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ANO 9 - Nº 53 - MAIO / JUNHO 2014 Indexação Qualis A R ev is ta d o M éd ic o V et er in ár io • w w w .r ev is ta ve te q ui na .c o m .b r e dosagem de cortisol de cavalos Quarto de Milha - utilizados em provas de Três Tambores: interferência do treinamento na saúde animal Avaliação ................................... Avaliação artroscópica e radiográfica de peças anatômicas com vista à articulação do carpo de cavalos atletas Encarceramento de intestino delgado em anel inguinal após Orquiectomia em equino: relato de caso ................................... Neurectomia digital palmar em equinos Estudo retrospectivo das lacerações perineais de terceiro grau em éguas ................................... Capa e Segunda Capa.pmd 5/8/2014, 15:521 Capa e Segunda Capa.pmd 5/8/2014, 15:522 • 1 S U M Á R I O MAIO / JUNHO 2014ANO 9 - Nº 53 www.passoapasso.org.br FOTO PRINCIPAL CAPA: ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA (2014) AVALIAÇÃO LEUCOCITÁRIA E DOSAGEM DE CORTISOL DE CAVALOS QUARTO DE MILHA - UTILIZADOS EM PROVAS DE TRÊS TAMBORES: INTERFERÊNCIA DO TREINAMENTO NA SAÚDE ANIMAL Cavalos que realizam atividades esportivas, frequentemente so- frem um alto nível de estresse durante competições e treina- mentos intensivos, podendo acarretar diversos tipos de pro- blemas, atingindo assim seu sis- tema imunológico. Neste proje- to foi realizado o estudo da ava- liação leucocitária e dosagem de cortisol, com o intuito de avaliar a interferência do treinamento na saúde animal e bem-estar de cavalos atletas praticantes do esporte equestre Três Tambores. (Pagina 18) A R Q U IV O P E S S O A L (2 01 3) AVALIAÇÃO ARTROSCÓPICA E RADIOGRÁFICA DE PEÇAS ANATÔMICAS COM VISTA À ARTICULAÇÃO DO CARPO DE CAVALOS ATLETAS As ocorrências de lesões articulares em cavalos atletas aconte- cem devido traumas que os animais possam sofrer no treina- mento ou durante alguma prova. Diante desse quadro, os con- ceitos atuais de etiologia, patogênese, diagnóstico e tratamen- to de cada uma das diferentes doenças articulares dos equi- nos, vêm sendo cada vez mais investigados por profissionais da área. O estudo baseou-se na analise radiográfica, graduan- do-se o grau de lesão articular/óssea, seguido pelo estudo ar- troscópico, com classificação, em graus, de lesão da cartilagem articular e sinóvia. (Pág. 4) ENCARCERAMENTO DE INTESTINO DELGADO EM ANEL INGUINAL APÓS ORQUIECTOMIA EM EQUINO: RELATO DE CASO O encarceramento de intestino delgado em anel inguinal tam- bém descrito como hérnia inguinal pode ocorrer mais comu- mente de forma congênita nos potros e de forma adquirida nos garanhões. O relato em questão descreve o caso de um equi- no que após a realização de uma orquiectomia eletiva passou a apresentar dor abdominal, com evolução aguda. À palpação foi possível identificar intestino delgado no foco da orquiecto- mia, e o mesmo foi encaminhado rapidamente ao centro cirúr- gico para a realização de uma celiotomia. A recuperação pós-operatória foi satisfatória e o animal conseguiu recuperar a sua forma física. (Página 12) ESTUDO RETROSPECTIVO DAS LACERAÇÕES PERINEAIS DE TERCEIRO GRAU EM ÉGUAS (1995-2011) Os traumas reto-vestibulares são descritos com maior frequência em éguas, sendo as lace- rações perineais de terceiro grau os mais graves, relacionadas com distocia, esforços vio- lentos de expulsão do feto durante o parto e nascimento de potros grandes. O objetivo do presente trabalho é realizar um estudo retrospectivo dos casos de laceração perineal de terceiro grau atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Estadual Paulista - Botucatu no período de 1995 a 2011 visando identificar possíveis fatores de risco para a ocorrência da lesão. (Página 26) NEURECTOMIA DIGITAL PALMAR EM EQUINOS A neurectomia digital palmar é utilizada em animais que apre- sentam dor devido às doenças degenerativas podais que não respondem ao tratamento conservativo. Diversas técnicas de neurectomia foram desenvolvidas com objetivo de obter menor trauma cirúrgico, evitando o desenvolvimento de neuroma do- loroso, considerado uma das principais complicações da sec- ção nervosa. A presente revisão bibliográfica abrange estudos das diferentes técnicas de neurectomia, avaliando suas indicações, vantagens e desvanta- gens. (Página 30) COLUNA (VOCÊ SABIA?): CONHEÇA A RELAÇÃO ENTRE A BIOMECÂNICA DE RECEPÇÃO DO MEMBRO TORÁCICO E/OU PÉLVICO COM A DEGENERAÇÃO ARTICULAR Você sabia que a hiperextensão do boleto por falha no apare- lho de suspensão pode terminar em microfraturas que podem degenerar a articulação do boleto? (Página 38) A R Q U IV O P E S S O A L (2 01 3) H O S P IT A L V E T. U N IV . A N H E M B I M O R U M B I A R Q U IV O P E S S O A L D O A U TO R Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:051 2 • E D I T O R I A L FUNDADOR Synesio Ascencio (1929 - 2002) DIRETORES José Figuerola, Maria Dolores Pons Figuerola EDITOR RESPONSÁVEL Fernando Figuerola JORNALISTA RESPONSÁVEL Russo Jornalismo Empresarial Andrea Russo (MTB 25541) Tel.: (11) 3875-1682 andrearusso@uol.com.br PROJETO GRÁFICO Studio Figuerola EDITOR DE ARTE Roberto J. Nakayama EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Miguel Figuerola MARKETING Master Consultoria e Serviços de Marketing Ltda. Milson da Silva Pereira milson.master@ig.com.br PUBLICIDADE / EVENTOS Diretor Comercial: Fernando Figuerola Fones: (11) 3721-0207 3722-0640 / 9184-7056 fernandofiguerola@terra.com.br ADMINISTRAÇÃO Fernando Figuerola Pons, Juliane Pereira Silva ASSINATURAS: Tel.: (11) 3845-5325 editoratrofeu@terra.com.br REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA EQUINA é uma publicação bimestral da EditoraTroféu Ltda. Administração, Redação e Publicidade: Rua Braço do Sul, 43 Morumbi - CEP: 05617-090 São Paulo, SP - Fones: (11) 3721-0207 / 3845-5325 3849-4981 / 99184-7056 editoratrofeu@terra.com.br nossoclinico@nossoclinico.com.br NOTAS: a) As opiniões de articulistas e en- trevistados não representam ne- cessariamente, o pensamento da REVISTA BRASILEIRA DE MEDI- CINA EQUINA. b) Os anúncios comerciais e infor- mes publicitários são de inteira responsabilidade dos anuncian- tes. DIRETOR CIENTÍFICO: NOSSO ENDEREÇO ELETRÔNICO Home Page: www.revistavetequina.com.br Redação: andrearusso@uol.com.br Assinatura/Administração: editoratrofeu@terra.com.br Publicidade/Eventos: fernandofiguerola@terra.com.br Editora: revistavetequina@revistavetequina.com.br 2 • Alexandre Augusto O. Gobesso Nutrição e Fisiologia do Exercício cateto@usp.br André Luis do Valle De Zoppa Cirurgia alzoppa@usp.br Cláudia Acosta Duarte Clínica Cirúrgica de Equídeos claudiaduarte@unipampa.edu.br Daniel Lessa Clínica lessadab@vm.uff.br Fernando Queiroz de Almeida Gastroenterologia, Nutrição e Fisiologia Esportiva almeidafq@yahoo.com.br Flávio Desessards De La Côrte Cirurgia delacorte2005@yahoo.com.br Geraldo Eleno Silveira Clínica Cirúrgica de Equinos geraldo@vet.ufmg.br Guilherme Ferraz Fisiologia do Exercício guilherme.de.ferraz@terra.com.br Henrique Resende Anatomia e Equinocultura resende@dmv.ufla.br Jairo Jaramillo Cardenas Cirurgia e Anestesiologia Equina dr.jairocardenas@yahoo.com.br Jorge Uriel Carmona Ramíres Clínica e Cirurgia carmona@ucaldas.edu.co José Mário Girão Abreu Clínica zemariovet@gmail.com.br Juliana Regina Peiró Cirurgia juliana.peiro@gmail.com Luiz Carlos Vulcano Diagnótico de Imagem vulcano@fmvz.unesp.br Marco Antônio Alvarenga Clínica e Reprodução Equina malvarenga@fmvz.unesp.br Marco Augusto G. da Silva Clínica Médica de Equídeos silva_vet@hotmail.com Maria Verônica de Souza Clínica msouza@ufv.br Max Gimenez Ribeiro Clinica Cirúrgica e Odontologia mgrvet@bol.com.br Neimar V. Roncati Clinica, Cirurgia e Neonatologia neimar@anhembi.br Roberto Pimenta P. Foz Filho Cirurgia robertofoz@gmail.com Renata de Pino A. Maranhão Clínica renatamaranhao@yahoo.com Silvio Batista Piotto Junior Diagnóstico e Cirurgia Equina abraveq@abraveq.com.br Tobyas Maia de A. Mariz Equinocultura e Fisiologia Equina tobyasmariz@hotmail.com Pierre Barnabé EscodroCirurgia Veterinária e Clínica Médica de Equideos (Univ. Federal de Alagoas) pierre.vet@gmail.com CONSULTORES CIENTÍFICOS: Código de Ética sempre presente Mário Sérgio Cortella define com muita clareza o que é éti- ca: "é o conjunto de valores e princípios que usamos para res- ponder a três grandes questões da vida: (1) quero?; (2) devo?; (3) posso? Nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu posso eu devo; e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve". O médico-veterinário com frequência acima do desejável costuma ser solicitado para consultas e tratamentos gratuitos. Às vezes sem solicitação: a gratuidade é, absurdamente, exijida. A remuneração do médico-veterinário, prevista desde o código de Hamurabi, é obrigatória e está explicita no Código de Ética de sua profissão (Resolução nº 722, de 16 de agosto de 2002), que em seu Artigo 21 é categórico ao não permitir a prestação de serviços gratuitos ou por preços abaixo dos usualmente pratica- dos (com algumas exceções, como no caso de pesquisas). O Código de