APS GRANDES

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APS CLINICA DE GRANDES ANIMAIS 
BRUNA COSTA DA SILVA 
RA 2426796 
2024
INTRODUÇÃO
O exame físico é uma etapa essencial no processo de diagnóstico veterinário. Seu propósito é identificar as manifestações clínicas anormais presentes e os fatores de risco que influenciam o desenvolvimento da doença em um indivíduo ou em uma população (BORGES, A. S. et al., 1999).
Fornece ao médico veterinário as informações necessárias para identificar a doença ou doenças responsáveis pelas manifestações clínicas. A partir dessas informações, é possível determinar a causa mais provável, além de inferir sobre os órgãos ou sistemas envolvidos, a localização da lesão, o tipo de lesão presente e os processos fisiopatológicos ocorridos. Um exame físico competente e um diagnóstico preciso são fundamentais para otimizar o controle, prognóstico e bem-estar dos animais (BORGES, A. S. et al., 1999).
SISTEMA NERVOSO
Definição: São situações que influenciam o sistema nervoso no qual podem ocasionar mudanças no estado psicológico, como por exemplo: atitude, postura, equilíbrio, locomoção, tônus muscular e sentidos. (JACKSON, P.G. G. & COCKCROFT, 1998).
Daddo a isto o nosso cérebro desempenha uma função primordial na percepção, comportamento, movimentos voluntários e reflexos da cabeça, assim como na introdução e aperfeiçoamento do movimento voluntário. Além disso, é responsável pela apreciação espacial, controle do tônus muscular e pela percepção dos sentidos, englobando visão, audição, paladar, dor e tato (JACKSON, P.G. G. & COCKCROFT, 1998).
O exame neurológico é uma etapa crucial para a detecção e diagnóstico de várias doenças do sistema nervoso em bovinos, equinos, caprinos e ovinos, dada a frequência de problemas neurológicos nestas espécies (BORGES, A. S. et al., 1999).
Essa importância é evidente, pois nenhuma estrutura nervosa pode ser diretamente palpada e, com exceção da papila óptica, também não pode ser visualizada. Além disso, o tamanho dos animais dificulta a realização de diversos tipos de testes. Embora muitos dos distúrbios neurológicos em animais de grande porte tenham prognóstico desfavorável, uma avaliação mais minuciosa é desencorajada. 
No entanto, é crucial ressaltar que algumas doenças apresentam resultados positivos quando diagnosticadas e tratadas precocemente, como por exemplo a poliencefalomalácia em bovinos e a mieloencefalopatia protozoária em equinos.
SINAIS CLÍNICOS:
Uma variedade extensa de condições pode ser responsável pelos sinais neurológicos, abrangendo desde doenças metabólicas até intoxicações por substâncias químicas (como o chumbo), infecções bacterianas, exotoxinas bacterianas (como no botulismo), lesões traumáticas (como as resultantes de acidentes de equitação) e distúrbios genéticos (JACKSON, P.G. G. & COCKCROFT, 1998).
O médico veterinário não deve direcionar sua atenção exclusivamente para o sistema nervoso antes que todas as informações tenham sido avaliadas através do exame físico geral, pois o envolvimento de outros sistemas pode ser negligenciado. Por exemplo, a presença de icterícia em conjunto com sinais neurológicos pode sugerir uma condição hepática primária como a causa mais provável (JACKSON, P.G. G. & COCKCROFT, 1998).
ETAPAS DO EXAME NEUROLÓGICO
IDENTIFICAÇÃO DO ANIMAL
Registro da espécie, raça, sexo, idade, uso, valor e local de origem do animal.
ANAMNESE
É imprescindível o uso de luvas durante todo o exame neurológico. Utilização de uma ficha padronizada para registro, garantindo a realização completa do exame sem negligenciar nenhuma etapa.
