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PB | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica REVISTA REVISTA DO PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNISEB – RIBEIRÃO PRETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR 4 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica4 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica Expediente Mantenedora A Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica é uma publicação anual do Programa de Iniciação Científica do Centro Universitário UNISEB, de Ribeirão Preto, que envolve trabalhos de iniciação científica desenvolvi- dos nas diferentes áreas de conhecimento. Chaim Zaher Presidente do Sistema Educacional Brasileiro - SEB Adriana Baptiston Cefali Zaher Vice-presidente do Sistema Educacional Brasileiro - SEB Nilson Curti Diretor Superintendente do Sistema Educacional Brasileiro - SEB Rafael Gomes Perri Diretor Executivo do Sistema Educacional Brasileiro - SEB Fernando Henrique Costa Roxo da Fonseca Diretor Executivo do Sistema Educacional Brasileiro - SEB ISSN 2178 -1923 ANO 5 – No. 5 - 2013 4 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | 55Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | Centro Universitário UNISEB Chaim Zaher Reitor do UNISEB Prof. Dr. Reginaldo Arthus Vice-Reitor do UNISEB Prof. Me. Jeferson Ferreira Fagundes Pró-Reitor de Ensino à Distância do UNISEB Profa. Dra. Claudia Regina de Britto Pró-Reitora Acadêmica do UNISEB Profa. Claudette Alves Pereira Galati Coordenadora Geral de Ensino-Aprendizagem e Planejamento Educacional do UNISEB Prof. Dr. Romualdo Gama Coordenador Geral de Gestão e Operações Acadêmicas do UNISEB Profa. Dra. Elizabete David Novaes Coordenadora do Programa de Iniciação Científica/ Núcleo de TCC e IC do UNISEB Profa. Noemi Olimpia Costa Pereira Coordenadora de Extensão do UNISEB Profa. Dra. Gladis Salete Linhares Coordenadora Pedagógica de EaD do UNISEB Profa. Ma. Alessandra Henriques Ferreira Coordenadora Pedagógica de EaD do UNISEB Prof. Ms. João Paulo Leonardo de Oliveira Coordenador do Curso de Administração do UNISEB Profa. Esp. Alessandra Silva Santana Camargo Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis do UNISEB Profa. Ms. Silvana Aparecida Nieto Lopes Coordenadora do Curso de Pedagogia do UNISEB Prof. Ms. Carlos Henrique da Costa Tucci Coordenador do Curso de Psicologia do UNISEB Coordenador interino do Curso de Publicidade e Propaganda e de Jornalismo do UNISEB Prof. Dr. Cesar Rocha Muniz Coordenador do Curso de Arquitetura do UNISEB Prof. Ms. Paulo Cesar Carvalho Dias Coordenador dos Cursos de Ciência e Engenharia da Computação do UNISEB Prof. Dr. Ricardo A. M. Pereira Gomes Coordenador do Curso de Engenharia Civil do UNISEB Prof. Dr. Romualdo Gama Coordenador dos Cursos de Engenharia de Produção e de Engenharia Ambiental do UNISEB Profa. Dra. Marina Caprio Coordenadora do Curso de Pedagogia de EaD do UNISEB Profa. Ms. Andréia Marques Maciel Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis de EaD do UNISEB Profa. Ms. Helcimara Affonso de Souza Coordenadora do Curso de Tecnologia de Informação de EaD do UNISEB Profa. Ms. Ornella Pacífico Coordenadora do Curso de Administração e do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Financeira de EaD do UNISEB Profa. Dra. Marilda Franco de Moura Coordenadora do Curso de Letras de EaD do UNISEB Profa. Adriana Millo Saloti Coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Secretariado de EaD do UNISEB Profa. Ms. Daniela Pereira Tincani Coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Marketing de EaD do UNISEB Profa. Ms. Márcia Mitie Durante Maemura Coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos e Tecnologia em Gestão Comercial de EaD do UNISEB Profa. Ms. Vanessa Bernardi Ortolan Riscifina Coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Negócios Imobiliários de EaD UNISEB Profa. Ms. Ariana Siqueira Rossi Martins Coordenadora do Curso de Serviço Social de EaD do UNISEB 6 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica6 Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica / Centro Universitário UniSEB – COC. Ano 1. n. 1 (jan. 2009) -.- Ribeirão Preto, SP : UNICOC, 2009. Ano 5. n. 5 (dez. 2013) Anual ISSN: 2178-1923 (versão impressa) 1. Educação. 2. Pesquisa Científica. 3. Multidisciplinaridade. 4. Ambiente. 5. Comportamento. I. Centro Universitário UniSEB-COC. II. Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica. CDD 001 Ficha Catalográfica Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | 77Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | Editorial Conselho Editorial Com grande satisfação chegamos ao quinto número da Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica do Centro Universitário Uniseb. Esta publicação tem como missão tornar visíveis os trabalhos de iniciação científica desenvolvidos por nossos alunos, sob o olhar atento de seus orientadores, vislumbrando a crença de que a educação se faz de mãos dadas com a investigação e a busca pelo conhecimento. Assim apresentamos a produção científica proveniente de pesquisas de iniciação científica dos diferentes cursos existentes em nossa instituição, na modalidade presencial e de ensino à distância. Prof. Ms. Alexandre de Castro Moura Duarte Profa. Dra. Ana Paula Lazarini Profa. Ms. Andrea Marques Maciel Prof. Ms. Cesar Augusto Nunes Profa. Dra. Cristiane Soncino Silva Profa. Dra. Daniela Barbato Jacobowitz Profa. Dra. Elizabete David Novaes Profa. Dra. Fabiana Cristina Severi Prof. Ms. Giovanni Comodaro Ferreira Prof. Dr. Jean-Jacques G. S. de Groote Prof. Ms. João Paulo Leonardo de Oliveira Profa. Dra. Marilda Franco de Moura Vasconcelos Esperamos que essa publicação estimule os leitores sobre a importância do pensar reflexivo e da postura investigativa, e fomente a sustentação do discurso científico no âmbito acadêmico e fora dele. Que nossos acadêmicos e jovens pesquisadores, ao vislumbrarem seus trabalhos publicados, sintam-se aclarados pelos benefícios da Ciência que ilumina o conhecimento humano. Editores Prof. Dr. Reginaldo Arthus Profa. Dra. Elizabete David Novaes Prof. Ms. Marilia Godinho Profa. Ms. Caroline Petian Pimenta Bono Rosa Prof. Ms. Paulo Cesar de Carvalho Dias Prof. Ms. Paulo Henrique Miotto Donadelli Prof. Dr. Ricardo A. M. Pereira Gomes Prof. Dr. Roberto Barbato Junior Prof. Dr. Antonio Donizetti Gonçalves de Souza RE V IS TA DE IN IC IA ÇÃ O C IE NT ÍF IC A M UL TI DI SC IP LI NA R 8 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica8 Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | 9 Sumário 1- MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO: UM ESTUDO SOBRE A DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES ...................................................Raísa Ajona; Elizabeth Oshima de Aguiar 2- VERIFICAÇÃO DE PRECISÃO NA SIMULAÇÃO DE TÚNEIS UTILIZANDO O APLICATIVO COMSOL .. Alice Sartori Monteiro de Barros; Ricardo Adriano Martoni Pereira Gomes 3- INVENTÁRIO DA EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA (GEE) DOS VEÍCULOS LEVES DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO – SP ...Gabriela Albino Marafão; Anderson Manzoli 4- SISTEMA DE NEURO-TECNOLOGIA DENOMINADO EMOTIV PARA INTERAÇÃO HOMEM- COMPUTADOR .... Vinicius da Rocha Biffi; Thiago Welington Joazeiro de Almeida 5- CARACTERÍSTICA DA MOTIVAÇÃO NO PERFIL ACADÊMICO ........ Priscila M. Paterlini; Daniela B. Jacobovitz 6- SEGMENTAÇÃO DE IMAGENS DE CÉLULAS INFECTADAS COM TRYPANOSOMA CRUZI ........ João Herrera; Catarina Veltrini Horta; Jean-Jacques Soares de Groote 7- OS EFEITOS DECORRENTES DOS CUSTOS E A PRECIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS DE UMA EMPRESA DE ACORDO COM O REGIME TRIBUTAÇÃO .. Iris Cristina Nietto; Andréia Marques Maciel; José Marcos da Silva 8- O ATIVISMO JUDICIAL COMO FATOR DE INSEGURANÇA JURÍDICA NO DIREITO TRIBUTÁRIO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO .........................Cristiane Duarte Mendonça Álvares; João FernandoOstini 9- O PAPEL DO JUIZ NA ATUALIDADE (PÓS-POSITIVISTA)......................................... Daniel Camargo Peres 10- O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA E OS CRIMES AMBIENTAIS ................................ ............Renata Ferreira de Freitas; Paulo Henrique Miotto Donadeli 11- CAUSAS E ENFRENTAMENTOS DO FENÔMENO DA VIOLÊNCIA NO COTIDIANO ESCOLAR: UMA REVISÃO TEÓRICA.... Camila de Paula Costa; Clébia Aparecida Alves Molinari; Elizabete David Novaes 12- O ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL..... Guilherme Augusto Figueira; Angelita Cristina Bisco; Renata Rodrigues dos Santos e Costa; Mario Nishikawa 13- O TUTOR A DISTÂNCIA NA EAD: PRÁTICAS E IMPORTÂNCIAS .... Marcelo de Almeida; Mario Nishikawa 11 27 37 51 63 73 79 97 111 123 135 155 167 9Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | Sumário 14- A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO ENTRE A MARCA E O ATLETA .... Marcelo Silingardi ; Julio Cesar dos Santos Pimentel 15- ASSÉDIO MORAL NA EMPRESA .......................................Ramon Roncaratti Nicotari; Stéphane De Bonifácio; Wilson Lourenço Junior; Antônio Nardi; João Paulo L. Oliveira 16- CLIMA ORGANIZACIONAL E ESTRESSE LABORAL: GRANDES DESAFIOS PARA AS ORGANIZAÇÕES CONTEMPORÂNEAS .......................................................Anderson Agenor Felca Felix; Guilherme Ehros Leal; Laiane Modesto De Brito 10 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica10 177 181 191 RESUMO A vida útil da construção está ligada ao surgimento de patologias, ocasionadas pela deficiência de preparo de profissionais em todos os níveis da área da construção civil no planejamento, execução e manutenção das edificações; pelo mau uso ou baixa qualidade dos materiais empregados; e ou pelo uso inadequado da construção. Caso as manifestações não sejam tratadas no início de seu surgimento, elas podem se agravar e o custo do reparo será mais alto. Palavras-chave: patologia; concreto armado; prevenção; recuperação. ABSTRACT The durability of a building is directly related to the appearance of pathologies. These pathologies are caused by a deficiency of prepared professionals at all levels of construction; inadequate management, execution and maintenance of buildings; misuse or poor quality of materials used; and the inappropriate use or construction. The non-treatment of these pathologies immediately after their appearance will aggravate the scenario and consequently increase repair costs. Keywords: pathology, reinforced concrete, prevention, recovery. INTRODUÇÃO A indústria da construção civil não para de crescer no Brasil. As manutenções não estão sendo feita de acordo como planejado devido à grande demanda por obras novas o que acarreta e agrava a manifestação de patologias. O processo de “deterioração” da construção está diretamente ligado à vida útil. As condições de uso e exposição, juntamente com materiais de pouca durabilidade e falta de fiscalização na obra pode acarretar em gastos futuros para recuperação da construção. Com a pesquisa dos principais problemas patológicos ocorrentes nas edificações, serão revisados conceitos sobre a vida útil das estruturas e a influência das patologias atuantes. Além desses objetivos será elaborado um estudo de caso para exemplificar e ilustrar o trabalho a fim de conseguir identificar e diagnosticar os casos estudados de manifestações patológicas. Este estudo relatará soluções para patologias encontradas em concreto armado, ocasionadas pela deficiência de preparo de profissionais em todos os níveis da área da construção civil no planejamento, execução e manutenção das construções; pelo mau uso dos materiais empregados, ou baixa qualidade dos mesmos; e ou pelo uso inadequado da edificação. A metodologia consiste em uma revisão bibliográfica sobre as patologias, com MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO: UM ESTUDO SOBRE A DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES Raísa Ajona1 Elizabeth Oshima de Aguiar2 1Acadêmica do Curso de Engenharia Civil. Bolsista de Iniciação Científica pelo Programa Institucional de Bolsas do UNISEB. raisa_ajona@yahoo.com.br 2 Profa. Dra. em Engenharia de Estruturas pela Universidade de São Paulo; Docente no Centro Universitário UNISEB, Ribeirão Preto. elizabethsoshima@gmail.com 11Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | enfoque principal em estruturas em concreto armado. Após a revisão, serão feitas algumas visitas técnicas em obras para acompanhar a execução dos procedimentos, como o respeito pelos detalhes de projeto e normas de desempenho dos materiais e formas de execução. Além de obras em andamento, será realizada visita técnica em lugares que possuem manifestação de patologia para que estas possam ser identificadas, ilustradas e ser realizada uma discussão acerca de suas causas e formas de recuperação da estrutura, prevenção e cuidados especiais. Este trabalho visa apresentar algumas formas de patologias em concreto armado, suas possíveis causas e formas de recuperação, fazendo com que se tenha uma revisão bibliográfica ilustrada do assunto. 1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Com o tempo, os materiais e técnicas da construção civil foram inovados, o concreto foi desenvolvido e os métodos de cálculo foram aprofundados, as estruturas foram se tornando mais “esbeltas” por motivos financeiros e com o aumento do número de construções, os profissionais foram delegando obras de menor porte para encarregados de obra, ou pessoas não qualificadas. Em consequência, as patologias das construções foram surgindo, especialmente as patologias em concreto armado. A vida útil da edificação pode variar dependendo dos materiais empregados, da execução e fiscalização da obra, das formas de exposição e uso e existência de manutenção periódica. Caso ocorram pequenas patologias, e não seja feita nenhum reparo, esta pode evoluir e posteriormente ter alto custo de recuperação. Como as patologias manifestam-se externamente, pode-se saber os mecanismos envolvidos e sua natureza para prevenir suas consequências. Esses processos muitas vezes podem ser evitados na fase de projeto, escolha de materiais e métodos de execução. Os sintomas de maior incidência nas estruturas de concreto armado são conhecidos há algum tempo, como as fissuras, as flechas excessivas, as eflorescências, as manchas no concreto aparente, a corrosão de armadura e os ninhos de concretagem. Alguns desses problemas, como a corrosão das armaduras ou algumas reações químicas com os materiais constituintes do concreto, aparecem com intensidade anos após a produção. Para se obter o desempenho satisfatório, que está diretamente ligado à vida útil, a estrutura deve atender às condições de segurança em relação aos estados limites último e de utilização, que contemplam a rigidez, a resistência, aspectos estéticos, a estabilidade, conforto térmico, entre outros. Caso o desempenho da construção seja insatisfatório, não significa que a obra esteja condenada, mas sim, que a estrutura requer intervenção imediata, para sua reabilitação. 1.1. CONCRETO O concreto fabricado com cimento Portland, estabeleceu-se como material de amplo uso na construção civil, devido a suas características de resistência à água, sua moldabilidade, e baixo custo de manutenção e fabricação. Os avanços da tecnologia do concreto resultaram na velocidade das construções e na durabilidade do concreto, entretanto aspectos relativos à durabilidade estão sendo abordados em muitas publicações tendo em vista o amplo emprego do concreto e seu futuro. De acordo com o projeto de revisão da ABNT NBR 6118, de julho de 2013, as estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas sob as condições ambientais previstas na época do projeto, e quando utilizadas conforme previsto em projeto conservem sua segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o prazo de vida MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO: UM ESTUDO SOBRE A DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES12 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica12 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO: UM ESTUDO SOBRE A DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES extremas, como congelamento ou fogo. Vários processos químicos e físicos de deterioração atuam ao mesmo tempo, podendo inclusive reforçarem-se. (REIS, 2001) De acordo com o projeto de revisão da Norma NBR 6118 deverão ser levados em conta os mecanismos mais importantes de envelhecimento e deterioração da estrutura de concreto, descritos no QUADRO 1. Somados a estes mecanismos, ainda deverão ser considerados aqueles relacionados com as ações mecânicas, térmicas, impactos, deformação lenta, entre outros. Nos principais casos de deterioração do concreto armado, a água está implicada no mecanismo de expansão e fissuração e como veículo de agentes agressivos. (REIS, 2001). No caso da lixiviação do concreto, ocorre a dissolução e o arraste do hidróxido de cálcio [Ca(OH)2] da massa endurecida, pela ação do fluxo contínuo da água através da estrutura do material. O potencial hidrogeniônico (pH) do concreto é diminuído, dando lugar à decomposição de outros hidratos,aumentando sua porosidade e facilitando a desintegração (SOUZA; RIPPER, 1998). Surgem como resultado da lixiviação as formações do tipo estalactites e estalagmites. útil correspondente. Por vida útil de projeto, entende-se o período de tempo durante o qual se mantêm as características das estruturas de concreto, sem intervenções significativas, desde que atendidos os requisitos de uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor, bem como requisitos de execução dos reparos necessários decorrentes de danos acidentais. (NBR 6118, 2013). A durabilidade do concreto estabelece os requisitos de manutenção da resistência, forma e aparência da estrutura quando sujeita aos carregamentos e condições ambientais. Desta forma, o conceito dos “4C” propostos por Calixto (1997), devem ser verificados: Cobrimento, Composição, Compactação e Cura. Critérios de durabilidade para reparos de concreto são diferentes dos critérios adotados para uma nova estrutura. Os desafios para os reparos referem-se aos ataques físicos e químicos provenientes do ambiente externo à estrutura, assim como aos ataques do ambiente interno e das mudanças internas promovidas pela execução do reparo. Após a aplicação, o reparo experimenta a retração por secagem e é deformado de acordo com as características do material empregado, a temperatura e umidade do ambiente, a geometria do reparo, o grau de restrição, e a temperatura do material e do substrato. (REIS, 2001). 