Ética deveria ser menos um documento guar- dado nas prateleiras, físicas ou digitais, e mais um exercício in- corporado em todas atividades. A recente repercussão do episó- dio envolvendo Monty Roberts na Gameleira é um exemplo do quanto é necessário estar com o Código decorado. Logo no Capítulo I, Princípios Fundamentais, é dito no Artigo 2º "Denunci- ar às autoridades competentes qualquer forma de agressão aos animais e ao seu ambiente". Lembrem-se sempre de responder às três questões: quero, devo e posso. Roberto Arruda de Souza Lima Professor da ESALQ/USP raslima@usp.br www.arruda.pro.br Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:062 • 3 Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:063 4 • Avaliação de peças anatômicas com vista à articulação do carpo de cavalos atletas “Arthroscopic and radiographic evaluation of anatomical parts with a view to carpus joint of athletes horses” “ Evaluacion artroscopica y radiografica de piezas anatomicas con vista al carpo de caballos deportivos” Rodrigo Tavares Nieman* (rodrigo_nieman@hotmail.com) M.V. Residente do Depto. de Assistência Veterinária (D.A.V.) do Jockey Club de São Paulo Henrique Dias Jorge M.V. Responsável pelo Depto. de Anatomia e Anatomia Patológica Veterinária do Jockey Club de São Paulo Anderson Coutinho da Silva M.V. Prof. Msc. das Disciplinas de Anatomia e Cirurgia Veterinária. Prof. Responsável pelo Setor de Cirurgia do Hosp. Vet. da Univ. Metodista de São Paulo (HOVET-UMESP/SP) Raphael Roseti Lavado M.V. Responsável pelo Setor de Grandes Animais do Hosp. Vet. da Univ. Metodista de São Paulo Milton Kolber M.V. Prof. Dr. das Disciplinas de Lab. Clínico, Radiologia e Zoonoses. Prof. Responsável pelo Setor de Imagem do Hosp. Vet. da Univ. Metodista de São Paulo (HOVET-UMESP/SP) Silvia Regina Kleeb M.V. Profa. Dra. das Disciplinas de Morfologia, Fisiologia e Patologia. Profa. Responsável pelo Setor de Patologia do Hosp. Vet. da Univ. Metodista de São Paulo (HOVET-UMESP/SP) José Guilherme Xavier M.V. Prof. Dr. da Disciplina de Patologia. Prof. Responsável pelo Setor de Patologia do Hosp. Vet. da Univ. Metodista de São Paulo (HOVET-UMESP/SP) * Autor para correspondência RESUMO: As ocorrências de lesões articulares em cavalos atletas acontecem devido a traumas que os animais possam sofrer no treinamento ou durante alguma prova. Diante desse quadro, os conceitos atuais de etiologia, patogênese, diagnóstico e tratamento de cada uma das diferentes doenças articulares dos equinos, vêm sendo cada vez mais investigados por profissionais da área. Diferentes métodos por imagem são aplicáveis para diagnóstico das doenças articulares. As radiografias denotam uma forma direta de diagnóstico, mas a artroscopia além do diagnóstico, é também aplicada para tratamento das doenças articulares do tipo: fraturas intra-articulares, osteoartrite e condromalácias. Foram utilizados para este estudo 15 membros pertencentes a 8 equinos PSI que vieram a óbito por qualquer motivo e que estavam em constante treinamento no Jockey Club de São Paulo-Cidade Jardim. O estudo baseou-se na análise radiográfica, graduando-se o grau de lesão articular/óssea, seguido pelo estudo artroscópico, com classificação, em graus, de lesão da cartilagem articular e sinóvia. Dessa forma concluiu-se uma maior eficiência no exame artroscópico em comparação com o exame radiográfico no diagnóstico das lesões que envolvem a articulação do carpo, além de um destaque para um maior número de lesões em região média e medial da articulação do carpo destes animais. Unitermos: Cavalos atletas, doenças articulares, carpo, radiografia, artroscopia ABSTRACT: The occurrence of joint injuries in athletic horses happens because of traumas that animals may suffer in training or during any turf. Given this situation, the current concepts of etiology, pathogenesis, diagnosis and treatment of each of the different joint desease in horses have been increasingly studied by professionals. Different imaging methods are applicable for diagnosis of joint desease. Radiographs show a direct way of diagnosis, but artrhoscopy in addition to the diagnosis, may also be applied for the treatment of joint deseases like intra-articular fracture, osteoarthritis and condromalacias. In this study, 15 limbs from 8 PSI horses that died for no specificic reason and were in constant training at Jockey Club of São Paulo-Garden City, were used. The study was based on radiographic analysis, graduating the degree of injurie of joint/bone damage, followed by arthroscopic study, that rated in degrees the injury of articular cartilage and synovium. Thus, it was concluded that there is greater efficiency in arthroscopic examination compared with the radiographic in diagnosis of lesions that involve the carpus joint, beyond a highlight for a greater number of lesions on the middle and medial regions of the carpal joint of these animals. Keywords: Athletes horses, joint deseases, carpus, radiograph, arthroscopy RESUMEN: Las ocurrencias de lesiones en las articulaciones de los caballos deportivos ocurren debido traumas que los animales pueden sufrir en el entrenamiento o durante alguna prueba. Ante esta situación, los conceptos actuales de la etiología, patogenia, diagnóstico y tratamiento de cada una de las diferentes enfermedades de las articulaciones de los caballos se han estudiado cada vez más por los profesionales. Diferentes métodos de imagen son aplicables para el diagnóstico das enfermedades de las articulaciones. Las radiografías muestran una forma directa de diagnóstico, pero la artroscopia, más allá de diagnóstico, sino que también se aplica para el tratamiento de enfermedades de las articulaciones, como fracturas interarticulares, las osteoartritis y condromalácias. Se utilizaron para este estudio 15 miembros pertenecientes a 8 caballos PSI que vieron la muerte por cualquier causa y estaban en constante capacitación en el Jockey Club de São Paulo- Ciudad Jardín. El estudio se basó en el análisis radiográfico graduando el grado de daño articular/óseo, seguido por el estudio artroscópico con clasificación en grados de lesión en el cartílago articular y la sinovia. Por lo tanto se calificaron los daños articulares en los multicompartimentos de articulación sinovial y una mejor comprensión de las lesiones principales en los animales atletas, concluyendo una mayor eficiencia en el examen artroscópico en comparación con el examen radiográfico en el diagnóstico de lesiones que afectan a la articulación del carpo y destacando un mayor número de lesiones en la región media y medial de la articulación del carpo de estos animales. Palabras Clave: Caballos esportivos, enfermedades articulares, carpo, radiografía, artroscopia FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:064 • 5 trar alterações radiográficas do tipo lise, sendo que o grau de alteração patológicana membrana sinovial é de difícil avalia- ção17. Por definição, artroscopia é a aplicação de técnicas de endoscopia no estudo das ca- vidades articulares21, permitindo a visuali- zação direta das articulações mediante o uso de um artroscópio que, em geral, possui fi- nalidade diagnóstica4. As estruturas de prin- cipal interesse no exame artroscópico das articulações dos equinos são as membra- nas sinoviais e as cartilagens articulares, sendo as áreas das articulações difíceis de serem avaliadas pelos métodos clínicos normais. A capacidade de monitorar alte- rações na membrana sinovial sequencial- mente tem sido usada pra estudar o desen- volvimento da sinovite na articulação in- tercárpica (mediocárpica) dos equinos, sen- do a quantificação da sinovite a principal indicação para a avaliação dos tecidos mo- les com o artroscópio. Com relação à carti- lagem articular, o uso do artroscópio per- mite o reconhecimento de fibrilação e ero- são da mesma, onde a primeira pode ser mais facilmente reconhecida por esta téc- nica do que pela visualização macroscópi- ca, devido a uma combinação de fatores que incluem transiluminação das fibras cola- genosas, sua suspensão na solução fisioló- gica e também os efeitos de hiperplasias18. As diferenças principais entre os artroscó- pios estão no diâmetro e no ângulo das len- tes17. Um bom artroscópio deve possuir uma fonte luminosa de fibra-óptica para possi- bilitar a visualização das estruturas intra- articulares. O artroscópio de 4mm com angulações de 25º ou 30º cumpre com a maioria das necessidades do cirurgião equi- no, onde a lente pode ser girada sem movi- mentar o membro em análise. O importan- te é fazer a escolha de um aparelho que promova menos danos articulares e que te- nha boa mobilidade. O equipamento com- plementar consiste em: sistema de irriga- ção que tem por objetivo a irrigação e a expansão da cápsula articular; cânula de saída que tem por função liberar fluídos da articulação limpando a área cirúrgica me- lhorando a visualização; elevadores de pe- riósteo, ruginas e osteótomos utilizados para separação de fragmentos aderidos e curetas utilizadas para fazer a raspagem da região óssea11. A artroscopia consegue revelar lesões articulares