
sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente forense. 
 
5. LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS 
A regra é que os atos processuais sejam praticados na sede do juízo (art. 217). 
 
Art. 217. Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamente na sede do juízo, 
ou, excepcionalmente, em outro lugar em razão de deferência, de interesse 
da justiça, da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e 
acolhido pelo juiz. 
 
28 
 
Podem ser praticados, contudo, em lugar diverso em razão de deferência, de 
interesse da justiça, da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado 
e acolhido pelo magistrado, tudo, ainda, de acordo com o mesmo dispositivo. 
É o que ocorre, apenas para fins ilustrativos, na possibilidade de a oitiva das 
autoridades a que se refere o art. 454 como testemunhas dar-se no local em que 
exercem suas funções, quando se tratar de testemunha enferma que justifique o 
deslocamento do magistrado para sua oitiva (art. 449, parágrafo único) ou 
quando o magistrado, com fundamento no art. 483, realiza inspeção judicial. 
 
Art. 454. São inquiridos em sua residência ou onde exercem sua função: 
I - o presidente e o vice-presidente da República; 
II - os ministros de Estado; 
III - os ministros do Supremo Tribunal Federal, os conselheiros do Conselho 
Nacional de Justiça e os ministros do Superior Tribunal de Justiça, do 
Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral, do Tribunal Superior 
do Trabalho e do Tribunal de Contas da União; 
IV - o procurador-geral da República e os conselheiros do Conselho Nacional 
do Ministério Público; 
V - o advogado-geral da União, o procurador-geral do Estado, o procurador-
geral do Município, o defensor público-geral federal e o defensor público-geral 
do Estado; 
VI - os senadores e os deputados federais; 
VII - os governadores dos Estados e do Distrito Federal; 
VIII - o prefeito; 
IX - os deputados estaduais e distritais; 
X - os desembargadores dos Tribunais de Justiça, dos Tribunais Regionais 
Federais, dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Tribunais Regionais 
Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito 
Federal; 
XI - o procurador-geral de justiça; 
XII - o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede idêntica 
prerrogativa a agente diplomático do Brasil. 
§ 1o O juiz solicitará à autoridade que indique dia, hora e local a fim de ser 
inquirida, remetendo-lhe cópia da petição inicial ou da defesa oferecida pela 
parte que a arrolou como testemunha. 
§ 2o Passado 1 (um) mês sem manifestação da autoridade, o juiz designará 
dia, hora e local para o depoimento, preferencialmente na sede do juízo. 
§ 3o O juiz também designará dia, hora e local para o depoimento, quando a 
autoridade não comparecer, injustificadamente, à sessão agendada para a 
colheita de seu testemunho no dia, hora e local por ela mesma indicados. 
 
Art. 449. Salvo disposição especial em contrário, as testemunhas devem ser 
ouvidas na sede do juízo. 
Parágrafo único. Quando a parte ou a testemunha, por enfermidade ou por 
outro motivo relevante, estiver impossibilitada de comparecer, mas não de 
prestar depoimento, o juiz designará, conforme as circunstâncias, dia, hora e 
lugar para inquiri-la. 
 
Art. 483. O juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou a coisa quando: 
I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que 
deva observar; 
29 
 
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis despesas 
ou graves dificuldades; 
III - determinar a reconstituição dos fatos. 
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, 
prestando esclarecimentos e fazendo observações que considerem de 
interesse para a causa. 
 
6. PRAZOS 
Todos os atos processuais precisam ser praticados nos prazos previstos em 
lei (art. 218, caput). Prazo é o espaço de tempo existente entre dois termos, o 
inicial e o final, em que o ato processual deve ser praticado sob pena de não 
poder ser mais produzido. É o que comumente a doutrina identifica como 
“preclusão temporal”, isto é, a perda de um direito pelo seu não exercício em 
determinado prazo. 
 
Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. 
§ 1o Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração 
à complexidade do ato. 
§ 2o Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente 
obrigarão a comparecimento após decorridas 48 (quarenta e oito) horas. 
§ 3o Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 
(cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte. 
§ 4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do 
prazo 
 
Mesmo quando o ato processual é praticado antes do início do prazo, ele é 
considerado tempestivo (art. 218, § 4º), dispositivo que pode parecer supérfluo, 
mas que foi introduzido pelo CPC de 2015 para combater entendimento em 
sentido contrário (e equivocado) que conquistou a simpatia de alguns julgados, 
inclusive do STJ. 
Os prazos podem ser contados em horas, dias, semanas, meses e anos. No 
CPC de 2015, de toda a sorte, são mais comuns os prazos contados 
em dias, que, de acordo com o caput do art. 219, só são os úteis (v. n. 6.1, infra). 
Não havendo prescrição legal ou judicial em sentido diverso, será de cinco dias 
o prazo para que a parte pratique o ato processual (art. 218, § 3º), sendo certo 
que, ressalvadaa expressa previsão em sentido contrário, as intimações só 
obrigarão depois do transcurso do prazo de quarenta e oito horas (art. 218, § 2º). 
30 
 
 
Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, 
computar-se-ão somente os dias úteis. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos 
processuais. 
 
O caput do art. 220 estatui que, no período de 20 de dezembro a 20 de janeiro 
inclusive, ficam suspensos os prazos processuais, não podendo ser realizadas 
audiências nem sessões de julgamento (art. 220, § 2º). A inovação, tal qual 
prevista, não atrita com o inciso XII do art. 93 da CF, que determina que as 
atividades judiciárias sejam ininterruptas. É que o § 1º do art. 220 preserva, 
expressamente, o exercício das funções de todos os sujeitos processuais 
durante aquele período – resguardadas férias individuais e feriados –, o que 
equivale a dizer que não é autorizado o fechamento de fóruns ou tribunais. O 
que ocorre, bem diferentemente, é que não há fluência de prazos processuais. 
Só isto. 
 
Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos 
entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive. 
§ 1o Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os 
juízes, os membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da 
Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão suas atribuições 
durante o período previsto no caput. 
§ 2o Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem 
sessões de julgamento. 
 
 
A contagem do prazo pode ser suspensa quando houver obstáculo criado em 
prejuízo da parte e também nos casos em que o processo fica suspenso (art. 
221, caput). Neste caso, cessada a razão da suspensão do prazo, ele voltará a 
fluir por tempo igual ao que faltava para sua complementação, sempre 
considerado, para fins de contagem, somente os dias úteis. Assim, suspenso um 
prazo processual de cinco dias no terceiro dia útil de sua contagem, cessada a 
causa da suspensão, haverá mais dois dias (úteis) para a prática do ato. 
 
Art. 221. Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado em detrimento 
da parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 313, devendo o prazo 
ser restituído por tempo igual ao que faltava para sua complementação. 
31 
 
Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante a execução de programa 
instituído pelo Poder Judiciário para promover a autocomposição, incumbindo 
aos tribunais especificar, com antecedência, a duração dos trabalhos. 
 
Os prazos são suspensos também durante a execução de programa instituído 
pelo Poder Judiciário para promover a autocomposição, incumbindo aos 
tribunais especificar, com antecedência, a duração dos trabalhos. A previsão, 
que está no parágrafo único do art. 221, merece ser entendida de maneira 
restritiva, isto é, de forma a não afetar os processos que, por qualquer razão, 
não estejam ou não podem estar sujeitos àqueles programas. 
Cabe ao magistrado prorrogar os prazos processuais por até dois meses 
sempre que for difícil o transporte no local em que o ato processual deva ser 
praticado (art. 222, caput). Em caso de calamidade pública, este prazo pode ser 
superior (art. 222, § 2º). Ao juiz, contudo, é vedado reduzir os chamados prazos 
peremptórios, a não ser que haja anuência das partes (art. 222, § 1º), regra que 
ganha maior interesse diante do calendário a que diz respeito o art. 191. Esta 
classe, de prazos peremptórios, merece ser repensada, inclusive diante do 
disposto no inciso VI do art. 139. 
 
Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o 
transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses. 
§ 1o Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes. 
§ 2o Havendo calamidade pública, o limite previsto no caput para prorrogação 
de prazos poderá ser excedido. 
 
Transcorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou emendar o ato 
processual independentemente de qualquer manifestação judicial (art. 
223, caput). É o que, em geral, é chamado, respectivamente, de 
“preclusão temporal” (expressão que já esclareci no início desse número) e 
“preclusão consumativa”, devendo ser entendida como a perda da possibilidade 
de correção ou de complementação de um ato do processo já praticado. Cabe 
ao interessado, contudo, justificar por que não praticou o ato, alegando e 
comprovando ter ocorrido justa causa para tanto, assim considerado o “evento 
alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por 
mandatário” (art. 223, § 1º). Se o magistrado entender ocorrente a justa causa, 
abrirá novo prazo para a prática do ato (art. 223, § 2º). 
32 
 
 
Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar 
o ato processual, independentemente de declaração judicial, ficando 
assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por justa causa. 
§ 1o Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a 
impediu de praticar o ato por si ou por mandatário. 
§ 2o Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo 
que lhe assinar. 
 
6.1 Contagem e fluência 
Novidade digna de destaque do CPC de 2015 em relação ao CPC de 1973 é 
a circunstância de os prazos processuais, sejam os legais (prescritos em lei) ou 
judiciais (prescritos pelo magistrado), estabelecidos em dias só fluírem em 
dias úteis (art. 219). Dias úteis para fins forense são, lembro-o, prezado leitor, 
aqueles que não se amoldam à previsão do art. 216. Prazos materiais não estão 
sujeitos a esta regra, como evidencia o parágrafo único do art. 219. Assim, por 
exemplo, os trinta dias de uma notificação para que o devedor adimpla a 
obrigação serão contados de forma corrida, tanto quanto os sessenta dias para 
que o contribuinte, querendo, apresente impugnação a auto de infração lavrado 
contra si. 
Nos prazos processuais, a regra é de exclusão do primeiro dia (termo inicial) 
e inclusão do último dia (termo final), sempre considerados somente os dias 
úteis (art. 224, caput). Quando o expediente forense for encerrado mais cedo, 
quando começar mais tarde (o que é novidade do CPC de 2015) ou, ainda, o 
que também é novo, quando houver indisponibilidade da comunicação 
eletrônica, os dias de início e/ou de vencimento dos prazos serão 
automaticamente deslocados para o primeiro dia útil seguinte (art. 224, § 1º). A 
derradeira hipótese deve ser compreendida amplamente, mesmo quando os 
autos do processo – e os respectivos atos – não forem eletrônicos, porque pode 
ocorrer da falta de comunicação dificultar ou impedir a devida prática do ato. É 
pensar no retardo da divulgação do Diário da Justiça eletrônico, que veicula 
também as intimações relativas aos processos em papel. 
 
33 
 
Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo 
o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. 
§ 1o Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o 
primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense 
for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou houver 
indisponibilidade da comunicação eletrônica. 
§ 2o Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da 
disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. 
§ 3o A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da 
publicação. 
 
 
Para a contagem do prazo, cabe discernir, com base nos §§ 2º e 3º do art. 224, 
a disponibilização da informação forense no Diário da Justiça eletrônico (sobre 
o que versará o ato processual e quem deve praticá-lo) da sua publicação. A 
contagem do prazo depende da publicação, considerado o primeiro dia útil 
seguinte que se seguir à disponibilização. Assim, por exemplo, um prazo de 
cinco dias, disponibilizado na sexta-feira, considera-se publicado na segunda-
feira seguinte (primeiro dia útil seguinte à disponibilização).Em tal condição, o 
início do prazo é terça-feira, primeiro dia útil seguinte à publicação. O prazo final 
para prática do ato será na segunda-feira seguinte, da outra semana, quinto 
dia útil que se seguiu ao primeiro dia útil que se seguiu à publicação. 
O art. 225 permite que a parte renuncie ao prazo estabelecido exclusivamente 
em seu favor, desde que o faça expressamente. 
 
Art. 225. A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em 
seu favor, desde que o faça de maneira expressa. 
 
O art. 226 estabelece prazos a serem cumpridos pelo magistrado (cinco dias 
para proferir despachos, dez dias para proferir decisões interlocutórias e trinta 
dias para proferir sentenças). 
 
Art. 226. O juiz proferirá: 
I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias; 
II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias; 
III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias. 
 