1.2. MECANISMOS DE ENVELHECIMENTO E DETERIORAÇÃO Os efeitos químicos que prejudicam a estrutura incluem a lixiviação da pasta de cimento por soluções ácidas, reações expansivas envolvendo ataque por sulfatos, reações álcali-agregados e corrosão das armaduras no concreto. Os efeitos físicos incluem desgaste da superfície, fissuras causadas pela pressão de cristalização de sais nos poros e exposição a temperaturas 13Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | Fonte: REIS, 2001. Um dos produtos de hidratação do cimento é a portlandita, hidróxido de cálcio [Ca(OH)2], que confere ao concreto um pH por volta de 12,5, envolvendo a armadura em meio alcalino. Esta alcalinidade fornece resistência à corrosão, mesmo em ambientes onde a corrosão é favorável. (REIS, 2001). A formação do carbonato de cálcio insolúvel, a partir da lixiviação do hidróxido de cálcio, é responsável pelo aparecimento de eflorescência caracterizada pela cor branca na superfície do concreto, como mostra a FIGURA 1. 14 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica14 QUADRO 1 - Principais mecanismos de envelhecimento e deterioração das estruturas de concreto armado MECANISMO AGENTES AÇÃO SINTOMATOLOGIA 1. Lixiviação Águas puras, car- bônicas agressivas e ácidas Carrear compostos hidratados da pasta de cimento. - Superfície arenosa ou com agregados expostos sem a pasta superficial; - Eflorescência de car-bonato; - Elevada retenção de fuligem / fungos. 2. Expansão Águas e solos contaminados por sulfatos Reações expansivas e deletérias com a pasta de cimento hidratado. - Superfície com fissuras aleatórias e esfoliação; - Redução da dureza epH. 3. Expansão Agregados reativos Reações entre os álcalis do cimento e certos agregados rea-tivos. - Expansão geral da massa do concreto; - Fissuras superficiais e profundas. 4. Reações deletérias Certos agregados Transformações de produtos ferruginosos presentes nos agregados. - Manchas, cavidades e protuberância na superfície do concreto. 5. Corrosão da armadura Gás carbônico da atmosfera Penetração por difusão e reação com os hidróxidos alcalinos dos poros do concreto, reduzindo o pH dessa solução. - Requer ensaios espe-cíficos; - Em casos mais acen-tuados, apresentam man-chas, fissuras, desta-camentos do concreto, perda da seção resistente e da aderência. 6. Corrosão da armadura Cloretos Penetração por difu- são, impregnação ou absorção capilar, des- passivando a superfí- ciedo aço. - Requer ensaios espe-cíficos - Ao atingir a armadura apresenta os mesmos sinais do item 5. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO: UM ESTUDO SOBRE A DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES o risco de corrosão pela diminuição da resistividade elétrica do concreto. São fontes comuns de cloretos os aditivos, os agregados contaminados por sais, as águas de amassamento contaminadas e a penetração de soluções com sais degelantes, salmouras industriais, maresias ou névoas de ambiente marinho ou água do mar (impregnação da superfície). (REIS, 2001). Com base na revisão da ABNT NBR 6118, de julho de 2013, as medidas preventivas consistem em dificultar o ingresso dos agentes agressivos ao interior do concreto. O cobrimento das armaduras e o controle da fissuração minimizam este efeito, sendo recomendável o uso de um concreto de baixa porosidade. O uso de cimento composto com adição de escória ou material pozolânico é também recomendável nesses casos. A Figura a seguir, apresenta a corrosão nas armaduras em local próximo às tubulações que apresentam infiltrações. Em outras palavras, a lixiviação é a ação de dissolução ou extrativa que compostos hidratados da pasta de cimento sofrem quando em contato com a água (principalmente as puras ou ácidas). Para prevenir sua ocorrência, recomenda-se restringir a fissuração, de forma a minimizar a infiltração de água, e proteger as superfícies expostas com produtos específicos, como os hidrófugos. A corrosão das armaduras apresenta- se na maioria das estruturas de concreto deterioradas. Assim que se inicia o processo, a taxa de corrosão é controlada pela condutividade do concreto, pela diferença de potencial entre as áreas catódicas e anódicas e pela taxa de oxigênio que alcança o catodo. (REIS, 2001). As estruturas de concreto armado localizadas em ambientes agressivos são especialmente propensas à corrosão pela entrada de cloretos. Na presença de grandes quantidades de cloretos, o concreto tende a conservar mais umidade, aumentando 15Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | FIGURA 1 - Lixiviação de compostos hidratados Fonte: http://mundodaimpermeabilizacao.blogspot.com.br/2011/01/patologias-em- concreto-armado.html MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO: UM ESTUDO SOBRE A DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES Ainda segundo Reis (2001), a deterioração decorrente da interação entre certos agregados e a solução alcalina resultante da hidratação de cimentos com alta taxa de álcalis, no concreto, é conhecida como reação álcali-sílica ou álcali-agregado (ASR). A reação produz gel que absorve água e expande em volume, resultando em fissuração e desintegração do concreto. Ocorre a perda da resistência, diminuição do módulo de elasticidade e da durabilidade. De acordo com Fan e Hanson (1998),métodos para prevenir ou minimizar a deterioração por ASR,incluem evitar o uso de agregados reativos, limitação do conteúdo de álcalis no cimento e a incorporação do uso de pozolanas e outras misturas apropriadas no concreto. Mehta e Monteiro (1994) acrescentam que o controle de acesso de água ao concreto é fator desejável para impedir expansões excessivas no concreto. O projetista deve identificar no projeto o tipo de elemento estrutural e sua situação quanto à presença de água, e recomendar as medidas preventivas necessárias. O ataque de sulfatos pode manifestar- se na forma de expansão do concreto e na perda progressivade resistência e massa, devido à deterioração na coesão dos produtos de hidratação do cimento. Conforme Carmona Filho (2000), o aluminato tricálico do cimento pode reagir com sulfatos solúveis, em uma reação acompanhada com grande expansão, resultando no composto sulfoaluminato tricálcico. A baixa permeabilidade, obtida pelo alto consumo de cimento, baixa relação água/ cimento, compactação e cura apropriadas, é a melhor proteção contra o ataque de sulfatos. 16 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica16 FFIGURA 2 - Corrosão das Armaduras Fonte:http://www.slideshare.net/Thiagoooooo/patologia-das-estruturas-piso-concreto-e- revestimentos MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO: UM ESTUDO SOBRE A DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES A prevenção pode ser feita pelo uso de cimento resistente a sulfatos. Quanto aos efeitos da ação do fogo, que caracterizam-se basicamente pela alteração da cor e perda da resistência, em função direta da temperatura que o incêndio atinge, sabe-se que a degradação do concreto ocorre por volta dos 6000C. A fratura do concreto ocorre devido a expansão dos agregados, que desenvolvem tensões em função do coeficiente de dilatação térmica dos agregados. (SOUZA; RIPPER, 1998). Quanto aos efeitos da ação do congelamento, o mais comum é a fissuração e o destacamento do concreto causados pela expansão da pasta de cimento por repetidos ciclos gelo-degelo. (REIS, 2001). A deterioração da superfície do concreto, decorrente dos fenômenos físicos da erosão, abrasão e da cavitação pode diminuir a vida útil do concreto. Estes fenômenos podem ser acelerados principalmente quando a pasta de cimento do concreto tem elevada porosidade. Para obtenção de elevadas resistências aos fenômenos de erosão e abrasão, deve-se utilizar concretos com resistência à compressão superior a 28 MPa, baixa relação água/cimento, uso de agregados com granulometria adequada, verificação do uso de adições minerais, baixa consistência e condições apropriadas de cura. Quanto ao fenômeno da cavitação, um concreto resistente não é necessariamente suficiente para a prevenção de danos. Alguns autores sugerem a adoção de medidas em projeto, tais como evitar mudanças bruscas da declividade e irregularidades da superfície como formas adicionais de prevenção do fenômeno. (REIS, 2001). A cavitação provocada pela formação de bolhas de vapor sobre pressão, nas regiões de degraus, que junto com o fluxo de água em alta velocidade e pressão, causam impactos na superfície do concreto e consequentemente causa sérias avarias na região de superfícies curvas ou na região dos degraus como mostra a FIGURA 4. 17Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | FIGURA 3 - Formação de fissuras por ataque de sulfato Fonte: http://www.consultoriaeanalise.com/2011/05/formacao-de-etringita-em- estruturas-de.html MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO: UM ESTUDO SOBRE A DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES 1.3. CRITÉRIOS DE PROJETO QUE VISAM A DURABILIDADE Como mencionado, deve ser evitada a presença ou acumulação de água proveniente de chuva ou decorrente de água de limpeza e lavagem sobre as superfícies das estruturas de concreto a fim de reduzir as possíveis manifestações de patologias. Outras formas de drenagem são a disposição de ralos e condutores em superfícies expostas horizontais (como coberturas, pátios, estacionamentos, garagens e outras); selagem de todas as juntas de movimento ou dilatação em superfícies sujeitas à ação da água, de forma a tornarem- se estanques à passagem de água; e fazer com que todos os topos de platibandas e paredes sejam protegidos (todos os beirais devem ter pingadeiras e os encontros em diferentes níveis devem ser protegidos por rufos). Em relação às disposições arquitetônicas ou construtivas que possam reduzir a durabilidade da estrutura devem ser evitadas. Deve ser prevista aberturas para drenagem e ventilação em elementos estruturais onde há possibilidade de acúmulo de água como visto anteriormente e ser previsto em projeto o acesso para inspeção e manutenção de partes da estrutura com vida útil inferior ao todo, como insertos, impermeabilizações, aparelhos de apoio e outros. Segundo a revisão de 2013 da NBR 6118, a agressividade do meio ambiente está relacionada às ações físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das ações mecânicas, das variações volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica e outras previstas no dimensionamento das estruturas. Nos projetos de estruturas correntes, a agressividade ambiental deve ser classificada de acordo com o apresentado no QUADRO 2, e pode ser avaliada segundo as condições de exposição da estrutura ou de suas partes (ABNT NBR 6118, 2013). A classe de agressividade do ambiente 18 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica18 FIGURA 4 – Cavitação Fonte: http://www.recuperacao.com.br/pasta%20de%20Tese%20Aguiar-%20Site%20 recuperacao/Patologias%20que%20Comprometem%20a%20Durabilidade%20do%20 Concreto%20em%20Galerias%20de%20%C3%81guas%20Pluviais/III-A-012.pdf MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO: UM ESTUDO SOBRE A DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES previsto em projeto devem estabelecer os parâmetros mínimos a serem atendidos. Na falta destes e devido à existência de uma forte correspondência entre a relação água/cimento e a resistência à compressão do concreto e sua durabilidade, permite-se que sejam adotados os requisitos mínimos expressos na TABELA 1.(ABNT NBR 6118). está relacionada com a qualidade do concreto de cobrimento. A durabilidade das estruturas é altamente dependente das características do concreto e da espessura e qualidade do concreto para cobrimento da armadura. Ensaios comprobatórios de desempenho da durabilidade da estrutura frente ao tipo e nível de agressividade 19Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | QUADRO 2 – Classes de agressividade ambiental (CAA) FONTE: ABNT NBR 6118, 2013. Classe de agressividade ambiental Agressividade Classificação geral do tipo de ambiente para efeito de projeto Risco de deterioração da estrutura I Fraca Rural Insignificante Submersa II Moderada Urbana a,b Pequeno III Forte Marinha a Grande Industrial a,b IV Muito forte Industrial a,c Elevado Respingos de maré aPode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura). bPode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) em obras em regiões de clima seco, com umidade média relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos ou regiões onde raramente chove. cAmbientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO: UM ESTUDO SOBRE A DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES Para atender aos requisitos estabelecidos nesta Norma, o cobrimento mínimo da armadura é o menor valor que deve ser respeitado ao longo de todo o elemento consideradoe que constitui um critério de aceitação. Para garantir o cobrimento mínimo, o projeto e a execução devem considerar o cobrimento nominal, que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução (Δc). Assim, as dimensões das armaduras e os espaçadores devem respeitar os cobrimentos nominais, estabelecidos na TABELA 2, para Δc = 10 mm (usado nas obras correntes). 20 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica20 TABELA 1 - Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do concreto Portland Fonte: ABNT NBR 6118, 2013. Concreto a Tipo b, c Classe de agressividade (Quadro 2) I II III IV Relação água/cimento em massa CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45 CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45 Classe de concreto (ABNT NBR 8953) CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40 CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40 aO concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir com os requisitos estabelecidos na ABNT NBR 12655. bCA corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto armado. cCP corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto protendido. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO: UM ESTUDO SOBRE A DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES A seguir serão apresentadas algumas patologias encontradas em edificações. 2.1. MANCHA DE UMIDADE As causas de manchas de umidade em laje podem ser várias. Vazamento de tubulações da laje ou falta de impermeabilização / impermeabilização deficiente são possíveis causas. A primeira providência a ser tomada a partir dos sintomas encontrados é verificar a possível passagem de tubulações de hidráulica na laje. Caso não houver Esta tabela de cobrimento de armadura foi revisada e agora prevê esta orientação específica para estruturas em contato com o solo (casos de elementos de fundação, cortinas de concreto, muros de arrimo, etc). Além desse detalhe, também introduziu uma divisão entre os elementos protendidos (que na norma em vigor não há), permitindo-se que as lajes protendidas tenham um cobrimento menor que vigas e pilares. 2. PATOLOGIAS ENCONTRADAS EM EDIFICAÇÕES 21Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | TABELA 2 – Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento nominal para Δc = 10mm Fonte: ABNT NBR 6118, julho 2013. Tipo de estrutura Componente ou elemento Classe de agressividade ambiental (Quadro 2) I II III IVb Cobrimento nominal (mm) Concreto armado Laje 20 25 35 45 Viga/pilar 25 30 40 50 Elementos estruturais em contato com o solo c 30 40 50 Concreto protendido a Laje 25 30 40 50 Viga / pilar 30 35 45 55 aCobrimento nominal da bainha ou dos fios, cabos e cordoalhas. O cobrimento da armadura passiva deve respeitar os cobrimentos para concreto armado. bNas faces inferiores de lajes e vigas de reservatórios, estações de tratamento de água e esgoto, condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e intensamente agressivos, a armadura deve ter cobrimento nominal de 45 mm. cNo trecho dos pilares em contato com o solo junto aos elementos de fundação, a armadura deve ter cobrimento nominal ≥ 45 mm. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO: UM ESTUDO SOBRE A DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES impermeabilização no piso superior, pois assim o problema será resolvido e a estrutura não será mais prejudicada. No caso ilustrado, houve a segregação do concreto numa viga e quando observada (depois da desforma) esperou-se um período de aproximadamente um mês para a retirada de uma amostra para analisar se a resistência foi comprometida. Neste caso, não houve comprometimento e a estrutura pode ficar como estava, mas caso a resistência fosse alterada, o calculista decidiria entre refazer a estrutura ou fazer apenas um reforço da mesma. tubulações, é necessário analisar se o piso da laje superior não está solto ou trincado. Posteriormente, pode ser realizada uma 2.2. SEGREGAÇÃO DO CONCRETO O concreto é um elemento construtivo composto por areia, pedras (brita), água e cimento. O concreto, quando preparado e lançado corretamente, transforma-se em uma massa homogênea, onde todas as pedras estão completamente envoltas pela pasta de cimento, areia e água. Se ocorrer um erro de lançamento ou de vibração, as pedras se separam do resto da pasta, formando um concreto cheio de vazios, permeável, que permite a passagem de água. 22 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica22 FIGURA 5: Mancha de umidade Fonte: Elaborado pelas autoras, 2013. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO: UM ESTUDO SOBRE A DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES 2.3. LIXIVIAÇÃO As reações de hidratação do cimento Portland produzem principalmente cristais C-S-H (silicato de cálcio hidratado), duros, resistentes e insolúveis na presença de água. Produzem também cristais de Ca(OH)2 e Mg(OH)2, cal hidratada/hidróxidos de cál- cio e de magnésio, estes parcialmente so- lúveis em água, principalmente no caso de água corrente. Ao processo de dissolução e transporte da cal hidratada dá-se o nome de lixiviação. No caso observado, possivelmente com a entrada de água da cobertura ocorreu a lixiviação, mas percebe-se que a entrada de água não acontece mais, pois a lixiviação não progrediu para carbonatação, que é uma patologia que pode causar danos maiores à estrutura. 23Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | FIGURA 6: Segregação do concreto Fonte: Elaborado pelas autoras, 2013. FIGURA 7: Lixiviação Fonte: Elaborado pelas autoras, 2013. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO: UM ESTUDO SOBRE A DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES 24 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica alto custo de recuperação. A tabela a seguir apresenta uma relação entre as etapas da obra, as causas das patologias que podem ser prevenidas e o custo de recuperação caso alguma causa não seja prevenida. Pode-se entender que a vida útil da construção está ligada ao surgimento de patologias, ocasionadas pela deficiência de preparo de profissionais em todos os níveis da área da construção civil no planejamento, execução e manutenção das edificações; pelo mau uso dos materiais empregados, ou baixa qualidade dos mesmos; e ou pelo uso inadequado da construção. Se os projetos e a execução dos mesmos são realizadas de maneira coerente com as normas de procedimentos diminuem os riscos de patologias, porém, a maioria das obras não possuem a qualidade do serviço encontradas na visita técnica. CONCLUSÕES Existem critérios de projeto que visam a durabilidade da edificação. Como mencionado, deve ser evitada a presença ou acumulação de água proveniente de chuva ou decorrente de água de limpeza e lavagem sobre as superfícies das estruturas de concreto a fim de reduzir as possíveis manifestações de patologias. Além desses critérios, a NBR 6118 que está sendo revisada prescreve valores de cobrimento mínimo da armadura de concreto armado para elementos estruturais, e agora também para elementos em contato com o solo em relação à classe de agressividade ambiental. Para um bom uso da edificação é necessário ficar atento a qualquer sintoma de patologia, para que esta possa ser tratada de imediato e não causar danos maiores ou TABELA 3: Causas das Patologias nas Etapas de Edificações Fonte: Elaborado pelas autoras Etapa Causas das Patologias PROJETO • Elementos de projeto inadequados • Falta de compatibilização • Especificação inadequada de materiais • Detalhamento insuficiente ou errado • Detalhes construtivos inexequíveis • Falta de padronização das representações • Erros de dimensionamento EXECUÇÃO • Alteração de Projeto no decorrer da obra • Não capacitação da mão-de-obra • Fiscalização e controle de qualidade falhos • Irresponsabilidade técnica UTILIZAÇÃO • Manutenção inexistente • Capacidade de carga da estrutura não respeitada • Reformas com alteração na estrutura sem prévia consulta do engenheiro C us to d e R ec up eraç ão MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CONCRETO ARMADO: UM ESTUDO SOBRE A DURABILIDADE DE EDIFICAÇÕES 24 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | 25 e ao cobrimento mínimo da armadura especificado pela norma de acordo com a região de classe de agressividade. Além disso, como o processo de “deterioração” da construção está diretamente ligado à vida útil, devem ser observadas também as condições de uso e exposição, e diante de qualquer sintoma de patologia, esta deve ser tratada de imediato, evitando-se danos maiores ou alto custo de recuperação. De maneira geral, foi observado que as manutenções não estão sendo feitas de acordo como planejado devido à grande demanda por obras novas o que acarreta e agrava a manifestação de patologias. Outro ponto observado é que a maior parte das patologias encontradas são causadas na etapa de execução, principalmente pela falta de fiscalização dos procedimentos. Deve-se atentar para aumentar a durabilidade, principalmente à presença ou acumulação de água nas superfícies REFERÊNCIAS AGUIAR, J. E. Patologias que Comprometem a Durabilidade do Concreto em Galerias de Águas Pluviais. 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Foram elaborados dois modelos no programa Comsol, um em 3D, para simular uma situação conhecida de esforços solicitantes sobre uma viga engastada e outro modelo bidimensional antes e após a escavação de um túnel. A eficiência deste programa foi analisada e constatadas vantagens do programa, o que o torna uma boa alternativa para a simulação de escavação de túneis. Os estudos feitos tanto com a viga quanto com o túnel mostraram que o programa gera resultados semelhantes aos resultados obtidos de forma analítica. Palavras-chave: túnel, simulação numérica, método dos elementos finitos, interação maciço-suporte. ABSTRACT The installation of support systems during the excavation of a tunnel represents a significant portion of the construction costs, an optimization of this process represents a great economy. Different methods of three-dimensional simulation of the charge transfer mechanism has already been used by various authors . This paper presents the verification of a different and modern software to make three-dimensional simulation. Two models were developed in this software, a three-dimensional to simulate a situationknown as internal forces on the cantilever and the other two- dimensional model before and after the tunneling . The efficiency of this program was analyzed and verified advantages of the program , which makes it a good alternative for the simulation of tunneling. Studies done both with the beam as with the tunnel showed that the program generates similar results to analytically results. Keywords: tunnel, numerical simulation, finite element method, ground- support interaction. 1. Introdução A instalação de sistemas de estabilização durante o processo de escavação de um túnel representa uma parcela significativa do custo de construção deste tipo de obra. Uma otimização de tal processo representaria grande economia. Por isto torna-se essencial o desenvolvimento de um sistema de cálculo cada vez mais preciso e fiel às necessidades de dimensionamento dos VERIFICAÇÃO DE PRECISÃO NA SIMULAÇÃO DE TÚNEIS UTILIZANDO O APLICATIVO COMSOL Alice Sartori Monteiro de Barros¹ Ricardo Adriano Martoni Pereira Gomes² ¹Acadêmica do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário Uniseb de Ribeirão Preto. Bolsista de Iniciação Científica do PIBIC – UNISEB email: alicemonteiro89@gmail.com ²Doutor em Geotecnia pela Escola de Engenharia de São Carlos- USP. Docente e Coordenador do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário UniSEB de Ribeirão Preto. email: rampgomes@gmail.com 27Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | suportes, promovendo uma maior segurança e economia. Porém, a utilização de modelos tridimensionais realistas para realizar esta simulação se torna onerosa tanto em termos de tempo como em investimento. Para agilizar a simulação numérica dos avanços da frente de escavação em uma fase de pré-projeto, seria mais viável e eficiente usar expressões adimensionais obtidas estatisticamente por meio de análise de resultados tridimensionais para reproduzir o comportamento não linear geométrico e físico da interação entre o maciço e o suporte (GOMES, 2006). Com uma expressão adimensional obtida através de análises estatísticas dos resultados obtidos em modelos numéricos tridimensionais, é possível se obter uma simulação fiel dos esforços solicitantes finais do suporte de um túnel na frente de escavação (SCHWARTZ & EINSTEIN, 1980) Diferentes métodos de simulação do mecanismo tridimensional de transferência de carga entre o maciço e o suporte já foram utilizados por diferentes autores. Entre estes já foram utilizados modelos numéricos bidimensionais, assim como axissimétricos. Todos estes métodos provaram ter várias vantagens e limitações. A proposta deste trabalho é iniciar a utilização de um software mais moderno, que utiliza o método dos elementos finitos, para realizar simulações tridimensionais, verificando neste estágio de pesquisa a precisão de seus resultados para modelos bidimensionais e tridimensionais. Neste trabalho serão elaborados dois modelos no programa COMSOL, um tridimensional para simular uma situação conhecida de esforços solicitantes sobre uma viga engastada, e outro modelo bidimensional simulando as condições antes e após a escavação de um túnel. A eficiência deste programa será analisada. A seguir serão discutidos alguns conceitos importantes para o entendimento do problema que será analisado e da abordagem que será utilizada para a sua solução. É importante ressaltar que este trabalho, por suas características de longo prazo, se encontra em fase inicial de verificação e aferição das ferramentas que serão utilizadas em sua elaboração. 