discretas e precoces que não são evidenciadas pelo exame radiográfico1. São variadas as situações onde a cirurgia artros- cópica é indicada no equino, tais como: fragmentos osteocondrais da fileira proxi- mal e distal do carpo, fragmentos osteocon- drais dorsal e proximal de primeira falan- ge, fragmentos osteocondrais do tarso, frag- mentos osteocondrais associados à face palmar proximal da primeira falange, frag- mento apical do osso sesamoide, osteocon- drite dissecante, entre outras14. Esta técni- ca também possibilita a execução de bióp- sias intra-articulares8, trazendo grandes vantagens na abordagem diagnóstica e ci- rúrgica dos problemas articulares dos ca- valos, uma vez que permite diminuição do tempo de convalescença com regresso mais rápido ao trabalho e com melhor desempe- nho, havendo redução dos tratamentos pa- liativos efetuados bem como do número de articulações permanentemente comprome- tidas13. As complicações na artroscopia não são frequentes, onde as incidências graves equi- valem a menos de 1%, o que contribui para uma elevada taxa de sucesso14. Os proble- mas e as complicações trans-cirúrgicas po- dem ser de vários tipos, como: Hemartrose que provoca perda na capacidade de visua- lização das estruturas articulares7,1, obstru- ção da visão por vilosidades sinoviais, ex- travasamento extrassinovial de fluído, le- sões iatrogênicas da cartilagem articular e outros tecidos, quebra intrasinovial de ins- trumentos e a presença de material estra- nho na cavidade sinovial13. As principais complicações pós-cirúrgicas são infecções, distensão ou sinovite, não remoção de frag- mentos, capsulite, osso neoformado ou mi- neralização de tecido mole, além de pro- blemas associados ao posicionamento e dor13. Visando a melhor compreensão das le- sões articulares em cavalos atletas que vie- ram a óbito por qualquer motivo, o estudo busca detectar lesões superficiais e possí- veis fraturas pelo método radiográfico, gra- duando-se o grau de lesão articular, princi- palmente a osteoartrite (OA) e por meio do exame artroscópico, analisar a cápsula ar- ticular, cartilagem articular, membrana si- novial e quistos ósseos, com classificação em diferentes graus de lesão de cartilagem articular e sinovite. Materiais e Métodos Foram utilizados 8 membros torácicos de cavalos atletas Puro-Sangue-Inglês (PSI) que estavam em contínuo e semelhante trei- namento e que vieram a óbito por qualquer causa, cuja idade variou entre 3-8 anos, de ambos os sexos. Os membros vieram da Fazenda do Jockey Club de São Paulo - Cidade Jardim. Após o óbito, os membros Introdução Os animais que participam de competi- ções das mais diversas formas que exigem esforços contínuos e intensos estão sujeitos a acidentes que podem acarretar em lesões no sistema locomotor. Um dos principais fatores para a ocorrência de lesões nos equi- nos é o início precoce do treinamento, de- vido ainda não terem atingido a maturida- de óssea5 e assim podendo acarretar fissu- ras na cartilagem ou mesmo flaps, que tar- diamente podem evoluir para uma osteoar- trite (OA) e consequente diminuição do desempenho nos esportes. É durante o pro- cesso de ossificação endocondral que po- dem ocorrer atrasos ou erros que darão ori- gem às lesões na cartilagem de crescimen- to da metáfise e na cartilagem do comple- xo articular-epifisário dos animais jovens. Embora heterogêneas estas lesões focais ou multifocais provocam diversas manifesta- ções clínicas consideradas no seu conjunto como uma importante Doença Ortopédica do Desenvolvimento (DOD) chamada Os- teocondrose (OC) e que podem ser identi- ficadas em equinos atletas12,22. Quando as lesões resultantes de OC penetram a super- fície articular provocando inflamação, der- rame sinovial e desprendimento de flap os- teocartilagíneo, tomam o nome de osteo- condrite dissecante (OCD)12. A OC tem uma grande incidência (em média 25%) em Warmbloods e em raças de corrida19. Dentre as artropatias dos equinos, as mais frequentes são aquelas que acometem os ossos do carpo, principalmente nos ca- valos de corrida (turfe e trote) das raças Puro-Sangue Inglês (PSI), Quarto de Mi- lha (QM) e American Troter. Devido à dis- tribuição de forças referentes à absorção dos impactos provocados pelo exercício inten- so, o ângulo diedro dorso-distal do osso carpo radial é a principal sede destas afec- ções6, além das fraturas do osso carpo aces- sório. O estudo radiológico das articulações é um método de diagnóstico complementar, servindo para confirmar e/ou auxiliar a sus- peita clínica. Ele também é utilizado no direcionamento do ponto de lesão para a cirurgia artroscópica. Os aspectos radiográ- ficos das OA incluem diminuição ou perda do espaço articular, esclerose do osso sub- condral, formação de osteófitos marginais, proliferação óssea periostal e eventualmente o desenvolvimento de anquilose10,16,3. O exa- me radiográfico vai demonstrar a erosão da cartilagem articular somente quando a mesma estiver suficientemente adiantada de modo que o espaço articular esteja di- minuído ou quando o osso subcondral mos- Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:065 6 • anteriores eram retirados de acordo com as técnicas de necropsia e colocados sob re- frigeração à 5ºC até que fossem transpor- tados para o Laboratório de Anatomia Ve- terinária da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Ao chegarem à Universi- dade, os procedimentos do estudo inicia- vam-se com a avaliação radiográfica, se- guida da artroscopia de ambos os membros. Ao longo do estudo, os membros dos ani- mais foram identificados com numerações de 1 à 8, divididos em esquerdo e direito. Neles foram analisadas as articulações do carpo e rádio cárpica, totalizando 15 arti- culações, devido um dos animais ter apre- sentado uma fratura cominutiva do mem- bro esquerdo na região daarticulação do carpo, sendo descartado. Estudo Radiográfico O estudo procedeu da analise radiográ- fica em quatro projeções: latero-medial (LM); crânio-caudal (CrCd); dorso lateral palmaro medial oblíqua (DLPMO) e dorso medial palmaro lateral oblíqua (DMPLO). A revelação das radiografias foi realizada por processamento automático. O aparelho de Raio-X Médico Veterinário utilizado foi o da marca TOSHIBA/RAYTEC, Modelo E7239-X, Fixo, nº da série 8B-517, Potên- cia 125kVp/600mA e os filmes radiográfi- cos utilizados foram de tamanho 24X30 cm. O parecer para o grau de lesão era avaliado por três profissionais do HOVET-METO- DISTA, seguindo a metodologia semi- quantitativa descrita por Kirker-Head et al. (2000)9. Estudo Artroscópico Para esse estudo foi utilizado um artros- copio de 4 mm com ângulo de visão 30º com lente giratória DYONICS® DE11584, fonte de irrigação com solução Ringer Lac- tato sob infusão contínua, fonte luminosa FERRARI® FH 250 R2, fibra óptica TEK- NO®, câmera SONY 200® TopWay SSD inside (CTCC 4120), processador de ima- gem CCD Color NTSC e sistema de captu- ra Kworld® USB Hybrid Tuner Stick (UB 430 - AF), associados à televisão e note- book, ainda elevadores de periósteo, rugi- nas, osteossomos e curetas. O procedimento da artroscopia inicia- va-se com a artrocentese, com retirada do líquido sinovial por meio de uma agulha 40x12 e seringa de 20 ml. Logo após, era realizada a incisão da pele com lâmina de bisturi n.15 de aproximadamente 1 cm de extensão, seguido da injeção de aproxima- damente 35ml de solução eletrolítica ba- lanceada e estéril, para expansão inicial da cápsula articular para facilitar a inserção do artroscópio na porção mais proximal ex- pandida da cápsula. A introdução da bai- nha do artroscópio neste local iniciava-se exatamente com um trocarte pontiagudo no interior da bainha, completava-se a pene- tração após ultrapassar a membrana sino- vial. Dessa forma, substituía-se o trocarte pontiagudo pelo artroscópio acoplando-o na bainha e dava-se início ao exame da cáp- sula articular. A solução eletrolítica era bombeada através da válvula de entrada de fluídos da bainha do artroscópio continua- mente para a cavidade articular, removen- do qualquer material e mantendo-a expan- dida, facilitando a visualização do opera- dor. A área de entrada do artroscópio na porção da cápsula articular da articulação do carpo iniciava-se entre o tendão do mús- culo extensor carpo-radial e o tendão do músculo extensor digital comum, podendo o membro estar em leve flexão6. O exame desta articulação começava medialmente, ao tendão extensor carpo radial, entre o carpo-radial e o III carpiano. Diante disso já era possível a visualização da superfície inferior do carpo radial e da superfície su- perior do III e II carpianos. Ainda pode-se observar, flexionando um pouco mais a ar- ticulação, o ligamento intercarpico palmar medial (anexo entre o III carpiano e o car- po radial). O aspecto dorsal do III carpiano é facilitado estendendo-se a articulação. Seguia-se com o exame da proeminência do bordo axial do osso carpo radial, inter- médio, a face intermédia do III carpiano e da parte axial do IV osso do carpo. Ao mover o artroscópico lateralmente, já era possível inspecionar o carpo ulnar e o IV carpiano. Rotacionando-se