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Resenha Crítica Processo de Execução Trabalhista Estácio

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PÓS GRADUAÇÃO EM DIREITO PÚBLICO: CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO
Resenha Crítica de Caso/Artigo
Gabriel Taborda Dorigoni
Trabalho da disciplina de Processo de Execução Trabalhista
Tutor: Profª Carla Sendon Ameijeiras Veloso
Porto Alegre - RS
2020
JUSTIÇA BLOQUEIA BENS DO BANCO RURAL, AQUELE DO MENSALÃO, NO VALOR DE R$ 100 MILHÕES
Referências: A. REINALDO. Justiça bloqueia bens do Banco Rural, aquele do mensalão, no valor de R$ 100 milhões.
De plano, destaca-se o objeto da presente análise, qual seja, artigo publicado de forma digital na rede mundial de computadores, por Reinaldo de Azevedo, citando matéria atribuída a Marcelo Portella. Narra, o autor, que o Tribunal Superior do Trabalho autorizou o bloqueio e execução de bens, no montante de 100 (cem) milhões de reais, do Banco Rural S/A, anteriormente envolvido em casos do famigerado “mensalão”, para o pagamento de dívidas trabalhistas do empresário Wagner Canhedo, anteriormente dono da Viação Aérea São Paulo – VASP.
Não obstante ter sido o empresário em questão que contraiu tais dívidas, a justiça do trabalho identificou auxílio do Banco Rural na tentativa de ocultar patrimônio deste, evitando penhora de bens. Por conseguinte, restou declarada hialina fraude, justificando e amparando a decisão do TST no aspecto.
Aqui, abre-se verdadeiro parêntese, visando esclarecer o trâmite fático e processual que resultou na interessantíssima decisão. A extinta VASP teve sua falência decretada em 2008, mas desde 2005 o Ministério Público do Trabalho e o Sindicato do Aeroviários no Estado já estavam buscando a execução de bens do empresário em decorrência de dívidas trabalhistas, face a autocomposição firmada por este e totalmente descumprida.
Não obstante, constatou-se a fraude de execução promovida no caso, tendo em vista a alienação e oneração feita no patrimônio da empresa ou seu controlador. Fraude, esta, que restou chancelada pelo Banco Rural, instituição financeira já reconhecidamente famosa por seus trâmites duvidosos, incluindo envolvimento em casos de propina e políticos.
Por conseguinte, a respeitável juíza de primeiro grau, Soraya Galassi Lambert, determinou a penhora de bens do banco supracitado, no valor de 43 (quarenta e três) milhões de reais, entre outras questões. Isso pois, já em 2004, o empresário havia liquidado mais de 70 (setenta) mil cabeças de gado, quando já não podia se desfazer de seus bens, em decorrência de outra sentença judicial. Inclusive, também foram consideradas “ineficazes” as vendas, nas ordens dos milhões, do imóvel do Hotel Nacional, em Brasília, e um imóvel em Guarulhos, promovidas pelo empresário.
O Banco Rural, por sua vez, mostrou-se irresignado com a decisão, recorrendo em 2012, momento em que o TST concedeu pedido liminar feito, para suspender a execução dos seus bens. Já no mérito, melhor sorte não sorriu ao banco, uma vez que a Subseção II do Tribunal Superior do Trabalho, a qual é especializada em dissídios individuais, tratou de seguir entendimento firmado pelo ministro Pedro Paulo Manus, anulando tal decisão liminar e restabelecendo a penhora de bens, cujos valores atualizados ultrapassam os 100 (cem) milhões de reais.
O Banco Rural, através de sua direção, se manifestou e defendeu a ampla licitude dos negócios feitos junto à Agropecuária Vale do Araguaia, envolvendo o empresário ora devedor. Pontua, ainda, que a empresa de Canhedo sequer estava entre os réus do processo movido contra o empresário.
Insta destacar que a direção do Banco Rural, à época do escândalo do “mensalão”, para viabilizar o esquema, seria necessária a plena contribuição da cúpula que comandava as atividades da instituição bancária em comento. Desta forma, as condições necessárias para lavagem de dinheiro e a circulação clandestina de recursos financeiros foram propiciadas, permitindo o pagamento de propina. Inclusive, os acusados, sob o pretexto de aumentar lucros e obterem outras vantagens do governo federal, teriam praticados diversas outras fraudes, incorrendo em crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira.