1. NATM Um dos principais métodos de construção de túnel é o “New Austrian Tunneling Method” (novo método austríaco de construção de tuneis) ou NATM. Uma descrição deste método é essencial para se entender quais os aspectos deverão ser considerados durante a modelagem por simulação numérica. O principal objetivo deste modelo é utilizar o máximo da capacidade do solo que esta sendo escavado para dar suporte ao túnel. Isto é feito de forma que as deformações no solo sejam feitas de maneira controlada, e modifiquem minimamente sua resistência. Por isto as condições de suporte dos maciços são analisadas enquanto o túnel esta sendo construído. (HEMPHILL, 2013) O NATM se inicia com a coleta de dados para se antecipar as condições do solo que serão encontradas durante a escavação. Durante a escavação as condições de solo encontradas são então comparadas as condições antecipadas. O solo também é monitorado para determinar se a movimentação de terra causada pela escavação esta dentro dos parâmetros aceitáveis. (HEMPHILL, 2013) Os suportes iniciais devem ser mais flexíveis e as deformações deste suporte devem ser monitoradas por um instrumento. Este monitoramento irá dizer se será preciso fazer alguma modificação na escavação. O suporte inicial deve ser feito de concreto projetado com ou sem o reforço de fibras. Também é utilizado malhas de arame soldado, arcos ou vigas treliçadas e reforços sobre o solo. A camada final é feita de concreto moldado no local. A principal vantagem deste suporte é a flexibilidade que ele da ao formato do túnel. Por não depender de equipamentos muito complexos, este 28 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica28 VERIFICAÇÃO DE PRECISÃO NA SIMULAÇÃO DE TÚNEIS UTILIZANDO O APLICATIVO COMSOL métodos de análise bidimensional. 3.1.1 MÉTODO DA PRESSÃO FICTÍCIA INTERNA Neste método foi sugerido que a escavação de um túnel pudesse ser modelado em três etapas diferentes. Também imagina- se que é aplicado uma pressão fictícia interna no perímetro da escavação. Na primeira etapa considera-se que o maciço tenha uma abertura não revestida, na qual as pressões internas são iguais as pressões do terreno. Supõem se portanto que o próprio maciço consegue suportar as cargas depois da abertura. A segunda etapa supõem que a pressão interna é reduzida por um fator de alívio α, e que a terra se move para dentro do túnel com uma quantidade µo. Supõem se que isto acontece antes de instalado o suporte. A ultima suposição é que após a movimentação do terreno (esta movimentação já é estimada por leituras feitas em campo), é instalado o suporte, que faz com que a pressão fictícia interna seja nula. (GOMES, 2006) Este modelo pode ser visualizado na figura a seguir. sistema requer menos tempo de construção e menores custos. A escavação e suporte são feitos de forma sequencial, ou seja, após a escavação de uma parte é instalado o suporte, para apenas depois ser feita a escavação de outra parte. (HEMPHILL, 2013) Como não serão considerados os fatores dependentes de tempo durante a modelagem por simulação numérica esta parte do NATM não será abordada. Sendo assim, já podemos entrar na parte de simulação numérica. 3. MÉTODOS DE ANÁLISE NUMÉRICA Existem três diferentes formas de modelagem por análise numérica: bidimensionais, axissimétricas e tridimensionais. Alguns dos principais aspectos, vantagens e desvantagens destes modelos serão abordadas. 3.1 ANÁLISES BIDIMENSIONAIS Uma sequência de análises bidimensionais das seções transversais do túnel podem se aproximar das analises tridimensionais. Existem três principais 29Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | Figura 1: Representação esquemática do método da pressão fictícia interna VERIFICAÇÃO DE PRECISÃO NA SIMULAÇÃO DE TÚNEIS UTILIZANDO O APLICATIVO COMSOL 3.1.2 MÉTODO DA REDUÇÃO DE RIGIDEZ NO NÚCLEO Este método consiste em fazer uma sequência de simulações planas em que o maciço seja considerado intacto. Antes que o túnel seja escavado, o modulo de elasticidade da região interna do túnel é reduzido em uma quantidade x, o que faz com que o maciço se 3.1.3 MÉTODO DA REDUÇÃO DE CARREGAMENTO Neste método existem 3 fases. Na primeira fase são determinadas as pressões na fronteira entre a região a ser escavada e o maciço. Depois disto retira-se os carregamentos na fronteira e o materialmova para dentro em uma quantidade µo em direção radial. Depois disto o suporte é instalado e se inicia a escavação. O valor do módulo de elasticidade do núcleo é reduzido aos poucos até chegar a zero. Foi verificado que existe uma discrepância entre os valores simulados por este método e os medidos em campo em situações mais complexas. A figura a seguir ilustra o método: do núcleo e aplica-se no perímetro das escavações as tensões obtidas na primeira fase em sentido oposto. Estas tensões são multiplicadas por um fator α, que é acrescido até atingir um deslocamento µo. Finalmente, retira se o suporte e aplica se as tensões p0 obtidas anteriormente multiplicadas por um fator de alívio de 1- α. 30 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica30 Figura 2: Representação esquemática do método da redução de rigidez no núcleo VERIFICAÇÃO DE PRECISÃO NA SIMULAÇÃO DE TÚNEIS UTILIZANDO O APLICATIVO COMSOL 3.3 ANÁLISES TRIDIMENSIONAIS Enquanto os modelos bidimensionais precisam de formas artificiais para reproduzir os fenômenos de um modelo tridimensional de forma aproximada, os axissimétricos apenas conseguem representar aspectos simples do modelo tridimensional. Já os modelos tridimensionais são muito mais completos. A secção transversal do túnel não precisa ser simétrica como na simulação tri axial. O túnel pode ser raso ou profundo e o maciço não precisa ser homogêneo. As desvantagens principais deste modelo são os altos consumos de tempo, memória de processamento, memória de armazenamento, e as dificuldades de montagem das malhas e de interpretação dos resultados. 4. MÉTODO DE CHEN E YANG Alguns estudos tentaram calcular as necessidades de suporte de um túnel de forma diferente. Chen & Yang (2007) argumentam Uma das principais críticas aos modelos bidimensionais é que os modelos apresentados apenas servem para modelar túneis com poucos passos de escavação. Em situações mais complexas este tipo de modelo não é confiável. (GOMES, 2006) 3.2 ANALISES AXISSIMÉTRICAS Neste tipo de análise, o modelo tem simetria em relação ao eixo, e a revolução em torno do eixo de um perfil axissimétrico resulta no modelo tridimensional. O modelo tem então infinitos planos de simetria e o eixo de simetria é o eixo do túnel. As implicações deste modelo significam um menor tempo de processamento e também uma simplificação na análise e interpretação dos resultados. Por causa desta simplificação o modelo também possui algumas limitações. A seção do túnel deve ser circular, e as heterogeneidades do maciço deveram ser simétricas com relação ao eixo do túnel. 31Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | Figura 3: Representação esquemática do método da redução de carregamento VERIFICAÇÃO DE PRECISÃO NA SIMULAÇÃO DE TÚNEIS UTILIZANDO O APLICATIVO COMSOL que o método mais eficaz para se avaliar a estabilidade do suporte dos túneis é através do monitoramento de dados mensurados em campo. Eles argumentam que este é o melhor método tanto para se fazer o projeto do túnel quanto para monitorar a efetividade do suporte instalado no túnel. O método proposto busca estabelecer formulas para se calcular a performance do suporte durante a construção do túnel, baseado em dados já mensurados de deslocamento. As fórmulas são obtidas após a análise estatística das variáveis aleatórias do problema, como o deslocamento do revestimento, propriedades mecânicas do concreto projetado, e grossura do revestimento. Após a determinação desta fórmula, foi criado um índice que mede a confiabilidade do revestimento. Neste método não é necessário sabermos o comportamento do solo nem da interação entre o sistema de suporte e o solo e suporte. Este método mostra a importância de análises estatística na previsão do comportamento do revestimento, e coloca em questionamento as análises antes mencionadas que consideram as interações entre suporte maciço como as principais fontes de previsão do comportamento do túnel. 5. ANÁLISES E RESULTADOS O COMSOL Multiphysics é um programa capaz de analisar, resolver e simular numericamente diversos tipos de problemas físicos. Este programa usa como base de suas análises numéricas o método dos elementos finitos (MEF) para gerar seus resultados. A análise por elementos finitos é uma técnica numérica para resolver equações diferenciais parciais fazendo aproximações e minimizando o erro de funções. O Geomechanics Model do COMSOL foi criado especialmente para a resolução de problemas de mecânica dos solos e possibilitam vários tipos de simulações como deformações, plasticidade, e diversos tipos de critérios de ruptura para materiais granulares e/ou coesivos. Inicialmente foram feitas algumas simulações de situações mais conhecidas apenas para a verificação dos resultados fornecidos pelo COMSOL, como os estados de deformação e tensão de uma viga de aço engastada sob o efeito de um carregamento de -100 N em sua extremidade oposta ao engaste. A figura 1 mostra a modelagem tridimensional do problema. Como previsto, a parte superior e inferior da viga na região do engaste foram as que mais sofreram deformação, sendo que na parte inferior houve compressão e na superior houve tração. Os resultados obtidos pelo programa tiveram um resultado satisfatório com erro absoluto máximo de 1% no que diz respeito às deformações, e de 1,5% no tocante às tensões. Este exemplo foi usado para introduzir os conceitos do programa e das análises que serão feitas e para comparar os resultados obtidos pelo programa com resultados obtidos de forma analítica. 