o artroscópio, o ligamento intercárpico palmar era visto dei- tado entre o IV carpiano e o carpo ulnar. Atinge-se assim a articulação rádio cár- pica inserindo-se o artroscópio pelo mes- mo portal, ou seja, em relação ao tendão extensor carpo radial e o tendão extensor comum dos dedos, no centro da depressão entre a linha do meio dos ossos do carpo e do rádio. A inspeção começava medialmen- te à articulação cárpica média. Primeira- mente realizava-se o exame da região me- dial do rádio distal e proximal do osso car- po radial. Neste ponto as vilosidades po- dem inibir a visibilidade do bordo dorsal do rádio, podendo isso ser corrigido com a distensão e extensão da articulação. Após a visualização da junção entre o carpo in- termédio e o carpo radial, o artroscópio era retirado deste ponto tendo-se uma visuali- zação da crista sagital do rádio. Lateral- mente o espaço articular fica mais estreito e em cavalos jovens o sulco da junção en- tre o processo estiloide e o rádio é visto na superfície articular do rádio. Para fim de procedimento, olhando-se distalmente e la- teralmente, inspecionava-se a parte axial do carpo ulnar. Seguiu-se a metodologia descrita por Velosa et al. (1999)20, o qual se preconiza que durante o procedimento cirúrgico ar- troscópico das articulações dos animais, a cápsula e superfície articular sejam avalia- das e classificadas, de acordo com a pre- sença de lesões, em normal, quando a su- perfície da cartilagem encontra-se ilesa; fi- brilada, se houver irregularidades na su- perfície da cartilagem articular, e fibrila- da, com exposição do osso quando as le- sões se aprofundam até o osso subcondral. No tocante à sinóvia, a classificação utili- zada foi em normal, vilos livres e com pe- quena vascularização; inflamada, vilos hi- perêmicos e com vasos congestos; degene- rados, vilos aderidos e com pouco movi- mento. Análise Estatística As amostragens obtidas foram analisa- das sob forma qualitativa das imagens ra- diográficas e artroscópicas. No primeiro analisava-se a superfície articular e óssea. Já no segundo método de análise, foi veri- ficado o tecido cartilaginoso e também da sinóvia. Todos esses métodos avaliaram as áreas da articulação carpeana, para quan- tificar as alterações degenerativas. Dessa forma, pelo exame radiográfico avaliou-se 10 parâmetros seguindo a metodologia des- crita por Kirker-Head et al. (2000)9, e na artroscopia avaliou-se 2 parâmetros (carti- lagem articular e sinóvia), envolvendo duas articulações (articulação rádio-carpica – ARC; e articulação intercárpica - AI), jus- tamente por conta dos acessos possíveis de entrada do artroscópio. Para medir a acu- rácia dos exames, mostrando o quão ele é confiável para diagnosticar a lesão, sem falso positivo e falso negativo, foi utilizada a tabela de contingência2 que leva em con- ta a presença ou ausência da doença/lesão. Resultados Foram analisados membros torácicos de oito cavalos de corrida, todos da raça PSI, provenientes do Jockey Club de São Paulo em Cidade Jardim. De todos os animais, um deles apresentou uma fratura cominuti- va e exposta na articulação do carpo, sendo descartado, totalizando dessa forma, 15 ar- ticulações analisadas pelos métodos radio- gráfico e artroscópico. Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:066 • 7 Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:067 8 • Figura 1: Projeção crânio cau- dal de imagem radiográfica de carpo de equino PSI, eviden- ciando diminuição do espaço articular em região medial, entre ossos do carpo (fileira distal) e metacarpo (Seta) FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 Figura 2: Projeção crânio cau- dal de imagem radiográfica de carpo de equino PSI, eviden- ciando erosão irregular/lise cística do osso subcondral em carpo radial (Seta) Figura 3: Projeção crânio cau- dal de imagem radiográfica de carpo de equino PSI, eviden- ciando erosão irregular/lise cística do osso subcondral em carpo radial (Seta) Figura 4: Projeção latero me- dial de imagem radiográfica de carpo de equino PSI, eviden- ciando osteófito (mineraliza- ção da margem articular) em região de III metacarpiano (Seta) Figura 5: Projeção latero me- dial de imagem radiográfica de carpo de equino PSI, eviden- ciando osteófito (mineraliza- ção da margem articular) em região de III metacarpiano (Seta) Figura 6: Projeção latero me- dial de imagem radiográfica de carpo de equino PSI, eviden- ciando fragmento osteocon- dral pequeno e bem definido (Seta) Figura 7: Imagem artroscópica de articulação intercárpica de equino PSI, evidenciando ebulização óssea em superfície de carpo radial Figura 8: Imagem artroscópica de articulação rádio cárpica de equino PSI, evidenciando cartilagem articular de rádio fibrilada e irre- gular. .....................................................................................................................alterações em rádio (6,6%) na articulação rádio cárpica (Figura 8). A sinóvia mos- trou-se alterada na região medial interna da cápsula articular na maioria dos casos (66,6%) (Figuras 9 e 10) e em alguns de- les, na região lateral interna da cápsula ar- ticular (20%) (Figuras 11 e 12). Raros foram os casos ande a mesma apresentou-se inalterada (13,3%) (Figura 13). Ainda em alguns animais, foram O exame radiográfico avaliou 10 parâ- metros seguindo a metodologia descrita por Kirker-Head et al. (2000)9 e a artroscopia avaliou 2 parâmetros (cartilagem articular e sinóvia) envolvendo duas articulações (ARC e AI). Como todos os parâmetros vi- sam determinar a presença ou ausência de lesão, assumiu-se que qualquer escore fora do normal (Artroscopia) foi considerado como positivo para a lesão, independente do grau desse escore. Ao observar os dados obtidos, ficou evi- dente que a artroscopia mostrou uma quan- tidade maior de lesões do compartimento articular em relação ao exame radiográfi- co (13/15 contra 7/15, respectivamente), sendo um exame mais eficiente para detec- tar lesões. Isso é mostrado na tabela 1. Tabela 1: Tabela de contingência mostrando a eficácia dos testes com valor qualitativo de presença ou não de lesão Artroscopia (Padrão/Ouro) Positivo Negativo Positivo 6a 1b 7@ Negativo 7c 1d 8^ 13* 2# 15 *Positivo na Artroscopia; #Negativo na Artroscopia; @Positivo no Raio-X; ^Negativo no Raio-X; a: Verdadeiro positivo; b: Falso positivo; c: Falso negativo; d: Verdadeiro negativo A artroscopia diagnosticou lesão em 86,6% dos casos enquanto que o exame ra- diográfico em 46%, mostrando que há um incremento de 40% na capacidade de de- tectar a lesão pelo método artroscópico. Quando a doença está presente, o exame radiográfico mostrou em 46% dos casos presença de lesão (Sensibilidade de 46%). Quando a lesão está ausente, o raio-X mos- trou em 50% dos casos a ausência de alte- ração demonstrado com especificidade de 50%. Nos 46% dos casos diagnosticados com lesão radiográfica, as mesmas concentra- ram-se em região medial da articulação (26%) (Figura 1), margeando o osso carpo radial (Figuras 2 e 3), II e III metacarpia- no, onde nesse último a presença de osteó- fitos (Figuras 4 e 5) foi considerada alta (20%). Poucos foram os animais que apre- sentaram lesões em região lateral da arti- culação (6,6%) (Figura 6). No exame ar- troscópico as lesões concentravam-se em articulação intercárpica envolvendo em sua grande maioria o osso carpo radial (26,6%) em sua articulação com os ossos III carpia- no (Figura 7) e carpo intermédio, além de FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 Total Raio-X Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:068 • 9 observadas alterações na articulação entre os ossos da fileira distal do carpo (33,3%) (Figuras 14 e 15) e raras alterações ósseas em região lateral da articulação (20%) (Fi- gura 16). Discussão Segundo Garcez (2010)5, um dos prin- cipais fatores para a ocorrência de lesões nos equinos é o início precoce do treina- mento, graças a imaturidade óssea, levan- Figura 9: Imagem artroscópica de articulação rádio cárpica de equino PSI, evidenciando si- nóvia inflamada, com vilos hiperêmicos e va- sos congestos Figura 10: Imagem artroscópica de articula- ção rádio cárpica de equino PSI, evidencian- do sinóvia inflamada, com vilos hiperêmicos e vasos congestos Figura 11: Imagem artroscópica de articulação intercárpica de equino PSI, evidenciando es- pessamento de cápsula articular e irregulari- dade em superfície de osso carpo intermédio .................................................................................... Figura 12: Imagem artroscópica de articula- ção intercárpica de equino PSI, evidenciando sinóvia degenerada, com vilos aderidos, com pouco movimento Figura 13: Imagem artroscópica de articulação rádio cárpica de equino PSI, evidenciando sinóvia de aspecto normal Figura 14: Imagem artroscópica de articula- ção intercárpica de equino PSI, evidenciando cartilagem articular entre III e IV carpianos fibrilada e irregular ................................................................................... Figura 15: Imagem artroscópica de articula- ção intercárpica de equino PSI, evidenciando cartilagem articular entre II e III carpianos fibrilada e irregular Figura 16: Imagem artroscópica de articula- ção intercárpica de equino PSI, evidenciando espessamento e irregularidade de cápsula ar- ticular e erosões ósseas em superfície de IV carpiano ................................................................................ do à possibilidade de ocorrer microfratu- ras podendo acarretar em fissuras na carti- lagem ou mesmo flaps, que tardiamente podem evoluir para uma osteoartrite (OA). Este fato pode ser relacionado no estudo apresentado, onde os membros analisados tanto radiograficamente, como pela técni- ca da artroscopia mais precisamente, per- tenciam a equinos atletas em constante trei- namento, na faixa etária entre 2 e 8 anos, onde os mesmos já apresentavam lesões ca- racterísticas do esporte em cartilagem arti- cular, cápsula articular e sinóvia, além de alguns exibirem fraturas em ossos do car- po. No estudo, as radiografias evidenciaram a maioria das lesões em região medial da articulação intercárpica e carpo metacár- pica, margeando o osso carpo radial, II e III metacarpiano, onde nesse último a pre- sença de osteófitos foi considerada. O exa- me artroscópico mostrou maiores casos de lesões em articulação intercárpica envol- vendo em sua grande maioria o osso carpo radial em sua articulação com os ossos III carpiano e carpo intermédio, corroboran- do com os achados de Gomes (1998)6, que justifica o nível de lesão estar diretamente relacionado com a dificuldade de distribui- ção igualitária de forças referentes à absor- ção dos impactos, provocados pelo exercí- cio intenso é o ângulo diedro dorso-distal do osso carpo radial e/ou fraturas do osso carpo acessório. O exame radiográfico em casos de OA incluem diminuição ou perda do espaço ar- ticular, esclerose do osso subcondral, FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L, 2 01 3 Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:069 10 • formação de osteófitos marginais, prolife- ração óssea periostal e eventualmente o de- senvolvimento de anquilose, demonstran- do uma erosão da cartilagem articular so- mente quando a mesma estiver suficiente- mente adiantada10,16,2, onde segundo Stashak (1994)17, o grau de alteração na membrana sinovial acaba sendo de difícil avaliação. É um exame utilizado no direci- onamento do ponto de lesão para a cirur- gia artroscópica, sendo que esta última bus- ca o estudo e diagnóstico muitas vezes pre- coce de estruturas da articulação como membranas sinoviais e cartilagens articu- lares, além do seu importante papel no tra- tamento articular, como remoção de flaps e fragmentos osteocondrais. O direciona- mento para a avaliação artroscópica do ponto de afecção articular no estudo em questão, em sua grande maioria, foi guia- do pela técnica radiográfica anteriormente realizada. Porém, em alguns casos, a ar- troscopia pôde revelar alterações não en- contradas no raio-X, e não só em sinóvia e cartilagem articular, mas em superfície ós- sea, cápsula articular e articulação entre os ossos do carpo. Tais alteraçõesincluem fragmentos osteocondrais aderidos em os- sos do carpo, ebunização óssea, fissuras e mesmo fragmentação em ossos do carpo. Segundo Bardet (2006)1, a artroscopia con- segue revelar lesões articulares discretas e precoces que não são evidenciadas pelo exame radiográfico, o que foi realmente observado no trabalho apresentado. A ocorrência de falsos positivos no exa- me artroscópico não está livre de aconte- cer, sendo uma opção de direcionamento e análises com maior exatidão, a compara- ção destes com o exame histopatológico, considerado um exame padrão para eviden- ciar o grau de OA em uma articulação si- novial. Conclusão Mediante os resultados obtidos e com- parados com as recentes publicações da área, conclui-se que embora a radiografia e artroscopia sejam exames com princípios e análises bem diferentes, ambos se com- pletam no diagnóstico e direcionamento do tratamento de lesões articulares de equinos, com atenção à articulação do carpo em ca- valos de corrida, que através do estudo pode-se perceber que a maioria das altera- ções e lesões encontram-se em ossos e com- partimentos articulares intermediários e mediais da articulação estudada. Além dis- so, um cavalo que sofra de um problema articular, implicando a cartilagem articu- lar, sinóvia, cápsula articular e líquido si- novial, elementos estes que não produzem alterações radiográficas demonstráveis, deva requerer técnicas mais avançadas para diagnóstico precoce e tratamento adequa- do do compartimento articular, como a ar- troscopia, que poderá ser associada ao exa- me histológico dos tecidos, contribuindo desta forma para menores chances de re- sultados falsos positivos. Referências 1 - BARDET, J.F. (2006). Diagnostic and surgi- cal arthroscopy in dogs. In Iams Clinical Nutri- tion Symposium 2006: Switzerland, February 11, 2006, (14-18). Disponível em: <http:// www.ivis.org/proceedings/iams/2006_montreux/ bardet.pdf. Acesso em: 20 nov. 2012. 2 - BERQUÓ, E.S.; SOUZA, J.M.P.; GOTLIEB, S.L.D. Bioestatística, 2.ed., São Paulo: E.P.U., 2001, 350p. 3 - BJORNSDÓTTIR, S.; AXELSSON, M.; EK- SELL, P.; SIGURDSSON, H; CARLSTEN, J. 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Raphael Roseti Lavado (raphaelroseti@yahoo.com.br) M.V. responsável pelo setor de grandes animais do Hospital Veterinário da Universidade Metodista de São Paulo. Anderson Coutinho da Silva (anderson.silva@metodista.br) Prof. Ms. de Medicina Veterinária da Universidade Metodista de São Paulo. Jordana Casemiro Pinto Monteiro (jojamonteiro@hotmail.com) M.V. responsável pelo setor de anestesiologia do Hospital Veterinário da Universidade Metodista de São Paulo. Thiago de Azevedo Noronha (noronhavet@hotmail.com) Prof. Ms. de Medicina Veterinária da Universidade Metodista de São Paulo. * Autora para correspondência RESUMO: O encarceramento de alças intestinais em anel inguinal após uma orquiectomia não é uma complica- ção usual na casuística hospitalar, caracterizado pelo deslocamento da porção final do jejuno ou do íleo através do canal inguinal, é observado com maior frequência em garanhões após monta natural ou congenitamente em potros. Nas hérnias irredutíveis, a terapêutica é cirúrgicae emergencial e o prognóstico reservado devido às lesões estrangulantes nas alças intestinais. Um equino, macho, 10 anos da raça Puro Sangue Lusitano foi enca- minhado ao hospital veterinário da Universidade Metodista de São Paulo para realização de orquiectomia eletiva, e cerca de 2 horas após o procedimento o animal apresentou sintomas de síndrome cólica com evolução aguda, mucosas congestas, sudorese, secreção sero-sanguinolenta na região da incisão cirúrgica e através da palpa- ção escrotal constatou-se a presença de intestino delgado com reflexo doloroso à palpação. O animal foi imedi- atamente encaminhado para a cirurgia, onde foi realizada a redução da alça intestinal encarcerada, enterectomia de aproximadamente 1,8 metros da porção do jejuno e herniorrafia completa do anel inguinal. A recuperação pós-operatória foi satisfatória, sendo que o animal retornou à atividade atlética e recuperou o seu peso corporal inicial. Unitermos: encarceramento, hérnia inguinal, orquiectomia, enterectomia, equinos, cólica ABSTRACT: The bowel incarceration in the inguinal ring after an orchiectomy is an unusual complication in the case series, characterized by the displacement of the end portion of the jejunum or ileum through the inguinal canal, is more frequently observed in stallions after natural mating or congenitally in foals. In the irresolvable hernias, surgical treatment is urgrently required and still the prognosis is poor due to estrangulation of the intestinal wall. One male pure blood horse, 10 years old and Lusitano breed was taken to the Methodist University of São Paulo’s Veterinary Hospital, for elective orchiectomy - about 2 hours after the procedure the animal presented symptoms of acute colic syndrome with acute, congested mucous, sweating, sero-bloody discharge at the incision area and through scrotal palpation was possible to observe the presence of small bowel in the scrotum with painful reflex on touch. The animal was immediately taken to surgery, in which a reduction of the incarcerated bowel loop took place - enterectomy of approximately 1.8 meters from the jejunum part and complete hernia repair of the inguinal ring were performed. Postoperative recovery was satisfactory, since the animal returned to its athletic activity and regained its initial body weight. Keywords: incarceration, inguinal hernia, orchiectomy, enterectomy, equine, colic RESUMEN: El encarcelamiento de los intestinos en el anillo inguinal después de una orquiectomía es una complicación inusual que se caracteriza por el desplazamiento de la parte final del yeyuno o el íleon a través del canal inguinal. Este se observa con mayor frecuencia en los sementales después del apareamiento natural o congenitamente en los potros. La hernia irreductible se trata quirúrgicamente y de emergencia y debido a lesiones estrangulantes en