1. Registro da data de início dos sinais clínicos.
2. Avaliação da evolução dos sintomas.
3. Identificação das principais anormalidades observadas.
4. Informações sobre a alimentação do animal.
5. Status vacinal dos animais.
6. Histórico de tratamentos prévios.
7. Registro de doenças anteriores, se houver.
8. Anotação do número de animais afetados.
9. Avaliação do ambiente e manejo dos animais.
10. Registro do número de óbitos ocorridos.
ATENDIMENTO FÍSICO NEUROLÓGICO PARA ANIMAIS DE GRANDE PORTE
Durante o exame neurológico, é essencial observar comportamentos que possam ser considerados anormais, lembrando que o conceito de normalidade pode variar consideravelmente entre espécies, raças e indivíduos. Alguns sinais de alerta incluem:
1. Emissão de sons anormais.
2. Comportamento de andar compulsivo.
3. Movimentação em círculos sem propósito aparente.
4. Apoio da cabeça contra obstáculos, como paredes ou cercas.
5. Tendência a morder outros animais ou objetos inanimados.
6. Presença de nistagmo, movimentos involuntários e repetitivos dos olhos.
A detecção e avaliação desses comportamentos podem fornecer importantes pistas para o diagnóstico e tratamento de distúrbios neurológicos em animais de grande porte.
PASSO A PASSO DE COMO PROCEDER O EXAME FÍSICO
Avaliação da função encefálica:
Observação do comportamento e estado mental do animal em resposta a estímulos visuais, táteis e auditivos.
Avaliação dos nervos cranianos (12 pares):
Responsáveis pela olfação, visão, movimentos de orelhas, pálpebras, lábios, simetria e tônus da musculatura facial, apreensão e mastigação de alimentos, movimentação de língua e deglutição.
Alterações visuais:
Realização da prova de ameaça visual: gesto de ameaça em direção ao globo ocular do animal, esperando-se a resposta de fechar a pálpebra como um mecanismo protetor.
Avaliação do reflexo pupilar: utilizado para avaliar o nervo óptico e o nervo óculo-motor. O reflexo é desencadeado pela integração das informações transmitidas pelos nervos óptico e óculo-motor, resultando em miose ou midríase, dependendo do tamanho do estímulo luminoso.
Avaliação de midríase ou miose: importantes para a adaptação à luz, melhorando a acuidade visual em ambientes com menor luminosidade (miose) ou protegendo as estruturas oculares em ambientes com grande quantidade de luz (midríase). A integridade das vias nervosas é essencial para a efetuação desses reflexos.
ÁREA AFETADA E CONCLUSÃO DO TESTE
Após a realização do exame neurológico, é possível identificar a área afetada e concluir sobre o estado neurológico do animal:
Região cervical:
Lesões severas nesta região da medula espinhal afetarão os quatro membros do animal.
Compressões leves nessa região podem resultar no acometimento apenas dos membros pélvicos.
Região Cérvico-torácica:
Lesões nesta região geralmente provocam sinais muito evidentes, principalmente devido ao acometimento dos nervos motores inferiores dos membros torácicos.
Região Toracolombar
Os membros torácicos permanecem normais, enquanto os membros pélvicos são afetados.
A intensidade dos sinais pode variar de 1 a 5, dependendo da severidade da lesão medular.
Região lombossacra:
Acometimento exclusivo dos membros pélvicos.
Com a extensão caudal da lesão, pode ocorrer a síndrome da cauda equina.
Região sacro-coccígea:
Síndrome da cauda equina, caracterizada por diminuição ou ausência da movimentação da cauda, diminuição ou ausência de sensibilidade na região perineal, diminuição do tônus do esfíncter anal e incontinência urinária.
BIBLIOGRAFIA
Jackson, Peter G. G. Exame Clínico dos Bovinos. Por Peter G. G. Jackson e Peter D. Cockcroft. Inclui referências bibliográficas. ISBN 0-632-05706-8. 1998.
BORGES, A.S.; MENDES, L.C.N.; KUCHEMBUCK, M.R.G. Exame Neurológico em Grandes Animais. Parte 1: Revista de Educação Continuada do CRMV-SP. Volume 2, Fascículo 3. Páginas 004 – 016. São Paulo, 1999.