32 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica32 VERIFICAÇÃO DE PRECISÃO NA SIMULAÇÃO DE TÚNEIS UTILIZANDO O APLICATIVO COMSOL pré determinada em 45 m de profundidade e 90 m de largura com um túnel de 10 m de diâmetro. No modelo, esta camada de solo esta sendo suportada por um maciço rochoso que é considerado para fins de simulação como indeformável. Portanto no modelo, na camada inferior do solo, foi colocado um apoio fixo para simular o maciço rochoso. Nas laterais do solo foi usado um apoio móvel, permitindo assim o deslocamento da camada de solo na direção vertical e impedindo o deslocamento na direção horizontal. Este apoio móvel foi colocado para simular o solo que se estende infinitamente na direção horizontal em um problema real. No primeiro estudo o solo é considerado elástico, enquanto que no segundo estudo foi usado o critério de Druncke-Prager para verificar se o solo foi plastificado localmente e se sofreu ruptura global. Foi pré-fixado que o solo deveria ter tem um modulo de Young, Após efetuadas estas verificações foi realizada a simulação bidimensional de um túnel dentro de uma camada de solo, sob apoio de um maciço rochoso com o procedimento de alívio parcial de tensões, já discutido anteriormente. O modelo utilizado neste trabalho fez a simulação da escavação de um túnel, usando o COMSOL Geomechanics Model. O modelo representa a estimativa do comportamento do solo durante a escavação de um túnel. Para calcular as tensões foram usados dois tipos de estudos. O primeiro simula as tensões no solo antes da escavação do túnel, e o segundo simula a remoção do material na região que será escavada indicando a extensão da zona do maciço de solo que será plastificada após a escavação para a construção do túnel, usando as tensões calculadas no primeiro estudo. (COMSOL, 2013) O tamanho da camada do solo foi 33Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | Figura 4: Deformações encontradas em simulação de uma viga engastada sob efeito de carregamento em extremidade oposta ao engaste. VERIFICAÇÃO DE PRECISÃO NA SIMULAÇÃO DE TÚNEIS UTILIZANDO O APLICATIVO COMSOL E=12 MPa, e coeficiente de Poisson, v=0.49, com coesão, c=130 kPa, e ângulo de atrito, Ø= 30º. Na Figura 5, podemos verificar as tensões de acordo com o critério de Von Mises na camada de solo antes da escavaçãodo túnel. Podemos perceber que os valores de maiores tensões estão localizadas na camada inferior do solo, como se esperava Na Figura 6, pode-se observar que a região com a maior concentração de tensões é a do perímetro do túnel e essas tensões diminuem à medida que vão se afastando radialmente deste perímetro. Esta simulação foi realizada com um tempo de as tensões de compressão vão aumentando à medida que aumenta-se a profundidade. As tensões vão decrescendo a medida que se aproxima-se da superfície do terreno. As diferenças entre os resultados obtidos por esta simulação e os resultados obtidos por expressões analíticas são praticamente nulos. processamento de 1s para cada estudo, muito mais rápidas que simulações tridimensionais que podem tomar dias de processamento. As diferenças entre os resultados obtidos por esta simulação e os resultados obtidos por expressões analíticas são de no máximo 3%. 34 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica34 Figura 5: Distribuição de tensões geostáticas no solo antes da remoção de material para simular a escavação do túnel VERIFICAÇÃO DE PRECISÃO NA SIMULAÇÃO DE TÚNEIS UTILIZANDO O APLICATIVO COMSOL Este trabalho abordou de forma inicial e superficial algumas das técnicas de construção de túneis, suas necessidades, e algumas das alternativas de soluções propostas que podem ser adotadas. Este trabalho também apresentou um software mais moderno e eficaz para simular a transferência de cargas do solo ao revestimento do túnel. As vantagens do programa tanto em versatilidade, possibilitando a modelagem de problemas bidimensionais, tridimensionais e axissimétricos o torna uma boa alternativa para a simulação de excavação de túneis. Os estudos feitos tanto com a viga quanto com o túnel mostraram que o programa gera resultados semelhantes aos resultados 6. CONCLUSÃO A escavação e suporte de túneis é um processo complexo que exige muito planejamento na tentativa de se reduzir as imprevisibilidades do comportamento e na distribuição das cargas no solo e no maciço à medida que se avança com a frente de escavação. Porém, existem diversas soluções para os mais variados tipos de problemas de escavação de túneis. Verifica- se que resultados mais precisos exigem modelos tridimensionais refinados com a consideração de inúmeras variáveis, no entanto estes modelos são onerosos do ponto de vista de processamento, principalmente no tocante ao tempo gasto. 35Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | Figura 6: Distribuição de tensões na camada de solo logo após a remoção de material simulando a escavação do túnel. VERIFICAÇÃO DE PRECISÃO NA SIMULAÇÃO DE TÚNEIS UTILIZANDO O APLICATIVO COMSOL obtidos de forma analítica. Alguma complexidade da interface e a simplicidade das explicações na documentação do programa foram algumas desvantagens encontradas durante a modelagem dos problemas. Para fazer as modelagens é impressidivel ter o domínio das características do solo e do problema a ser modelado, portanto é recomendável que apenas engenheiros especialistas da área façam uso do programa. Uma proposta para futuros trabalhos neste tema seria a realização análises comparativas entre todos os métodos diferentes já desenvolvidos. Uma análise comparativa aprofundada poderia indicar de forma mais precisa qual tipo de análise deveria ser usada em nos mais variados tipos de situação. A criação de uma avaliação por índice de desempenho seria apropriada para comparar a efetividade destes métodos. 7. REFERÊNCIAS CHENG, L. K.; YANG, Z. Y. Reliability Analysis of Shotcrete Lining during Tunnel Construction. Journal of Construction Engineering and Management, p. 975-981, dez, 2007. COMSOL. Tunnel Excavation. Versão 4.3 Geomechanics Module. Disponível em: <http:// www.comsol.com/showroom/documentation/model/9750/>. Acesso em: 25/07/2013. GOMES, R. A. M. P. Análise tridimensional de túneis considerando o comportamento dependente do tempo na interação maciço-suporte. 2006. 306 f . Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2006. HEMPHILL, Garry B. Practical Tunnel Construction. New Jersey: John Wiley & Sons, Inc. 2013. 415 p. SCHWARTZ, C. W.; EINSTEIN, H. H. Impoved design of tunnel supports: Simplified analysis for ground-structure interaction in tunneling. Vol 1. Massachussets Institute of Tecnology, Boston. 1980. 427p. 36 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica36 VERIFICAÇÃO DE PRECISÃO NA SIMULAÇÃO DE TÚNEIS UTILIZANDO O APLICATIVO COMSOL RESUMO Tendo em vista que a poluição do ar é um dos maiores desafios da sociedade moderna, é necessário conhecer o quanto cada estado, município ou empresa está contribuindo para a aceleração do efeito estufa, o qual pode estar relacionado com o aquecimento global, pois apenas conhecendo perfeitamente a fonte de poluição, atitudes poderão ser tomadas. Sabendo-se que parte significativa dessas emissões é devida aos meios de transportes, essa pesquisa visa calcular a emissão dos gases causadores do efeito estufa dos veículos leves do município de Ribeirão Preto, SP, proporcionando dados que possibilitem analisar o impacto das emissões veiculares, além de averiguar as metodologias disponíveis. Para isso serão utilizados dados do consumo total de combustível da cidade no ano de 2011, a frota de veículos na cidade no ano proposto e modelos matemáticos de estimativa de emissão de gases em função do consumo. Comparando essas metodologias é possível afirmar que todas são muito otimistas e não consideram parâmetros essenciais de um inventário de emissão real. Palavras-chave: poluição do ar, inventário, emissão veicular, gases do efeito estufa. ABSTRACT Given that air pollution is one of the greatest challenges of modern society, it is necessary to know how much each state, city or company is contributing to the acceleration of the greenhouse effect, which may be related to global warming, because only by knowing perfectly the source of pollution, attitudes may be taken. Knowing that a significant part of these emissions are due to the means of transport, this research aims to calculate the emission of greenhouse gases from light vehicles in Ribeirão Preto, SP, providing data that allow to analyze the impact of vehicle emissions, and to ascertain the available methodologies. This data will be used for the total fuel consumption of the city in 2011, the fleet of vehicles in the city in the year and proposed mathematical models for estimating greenhouse gas emissions based on consumption. Comparing these methods it is possible to say that all are very optimistic and not consideration essential parameters of an inventory of actual emissions. Keywords: air pollution, inventory, vehicular emissions, greenhouse gases. 