la pared intestinal el pronóstico es reservado. Un caballo macho de 10 años de raza Lusitano fue remitido al hospital veterinário de la Universidad Metodista de São Paulo para una orquiectomía electiva, alrededor de 2 horas después del procedimiento el animal mostró síntomas de síndrome cólico agudo, mucosa congestionada , sudoración, secreción sero-sanguinolenta en el área de la incisión y mediante la palpación del escroto se pudo observar la presencia de intestino delgado en el mismo. Al animal se le practico una enterectomia de emergencia, seccionando aproximadamente 1,8 metros del yeyuno y cerrando el anillo inguinal. La recuperación postoperatoria fue satisfactoria y el animal regresó a la actividad deportiva recuperando su peso corporal inicial. Palabras clave: Encarcelamiento, hérnia inguinal, orquiectomía, enterectomía, caballo, cólico FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L (2 01 3) Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:0612 • 13 Introdução O termo encarceramento de intestino delgado em anel inguinal refere-se à pas- sagem do conteúdo abdominal através do canal inguinal podendo ocorrer direta ou indiretamente. Indiretamente, a víscera en- tra no anel vaginal, passa pelos anéis pro- fundos e superficiais, localizando-se na cavidade vaginal ao lado e em contato com o testículo. Quando ocorre de maneira di- reta, o conteúdo passa por uma falha do peritônio, atravessa o anel inguinal profun- do e superficial, e ficará contido na região inguino-escrotal por fora da túnica vagi- nal. O encarceramento de intestino delgado em anel inguinal também descrito como hérnia inguinal pode ocorrer mais comu- mente de forma congênita nos potros e de forma adquirida nos garanhões. O relato em questão descreve o caso de um equino que após a realização de uma orquiectomia eletiva passou a apresentar dor abdominal, com evolução aguda. À palpação foi possível identificar intestino delgado no foco da orquiectomia, e o mes- mo foi encaminhado rapidamente ao cen- tro cirúrgico para a realização de uma celi- otomia. Pode-se notar comprometimento de aproximadamente 1,8 metros de intestino delgado, sendo necessária a realização de enterectomia, enteroanastomose e fecha- mento do anel inguinal. A recuperação pós- operatória foi satisfatória e o animal con- seguiu recuperar a sua forma física. As hérnias inguino-escrotais são carac- terizadas pelo deslocamento da porção fi- nal do jejuno ou íleo através do canal in- guinal, por vezes se estendendo até o es- croto. Ocorrem mais comumente ao nasci- mento ou até alguns meses após, podendo se resolver espontaneamente durante os primeiros meses de vida9. A maior incidência de hérnias inguinais em equinos é a hérnia congênita dos po- tros e a adquirida dos garanhões1. Em uma revisão de 14 casos de hérnias diretas em potros com menos de 48 horas de vida, sub- metidos à cirurgia de urgência, o intestino delgado estava presente em todos os casos e a sobrevivência após seis meses foi de 50%15. A ocorrência de encarceramento de alças intestinais após a castração é mais comum em casos de criptorquidismo, quan- do é feita uma incisão peritoneal de gran- des dimensões3. As hérnias inguinais são mais comuns em equinos das raças American Trotter e Tenesse Walking Horse, os quais tendem a apresentar o canal inguinal congenitamente grande. As hérnias inguinais também po- dem ocorrer em potros neonatos, mas dife- rem das hérnias em equinos adultos, pois tipicamente são não estrangulantes11. Os achados típicos da anamnese carac- terizam-se por início de cólica aguda em garanhões que recentemente foram utiliza- dos para a reprodução, exercícios ou trau- mas e mais raramente após a realização de uma orquiectomia e nestes casos quase to- das são irredutíveis. Os sinais clínicos da enfermidade incluem início súbito, dor agu- da e intensa, rápida alteração dos parâme- tros fisiológicos e aumento de volume em um ou ambos os lados do escroto, com di- minuição da temperatura local9. O diagnós- tico pode ser confirmado pela palpação di- reta, palpação transretal e ultrassonografia do escroto. Por ser uma obstrução estran- gulante, o tratamento cirúrgico imediato é essencial, por meio de celiotomia2. A natureza da hérnia, direta ou indire- ta, é determinada com base na integridade da túnica vaginal parietal. Nos equinos em que as alças permanecem dentro da túnica vaginal parietal, a hérnia é classificada como indireta (figura 1), pois as alças per- manecem dentro da cavidade peritoneal. As hérnias diretas (figura 2) são aquelas em que o segmento intestinal estrangulado rompe a túnica vaginal parietal, localizan- do-se no subcutâneo. Embora a maioria das Figura 2: Hérnia inguinal direta. Rompimento da túnica vaginal parietal e localização do intestino delgado no espaço subcutâneo Figura 1: Hérnia inguinal indireta. Nota-se a preservação da túnica vaginal parietal e as alças intestinais em contato com o testículo FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L (2 01 4) FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L (2 01 4) Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:0613 14 • hérnias inguinais indiretas apresente re- solução com a redução manual através da manipulaçãoda alça herniada pelo reto, esse procedimento não é recomendado devido ao risco de se provocar lacerações retais, sendo indicada a resolução cirúrgi- ca em ambos os casos11. Caso seja constatada a presença de al- ças inviáveis (figura 3 e 4), uma enterec- tomia da porção estrangulada deve ser rea- lizada, necessitando geralmente praticar incisão abdominal além do acesso pelo es- croto. Várias técnicas cirúrgicas são reco- mendadas para o tratamento das hérnias in- guinais e consistem basicamente na herni- orrafia realizada após o acesso à cavidade da túnica vaginal e redução dos órgãos her- niados. Nesse caso realiza-se a remoção, ligadura e a ablação do cordão espermáti- co, túnica vaginal parietal e do músculo cre- máster, podendo ou não realizar o fecha- mento total do anel inguinal externo8. Relato de caso Foi atendido no hospital veterinário da Universidade Metodista de São Paulo, um equino, macho, 10 anos da raça Puro San- gue Lusitano, que cerca de duas horas após a realização de orquiectomia eletiva apre- sentou sintomas de síndrome cólica, onde foi possível observar dor intensa, sudore- se, estrangúria e secreção sero-sanguino- lenta na região de incisão da orquiectomia (figura 5). Ao exame clínico pode-se observar ta- quicardia considerável, com frequência cardíaca acima de 80 batimentos por mi- nuto, taquipneia, dor, mucosas congestas, TPC acima de quatro segundos e aumento de volume em região escrotal com presen- ça de secreção sero-sanguinolenta em quan- tidade considerável. À palpação escrotal pode-se notar presença de intestino delga- do na região escrotal, com reflexo doloro- so à palpação. Antes da cirurgia foi realizada fluido- terapia com a solução cristaloide Ringer com lactatoa para restabelecer a volemia e hidratação do animal, também foi adminis- trado flunixin meglumineb na dose de 1,1 mg/kg por seu efeito analgésico e anti-in- flamatório. Após a medicação pré-anestésica com cloridrato de detomidinac (0,02 mg/kg IV) utilizou-se cloridrato de cetaminad (2 mg/ kg IV) e midazolame (0,05 mg/kg IV) para indução anestésica, o animal foi colocado em decúbito dorsal e para manutenção anes- tésica utilizou-se isofluranof (3% de vapo- rização) e oxigênio em circuito semi-fecha- do. Durante o transcirúrgico o animal apre- sentou queda da pressão arterial média (que ficou em torno de 50 mmHg), para seu tra- tamento foi utilizada a efedrinag como dose efeito (uma ampola de 1 ml na dose de 50 mg/ml diluídos em 500 ml de Solução Fi- siológica 0,9%) que demonstrou-se efetiva permitindo o restabelecimento da pressão arterial que manteve-se ao redor de 80 mmHg durante o período restante do pro- cedimento. Foi realizada uma incisão na área do escroto para permitir a visualização e ma- nipulação do seguimento intestinal herni- ado, dessa forma realizou-se a tração do jejuno e enterectomia de aproximadamen- te 30 centímetros com enteroanastomose término-terminal. A ausência da túnica vaginal envolvendo o conteúdo herniário demonstrou que o caso tratava-se de uma hérnia direta. Após essa primeira enterectomia e en- teroanastomose realizou-se o acesso abdo- minal tradicional através da celiotomia, para tração e exposição das alças pela linha média ventral, dessa forma exploraram-se adequadamente as vísceras abdominais e Figura 4: Imagem mostrando a presença de alças intestinais hernia- das através do canal inguinal e realização de punção para drenagem do conteúdo gasoso buscando uma diminuição do seu volume para facilitar a redução. Figura 3: Imagem mostrando a inviabilidade parcial de alças intesti- nais FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L (2 01 3) Figura 5: Imagem mostrando presença de se- creção sero-sanguinolenta drenando a região da orquiectomia horas após a realização do procedimento a Ringer com lactato - Equiplex Ind. Farmacêutica b Flunixin Injetável - Chemitec c Dormium V - Agener