Desta forma, tem-se as decisões pertinentes, especialmente o caráter fraudulento que basicamente gerou das mesmas, incluindo sua fundamentação, passíveis de uma análise e comentário acerca da importância desta. Inclusive, tendo em vista que as chamadas “verbas trabalhistas” são consideradas “verbas alimentares”, guardando a maior importância econômica e social reconhecida pela justiça do trabalho, verifica-se que as garantias da execução são especialmente importantes neste meio jurídico.
Pontualmente, torna-se importante traçar algumas considerações acerca dos acontecimentos supracitados. Em um primeiro momento, constata-se que as alegações feitas pelo Banco Rural, sobre a licitude das negociações feitas com a Agropecuária Vale do Araguaia, para compra de expressiva quantidade de cabeças de gado, beira o escárnio. O empresário envolvido já possuía condenações que impediam a venda de seus ativos, na época, bem como era o responsável por uma empresa em crise financeira, tanto que teve sua falência decretada poucos anos depois.
Cumpre destacar, asism, que a instituição financeira em questão, independente de estar envolvida em diversos casos de lavagem de dinheiro ou fraude, procedeu com uma justificativa basicamente “ao vento”, pois tinha plenas condições verificar as peculiaridades envolvendo o empresário Wagner Canhedo, especialmente aquelas impeditivas de se fazer em um caso de transação comercial lícita. Tendo em vista o modus operandi verificado ao longo do processo, a certeza acerca de participação do banco em fraude para ocultar bens do empresário, liquidando-os antes da efetiva execução, em busca de vantagens ilícitas, é latente e, basicamente, inegável.
Importante referir, sob tal aspecto, que o procedimento adotado neste caso, mesmo que envolva grande complexidade, provavelmente por envolver valores vultuosos, tem em seu cerne uma das questões mais comuns desta justiça especializada no que se refere à inadimplência de valores. Isso pois, a fraude à execução é extremamente comum, tendo em vista que uma grande parcela dos empresários nacionais toma todas as medidas possíveis para proteger seu patrimônio, incluindo a liquidação deste e do da empresa, sua transferência e/ou demais questões correlatas, todas ilícitas quando já existem medidas judiciais contra o mesmo, por exemplo.
Assim, no momento em que o empresário “dono” da antiga VASP utilizou-se de meios escusos, neste caso através da colaboração do Banco Rural, para transferir e liquidar onerosamente patrimônio seu e da empresa, no intuito de protegê-lo de decisões/execuções judiciais ou evitando penhora para pagamento de verba trabalhista, a fraude à execução se fez presente. Inclusive, cita-se o princípio da responsabilidade patrimonial neste caso, amplamente aplicado em execuções judiciais, o qual o define o adimplemento de débitos se dará através do patrimônio do devedor. Ainda, cita-se também o procedimento, não menos importante, da desconsideração da personalidade jurídica, utilizado para prevenir que ocorram abusos, fraudes e etc., por parte de pessoas jurídicas, redirecionando a execução aos responsáveis por estas.
Por conseguinte, face à questão levantada, tem-se a previsão contida no Código de Processo Civil, especificamente no seu artigo 792, como forma de proteção básica a ser aplicada, tendo em vista que a mesma impede/invalida qualquer alienação ou oneração de bens feita pelo devedor alvo de demanda judicial. Esta proteção específica é especialmente importante no seara trabalhista, em decorrência da hipossuficiênca do trabalhador diante do empregador que pode decidir por “esvair” seus bens buscando a inadimplência de verbas alimentares. Ainda, destaca-se o disposto no art. 769 da CLT, pois diante da clara omissão da CLT quando ao tema, plenamente aplicável o regramento processual cível citado.
Resta cristalino, desta forma, que em casos como o em tela, abre-se a possibilidade de penhora dos bensdaqueles que participaram da fraude, onerando os bens do empresário/empresa, adquirindo-os perante interesses ilícitos de ambas as partes, configurando negócio jurídico eivado de má-fé. Seria plausível, em casos semelhantes, a oposição de embargos de terceiro, caso o negócio levado a cabo fosse configurado de boa-fé pela parte que adquiriu o patrimônio. Entretanto, claramente, este não foi a realidade fática do caso em tela.
Destarte, conforme alhures exposto, a mera transferência de bens e ativos de empresa ou empresário a outrem, ao longo de execução trabalhista, ou de demanda trabalhista ajuizada, ensejaria a plena possibilidade de reconhecimento de fraude à execução. De qualquer forma, diante da prática de atos como o do empresário em tela, onde o mesmo buscou fraudar a futura execução de um acordo futuro, entre outras questões, faz-se necessário reconhecer-se a importância de decisões como a abordada, pois tratam de corrigir e garantir um devido retorno aos trabalhadores prejudicados, mesmo que este se dê em claríssimo atraso.
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