1. Introdução O problema da poluição do ar está aumentando a cada dia, visto que o planeta é um sistema único e se algum ponto é afetado, outros também serão, podendo não ser de imediato, mas ao longo do tempo. Dessa forma, a capacidade de assimilação dos impactos chegará a um limite e é necessário INVENTÁRIO DA EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ES- TUFA (GEE) DOS VEÍCULOS LEVES DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO–SP Gabriela Albino Marafão¹ Anderson Manzoli² ¹Acadêmica do Curso de Engenheira Ambiental do Centro Universitário UNISEB. Bolsista de Iniiciação Científica pelo Programa Institucional de Bolsas de IC do UNISEB, 2013. gabi.marafao@gmail.com ²Mestre em Engenharia Civil e Doutor em Engenharia de Transportes pela Universidade de São Paulo. Docente do Centro Universitário UNISEB de Ribeirão Preto. andmanzoli@hotmail.com 37Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | quantificar e diagnosticar as ações humanas que causam esta poluição. A qualidade do ar de uma determinada região está relacionada com os poluentes que são lançados na atmosfera. Os poluentes atmosféricos são oriundos, principalmente,dos processos de queima de combustíveis em atividades industriais e em veículos automotores, além de outras fontes como queimadas e emissões evaporativas, provenientes do armazenamento de combustíveis (BRANCO; MURGEL, 2004). O efeito estufa é um processo natural que ocorre quando parte da energia emitida pelo sol é refletida pela superfície terrestre e absorvida por alguns gases presentes na atmosfera. Esses gases são chamados Gases de Efeito Estufa (GEE). Como consequência, o calor fica retido e mantém o planeta aquecido a uma temperatura que permite a vida na Terra. Porém, em decorrência das atividades humanas, foi verificado um aumento da concentração de GEE na atmosfera, deixando as temperaturas médias globais mais altas. O principal poluente nessa categoria, devido à grande quantidade emitida na queima de combustíveis, é o dióxido de carbono (CO2), que serve também como unidade de equivalência para os demais GEEs. Os poluentes emitidos pelo tubo de escapamento dos veículos são constituídos pelos produtos gerados durante reação de combustão incompleta que ocorre no motor. Esses contaminantes irão penetrar no sistema respiratório e, dependendo do período de exposição, da concentração e da capacidade de reação do organismo, produzem efeitos negativos na saúde das pessoas, principalmente em crianças e idosos. A intensa utilização dos automóveis, como meio de transporte mais prático, foi proporcionado pelo desenvolvimento econômico e social da população. Ou seja, o crescimento da população, a ineficiência e a falta de incentivo do transporte coletivo, bem como a inadequação dos sistemas viários, fizeram aumentar muito a quantidade de automóveis, causando a saturação nas vias de tráfego dos centros urbanos. Estes não possuem infraestrutura para suportar os automóveis, pois não há vias para comportá- los nem sinalização para ordená-los. De acordo com Manzoli (2009), em pequenas e médias cidades, os trajetos percorridos são curtos, o que remete a circulação dos veículos com os motores ainda frios. Sabe-se que essa circunstância constitui a condição menos favorável no que se refere à emissão de poluentes atmosféricos. Atualmente, no Brasil, há o um incentivo para se utilizar deste meio de transporte como a redução de IPI e as condições de financiamento. No entanto, o Governo Federal, através da Resolução do CONAMA Nº 18 de 1986, instituiu o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores – PROCONVE. A atuação do PROCONVE foi direcionada ao controle das emissões dos veículos novos e daqueles em circulação. Além do PROCONVE, a renovação da frota e a utilização de biocombustíveis, também contribuíram para esta redução. O 1º Inventário de Gases de Efeito Estufa do Estado de São Paulo infere que o transporte individual de passageiros emite 40 vezes mais poluente que o transporte público e que 36 milhões de veículos da frota brasileira são responsáveis por 90% das emissões de gases poluentes e de efeito estufa. O total de veículos no país mais que dobrou nos últimos dez anos e atingiu 64,8 milhões em dezembro de 2010, segundo levantamento do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN). A concentração destes veículos, geralmente deslocando-se ao mesmo tempo e pelos mesmos trajetos, ocasiona a queda nas médias das velocidades, comprometendo significativamente a qualidade do ar, além de piorar as condições de tráfego. As ações de políticas públicas devem ser tomadas em função da real situação que o problema se encontra. Estimar a emissão veicular baseado no real consumo 38 | Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica38 INVENTÁRIO DA EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA (GEE) DOS VEÍCULOS LEVES DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO–SP poluição atmosférica veicular que atualmente estamos inseridos. 4. METODOLOGIA Foram escolhidas três metodologias para estimativa da emissão veicular de Ribeirão Preto. 4.1 ESTEQUIOMETRIA Esse método é o mais simples e mais real pois de acordo com as equações químicas dos processos de combustão para o etanol e a gasolina será obtido o volume de poluentes. Sendo que a queima completa de combustível não é ideal, chegando a aproximadamente 20%. de combustível pode mostrar que ações mais incisivas devem ser tomadas, pois os níveis de concentração desses poluentes podem ser muito maiores que os previstos em modelos mais otimistas. 3. OBJETIVOS Gerar dados para se fazer um “inventário parcial” (veículos leves) de referência para Ribeirão Preto, estimando volume de gases causadores do efeito estufa lançados na atmosfera da cidade no período estudado através de diferentes metodologias para comparação. Esse trabalho visa alertar os profissionais das áreas relacionadas à engenharia, meio ambiente e tomadores de decisão no âmbito de políticas públicas a respeito dos problemas graves de emissão e C8H18 + 12,5 O2 + 47,0 N2 8 CO2 + 9 H2O + 47 N2 Equação 1 - Mistura estequiométrica da queima completa da gasolina C2H6O + 3 O2 + 11,3 N2 2 CO2 + 3 H2O + 11,3 N2 Equação 2 - Mistura estequiométrica da queima completa do etanol combustível ar emissão da combustão completa combustível ar emissão da combustão completa 1,91 kg * 0,789 kg/L (densidade do etanol) =1,52 kg CO2 / litro etanol 4.2 GHG PROTOCOL O GHG Protocol é a metodologia mais utilizada mundialmente pelas empresas e governos para a realização de inventários de gases de efeito estufa (GEE) e, quantificar e gerenciar suas emissões. O método é compatível com as normas ISO e com as metodologias de qualificações do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas A emissão de CO2 da gasolina em função de seu consumo é a razão entre a massa de CO2 (352 kg) e a massa da gasolina (114 kg), que resulta em 3,09 kg CO2/ kg gasolina. E a emissão de CO2 do etanol em função de seu consumo é a razão entre a massa de CO2 (88 kg) e a massa de etanol (46 kg), que resulta em 1,91 kg CO2/ kg etanol. E para determinar o volume em litros dos combustíveis, basta multiplicar pela densidade: 3,09 kg * 0,73 kg/L (densidade aproximada da gasolina) = 2,26 kg CO2 / litro gasolina 39Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica | INVENTÁRIO DA EMISSÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA (GEE) DOS VEÍCULOS LEVES DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO–SP tipo de combustível utilizado. Fr = frota circulante de veículos do ano modelo considerado (número de veículos). Iu = intensidade de uso do veículo do ano modelo considerado, expressa em km/ano. Trata-se de uma variável que depende de um conjunto de fatores socioeconômicos que são representados pela idade do veículo. Esses parâmetros são encontrados no Relatório Emissões Veiculares no Estado de São Paulo 2011 feito pela CETESB. 5. RESULTADOS A partir do consumo total de combustível da cidade de Ribeirão Preto, no ano de estudo, cedido pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), e através da ferramenta do GHG Protocol (versão 2012) será possível uma relação de CO2 emitido por unidade volumétrica de combustível, podendo-se comparar com a estequiometria das equações de combustão. E de acordo com o modelo do PROCONVE, será utilizada a frota circulante (CETESB) por tipo de combustível e ano do veículo. Infelizmente, o tipo de motor de cada veículo não foi colhido com esses dados, prejudicando a exatidão dos resultados. (IPCC). A implementação do programa é uma iniciativa do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas. Considerando a combustão móvel, o GHG Protocol permite calcular emissões diretas e indiretas resultantes da queima de combustíveis em fontes móveis; fornece cálculos e fatores para o transporte e considera as porcentagens de biocombustíveis nos combustíveis nacionais. A estimativa de gases do efeito estufa, recomendada pelo IPCC, é realizada pelo método “top-down”, cuja entrada é apenas o consumo de combustível da área estudada. Para
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