União d Cetamin - Syntec e Midazolam - Hipolabor f Isoflurano - Biochimico g Unifedrini - União Química ................................................................................................................................................................................ FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L (2 01 3) FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L (2 01 3) Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:0614 • 15 verificou-se uma área de aproximadamen- te 1,5 metros de inviabilidade intestinal da porção do jejuno e assim foi realizada ou- tra enterectomia, seguida de enteroanasto- mose do tipo latero-lateral, totalizando uma retirada de 1,8 metros de jejuno. Um últi- mo acesso foi realizado no anel inguinal, seguido de herniorrafia completa com fio Poliglactina 910 tamanho 2 (dois) e sutura de pele com fio Nylon tamanho 0 (zero). Para finalização reposicionou-se as alças intestinais, executou-se lavagem da cavi- dade abdominal com Solução Fisiológica 0,9% seguida por aspiração e iniciou-se a sutura da camada muscular com fio Poli- glactina 910 tamanho 2 (dois), a aproxi- mação do tecido subcutâneo com fio Poli- glactina 910 tamanho 0-0 (dois zero) e su- tura de pele com fio Nylon tamanho 0 (zero). A duração da cirurgia foi de três horas e meia e para terapia pós-operatória reali- zou-se antibioticoterapia com Gentamici- nah na dose de 6,6 mg/kg a cada 24 horas e Penicilinai na dose de 20000 UI/kg a cada 12 horas por 10 dias, como terapia anti- inflamatória foi utilizado Flunixin Meglu- mineb na dose de 1,1 mg/kg por cinco dias, limpeza do foco cirúrgico com solução de iodo 2%, rifamicinaj e pomada a base de gentamicinak. Durante sete dias foi reali- zada a fluidoterapia de suporte com com- plexo vitamínico e ranitidinal na dose de 0,9 mg/kg duas vezes ao dia. O animal teve uma ótima recuperação pós-operatória e houve uma boa manuten- ção do quadro clínico, sem intercorrênci- as posteriores e após 14 dias retirou-se os pontos. Discussão Alguns fatores podem predispor parti- cularmente um cavalo à ocorrência de um encarceramento das alças intestinais atra- vés do anel inguinal após uma orquiecto- mia, dos quais se destacam a presença de vísceras muito próximas do anel inguinal ou uma pressão abdominal demasiado ele- vada após a cirurgia4. No caso relatado não se sabe o que predispôs ao encarceramen- to, pode ter ocorrido um aumento de pres- são abdominal no momento do animal se levantar, mas nada que possa ser certifica- do. O tratamento cirúrgico para hérnias in- guinais deve ser instituído quando houver sinais evidentes de cólica, encarceramento de alça intestinal, estrangúria, edema es- crotal, sinais esses que foram observados no presente caso. Os animais com hérnias irredutíveis que apresentem os sinais aci- ma descritos devem ser imediatamente ope- rados, sob o risco de complicações que os leve rapidamente ao óbito1. A indução anestésica pode ser variável, mas agentes que causem o mínimo de de- pressão cardiorrespiratória são recomenda- dos e a manutenção da anestesia com ga- ses anestésicos é o procedimento de esco- lha12. Teixeira e Schossler (1997) relatam que empregaram esta conduta para a indu- ção e manutenção anestésica e o animal apresentou depressão cardiorrespiratória durante a cirurgia, chegando a permanecer em apneia durante alguns minutos. Embo- ra no presente caso tenha-se usado fárma- cos com as características citadas acima e a manutenção com gases anestésicos, o animal não apresentou depressão cardior- respiratória e nem sequer apneia. Durante a cirurgia, mesmo realizando todos os procedimentos clínicos, anestési- cos e cirúrgicos recomendados para os ca- sos de encarceramento de alça intestinal em anel inguinal, o animal apresentou hipo- tensão, situação considerada comum em equinos durante cirurgias deste tipo, devi- do aos efeitos de endotoxinas e do seques- tro de líquidos no intestino5. Para essas si- tuações recomenda-se o uso de catecolami- nas sintéticas que proporcionam melhora no rendimento cardiocirculatório, o trata- mento realizado com Efedrina em nosso caso mostrou-se efetivo e manteve a pres- são arterialdo animal dentro dos valores esperados. A miosite pós-anestésica é uma com- plicação que compromete significativamen- te o prognóstico do animal. Estudos têm demonstrado que a hipotensão durante a anestesia é um fator determinante para o desencadeamento desse processo7. Uma for- ma de se prevenir a miosite pós-anestésica e que foi realizado no nosso caso foi a ma- nutenção da pressão arterial média acima de 70 mmHg, bem como o posicionamento e o acolchoamento das partes do corpo do animal expostas à compressão evitando assim a ocorrência dessa síndrome. Devido à dificuldade em reposicionar e delimitar a inviabilidade das alças intesti- nais através da incisão escrotal foi neces- sária outra incisão na região abdominal para a melhor avaliação das alças intesti- nais e reposicionamento, conduta também sugerida por Thomassian, 1997. A laparoscopia pode substituir a celio- tomia no exame das alças intestinais, evi- tando complicações cirúrgicas como ade- rências e infecções iatrogênicas. Se a alça intestinal não for viável a ressecção e anas- tomose será feita pelo acesso inguinal ou abdominal6. Neste caso não foi realizada a laparoscopia para a análise da viabilidade das alças intestinais e a celiotomia foi a téc- nica escolhida para a resolução da afecção. A morte irreversível de um segmento intestinal ocorre após duas horas de isque- mia no intestino delgado e após três horas no cólon maior, mas isto pode variar de acordo com a quantidade de fluxo sanguí- neo residual para o tecido afetado. Para o cirurgião, a oclusão venosa causa o tipo mais difícil de lesão, porque o espessamento ou a quantidade de hemorragia não podem ser correlacionados com a viabilidade10. A biópsia seria o método mais confiá- vel para decidir sobre a viabilidade tecidu- al, entretanto o processamento e a análise do material coletado demandam tempo, tor- nando inviável sua utilização em situações cirúrgicas como a do caso relatado. A ci- rurgia foi realizada após quatro horas do encarceramento do intestino delgado, fato esse que explica a enterectomia de 1,8 me- tros pela morte irreversível desse segmen- to intestinal, que apresentava alterações sig- nificativas quanto à coloração, motilidade e teste de beliscamento. Conclusão Os processos estrangulativos intestinais em equinos apresentam o caráter emergen- cial como característica comum, quanto mais rápido é realizado o diagnóstico e o encaminhamento do animal para o proce- dimento cirúrgico maiores as chances de sucesso visto que o processo de isquemia intestinal causa alterações rápidas e seve- ras tanto na porção intestinal afetada quanto no equilíbrio hemodinâmico do paciente. No caso relatado podemos apontar a ra- pidez no diagnóstico como um fator deter- minante para seu sucesso. O fato do ani- mal já estar internado no momento em que iniciaram os sintomas permitiu que os mes- mos fossem rapidamente constatados e a decisão pela intervenção cirúrgica foi pron- tamente tomada. Dessa forma, minimizou- se os efeitos deletérios da isquemia e as al- terações hemodinâmicas puderam ser con- troladas permitindo tanto a realização da correção cirúrgica quanto uma recuperação anestésica favorável, fatores que foram de- terminantes para o sucesso da recuperação pós-operatória. i Agrosil - Vansil j Rifamicina - EMS k Vetaglos - Vetnil l Cloridrato de Ranitidina - Hypofarma Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:0615 16 • Referências 1 - ADAMS, R. The genital sistem. In: KO- TERBA, A. Equine clinical neonatology, Philadelphia: Lea & Febiger, 1990, p.490- 495. 2 - BLIKSLAGER, A.T. Strangulating Obs- truction of the Small Intestine. In: ROBIN- SON, N.E, Current therapy in Equine Medicine, 5.ed., St. Louís: Saunders, 2003, cap.3.7, p.104-108. 3 - FREEMAN, D.E. 