Havendo justo motivo, estes prazos podem ser excedidos por igual tempo (art. 
227). É importante ter em mira que os prazos existem para serem cumpridos por 
34 
 
todos os sujeitos do processo. Trata-se, em última análise, de imposição do 
princípio da eficiência processual, decorrente do art. 5º, LXXVIII, da CF e que é 
reproduzido no art. 4º do CPC de 2015. Assim, ao mesmo tempo em que cabe 
reconhecer a possibilidade de motivos que justifiquem a dobra autorizada pelo 
art. 227, não é o caso de aceitar passivamente qualquer generalização a respeito 
do assunto e, por isto mesmo, a distinção usualmente (ainda) feita pela nossa 
doutrina entre “prazos próprios” (aqueles sujeitos à extinção nos termos do art. 
223, caput) e os “prazos impróprios”, aqueles que não impedem seu destinatário 
de praticá-lo após o transcurso do prazo, tais quais os prazos dirigidos aos 
magistrados. Não há fundamento constitucional nem legal para esta distinção. 
 
Art. 227. Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o 
juiz exceder, por igual tempo, os prazos a que está submetido. 
 
CF 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a 
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm 
aplicação imediata. 
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros 
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que 
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por 
três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às 
emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 
2004) (Atos aprovados na forma deste parágrafo) 
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja 
criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
45, de 2004) 
 
Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral 
do mérito, incluída a atividade satisfativa. 
 
O art. 228 reserva o prazo de um dia para que o escrivão remeta os autos para 
o juiz. O dispositivo pressupõe autos físicos, porque, em se tratando de autos 
eletrônicos, não há razão para tanto. O mesmo art. 228 prevê o prazo de cinco 
dias para o escrivão praticar os atos que estão sob sua responsabilidade. A regra 
35 
 
do § 2º sobre autos eletrônicos é pertinentíssima: neles – e diferentemente do 
que se dá nos autos em papel –, “a juntada de petições ou de manifestações em 
geral ocorrerá de forma automática, independentemente de ato de serventuário 
da justiça”. 
 
Art. 228. Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos no prazo de 
1 (um) dia e executar os atos processuais no prazo de 5 (cinco) dias, contado 
da data em que: 
I - houver concluído o ato processual anterior, se lhe foi imposto pela lei; 
II - tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz. 
§ 1o Ao receber os autos, o serventuário certificará o dia e a hora em que teve 
ciência da ordem referida no inciso II. 
§ 2o Nos processos em autos eletrônicos, a juntada de petições ou de 
manifestações em geral ocorrerá de forma automática, independentemente 
de ato de serventuário da justiça. 
 
O art. 229 ocupa-se com os prazos na hipótese de os litisconsortes terem 
advogados diversos de escritórios de advocacia diferentes, ressalva que inova 
em relação ao art. 191 do CPC de 1973. Neste caso, os prazos serão 
generalizadamente contados em dobro independentemente de prévio 
requerimento. A dobra, contudo, cessará se só houver defesa de um dos 
litisconsortes (art. 229, § 1º), sendo certo, outrossim, que a previsão não se 
aplica na hipótese de os autos serem eletrônicos (art. 229, § 2º). 
 
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios 
de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas 
manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de 
requerimento. 
§ 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, 
é oferecida defesa por apenas um deles. 
§ 2o Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos. 
 
O art. 230 dispõe que o prazo para a parte, para o advogado privado, para a 
Advocacia Pública, para a Defensoria Pública e para o Ministério Público será 
contado da citação, da intimação ou da notificação. 
 
Art. 230. O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia Pública, a 
Defensoria Pública e o Ministério Público será contado da citação, da 
intimação ou da notificação. 
 
36 
 
A regra merece ser interpretada em conjunto com o art. 231, que estabelece 
o início do prazo após a citação ou a intimação levando em conta uma série de 
alternativas. 
 
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo 
do prazo: 
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou 
a intimação for pelo correio; 
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou 
a intimação for por oficial de justiça; 
III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por 
ato do escrivão ou do chefe de secretaria; 
IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação 
ou a intimação for por edital; 
V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao 
término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação 
for eletrônica; 
VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo 
esse, a data de juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, 
quando a citação ou a intimação se realizar em cumprimento de carta; 
VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça 
impresso ou eletrônico; 
VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos 
autos, em carga, do cartório ou da secretaria. 
§ 1o Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar 
corresponderá à última das datas a que se referem os incisos I a VI do caput. 
§ 2o Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado 
individualmente. 
§ 3o Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, 
de qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação de 
representante judicial, o dia do começo do prazo para cumprimento da 
determinação judicial corresponderá à data em que se der a comunicação. 
§ 4o Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com hora certa. 
 
 
Assim, o dies a quo (expressão latina que significa o dia de início do prazo)

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