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Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:0616 • 17 Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:0617 18 • Avaliação “Leukocyte evaluation and cortisol dosage in Quarter Horses used in proofs of three barrels: interference of training in animal health” “Evaluación de leucocitos y dosificacion de cortisol en caballos Cuarto de Milla empleados en pruebas de tres barriles: interferencia de formación en salud animal” Natalia Serra Bueno* (naty_serra@hotmail.com) Graduanda da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) Patrícia Moura da Cunha Souza (patricia.cunhasouza@gmail.com) M.V. contratado do Hospital Veterinário Metodista de São Paulo Raphael Roseti Lavado (raphaelroseti@yahoo.com.br) M.V. contratado do Hospital Veterinário Metodista de São Paulo Thiago de Azevedo Noronha (noronhavet@hotmail.com) Prof. adjunto das Fac. de Medicina Veterinária das Univ. Metodista de São Paulo (UMESP) e Univ. Paulista (UNIP) * Autora para correspondência RESUMO: Cavalos que realizam atividades esportivas, frequentemente sofrem um alto nível de estresse duran- te competições e treinamentos intensivos, podendo acarretar diversos tipos de problemas, atingindo assim seu sistema imunológico. Neste projeto foi realizado o estudo da avaliação leucocitária e dosagem de cortisol, com o intuito de avaliar a interferência do treinamento na saúde animal e bem-estar de cavalos atletas praticantes do esporte equestre Três Tambores. Foram analisadas amostras sanguíneas de 8 equinos da raça Quarto de Milha em treinamento intenso sendo 4 machos e 4 fêmeas, todos em perfeito estado de saúde. As coletas foram realizadas em três momentos, uma antes do treino com o animal em repouso, outra logo após o treino animal em pista, e uma terceira 24 horas após o treino, com animal dentro da baia, todas sendo realizadas no período diurno e analisadas no laboratório em seguida. O presente estudo obteve em alguns animais, aumento discreto de leucócitos totais, basófilos e cortisol plasmático porém, não significativo estatisticamente. Assim com base no presente estudo pode ser observado que cada vez mais os animais estão sendotreinados e tratados ade- quadamente, assim apresentando menos alterações em relação a seu estado imunológico e se adaptando ao estresse que são submetidos, livres de qualquer intolerância ao exercício físico. Unitermos: Avaliação leucocitária, dosagem de cortisol, Quarto de Milha, sistema imunológico ABSTRACT: Horses that perform sports activities, often suffer high levels of stress during intensive training and competitions, which may cause various problems, thus affecting your immune system. In this project, the study of leukocyte evaluation and cortisol, in order to evaluate the effect of training on animal health and welfare practitioners horses equestrian sport athletes that perform barrel racing. Blood samples of 8 horses of Quarter Horse were analyzed in intense training with 4 males and 4 females, all in perfect health. The sampling was conducted in three steps, the first one was done before training with the animal at rest, the second one was just after the training on the field and the third one was done 24 hours after training with the animals inside the stables, all being made during daytime and analyzed in the laboratory afterwards. The result of this study showed a slight increase in leukocytes, basophils and plasma cortisol but not statistically significant. So, based on this study, the results showed that the animals are being well treated and having the appropriate training, presenting less change in their immune status and adapting to the stress they undergone and free of intolerance to exercise. Keywords: Evaluation leukocyte, cortisol, Quarter Horses, immune system RESUMEN: Los caballos realizan actividades deportivas, a menudo sufren altos niveles de estrés durante el entrenamiento y las competiciones de obra, lo que puede causar varios problemas, llegando así a su sistema inmunológico. En este proyecto, el estudio de evaluación de leucocitos y el cortisol, con el fin de evaluar el efecto de la formación del médico de familia y el bienestar de los animales caballos atletas de deportes ecues- tres se realizó tres barriles. Se analizaron muestras de sangre de 8 caballos de Cuarto de Milla en el entrenami- ento intenso, con 4 hombres y 4 mujeres, todos en perfecto estado de salud. El muestreo se llevó a cabo en tres fases, una antes de entrenar con el animal en reposo, el animal era otro entrenamiento de pista, y la tercera 24 horas después de la formación, con el animal en el interior de la bahía, todo se hizo durante el día y se analiza en el laboratorio después. Este estudio fue en algunos animales, un ligero aumento en el total pero no estadística- mente significativas leucocitos, basófilos y cortisol en plasma. Así que en base a este estudio se puede ver que cada vez más animales están siendo entrenados y tratados adecuadamente, presentando así un menor cambio en relación con su estado inmunológico y la adaptación al estrés que sufren, libre de la intolerancia al ejercicio. Palabras clave: Evaluación de leucocitos, cortisol, caballos Cuarto de Milla, el sistema inmunológico e dosagem de cortisol de cavalos Quarto de Milha - utilizados em provas de Três Tambores: interferência do treinamento na saúde animal Figura 1: Coleta com o animal em repouso antes do treino ................................................ FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L (2 01 4) Paginas 1 a 22.pmd 31/7/2014, 15:0618 • 19 Figura 2: Coleta logo após o exercício físico ................................................................................... FO N TE : A R Q U IV O P E S S O A L (2 01 4) Introdução O esporte equestre está em ascensão, contendo atualmente diversas modalidades, alguns de importância apenas regionais e outros internacionais, entre eles estão os três tambores. Por ser uma das modalida- des mais praticadas na atualidade, vem au- mentando o número de animais e os pro- blemas envolvidos com a prática deste es- porte, sendo realizado pelo equino consi- derado o mais versátil do mundo, o Quarto de Milha. A raça Quarto de Milha é conhecida pelo seu temperamento dócil e grande ap- tidão esportiva, devido suas características morfológicas, principalmente a de possuir exuberante musculatura, o que o torna um cavalo capaz de atingir grandes velocida- des em curtas distâncias, tendo tudo que é necessário para realizar com grande suces- so as provas de hoje, a qual exige uma sin- cronia entre o cavaleiro e o animal. O esporte três tambores exige princi- palmente uma atividade anaeróbica de curta duração e alta intensidade, onde são extre- mamente exigidos, regulamentada por ri- gorosas normas, a fim de preservar a inte- gridade física do animal, onde um Juiz res- ponsável inspeciona o animal ao término do percurso. A profissionalização do esporte, aliada ao aumento do numero de eventos e com- petidores, tem acarretado uma maior exi- gência física dos cavalos que são submeti- dos a provas extenuantes durante dias, onde alguns animais chegam a disputar várias categorias em uma mesma competição. Esses equinos frequentemente sofrem um alto nível de estresse durante competi- ções, por terem contato direto com outros animais, condições de clima, a pista onde competem, sons os quais não estão acostu- mados e treinamentos intensivo, visando um melhor condicionamento físico, assim tendo uma grande variedade de parâmetros fisiológicos alterados durante treinamentos e competições, como traumas em diversos sistemas, podendo atingir até mesmo seu sistema imunológico, agravando alguns casos. O objetivo deste estudo foi avaliar a in- terferência do treinamento na saúde e bem- estar de cavalos atletas (Figura 1) que rea- lizam o esporte equestre de Três Tambores (Figura 2). Foram analisados 8 equinos, com ida- de entre 4 a 6 anos em treinamento inten- so, sendo 4 fêmeas e 4 machos, todos da raça Quarto de Milha. A partir destas amos- tras, foi realizada uma avaliação leucocitá- ria quantitativa e dosagem de cortisol san- guíneo para tentar estimar o estresse em que estes são submetidos. Revisão de literatura Uma grande variedade de parâmetros fisiológicos como índice de recuperação car- díaca, grau de desidratação e hipertermia é alterada durante treinamentos e competi- ções19. A utilização de exames para a avalia- ção do desempenho atlético, juntamente com as respostas fisiológicas obtidas pela ação do exercício e do treinamento, pode ser uma valiosa ferramenta para maximi- zação dos resultados obtidos nas competi- ções. Além disso, os exames são importan- tes para detectar patologias (doenças, afec- ções, enfermidades) cardíacas, respiratóri- as e músculo-esqueléticas, entre outras, que são fatores limitantes à realização de exer- cícios2. As alterações leucocitárias que ocorrem durante provas de longa duração diferem daquela observada sob condições de exer- cício de máxima intensidade, como nas pro- vas dos Três Tambores23. Assim, Snow e Rose (1981)25 associa- ram as provas de enduro com leucocitose devida à neutrofilia, sendo esta última, pos- sivelmente, decorrente do estresse associa- do com o incremento dos níveis plasmáti- cos de cortisol, além de existir provável cor- relação com as concentrações de noradre- nalina, com a velocidade do fluxo sanguí- neo e com a frequência cardíaca22. Segundo Dukes (1996)5, o sangue é a via pela qual são supridos oxigênio e subs- tratos para a musculatura e pela qual são removidos produtos catabólicos, incluindo calor. Quando um animal faz exercício, as alterações observadas no sangue circulan- te são notavelmente rápidas. A mais im- pressionante é um aumento pronunciado no volume unitário de eritrócitos, leucócitos e plaquetas. O conhecimento da produção, distribui- ção e fisiopatologia leucocitária são essen- ciais para a interpretação do significado do leucograma12. A avaliação leucocitária fornece dados laboratoriais extremamente úteis, elas são células de defesa do organismo. Os leucó- citos incluem neutrófilos, linfócitos, mo- nócitos, eosinófilos e basófilos11. Os leucócitos, estão divididos em duas categorias
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